MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM Diretoria de Geologia e Recursos Minerais Departamento de Recursos Minerais Divisão de Minerais e Rochas Industriais
Programa Geologia do Brasil
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL PARA VITÓRIA DA CONQUISTA, ITABUNA - ILHÉUS E FEIRA DE SANTANA ESTADO DA BAHIA
INFORME DE RECURSOS MINERAIS Série Rochas e Minerais Industriais, nº 13
Salvador, 2015
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM Diretoria de Geologia e Recursos Minerais Departamento de Recursos Minerais Divisão de Minerais e Rochas Industriais
Programa Geologia do Brasil
Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna – Ilhéus e Feira de Santana
Informe de Recursos Minerais Série Rochas e Minerais Industriais, nº 13
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Isabel A. S. Matos – CRB 5/995 G635m Gonçalves, José Carlos V. Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna – Ilhéus e Feira de Santana / José Carlos V. Gonçalves ... [et al.] – Salvador: CPRM, 2015. 127 p. :il.color. + 4 mapas – (Informe de Recursos Minerais, Série Rochas e Minerais Industriais, 13). Programa Geologia do Brasil. 1. Minerais Industriais - Bahia. 2. Materiais de Construção - Bahia. I. Moreira, Marcos Donadello. II. Borges, Vânia Passos. III. Título. IV. Série. CDU 553.5 (814.2) CDD 553.62098142
Foto da capa: Cava do Areal Quartzomix, município de Vitória da Conquista, Bahia
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL Carlos Eduardo de Souza Braga Ministro de Estado Carlos Nogueira da Costa Júnior Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM Manoel Barretto da Rocha Neto Diretor-Presidente Roberto Ventura Santos Diretor de Geologia e Recursos Minerais Thales de Queiroz Sampaio Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial Antonio Carlos Bacelar Nunes Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Eduardo Santa Helena da Silva Diretor de Administração e Finanças Francisco Valdir Silveira Chefe do Departamento de Recursos Minerais José Márcio Henriques Soares Chefe do Departamento de Relações Institucionais e Divulgação Vanildo Almeida Mendes Chefe da Divisão de Minerais e Rochas Industriais
Superintendência Regional de Salvador Teobaldo Rodrigues de Oliveira Superintendente Regional Erison Soares Lima Gerente de Geologia e Recursos Minerais José da Silva Amaral Santos Gerente de Relações Institucionais e Desenvolvimento Gustavo Carneiro da Silva Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial Renato dos Santos Andrade Gerente de Administração e Finanças
Equipe Técnica ELABORAÇÃO DO INFORME
EXECUÇÃO DA PESQUISA
Francisco Valdir Silveira Coordenação Geral – DEREM
José Carlos V. Gonçalves Marcos Donadello Moreira Vânia Passos Borges Compatibilização e Revisão Final
Vanildo Almeida Mendes Coordenação Técnica – DIMINI Erison Soares Lima Gerente de Geologia e Recursos Minerais José da Silva Amaral Santos Gerente de Relações Institucionais e Desenvolvimento José Carlos V. Gonçalves Marcos Donadello Moreira Vânia Passos Borges Executores do Informe Euvaldo Carvalhal Britto Ivanara Pereira L. dos Santos Eliane Malta dos Santos Digitalização e Editoração do Mapa Emanoel Vieira de Macedo Euvaldo Carvalhal Britto Lindaura de Lucena Macêdo Digitalização e Editoração das Figuras Mabel Pedreira Borges Digitação do Texto Isabel A. S. Matos Normalização e Documentação Washington J. F. Santos Ana Cristina N. C. de Araújo Editoração da Capa Virtual Desenvolvimento Diagramação e Editoração Eletrônica do Informe
João Pedreira das Neves Supervisão Técnica José Carlos V. Gonçalves Chefe do Projeto José Carlos V. Gonçalves Marcos Donadello Moreira Vânia Passos Borges Geólogos Executores Roberto Campêlo de Melo Geologia Regional Vanildo Almeida Mendes Legislação Mineral Mineração e Meio Ambiente Cristina Maria Burgos de Carvalho Análises Petrográficas / Mineralométricas Edvaldo Fateicha Análises Granulométricas
Apresentação O contexto geológico regional favorável ao abastecimento de bens minerais para construção civil nas regiões de Vitória da Conquista, Itabuna - Ilhéus e Feira de Santana, no Estado da Bahia, não tem propiciado um fornecimento sustentável desses insumos, quer do ponto de vista ambiental, quer do aproveitamento racional dos recursos minerais. A existência de lavra informal de areia e arenoso devastando o meio físico e depredando depósitos minerais, o crescimento urbano ameaçando os complexos rochosos geradores de pedra de alvenaria e brita, e as pressões de demanda por esses materiais nos próximos anos sinalizando perspectivas de estrangulamento da sua oferta no futuro, realçam a necessidade de um melhor ordenamento e planejamento referentes a esses insumos. O diagnóstico das condições atuais de fornecimento de areia, arenoso e brita, com indicação das fontes geológicas de suprimento, qualificação dos produtos, produção, processos produtivos, comercialização e preços, além da avaliação das reservas, incluindo alternativas para o abastecimento futuro, são informações levantadas pelo PROJETO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL PARA VITÓRIA DA CONQUISTA, ITABUNA - ILHÉUS E FEIRA DE SANTANA. O Serviço Geológico do Brasil - CPRM, cumprindo o seu papel institucional de promover o conhecimento dos bens minerais do país, ao publicar este trabalho está disponibilizando um conjunto de informações para subsidiar os órgãos gestores e os empreendedores, com os dados necessários para um planejamento referente à extração e consumo desses bens minerais, de fundamental importância social, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas. Este produto é mais uma ação do PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO - PAC que, através do PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL, vem desenvolvendo trabalhos em todas as regiões geográficas do país e cujo objetivo é proporcionar o conhecimento geológico e hidrogeológico do território brasileiro, gerando informações indispensáveis ao desenvolvimento sustentável do país.
Manoel Barretto da Rocha Neto Diretor - Presidente Serviço Geológico do Brasil – CPRM
Roberto Ventura Santos Diretor de Geologia e Recursos Minerais Serviço Geológico do Brasil – CPRM
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Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ v ABSTRACT ..................................................................................................................................... xi RESUMO ........................................................................................................................................ xiii 1.INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1 2. INSUMOS MINERAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL – CONCEITUAÇÃO ....................................... 2.1 Construção civil em áreas urbanas ....................................................................................... 2.2 Insumos minerais estruturais ................................................................................................ 2.3 Insumos minerais complementares ...................................................................................... 2.4 Agregado miúdo (areia): diversidade, aplicações e especificações ....................................... 2.5 Agregado areno-argiloso (arenoso): diversidade, aplicações e especificações ..................... 2.6 Agregado graúdo (brita): diversidade, aplicações e especificações ......................................
3 3 3 4 4 6 7
3. ABORDAGEM DO PROJETO PARA OS MUNICÍPIOS DE INTERESSE ................................... 9 3.1 Agregados minerais (areia, arenoso e brita) .......................................................................... 9 3.2 Metodologia .......................................................................................................................... 9 4. AGREGADOS MINERAIS PARA VITÓRIA DA CONQUISTA ...................................................... 10 4.1 Aspectos socioeconômicos, geográficos e de infraestrutura regionais ................................. 10 4.2 Contexto geológico regional .................................................................................................. 10 4.3 Principais fontes de agregado miúdo (areia) ......................................................................... 12 4.3.1 Depósitos elúvio/coluvionares associados a quartzitos ..................................................... 12 4.3.1.1 Características gerais ..................................................................................................... 14 4.3.1.2 Principais depósitos associados a quartzitos ................................................................. 15 • Arco de areias nos limites N/NE de Vitória da Conquista ............................................. 15 • Areal Quartzomix ......................................................................................................... 19 • Areal da Viúva .............................................................................................................. 22 • Areal Morro de São Paulo ............................................................................................ 25 • Areais Barra Nova, Serra Pelada e outros associados a quartzitos ............................. 25 4.3.2 Depósitos aluvionares de leito ativo de rios e riachos ....................................................... 28 4.3.2.1 Características gerais ..................................................................................................... 28 4.3.2.2 Principais depósitos aluvionares .................................................................................... 32 • Bacia de afluentes do rio Gavião, a montante de Anagé .............................................. 32 • Bacias de afluentes dos rios Gavião e de Contas, a jusante de Anagé ....................... 34 • Areal do Mizinho .......................................................................................................... 34 • Depósitos aluvionares da bacia do rio Pardo ................................................................ 35 • Outros aluviões arenosos ............................................................................................ 38 4.4 Principais fontes de agregado areno-argiloso (arenoso) ........................................................ 38 4.4.1 Materiais da cobertura detrítica do Planalto de Vitória da Conquista ................................. 38 4.4.2 Sedimentos elúvio-coluvionares nas bordas do Planalto de Vitória da Conquista .............. 38 4.4.3 Depósitos associados a quartzitos .................................................................................... 39 4.5 Principais fontes de agregado graúdo (brita) ......................................................................... 43 4.5.1 Localização e domínio geológico ....................................................................................... 43 4.5.2 Produção: fontes, processo produtivo, destinação e preços .............................................. 43 4.5.3 Reservas ........................................................................................................................... 47 4.5.4 Qualidade .......................................................................................................................... 48 4.5.5 Perspectivas futuras .......................................................................................................... 51
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Abstract 5. AGREGADOS MINERAIS PARA ITABUNA-ILHÉUS ................................................................ 5.1 Aspectos socioeconômicos, geográficos e de infraestrutura regionais ............................... 5.2 Contexto geológico regional ................................................................................................ 5.3 Principais fontes de agregado miúdo (areia) ....................................................................... 5.3.1 Depósitos sedimentares costeiros do Grupo Barreiras .................................................... 5.3.1.1 Características gerais ................................................................................................... 5.3.1.2 Principais depósitos associados ao Grupo Barreiras .................................................... • Areal Guanabara ........................................................................................................ • Areal do Gil ................................................................................................................ • Areal do Nino ............................................................................................................. • Areal dos Cabeludos .................................................................................................. • Areal Jurumeira .......................................................................................................... • Areal Chame Areal ..................................................................................................... 5.3.2 Depósitos aluvionares de leito ativo de rios e riachos ..................................................... 5.3.2.1 Características gerais ................................................................................................... 5.4 Principais fontes de agregado areno-argiloso (arenoso) ...................................................... 5.4.1 Depósitos costeiros associados ao Grupo Barreiras ....................................................... 5.4.2 Depósitos associados ao substrato rochoso intemperizado ............................................ 5.5 Principais fontes de agregado graúdo (brita) ....................................................................... 5.5.1 Localização e domínio geológico ..................................................................................... 5.5.2 Produção: fontes, processo produtivo, destinação e preços ............................................ 5.5.3 Reservas ......................................................................................................................... 5.5.4 Qualidade ........................................................................................................................ 5.5.5 Perspectivas futuras ........................................................................................................
53 53 54 54 54 54 59 59 59 61 63 63 63 65 65 67 67 70 70 70 70 76 76 77
6. AGREGADOS MINERAIS PARA FEIRA DE SANTANA ........................................................... 80 6.1 Aspectos socioeconômicos, geográficos e de infraestrutura regionais ............................... 80 6.2 Contexto geológico regional ................................................................................................ 80 6.3 Principais fontes de agregado miúdo (areia) ....................................................................... 81 6.3.1 Sedimentos arenosos da Formação Marizal .................................................................... 81 6.3.1.1 Características gerais ................................................................................................... 81 6.3.1.2 Principais depósitos da Formação Marizal ................................................................... 84 • Areais a leste de Alagoinhas ...................................................................................... 84 • Areais a sul de Alagoinhas ........................................................................................ 90 • Outros areais ............................................................................................................. 92 6.3.2 Depósitos aluvionares de leito ativo de rios e riachos ..................................................... 92 6.3.2.1 Características gerais ................................................................................................... 92 6.3.2.2 Principais depósitos aluvionares .................................................................................. 96 • Aluviões da bacia do rio Jacuípe ............................................................................... 96 • Aluviões da bacia do rio Paraguaçu ........................................................................... 96 6.4 Principais fontes de agregado areno-argiloso (arenoso) ...................................................... 101 6.4.1 Depósitos eluviais da cobertura quaternária .................................................................... 104 6.4.2 Depósitos associados ao substrato rochoso intemperizado ............................................ 104 6.4.3 Arenosos aluviais ............................................................................................................ 104 6.5 Principais fontes de agregado graúdo (brita) ....................................................................... 104 6.5.1 Localização e domínio geológico ..................................................................................... 104 6.5.2 Produção: fontes, processo produtivo, destinação e preços ........................................... 106 6.5.3 Reservas. ........................................................................................................................ 108 6.5.4 Qualidade. ....................................................................................................................... 108 6.5.5 Perspectivas futuras ........................................................................................................ 111
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Abstract 7. MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE .......................................................................................... 113 7.1 Conceitos. .......................................................................................................................... 113 7.2 Impactos decorrentes da mineração ................................................................................... 113 7.3 Recuperação de áreas degradadas ..................................................................................... 118 8. LEGISLAÇÃO MINERAL .......................................................................................................... 120 8.1 Legislação minerária.... ...................................................................................................... 120 8.2 Legislação ambiental .......................................................................................................... 122 9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................................... 124 10.REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 126 APÊNDICE • Projeto Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna-Ilhéus e Feira de Santana – Questionário paraColeta de Dados, Ideias e Sugestões • Listagem dos Informes de Recursos Minerais ANEXOS I - Mapa Geológico Simplificado de Áreas-Fonte de Areia, Arenoso e Brita para a Região de Vitória da Conquista. Escala 1:200.000 II - Mapa Geológico Simplificado de Áreas-Fonte de Areia, Arenoso e Brita para a Região de Itabuna-Ilhéus. Escala 1:200.000 III - Mapa Geológico Simplificado de Áreas-Fonte de Areia, Arenoso e Brita para a Região de Feira de Santana – I. Escala 1:200.000 IV - Mapa Geológico Simplificado de Áreas-Fonte de Areia, Arenoso e Brita para a Região de Feira de Santana - II. Escala 1:200.000
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Abstract The method adopted in this study was directed to the diagnosis of the sources of building material (sand, sandy-clayey aggregates, and gravel) supplied to Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus and Feira de Santana, which are some of the major cities of Bahia State. With the indication of geological sources for supply, reserves, resource qualification, production, productive processes, commercialization and prizes, the objective of this study was to make available to public administrators and entrepreneurs information necessary for planning of mining practices and consumption of such mineral resources, which are of fundamental social importance. The main sand sources for Vitória da Conquista are eluvial-colluvional sediments that resulted from the disaggregation of quartzites that occur close to the city. Other sources are alluvial deposits along N/NW-trending brooks that flow from the Vitória da Conquista Plateau to the Gavião and Contas rivers. The estimated production of the deposits associated with quartzites was 440 thousand tons in 2012. It is mainly used in concrete, either pure or mixed with river and brook sands, and in mortar for tiling. The estimated reserves for this type of sand can exceed 2.2 million tons, enough for ca. five years of production at the present level of extraction. The alluvial deposits of active, mostly intermittent, river and brooks are in average 10 m wide, having ca. 2 to 3 m of accumulated sand and several kilometers in length. The amounts of sand extracted from the river beds are recovered during the rainy season. The reserves of alluvial sands were estimated in 1.2 million tons, which are capable of supporting a production of up to 240 thousand tons/year, assuming a minimum annual reposition of 20%. In 2012, a production of the order of 80 thousand tons was estimated, the majority of which directed to concrete companies of Vitória da Conquista. The sources of sandy-clayey aggregates (arenosos) are the deposits of the Vitória da Conquista Plateau detrital cover, the eluvial-colluvial sediments close to its borders and the arenosos associated with quartzites. The variety of these sources is enough to supply the future necessities of the city at low cost and with good enough quality and reserves. The main quarries are located at the NW, N and NE borders of the Vitória da Conquista Plateau, where the detrital cover was removed and the strong regressive erosion has exposed rocky portions (granitoids and gneisses), making gravel production viable. Gravel production in the three quarries in operation was estimated in 420 thousand tons in 2012.Circa 90% of this production is consumed in Vitória da Conquista. The installed capacity and in implantation and programmed capacity in five quarries summed 1.6 million tons/year, which is approximately four times the consumption of the target market. The main sand sources for Itabuna and Ilhéus are the Barreiras Group coastal sediments, south of Ilhéus, and the Colônia River basin alluvial deposits, W/SW of Itabuna. The estimated production of the Barreiras Group deposits was of the order of 450 thousand tons in 2013. The sand is used in concrete and mortar (mixed with more clayey material), with recoverable reserves that can exceed 20 million tons. Lately, it has been replaced or mixed with coarse-grained sand from alluvial deposits, for the preparation of structural concrete. The production of the Colônia and Salgado river alluvial deposits was estimated in ca.150 thousand tons of sand in 2013, 80% of the production supply Itabuna, with reserves close to 600 thousand tons. For an annual replacement estimated in approximately 50%, a sustainable production of 300 thousand tons of sand/year is expected, which is satisfactory to supply the Itabuna and Ilhéus markets. The most common sources of arenoso for Itabuna and Ilhéus are the Barreiras Group sediments and deposits of weathered rocky substrate of varied nature, located close to these cities.
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Branco The reserves and variety are practically everlasting and the quality of the arenosos is adequate to usual applications (mortar for tiling and paving). The supply of coarse-grained aggregate (gravel) for the Itabuna-Ilhéus region was assessed on the basis of three quarries in granulitic rocks, two close to Itabuna and one located in the surroundings of Ilhéus, which corresponded to 95% of gravel supply in 2013, estimated in 420 thousand tons. The installed capacity and in implantation in the existing quarries summed one million tons/year, almost twice and a half the approximate consumption of both cities. The first sand and arenoso sources for Feira de Santana were the clayey sands of the Quaternary cover in that municipality and the surrounding Jacuípe river alluvial deposits. More recently, more distant deposits have also been exploited, including the alluvial deposits of the Paraguaçu river basin and the sandy sediments of the Marizal Formation of the Recôncavo Sedimentary Basin, close to Alagoinhas, ca. 100 km east of Feira de Santana. The alluvial sands have been exploited in relatively small quantities, via rudimentary methods, with a production estimated in less than 100 thousand tons in 2013 and admitting an annual sustainable production of 360 thousand tons.In the same year, the sands extracted from the Marizal Formation for Feira de Santana were evaluated in 600 thousand tons, for a recoverable reserve exceeding 30 million tons. The assessment of the coarse-grained aggregate supply for Feira de Santana was carried out from six quarries responsible for ca. 95% of the gravel commercialized in 2013. Four are close to the city and two are located in the surroundings of Conceição de Jacuípe, approximately 30 km far from Feira de Santana. The production informed for that year, of ca. 2.4 million tons of gravel, is three times the urban consumption estimated for the region (730 thousand tons). The main use of such reserve has been for the duplication of BR-116 and BR-101 highways, the new Feira de Santana circumferential highway, and the construction of a modern airport.The installed capacity for gravel production in the six quarries summed 3.4 million tons/year, reaching 4.8 million tons/year with the expansions in progress. The mining companies that supply coarse-grained aggregates for Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus and Feira de Santana operate,in general, in compliance with mining and environmental recovery techniques, having in mind that urban growth can compromise the full use of their reserves.
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Resumo A metodologia adotada neste trabalho foi orientada para o diagnóstico do fornecimento de bens minerais para construção civil (areia, arenoso e brita), para as cidades de Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Feira de Santana, situadas entre as maiores do Estado da Bahia. Com a indicação das fontes geológicas de suprimento, reservas, qualificação dos recursos, produção, processos produtivos, comercialização e preços, teve como objetivo subsidiar os gestores públicos e os empreendedores com as informações necessárias para planejar a extração e o consumo desses bens minerais, de fundamental importância social. As principais fontes de areia para abastecimento de Vitória da Conquista são os sedimentos elúvio-coluvionares provenientes da desagregação dos quartzitos que ocorrem próximos da cidade e, em escala crescente, os aluviões de riachos que descem as encostas do Planalto de Vitória da Conquista no sentido N/NW, vertendo nos rios Gavião e de Contas. Os depósitos associados a quartzitos apresentaram uma produção estimada em 440 mil t de areia no ano de 2012, sendo utilizadas principalmente para o preparo de concreto, puras ou em mistura com areias de rios e riachos, e no preparo de argamassas de revestimento. As reservas estimadas para esse tipo de areia podem ultrapassar 2,2 milhões de t, suficientes para cerca de 5 anos de produção, ao nível atual de extração. Os jazimentos aluvionares de leito ativo de rios e riachos, a maioria intermitentes, apresentam largura média de 10 m, com cerca de 2 a 3 m de espessura de areia acumulada e extensões quilométricas, com reposição nas calhas na estação chuvosa, após a retirada da areia. As reservas de areia dos aluviões foram estimadas em 1,2 milhão de t, podendo sustentar uma produção de até 240 mil t/ano, admitindo-se uma reposição anual mínima de 20%. Em 2012, estimou-se uma produção da ordem de 80 mil t, a maior parte vendida para concreteiras de Vitória da Conquista. As fontes de agregados areno-argilosos (arenosos) são os depósitos da cobertura detrítica do Planalto de Vitória da Conquista, os sedimentos elúvio-coluvionares próximos às suas bordas e os arenosos associados aos quartzitos. A variedade dessas fontes será suficiente para suprir as necessidades da cidade no futuro, a baixo custo e com qualidade e reservas suficientes. As principais pedreiras localizam-se na borda NW, N e NE do Planalto de Vitória da Conquista, onde foi removida a sua cobertura detrítica e a forte erosão regressiva expôs porções rochosas (granitoides e gnaisses), tornando viável a produção de brita. A produção de material britado nas três pedreiras em operação foi estimada em 420 mil t em 2012, cerca de 90% desse total destinado para Vitória da Conquista. A capacidade instalada, em implantação e programada nas cinco pedreiras visitadas somava 1,6 milhão de t/ano, cerca de quatro vezes superior ao consumo aproximado do mercado alvo. As principais fontes de areia para as cidades de Itabuna e Ilhéus são os sedimentos costeiros do Grupo Barreiras, a sul de Ilhéus, e os aluviões da bacia do rio Colônia, a W/SW de Itabuna. Os depósitos visitados do Grupo Barreiras apresentaram uma produção estimada da ordem de 450 mil t em 2013, utilizadas em concreto e argamassas (misturadas com material mais argiloso), com reservas recuperáveis que podem ultrapassar a 20 milhões de t. Mais recentemente, têm sido adequadamente substituídas ou misturadas com areia grossa de rios (aluvionar), para preparo de concreto estrutural. Os depósitos aluvionares dos rios Colônia e Salgado apresentavam uma produção estimada da ordem de 150mil t de areia em 2013, cerca de 80% destinada para Itabuna, com reservas próximas de 600 mil t.Para uma reposição anual estimada em torno de 50%, admite-se a possibilidade de uma produção sustentável de 300 mil t de areia/ano, satisfatória para abastecer o mercado de Itabuna e Ilhéus. As fontes mais comuns de arenoso para as cidades de Itabuna e Ilhéus são os sedimentos do Grupo Barreiras e o substrato rochoso intemperizado, de natureza diversa, próximo a essas cidades.
