1 minute read

Incredulidade

Next Article
Página em Branco

Página em Branco

A Dor do Desejo

Se você quiser que as coisas venham até você, saia do meio do caminho e deixe que elas se aproximem. Velho provérbio Zen

Advertisement

Desejo e dor caminham juntos. Quem deseja tem pressa, sofre pela espera, pela incerteza de alcançar o que quer. É apego, é obstinação. Quando queremos, concentramos toda energia para obter o desejado, e perdemos o discernimento. O medo de não ter o que ansiamos muitas vezes nos paralisa, nos desnorteia. Não sabemos como agir. Ele nos aprisiona, o corpo sofre, a alma anseia, suspira.

Quando estamos próximos de alcançar, receamos não sermos merecedores daquilo que tanto planejamos. Tememos que tudo tenha sido um equívoco, que, ao obtê-lo, não o desejaremos mais. Por outro lado, enquanto desejamos, deixamos de viver. Nada mais tem prazer ou sabor, tudo se resume em alcançar o que ansiamos.

Mais doloroso que o medo de não obter o que almejamos, é o temor de perde-lo após consegui-lo. Desejar importa no medo de perder. Querer é projetar nossa felicidade em algo fora, e aí esquecemos de nós mesmos.

Não há prazer maior do que realizar um desejo, mas assim como tudo que nos torna dependentes, ao consegui-lo queremos mais e mais, com tanta intensidade e prazer que estamos sempre insatisfeitos.

Premido pela busca de atingir nossas ambições, criamos situações, atraímos circunstâncias retardadoras de sua realização, pois assim podemos continuar alimentando a esperança e o sonho, enquanto sonho. Ir, conscientemente, em busca do que desejamos é um desafio; assumir as consequências, pagar o preço, prever os percalços, roer o osso, isso não queremos. E enquanto sonhamos, a vida passa, as oportunidades são perdidas, e continuamos vivendo a dor do desejo.

E o que fazer para sair desse labirinto? Precisamos aceitar a possibilidade de não conseguir o que buscamos. Se confiamos na sabedoria da vida, não há por que se frustrar, certamente algo melhor nos espera. É preciso desejar sem apego, pôr em movimento a intenção e seguir o fluxo, percorrendo o caminho da flecha lançada, respeitando o ritmo dos passos. O desejo é o que nos move, o resto o tempo e a esperança se encarregam de realizar. Sem pressa.

This article is from: