COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
1
Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I Título: COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem Acadêmico: Vinícius Thelheimer Orientadora: Prof. Dra. Isabel Salamoni 2018/01
Sumário
1
Introdução | 7
2
Área de Estudo | 19
3
Galpão de Triagem | 32
4
Objetivo | 8 Justificativa | 11 Caracterização do público | 14 Caracterização da Gestão | 17
Pelotas | 19 O lixo em Pelotas | 20 Cooperativas | 21 Loteamento Dunas | 22 Histórico do Loteamento Dunas | 24 Infraestrutura Urbana | 26 Escolha do Terreno | 28 Legislação | 30
Instalação do Galpão | 33 Classificação | 34 Equipamentos | 34 Organização do trabalho | 35 Instalações de apoio | 35
Lugar | 37
5
Projetos de referência | 55
6
Proposta | 71
Centro de Reciclagem East Side 56 Centro de Reciclagem e Reparação 60 Centro de Reciclagem Smested 64 Painel de referências 68
Conceito | 71 Tríade conceitual | 73 Programa de necessidades | 74 Diagrama funcional | 76 Fluxograma | 78 Processo Projetual | 80 Planejamento da área externa | 84 Planejamento Sustentável | 86 Sombreamento solar | 88 Setorização | 90 Acessos e fluxos | 92 Perspectiva e fachadas | 94
Referências | 96
Levantamento fotográfico | 38 Equipamentos institucionais | 40 Vias | 42 Transporte público | 44 Clima | 46 Topografia | 48 Perfil de quadra, cheios e linha de força | 50 Análise do entorno | 51 Cores, formas e texturas | 52
REDUZIR REUTILIZAR RECICLAR (gerar menos lixo, evitando o desperdício),
(prolongar a vida dos materiais) e
(produzir um novo produto a partir do velho)
Trabalho Final de Graduação I
1
Introdução O incontrolável crescimento populacional verificado nos últimos séculos pode ser considerado uma das principais causas para o acúmulo de lixo no meio ambiente (DREW, 1998). E a produção de lixo é inevitável. No Brasil, cada pessoa produz cerca de um quilo de lixo por dia e são descartados, diariamente, mais de 125 mil toneladas de restos de comida, embalagens e outros resíduos (COLAVITTI, 2003). As evoluções tecnológicas, que tiveram seu início a partir da Revolução Industrial no decorrer do século XVII, trouxeram inúmeras transformações no processo produtivo, na quantidade de itens, na disposição da população e na facilidade de descarte e substituição de um produto por outro. O que também deu consequência no considerável aumento do lixo.
Que destino dar ao lixo produzido torna-se um problema cada vez mais sério. A coleta seletiva assume um papel muito importante no que diz respeito à preservação do meio ambiente e à vida sustentável. Milhões de toneladas de lixo são produzidas diariamente, e a sua destinação é um fator preocupante para todos. Como grande fonte geradora, a população atual necessita de uma saída viável para este problema. Através da coleta seletiva de lixo é possível diminuir significativamente a sua produção, e aumentar a lucratividade, com o reaproveitamento dos materiais (SEMA, 2005).
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
7
Com objetivo acadêmico, este trabalho, desenvolvido dentro da disciplina de Trabalho Final de Graduação I, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas, propõe um equipamento urbano multidisciplinar voltado à conscientização ambiental sobre o processo de triagem e reciclagem do lixo. Tendo por finalidade, então, propor uma nova instalação para o galpão de triagem da Cooperativa de Trabalho de Prestação de Serviços e Ação Social (COOPEL), juntamente de um espaço comunitário multiuso, a Fábrica-Escola de Reciclagem, apoiado em três vertentes básicas: educacional, social e inclusiva.
A COOPEL tem sua atual sede no Loteamento Dunas na cidade de Pelotas/ RS, uma das Áreas Especiais de Interesse Social do município. Atualmente emprega 23 agentes de triagem com capacidade de 60 toneladas mensais com variações de acordo com datas e ações públicas dos Ecopontos municipais. A nova instalação da COOPEL pretende promover o desenvolvimento socioeconômico através de um conjunto de ações* destinadas à inclusão dos agentes de triagem. Já a Fábrica-Escola propõe estimular novos hábitos e integrar a comunidade local através de áreas multiuso** destinadas à educação e conscientização sustentável.
8
Trabalho Final de Graduação I
Objetivo
Imagem 01: Agentes trabalhando na atual sede da COOPEL. Fonte: do autor.
*Dar suporte a capacitação de mão de obra, geração de renda e convivência.
**Salas para oficinas educacionais e criativas, biblioteca e locais para a leitura, espaços de convivência, horta comunitária, loja, galeria de exposições e cozinha aberta.
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
9
10
Trabalho Final de Graduação I
Justificativa É possível verificar que os espaços destinados a realização de triagem e reciclagem, em sua maioria, não são pensados como espaços de qualidade e não possuem nenhum tipo de arquitetura relevante, se simplificam em grandes galpões que não fomentam importantes benefícios sociais para a classe dos profissionais e agentes envolvidos. E ainda dentro da discussão da temática da reciclagem outras problemáticas são apontadas e se encaixam em uma solução arquitetônica para o problema abordado neste trabalho, como por exemplo a falta de conscientização ambiental, geração de renda, capacitação e inclusão socioeconômica e integração da população do bairro. Este equipamento oferece um local adequado para o trabalho de triagem e reciclagem e, por consequência, ressignifica um espaço que em sua grande maioria não possui nenhum tipo de qualificação. Proporcionando, assim, uma integração de usos, ao mesmo tempo que inclui, conscientiza e educa a população. Um espaço que estimula a população a adotar novos hábitos ambientalmente corretos de consumo e reciclagem, por meio de oficinas criativas, incitando o desenvolvimento de um olhar crítico em relação ao lixo urbano. No Bairro Dunas a Coopel possuium galpão de triagem em situação não adequada às normas federais. Este trabalho vem, então, a partir de escolhas projetuais apropriadas, propor a adequação e ressignificação do espaço existente, aproveitando melhor o lote e qualificando o bairro onde já possui diversas famílias que retiram seu sustento da prática da catação. Um bairro que possibilita qualidade ao seus moradores é um bom lugar para propagar novos-bons hábitos. COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
11
A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)* é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Visto que a COOPEL, promove e colabora com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, porém o cenário atual do galpão de triagem se resume a uma pequena edificação, com 240m², onde nele se encontram as baias dos materiais pós triagem, local para prensa e armazenamento, ambos de maneira improvisada sendo utilizado espaços de circulação para o estoque. Já o setor de triagem conta somente com uma cobertura e sem pavimentação, deixando os trabalhadores e materiais expostos às diferentes intempéries. As etapas do processo se misturam prejudicando o rendimento. Essa condição precária no local de trabalho não só contribui para a impressão negativa como pode também, com o tempo, influenciar em como essas pessoas se sentem em relação a si mesmas. O projeto de um novo centro de triagem com espaços planejados de acordo com a necessidade, com os cuidados de salubridade, saneamento adequados, e pode ainda proporcionar melhor qualidade de vida e valorização do trabalho de quem utiliza é um ganho não só para eles, mas também para toda a comunidade. Sua inserção no Loteamento Dunas, na AEIS V, território destinado à recuperação urbanística, ambiental e social, confirma a necessidade de ampliar o trabalho em uma escala social, visto que as necessidades dos moradores locais
12
Trabalho Final de Graduação I
* Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Principais objetivos da PNRS: - Não-geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos sólidos; - Disposição final ambientalmente adequada de rejeitos; - Racionalização do uso dos recursos naturais (água, energia,insumos) no processo de produção de novos produtos; - intensificação de ações de educação ambiental; - aumento da reciclagem no país; - promoção da inclusão social; - geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis; Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
não se entende somente pelo espaço de triagem, espaços de aprendizado, lazer e educacionais são propícios para áreas onde encontra-se pessoas em vulnerabilidade social. Este trabalho tem como intenção, além de criar espaço para todos, quebrar as barreiras e preconceitos diante de uma comunidade, a conectando com a cidade e promovendo a conscientização sustentável e ambiental dentro e fora do bairro, Dessa forma, fica evidente a necessidade da implementação de um espaço de incentivo às práticas coletivas, à integração e às relações interpessoais, de modo a exercer impacto relevante sobre os hábitos e comportamentos perante à sociedade, introduzindo uma forma de educação ativa, direta e indiretamente.
Imagem 02: Atual situação da sede da COOPEL. Fonte: do autor.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
13
Caracterização do Público A Fábrica-Escola tem o objetivo de desenvolver projetos que atinjam o maior público possível, não apenas fomentando benefícios sociais para a classe dos profissionais da catação - como a geração de emprego e renda, capacitação e inclusão sócio-economica dos profissionais e agentes envolvidos - mas, também, estimular visitantes a aderir novos hábitos ambientalmente corretos de consumo e reciclagem incitando o desenvolvimento de um olhar crítico em relação ao lixo urbano. Cooperados: trabalhadores diretos do centro de triagem e funcionários no geral. Agentes ambientais: catadores, carroceiros entre outros colaboradores de coleta. Moradores locais: residentes do Loteamento Dunas e adjacências. Visitantes: por ser um equipamento público, o espaço é aberto a população no geral, visando principalmente intituições educacionais, tais como, creches, escolas e universidades.
Imagem 03: Crianças em oficina de reciclagem Fonte: LBV(2016) Imagem 04 (página da direita): Catador.Fonte: do autor.
14
Trabalho Final de Graduação I
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
15
16
Trabalho Final de Graduação I
Caracterização da Gestão O caráter do projeto é baseado na tentativa de integração da comunidade do Loteamento Dunas, com os agentes ambientais e o restante da população, na intenção da conscientização sustentável e ambiental como ferramenta de incentivo a essa socialização. Considerando essas premissas, é clara a necessidade da criação de um projeto social abrangente que inclua o público alvo de forma direta, e que apoie ou seja integrante das atividades desenvolvidas desenvolvendo projetos, oferecendo oportunidade de inclusão social. Desta forma, fica evidente a necessidade de partir de uma gestão pública ou institucional, que possibilite o uso de forma gratuita e inclusiva. As instituições de Ensino Superior, juntamente com as organizações não governamentais e instituições da cidade, poderiam entrar com suporte profissional, que, em parceria com o poder público, atenderiam de forma regular os projetos sociais, oferecendo oficinas e supervisionando as atividades. O projeto considera que seja uma edificação de uso público e livre, porém com acesso controlado em certos espaços.
Imagem 05: “Agente ambiental trabalhando. Não buzine”. Fonte: Observatório do terceiro setor (2018) Imagem 06: Placa Coopel na atual sede. Fonte: do autor.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
17
N
18
Trabalho Final de Graduação I
2
Área de Estudo Pelotas/RS O município de Pelotas está situado na região sul do Estado do Rio Grande do Sul, distante 250Km da capital do estado, Porto Alegre, e estende-se por uma área de 1.610,09 Km2. Sua população, conforme o Censo Demográfico de 2010/IBGE é de 328.275 habitantes, apresentando uma densidade demográfica de 203,89 habitantes/Km2. Geograficamente, esta população se divide em 305.696 pessoas vivendo na zona urbana e 22.082 na zona rural. Esta distribuição geográfica cria uma necessidade maior de intervenção do Estado, visto que o crescimento do perímetro urbano acaba se dando de forma desordenada, com aglomerações sem as mínimas condições de habitação e saneamento, ocupadas por um contingente populacional que está à margem do mercado.
Imagem 07: Vista aérea da cidade de pelotas. Fonte: Google maps
Imagem 08: Vista aérea da cidade de pelotas. Fonte: Google maps
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
19
O lixo em Pelotas No município de Pelotas o órgão responsável pela coleta, transporte e destinação dos resíduos sólidos gerados no município é o Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP). Pelotas, assim como a maioria dos municípios brasileiros, têm investido e procurado melhorar a eficiência de seu Programa de Coleta Seletiva (PCS), porém, assim como os outros, encontra diversos obstáculos e dificuldades. Nesse sentido, identifican-se tanto fragilidades que devem ser revistas assim como aspectos positivos que merecem ser destacados e que possam servir de exemplo e modelo para outros municípios brasileiros. O “Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Diagnóstico”, publicação de julho de 2012 da Prefeitura Municipal de Pelotas (PMP), mostra que o serviço de Coleta Seletiva, implementado em 2010, cobre apenas parcialmente a área urbana - cerca de 65% - sem alcance da área rural (PMP, 2012). Portanto, grande parte dos recicláveis gerados no município não estão sendo segregados, seguindo para aterro misturados ao lixo comum. A partir junho de 2012, quando foi desativado o aterro controlado do Município, localizado na Colina do Sol, estes resíduos passaram a ser levados para uma estação de transbordo, chamada de Estação de Transbordo Pelotas, e posteriormente segue para um aterro sanitário particular instalado no município de Candiota, distante 163 km (PMP, 2012). O Município apresenta dois tipos de coleta para os resíduos sólidos domiciliares: coleta regular ou convencional, parte conteinerizada, e a Coleta Seletiva. Segundo informações do SANEP, em junho de 2013, a quantidade média diária da coleta convencional porta-a-porta foi de 147.340 kg e a coleta conteinerizada de 46.049 kg. Estes serviços geram um custo de R$ 452.584,28 e R$ 304.140,00, respectivamente. O primeiro, é pago com base no peso e o segundo, pelo número de contêineres. A quantidade enviada para aterramento naquele mês foi de 5.847.720 kg (SANEP, 2013). 20
Trabalho Final de Graduação I
Cooperativas O município possui atualmente 5 cooperativas* de catadores, representando cerca de 120 agentes cooperados. As cooperativas foram formalizadas com o número mínimo de 20 cooperativados, conforme exigência da legislação vigente à época das suas constituições. Por acordo contratual, o SANEP repassa até R$15 mil mensais para cada cooperativa, incluindo: a remuneração máxima de R$ 400,00 por associado; contribuição à Previdência Social; despesas com cursos supletivos de 1º e 2º graus; e despesas de operacionalização, entre outras. A comercialização dos recicláveis fica a cargo de cada entidade, sem interferência do SANEP.