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Rochas e1. Minerais Introdução Industriais
Os bens minerais areia e arenoso produzidos em cenários onde ainda pontua a lavra informal, vêm prejudicando o meio ambiente e a vida útil dos jazimentos, com sérios riscos para o futuro abastecimento das cidades. Por outro lado, os complexos rochosos geradores de pedra de alvenaria e brita são lavrados por empresas mineradoras legalizadas que necessitam, entretanto, de um zoneamento territorial que preserve as suas reservas da ocupação urbana desordenada. Como consequência da lavra irregular de areia e arenoso, pode-se observar: a) depredação do meio físico numa região com ocupação urbana e, em alguns casos, vocação turística; b) fornecimento de materiais sem controle de qualidade para a indústria de construção civil; c) inibição do empreendedorismo, entendido como a pesquisa de novos depósitos minerais por empresas de mineração, a ampliação das reservas conhecidas e o consequente aproveitamento racional dos recursos minerais, face os preços aviltados praticados pela lavra ilegal; e d) evasão de impostos e exploração ilegal de mão-de-obra. Essa realidade motivou o Serviço Geológico do Brasil – CPRM a criar em 2004 o subprograma Minerais para Construção Civil, dentro do programa Geologia do Brasil, que vem realizando levantamentos geológicos em diversas regiões do país, com enfoque nos agregados mais comuns (areia, arenoso, argila e brita), de modo a garantir o futuro abastecimento das cidades. O projeto Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna-Ilhéus e Feira de Santana (figura 1.1), ao selecionar essas quatro grandes cidades do Estado da Bahia, com expressivo crescimento urbano, foi programado com os seguintes objetivos:
a) fazer o diagnóstico das condições atuais de produção de areia, arenoso e brita, indicando as fontes geológicas de suprimento, qualificação dos produtos, produção e processos produtivos, comercialização e preços, problemas e gargalos atuais e futuros; e b) avaliar as reservas, incluindo fontes alternativas, para o abastecimento futuro, em condições competitivas de qualidade e localização, como elementos de fundamental importância para subsidiar os gestores públicos e os empreendedores com as informações técnicas necessárias, para um planejamento referente à extração e consumo dessas substâncias minerais, de fundamental interesse social. Esses recursos minerais, areia, arenoso e brita, que há muitos anos são utilizados como agregados para construção civil nas regiões estudadas e muito provavelmente não serão substituídos por outros materiais nas próximas décadas, necessitam de um melhor ordenamento e planejamento de seu uso. O déficit habitacional verificado e as insuficientes condições de infraestrutura urbana existentes podem ser mensurados pelo índice anual per capta de consumo de materiais de construção civil (areia e brita), em torno de 2,6 t nas cidades englobadas pelo projeto, refletindo uma demanda reprimida, enquanto o Brasil apresentou um consumo per capta de cerca de 3,3 t em 2013, segundo dados de produção do Sumário Mineral Brasileiro (PEREIRA et al., 2014). Esses índices regionais foram influenciados pelas obras do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, criado pelo Governo Federal no início de 2007, focado em infraestrutura e habitação. As obras desse plano, a exemplo da duplicação das BR-101 e BR-116 no Estado da Bahia, ensejaram um desempenho superior à média histórica do setor de construção civil, aumentando a necessidade de bens minerais, como os agregados areia, arenoso e brita. Na área de construção de moradias, o programa federal Minha Casa, Minha Vida tem contribuído para a redução do déficit habitacional baiano.
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Figura 1.1 - a) Mapa do Estado da Bahia com as áreas avaliadas: Vitória da Conquista, Itabuna-Ilhéus e Feira de Santana b) Mapa de Localização
2. Insumos Minerais na Construção Civil Rochas - eConceituação Minerais Industriais Para um melhor entendimento da importância dos bens minerais utilizados na construção civil para a sociedade humana, torna-se necessário descrever o contexto do seu aproveitamento e classificá-los de acordo com as suas características (GONÇALVES, MOREIRA & BORGES, 2008).
construídas obras de maior porte, como estádios, portos, barragens, aeroportos, viadutos, pontes, etc. Merece destaque a construção de moradias, pelo seu alcance social, pela geração de emprego e pelo maior montante de material consumido, de forma distribuída e ininterrupta.
Os muitos nomes usados para designar os tipos de agregados, muitos de uso regional, impõem a necessidade de uma conceituação introdutória. Agregados para construção são fragmentos de rochas/minerais e de resíduos ou produtos industriais utilizados na construção civil (para concreto de cimento, asfalto, lastros e bases de vias férreas e estradas, preparo de argamassa, etc.).
Os agregados areia, arenoso, argila e brita destacam-se entre os bens minerais por serem consumidos em grandes volumes nas proximidades das cidades, com frequentes conflitos, muitas vezes determinados pelo crescimento urbano desordenado e pela mineração informal e predatória.
Quanto à origem, os agregados podem ser naturais (pedregulho, cascalho, areia, arenoso, etc.) ou produzidos (brita, areia de britagem, escória, etc.). Quanto à densidade, além dos tipos normais, existem os agregados leves (argila expandida) e os agregados pesados (de magnetita ou barita). Os agregados de densidade normal, de uso mais frequente na construção civil, incluem: agregados miúdos, com granulometria entre 0,15 e 4,8 mm, representados por areia natural e areia de britagem; e agregados graúdos, com granulometria entre 4,8 e 75 mm, representados pela brita e cascalho natural. Outros tipos de agregado normal, de uso e nomenclatura comuns na construção, são: saibro (mistura natural de cascalho e material argiloso para piso de estradas); arenoso ou terra de reboco (mistura natural de areia e argila para argamassas de cimento); pedrisco/gravilhão (agregado natural/fragmentado de 4,8 a12,5 mm); pó de pedra (resíduos da britagem <6,3 mm); filer (resíduos da britagem <0,15 mm, usado como carga para asfalto) e argila (material natural, composto dominantemente por argilominerais, granulometria <0,075 mm, usado em cerâmica).
2.1 Construção civil em áreas urbanas A construção civil em áreas urbanas inclui a edificação de casas e prédios para moradia, obras públicas, pavimentação e calçamento de ruas, vias, praças, etc. Eventualmente são
Os insumos minerais são essenciais na construção civil, em todas as fases da obra. Para esse fim, é adequado que sejam classificados em dois grupamentos principais: insumos minerais estruturais (grandes volumes/baixos preços) e insumos minerais complementares (menores volumes/maiores preços). Neste trabalho, a palavra mineral tem o significado de insumo mineral, incluindo minerais, rochas e produtos transformados de origem mineral.
2.2 Insumos minerais estruturais Esses insumos incluem: a) pedra bruta e agregados (areia, arenoso e brita) para concreto, asfalto e argamassa para assentamentos e revestimentos; b) calcário, argila e outros insumos para cimento portland; e c) argila vermelha para cerâmica estrutural ou vermelha (tijolos, blocos e telhas). Esses materiais constituem a base estrutural da maioria das obras civis, sendo essenciais na construção das moradias. O fato de serem consumidos em grandes volumes, com relativos baixos preços unitários, determina que sejam competitivamente produzidos o mais próximo possível das áreas urbanas consumidoras. Por esta razão as frentes de produção de agregados, incluindo, em alguns casos, as de argilas vermelhas, estão em constante conflito com o crescimento urbano e o meio ambiente. Rocha para brita, areia e arenoso são materiais,
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em geral, geologicamente abundantes, que podem ser localizados nas proximidades das cidades. A argila para cerâmica vermelha ou estrutural também é relativamente abundante na natureza, mas os preços alcançados pelos produtos gerados possibilitam a sua produção a maiores distâncias do mercado. A produção de cimento depende de grandes investimentos e de calcário com qualificação adequada, sendo, muitas vezes, fabricado a distâncias consideráveis dos centros consumidores. A nível nacional estima-se um consumo aparente aproximado per capita/ano de 3,3 t de agregados em 2013, considerando-se apenas areia (1,9 t) e brita/cascalho (1,4 t), segundo dados do Sumário Mineral Brasileiro (PEREIRA et al., 2014). O consumo de argila para cerâmica vermelha foi calculado a partir da produção anual estimada de 190 bilhões de peças cerâmicas em 2013, demandando cerca de 180 milhões de t de argila, situando-se em torno de 0,9 t per capita/ano (HEIDER, 2014). O consumo médio nacional de cimento é da ordem de 0,4 t per capita/ano. A média dos preços calculada nas regiões estudadas por este trabalho, FOB jazida ou fábrica, praticada em 2013, é baixa para areia (R$ 8,00 a 30,00/t); a brita varia de R$ 25,00 a 55,00/t; a cerâmica vermelha de R$ 120,00 a 400,00/milheiro (um milheiro equivale a cerca de 2 t); o cimento, já distribuído ao consumidor, tem preços da ordem de R$ 400,00/t. Os bens minerais para cimento e cerâmica vermelha valem o custo de extração e são produzidos junto às fábricas. Os agregados ainda são comercializados por volume em algumas regiões, sendo útil registrar que a densidade aparente desses materiais, quando secos e soltos ou descompactados, é da ordem de 1,5 t/m3, correspondendo a uma porosidade de 40%. Cimento e argila, produzidos nas mesmas condições, têm densidade aparente dessa mesma ordem. Em virtude dos volumes elevados produzidos e dos preços reduzidos dos minerais estruturais, ressalta a importância de haver o mínimo de transporte possível para o seu uso: proximidade das cidades para os agregados e das respectivas fábricas para os insumos de
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cerâmica vermelha e cimento. Apenas para exemplificar, o transporte de areia a uma distância de 50 km, considerando o percurso de ida e volta, com um frete de R$ 0,20/t/km, custa R$ 20,00/t, valor geralmente maior que o preço de venda do insumo na jazida, reduz a sua competitividade comercial.
2.3 Insumos minerais complementares Os insumos minerais complementares compreendem, entre outros: a) argila e outros insumos para cerâmica de revestimento e sanitária; b) areia e outros insumos para argamassas e rejuntes prontos; c) rochas ornamentais e para revestimento (dimensionadas e/ou polidas); e d) insumos para vidro, plástico, massas e tintas, fibrocimento, ferragens, etc. Esses minerais ou seus respectivos produtos são usados nos complementos das obras, além de outros mercados, sendo consumidos na construção civil em relativos baixos volumes e altos valores unitários. O consumo conjunto desses produtos, a nível nacional, não ultrapassa 0,4 t per capita/ano. Preços unitários relativamente altos, considerando os investimentos em processos de fabricação mais complexos e por serem insumos minerais de menor disponibilidade geológica, possibilitam uma produção ainda competitiva a maior distância dos centros populacionais. Para uma simples comparação de preços com os minerais estruturais, registra-se (valores de 2013): cerâmica de revestimento (R$ 300,00 a 3.000,00/t); placas polidas de granito (mínimo de R$ 700,00/ t); vidro (mínimo de R$ 2.500,00/t); e argamassa pronta (mínimo de R$ 400,00/t).
2.4 Agregado miúdo (areia): diversidade, aplicações e especificações • Diversidade A areia para construção civil ou agregado miúdo, tem granulometria entre 0,15 e
Rochas e Minerais Industriais
4,8 mm, sendo encontrada na forma natural ou como subproduto (finos) da britagem de rochas. Na forma natural provém de arenitos intemperizados, aluviões (antigos ou atuais), depósitos residuais, solos de alteração, dunas, etc. • Aplicações O agregado miúdo é utilizado no preparo de concretos hidráulicos (areia, cimento e brita), de concreto betuminoso ou asfáltico (areia, betume e brita), no preparo de argamassas (areia, cimento e argila) para assentamento e revestimento de paredes e pisos, na permeabilização de pátios e pisos, no preparo de argamassas prontas para revestimentos cerâmicos, no calçamento e pavimentação de ruas, entre outros usos. • Especificações Algumas aplicações não têm especificações muito restritivas, sendo a escolha da areia determinada pela disponibilidade local, a baixo custo. No preparo de argamassas para assentamento e revestimento de paredes, por exemplo, a cultura e a disponibilidade de cada região determinam o melhor material a ser usado, considerando a granulometria e a presença de argila que sejam mais adequadas para cada aplicação específica, além da avaliação da ocorrência deletéria de sais solúveis e matéria orgânica. No preparo de concreto hidráulico e argamassas prontas para assentamento de revestimentos cerâmicos, em geral são utilizadas areias com especificações mais rígidas quanto à natureza mineralógica e forma dos grãos, distribuição granulométrica e presença de impurezas químicas. Quanto à natureza mineralógica, é conveniente que os grãos sejam constituídos de minerais ou agregados de minerais com boa resistência mecânica e à degradação química (alteração), além de boa aderência (especialmente para asfalto) e interação química com o cimento. As areias naturais usuais são geralmente constituídas por grãos de quartzo, sendo indesejável a presença significativa de torrões de argila, micas, feldspatos, sulfetos, óxidos e outros minerais frágeis à desagregação e decom-
posição. Os grãos devem ser, tanto quanto possível, isentos de fissuras ou de textura pouco coesa (no caso de fragmentos de rocha). Forma e superfície dos grãos assumem relativa importância na preparação do concreto. Os grãos arredondados escoam melhor, facilitando a trabalhabilidade da massa dentro das armações, com uso de menor proporção de água, o que propicia uma maior resistência mecânica do concreto pronto. Os grãos equidimensionais ou esféricos compactam melhor e necessitam de menor proporção de cimento, atribuindo maior resistência e economicidade ao concreto. Devem ser evitados os grãos tabulares ou muito irregulares e arestados, que dificultam a trabalhabilidade, exigindo mais água, o que pode diminuir a qualidade do concreto. São melhores os grãos de superfícies ásperas que as polidas, com relação à aderência com o cimento e betume. Além da natureza dos grãos, é de grande importância a sua distribuição granulométrica. No concreto, a areia ocupa os espaços entre os fragmentos de brita, deixando entre seus vazios o espaço mínimo para a cimentação (cimento e água de hidratação do cimento). A areia, por esse motivo, não deve ter grãos menores que 0,15 mm, além de ter granulação bem distribuída ou gradada entre 0,15 e 4,8 mm, para melhor compactação e redução dos espaços maiores que 0,15 mm. A boa compactação e mistura dos agregados (brita e areia) e o preenchimento dos poros menores que 0,15 mm pelo cimento, com proporção adequada de água, determinam as características mecânicas ideais e a economicidade desejadas para o concreto. Para um volume de 1m³ ou 1000 l de concreto, a brita solta participa com aproximadamente 650 l, a areia ocupa o espaço restante, incluindo cerca de 40% de vazios da brita, num total aproximado de 610 l (350 l + 40% de 650 l), com o cimento (36 l /saco) e água (cerca de 28 l /saco de cimento) ocupando os 35% restantes de vazios da areia (35% de 610 l), num total aproximado de seis sacos (6x36 l = 216 l) /m³ de concreto. Daí a popular fórmula para o concreto em volumes de materiais secos e soltos: 650: 610:216 ou 3 de areia : 3 de brita : 1 de cimento. Para o concreto a distribuição granulométrica da areia é determinada por peneiramento
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a seco da fração menor que 4,8 mm, calculando-se o percentual cumulativo retido em cinco peneiras com aberturas (ou aberturas aproximadas) de 2,4; 1,2; 0,6; 0,3 e 0,15 mm. Calcula-se o MF ou módulo de finura, que é a soma dos percentuais acumulados retidos nessas peneiras, dividida por 100. Para uma distribuição muito equitativa entre esses intervalos (20% retido em cada peneira), obtém-se um MF próximo de 3,0. Areias com predominância das frações mais finas obtêm MF<3,0, enquanto um MF>3 reflete a predominância das frações mais grossas. Uma areia tem MF ótimo para valores entre 2,2 e 2,9; utilizável inferior (medianamente fina) para MF entre 1,55 e 2,2; utilizável superior (medianamente grossa) para MF entre 2,9 e 3,5. É considerada muito fina ou muito grossa, respectivamente, para MF <1,55 e MF >3,5. Quanto às granulometrias excedentes, admite-se para concretos comuns um máximo de 5 a 10% de partículas abaixo de 0,15 mm e/ ou acima de 4,8 mm. Outras limitações para concreto estabelecem valores máximos de 3% para torrões de argila, 1% para material pulverulento, 0,5% para matéria orgânica, 0,1 a 0,2% para cloretos e 0,1% para sulfatos. A presença de cloretos e sulfatos (sais solúveis) é deletéria por provocarem eflorescência, expansão e degradação do concreto. As especificações para fabricação de argamassa pré-fabricada para assentamento de revestimentos cerâmicos incluem areias mais finas e arredondadas, com boa distribuição granulométrica, ausência de torrões, baixas proporções de argila e baixa salinidade, entre outras qualidades, com pequenas variações entre os diversos fabricantes. Para referência de granulometria podem ser adotados os seguintes limites de percentuais retidos: 0-7% em 28#, 20-40% em 48#, 40-60% em 100#, 10-25% em 200# e 0-5% no prato. O exame tecnológico de areias para concreto e outras aplicações passa por caracterização mineralógica (exame macroscópico, com lupa ou microscópio, por difratogrametria de Raios-X, análises químicas, etc.), ensaios granulométricos, análises químicas para detecção de impurezas deletérias e ensaios específicos em corpos de prova de concreto. Algumas das normas técnicas consideradas são: NBR
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7211 – agregado para concreto; NBR 7216 – amostragem; NBR 7389 – apreciação petrográfica; NBR 7218 – torrões de argila; NBR 7219 – material pulverulento; NBR 7220 – impurezas orgânicas; NBR 7217 – granulometria e NBR 7809 – forma dos grãos.
2.5 Agregado areno-argiloso (arenoso): diversidade, aplicações e especificações • Diversidade Arenoso, agregado ou terra para argamassa, terra para reboco, dentre outras denominações, são designações regionais para misturas, naturais ou preparadas, de material composto dominantemente por areia, com proporções menores de argila. No Estado da Bahia utiliza-se como arenoso um agregado areno-argiloso natural, de composição e granulometria variadas, em sua grande maioria proveniente dos sedimentos do Grupo Barreiras, abundantes e bastante diversificados, e do substrato rochoso intemperizado, de natureza variada. • Aplicações Esse agregado é utilizado no preparo de argamassas de cimento para assentamento de tijolos/blocos, revestimento de paredes, tetos e pisos, entre as aplicações mais frequentes. Eventualmente, para atender a determinadas necessidades, o agregado é preparado com a adição de areia a algum outro material argiloso natural disponível, em proporções convenientes, para diminuir o percentual de argila (diminuindo o efeito ligante ou pega). • Especificações A cultura local, disponibilidade desse agregado e preços determinam o melhor material a ser usado, considerando a granulometria e presença de argila que sejam mais adequadas para cada aplicação específica, além da avaliação da presença deletéria de sais solúveis e matéria orgânica. Como exemplos, revestimentos finais de parede exigem material mais fino (geralmente peneirado), tetos requerem material mais argiloso (melhor pega), contrapisos e assentamentos podem usar material mais grosseiro e com mais areia, etc. Usualmente, não são
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levadas em conta especificações formais do arenoso para o preparo de argamassas.
fere ao concreto e às bases de pavimentação elevada resistência mecânica.
2.6 Agregado graúdo (brita): diversidade, aplicações e especificações
Espera-se de um agregado graúdo resistência mecânica adequada ao uso, durabilidade e preços competitivos, atributos que dependem da natureza do material utilizado e sua localização em relação aos pontos de consumo. No caso das britas é fundamental a natureza da rocha britada, especialmente quanto à sua mineralogia, textura, estrutura e presença de impurezas. São preferíveis as rochas granitoides isotrópicas, ou rochas de textura bem fina (como os basaltos), com poucos planos de fraqueza (foliação, fraturamentos ou clivagens), preferencialmente duras (sendo exceção os calcários microcristalinos).
