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Integração
Sombra Minha
Sobra minha, onde estás? Proteges-me da insolação e ofereces frescor e bem estar. Sem ti o que será de mim?
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Preciso de teu refúgio, a luz ofusca e desidrata sem tua gentil intervenção.
Amenizes a nitidez da luz, e realças cores e contornos que a penumbra traz.
És uma trégua, um respiro, em noite de lua cheia, refletindo as águas de meu Ser.
A cortina que oferece uma réstia de luz a penetrar, e na intimidade do coração as estrelas venham me visitar.
Voltes com a brisa da noite anunciando o alvorecer, pois tua ausência é um açoite nas fibras do meu ser.
Integração
Aquele que busca a verdade, corre o risco sempre de encontra-la. Isabel Allende.
A maioria dos seres humanos não sabe lidar com sua própria complexidade, sequer a conhece, e isso compromete seu bem estar. O homem contemporâneo vive ao sabor de várias correntes, oscilando seu comportamento em reação às situações. A mente conturbada, impregnada de crenças e preconceitos, não é capaz de guiar as emoções e instintos, nem consegue acessar a sabedoria contida na intuição. A supervalorização da intelectualidade sem aplicação favorece a entrega desenfreada aos prazeres, porque a ética e a moral foram distorcidas em troca de interesses seculares. Mesmo aqueles que valorizam a ética, reprimem suas necessidades instintivas, desencadeando distúrbios emocionais. Harmonizar todos esses aspectos é um desafio.
A ausência de equilíbrio interior é particularmente refletida nos relacionamentos afetivos, gerando desencontros e conflitos. Muitas vezes, o corpo pede a vazão dos instintos, que deveria ser tratada como necessidade, mas são reprimidos por conta de tabus, preconceitos e dogmas, impedindo a experiência do prazer. Receamos reprovação, por confundirmos sensação com emoção, desejo com amor, por não sabermos harmonizá-los. Ou bloqueamos o prazer ou deixamos que ele nos domine, num total descontrole de nossa vontade.
Por outro lado, não percebemos que estamos nos projetando no outro quando estamos apaixonados. Mas é na paixão que nos mostramos, estamos felizes. O apaixonado seduz homens, mulheres, crianças, animais, o mundo. Ele está de bem com a vida porque vive em êxtase.
Ao não diferenciarmos desejo de amor, não temos uma relação verdadeira. Muitos se questionam se para amar é preciso admirar, se o amor impõe condições para sua existência, se conhecer os defeitos do outro ameaça o amor. Por outro lado, alguns, por motivos inconfessáveis, ficam com o parceiro ou parceira, mesmo não gostando que vê, pelo desejo, pela necessidade de permanência, para não ficar só ou por status.
Há quem procure uma fórmula mágica para identificar o que de verdade sentem, e questionam por que a mente complica tanto. Não aprendemos a desenvolver a integração de todas as nossas partes, somos incoerentes com o que sentimos e pensamos.
Muitas vezes, queremos dar uma nova chance, a nós e ao outro, à relação, mas não confiamos e tememos incompreensão, e aí o mental deturpa a verdade, ficamos em conflito e questionamos se estamos agindo certo.
Fala-se em amor incondicional, sem apegos, mas como isso é possível se o desejo nos domina? Será que um dia superaremos o apego, a necessidade de exclusividade? É possível aceitar que quem amamos ame outras pessoas também?