* COOPEVC - Cooperativa de Trabalho dos Catadores da Vila Castilhos COOPEL - Cooperativa de Trabalho de Prestação de Serviços e Ação Social COORECICLO - Cooperativa de Trabalho e Reciclagem COOTFRA - Cooperativa de Trabalho dos Agentes Ambientais do FRAGET UNICOOP - União Cooperativa dos Catadores de Resíduos Sólidos
Imagem 09: Catadora trabalhando em um lixão. Fonte: Observatório do terceiro setor (2018)
Foi identificada a grande quantidade de catadores informais (estima-se que estejam atuando cerca de 400 catadores nas ruas) (SANEP- PMGIRS, 2014), isto é, realizando a coleta de alguns materiais recicláveis sem estar vinculados a nenhuma cooperativa. A geração mensal de RSU em Pelotas é de 9.900 toneladas, estimativa com baseada nas médias brasileiras, sendo a população de Pelotas aproximadamente 330.000 habitantes. O resultado da Coleta Seletiva em Pelotas alcança apenas 4% dos recicláveis gerados no Município sendo seletiva de 4.003 kg/dia (SANEP). O incentivo econômico pode possibilitar o aumento de separação de recicláveis, mediante descontos em tarifas de serviços públicos, como água ou luz, ou o recebimento de vales para a troca por produtos orgânicos, Neste caso, a população beneficia-se pelo acesso a alimentos saudáveis, ao tempo em que os pequenos produtores orgânicos são estimulados economicamente, além dos ganhos ambientais e de saúde pública pela redução no uso de agrotóxicos.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
21
Loteamento Dunas O Loteamento Dunas data de 1986 a partir de uma ação do executivo municipal de Pelotas, que naquela ocasião recebeu uma doação, por parte do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), se tratando de um banco de terras localizado no Bairro Areal, situado na região leste do município. Conforme Censo Demográfico do IBGE em 2010, a população estimada no loteamento é de 20.217 pessoas e que geograficamente ocupa uma área onde se localiza a única via asfaltada denominada de Avenida Dr.Ulysses Guimarães, a qual é cortada por 29 ruas transversais e cujas identificações se dão por numerais arábicos e que boa parte não dispõem de nenhum tipo de calçamento ou asfalto. Sua população é maior do que as populações de mais de 50% dos municípios do Rio Grande do Sul.
N
22
Trabalho Final de Graduação I
N
0 50
200
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
500
23
Histório do Loteamento Dunas
Conforme informações do Jornal Memórias Dunas (2008), em 1987 e 1988, foram então entregues como posse os lotes das 03 primeiras ruas, das 29 hoje existentes, mais a Rua 29 Fundos, uma ocupação recente que ainda não possui as condições mínimas de ambiência urbana (água, luz, lotes e ruas bem definidos), sendo atualmente um dos locais mais empobrecidos dentro do Loteamento Dunas. A Prefeitura Municipal de Pelotas, contando com seu corpo técnico da área de assistência social, em parceria com a Faculdade de Ciências Domésticas da Universidade Federal de Pelotas, no período entre 1989 e 1990 realizaram o cadastramento de famílias que necessitavam de habitação popular no município. Foram identificadas naquele momento 7000 famílias nesta situação, mas somente seiscentas foram contempladas no primeiro momento. O terreno cedido foi estruturado para atender, primeiramente, a população que vivia em área contígua ao futuro loteamento, no chamado Corredor do Obelisco, que liga a Avenida Domingos de Almeida e a Avenida República do Líbano (esta última faz divisa entre a região administrativa do Areal e a Zona Norte de Pelotas). Porém critérios de seleção foram estipulados para a ocupação dos lotes, elegendo mães solteiras com filhos como prioridades, seguidas de idosos e casais com filhos. Pessoas solteiras sem filhos não foram aceitas para àquele cadastramento. O processo de implantação deste loteamento se deu de maneira organizada até a Rua 09. A troca de governo local e as pressões geradas por invasões exigiram medidas imediatas e logo os rumos de ação idealizados pela prefeitura – repassar lotes com estrutura de ambiência urbana adequada à habitação – sofreram drásticas alterações e os lotes com medidas de 7m de frente por 12m de fundo começaram a ser entregues, entretanto sem as mínimas condições de habitação. Naquele momento houve uma ocupação geral e desordenada do Loteamento Dunas, indo da Rua 09 até a 29, o que agravou as péssimas condições de habitabilidade sem demarcação de ruas e sem pavimentação, ausência de fornecimento de luz e iluminação pública, de ligação com rede de esgoto, de serviço de coleta de lixo, de escola, de posto de saúde e de linha regular de ônibus; nem mesmo sistema de água existia, o que obrigava os moradores a madrugarem para obter água com o caminhão pipa que o Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto (SANEP) disponibilizava uma vez ao dia (MEREB, 2011). No início dos anos 1990 surge a primeira grande mobilização dos moradores, a construção de uma escola para atender o loteamento. A partir dessa reivindicação, que foi atendida no ano de 1991, formalizou-se a ideia da organização da Associação de Moradores, que foi determinante para a conquista gradativa de algumas melhorias. O fornecimento de energia elétrica foi a primeira conquista, porém somente abrangia três ruas nos anos de 1990 e 1991. Neste mesmo ano, a demanda por uma de rede de água foi atendida. Outras mobilizações junto ao poder público naquele período culminaram com a construção da Escola Núcleo Habitacional Dunas, da Escola de Educação Infantil Paulo Freire e do Posto de Saúde Izaías Ortiz Pinto (JORNAL MEMÓRIA DUNAS, 2008). Atualmente, além das escolas citadas, o loteamento ainda conta com a Escola Deogar Soares, a exemplo das demais, também de responsabilidade do governo municipal. 24
Trabalho Final de Graduação I
Atualmente, o Loteamento Dunas continua enfrentando os mesmos problemas que datam desde seu surgimento, como a escassez de serviços de saneamento básico, fazendo das valetas a céu aberto um risco permanente à saúde daquela população. A falta de calçamento e asfaltamento das vias públicas se constitui em outra dificuldade, já que obriga os moradores a conviverem diariamente com grande quantidade de pó e em dias de chuva o deslocamento sobre o barro se torna inevitável. As áreas localizadas mais ao fundo do loteamento carecem ainda de iluminação pública adequada, situação que gera insegurança aos moradores e contribui para o aumento da criminalidade na região. A Prefeitura Municipal de Pelotas, em parceria com a Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), desencadeou, a partir do mês de outubro de 2013, um trabalho de regularização fundiária no loteamento, outro grave problema enfrentado por aquela população, estimando beneficiar 2.693 famílias lá residentes. Tal iniciativa trará benefícios para a comunidade no que tange à possibilidade de financiamento para investimentos em infraestrutura como saneamento básico e iluminação pública, áreas, como já mencionados, muito deficientes até os dias de hoje.
Imagens 10, 11 e 12: Fotos antigas do Loteamento Dunas Fonte: Mereb (2011)
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
25
Infraestrutura Urbana
ÁGUA O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP), tem a responsabilidade de fornecimento de água potável à população pelotense. Trabalha desde a captação, tratamento, até a distribuição. A maior parte das residências é atendida pelo SANEP, porém, há casos de outro tipo de abastecimento sem dados oficiais contabilizados até o momento.
ESGOTO O SANEP, também se faz responsável pelas instalações destinadas e propícias à coleta, condução, condicionamento e tratamento do esgoto cloacal das edificações. O Loteamento Dunas, não possui rede de coleta de esgoto cloacal, sendo assim, teoricamente é necessário utilizar o sistema de fossa, filtro e sumidouro. Porém, parte da população, devido a sua carência, despejam seus dejetos diretamente em sumidouros sem tratamento e em nos córregos a céu aberto.
ENERGIA ELÉTRICA A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), é responsável pela distribuição de energia elétrica, no local é disponibilizado rede de baixa tensão de forma aérea, através de postes. Parte da população não tem acesso a energia distribuída pela CEEE, seja por questões financeiras, ou por utilizam ligações clandestinas.
26
Trabalho Final de Graduação I
LIXO A coleta de resíduos sólidos,responsabilidade do SANEP, abrange a totalidade do município, enquanto que a Coleta Seletiva encontra-se em fase de ampliação abrangendo, atualmente, 18 bairros e atendendo 65% da demanda do município. Na zona em estudo, a coleta acontece Segunda, Quarta e Sexta-feira, no período da manhã.
DRENAGEM Em 2002 o SANEP tornou-se responsável pela drenagem urbana da cidade. O sistema de drenagem é um sistema independente, ou seja, as águas pluviais têm cursos diferentes do esgoto cloacal. A escassez de serviços de saneamento básico no bairro faz com que sejam abertas valetas a céu aberto, um risco permanente à saúde daquela população.