• Diversidade Entre os agregados graúdos de densidade normal (granulometria entre 4,8 e 75 mm), utilizados na construção civil, encontram-se as pedras britadas ou britas, obtidas através da fragmentação de rochas compactas, geralmente granitoides, gnaisses, basaltos e calcários microcristalinos. Além das britas, são incluídos entre os agregados graúdos os cascalhos naturais, classificados no mesmo intervalo granulométrico, em geral obtidos em leitos de rios, de depósitos residuais ou conglomerados inconsolidados. Algumas escórias metalúrgicas são também utilizadas como agregado graúdo na construção civil. • Aplicações As diversas aplicações das rochas fragmentadas são definidas pelas suas dimensões e propriedades: os blocos de rocha são empregados em enrocamentos, como em aterros para proteção contra erosão ou enrocamentos de portos marítimos; pedra marroada em contenções, alvenarias e gabiões; matacão em concreto para fundações e tubulações e em obras de drenagem; brita 3 em lastro de ferrovias, obras de drenagem e concreto para fundações; brita 2 em concreto para pisos e obras de drenagem; brita 1 em concreto estrutural e não estrutural e em peças pré-moldadas; brita 0 em concreto bombeado (estrutural e não estrutural), concreto para peças pré-moldadas, massa asfáltica e estacionamento; brita 00 em concretos pré-moldados, blocos de concreto, concreto bombeado e massa asfáltica; areia de brita em concreto estrutural e não estrutural, pré-moldados (blocos de cimento, bloquetes para pisos, etc.), argamassas e massas asfálticas; e pó de pedra em massa asfáltica. • Especificações Os agregados graúdos que abastecem as regiões analisadas pelo projeto são obtidos de rochas granitoides com alta resistência à compressão, ao impacto e à abrasão, o que con-
As britas, especialmente as usadas em concreto e asfalto, devem apresentar uma granulometria e formato de grãos adequados (conforme o uso), alta resistência mecânica à compressão (para concreto), ao impacto (para asfalto) e à abrasão (capeamento de asfalto), o que implica em rochas de composição mineralógica favorável, textura coesa e baixa porosidade. As rochas devem ser constituídas, essencialmente, por minerais resistentes, evitando-se a presença daqueles de fácil decomposição (pirita, micas, etc.), além de baixo teor de sais solúveis (cloretos e sulfatos). Além da pedra britada, as pedreiras geram no seu processo produtivo fragmentos de rochas com dimensões acima e abaixo da granulometria especificada para as britas, de acordo com as exigências estabelecidas para cada aplicação na construção civil, variando dos blocos de rocha até as frações mais finas, denominadas pó de pedra. De acordo com as suas dimensões, os produtos gerados pela fragmentação das rochas são classificados em blocos de rocha, medindo de 40 cm a 1,5 m; pedra marroada (pedra de alvenaria), de 20 a 40 cm; matacão, de 10 a 25 cm; as britas comercializadas como brita 3 (2"), com granulometria entre 38 e 75 mm; brita 2 (1,5"), entre 25 e 38 mm; brita 1 (1"), entre 19 e 25 mm; brita 0 (5/8"), entre 9,5 e 19 mm; e brita 00 (3/8"), entre 4,8 e 9,5 mm. Abaixo de 4,8 mm existe a areia de brita, de 0,15 a 4,8 mm. O pó de pedra é o resíduo da britagem, com granulo-
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Informe de Recursos Minerais
metria menor que 6,3 mm. Os dados de produção referentes a esses produtos, inclusive para comercialização, são expressos geralmente em t no Estado da Bahia, havendo ainda regiões onde se usa a unidade m3. Os exames tecnológicos das britas para concreto, base e sub-base para estradas e lastro passam por caracterização petrográfica (ao microscópio), presença de impurezas
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(análises físicas e químicas) e testes de resistência mecânica (compressão, impacto e abrasão), entre outros. Algumas das normas técnicas consideradas são: NBR 7211 – especificações de agregados para concreto; NBR 7389 – apreciação petrográfica; NBR 7216 – amostragem; NBR 9938 – resistência ao esmagamento para concreto; NBR MM 51 – Índice de Abrasão Los Angeles; NBR 8938 – impacto para lastro, entre outras.
3. Abordagem do Projeto para os Municípios Rochas e Minerais de Interesse Industriais 3.1 Agregados minerais (areia, arenoso e brita) O projeto aborda os bens minerais areia, arenoso e brita, produzidos em volumes expressivos, para o abastecimento de Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Feira de Santana. Como esses insumos parecem abundantes e inesgotáveis, por muitos anos não têm merecido a devida atenção dos poderes públicos e da sociedade em geral. Mais recentemente, esses recursos minerais têm despertado maior interesse, não apenas pelos conflitos gerados por ser uma mineração praticada próxima a áreas urbanas, como pela preocupação de melhor administrálos, tendo em vista a sua importância social, atualmente entendidos como indispensáveis para a melhoria da qualidade de vida das populações. Nesse sentido, a metodologia adotada neste trabalho foi dirigida para o diagnóstico da situação atual do fornecimento de areia, arenoso e brita, e da avaliação potencial das suas reservas, de modo a garantir o futuro abastecimento sustentável dessas cidades e municípios vizinhos. Esse estudo contempla ainda sugestões para o adequado aproveitamento desses recursos, levando em conta a otimização da sua lavra, os cuidados ambientais necessários e o crescimento urbano desordenado que esteriliza importantes depósitos. Para um melhor entendimento do texto, foi inserida uma conceituação introdutória sobre os diversos tipos de agregados minerais e seu emprego na construção civil.
3.2 Metodologia O diagnóstico do abastecimento de areia, arenoso e brita foi obtido a partir de informações coletadas no campo, de entrevistas com os produtores e de registros publicados por órgãos federais, estaduais e municipais. No estudo da potencialidade das reservas de areia e arenoso foram analisadas as principais fontes produtoras, com visita às frentes de lavra e amostragem para análises químicas,
granulométricas e mineralométricas. Análises químicas de amostras superficiais e de frentes de lavra foram realizadas na SGS Geosol Laboratórios Ltda., em Vespasiano, MG, enquanto as análises granulométricas e mineralométricas ficaram a cargo do Laboratório de Petrologia e Separação Mineral, da Superintendência Regional de Salvador, da CPRM. Estimativas de reservas nessas áreas, com projeções de vida útil, são apresentadas considerando as limitações tecnológicas, econômicas e as possibilidades geológicas regionais. Em relação à brita foi analisada a situação atual da sua produção nas áreas de interesse, através de entrevistas com os produtores e visita às frentes de lavra, com coleta de amostras e estimativa das reservas, vida útil e uma avaliação do seu potencial a partir do contexto geológico das pedreiras. Durante as entrevistas foi preenchido o formulário Projeto Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna – Ilhéus e Feira de Santana – Questionário para Coleta de Dados, Ideias e Sugestões (apêndice). Ensaios tecnológicos fornecidos pelas pedreiras contribuíram para a avaliação dos complexos rochosos. Posteriormente, foram realizadas análises petrográficas pela CPRM. As sugestões dos mineradores e as recomendações para o bom aproveitamento das reservas minerais, visando uma produção sustentável para o futuro, enriquecem o trabalho. Para esses bens minerais – areia, arenoso e brita – foram ainda descritos os processos de lavra, as especificações e aplicações, a qualificação dos materiais, o consumo e preços praticados, bem como avaliados os mercados consumidores. Os jazimentos foram plotados em mapas geológicos simplificados de áreas-fonte de areia, arenoso e brita, na escala 1:200.000, com geologia compilada do Mapa Geológico do Estado da Bahia, na escala 1:1.000.000 (SOUZA et al., 2003), modificado, nas áreas de interesse do projeto (anexos I a IV),com os contextos geológicos regionais simplificados apresentados em figuras e os dados analíticos sumariados nos quadros inseridos no texto.
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Informe 4. Agregados de Recursos Minerais Minerais para Vitória da Conquista
4.1 Aspectos socioeconômicos, geográficos e de infraestrutura regionais O Arraial de Conquista foi fundado em 1783, sendo elevado a Vila e Freguesia em 1840 com a denominação de Imperial Vila da Vitória, e em 1891 passou à categoria de cidade com o nome de Conquista. Em 1943, o nome do município foi modificado para Vitória da Conquista (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2014). Com uma área de 3.356,886 km2, possui uma população estimada de 340.000 habitantes, sendo a terceira maior cidade do Estado da Bahia (IBGE, 2014c). Com um PIB estimado de R$ 3,5 bilhões, e indicadores IDH-M de 0,678 e Gini de 0,55 (PNUD, 2013), Vitória da Conquista se destaca regionalmente pela qualidade de vida da sua população, contando com um setor de saúde público e privado bem estruturado e um polo de educação superior com cerca de 12.000 universitários. A cidade exerce influência regional em uma área que abrange cerca de oitenta municípios da Bahia e dezesseis de Minas Gerais, com uma população aproximada de dois milhões de pessoas (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2014).
região Centro-Sul Baiano, microrregião Vitória da Conquista, no planalto do mesmo nome, distante cerca de 510 km de Salvador, numa altitude média de 923 m, atingindo mais de 1.100 m nos seus bairros mais altos, a exemplo da Serra do Periperi, a norte/nordeste do seu núcleo urbano. Por causa de sua elevação, possui um clima tropical de altitude, sendo fevereiro o mês mais quente, com temperatura média de 22,5°C, enquanto o mais frio é agosto, com média de 17,6°C. A pluviosidade média anual é de 717 mm, com estação seca de maio a setembro. Na área do planalto o relevo é suavemente ondulado, com pequenas elevações de topos arredondados, ocorrendo também elevações que podem atingir mais de 1000 m, com coberturas detrito-lateríticas continentais. À medida que se aproxima das encostas e as altitudes caem, a topografia se torna fortemente ondulada, passando para vales largos, relevo arrasado, com serras isoladas, formada por rochas cristalinas, com um clima mais seco. Devido à diversidade de microclimas, a vegetação é constituída de extratos florestais remanescentes de mata atlântica, matas de cipó, cerrados e caatinga (WIKIPÉDIA, 2014d).
4.2 Contexto geológico regional Vitória da Conquista possui uma localização estratégica, cortada pela rodovia federal que liga as regiões sul e sudeste do país com todo o nordeste (BR-116), e a presença de importantes vias de comunicação com as regiões circunvizinhas e o litoral (BR-407, BA-262, BA263 e BA-265). Conta ainda com um aeroporto para aeronaves de médio porte, com voos diários para diversas cidades brasileiras, e um em fase de construção para aviões de maior porte (WIKIPÉDIA, 2014d). A economia do município tem seu ponto forte no setor de serviços, com destaque na atividade varejista. Possui um setor industrial diversificado, onde sobressaem o setor moveleiro e, atualmente, a construção civil apresentando um grande crescimento. No setor agrícola, pela sua altitude e por não ter geadas, a produção de café é a cultura mais importante (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2014). Conforme o IBGE (2014c), a cidade de Vitória da Conquista está localizada na mesor-
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A figura 4.1 mostra a situação da área de Vitória da Conquista no cenário geológico regional, onde está assinalada a presença de dois importantes compartimentos tectônicos: a Faixa de Dobramentos Araçuaí e o Cráton do São Francisco. A Faixa de Dobramentos Araçuaí teve sua configuração final definida no clímax da orogênese brasiliana, há cerca de 600 milhões de anos, quando foi soldada ao continente (cráton) do São Francisco. É representada na área por uma associação de ortognaisses com níveis de rochas máficas do Complexo Itapetinga, que integra a infraestrutura da faixa, e por micaxistos granadíferos e quartzitos do Grupo Macaúbas, que faz parte de sua supraestrutura (figura 4.2). O Cráton do São Francisco, por sua vez, é designado por terrenos metamórficos que fazem parte do Bloco Jequié e do Bloco GaviãoLençóis, que ocorrem em quase noventa por
Figura 4.1 - Esboço tectônico do Cráton do São Francisco (modificado de ALKMIM et al., 1993)
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cento da área. Esses dois blocos limitam-se entre si pelo Lineamento Jacobina-Contendas, uma marcante zona de cisalhamento que se projeta na direção meridiana por quase todo o território baiano (figura 4.1). Ao Bloco Jequié pertencem os ortognaisses em parte granulitizados do complexo homônimo. E no Bloco Gavião-Lençóis encontram-se os xistos Bate Pé-Tremedal, rochas supracrustais do Grupo Contendas-Mirante e os gnaisses migmatíticos dos complexos Mairi e Gavião, além de algumas suítes de rochas granitoides e corpos máfico-ultramáficos (figura 4.2). O Grupo Contendas-Mirante distribui-se na coluna geológica desde o Proterozóico (Formação Areião) até o Arqueano (formações Rio Gavião, Mirante, Barreiro d’Anta e Jurema-Travessão) e contempla um conjunto de rochas metassedimentares e metavulcânicas de interesse metalogenético. Os gnaisses migmatíticos de derivação plutônica arqueanos, mais velhos que 2.500 milhões de anos, alojam-se no Complexo Mairi, de ocorrência restrita no nordeste da área, e no Complexo Gavião, o de maior área aflorante (figura 4.2). Rochas granitoides intrusivas são comuns no contexto do Cráton do São Francisco, sobretudo no domínio do Complexo Gavião, com destaque para a Suíte Anajé, que aflora na parte central da área. Além das rochas granitoides vale mencionar as inúmeras lentes de rochas máfico-ultramáficas presentes, com realce para os três corpos que afloram em meio aos litotipos do Complexo Jequié, no extremo nordeste do mapa (figura 4.2). A extensa faixa de coberturas detríticas que ocorre no setor sudeste da região pesquisada, com as salientes cristas quartzíticas (Xistos Bate Pé-Tremedal), foi um dos principais focos dos trabalhos desenvolvidos no atual projeto, como fonte de areia e arenoso. No entanto, sua presença impossibilita estabelecer as relações de contato entre várias unidades estratigráficas, uma vez que esses limites encontram-se soterrados sob aquelas coberturas. Os depósitos aluvionares das bacias hidrográficas dos rios da
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região constituem, igualmente, importantes reservas de areia para construção civil. A disponibilidade de agregados minerais (areia, arenoso e brita), usados na construção civil, depende fundamentalmente da constituição geológica dos seus terrenos mais próximos do mercado consumidor (natureza e estrutura de suas formações geológicas). Os processos de degradação superficial de suas rochas (intemperismo) e o acúmulo de seus detritos dependem do agente de alteração e transporte (água) e do relevo. Desta forma podem ser originados depósitos aproveitáveis de areia, arenoso e argila. Em contraposição, a geração de mantos de intemperismo espessos pode capear corpos rochosos, tornando-os antieconômicos para produção de brita. Na descrição das principais fontes de agregados, apresentada a seguir, são destacados os condicionamentos geológicos e geomorfológicos que determinaram a formação e natureza de cada depósito.
4.3 Principais fontes de agregado miúdo (areia) As areias elúvio-coluvionares provenientes da desagregação do arco de quartzitos que margeia a cidade de Vitória da Conquista supriram por muitos anos as necessidades da urbe. Nos dias atuais, principalmente para fabricação de concreto estrutural, vem avançando o uso de areias aluvionares de riachos que descem as encostas do Planalto de Vitória da Conquista para N/NW, afluentes do rio Gavião e do rio de Contas, e, subordinadamente, de alguns rios e riachos da bacia do rio Pardo, correndo para SE.
4.3.1 Depósitos elúvio/coluvionares associados a quartzitos A cobertura detrítica do Planalto de Vitória da Conquista abrange uma ampla área envolvendo a cidade, com prolongamentos para NE, E, S e SW. O planalto apresenta terrenos relativamente planos, com cotas variando de 900 a 1.100 m, onde se destacam algumas cristas alinhadas suportadas por quartzitos, sendo um testemunho residual de uma extensa superfície de aplainamento (pediplano Sul Americano), que
Figura 4.2 - Contexto geol贸gico simplificado da regi茫o de Vit贸ria da Conquista
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cobriu boa parte da região centro-oriental do Brasil durante o Quaternário (Neógeno, idades abaixo de 23 milhões de anos).
gistrou-se a produção de areia mais argilosa, comercializada como arenoso, para argamassa de revestimento.
4.3.1.1 Características gerais
• Reservas
• Distribuição
A reserva global estimada para este tipo de areia pode ultrapassar 2,2 milhões de toneladas, somando as estimativas individuais feitas para as ocorrências visitadas (item 4.3.1.2).
Esses areais ocorrem na serra de quartzitos nas vizinhanças da cidade de Vitória da Conquista e em depósitos a maiores distâncias, próximos do povoado de Itaipu, a nordeste, e da cidade de Barra do Choça, a leste, entre outros. No quadro 4.1 são identificadas e localizadas as amostras de areia/cascalho e arenoso associadas a quartzitos, com um sumário dos resultados analíticos de qualidade. O domínio desses depósitos é apresentado no mapa geológico simplificado de áreas-fonte de areia, arenoso e brita para a região de Vitória da Conquista, na escala 1:200.000 (anexo I). • Tipologia Os depósitos de areia ocorrem no topo e nas encostas de elevações suportadas por quartzitos, acima das cotas do Planalto de Vitória da Conquista, como produto da desagregação e deposição coluvionar dos seus detritos. Quartzitos “in situ” e em blocos misturam-se com os acúmulos de areia desagregada (fotos 4.1 e 4.2), tornando necessária a prática de uma lavra de encosta, seletiva, com baixa produtividade e dificuldade de controle ambiental. Pela sua natureza, são de difícil avaliação de reservas. • Produção e comercialização A maioria dos depósitos visitados estava em produção no final de 2012, estimando-se uma produção total da ordem de 440.000 t naquele ano, incluindo a produção de pequenos mineradores, vendida a um preço médio de R$ 15,00 a 25,00/m3 na jazida. Essas areias são utilizadas principalmente para preparo de concreto, puras ou em mistura com areia de rios e riachos, e no preparo de argamassa de revestimento e assentamento, misturadas com material mais argiloso. Em alguns depósitos, como no Areal da Viúva, re-
14
• Qualidade e aplicações O sumário de resultados analíticos apresentado no quadro 4.1 apoia-se em análises químicas (quadros 4.2 e 4.3), análises granulométricas (quadro 4.4), exames em lupa binocular (análises mineralométricas) e descrições de campo. As areias elúvio-coluvionares refletem a composição dos quartzitos. De forma geral, são areias claras, com granulometria variando de ótima a relativamente grossa, provavelmente devido à presença de aglomerados de grãos de quartzito, subangulosos, ainda não desagregados. Apresentam módulo de finura (MF) variando de 2,2 a 3,7, com algumas frações >4,8 mm acima de 10% e poucas frações <0,15 mm maiores que 8%. Essas areias são bem puras, constituídas essencialmente por grãos e aglomerados de quartzo, com poucas impurezas (argila e hidróxidos de Fe e Ti). Apresentam resultados adequados quanto à presença de sais solúveis. Quando predominam os aglomerados de grãos de quartzo, devem ser usadas com restrições quanto à resistência mecânica para concreto estrutural. Neste caso podem ser misturadas a areias aluvionares para a formulação do agregado miúdo. E usadas sem restrições para concreto de pisos e em argamassas de revestimento e assentamento, no estado puro ou misturadas com agregado argiloso. • Perspectivas futuras A produção dessas areias é de baixo custo, com lavras situadas próximas da cidade, sendo bastante competitivas quanto ao preço ao consumidor. As reservas são suficientes para, cerca de, 5 anos de produção, ao nível atual de retirada. Mas sofrem restrições quanto à qua-
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Nº
Latitude
Sumário dos resultados
Longitude Cota
Localização
(UTM)
(UTM)
25 Ar
Faz. Olho D'Água
8360264
298145 1095
2,2
3,98
5,47
Qz, Arg,Ft
1
38 Ar
Areal VSC
8358889
305837
983
3,5
8,04
4,52
Qz, Arg,Ft
1
920
39 Ar
Areal VSC
8358889
305837
983
3,7 15,74
4,06
Qz, Arg,Ft
2
620
40 Ar
Areal VSC
8358175
306027 1049
3,5 13,00
5,50
Qz, Arg,Ft
1
332
35 Ar
Areal da Viúva
8360200
313367 1066
3,2
5,67
3,61
Qz, Arg,Ft
3
343
15 Ar
Areal Morro São Paulo
8348665
338419
999
3,3
8,04
2,01
Qz, Arg,Ft
6
407
16 Ar
Areal Morro São Paulo
8348588
338329 1003
2,3
0,51
1,52
Qz, Arg,Ft
1
689
17 Ar
Areal Morro São Paulo
8348600
338153 1014
3,5 10,05
4,02
Qz, Arg,Ft
12
415
18 Ar
Areal Barra Nova
8342227
332100
942
2,6
2,54
3,05
Qz, Arg,Ft
1
561
19 Ar
Areal Quartzomix
8370706
326289 1074
2,7
8,08
9,60
Qz, Arg,Ft
0
450
20 Ar
Areal Quartzomix
8380173
317254
801
2,4 10,40
13,86
Qz, Arg,Ft
2
434
32 Ar
Serra Pelada (Itambé)
8299205
329210
778
3,4
9,28
4,64
Qz, Arg,Ft
1
320
33 Ar
Serra Pelada (Itambé)
8299205
329210
778
2,6
2,06
3,09
Qz, Arg,Ft
0
444
01 Arn
Areal da Viúva
8359740
312424 421
3,4 19,50
0,50
Qz, Arg,Ft
18
320
02 Arn
Areal da Viúva
8360406
311236 421
2,3
0,51
1,01
Qz, Arg,Ft
26
478
03 Arn
Areal da Viúva
8360149
311254 420
2,5
1,00
1,00
Qz, Arg,Ft
28
374
04 Arn
Areal VSC
8358856
305897 976
3,0 17,50
0,50
Qz, Arg,Ft
24
599
Resultado emem amarelo, se: se: Resultado amarelo,
(m)
MF %>4,8 %<0,15
<2,0
>10
>8
mineralogia
% arg
sais (ppm) 757
Quartzo< 85% Arg.>5% >2000ppm
Notas:
Notas: 1. Ar = areia; Arn = arenoso 2. Cota medida por GPS modelo Garmin 72 3. MF = módulo de finura; %>4,8 = fração retida em peneira de 4,8mm; %< 0,15 = fração passante em peneira de 0,15mm; 4. Mineralogia aproximada: Qz= quartzo; Fm= silicato ferromagnesiano; mi= mica; Fd= feldspato; Ft= hidróxidos de Fe e Ti; Arg= argila; Ou= outros 5. % arg = percentagem aproximada de argila 6. Sais solúveis = cloretos + sulfatos Quadro 4.1 - Identificação, localização e sumário dos resultados de análises de amostras de areia/cascalho e arenoso associadas a quartzitos, da região de Vitória da Conquista
lidade para concreto estrutural e ao controle ambiental dos depósitos em produção, quando comparadas com as areias aluvionares.