VIAS E CALÇADAS Grande parte do Loteamento Dunas não receberam pavimentação, tanto nas vias quanto nas calçadas. Apenas o trajeto de ônibus, que corta o bairro pela a Av. Ulysses Guimarães, recebeu pavimentação nas vias, calçadas e meio-fio.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
27
Escolha do terreno A busca do terreno se deu a partir do estudo das Áreas Especiais de Interesse Social na cidade de Pelotas. Estas áreas são destinadas à recuperação urbanística, ambiental e social. Também estudou-se as cooperativas de triagem já existentes na cidade, as áreas de atuação e a qualidade do espaço construído. Daí encontrou-se a COOPEL no Loteamento Dunas (AIES V), junto, um terreno na mesma área da construção atual. Especificamente, o terreno está localizado ao fundo do loteamento e é conhecido popularmente como Dunas Fundos. O lote faz divisa com o muro da associação privada Dunas Clube. Um muro que não apenas separa a propriedade, mas também separa realidades econômicas e sociais. O terreno irregular apresenta dimensão de 95m em sua testada voltada ao nordeste, fazendo esquina com 66m em sudeste, 79 m de fundos e 64 m em noroeste. Gerando uma área de 5.568m².
N
28
Trabalho Final de Graduação I
Imagem 13 (à baixo): Vista aérea do Clube Dunas e marcação do terreno Fonte: Google maps (20018)
Imagem 14 (ao lado): Vista aérea, localização e dimensções do terreno Fonte: Google maps (20018)
64 m
N
79 m
95 m m 6 6
0 10
20
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
50
29
Legislação Para a realização do projeto foi consultada as seguintes leis municipais do III Plano diretor de Pelotas: DAS ÁREAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL Art. 87 - As Áreas Especiais de Interesse Social são porções de território do Município, destinadas prioritariamente à recuperação urbanística e ambiental, à regularização fundiária e à produção de Habitação de Interesse Social (HIS), conforme mapa nº U-07 anexo a presente lei. Art. 88 - As Áreas Especiais de Interesse Social atenderão às seguintes diretrizes: I - Adequar a propriedade do solo à sua função social; II - Evitar a expulsão dos seus moradores, mediante a utilização de instrumentos jurídicos e urbanísticos próprios; III - Integrar à cidade os assentamentos habitacionais de baixa renda, promovendo sua regularização jurídica, urbanística, técnica e ambiental; IV - Propiciar a recuperação ambiental de áreas degradadas ocupadas por população de baixa renda; V - Prover a oferta de equipamentos urbanos e comunitários, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local; VI - Fomentar a utilização dos vazios urbanos localizados no Município para programas habitacionais, de modo a ampliar a oferta de terra para a moradia da população de baixa renda; VII - Promover a manutenção e melhoria de HIS, incluindo a recuperação de imóveis degradados; VIII - Propiciar a geração de trabalho e de renda para seus moradores. IX - Não expor os assentados a riscos ambientais. DO SISTEMA VIÁRIO DAS ÁREAS ESPECIAIS Art. 111 - O sistema viário básico do Parcelamento de Solo em Áreas Especiais de Interesse Social - AEIS deverá considerar os seguintes atributos, além das demais disposições da presente Lei, no que couber: I - Circulação de pedestres e veículos; II - Acesso às edificações; III - Circulação e acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais; IV - Atividades comerciais, de lazer e convívio social; V - Implantação de redes públicas de infra-estrutura; VI - Implantação de equipamentos diversos. Art. 112 - As vias Principais e Coletoras seguirão os gabaritos indicados na lei do Plano Diretor para o sistema viário projetado para a cidade.
30
Trabalho Final de Graduação I
Parágrafo único: Quando existirem vias Principais ou Coletoras na AEIS ou quando sobre ela estiver projetada via Principal ou Coletora que integre o sistema viário básico da cidade, deverão ser mantidos o traçado, o gabarito e demais características existentes ou projetadas. Art. 113 - As vias locais, definidas como aquelas que delimitam o contorno externo das quadras, devem comportar a circulação de caminhões para atendimento de necessidades habitacionais e veículos de serviço e manutenção. I - As vias Locais deverão atender ao seguinte dimensionamento mínimo: a) Faixa carroçável: 5,00m (cinco metros); b) Passeio: 1,80m (um metro e oitenta centímetros, de cada lado da via); c) Total da faixa de Domínio: 8,60m (oito metros e sessenta centímetros). Art. 114 - As vias Mistas ou Compartilhadas, definidas como aquelas internas à quadra, de uso prioritário do pedestre, possibilitarão a circulação eventual de veículos de manutenção e prestação de serviços. Também devem possibilitar o acesso de veículos junto ao lote. I - As vias Mistas ou Compartilhadas deverão atender ao seguinte dimensionamento mínimo: a) Total da faixa de Domínio: 6,00m (seis metros), não devendo apresentar quaisquer desníveis em degraus. Art. 115 - As vias do sistema viário do parcelamento em AEIS devem ter prioridade na pavimentação, sendo que as vias Principais e Coletoras, ao serem pavimentadas, devem seguir a orientação do Plano Diretor para o Sistema Viário Planejado e dar continuidade à pavimentação existente no trecho anterior à gleba. REGRAS GERAIS Art. 123 - Em todo o perímetro urbano será permitida a edificação de até 10,00m (dez metros) de altura, observadas as seguintes disposições, conforme mapa U-14 em anexo à presente lei: I - Recuo de ajardinamento de 4,00m (quatro metros), o qual poderá ser dispensado através de estudo prévio do entorno imediato no caso de evidenciar-se, no raio de 100,00m (cem metros), a partir do centro da testada do lote, a existência de mais de 60% (sessenta por cento) das edificações no alinhamento predial; II - Recuo de ajardinamento secundário, nos terrenos de esquina, nas condições estabelecidas no inciso anterior, o qual se fará na testada do lote em que não se faça o recuo de ajardinamento principal com, no mínimo, 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros); III - Isenção de recuos laterais; IV - Taxa de ocupação máxima de 70% (setenta por cento); V - Recuo de fundos mínimo de 3,00m (três metros). Lei do III Plano Diretor - Lei 5.502/2008
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
31
Art. 125 - Será permitida edificação de até 19,00m (dezenove metros) de altura em imóveis que possuam testada igual ou superior a 15,00m (quinze metros) e que estejam inseridos
32
Trabalho Final de Graduação I
3
Triagem de resíduos recicláveis De acordo com o Manual da coleta seletiva do Ministério das Cidades.
Instalações do Galpão O galpão deve ser composto de uma área de descarga [1], silo com área para armazenar [2] um dia e meio a dois dias da coleta diária prevista, uma área para triagem primária [3] e secundária [4], baias intermediárias* [5], área para prensagem [6], área para estoque dos fardos [7] e expedição [8] com capacidade para armazenar mais ou menos uma semana de cargas fechadas.
*As baias intermediárias devem usar estruturas em perfis metálicos sendo que as telas metálicas devem ser de fio grosso com dispositivo de travamento superior e fechamento frontal.
5
1
7
4
2
6
3
8 7 4
5
Imagem 15: Latas preensadas. Fonte: do autor.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
33
Classificação O Manual da coleta seletiva do Ministério das Cidades define diretrizes para o projeto classificando-os pelo tamanho e quantidade de equipamentos necessários:
• Pequeno: 300m²
• Médio: 600m²
uma prensa, uma balança e um carrinho; uma prensa, uma balança, um carrinho e uma empilhadeira
• Grande: 1200m²
duas prensas, uma balança, dois carrinhos e uma empilhadeira
Equipamentos
34
Prensa enfardadeira vertical 1,00 x 0,75 x 3,30m
Empilhadeira mecânica 1,90 x 0,70 x 2,10m
Balança Digital 1,00 x 0,75 x 1,35m
Carrinho para tambores
Trabalho Final de Graduação I
,50m
1,50m
No caso da opção de triagem com mesas transversais, essas devem ter 2,80 m de comprimento por 1 m de largura (cada uma comportará quatro trabalhadores). Entre uma mesa e outra, o espaço será de 2,80 m para acomodação dos tambores. É necessário manter pelo menos 1 m de corredor para transporte dos tambores.