4.3.1.2 Principais depósitos associados a quartzitos • Arco de areias nos limites N/NE de Vitória da Conquista O arco de quartzitos e colúvios arenosos associados estende-se de forma contínua
por cerca de 13 km no limite urbano setentrional da cidade, com direção aproximadamente E-W, conformando a Serra do Periperi, como registra o mapa geológico simplificado (anexo I). Os colúvios de encosta, com areia e blocos de quartzito, derivam dessa estreita faixa cimeira de quartzitos, com cotas de até 1.100 m, com mergulho geral para NE. Foram coletadas quatro amostras (Faz. Olho d´Água e Areal VSC, quadro 4.1), em frentes de produção. As lavras são seletivas, onde são evi-
15
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.1 - Vista de areal em serra de quartzito (Areal Barra Nova). Município de Barra do Choça.
Foto 4.2 - Areia de quartzito decomposto, peneirada por grelha. Areal Barra Nova, município Barra do Choça. 16
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº
Resultados em % e em ppm para Cl e SO4 SiO2 Al2O3 CaO MgO Na2O K2O Fe2O3 TiO2 Cl
25 Ar 38 Ar 39 Ar 40 Ar 35 Ar 15 Ar 16 Ar 17 Ar 18 Ar 19 Ar 20 Ar 32 Ar 33 Ar
Faz. Olho d'Água Areal VSC Areal VSC Areal VSC Areal da Viúva Areal Morro São Paulo Areal Morro São Paulo Areal Morro São Paulo Areal Barra Nova Areal Quartzomix Areal Quartzomix Serra Pelada (Itambé) Serra Pelada (Itambé)
96,7 95,6 96,4 97,4 97,9 97,6 97 95,4 97,9 >98 >98 >98 >98
0,47 0,28 0,66 0,27 1,18 2,08 0,31 4,26 0,33 0,15 0,55 0,25 0,11
0,02 0,03 0,03 0,02 0,02 0,03 0,12 0,03 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02
<0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
<0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
<0,01 0,01 0,02 <0,01 0,04 <0,01 <0,01 <0,01 0,06 0,02 <0,01 <0,01 <0,01
01 Arn 02 Arn 03 Arn 04 Arn
Areal da Viúva Areal da Viúva Areal da Viúva Areal VSC
84,6 84,7 84 80,6
6,45 9,01 9,86 8,4
0,02 0,03 0,02 0,02
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1
0,11 0,05 0,05 0,15
<90
>4
>1
>0,5
>1
>1
Resultado em Resultado em amarelo, amarelo,se: se:
1,75 3,71 2,49 1,79 1,26 1,36 1,25 1,35 1,51 1,46 1,12 1,29 1
SO4
0,15 0,23 0,24 0,2 0,13 0,13 0,08 0,2 0,16 0,08 0,12 0,18 0,1
157 <20 <20 32 43 107 89 115 286 150 134 <20 144
600 900 600 <300 <300 300 600 <300 <300 <300 <300 <300 <300
5,38 0,7 1,86 0,73 1,93 0,65 6,88 0,8
<20 178 74 299
<300 <300 <300 <300
>5
>0,5 >1000 >1000
Nota:
Nota: 1. Resultado de S convertido em SO4
Quadro 4.2 - Análises químicas de amostras de areia/cascalho e arenoso associadas a quartzitos (amostra total), da região de Vitória da Conquista
tados os blocos maiores de rocha, seguidas de peneiramento para separar a areia dos fragmentos de quartzito não desagregados. A análise das catas próximas do anel rodoviário de Vitória da Conquista, na Serra do Periperi, a exemplo da localizada na Faz. Olho d’Água, mostra uma extração de areia feita com pás e peneirada em telas improvisadas (amostra 25Ar), com placas de quartzito separadas para construção de muros (foto 4.3). O pacote de rochas metassedimentares apresenta direção geral NW-SE, com mergulhos em torno de 50° NE. Em lâmina delgada, a rocha apresenta uma textura granoblástica, recristalizada, granulação média a grossa, sem foliação, constituída essencialmente de quartzo (99%), com extinção ondulante, inclusões de sericita (1%) e traços
de zircão e minerais opacos, classificada como quartzito (amostra 01R, anexo I). A descrição mineralométrica da amostra 25Ar revela um sedimento de coloração cinza acastanhada clara, granulação variando de areia muito fina a cascalho, com predominância da fração areia média. Trata-se de uma areia muito mal selecionada, imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos angulosos a subangulosos, com baixa esfericidade; ocorrência de agregados formados de pequenos grãos de minerais aglutinados por argila e de matéria orgânica. A sua composição mineralógica apresenta fragmentos líticos (quartzito, xisto, rocha máfica) e minerais (quartzo), com até 2 cm de tama-
17
Informe de Recursos Minerais
Nº
Amostras Localização
%<0,15mm SiO2
Al2O3
Resultados em % CaO MgO Na2O
K2O
Fe2O3
TiO2
25 Ar 38 Ar 39 Ar 40 Ar 35 Ar 15 Ar 16 Ar 17 Ar 18 Ar 19 Ar 20 Ar 32 Ar 33 Ar
Faz. Olho d'Água Areal VSC Areal VSC Areal VSC Areal da Viúva Areal Morro São Paulo Areal Morro São Paulo Areal Morro São Paulo Areal Barra Nova Areal Quartzomix Areal Quartzomix Serra Pelada (Itambé) Serra Pelada (Itambé)
5,97 5,41 5,66 5,76 4,32 2,97 2,01 4,97 4,18 10,39 14,99 5,16 2,52
88,6 85 83,7 89,8 80,3 87,8 91,9 85,4 87,3 96,1 94,7 93,2 92,3
3,2 1,63 4,52 2,07 12,3 6,83 3,22 7,17 5,33 0,98 2,86 2,02 1,41
0,03 0,07 0,06 0,05 0,07 0,28 0,26 0,09 0,09 0,04 0,03 0,09 0,09
0,15 0,12 0,15 0,17 0,12 0,24 0,24 0,16 0,22 <0.1 <0.1 0,36 0,18
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 0,16 0,21 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 0,15 <0.1
0,08 0,06 0,04 0,02 0,19 0,08 0,11 0,03 1,09 0,1 0,02 0,08 0,08
4,52 10,2 5,22 3,76 1,49 1,99 2,13 2 1,09 1,14 0,5 0,91 2,49
1,1 1,36 1,41 1,23 1,09 3,2 2,33 2,13 2,92 0,5 0,42 2,52 1,81
01 Arn 02 Arn 03 Arn 04 Arn
Areal da Viúva Areal da Viúva Areal da Viúva Areal VSC
8,96 10,41 13,35 19,36
47 64,7 62,4 55
23,8 21,7 24,6 21,3
0,03 0,05 0,03 0,03
0,12 0,16 0,15 0,16
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1
0,26 0,1 0,1 0,3
14,9 2,32 2,22 11,3
2,69 1,84 1,68 2,35
Resultado em se:se: Resultado emamarelo, amarelo,
Nota: 1. % <0,15mm = fração passante na peneira <0,15mm
Quadro 4.3 - Análises químicas de amostras de areia/cascalho e arenoso associadas a quartzitos (fração <0,15mm), da região de Vitória da Conquista
nho, quartzo (hialino e leitoso) parcialmente encoberto por partículas de argila e/ou óxidos de ferro, minerais opacos, magnetita, titanita, monazita, zircão, mica branca e apatita, além de argila. Esses depósitos, localizados no topo da serra que constitui uma região serrana de grande beleza natural e forte vocação turística, devem ser preservados, mesmo considerando a qualificação das suas reservas para uso em concretagens de menor exigência ou em argamassas, sua proximidade do centro consumidor e as relativamente apreciáveis reservas. Localizado na parte leste da Serra do Periperi, com entrada pelo Centro Industrial de Vitória da Conquista, o Areal VSC apresenta várias lavras em anfiteatros de tamanhos variados,
18
medindo em torno de 200 m por 100 m cada (foto 4.4), de onde são retirados areias brancas de granulação fina-média, com grãos grosseiros de quartzo/quartzito (amostra 39Ar), arenoso rico em argila, com fragmentos de quartzito (“cascalho”) e blocos de quartzito ferruginoso (“pedra”). O material é retirado por pás carregadeiras, com a fração mais heterogênea passando por um britador rudimentar (foto 4.5), sendo peneirada e a areia empilhada para ser transportada por caçambas (amostra 38Ar) até Vitória da Conquista. Acima dessas lavras, aflora um quartzito intemperizado onde se pratica uma cata manual de areia entre blocos de rocha, em inúmeras pequenas cavas (amostra 40Ar, quadro 4.1, foto 4.6).
Rochas e Minerais Industriais
Nº
Amostra Localização
>4,8
>2,4
Abertura em mm; resultados em % >1,2 >0,6 >0,3 >0,15 <0,15
MF
25 Ar 38 Ar 39 Ar 40 Ar 35 Ar 15 Ar 16 Ar 17 Ar 18 Ar 19 Ar 20 Ar 32 Ar 33 Ar
Faz. Olho d'Água Areal VSC Areal VSC Areal VSC Areal da Viúva Areal Morro São Paulo Areal Morro São Paulo Areal Morro São Paulo Areal Barra Nova Areal Quartzomix Areal Quartzomix Serra Pelada (Itambé) Serra Pelada (Itambé)
3,98 8,04 15,74 13,00 5,67 8,04 0,51 10,05 2,54 8,08 10,40 9,28 2,06
5,47 27,64 33,5 24,00 13,92 18,09 1,52 30,65 4,06 13,13 7,43 26,80 6,19
7,46 28,14 23,35 32,00 30,93 25,13 4,04 24,12 19,8 19,70 16,34 27,32 13,92
16,92 15,08 11,17 13,00 20,10 23,62 31,82 11,06 24,87 19,19 18,81 12,37 24,23
45,27 11,06 7,61 7,50 19,07 19,10 50,51 12,06 32,49 20,20 21,29 12,37 41,75
15,42 5,53 4,57 5,00 6,70 4,02 10,10 8,04 13,20 10,10 11,88 7,22 8,76
5,47 4,52 4,06 5,50 3,61 2,01 1,52 4,02 3,05 9,60 13,86 4,64 3,09
2,2 3,5 3,7 3,5 3,2 3,3 2,3 3,5 2,6 2,7 2,4 3,4 2,6
01 Arn 02 Arn 03 Arn 04 Arn
Areal da Viúva Areal da Viúva Areal da Viúva Areal VSC
19,50 0,51 1,00 17,50
26,50 5,56 12,00 13,00
13,00 4,04 8,00 13,00
20,00 31,82 23,00 30,00
11,00 32,32 29,00 11,00
9,50 24,75 26,00 15,00
0,50 1,01 1,00 0,50
3,4 2,3 2,5 3,0
Nota: 1. MF = módulo de finura
Quadro 4.4 - Análises granulométricas e módulo de finura de amostras de areia/ cascalho e arenoso associadas a quartzitos da região de Vitória da Conquista
Segundo informações locais, no final de 2012 eram vendidas semanalmente 50 caçambas (10 m3) de areia, 30 de “cascalho” e 15 de “pedra”, com preços de R$ 15,00 /m3, R$ 8,00/ m3 e R$ 7,00/m3, respectivamente, em Vitória da Conquista. Uma estimativa das reservas lavráveis de agregado miúdo desses depósitos foi obtida pelo produto da área total aproximada de sua ocorrência (50 ha) x espessura média dos depósitos verificada nas frentes de lavra (2 m) x densidade aparente in situ (1,5 t/m3) x percentual estimado das reservas ainda disponíveis (40%), resultando em 600 mil t de areia.
mm. Apresenta um forte predomínio de quartzo (em grãos e aglomerados de quartzito) e reduzidas impurezas (argila variando de 1 a 3% e traços de hidróxido de Fe e Ti). Os sais estão dentro das especificações de uso. A areia apresenta excelente composição mineralógica e salinidade, mas sofre restrições quanto à sua granulometria e natureza aglomerada dos fragmentos. Pode ser misturada com areias aluvionares mais finas na formulação de concreto estrutural, ser usada de forma exclusiva em concretagens de menor exigência ou para aplicação em argamassas. • Areal Quartzomix
O sumário dos resultados analíticos (quadro 4.1) mostra uma areia bem grossa, com abundante fração >4,8 mm e pouca fração <0,15
Essas areias constituem depósitos coluvionares associados a uma colina de quartzito
19
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.3 - Extração rudimentar de areia, peneirada em telas improvisadas. Serra do Periperi, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.4 - Frente de lavra para extração de agregado miúdo. Areal VSC, município de Vitória da Conquista. 20
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.5 - Produção de areia com britador rudimentar. Serra do Periperi, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.6 - Cata manual de areia entre blocos de quartzito. Areal VSC, município de Vitória da Conquista. 21
Informe de Recursos Minerais
(altitude em torno 1.100 m), no local chamado Faz. Brejo, próximo à BR-116, cerca de 25 km a NE de Vitória da Conquista (quadro 4.1 e mapa geológico simplificado – anexo I). A areia da decomposição dos quartzitos é comumente lavrada com o material resultante da raspagem da rocha parcialmente intemperizada por retroescavadeira, cuja mistura é composta de argila, fração areia e fragmentos de quartzito (amostra 20Ar), levada para peneiramento. A extração é seletiva (fotos 4.7 e 4.8), existindo grandes blocos de quartzito bem recristalizados, muito duros, que dificultam a lavra, resultando num jazimento com muitas limitações no seu processo produtivo. O produto final é resultado do peneiramento abaixo de 1/2'’ (amostra 19Ar), com perdas de aproximadamente 50%, vendido pela empresa Quartzomix para concreteiras de Vitória da Conquista por R$ 22,00/m3. Estimou-se uma produção de 80.000 t/ano, em 2012, e uma reserva remanescente em torno de 450 mil t de areia recuperável (30 ha de área aproximada de ocorrência x 2 m de espessura média x 1,5 t/m3 de densidade aparente in situ x 50% de recuperação aproximada). O produto final é uma areia clara, com ótima granulometria, significativas frações >4,8mm e <0,15mm, com forte predomínio de quartzo, em grãos e aglomerados de quartzito, com formatos sub-angulares. Apresenta pouca argila e sais solúveis dentro das especificações. Trata-se de uma areia mais elaborada do que aquelas produzidas nas catas de areia próximas de Vitória da Conquista, com aplicações similares. • Areal da Viúva Localizado na encosta de uma crista quartzítica alongada na direção SW-NE, com cota máxima em torno de 1.050 m, cerca de 12 km a leste de Vitória da Conquista, o Areal da Viúva apresenta seus depósitos de areia e arenoso distribuídos de forma descontínua numa faixa de aproximadamente 2 km de comprimento por 400 m de largura (mapa geológico simplificado – anexo l). Ao longo da serra, esses materiais
22
apresentam grosseiramente a seguinte distribuição: as areias mais grossas, alvas, com fragmentos de quartzito, na parte superior, tendo uma faixa intermediária com predominância de argila e arenoso, com fragmentos de quartzito, e na base um colúvio areno-argiloso com blocos de quartzito, chamado localmente de ‘‘cascalho”. Na principal área minerada observamse inúmeras cavas onde se realiza uma lavra seletiva de um material muito heterogêneo, com um trator que escava areia junto com blocos quartzíticos (foto 4.9), transportado em caçambas e despejado em uma peneira de aço (foto 4.10). Caçambas carregam a areia peneirada (amostra 35Ar, quadro 4.1) e a transporta para Vitória da Conquista. No rejeito verifica-se uma quantidade expressiva de blocos, afastados manualmente da peneira, em lâmina delgada mostrando uma rocha com textura granoblástica, granulação grossa, com uma composição de quar tzo (99%) e percentuais menores do que 1% de cianita, rutilo e mica branca, classificados como quartzito (amostra 06R). A análise mineralométrica desse sedimento peneirado (amostra 35Ar), descreve uma coloração cinza, granulação variando de areia muito fina a cascalho, com predominância da fração areia grossa, muito mal selecionada. Areia imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos subangulosos a angulosos, com baixa esfericidade; presença de matéria orgânica. A sua composição mineralógica é formada por fragmentos líticos (quartzito), seixos de quartzo, quartzo (hialino e leitoso) parcialmente encoberto por partículas de argila, minerais opacos, magnetita, anfibólio, plagioclásio, K-feldspato, turmalina, zircão e apatita, além de argila. Na mesma faixa de ocorrência de areia/ quartzito observam-se várias catas onde a areia é separada com pás dos blocos de quartzito, acumulada em pequenos montes e carregada em caçambas (5 m3), num processo bastante rudimentar (foto 4.11). A rocha, petrograficamente definida como quartzito, apresenta quartzo (100%), com inclusões de turmalina e mica branca (amostra 07R)
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.7 - Lavra seletiva de areia de quartzito. Areal Quartzomix, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.8 - Desmonte de rocha quartzítica por retroescavadeira. Areal Quartzomix, município de Vitória da Conquista. 23
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.9 - Lavra de quartzitos faturados/alterados para retirada de areia. Areal da Viúva, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.10 - Peneiramento de blocos e areias quartzíticos para separação da areia. Areal da Viúva, município de Vitória da Conquista. 24
Rochas e Minerais Industriais
Em cada cata operam três trabalhadores que recebem R$ 60,00 por caçamba carregada, sendo a produção máxima de 03 caçambas/dia. Estima-se uma produção média de 150 m3/dia de areia grossa em todo o areal. A areia é vendida a R$ 10,00/m3, caso o comprador opere com trator próprio, ou R$ 25,00/m3 com o carregamento realizado pela mina. Na cidade, o preço alcança R$ 40,00/m3 (novembro de 2012). Estima-se uma reserva lavrável remanescente de 360 mil t de areia (30 ha de área x 2 m de espessura média x 1,5 m3/t de densidade aparente in situ x 40% de recuperação aproximada). Essas areias apresentam um módulo de finura acima de 3, com predominância de quartzo (em grãos e fragmentos de quartzito) e reduzida percentagem de impurezas (3% de argila e traços de hidróxidos de ferro e titânio). Os sais solúveis estão dentro das especificações de uso. As suas aplicações são similares às das areias anteriormente descritas. • Areal Morro de São Paulo Essas areias coluvionares estão associadas a um alto (930 m) de quartzitos (foto 4.12), cerca de 10 km a SE de Barra do Choça, mais 32 km até Vitória da Conquista (mapa geológico simplificado – anexo I). A mineração é praticada em vários anfiteatros no topo do morro, com variedade litológica e graus de intemperismo variados, produzindo desde areias mais grossas (amostra 15Ar) até as mais finas (amostra 16Ar), além de areias pouco selecionadas, argilosas, com fragmentos de rocha quartzítica (amostra 17Ar, foto 4.13). Uma análise mineralométrica representativa dessas areias (amostra 16Ar), define uma coloração esbranquiçada, granulação variando de fina a grossa, com predominância da fração areia média, bem selecionadas, com maturidade textural e mineralógica. Nelas predominam grãos subarredondados a arredondados, com esfericidade média a alta, respectivamente; presença de matéria orgânica. A sua composição mineralógica é constituída de quartzo (hialino e leitoso), com grãos de turmalina, apatita, titanita, zircão e rutilo na fração mais fina.
A distribuição dessas areias ocupa uma área aproximada de 30 ha, com uma espessura média de areia de 3 m, onde se pratica uma lavra seletiva, incluindo peneiramento (foto 4.14). Avaliou-se uma reserva de areia recuperável de 800 mil t (30 ha x 3 m x 1,5 t/m3 x 60% de recuperação estimada). A produção foi avaliada em 200 mil t em 2012, vendida por R$ 15,00/m3 na jazida (areia bruta) e R$ 20,00/m3 (peneirada). O preço do frete varia de R$ 260,00 a R$ 280,00 (caçamba de 10 m3), até Vitória da Conquista. O produto analisado (três amostras) é uma areia média a grossa, com significativa fração >4,8 mm e pouca fração <0,15 mm. Há um forte predomínio do quartzo (em grãos isolados e aglomerados), em fragmentos sub-angulares, com alguma argila (até 12%), e traços de hidróxidos de Fe e Ti. A presença de sais solúveis está dentro das especificações. As suas aplicações são semelhantes às das areias dos arredores de Vitória da Conquista. • Areais Barra Nova, Serra Pelada e outros associados a quartzitos Além dos areais mais expressivos descritos, existem outros pequenos depósitos associados a quartzitos, como o Areal Barra Nova (foto 4.15), nas proximidades do povoado de mesmo nome, cerca de 17 km a sul de Barra do Choça e a 50 km de Vitória da Conquista (anexo I). As característica da areia (amostra 18Ar, quadro 4.1) são semelhantes às dos depósitos de mesma tipologia anteriormente descritos, sendo de menor interesse pela sua pequena reserva, dificuldade de lavra pela maior presença de blocos de quartzito não intemperizados e pela distância de Vitória da Conquista. O Areal Serra Pelada (foto 4.16), 25 km a sul de Itambé (fora da área do mapa geológico simplificado – anexo I), foi descartado pela pouca competitividade (baixo grau de intemperismo das rochas quartzíticas, estradas ruins num relevo serrano e maior distância de Vitória da Conquista, cerca de 80 km), apesar de apresentar boa qualidade quanto à granulometria e composição mineral (amostras 32Ar e 33Ar, quadro 4.1).
25
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.11 - Cata de areia com pás, com peneiramento rudimentar. Areal da Viúva, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.12 - Frente de lavra do Areal Morro de São Paulo, município de Barra do Choça. 26
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.13 - Depósito de areias quartzíticas do Areal Morro de São Paulo, município de Barra do Choça.
Foto 4.14 - Lavra seletiva de areia com peneiramento rústico. Areal Morro de São Paulo, município de Barra do Choça. 27
Informe de Recursos Minerais
4.3.2 Depósitos aluvionares de leito ativo de rios e riachos Os terrenos exumados da cobertura detrítica do Planalto de Vitória da Conquista situam-se em áreas mais baixas, a N/NW do platô, com drenagem para os rios Gavião e de Contas, e a SE com escoamento para o rio Pardo, a sul do mapa geológico simplificado – anexo I. Nesses terrenos ocorrem rochas metamórficas dobradas, muito antigas, pré-cambrianas (idades acima de 600 milhões de anos).
4.3.2.1 Características gerais • Distribuição Esses areais são depósitos aluvionares dos riachos que partem da borda do Planalto de Vitória da Conquista, no sentido N/NW, vertendo no rio Gavião, que passa em Anagé, cerca de 50 km a NW de Vitória da Conquista, como o ribeirão Poço da Vaca e o rio Gado Bravo; e no rio de Contas, que corre a N da área do mapa geológico simplificado – anexo I, a exemplo do ribeirão da Ursa e o riacho do Poço. Subordinadamente, foram visitados alguns depósitos aluvionares da bacia do rio Pardo, que atravessa Itambé, aproximadamente 60 km a SE de Vitória da Conquista (fora da área do anexo I). As ocorrências visitadas são identificadas e localizadas no quadro 4.5, com o sumário dos resultados analíticos de amostras coletadas, sendo ainda locadas no mapa geológico simplificado na escala 1:200.000 ( anexo I). • Tipologia Esses depósitos aluvionares preenchem a calha do leito ativo de rios e riachos, a maioria de regime intermitente, com maior aporte de detritos na estação chuvosa (fotos 4.17 e 4.18). O maior acúmulo de areia ocorre nos seus trechos medianos, com a redução do gradiente topográfico. A mineralogia dos detritos reflete a natureza das formações geológicas atravessadas. A maioria dos depósitos apresenta largura em torno de 10 m, cerca de 2 a 3 m de espessura de areia acumulada e extensões quilométricas, facilitando a estimativa de reser-
28
vas. Nos depósitos em lavra verifica-se uma prática de extração simples e pouco onerosa, feita com auxílio de tratores e pás carregadeiras ou retroescavadeiras, em geral sem necessidade de peneiramento. Segundo informações locais, há a reposição dos sedimentos nas calhas de deposição na estação chuvosa seguinte, após a retirada da areia. Ocasionalmente, esta reposição pode não completar-se no mesmo ano, em períodos maiores de seca. • Produção e comercialização As areias aluvionares têm sido retiradas principalmente do ribeirão Poço da Vaca e, em menor quantidade, dos seus tributários, e do rio Gado Bravo, afluentes do rio Gavião. Não incluindo o Areal do Mizinho, estimou-se uma produção da ordem de 80 mil t em 2012, a maior parte vendida a concreteiras em Vitória da Conquista, a uma distância de 50 a 60 km, ao preço médio de R$ 35,00 a 40,00/m3 (setembro de 2012). • Reservas As reservas aluvionares são estimadas em 1,2 milhão de t, podendo sustentar uma produção de até 240 mil t/ano, admitindo-se uma reposição anual mínima de 20%. As reservas e a capacidade de produção entre os afluentes do rio Gavião a montante de Anagé e dos rios Gavião e de Contas a jusante são aproximadamente equivalentes. As areias da bacia do rio Pardo mostram reservas menores. As areias elúvio/coluvionares, bem mais finas, do Areal do Mizinho, são consideradas à parte, com reservas estimadas em 480 mil t. • Qualidade e aplicações O sumário dos resultados analíticos é apresentado no quadro 4.5. Esses resultados apoiam-se em análises químicas (quadros 4.6 e 4.7), análises granulométricas (quadro 4.8), exames em lupa binocular, mineralométricas, e descrições de campo. As areias aluvionares apresentam, em geral, módulo de finura (MF) muito bom, algumas vezes, moderadamente fino. Têm pequena fração
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.15 - Areia de quartzito do Areal Barra Nova, município de Barra do Choça.
Foto 4.16 - Areia de quartzito decomposto. Areal Serra Pelada, município de Ribeirão do Largo. 29
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.17 - Areia aluvionar fina a cascalhosa do ribeirão do Poço Comprido, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.18 - Areia aluvionar do riacho do Poço, município de José Gonçalves, em fase de pesquisa. 30
Rochas e Minerais Industriais
Nº
Localização
(UTM)
(UTM)
(m) MF %>4,8 %<0,15
mineralogia
% arg sais (ppm)
01 Ar
Areal Poço da Vaca
8367096
266718 421 2,1
0,84
0,84 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
10
02 Ar
Areal Poço da Vaca
8367096
266718 421 2,1
3,75
3,33 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
11
320 320
03 Ar (a)
Areal Poço da Vaca
8367602
267099 420 1,4
0,00
9,17 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
13
320 320
03 Ar (b)
Areal Poço da Vaca
8367602
267099 420 2,5
1,25
0,83 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
8
04 Ar
Areal Poço da Vaca
8367826
266886 418 1,9
0,00
1,11 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
11
320
05 Ar
Rib. do Amargoso
8362376
266710 436 2,3
1,18
0,39 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
10
320
06 Ar
Rib. do Amargoso
8362376
266710 436 2,3
0,77
0,38 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
10
320
07 Ar
Rib. do Amargoso
8357492
265793 450 2,3
0,65
0,33 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
9
320
08 Ar
Rib. do Amargoso
8357492
265793 450 2,9
11,7
1,52 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
8
329
09 Ar
Rib. do Poço Comprido
8360431
271663 466 2,4
0,56
0,56 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
9
355
10 Ar
Rib. do Poço Comprido
8360431
271663 466 1,8
0,00
2,68 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
11
320
11 Ar
Rib. do Poço Comprido
8354813
277040 497 1,5
0,00
6,02 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
14
349
12 Ar
Rib. do Poço Comprido
8354813
277040 497 2,1
0,00
4,93 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
13
320
13 Ar
Rib. do Poço Comprido
8354813
277040 497 2,9
45,5
2,48 Qz, Fd, Arg, Ft e Ou
10
320
29 Ar
Rch. do Poço
8385300
319468 656 2,4
0,00
1,00 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
5
545
30 Ar
Rch. do Poço
8389988
317471 608 2,2
2,03
2,03 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
5
445
31 Ar
Rch. do Poço
8393534
317318 557 2,0
1,50
4,50 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
4
401
41 Ar
Rch. do Poço
8385375
319420 648 1,6
0,00
4,57 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
5
320
27 Ar
Rib. da Ursa
8388102
300576 648 3,1
3,02
0,50 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
2
557
28 Ar
Rib. da Ursa
8388102
300576 648 2,0
0,00
1,02 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
2
544
36 Ar
Rch. do Gado Bravo
8397880
284692 404 2,3
3,02
2,01 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
5
437
37 Ar
Rch. do Gado Bravo
8399814
284311 401 1,5
0,00
4,10 Qz, Ft, Arg, Fd, Ou
6
445
21 Ar
Areal do Mizinho
8384116
295138 766 1,1
0,00
22,84 Qz, Arg, Fd,Ft
2
493
22 Ar
Areal do Mizinho
8384046
295078 770 1,1
0,00
22,50 Qz, Arg, Fd,Ft
2
426
23 Ar
Areal do Mizinho
8384066
295507 788 1,5
0,50
13,50 Qz, Arg, Fd,Ft
5
320
24 Ar
Areal do Mizinho
8385210
295189 804 1,5
1,51
7,04 Qz, Arg, Fd,Ft
4
393
26 Ar
Areal do Mizinho
8384256
295167 758 1,7
0,51
4,08 Qz, Arg, Fd,Ft
1
481
14 Ar
Rio Pardo
8309950
324392 322 2,8
0,98
0,49 Qz, Arg, Ft, Fd,Ou
12
320
34 Ar
Rio Verruga
8320889
321074 343 1,8
1,02
20
451
Resultado em amarelo, se:
Resultado em amarelo, se:
<2,0
>8
4,59 Qz, Arg, Ft, Fd,Ou >8
Quartzo< 85%
Arg.>5% >2000ppm
Notas: 1. Ar = areia; Arn = arenoso 2. Cota medida por GPS modelo Garmin 72 3. MF = módulo de finura %>4,8 = fração retida em peneira de 4,8mm; %<0,15 = fração passante em peneira de 0,15mm; 4. Mineralogia aproximada Qz= quartzo; Fm = silicato ferromagnesiano; mi= mica; Fd= feldpato; Ft= hidróxidos de Fe e Ti; Arg= argila; Ou= outros 5. % arg = percentagem aproximada de argila 6. Sais solúveis = cloretos + sulfatos
Quadro 4.5 - Identificação, localização e sumário dos resultados de análises de amostras de areia/cascalho de rios e riachos, e de terraços eluviais, da região de Vitória da Conquista
31
Informe de Recursos Minerais
>4,8 mm e também reduzida fração <0,15 mm. São areias amareladas onde análises químicas evidenciam a predominância de quartzo, em grãos sub-arredondados, secundado por argila na faixa de 5 a 10% e presença menor de feldspato, hornblenda e hidróxidos de Fe e Ti. Os sais solúveis estão dentro das especificações de uso.
Planalto de Vitória da Conquista, arrastando seus afluentes material daquela cobertura encosta abaixo, incluindo detritos de gnaisses e migmatitos, com lentes de anfibolito e de rochas quartzíticas. Os extensos depósitos aluvionares são formados mais abaixo, com a redução do gradiente e da capacidade de transporte do rio.
Os aluviões do rio Verruga, afluente do rio Pardo, são considerados à parte, sendo muito argilosos, devendo ser tratados como agregado areno-argiloso (arenoso). Da mesma forma, as areias coluvionares do areal do Mizinho devem ser destacadas do grupo das areias aluvionares, por serem bem mais finas e terem diferente destinação.
A areia é retirada nos locais amostrados (quadro 4.5), com uso de retro e pás carregadeiras e vendida a concreteiras a um preço médio de R$ 35 a 40,00/m3, em Vitória da Conquista, distante cerca de 50 km. Estimou-se uma produção média da ordem de 50 mil t/ano em 2012.
As areias aluvionares, pela sua granulometria, são preferidas e adequadas para a produção de concreto estrutural, isoladamente ou misturadas com as areias de quartzito. • Perspectivas futuras As areias aluvionares apresentaram produção crescente nos últimos anos, pela sua boa qualidade para concreto e possibilidade de produção sustentável, com reposição anual de reservas. Mesmo situadas a maiores distâncias, com maior preço final ao consumidor, são competitivas em relação às areias associadas a quartzitos, além de apresentarem melhores condições de controle ambiental.
4.3.2.2 Principais depósitos aluvionares • Bacia de afluentes do rio Gavião, a montante de Anagé A bacia do ribeirão Poço da Vaca, afluente do rio Gavião a montante da cidade de Anagé, inclui os depósitos aluvionares do seu percurso (Areal Poço da Vaca - amostras 01Ar, 02Ar, 03Ar(a), 03Ar(b) e 04Ar, fotos 4.19 e 4.20), e dos seus principais formadores, ribeirões do Amargoso (amostras 05Ar, 06Ar, 07Ar e 08Ar) e do Poço Comprido (amostras 09Ar, 10Ar, 11Ar, 12Ar e 13 Ar; fotos 4.21 e 4.22). No quadro 4.5 são relacionados os pontos visitados e amostrados, que aparecem plotados junto aos riachos no mapa geológico simplificado (anexo I). Essa bacia origina-se nas bordas do
32
Considerando a largura média do leito dos rios de 10 m, a profundidade da areia de 2 m e a extensão total de 20 km de calhas aluvionares preenchidas, chega-se a uma reserva de 400 mil m³ ou 600 mil t. Mesmo admitindo-se uma reposição anual limitada de areia a 20% do volume das calhas, seria possível uma produção anual sustentável da ordem de 120 mil t para esses depósitos. As amostras examinadas, de cor amarelada e grãos sub-arredondados, mostram ótima granulometria, com módulo de finura (MF) entre 2,1 a 2,9, em geral, com pequenas frações >4,8 ou <0,15 mm (quadro 4.8). Descrições de campo, em lupa binocular e interpretação de análises químicas (quadros 4.6 e 4.7) mostram a predominância de quartzo, com hornblenda prismática em aproximadamente 5% (evidenciada por Al, Ca, Mg e Fe mais altos), um pouco de feldspato (Al, Na e K significativos), hidróxidos de Fe e Ti, argila significativa (8 a 14%), e eventuais palhetas visíveis de muscovita. A presença de sais solúveis está dentro das especificações de uso. Essas areias têm sido usadas para fabricação de concreto estrutural, apesar da presença de argila, sendo consideradas adequadas. As análises mineralométricas realizadas nos aluviões dos ribeirões Poço da Vaca (amostra 02Ar), do Amargoso (amostra 06Ar) e do Poço Comprido (amostra 09Ar), descrevem um sedimento de coloração amarelada, granulação variando de areia muito fina a cascalho, com predominância da fração areia mé-
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº 01 Ar 02 Ar 03 Ar (a) 03 Ar (b) 04 Ar 05 Ar 06 Ar 07 Ar 08 Ar 09 Ar 10 Ar 11 Ar 12 Ar 13 Ar 29 Ar 30 Ar 31 Ar 41 Ar 27 Ar 28 Ar 36 Ar 37 Ar 21 Ar 22 Ar 23 Ar 24 Ar 26 Ar 14 Ar 34 Ar
Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rch. do Poço Rch. do Poço Rch. do Poço Rch. do Poço Rib. da Ursa Rib. da Ursa Rch. do Gado Bravo Rch. do Gado Bravo Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Rio Pardo Rio Verruga
Resultado em Resultado emamarelo, amarelo,se: se:
Resultados em % e em ppm para Cl e SO4 SiO2 Al2O3 CaO MgO Na2O K2O Fe2O3 TiO2 Cl 84,9 82,2 79,6 87,1 82,3 84,4 83,8 87,5 86,9 85,1 81 77,1 79,6 85,3 92 91,4 92,2 91,1 96,1 95,7 92,7 89,7 97,9 97 93,7 94,5 97 90,1 81,4
7,82 8,03 9,72 6,43 8,42 7,43 7,25 6,66 5,72 6,68 8,72 10,8 9,58 7,84 3,53 3,8 3,12 3,42 1,58 1,11 3,26 4,46 0,87 1,07 2,69 1,94 0,74 5,41 8,92
1,39 1,54 2,1 0,98 1,73 1,51 1,45 0,03 1,03 1,19 1,94 2,31 1,91 1,01 0,25 0,24 0,25 0,36 0,06 0,06 0,31 0,54 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,32 1,53
<90
>4
>1
0,52 0,59 0,79 0,27 0,65 0,47 0,4 <0,1 0,29 0,43 0,7 0,96 0,75 0,41 0,14 0,13 0,16 0,18 <0,1 <0,1 0,16 0,22 <0,1 <0,1 0,11 <0,1 <0,1 0,12 0,43 >0,5
2,02 1,94 2,56 1,67 2,28 2,19 2,17 <0,1 1,64 1,8 2,46 2,84 2,53 1,58 0,57 0,51 0,51 0,51 0,11 <0,1 0,62 1,06 0,11 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,83 2,17
0,82 0,82 1,03 0,92 0,78 0,95 0,93 0,02 0,83 0,76 0,71 0,85 0,88 0,61 1,5 1,56 1,17 1,17 0,35 0,23 0,67 0,66 0,2 0,18 0,44 0,2 0,13 2,04 1,98
3,15 3,3 3,34 2,42 3,07 2,9 2,2 2,24 2,42 3,01 3,14 4,37 3,57 3,39 2,47 2,56 2,82 2,63 2,74 2,4 2,56 2,36 1,45 1,67 2,07 1,39 1,35 1,88 2,69
>1
>1
>5
0,52 0,62 0,74 0,22 0,67 0,37 0,26 1,29 0,29 0,27 0,59 0,77 0,64 0,44 0,17 0,26 0,41 0,49 0,11 0,13 0,19 0,22 0,15 0,16 0,26 0,15 0,19 0,16 0,39
<20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 29 55 <20 49 <20 <20 245 145 101 <20 257 244 137 145 93 126 <20 93 181 <20 151
SO4 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300
>0,5 >1000 >1000
Nota: 1. Resultado de S convertido em SO4
Quadro 4.6 - Análises químicas de amostras de areia/cascalho de rios e riachos, e de terraços eluviais (amostra total), da região de Vitória da Conquista
dia, mal selecionada. A sua imaturidade mineralógica e textural é evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos subangulosos a subarredondados, com baixa a média esfericidade, respectivamente; presença de
matéria orgânica. Na sua composição mineralógica são observados fragmentos líticos (quartzito) e de minerais (quartzo), com até 1 cm de tamanho, quartzo (hialino, leitoso e rosa), parcialmente encoberto por partículas de argila, minerais opacos, magnetita, ilmenita,
33
Informe de Recursos Minerais
anfibólio, plagioclásio, K-feldspato, turmalina, titanita, monazita, zircão, mica branca, biotita, rutilo, epidoto e apatita, além de argila. • Bacias de afluentes dos rios Gavião e de Contas, a jusante de Anagé Nessas bacias destacam-se os depósitos aluvionares do riacho do Poço (amostras 29Ar, 30Ar, 31Ar e 41Ar; foto 4.23, anexo I) e do rio Gado Bravo (amostras 36Ar e 37Ar, foto 4.24, a norte da área do anexo I), mais volumosos e de cursos mais extensos, com suas nascentes a norte do planalto de Vitória da Conquista. Além desses, foram visitados depósitos aluvionares menores no ribeirão da Ursa (amostras 27Ar e 28Ar), listados no quadro 4.5 e plotados no mapa geológico simplificado – anexo I. A ocorrência de outros depósitos aluvionares menores nesses domínios não está descartada. Uma avaliação do rio Gavião, logo a juzante da cidade de Anagé, revelou a não acumulação de aluviões significativos. O riacho do Poço e o rio Gado Bravo arrastam detritos de gnaisses e metarenitos do planalto de Vitória da Conquista nos seus cursos iniciais mais íngremes, formando extensos depósitos aluvionares nos seus cursos médios. Estima-se que as suas reservas renováveis de areia sejam equivalentes àquelas do ribeirão do Poço da Vaca, cerca de 600mil t. A qualidade também é similar, com uma granulometria equivalente, sendo um pouco mais rica em grãos de quartzo, sem a presença de hornblenda e com menos feldspato e argila. Análises de campo e petrográficas realizadas em dois afloramentos rochosos localizados ao longo do riacho do Poço, mostram um biotita gnaisse de composição granodiorítica para o primeiro (amostra 04R) e um gnaisse com intercalação de piroxenitos anfibolitizados no segundo (amostra 05R). A areia é retirada nos locais visitados com o uso de retro e pás carregadeiras ou por meios manuais, ainda com pequena produção, em fase de regularização legal. Seu aproveitamento futuro poderá complementar ou mesmo competir com a produção do riacho do Poço da Vaca.