1,00m 1,00m
2,80m
0,5m
1,00m
2,80m
Para a organização do trabalho é preciso definir uma área adequada para cada usuário. Em uma central com mesa linear, um trabalhador ocupará 1,5 m da esteira, precisará de área de 2,4 m para colocação de tambores de separação dos materiais mais constantes e 1 m para os sacos de separação de materiais menos constantes. Um corredor de 1 m é necessário para deslocamento dos tambores cheios.
1,00m
Organização do trabalho
2,40m
0,5m
1,50m1
Instalações de apoio De acordo com indicações do Ministério das Cidades, a área do escritório deve ter, no mínimo, 12 m². Para calcular o número de vasos sanitários e lavatórios, o órgão indica a proporção um para cada 20 usuários. No caso de chuveiros, seria um para cada dez usuários. O boxe mínimo para sanitários deve ser de 1 m² e a largura mínima para lavatório de 0,6 m. Os armários devem ser individuais com 1,5 m² por usuário e compartimento duplo com 90 cm de altura, 30 c m de largura e 40 cm de profundidade. A área por usuário no refeitório deve ser de 1 m² com pia, bebedouro, aquecedor de marmitas e fogão. A possibilidade de conversão do refeitório em área de treinamento e reunião deve ser prevista. Para isso, é indicado o uso de mesas móveis.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
35
36
Trabalho Final de Graduação I
4
Lugar
O terreno, localiza-se no bairro Dunas, mais especificamente no Dunas Fundo. Sua maior dimensão está voltada para o Nordeste, na ampliação proposta da Av. Ulysses Guimarães. Além do acesso principal, um acesso secundário na via lateral também planejada, para interligar e chegada a grande gleba. O terreno tem potencial para atendimento de sistema de abastecimento de água, energia elétrica e iluminação, e, também, pela coleta de lixo, já existentes no bairro. Sem uso, com vegetação rasteira e presença de algumas árvores de pequeno porte, tornou-se um vazio de transição entre classes. Uma área com grande potencial desconsiderada e prejudicada pelas barreiras de acesso. É uma área esquecida, sem nenhum atrativo, cenário das diferenças sociais. Sendo um ponto de junção classes, a potencialidade do lote, quanto ao tema, é extremamente valorizada. A diversidae de experiências e vivências presentes no entorno, transformam um espaço residual em um lugar latente, com capacidade favorável de converter o que era rejeitado em parte vital da sociedade, introduzindo um sentir responsável perante todos os que ali passam e que por ali terão novas oportunidades.
Imagem 16 (página da esquerda): Casas e moradores do Dunas. Fonte: do autor
Imagem 17: Homem de bicicleta. Fonte: do autor
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
37
N
1
2 3
7 6 4
5 8
2
38
Trabalho Final de Graduação I
9
Imagem 18: Vista aérea e pontos de vista. Fonte: Google maps (2018) Imagens 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28. Levantamento fotográfico. Fonte: do autor
Levantamento fotográfico 1
10
3
4
5
6
7
8
9
10
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
39
LEGENDA
Equipamentos Institucionais Atravéz do levantamento dos equipamentos institucionais identifica-se a presença de escolas e creches nas proximidades do lote. Conta também com duas unidades básicas de saúde e um posto de saude. 40
Trabalho Final de Graduação I
1
ESCOLA MUN. JOQAUIM NABUCO
2
ESCOLA MUN. HABITACIONAL DUNAS
3
UBS - UNIDADE BASICA DE SAÚDE ISAIAIS LOKSCHIM
4
CEU - EM CONSTRUÇÃO
5
ESCOLA MUN. ALM. JSÉ SALDANHA
6
UBS- UNIDADE BASICA DE SAÚDE BOM JESUS
7
POSTO DE SAÚDE OBELISCO
8
CRECHE - EM CONSTRUÇÃO
9
ESCOLA DUNAS FUNDOS
10
ESCOLA EST. DE ENS. MEDIO AREAL
N
0 50
200
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
500
41
Vias A maioria das vias do Loteamento Dunas apresenta gabarito viário de 8 à 13 metros. As principais vias de acesso ao barro são as coletoras Av. Uilysses Guimaraes e Av. Manoel Antônio Perez, cortam o bairro do eixo norte-sul. Apenas a Av. Ulysses Guimarães tema via completamente asfaltada. 42
Trabalho Final de Graduação I
LEGENDA: Vias Coletoras Vias Propostas
N
0 50
200
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
500
43
Transporte Público O único meio de transporte público oferecido é ônibus. A região é atendida por duas rotas da linha Bom Jesus. Ligando o loteamento ao centro e o restante da cidade. Seus trajetos estão representados no mapa assim como as parradas mais importantes. 44
Trabalho Final de Graduação I
LEGENDA: Linha de ônibus Ponto de ônibus
N
0 50
200
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
500
45
Clima MAIOR | Radiação Solar Global DEZEMBRO
MAIOR | Precipitação Pluviométrica FEVEREIRO
Direção predominante dos ventos Verão | Leste Inverno | Nordeste
Clima subtropical úmido Temperatura Média Anual 17,6ºC
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
ºC 23,2 23,0 21,7 18,5 15,1 12,4 12,3 13,4 14,9 17,5 19,6 22,0
fonte: Estação Agroclimatológica de Pelotas 46
Trabalho Final de Graduação I
N
0
25
50
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
100
47
Topografia O terreno, com frente nordeste, estĂĄ situado entre as cotas 5 e 9 da topografia da cidade. Sendo a cota 5 em uma parte da testada, assim as linhas irregulares aumentam atĂŠ atingir cota 9 ao fundo do terreno.
48
Trabalho Final de Graduação I
N
0
25
50
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
100
49
N
Perfil de Quadra
Cheios
Linha de Força 50
Trabalho Final de Graduação I
Análise do entorno
A partir do levantamento fotográfico, e a realização da vista do perfil de quadra se reconhece a tipologia de um pavimento como predominante, há a existência de edificações com dois pavimento principalmente na Av. Ulysses Guimarães, onde localiza-se pontos de comércio, porém a caracterização residencial se faz predominante no bairro. Os cheios e vazios da quadra apontam regularidade nas formas e linhas das edificações. Além do reconhecimento tipológico mais frequente, já é possível caracterizar os métodos construtivos e os materiais com maior uso.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
51
Cores, Formas e Texturas
52
Trabalho Final de Graduação I
Imagens 29, 30, 31, 32, 33 e 34: Levantamento fotogrรกfico. Fonte: do autor
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
53
1
2
3
54
Trabalho Final de Graduação I
5
Projetos Referenciais
Para escolha das referências, foram analisadas as tipologias, formas de distribuição dos usos, materiais empregados e as táticas ambientais. As certificações e prêmios consolidam a intenção de tornar a edificação mais sustentável importante condutor para a elaboração do projeto.
1. Centro de Reciclagem East Side AJ Brown Imaging - Iowa, EUA
2. Centro de Reciclagem e Reparação DLW-ARCHITECTES - Lannion, França
3. Centro de Reciclagem Smestad Longva arkitekter - Oslo, Noruega
Imagens 35, 36 e 37: Projetos referenciais. Fontes: 35 - AJ Brown Imaging (2018), 36 - Dlw-architectes (2018) e 37 Longva arkitekter (2018)
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
55
Centro de Reciclagem East Side O Centro de Reciclagem East Side serve como um exemplo para a comunidade sobre como um prédio público deve ser construído e operado. O projeto de Shive Hattery Architects and Engineers e todos os 40 subcontratados eram empresas de Iowa. O edifício possui muitas características modernas de verde / sustentável, como biocélulas, pavimentação permeável e jardins de chuva. A instalação é projetada para exibir estratégias de construção sustentável em harmonia com a paisagem circundante. Materiais naturais combinam perfeitamente com os elementos fabricados, ligando o espaço interior com o ambiente. O complexo East Side Recycling Center inclui um Centro de Educação, um galpão de reciclagem, um local de coleta de óleo, lascas de madeira e coleta de lixo eletrônico. O Centro de Educação foi inserido de forma leve sobre o terreno. Outras boas práticas ambientais evidenciadas pelo projeto incluem o manejo de águas pluviais, o incentivo à vegetação nativa, instalação de pavimento reutilizados e aquecimento geotérmico.
56
Trabalho Final de Graduação I
Ficha técnica Arquitetura: AJ Brown Imaging Localização: Iowa, EUA Ano: 2011
Imagens 38, 39 e 40: Centro de reciclgaem East SIde - Iowa, EUA Fonte: AJ Brown Imaging (2018)
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
57
O prédio também abriga muitos eventos e programas educacionais para crianças e adultos. Muito ocupado por organizando eventos como aulas de escola, viagens de campo e reuniões sobre técnicas sustentáveis de paisagismo, possibilita oportunidades de educação conscientização geral sobre sustentabilidade. O projeto é, na verdade, um estudo de caso estadual em design sustentável. Este projeto obteve a certificação LEED Platinum do US Green Building Council (sua mais alta classificação) e ganhou o Grand Place Award (1º lugar na categoria) pelo design sustentável na categoria Edifícios e Sistemas do Concurso de Excelência em Engenharia de 2012 concedido pelo Conselho Americano. das empresas de engenharia.
58
Trabalho Final de Graduação I
Imagens 41, 42 e 43: Centro de reciclgaem East SIde - Iowa, EUA Fonte: AJ Brown Imaging (2018)
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
59
Centro de Reciclagem e Reparação É um equipamento inovador localizado em um vasto local na área rural, dois galpões de trabalho complementares nos domínios da gestão de resíduos e energias renováveis. Ambos os edifícios principais, de tamanho espetacular, foram pensados como galpões contemporâneos inseridos na trama arborizada existente. O edifício principal (centro de recepção de resíduos, área de reciclagem, espaço educacional) é formado por um longo corredor transparente inserido na topografia. Seu teto destacado desenha uma linha inclinada na paisagem, sustentada pelos pólos formados em V. A estrutura mista em forma de árvore aparece através das fachadas de policarbonato. Esta estrutura é estendida por paredes opacas de madeira com revestimento a céu aberto. O segundo edifício (usina de secagem de madeira e fotovoltaica) é um vasto celeiro de madeira com um perfil amassado.
60
Trabalho Final de Graduação I
Ficha técnica Arquitetura: DLW-ARCHITECTES Localização: Lannion, França Ano: 2017
Imagens 44, 45 e 46: Centro de reciclagem e reparação - Lannion, França. Fonte: Dlw-architectes (2018)
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
61
Todo o projeto foi concebido para valorizar essas estacas ambientais e paisagísticas. A madeira naturalmente sustentável das essências francesas como o carvalho, destaca-se como o material principal das construções, e é utilizada em toda a edificação (estrutura, revestimentos, juntas, isolamento). A expressividade da estrutura de um esqueleto, otimizada e desenhado com precisão, garante a identidade arquitetônica do projeto. A abordagem energética global leva em conta o gerenciamento das energias renováveis (energia da madeira, energia solar) para cobrir as necessidades do local. Painéis solares térmicos também são instalados. A água da chuva é coletada para a lavagem e a manutenção.
Imagens 47, 48, 49, 50, 51, 52 e 53: Centro de reciclagem e reparação - Lannion, França. Fonte: Dlw-architectes (2018)
62
Trabalho Final de Graduação I
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
63
Centro de Reciclagem Smestad O Centro de Reciclagem Smestad representa uma nova tipologia de construção. É uma instalação para o público onde todo o manuseio de resíduos ocorre em ambientes fechados. O centro de reciclagem é um átrio aberto robusto e não delimitado, com duas áreas distintas: uma para o público e outra para operações. Há um edifício de serviços e gerenciamento integrado e climatizado em uma extremidade, com áreas para resíduos perigosos e manutenção, vestiários e refeitório para os funcionários, bem como escritórios e salas técnicas. O edifício tem um telhado de dentes de serra que dá ao grande volume uma subdivisão e ritmo. As paredes traseiras e laterais da sala de reciclagem são predominantemente fechadas. A fachada principal em direção ao anel viário é aberta, revestida com chapas metálicas expandidas montadas entre as colunas de madeira laminada.
64
Trabalho Final de Graduação I
Ficha técnica Arquitetura: Longva Arkitekter Localização: Oslo, Noruega Ano: 2015
Imagens 54 ,55 e 56: Centro de reciclagem Smestad - Oslo, Noruega. Fonte: Longnava Arkitekture (2018)
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
65
O projeto tem altas ambições ambientais. O edifício é construído a partir de materiais de baixo impacto. As fachadas são de concreto, tijolo, madeira laminada e metal expandido de aço de intemperismo. Todo o telhado é plantado com sedum. A parte climática do edifício atinge um rótulo energético da UE A (amarelo).
Imagens 57, 58, 59 e 60: Centro de reciclagem Smestad - Oslo, Noruega. Fonte: Longnava Arkitekture (2018)
66
Trabalho Final de Graduação I
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
67
68
Trabalho Final de Graduação I
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
69
REPARTIR REEDUCAR RECUPERAR (compartilhar de modo racional),
(reabilitar por meio da educação),
(promover novos hábitos).
70
Trabalho Final de Graduação I
6
Proposta
Conceito A arquitetura consegue mudar as pessoas, transforma atos cotidianos em experiência, sensibilizar e educar. A Fábrica-Escola visa à construção de relações sociais, econômicas e culturais capazes de respeitar e incorporar as diferenças à liberdade para decidir caminhos alternativos de desenvolvimento sustentável. A formação da consciência ambiental, só acontece por meio do compartilhamento do conhecimento e de experiências práticas.
compartilhar : motivar o ato da troca de conhecimento e experiências entre as pessoas. Propor novos espaços de interação social. educar: transformar conhecimento em conscientização. A educação ambiental não é um modismo, pelo contrário, é uma necessidade. conscientizar : estimular o senso crítico, produzindo alterações significativas de comportamento, levando-os a novos hábitos e atitudes em relação ao ambiente físico, social, cultural, econômico.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
71
O símbolo internacional da reciclagem tem formato triangular e é composto por três setas dispostas em sentido horário. O seu significado é o processo de reciclagem. Cada seta representa uma fase desse processo: a fabricação do produto, a utilização desse mesmo produto e, finalmente, a sua reutilização. Imagem 61: Símbolo da reciclagem. Fonte: do autor
72
Trabalho Final de Graduação I
COMPARTILHAR
forma fluxos materiais energia solar conectividade equipamentos ventilação cruzada iluminação natural linguagem projetual multiplicidade de usos reaproveitamento pluvial
EDUCAR
CONSCIENTIZAR
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
73
Programa de Necessidades O pré-dimensionamento foi baseado no Manual de Coleta Seletiva do Ministério das Cidades, no Caderno de Especificações Téécnicas para Centro de Triagem de Resíduos Sólidos Urbanos do Paraná, juntamente com demandas dos cooperados da COOPEL. Através desses foram obtidas áreas mínimas para os espaços.