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• Areal do Mizinho Esse areal é formado por depósitos elúvio-coluvionares situados a cerca de 35 km a norte de Vitória da Conquista, nas encostas das cabeceiras de um afluente do rio Gado Bravo, próximo às bordas do Planalto de Vitória da Conquista (foto 4.25, mapa geológico simplificado – anexo I). Nessa área ocorrem metarenitos da Formação Areião (foto 4.26), cujos detritos finos constituem as coberturas do planalto. Petrograficamente, apresentam uma textura lepidoblástica, granulação fina, levemente foliada, com a foliação marcada pelo alinhamento dos cristais de muscovita e biotita. Com uma mineralogia formada por quartzo (80%), muscovita (17%), biotita (2%), minerais opacos (1%) e zircão e rutilo com menos de 1%, são classificados como muscovita quartzito (amostra 02R). Esse material da cobertura junta-se aos metarenitos desagregados, sendo arrastados encosta abaixo formando os areais do Mizinho (amostras 21Ar, 22Ar, 23Ar, 24Ar e 26Ar, quadro 4.5). As areias refletem a composição desses metarenitos e distribuem-se nas encostas de um dreno central, com espessura média variável em torno de 2m, em seis campos (áreas) em exploração, com mais outros oito a desenvolver, numa área total aproximada de 20 ha. Com essas dimensões e considerando uma recuperação de 80%, cria-se a expectativa de reservas da ordem de 480 mil t (200.000 m2 x 2 m x 0,8 x 1,5 t/m3). Retirada a cobertura vegetal, a extração de areia é feita por pás carregadeiras que enchem as caçambas de 6 e 12 m3. Estimou-se uma produção de 60 mil t em 2012, vendida ao preço de R$ 12,00/ m3, na jazida. Descrições de campo, análises químicas e granulométricas de amostras (quadros 4.6 e 4.8) indicam uma areia clara, fina (MF entre 1,1 e 1,7), com insignificante fração >4,8mm e alta percentagem <0,15mm. Há um forte predomínio de quartzo (SiO2>90%), com poucos outros minerais, além da pequena participação de argila presente na fração mais fina analisada (quadro 4.7). Pela sua finura, homogeneidade e bai-
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº 01 Ar 02 Ar 03 Ar (a) 03 Ar (b) 04 Ar 05 Ar 06 Ar 07 Ar 08 Ar 09 Ar 10 Ar 11 Ar 12 Ar 13 Ar 29 Ar 30 Ar 31 Ar 41 Ar 27 Ar 28 Ar 36 Ar 37 Ar 21 Ar 22 Ar 23 Ar 24 Ar 26 Ar 14 Ar 34 Ar
Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rch. do Poço Rch. do Poço Rch. do Poço Rch. do Poço Rib. da Ursa Rib. da Ursa Rch. do Gado Bravo Rch. do Gado Bravo Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Rio Pardo Rio Verruga
Resultado em se:se: Resultado emamarelo, amarelo,
Resultados em % %<0,15mm SiO2 Al2O3 CaO MgO Na2O
ϭ͕ϭϱ ϰ͕ϳϮ ϵ͕ϱϴ Ϭ͕ϱϮ ϭ͕ϱϯ Ϭ͕Ϯ Ϭ͕ϱϳ ϴ͕ϳϭ ϯ͕ϭ Ϭ͕ϱϯ ϰ͕Ϯϲ ϱ͕ϵϵ ϳ͕ϵϮ ϯ͕Ϯ Ϭ͕ϲϰ Ϯ͕ϳϯ ϭ͕ϲϳ ϲ͕ϲϮ Ϭ͕ϰϰ Ϭ͕ϵϵ ϯ͕Ϯϭ ϳ͕ϭϳ Ϯϴ͕ϭϱ Ϯϵ͕ϲϭ ϭϵ͕Ϯ ϭϭ͕Ϯϯ ϴ͕Ϭϵ Ϭ͕ϱϰ ϱ͕ϭϰ >5
52,1 60,8 65,1 62 53,2 49,6 56,1 69 67,6 57 63,5 61,3 61,6 61,6 78,6 71,8 64,5 71,5 68 74,8 69,4 82 96,4 95,7 90 93,6 95,9 73,1 67
14,4 13,7 11,9 13 11,5 11 11,3 16,1 12,5 16,2 10,7 13 12,5 13,6 8,52 10,1 9,29 7,43 4,93 3,87 8,68 6,06 1,39 1,56 4,59 2,96 1,48 7,82 12,6
3,4 3,73 4,08 4,14 4,18 3,95 4,34 0,12 2,61 2,32 3,94 3,83 4,32 4 0,83 1,04 1,19 1,22 0,28 0,38 1,3 0,94 0,03 0,02 0,03 0,02 0,06 1,56 3,24
<90
>4
>1
1,98 2 2,03 2,26 2,31 2,13 2,46 0,15 1,32 1,67 2,18 2,07 2,36 2,13 0,52 0,79 0,75 0,65 0,24 0,24 0,75 0,47 <0.1 <0.1 0,22 0,12 <0.1 1,3 1,39 >0,5
K2O
Fe2O3 TiO2
1,64 2,45 2,33 2,39 1,78 2,04 2,18 <0.1 2,72 1,41 2,12 2,34 2,57 2,5 1,17 1,26 1,06 1,03 0,15 0,28 1,71 1,13 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 1,22 2,83
1,17 1,26 1 1,17 0,82 1,12 1,06 0,07 1,78 1,22 0,78 0,99 0,89 1,07 2,26 2,51 2,06 1,68 0,41 0,5 1,23 0,72 0,34 0,28 0,77 0,29 0,28 0,96 2,16
15 10,3 8,63 10,3 16,5 19,3 14,4 3,44 6,23 10,5 10,4 9,64 10,6 9,81 4,99 7,99 13,6 10,1 22,7 16,7 13,2 7,23 1,25 1,69 2,15 1,5 1,89 8,92 5,71
>1
>1
>5
6,81 4,24 3,63 3,23 9,27 9,73 6,4 4,01 1,3 3,92 4,76 3,54 4,2 3,13 0,63 2 4,56 3,73 2,2 1,72 2,19 1,21 0,32 0,29 0,49 0,44 0,74 3,33 1,96 >0,5
Nota: 1. % <0,15mm = fração passante na peneira <0,15mm
Quadro 4.7 - Análises químicas de amostras de areia/cascalho de rios e riachos, e de terraços eluviais (fração <0,15mm), da região de Vitória da Conquista
xo custo, devido à proximidade de Vitória da Conquista, é um material muito usado e adequado para revestimento fino de parede e para argamassas de forma geral, podendo ser misturado a outros agregados areno-argilosos. Inadequadamente, tem sido empregado em concretos, inclusive em concretos estruturais.
• Depósitos aluvionares da bacia do rio Pardo Uma extração de areia aluvionar foi visitada nas proximidades da cidade de Itambé, cerca de 60 km a SE de Vitória da Conquista, na confluência do ribeirão do Largo com o rio
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Informe de Recursos Minerais
Foto 4.19 - Leito seco do ribeirão Poço da Vaca, município de Anagé.
Foto 4.20 - Areia aluvionar de boa qualidade do ribeirão Poço da Vaca, município de Anagé. 36
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.21 - Depósito de areia aluvionar do ribeirão do Poço Comprido, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.22 - Extração de areia no leito seco do ribeirão do Poço Comprido, município de Vitória da Conquista. 37
Informe de Recursos Minerais
Pardo (amostra 14Ar). Também foi amostrado o depósito aluvionar do rio Verruga, afluente do rio Pardo pela sua margem esquerda, próximo à rodovia Vitória da Conquista - Itambé (amostra 34Ar, quadro 4.5). Ambos os depósitos estão a sul da área do anexo I. A montante de Itambé, onde corta xistos da faixa Araçuaí, o rio Pardo não apresenta acúmulos arenosos significativos. As areias acumuladas próximas a Itambé (foto 4.27) derivam do ribeirão do Largo que atravessa coberturas detríticas mais a sul. Os aluviões do rio Verruga mostram visíveis intercalações de camadas mais argilosas, exigindo uma lavra muito seletiva para o aproveitamento exclusivo da areia (foto 4.28). As amostras analisadas (quadros 4.6, 4.7 e 4.8) exibem boa granulometria para o depósito do rio Pardo, com reduzidas frações >4,8 mm e <0,15 mm. O quartzo é o mineral dominante, com presença significativa e indesejável de ferro-magnesianos, feldspato e argila. A amostra do rio Verruga mostrou-se adequada como arenoso para produção de argamassa face ao teor maior de argila. Desta forma, os depósitos examinados da bacia do rio Pardo mostraram-se menos interessantes quanto a qualidade, reservas insuficientes e maior distância. • Outros aluviões arenosos Além dos depósitos aluvionares examinados, outros drenos devem ser cogitados como possíveis fontes alternativas de areia, pelas suas posições geográficas, dimensões e semelhanças com aqueles descritos anteriormente. Incluem-se nessa perspectiva o ribeirão do Caititu e o riacho Mundo Novo, afluentes do rio Gavião, o ribeirão da Caveira, entre o riacho do Poço e o rio Gado Bravo, a norte de Vitória da Conquista, e os riachos Salitre, Vereda e da Jiboia, pela margem esquerda do rio Pardo (fora da área do anexo I).
4.4 Principais fontes de agregado areno-argiloso (arenoso) Os agregados areno-argilosos (arenosos), usados no preparo de argamassas de assentamento e revestimentos em geral, não pos-
38
suem exigências maiores de qualidade, impondo-se fortemente pelo fator preço no seu consumo. Os requisitos de qualidade, tais como granulometria e composição areia/argila, são determinados pelo tipo de aplicação. Em geral são preferidos os arenosos mais finos e homogêneos (peneirados ou isentos de grãos grossos), principalmente para revestimento de paredes. As principais fontes de arenoso para Vitória da Conquista são os depósitos da cobertura detrítica do planalto, os sedimentos elúviocoluvionares próximos às suas bordas e os arenosos associados a quartzitos. A variedade dessas fontes de arenoso será suficiente para suprir as necessidades de Vitória da Conquista no futuro, a baixo custo e com qualidade e reservas suficientes.
4.4.1 Materiais da cobertura detrítica do Planalto de Vitória da Conquista A cobertura detrítica areno-argilosa do planalto, com espessuras da ordem de 10m, de composição bastante variada e circundando a cidade, é uma fonte inesgotável de arenoso de variados tipos, a baixo custo. Formada em clima árido, ela sofre pouco transporte, gerando depósitos elúvio-coluvionares cuja composição reflete a diversidade das fontes rochosas encobertas. Para o bom aproveitamento dessas reservas seria recomendável que fossem investigadas, selecionadas e preservadas pequenas áreas com este fim. Uma área de 50 ha, com 4 m de espessura de arenoso, por exemplo, resultará numa reserva de 3 milhões de t (500.000 m2 x 4 m x 1,5 t/m 3 de densidade aparente), capaz de suprir as necessidades da cidade por mais de10 anos.
4.4.2 Sedimentos elúvio-coluvionares nas bordas do Planalto de Vitória da Conquista Descrito entre as areias (item 4.3.2.2), esses sedimentos são na verdade depósitos de areia fina, pouco argilosa, adequada para argamassas e muito empregada em revestimento fino de paredes. Material muito usado em Vitória da Conquista pelas suas características de homogeneidade, fornecimento e preços estáveis (fotos 4.29 e 4.30).
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº 01 Ar 02 Ar 03 Ar (a) 03 Ar (b) 04 Ar 05 Ar 06 Ar 07 Ar 08 Ar 09 Ar 10 Ar 11 Ar 12 Ar 13 Ar 29 Ar 30 Ar 31 Ar 41 Ar 27 Ar 28 Ar 36 Ar 37 Ar 21 Ar 22 Ar 23 Ar 24 Ar 26 Ar 14 Ar 34 Ar
Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Areal Poço da Vaca Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Amargoso Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rib. do Poço Comprido Rch. do Poço Rch. do Poço Rch. do Poço Rch. do Poço Rib. da Ursa Rib. da Ursa Rch. do Gado Bravo Rch. do Gado Bravo Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Areal do Mizinho Rio Pardo Rio Verruga
>4,8
Abertura em mm, resultados em %. >2,4 >1,2 >0,6 >0,3 >0,15 <0,15
0,84 3,75 0,00 1,25 0,00 1,18 0,77 0,65 11,68 0,56 0,00 0,00 0,00 45,54 0,00 2,03 1,50 0,00 3,02 0,00 3,02 0,00 0,00 0,00 0,50 1,51 0,51 0,98 1,02
1,26 2,08 0,42 1,25 0,37 1,57 1,92 1,30 9,14 1,69 0,00 0,00 1,48 9,90 1,00 2,03 1,00 0,00 11,06 0,51 3,02 0,00 0,51 0,50 1,50 0,50 0,51 6,83 0,51
3,36 5,00 0,83 11,25 0,74 5,49 6,15 4,89 17,77 10,11 0,45 0,00 7,88 10,89 8,00 7,61 4,50 0,00 27,14 2,54 10,05 0,00 0,51 0,50 3,00 0,50 0,51 20,00 2,04
14,29 12,92 2,92 35,83 6,67 20,39 20,77 23,45 25,38 26,97 6,70 0,46 23,65 9,41 30,50 20,81 15,50 0,51 25,13 13,20 21,11 1,03 1,02 1,00 5,50 3,02 2,55 30,73 8,67
66,81 55,42 36,67 41,25 78,52 63,53 62,31 62,87 27,92 50,56 70,09 57,41 38,42 13,60 50,00 51,27 55,00 61,42 29,15 67,00 45,23 51,79 24,87 22,00 38,00 47,24 60,20 31,22 54,59
12,61 17,50 50,00 8,33 12,59 7,45 7,69 6,51 6,60 9,55 20,09 36,11 23,65 7,92 9,50 14,21 18,00 33,50 4,02 15,74 15,58 43,08 50,25 53,50 38,00 40,20 31,63 9,76 28,57
0,84 3,33 9,17 0,83 1,11 0,39 0,38 0,33 1,52 0,56 2,68 6,02 4,93 2,48 1,00 2,03 4,50 4,57 0,50 1,02 2,01 4,10 22,84 22,50 13,50 7,04 4,08 0,49 4,59
MF 2,1 2,1 1,4 2,5 1,9 2,3 2,3 2,3 2,9 2,4 1,8 1,5 2,1 2,9 2,4 2,2 2,0 1,6 3,1 2,0 2,3 1,5 1,1 1,1 1,5 1,5 1,7 2,8 1,8
Nota: 1. MF = módulo de finura Quadro 4.8 - Análises granulométricas e módulo de finura de amostras de areia/cascalho de rios e riachos, e de terraços eluviais, da região de Vitória da Conquista
4.4.3 Depósitos associados a quartzitos Esses arenosos são produzidos junto às áreas produtivas de areia associada a quartzitos, como aquelas que circundam Vitória da Conquista, a exemplo do Areal da Viúva
(amostras 01Arn, 02Arn e 03Arn, foto 4.31) e da VSC Mineração (amostra 04Arn, foto 4.32), relacionadas no quadro 4.1 e plotadas no mapa geológico simplificado – anexo I). No Areal da Viúva, nas áreas mais pró-
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Informe de Recursos Minerais
Foto 4.23 - Depósitos aluvionares no leito seco do riacho do Poço, município de Vitória da Conquista, em pesquisa.
Foto 4.24 - Depósitos de areia aluvionar do rio Gado Bravo, município de Anagé. 40
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.25 - Área de extração de areia fina do Areal do Mizinho, município de Anagé.
Foto 4.26 - Afloramento de metarenito da Formação Areião. Areal do Mizinho, município de Anagé. 41
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.27 - Acúmulos arenosos inexpressivos no rio Pardo, próximos da da cidade de Itambé.
Foto 4.28 - Aluviões argilosos do rio Verrruga, no município de Itambé.
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Rochas e Minerais Industriais
ximas da serra quartzítica verifica-se a extração de um colúvio areno-argiloso, com blocos de quartzito no seu interior. Esse material é frequentemente usado como aterro, recebendo a denominação local de “cascalho” e, quando peneirado (amostra 01Arn), é vendido como arenoso. Mais afastado da serra, cerca de 1 km, uma sequência areno-argilosa amarronzada, sem blocos de quartzito, medindo cerca de 500 m de fundo por 300 m de largura e espessura média de 2 m, é lavrada como arenoso, com o nome local de “terra de reboco” ou “areia de levante” (amostras 02Arn e 03Arn). Essa área apresenta, pelas suas dimensões aproximadas, uma reserva de cerca de 450.000 t. Esse material é vendido por cerca de 50% do preço cobrado pela areia na jazida, R$ 5,00/m3, carregado pelo comprador, ou R$ 10,00/m3 carregado pela mineração. Na cidade de Vitória da Conquista o preço chega ao consumidor por R$ 30,00/m3. Com essa distribuição, os depósitos conhecidos como areal da Viúva podem ser divididos, para efeito de caracterização, em duas partes: as áreas de cotas mais elevadas, mais próximas da serra quartzítica, com predominância de areais com blocos de quartzitos intercalados, com cerca de 30 ha, e as áreas mais baixas, afastadas da serra, constituídas de arenoso, distribuídas por cerca de 20 ha. Esses arenosos são, na realidade, areias finas, com elevada proporção de argila, em relação aos grãos de quartzo, principalmente na fração mais fina. As análises dos quadros 4.2 e 4.3 mostram alta relação Al2O3/SiO2, maior na fração inferior a 0,15 mm. A granulometria fina, homogeneidade, presença de argila e baixo custo, tornam esse agregado bastante competitivo para uso como arenoso em argamassas para assentamento e revestimento.
4.5 Principais fontes de agregado graúdo (brita) As principais pedreiras localizam-se na borda NW, N e NE do Planalto de Vitória da Conquista, onde foi removida a sua cobertura detrítica e a forte erosão regressiva expôs unidades rochosas (granitoides e gnaisses), tornando viável a produção de brita.
4.5.1 Localização e domínio geológico O abastecimento de agregado graúdo de Vitória da Conquista foi avaliado a partir de 05 (cinco) pedreiras visitadas pelo projeto: Amorim, Brita Service, Fortaleza, Assunção e Brita Express. As três primeiras localizadas próximas da estrada BR-407 (Vitória da Conquista – Anagé), a distâncias entre 5 e 25 km a NW da cidade, enquanto a pedreira Assunção está situada 5 km a N de Vitória da Conquista e a Brita Express cerca de 30 km a NE, próxima do povoado de Itaipu, com acesso pela estrada BR-116. As pedreiras Amorim e Assunção ocorrem nas encostas da borda NW do Planalto de Vitória da Conquista, onde a erosão provocada pelos riachos que vertem no rio Gado Bravo acarretou o afloramento das rochas do Complexo Gavião, do Paleoarqueano, representadas por gnaisses migmatíticos, com ocorrência de rochas granitoides intrusivas. Em posição geomorfológica similar, as pedreiras Brita Service e Fortaleza exploram rochas cristalinas na área de dissecação do relevo, aflorantes devido à erosão dos riachos afluentes dos rios Gado Bravo e Gavião, pertencentes às rochas granitoides da região de Anagé, onde predominam ortognaisses granodioríticos porfiroclásticos. A Pedreira Brita Express, situada na borda N do Planalto de Vitória da Conquista, está inserida nas formações Rio Gavião e Mirante, do Grupo Contendas-Mirante, do Neoarqueano-Paleoproterozoico, formado por filitos e metagrauvacas, e xistos localmente migmatizados. A localização e o domínio geológico dessas pedreiras são apresentados no mapa geológico simplificado de áreas-fonte de areia, arenoso e brita para a região de Vitória da Conquista, na escala 1:200.000 (anexo I).
4.5.2 Produção: fontes, processo produtivo, destinação e preços No primeiro semestre de 2013, a Pedreira Amorim Ltda. era a principal e praticamente única fornecedora de brita para Vitória da Conquista e cidades vizinhas, enquanto as pedrei-
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Informe de Recursos Minerais
ras Brita Service, Fortaleza e Brita Express estavam em fase de reestruturação e/ou início de produção, com a abertura e desenvolvimento de suas bancadas. E a Pedreira Assunção aguardava a licença ambiental para iniciar sua operação de lavra. Com uma capacidade instalada de 240 t/h de material britado, a Pedreira Amorim apresentava uma produção de cerca de 20.000 t/ mês, em três frentes de lavra, sendo duas com 9 m de altura e uma com 12 m (foto 4.33), trabalhando um turno de 9 horas, 5 dias por semana. Em caso de necessidade poderia operar dois turnos por dia, não compensando na época devido ao elevado custo da energia elétrica. A Pedreira Brita Service, da empresa Paviservice Ltda., visitada no segundo semestre de 2014, operava a abertura de uma nova cava (foto 4.34), ainda em fase inicial de operação, produzindo cerca de 10.000 t/mês de brita e projetando uma capacidade operacional de 15.000 t/mês. Arrendada pela empresa Produman Engenharia S/A, a Pedreira Fortaleza estava sendo reestruturada no final de 2012, com um novo plano de lavra e aquisição de equipamentos, em fase de montagem e ajustes, planejados para uma capacidade instalada de 30.000 t/mês de material britado. A sua cava media cerca de 50 m de largura, com uma bancada com 15 a 20 m de altura (foto 4.35). A Pedreira Brita Express produzia cerca de 5.000 t/mês de brita, em novembro de 2012, com uma capacidade instalada de 10.000 t/mês, planejando uma ampliação para 30.000 t/mês de brita. Ela operava uma cava com cerca de 30 m de largura, com uma frente de lavra com 20 a 25 m de altura, iniciando a preparação de uma bancada intermediária a 15 m acima do piso base (foto 4.36). A Pedreira Assunção, do Grupo Bahia Mix, aguardava, em outubro de 2012, a documentação legal para iniciar sua lavra, com uma capacidade instalada para produzir 20.000 t/mês de material britado (foto 4.37). Nas cinco pedreiras visitadas são lavrados maciços de rochas granitoides, com cober-
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turas areno-argilosas de pequena espessura, decorrentes da alteração dessas rochas. O aproveitamento dos complexos rochosos é iniciado pelo decapeamento, ou seja, a retirada da cobertura vegetal e do capeamento areno-argiloso com tratores, escavadeiras e/ou pás carregadeiras, realizando o desmonte e o carregamento em caminhões basculantes e depositados em áreas próprias de bota-fora. Na segunda etapa, a rocha é perfurada de cima para baixo, segundo um plano de perfuração, e detonada para fragmentar trechos do complexo, abrindo bancadas. A lavra é realizada a céu aberto, de cima para baixo, pelo método tradicional de bancadas descendentes. Usualmente, a perfuração é realizada por perfuratrizes hidráulicas ou pneumáticas, acopladas a um compressor móvel. A detonação é realizada por explosivos industriais tipo emulsão bombeada ou dinamite encartuchada e acessórios não elétricos silenciosos ou cordel detonante, visando obter a máxima fragmentação da rocha. A rocha detonada é carregada com escavadeira hidráulica ou pás carregadeiras em caminhões basculantes próprios para minério, até a unidade de britagem, descarregando no silo/ alimentador do britador primário. Caso o material detonado não esteja em dimensões adequadas para transporte (blocos acima de 1m de diâmetro), efetua-se a sua fragmentação com rompedores mecânicos e marretas, evitando-se uma detonação secundária. A fase seguinte consiste no processo de beneficiamento, com a britagem e classificação do material. Após as britagens primária e secundária, podem ocorrer outras sucessivas (britagens terciária e quaternária), normalmente realizadas a seco e intercaladas com operação de classificação por peneiramento. A pedra britada chega às peneiras classificatórias por correias transportadoras que separam os produtos por faixas granulométricas, especificadas conforme requeridas pelo mercado. Para reduzir o pó em suspensão gerado pela atividade da britagem são usados sistemas de aspersores de água instalados junto aos britadores e correias transportadoras. Os mate-
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.29 - Extração de areia argilosa do Areal do Mizinho, município de Anagé.
Foto 4.30 - Lavra de arenoso do Areal do Mizinho, município de Anagé.
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Informe de Recursos Minerais
Foto 4.31 - Frente de lavra de arenoso no Areal da Viúva, município de Vitória da Conquista.
Foto 4.32 - Frente de lavra na base da Serra de Periperi. Areal VSC, município de Vitória da Conquista. 46
Rochas e Minerais Industriais
riais finos gerados pelas pedreiras (pó de pedra e areia de brita) são aproveitados como agregado miúdo. As britas ou os produtos acabados são empilhados automaticamente, separados em pilhas de estocagem, devidamente classificados, prontos para serem comercializados. A expedição ou carregamento dos produtos é feito nos caminhões dos clientes ou de fretistas autônomos, com carregamento realizado com pás-carregadeiras ou correias transportadoras, e pesagem eletrônica nas pedreiras. Alguns procedimentos importantes estão sendo adotados pelas mineradoras, visando minimizar os impactos decorrentes da lavra e do beneficiamento das rochas: a) redução do tamanho das bancadas, objetivando diminuir a intensidade das explosões de desmonte do complexo; e b) aquisição de propriedades localizadas no entorno das pedreiras, criando um cinturão de proteção dos empreendimentos mineiros. No futuro, algumas medidas adicionais poderão vir a ser implementadas com a mesma finalidade: a) uso de rompedores hidráulicos para fragmentação de blocos com mais de 1m de diâmetro, evitando a detonação secundária, por envolver riscos de lançamento de fragmentos de rocha; b) construção de circuitos fechados para circulação da água nos limites das pedreiras, com barragens de acumulação dos finos da britagem e controle de qualidade da água na entrada e na saída da área da mineradora; e c) adoção de explosivos industriais tipo emulsão bombeada, por empresas especializadas, com fogos em horas determinadas, evitando a existência de depósitos de explosivos (paióis) nos perímetros das empresas. Com uma população aproximada de 340.000 habitantes (IBGE, 2014), e estimandose um consumo médio anual de brita per capita de 1,1 t para Vitória da Conquista, verifica-se que a capacidade instalada, em implantação e
programada nas cinco pedreiras existentes soma 1.620.000 t/ano, cerca de quatro vezes superior ao consumo aproximado do mercado alvo (380.000 t/ano). Com uma pedreira reiniciando seu processo de lavra (Fortaleza) e uma aguardando a documentação legal para início de funcionamento (Assunção), a produção de material britado em 2012 foi estimada em 420.000 t, nas três pedreiras em operação. Cerca de 90% desse total foi destinado para Vitória da Conquista e o restante distribuído para as cidades vizinhas. Não existe processamento industrial de entulho na região. Essa produção de material britado de Vitória da Conquista foi devida também à duplicação da estrada BR-116 e da construção do novo aeroporto, em andamento, e da edificação de um novo shopping center. O preço praticado nas jazidas, no primeiro semestre de 2013, para britas 1 (1’’), 0 (5/8’’) e gravilhão (3/8’’) era em torno de R$ 43,00/t, enquanto o pó de pedra (<3/16’’) custava R$ 10,00/t. O transporte cobrado pelos fretistas das pedreiras até a área urbana de Vitória da Conquista era de R$ 120,00 (caçambas de 12 t), para percursos entre 15 e 20 km. Empregando aproximadamente 70 pessoas nas pedreiras em funcionamento ou em fase inicial de lavra, estimou-se a geração de 120 empregos diretos quando as cinco pedreiras estiverem em plena operação. Em geral, o nível de escolaridade entre os operários é bastante precário, possuindo o curso de segundo grau completo apenas os empregados de escritório. A Pedreira Fortaleza era a única que exigia a conclusão do primeiro grau para os seus contratados. Palestras ministradas pelo SESI contribuíam para melhorar a capacitação dos quadros das empresas.
4.5.3 Reservas As pedreiras visitadas não demonstraram preocupação com as reservas de rochas para a produção de agregados graúdos, em vir-
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Informe de Recursos Minerais
tude da existência de complexos rochosos aflorantes ou com capeamentos areno-argilosos de pequena espessura, nas bordas escavadas a NW, N e NE do Planalto de Vitória da Conquista (anexo I).
4.5.4 Qualidade Os maciços de rochas do embasamento cristalino, explorados pelas pedreiras que abastecem a região de Vitória da Conquista, são constituídos predominantemente por ortognaisses migmatíticos, com rochas granitoides intrusivas e lentes de rochas máfico-ultramáficas do Complexo Gavião (pedreiras Amorim e Assunção), rochas granitoides da Suíte Anagé (pedreiras Fortaleza e Brita Service) e rochas metassedimentares e metavulcânicas, localmente migmatizadas, do Grupo Contendas-Mirante (Pedreira Brita Express). Corpos granitoides intrusivos são comuns no contexto do Cráton do São Francisco (figura 4.2, anexo I). A Pedreira Amorim lavra um complexo de rochas bastante fraturadas, constituído predominantemente por uma rocha granitoide leucocrática, com intercalações máficas. A análise petrográfica revelou uma rocha de textura granoblástica, granulação fina a média, levemente foliada, constituída por microclina (45%), quartzo (30%), plagioclásio (15%), biotita (7%), hornblenda (1%), granada (1%), mica branca (1%) e minerais opacos, apatita e zircão em percentuais menores do que 1%. A rocha se apresenta maciça, com pouca alteração, sendo petrograficamente denominada biotita metassienogranito com granada (amostra 10R, anexo I). Um ensaio tecnológico realizado pela Pedreira Amorim em uma amostra de rocha britada, no Laboratório de Engenharia Civil, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – CEPED, apresentou os seguintes resultados: • Análise granulométrica – Dimensão máxima: 19 mm; Módulo de finura: 6,61(NBR NM 248); • Ensaio – Massa específica: 2,61 kg/ dm3 (NBR NM 52); Massa unitária: 1,36 kg/dm3 (NBR 7251); Material pulverulento: 1,10% (NBR 7219); Absorção: 0,71% (NBR 9937);
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• Índice de Abrasão Los Angeles: 43,5 (NBR NM 51). Na Pedreira Assunção, um corte no maciço rochoso em fase de pesquisa revela uma rocha de composição granítica, estrutura gnáissica, em lâmina delgada apresentando uma textura lepidoblástica, granulação média a grossa, foliada, de composição sienogranítica e mineralogia aproximada à amostra da Pedreira Amorim, sendo um biotita gnaisse (amostra 03R). A frente de lavra da Pedreira Fortaleza é constituída por uma rocha relativamente homogênea, de composição granítica, pobre em minerais ferromagnesianos e com poucos veios pegmatoides. Uma amostra representativa apresenta uma descrição petrográfica semelhante às anteriormente descritas, com textura lepidoblástica, granulação fina a média, levemente foliada, de composição monzogranítica, definida como biotita gnaisse (amostra 08R), no mesmo contexto geológico da Pedreira Brita Service. A Pedreira Brita Express lavra uma rocha aparentemente isotrópica, de composição granítica, com mineralogia semelhante às das amostras anteriores, textura lepidoblástica, granulação média a grossa, levemente foliada, de composição monzogranítica, classificada como biotita gnaisse (amostra 09R). As descrições petrográficas realizadas caracterizaram as rochas descritas, de um modo geral, como gnaisse cinza, muito coerente, pouco alterado, com estrutura maciça pouco foliada e texturas granoblástica e lepidoblástica, de granulação em geral média, constituída essencialmente de feldspato e quartzo (com extinção ondulante) e, subordinadamente, biotita, epidoto, opacos, clorita e titanita, podendo ser considerado potencialmente inócuo para reação alcalina em concreto. A granulometria da amostra analisada da Pedreira Amorim mostra presença baixa de materiais pulverulentos (1,10%), massa específica e densidade aparente normais, e baixa absorção d’água (0,71%). No teste de resistência mecânica, o resultado do ensaio realizado para abrasão “Los Angeles” está abaixo de 50%, como recomendado.
Rochas e Minerais Industriais
Foto 4.33 - Frente de lavra da Pedreira Amorim, com 12 m de altura. Munic铆pio de Vit贸ria da Conquista.
Foto 4.34 - Abertura de nova frente de lavra na Pedreira Brita Service. Munic铆pio de Vit贸ria da Conquista. 49
Informe de Recursos Minerais
Foto 4.35 - Vista da cava da Pedreira Fortaleza, em fase de reestruturação. Município de Anagé.
Foto 4.36 - Frente de lavra da Pedreira Brita Express, com 20 a 25 m de altura. Município de Vitória da Conquista. 50
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Foto 4.37 - Corte de maciço de rocha gnáissica, em fase de pesquisa, da Pedreira Assunção. Município de Vitória da Conquista.
Mesmo sem dispor de alguns testes de resistência mecânica (compressão e impacto) e medição do índice de forma dos fragmentos, os testes efetuados, conjugados com a apreciação petrográfica, foram suficientes para indicar que essas rochas têm tido aplicação e destinação adequadas, considerando as amostras analisadas.
4.5.5 Perspectivas futuras As perspectivas futuras para a produção de agregados graúdos na região de Vitória da Conquista, consideradas apenas em relação às matérias primas minerais, são favoráveis quanto à disponibilidade dos complexos granitoides e a qualidade do material. A análise do contexto geológico regional revela a possibilidade de existirem outros sítios com rochas do embasamento, nas bordas dissecadas do Planalto de Vitória da Conquista, economicamente lavráveis. Em relação ao mer-
cado consumidor, a expansão urbana regional e a construção das obras de infraestrutura citadas no item 4.5.2, indicam uma demanda crescente de brita nos próximos anos. A inexistência de ocupação urbana próxima das pedreiras, mesmo considerando o povoado de Itaipu, a cerca de 2 km a oeste da Pedreira Brita Express, e uma pequena vila entre as frentes de lavra da Pedreira Amorim e a sua área de beneficiamento, distantes entre si cerca de 6 km, possibilita uma lavra relativamente harmoniosa com a população do município de Vitória da Conquista. A continuidade do aproveitamento das reservas contidas nos maciços rochosos das pedreiras existentes, cuja vida útil ultrapassa 50 anos, depende da adoção de medidas preventivas pelos órgãos gestores e fiscalizadores dessa atividade industrial e pelos mineradores, incluindo:
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a) garantia de extração das reservas legais existentes, bem como a preservação das áreas no entorno das pedreiras, evitando que o crescimento urbano desordenado possa inviabilizar o aproveitamento dos depósitos avaliados. Esse processo acarreta o distanciamento das fontes produtoras e a elevação dos riscos dos empreendimentos mineiros, provocando, consequentemente, o encarecimento dessa matéria prima de fundamental interesse social; b) realização de campanhas conscientizadoras junto às comunidades próximas das mineradoras e à sociedade em geral, sobre a importância da mineração de agregados para a população. A percepção atual é a de uma atividade que causa sérios prejuízos à população, com danos expressivos ao meio ambiente; c) maior fiscalização na construção civil, inclusive das obras públicas, de modo a evitar o uso de materiais inadequados ou de baixa qualidade na construção de moradias e de obras de interesse coletivo;
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d) recuperação adequada das áreas lavradas, com nova configuração topográfica e ambiental, possibilitando o seu aproveitamento futuro e ampliando o apoio social à mineração. Em defesa da mineração de agregados, as empresas enumeraram as seguintes contribuições/preocupações referentes às suas atividades: a) custo alto da energia elétrica, motivando uma das mineradoras a planejar o emprego de geradores próprios; b) excesso de exigências na área ambiental, inclusive na esfera municipal, provocando atrasos na liberação das licenças; c) carga tributária pesada, a exemplo da cobrança do ICMS de 17% sobre o faturamento, sendo esse percentual de 12% em Minas Gerais e 10% em São Paulo; e d) elevado número de relatórios exigidos pelos diversos órgãos de fiscalização.
5. Agregados Minerais para Rochas Itabuna e Minerais-Industriais Ilhéus 5.1 Aspectos socioeconômicos, geográficos e de infraestrutura regionais As cidades de Itabuna e Ilhéus estão localizadas na mesorregião Sul Baiano, microrregião Ilhéus - Itabuna, ligadas pela rodovia asfaltada BR-415 e distantes entre si cerca de 30 km, situadas na bacia hidrográfica do rio Cachoeira (IBGE, 2014a; 2014b). O Arraial de Tabocas surgiu em 1857, se consolidando como principal ponto de passagem de tropeiros que se dirigiam a Vitória da Conquista. Fundado em 1910, o município de Itabuna possui uma área de 432,244 km2, com uma população estimada em 219.000 habitantes (IBGE, 2014a), sendo a quinta cidade em população do Estado da Bahia, distando cerca de 430 km da sua capital. Com um PIB estimado em R$ 2,6 bilhões (IBGE, 2014a), e indicadores IDH-M de 0,712 e Gini de 0,56 (PNUD, 2013), o município de Itabuna apresenta o terceiro índice de desenvolvimento humano do Estado da Bahia. A cidade é um importante entreposto comercial do estado, situado às margens da BR-101 e BR-415, sendo um centro regional de comércio, indústria e serviços, se consolidando como polo médico e, na educação, se destacando como um centro universitário regional (ITABUNA, 2014). O povoado de Ilhéus foi fundado em 1534 e elevado a cidade em 1881, possuindo o município uma área de 1.760,111 km2 e uma população de 182.000 habitantes, sendo a sétima cidade baiana mais populosa (IBGE, 2014b). Apresenta um PIB estimado em R$ 2,2 bilhões e indicadores IDH-M de 0,690 e Gini de 0,58 (PNUD, 2013). Na agricultura, Ilhéus destaca-se como produtor de cacau, recuperando-se da grave crise decorrente da doença conhecida como vassoura de bruxa, com a piaçaba e o dendê ganhando importância. Na área industrial, destaca-se regionalmente por ser um polo de informática e por um distrito industrial onde estão instaladas fábricas para manuseio e transformação do cacau. O seu setor de serviços tem crescido bastante, destacando-se os ligados ao turismo e lazer (ILHÉUS, 2014).
Contando com o Aeroporto Jorge Amado, com voos diários para diversas capitais do país, e o Porto de Ilhéus, com movimento regular de carga/passageiros, a economia de Ilhéus deverá experimentar um novo surto de crescimento econômico com a implantação do Porto Sul, instalado em águas profundas, e a chegada da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - FIOL, ligando o Tocantins ao litoral baiano, e a construção prevista de um novo aeroporto capaz de operar voos internacionais (ILHÉUS, 2014). Em conjunto com o município vizinho de Itabuna, essas duas cidades exercem influência sobre mais de 40 municípios da região, com uma população superior a um milhão de habitantes (WIKIPÉDIA, 2014b; 2014c). Na área estudada, ocorrem os sedimentos cenozoicos e mesozoicos da unidade Planícies Marinhas e Fluviomarinhas (Domínio Depósitos Sedimentares), que inclui os cordões litorâneos, praias, mangues, deltas e a bacia sedimentar do rio Almada; a unidade Tabuleiros Costeiros (Domínio Planaltos Inumados), representada por relevo tabuliforme, desenvolvido sobre depósitos continentais detrítico-sedimentares cenozoicos do Grupo Barreiras, no litoral sul de Ilhéus; a unidade Depressão de Itabuna-Itapetinga (Domínio Depressões Interplanálticas), caracterizada por um modelado de aplanamento evoluído sobre rochas cristalinas, na parte central da área, e a unidade Tabuleiros Pré- Litorâneos (Domínio Planaltos Cristalinos), situada a norte de Ilhéus, composta por morros abaulados constituídos por rochas proterozoicas com espesso manto de alteração (NUNES et al., 1981). As cidades de Itabuna e Ilhéus mostram índices pluviométricos superiores a 2.000 mm anuais, diminuindo gradativamente para o interior. A maior incidência de chuvas ocorre no período de abril a agosto. A temperatura média anual varia de 20 a 28°C e também decresce do litoral para oeste, sendo julho e agosto os meses mais frios. O clima pode ser classificado como tropical superúmido na costa e tropical úmido no interior (ITABUNA, 2014; ILHÉUS, 2014). A vegetação da área é formada por Mata Atlântica, bastante devastada pela extração de madeira e pela agricultura, e uma vegetação litorânea restrita nas praias, cordões litorâneos e
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Informe de Recursos Minerais
desembocaduras de rios, onde predomina a vegetação de mangue.
5.2 Contexto geológico regional A região de Itabuna - Ilhéus localiza-se na parte sudeste do Cráton do São Francisco (figura 4.1) e abarca dois diferentes domínios tectônicos: o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e o Bloco Buerarema-Rio Santaninha, ambos integrantes do embasamento cratônico, além do segmento extremo-sul da Bacia CamamuAlmada. O Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá é um extenso segmento crustal de idade neoarqueana (de 2,5Ga a 2,8Ga), dividido no Cinturão Salvador-Curaçá, ao norte, e no Cinturão Itabuna, ao sul. Este último, ao qual relaciona-se a área ora pesquisada, abrange os complexos Almadina, Ibicuí-Ipiaú e Ibicaraí, além de corpos máficoultramáficos e inúmeras intrusões de rochas plutônicas (figura 5.1). O Complexo Almadina compreende um pacote de rochas supracrustais, definido sobretudo por kinzigitos, calcissilicáticas e quartzitos, que constituem corpos alongados na direção norte-sul encaixados nos representantes do Complexo Ibicaraí. No extremo oeste da área ocorrem ortognaisses de composição granítica a tonalítica do Complexo IbicuíIpiaú e no restante predominam rochas plutônicas na fácies granulito alojadas no Complexo Ibicaraí.
A Bacia Camamu-Almada, cuja implantação relaciona-se à fragmentação do supercontinente Gondwana, está representada, no extremo nordeste da área, por rochas sedimentares de idade juro-cretácica, depositadas no intervalo entre 165 e 60 milhões de anos atrás, pertencentes aos grupos Brotas, Espírito Santo e Almada (figura 5.1). Finalmente, recobrindo o setor oriental da área, aparece um extenso pacote de arenitos imaturos com intercalações argilosas e conglomeráticas inserido no Grupo Barreiras (figura 5.1), cuja sedimentação teve lugar no Neógeno, há menos de 23 milhões de anos. A essa pilha sedimentar associam-se as ocorrências de areia e arenoso catalogadas neste trabalho, distribuídas também nos depósitos aluvionares dos rios da região.
5.3 Principais fontes de agregado miúdo (areia) As principais fontes de agregado miúdo para abastecimento das cidades de Itabuna e Ilhéus são os sedimentos costeiros do Grupo Barreiras, a sul de Ilhéus, e as areias aluvionares da bacia do rio Colônia, a W/SW de Itabuna.
5.3.1 Depósitos sedimentares costeiros do Grupo Barreiras 5.3.1.1 Características gerais • Distribuição
Em direção ao litoral configura-se uma cunha embutida tectonicamente nos litotipos do Complexo Ibicaraí, constituída principalmente por ortognaisses metamorfisados no médio grau pertencentes ao Complexo Buerarema (figura 5.1). A esse conjunto dá-se o nome de Bloco Buerarema-Rio Santaninha, o qual, juntamente às rochas granulíticas do Complexo São José, representa uma seção crustal de idade riaciana (2,05Ga a 2,3Ga), acrescida à crosta arqueana. A observação da figura 5.1 mostra uma série de corpos plutônicos intrusivos, concentrados no eon proterozoico, tais como o Sienito de Anuri, rochas granitoides sin a tardi-tectônicas (corpos de Pau Brasil e Itagibá, por exemplo) e a Suíte Alcalina Itabuna-Floresta Azul.
54
Esses depósitos são camadas de areia intercaladas no pacote sedimentar areno-argiloso do chamado Grupo Barreiras, com ampla distribuição geográfica na faixa costeira a sul da cidade de Ilhéus, onde chega a apresentar 20 km de largura, e uma exposição menor e mais esparsa na área litorânea a norte (mapa geológico simplificado-anexo II). Na zona costeira a sul de Ilhéus, a espessura do pacote sedimentar do Grupo Barreiras chega a 130 m (cotas 0 a 130 m, acima do nível do mar). Nessa faixa foram verificados expressivos depósitos horizontalizados de areia situados próximos das cotas 40 m e 80 m. Na cota 80 m, o pacote de areia apresenta notável con-
%
%
11
$ +
Santa Cruz
$ + da Vitória
Floresta Azul
5
"
$
Itaju$do Colônia "
"
$ + Ibicaraí
"
$
"
%
"
6
%
39°30'
"
$
"
$ "
Itapé
$ +
"
12
$
$
"
39°45'
4
$ +
BR-415
$
È !
Grupo Barreiras
2
Grupos Brotas, Espírito Santo e Almada
4
Complexo Buerarema
9
Corpos Máfico-ultramáficos
ARQUEANO/PROTEROZOICO
8
Complexo São José
Sienito Anuri
6 7
Granitoides das regiões de Ibirapitanga, Pau Brasil e Itagibá
5
São José
39°15'
2
10
Escala 15 km
Complexo Ibicaraí
Complexo Almadina
0 2,5 5
12
11
8
3
BR-415
Complexo Ibicuí-Ipiaú
ARQUEANO 10
Itabuna
Buerarema
$ + da Vitória
$ +
7
$ +
4
39°15'
Figura 5.1 - Contexto geológico simplificado da região de Itabuna - Ilhéus
Suíte Alcalina Itabuna-Floresta Azul
PROTEROZOICO
3
MESOZOICO
Depósitos Quaternários
1
CENOZOICO
LEGENDA
5
"
$ + Itajuípe
Lomanto Júnior
$ + Governador
5
$
Fonte: Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia (SOUZA et al., 2003, modificado)
5
$ +
Firmino Alves
10
Ibicuí
12
$ +
Almadina
39°30'
$
15°10' 40°00'
15°00'
$ +
9
11
39°45'
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14°45'
BR-4 15
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Estrada
Cidade
Falha
Rio
15°00'
14°45'
15°10' 39°00'
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Convenções
$ +
Ilhéus
39°00' 14°40'
Informe de Recursos Minerais
tinuidade, com espessuras em torno de 10 m, deixando indicativos superficiais ao longo dessa cota, numa ampla área com cerca de 10 km de largura, estendendo-se por, pelo menos, 15 km ao longo da faixa costeira, desde 8 km a sul de Ilhéus até cerca de 10 km a sul da vila de Olivença.