74
Trabalho Final de Graduação I
ADMINISTRAÇÃO
15m² 15m² 25m² 12m² 5m²
SECRETARIA DIRETORIA SALA DE REUNIÕES ARQUIVO COPA BANHEIROS MASC FEM
TRIAGEM
5m² 5m²
EDUCAÇÃO
OFICINA DE RECICLAGEM OFICINA CRIATIVA SALA INFORMATICA SALA MULTIUSO DEPÓSITO BANHEIROS FEM MASC
50m² 45m² 45m² 70m² 15m²
ACERVO SALA DE ESTUDO
50m² 50m²
25m² 25m²
BIBLIOTECA
RECEPÇÃO DE MATERIAL TRIAGEM PRIMÁRIA TRIAGEM SECUNDÁRIA ARMAZENAMENTO POR TIPO PRENSAGEM DESPACHO DE FARDOS PASSARELAS PARA VISITAÇÃO VESTIÁRIOS
65m 25m² 120m² 110m² 60m² 60m² 60m² 30m²
TOTAL 612m²
CULTURAL/CONVIVÊNCIA EXPOSIÇÃO LOJA BANHEIRO LOJA ESPAÇO CONVIVÊNCIA COZINHA ABERTA COPA ABERTA
85m² 15m² 5m² 70m² 20m² 25m²
COOREDENAÇÃO SECRETARIA DEPÓSITO BANHEIRO DIREÇÃO
25m² 7m² 15m² 5m²
APOIO HORTA
30m²
DIREÇÃO
TOTAL 702m² SUB - TOTAL 1314m² +10% DE CIRCULAÇÃO
TOTAL GERAL 1445m²
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
75
Diagrama Funcional A partir do programa de necessidades, criou-se um diagrama de bolhas para representar a interação entre algumas atividades. Assim, se destaca as atividades mais predominantes e/ou importantes dentro do programa. Foi estabelecido um ponto de convergência radial, onde as conexões levam aos diferentes usos da edificação. As demais atividades foram dispostas próximas ao longo dos percursos. Dessa forma, o diagrama aproxima-se da realidade de uma organização espacial, apresentando um ponto de convergência radial.
76
Trabalho Final de Graduação I
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
77
Fluxograma O Fluxograma foi resultado dos estudos de organização dos espaços, suas ligações e atuações. A permeaabilidade de usos, visual e de percepção é um dos princípios utilizados. Garantindo uma circulação fluída e intuitiva no predio. Para a sede da Coopel se faz necessario o controle de acesso garantindo a segurança dos trabalhadores e visitantes da Fabrica -Escola, visto que maquinas pesadas operam no local. 78
Trabalho Final de Graduação I
ACESSO PRINCIPAL
RECEPÇÃO COOPEL (controle acesso)
RECEPÇÃO FABRICA-ESCOLA GALERIA EXPOSIÇÃO
ADMINISTRAÇÃO LOJA
VESTIÁRIOS
INFORMATICA
SALA DE ESTUDO
OFICINAS
CONVIVÊNCIA
BIBLIOTECA
PASSARELA VISITAÇÃO
MULTIUSO
COZINHA ABERTA
SALA FUNCIONÁRIOS GALPÃO TRIAGEM CHEGADA /SAÍDA MATERIAL ACESSO SECUNDÁRIO
ÁREA REFEIÇÃO HORTA COMUNITÁRIA
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
79
Processo Projetual
?
1 Após revisão bibliográfica sobre o assunto, foi realizada uma visita a sede atual da Coopel. Em conversa com a coordenadora da cooperativa, Jussara Pontes, foi possível criar um programa de necessidades direcionado as demandas atuais da sede e do bairro.
2 Primeiro passo na concepção da proposta foi criar uma malha de 5 em 5 metros a partir dos limites do terreno, de maneira a inserir o projeto, possibilitando uma relação direta nas diferentes escalas. 80
Trabalho Final de Graduação I
N
3 Os três padrões servem de base fundamental. As duas linhas em ângulo reto levam em consideração as existentes no bairro. Já a terceira é com base no limite em diagonal do lote, propicia movimento a fim de se diferir do padrão visual. Essa trama será importante na concepção do projeto, especialmente no relacionamento das fachadas e do volume.
4 O programa inserido no terreno com a malha, teve sua forma fragmentada originando 3 blocos, com os diferentes usos: triagem, convivência e educação.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
81
VENTOS PREDOMINANTES
SOL-POENTE
SOL-NASCENTE
Analisando os ventos predominantes e a insolação no lote, os fragmentos foram acomodados na malha.
82
Trabalho Final de Graduação I
5
6
A diferenciação da altura dos volumes, indica usos, traz ritmo distinto a simetria e linearidade do bairro.
Acrescenta-se os volumes do setor administrativo da Coopel e do apoio a horta e pomar comunitário.
7
8
Com o desejo de convidar a conhecer a Fábrica-Escola e atender a necessidade local para lazer, estendeu-se um espaço público ao encontro da edificação, possibilitando um contato entre o meio público e o trabalho realizado.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
83
Planejamento da Área Externa
Piquenique Mobiliário fixo propõem encontros de longa permanência.
Escadaria Tirar partido da diferença de nivel criando ambientação atrativa.
Playground Espaço de lazer ativo com mobiliário para diferentes idades.
Área de encontro Ambientação que estimula relacionamento e convivio na comunidade.
84
Trabalho Final de Graduação I
Pomar comunitário Plantação de árvores frutíferas aberta ao uso e cuidado da comunidade.
Horta comunitária Aproveitamento de espaço para cultivo de alimentos.
Área para feira itinerante Espaço destinado a montagem e desmontagem de feiras e bancas.
Lazer Planejamento de espaços para lazer ativo e passivo.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
85
Planejamento Sustentável
Ventilação Cruzada
Coleta Pluvial
A ventilação cruzada acontece pelo diferencial de pressão provocado pelo vento na edificação. Onde a zona de pressão positiva acontece na área à barlavento e a zona de pressão negativa acontece à sotavento.
A cisterna funciona da seguinte maneira: a água da chuva é levada pelas calhas a um filtro, que eliminará mecanicamente impurezas, como folhas ou pedaços de galhos.
O maior volume do fluxo de ar acontecerá quanto maior for a diferença de pressão nas faces onde estão localizadas às aberturas, com a localização das aberturas em zonas de pressão oposta. O volume de fluxo de ar (número de trocas) que passa através da estrutura é determinado pelo tamanho das aberturas. Um maior número de trocas de ar é obtido quando maior o tamanho de ambas as aberturas de entrada e saída de ar. A velocidade do ar é maximizada, quando a área das janelas de saída (pressão negativa) é maior que a área das aberturas de entrada (pressão positiva).
86
Trabalho Final de Graduação I
Por ser proveniente da chuva, a água obtida não é considerada potável, portanto, não é adequada para consumo humano. Ainda assim, pode ser usada nas tarefas domésticas que mais consomem água, como lavar calçadas, irrigação de hortas e até no vaso sanitário. Podendo representar uma economia de até 50% na conta de água;
Brises/painéis
Energia Solar
O brise é um entre vários tipos de dispositivos de proteção solar, podendo ser fixos ou móveis. A função primordial desses elementos é impedir que a incidência da radiação solar direta atinja as superfícies da edificação, principalmente as transparentes ou translúcidas, interceptando os raios solares.
Os painéis solares mais utilizados atualmente são formados por células fotovoltaicas, compostas, na maior parte das vezes, por silício, disposto em duas camadas.
Desta forma, atua no controle e redução do ganho de calor solar, pois promove o sombreamento das superfícies por eles protegidas, dependendo fundamentalmente da orientação da fachada. Possui também funções secundárias como o controle do excesso de luminosidade. Outros aspectos que também sofrem influência desses elementos são a visibilidade para o exterior e a ventilação da edificação.
A corrente gerada nas placas solares é conduzida até o inversor fotovoltaico. Esse equipamento transforma a corrente gerada pelo painel, tornando-a compatível com a rede elétrica e disponibilizando-a para o uso. Assim, o sistema direciona toda a energia gerada em cada um dos painéis solares para o padrão de consumo, que vai distribuir a eletricidade para a residência, empresa ou indústria.
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
87
Sombreamento solar
* Heliodon é um equipamento utilizado para simular o movimento aparente do Sol, em qualquer local da Terra, para ajustar o ângulo entre uma superfície plana e um feixe de luz e assim combinar o ângulo entre um plano horizontal em uma latitude específica e o feixe solar. Colocando-se o edifício modelo (maquete) no heliodon e fazendo incidir sobre ele uma fonte luminosa, conforme os ângulos solares, o observador pode ver como o edifício se comporta em relação ao Sol em várias datas e horas do dia.
88
Trabalho Final de Graduação I
O estudo usando o Heliodon* apresenta os seguintes resultados, reafirmando a escolha de implantação. A edificação gera o mínimo possível de sombra nos lotes vizinhos, e apresenta sombra nas futuras áreas externas apenas no fim da tarde. Esse estudo será norteador para o desenvolvimento do paisagismo e a organização das atividades externas. Também evidencia a necessidade de utilizaçao de equipamentos para conter a incidência solar direta.
Imagens: 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68 e 69: Maquetes, sombras a partir do Heliodon. Fonte: do autor
Solstício de Verão
Solstício de Inverno
9h
12h
15h
18h
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
89
Setorização As condições do entorno são fundamentais na predeterminação de algumas funções, além do acesso principal, a necessidade de uma entrada secundaria para carga e descagda da Coopel servirá de pontapé inicial ao estudo preliminar. Visando a necessidade de um espaço público no bairro, optou pelo recuo frontal, criando sensação e o convite para conhecer mais do trabalho realizado, além de dirigir ao acesso distribuidor da edificação. Também serve de fuga visual, um local de contemplação. A distribuição dos usos da edificação fica evidenciada, porém seus caminhos incentivam a exploração de todos os ambientes. Já que a permeabilidade visual se faz presente nos diferentes espaços.
LEGENDA
A localizção da horta e pomar comunitários, além de garatir acesso a comunidade recebe insolação adequada.
Triagem Educação Convivência
LEGENDA 11 DESCARGA MATERIAL
21
2 MULTIUSO
12 OFICINA
22 PRENSA
3 ADM. COOPEL
13 DIREÇÃO
23 BIBLIOTECA
4 OFICINA
14 LOJA
24 OFICINA EXTERNA
5 INFORMATICA
15 CONVIVÊNCIA
25 RAMPA
6 SANITÁRIOS
16 TRIAGEM
26 VESTIRÁRIOS
7 EXPOSIÇÃO
17 SELEÇÃO MATERIAIS
27 SAIDA MATERIAL
8 ACESSO DISTRIBUIDOR
18 HORTA
28 APOIO HORTA
9 DECK
19 ALA DE ESTUDO
29 ESPAÇO ANIMAIS
10 TRIAGEM PRIMÁRIA
20 COZINHA ABERTA
1
90
POMAR
Trabalho Final de Graduação I
PÁTIO INTERNO
N
AV. ULYSSES GUIMARAES
2 1
3 4 5 10
6 8
9
RUA PRO POS TA
7
11
16 12
15 13
18
14
17
20
19 23
21 24
25
22
26 27
28 29 PLANTA BAIXA
0
5
10
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
20
91
Acessos e Fluxos A circulação conecta espaços, permite a flexibilização, permeabilidade visual, trocas de conhecimento e facilita a multiplicidade de usos dos ambientes. O acesso controlado ao galpão de triagem pode ser feita tanto pelo espaço de convivio, como diretamente pela administraçao ou acesso secundário. Já os espaços de convivência, além de estender-se para o meio publico, oferecem diferentes percursos tanto de partida quanto de chegada. A circulação vertical será realizada através de rampas, além de chegar na passarela de visitação do galpão, leva para cobertura verde, local que oferece visuais da edificação e do bairro, também conta com uma visita técnica a sistestemas de energia solar e captação de água pluvial.
92
Trabalho Final de Graduação I
N
0
LEGENDA ACESSO PÚBLICO ACESSO CONTROLADO
CIRCULAÇÃO LIVRE CIRCULAÇÃO CONTROLADA
5
10
20
CIRCULAÇÃO VERTICAL PASSARELA VISITAÇÃO
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
93
Perspectiva e Fachadas
4
5 1
6
3 2
7 8
PERSPECTIVA
12 11
9 10
Imagem 70: Perspectiva Coopel Fábrica-Escola de Reciclagem Fonte: do autor
LEGENDA 1
PLACA METÁLICA
7 PLACA METÁLICA
2 POLICARBONATO
8 CLARABÓIA
3 PAINEL PERFURADO
9 PLACA METÁLICA
4 COLETA PLUVIAL
10 CONCRETO
5 COBERTURA VERDE
11 POLICARBONATO
6 ÁTRIO
12 PAINEL PERFURADO
94
Trabalho Final de Graduação I
Imagens 71, 72 e 73: Fachadas Coopel FábricaEscola de Reciclagem. Fonte: do autor
FACHADA FRONTAL
FACHADA LATERAL- SUL
FACHADA LATERAL- NORTE
COOPEL Fรกbrica-Escola de Reciclagem
95
Referências AJ BROWN IMAGING. 2018. http://aj-brown-x7x4. squarespace.com/ BRASIL. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/l12305.htm CEMPRE. 2018. http://cempre.org.br CHING, Francis D. K.. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. 2. ed. São Paulo: Martins Editora Livraria Ltda, 2008. Tradução: Alvamar Helena Lamparelli. COLAVITTI, F. O que fazer com o lixo? Revista Galileu, n. 143, p. 39-50, 2003 DLW-ARCHITECTES. 2018. http://www.dlw-architectes.fr/ DREW, D. Processos Interativos homem-ambiente. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1998. ESTAÇÃO AGROCLIMATOLÓGICA DE PELOTAS. 2018. agromet.cpact.embrapa.br GEHL, Jan. Cidade para pessoas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. 262 p. Tradução: Anita Di Marco. GOOGLE MAPS. 2018. https://www.google.com.br/ maps IBGE. 2018. https://www.ibge.gov.br/
96
Trabalho Final de Graduação I
JARDIM, Paulo Wilson Roberto. Educação ambiental. São Paulo: Ática, 2005. LBV. 2018. https://www.lbv.org LONGVA ARKITEKTER. 2018. http://www.longva-arkitekter.no/ MATTOS, Neide Simões de; GRANATTO, Suzana Facchini. Lixo: problema nosso de cada dia: reciclagem, e uso sustentável. São Paulo: Saraiva, 2005. MEREB. Herberto Peil. Loteamento Dunas e sua microfísica do poder. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pelotas. Disponível em < http://guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1625/1/Herberto%20Peil%20 Mereb_Dissertacao.pdf> acessado em 28/03/2018. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2018. http:// www.mma.gov.br OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR. 2018. http://observatorio3setor.org.br/ Prefeitura de Pelotas. 2018 http://www.pelotas. com.br SANEP. 2018. http://server.pelotas.com.br Universidade Católica de Pelotas. 2018. http:// www.ucpel.tche.br
COOPEL Fábrica-Escola de Reciclagem
97
Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo VinĂcius Thelheimer thelheimer@gmail.com