As areias costeiras da região de Olivença são utilizadas em concreto e em argamassas (misturadas com material mais argiloso). Mais recentemente, têm sido adequadamente substituídas ou misturadas com areia grossa de rios (aluvionares), para preparo de concreto estrutural.
Uma outra camada arenosa foi verificada no campo, menos explorada do que a anterior, situada na cota 40 m, também com aproximadamente 10 m de espessura medida em frentes de extração, apresentando menor continuidade visível.
• Reservas
Em 2013 foram visitados e amostrados os principais areais em produção, listados no quadro 5.1 e locados no mapa geológico simplificado – anexo II: Areal Guanabara, do Gil, do Nino, dos Cabeludos, Jurumeira e Chame Areal (fotos 5.1 e 5.2). • Tipologia
Estima-se que as reservas recuperáveis para este tipo de areia possam ultrapassar a 20 milhões de t na área, considerando as camadas das cotas próximas de 40 m e 80 m, no trecho costeiro de 15 km, onde foram localizados os depósitos em produção. A partir do mapa topográfico da folha SD.24-Y-B-VI Itabuna, na escala 1:100.000 (SUDENE, 1977), mediu-se nessa área cerca de 60 km da curva de nível 80 m e aproximadamente 30 km da curva de 40 m.
As camadas de areias fazem parte da cobertura sedimentar areno-argilosa, horizontalizada, mais recente do Grupo Barreiras, datado do Cenozoico, comum no litoral da Bahia e em parte do Nordeste do Brasil. Na região de Ilhéus, particularmente, ocorrem essas duas intercalações arenosas citadas, nas cotas 80 m e 40 m, mais puras, de cores claras, estratificadas e com estruturas indicativas de sua origem fluvial.
Considerando o perfil triangular transversal típico das frentes de lavra visitadas (fotos 5.3 e 5.4), com áreas médias de 750 m² (10 m de altura x 150 m de largura horizontal), chegase ao volume total de 67,5 milhões de m3 (90 mil m x 750 m²) ou cerca de 100 milhões de t de areia. Considerando as restrições ao aproveitamento total dessa reserva potencial (restrições ambientais, conflitos de propriedade superficial, lavra predatória, etc.) e admitindo-se uma recuperação de apenas 20% deste total, obtém-se o valor estimado de 20 milhões de t.
• Produção e comercialização
• Qualidade e aplicações
Os depósitos visitados estavam em atividade em 2013, estimando-se uma produção total da ordem de 450 mil t naquele ano, vendida a um preço de R$ 15,00 a R$ 35,00/m3 na jazida, a distâncias que variam de 10 a 20 km de Ilhéus, mais 35 km para Itabuna. O frete para Itabuna custa R$ 250,00/caçamba de 15 m3, enquanto para Ilhéus é cobrado R$ 150,00. Estima-se que cada cidade consuma aproximadamente metade desta produção.
As descrições de campo, análises mineralométricas em lupa binocular, análises químicas (quadros 5.2 e 5.3) e granulométricas (quadro 5.4) caracterizaram as areias sedimentares do Grupo Barreiras (sumário no quadro 5.1). As areias são claras, de aspecto homogêneo, com granulometria variando de média a boa (módulo de finura - MF de 1,2 a 2,3), sem fração >4,8 mm e com moderada fração <0,15 mm. Nelas predominam, tanto na amostra total quanto na fração <0,15 mm, grãos sub-arredondados de quartzo (SiO2>90%), com muito pouca argila ou outras impurezas (Al2O3<1%), teores relativamente baixos de Fe2O3 e significativamente altos de TiO2 (presença de óxidos de Ti, mais abundante na fra-
A maioria desses areais que produz areia também fornece agregado areno-argiloso (arenoso), extraído de outras frentes de lavra próximas, destinado principalmente para a cidade de Ilhéus.
56
Rochas e Minerais Industriais
Resultado em amarelo, se: Notas: 1. Ar = areia; Arn = arenoso 2. Cota medida por GPS modelo Garmin 72 3. MF = módulo de finura; %>4,8 = fração retida em peneira de 4,8mm; %<0,15 = fração passante em peneira de 0,15mm; 4. Mineralogia aproximada: Qz= quartzo; Fm=silicato ferromagnesiano; mi=mica; Fd= feldspato; Ft= hidróxidos de Fe e Ti; Arg= argila; Ou= outros; 5. % arg = percentagem aproximada de argila; 6. Sais solúveis = cloetos + sulfatos
Quadro 5.1 - Identificação, localização e sumário dos resultados de análises de amostras de areia/cascalho e arenoso do Grupo Barreiras, rios e elúvio da região de Itabuna-Ilhéus
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Informe de Recursos Minerais
Foto 5.1 - Frente de lavra do Areal do Gil, na cota de referência 80 m. Município de Ilhéus.
Foto 5.2 - Frente de lavra Monte Alegre, do Areal Guanabara, na cota de referência 40 m. Município de Ilhéus. 58
Rochas e Minerais Industriais
ção mais fina). A presença de sais solúveis situa-se dentro das especificações de uso.
espessura de 2 m, onde foi coletada a amostra 42Ar(a).
Essas areias são adequadas para a composição de concreto simples, sendo um pouco finas para concreto estrutural. Elas são adequadamente usadas em argamassas de assentamento e revestimento, misturadas com material mais argiloso (arenoso).
No depósito denominado Monte Alegre, foram coletadas duas amostras num pacote de 8 m de espessura de areia, na cota de referência 40 m, com MF variando de 1,7 a 1,8 (amostras 43Ar(a) no topo e 43Ar(b) na parte intermediária, foto 5.2), enquanto na frente de lavra do depósito Guanabara, as camadas de areia estão distribuídas na cota 80 m, apresentando uma granulometria muito fina, MF=1,5 (amostra 44Ar, foto 5.4). Ao lado, uma cava com aproximadamente 80 m de largura e espessura do pacote arenoso de 8 a 10 m, extrai uma areia medianamente fina, na faixa mais grossa, MF=2,2 (amostra 45Ar, foto 5.6).
• Perspectivas futuras As areias sedimentares costeiras do Grupo Barreiras constituem grandes reservas aproveitáveis, mesmo considerando eventuais restrições ambientais e conflitos de uso da terra. Elas estão bem situadas em relação a Ilhéus e Itabuna, com baixo custo de produção, podendo ser oferecidas a baixo preço ao mercado consumidor. Elas podem ser usadas in natura para concreto simples, misturadas com areias aluvionares para concreto estrutural ou misturadas com material mais argiloso, para dosar melhor a proporção desejada de areia/argila em argamassas de assentamento e revestimento. As areias sedimentares do Grupo Barreiras devem continuar sendo o agregado miúdo mais usado na região de Itabuna-Ilhéus, nos próximos anos.
5.3.1.2 Principais depósitos associados ao Grupo Barreiras • Areal Guanabara Localizado a cerca de 2 km a NW da cidade de Olivença, próximo da estrada asfaltada BA-001, esse areal apresenta depósitos de areia de granulometria variada, com a lavra realizada em três anfiteatros em forma de ferradura, com larguras variando de 50 a 100 m e espessura média de areia de 8 a 10 m, denominados localmente de Pixixica, Monte Alegre e Guanabara. Na parte mais alta do jazimento, na cota de referência 80 m, o depósito Pixixica está sendo preparado para início de lavra (foto 5.5), apresentando uma camada de areia de granulação muito fina na base (amostra 42Ar(b), MF=1,4), com cerca de 6 m de espessura, capeada por uma areia mais fina (MF=1,2), com
As análises mineralométricas das amostras 43Ar(a), 43Ar(b) e 45Ar mostram a mesma composição mineralógica constituída de quartzo (hialino e leitoso), apatita, magnetita, hematita, zircão, turmalina, titanita, rutilo e monazita, compondo uma areia de coloração cinza clara, moderada a bem selecionada, com maturidade mineralógica e textural. Os grãos de quartzo se apresentam predominantemente subangulosos a subarredondados, com esfericidade moderada a alta. Não se observa a presença de matéria orgânica no material analisado, que exibe pouca a nenhuma argila aderida aos grãos de quartzo. Apenas na primeira amostra, coletada em superfície, são encontrados fragmentos de seixos líticos (quartzito), com mais de 40 mm de tamanho, e de quartzo com até 20 mm. A produção estimada de areia é de 12.000 m3/mês, vendida meio a meio para Ilhéus e Itabuna, ao preço de R$ 35,00/m3, independentemente de granulometria, com o frete de R$ 150,00 para a primeira e R$ 250,00 para a segunda, em caçamba de 15 m3. A mineração Guanabara possui ainda amplas áreas de areia, em fase de pesquisa, no entorno dos depósitos visitados, não tendo preocupações maiores quanto às suas reservas. • Areal do Gil Cerca de 2 km a sul da cidade de Olivença, na estrada BA-001, está localizada a entrada para os areais do Gil e do Nino. O primeiro,
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Informe de Recursos Minerais
Foto 5.3 - Perfil triangular transversal da frente de lavra Bela Vista, do Areal do Nino. Município de Ilhéus.
Foto 5.4 - Frente de lavra Guanabara, do Areal Guanabara. Município de Ilhéus. 60
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº 42 Ar 42 Ar 43 Ar 43 Ar 44 Ar 45 Ar 46 Ar 47 Ar 48 Ar 52 Ar 52 Ar 53 Ar 54 Ar 55 Ar 55 Ar 56 Ar 49 Ar 50 Ar 51 Ar 57Ar 58Ar 05 06 07 08 09
(a) (b) (a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
Arn Arn Arn Arn Arn
Resultados em % e em ppm para Cl e SO4 CaO MgO Na2O K2O Fe2O3 TiO2
Cl
SO4
Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal do Gil Areal do Nino Areal do Nino Areal dos Cabeludos Areal dos Cabeludos Areal Jurumeira Chame Areal Chame Areal Chame Areal Faz. Monte Belo Rio Colonia Rio Salgado Rio Salgado Rio de Contas Rio de Contas
96,4 97,6 >98 >98 97,9 >98 >98 >98 >98 97,3 >98 97,6 >98 >98 >98 98,2 93,6 92,8 93,1 92,8 95,3
0,31 0,01 0,26 0,01 0,21 0,02 0,22 0,01 0,24 0,01 0,18 0,02 0,19 0,03 0,19 0,01 0,21 0,02 0,24 0,13 0,19 0,02 0,26 0,01 0,21 0,01 0,22 0,01 0,15 <0.01 0,2 <0,01 2,48 0,3 3,28 0,47 3,3 0,42 2,07 0,16 2,38 <0,01
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0,1 <0.1 <0.1 <0.1 <0,1 <0,1
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0,1 0,52 0,78 0,76 0,4 <0,1
<0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 0,01 0,76 0,78 0,73 0,71 0,26
1,37 1,25 0,65 0,72 0,66 0,55 0,56 0,54 0,48 0,73 0,64 0,56 0,8 0,6 0,73 1,38 1,55 1,16 1,23 2,96 1,13
1,2 1 0,26 0,59 0,34 0,27 0,39 0,15 0,1 0,37 0,35 0,36 0,13 0,46 0,22 0,3 0,71 0,14 0,28 0,14 0,75
<20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 20 196 <20 195 <20 <20 118
<300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 <300 6990 300 <300 <300 240 1830
Areal Guanabara Areal Guanabara Areal do Nino Ilhéus-Olivença Pedreira 2 Irmãos
90 77,4 83,8 91,7 60,7
4,11 15,7 8,29 3,05 22,2
0,02 0,01 1,65 0,02 0,07
<0.1 <0.1 0,4 <0.1 0,31
<0.1 <0.01 <0.1 0,03 2,37 0,99 <0.1 <0.01 0,14 0,85
2,56 0,92 1,93 1,93 5,69
1,16 0,86 0,31 1,48 0,53
<20 213 <20 87 <20
300 600 <300 <300 3150
>4
>1
>1
>1
>5
Resultado em em amarelo, Resultado amarelo,se: se:
SiO2 Al2O3
<90
>1
>0,5 >1000 >1000
Nota: 1. Resultado de S convertido em SO4
Quadro 5.2 - Análises químicas de amostras de areia/cascalho e arenoso do Grupo Barreiras, rios e elúvio (amostra total), da região de Itabuna - Ilhéus
no topo do Grupo Barreiras, na cota de referência de 80m, apresenta uma cava de forma circular com cerca de 100 m de diâmetro, com uma frente de lavra com 12 m de altura, constituída de areia medianamente fina, MF=1,9 (amostra 46Ar, foto 5.1). A produção média diária de areia era de 15 a 20 caçambas de 15 m3, em abril de 2013, destinada 70% para Itabuna e 30% para Ilhéus. O preço da caçamba de areia era de R$ 250,00
acrescido do frete de R$ 200,00 para Ilhéus (35 km) ou R$ 250,00 para Itabuna (65 km). • Areal do Nino Esse areal, localizado a cerca de 1 km a N do Areal do Gil, apresenta duas frentes de lavra mais expressivas nos depósitos Bela Vista e Aliança, ambas na cota de referência de 80 m. Na primeira se lavra um pacote de areia com 6 a 8 m de espessura (amostra 47Ar, foto 5.7),
61
Informe de Recursos Minerais
Nº
Amostra Localização
42 Ar (a) 42 Ar (b) 43 Ar (a) 43 Ar (b) 44 Ar 45 Ar 46 Ar 47 Ar 48 Ar 52 Ar (a) 52 Ar (b) 53 Ar 54 Ar 55 Ar (a) 55 Ar (b) 56 Ar 49 Ar 50 Ar 51 Ar 57 Ar 58 Ar
Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal do Gil Areal do Nino Areal do Nino Areal dos Cabeludos Areal dos Cabeludos Areal Jurumeira Chame Areal Chame Areal Chame Areal Faz. Monte Belo Rio Colonia Rio Salgado Rio Salgado Rio de Contas Rio de Contas
21,48 21,09 11,7 13,67 8,63 3,94 6,84 9,47 2,81 12,9 2,54 10,99 4,89 11,01 2,57 14,69 0,89 0,5 0,83 2,46 2,43
94,8 92,1 95,3 94,7 95,4 94,5 93,3 96,5 95,5 96,1 90,5 94,9 92,5 95,2 93 94,5 63,9 72,4 68,5 88,2 88
0,66 0,04 0,58 0,02 0,5 0,03 0,54 0,03 0,8 0,02 0,55 0,02 0,69 0,03 0,62 0,02 0,76 0,04 0,7 0,02 0,82 0,05 0,73 0,02 0,65 0,02 0,58 0,02 0,72 0,03 0,42 <0,01 8,36 1,47 10,2 1,86 8,56 1,5 3,04 0,48 3,42 0,64
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0,1 0,67 0,7 0,61 0,28 0,36
<0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0.1 <0,1 1,91 2,34 1,96 0,56 0,51
0,01 0,01 <0.01 <0.01 0,02 <0.01 <0.01 <0.01 0,01 <0.01 0,03 0,02 0,01 <0.01 <0.01 <0,01 1,61 1,53 1,23 0,68 0,66
1,84 1,64 1,14 1,65 1,82 2,43 2,73 1,34 4,05 1 4,18 1,19 2,75 1,18 3,5 1,14 13,5 8,77 10,3 3,86 3,72
3,22 3,31 1,56 2,92 2,03 2,25 3,59 0,98 1,22 1,61 4,91 1,72 1,82 2,33 3,58 1,13 8,78 2,81 6,74 2,43 1,79
05 Arn 06 Arn 07 Arn
Areal Guanabara Areal Guanabara Areal do Nino
10,96 20,27 0,48
77,7 61,6 I.S.
8,75 23,2 I.S.
0,02 0,02 I.S.
<0.1 <0.1 I.S.
<0.1 <0.1 I.S.
0,02 0,08 I.S.
4,94 1,63 I.S.
3,52 2,41 I.S.
08 Arn 09 Arn
Ilhéus-Olivença Pedreira 2 Irmãos
8,15 15,89
77,2 48,1
6,46 30,4
0,02 0,06
0,11 0,43
<0.1 <0,1
0,02 1,52
4,93 6,04
6,45 0,66
>4
>1
>1
>1
>1
>5
Resultado em Resultado emamarelo, amarelo,se: se:
%<0,15mm SiO2 Al2O3
>5
<90
Resultados em % CaO MgO Na2O
K2O
Fe2O3 TiO2
>0,5
N
Notas: 1. % <0,15mm = fração passante na peneira <0,15mm 2. I.S. = amostra insuficiente Quadro 5.3 - Análises químicas de amostras de areia/cascalho e arenoso do Grupo Barreiras, rios e elúvio (fração <0,15mm), da região de Itabuna - Ilhéus
numa cava em forma de ferradura com aproximadamente 100 m de largura. A frente de lavra do depósito Aliança se desenvolve numa cava de forma oval, com cerca de 100 m de largura por 200 m de comprimento, com um pacote de areia com espessura média de 3 a 4 m e MF= 1,8 (amostra 48Ar, foto 5.8).
62
Nas duas frentes, a produção é de cerca de 300 caçambas de areia (15 m3) por mês, vendida 80% para Itabuna e 20% para Ilhéus, com preços iguais aos cobrados pelo Areal do Gil. Nas áreas mineradas foram relatadas violências decorrentes da presença indígena, com invasão de propriedades e obstrução de
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº 42 42 43 43 44 45 46 47 48 52 52 53 54 55 55 56 49 50 51 57 58
Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar Ar
(a) (b) (a) (b)
05 06 07 08 09
Arn Arn Arn Arn Arn
(a) (b)
(a) (b)
>4,8
>2,4
Abertura em mm; resultados em % >1,2 >0,6 >0,3 >0,15 <0,15
MF
Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal Guanabara Areal do Gil Areal do Nino Areal do Nino Areal dos Cabeludos Areal dos Cabeludos Areal Jurumeira Chame Areal Chame Areal Chame Areal Faz. Monte Belo Rio Colonia Rio Salgado Rio Salgado Rio de Contas Rio de Contas
0,00 0,00 0,00 3,61 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,09 5,13 0,50 2,04 4,08
0,51 0,50 0,51 2,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,03 8,21 0,50 2,55 4,08
1,53 2,50 1,53 5,67 0,50 6,25 2,59 0,53 0,53 0,51 2,04 1,08 1,57 0,00 1,03 0,52 3,09 23,08 5,03 12,24 11,73
4,08 9,00 12,76 15,98 7,04 28,13 18,65 4,21 3,68 3,59 37,76 2,70 13,09 2,11 46,39 4,69 21,13 30,77 33,17 35,71 22,96
19,90 24,00 50,00 35,57 44,72 46,88 46,11 54,21 70,53 49,23 49,49 24,86 68,06 46,32 37,63 45,83 62,89 29,74 52,26 38,27 39,29
57,65 51,00 25,00 25,26 40,70 14,58 27,46 33,68 22,63 37,44 8,16 61,08 14,66 46,32 12,89 43,23 7,22 2,56 8,04 9,18 17,35
16,33 13,00 10,20 11,86 7,04 4,17 5,18 7,37 2,63 9,23 2,55 10,27 2,62 5,26 2,06 5,73 1,55 0,51 0,50 0,00 0,51
1,2 1,4 1,7 1,8 1,5 2,2 1,9 1,6 1,8 1,5 2,3 1,2 2,0 1,5 2,3 1,5 2,2 3,0 2,4 2,6 2,4
Areal Guanabara Areal Guanabara Areal do Nino Ilhéus-Olivença Pedreira 2 Irmãos
0,00 1,20 0,00 1,00 3,57
0,50 1,20 0,00 1,00 2,38
0,50 0,60 0,00 0,50 2,38
32,66 3,61 9,60 40,00 44,05
45,23 30,12 55,56 27,00 29,76
13,07 54,22 31,31 22,50 16,67
8,04 9,04 3,54 8,00 1,19
2,1 1,4 1,7 2,1 2,4
Nota: 1. % <0,15mm = fração passante na peneira <0,15mm Quadro 5.4 - Análises granulométricas e módulo de finura de amostras de areia/cascalho e arenoso do Grupo Barreiras, rios e elúvio, da região de Itabuna - Ilhéus
estradas, dificultando a lavra e o livre trânsito das caçambas que transportam areia. • Areal dos Cabeludos Também conhecido como Areal Bela Vista, esse areal possui uma cava de forma circular com 40 m de diâmetro, com um pacote de areia com cerca de 8 m de espessura, tendo na sua metade inferior uma areia com MF=2,3 (amostra 52Ar(b)) e na metade superior uma areia muito fina, com MF=1,5 (amostra 52Ar(a), foto 5.9). Em fase de licenciamento, o areal estava paralisado na época da visita (abril de 2013).
• Areal Jurumeira Próximo da fazenda Jurumeira, o areal de mesmo nome apresenta uma cava circular, com cerca de 40 m de diâmetro, com uma espessura exposta de 1 m de areia na cota de referência de 80 m, tendo granulometria muito fina, MF=1,2 (amostra 53Ar), com lavra paralisada em abril de 2013 (foto 5.10). • Areal Chame Areal Esse areal, conhecido pelo nome de Chame Areal ou Areal do Danilo, está localizado no topo da sequência sedimentar do Grupo
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Informe de Recursos Minerais
Foto 5.5 - Depósito Pixixica, ainda não lavrado, do Areal Guanabra. Município de Ilhéus.
Foto 5.6 - Cava no depósito Guanabra, do Areal Guanabara. Município de Ilhéus. 64
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Barreiras, com duas frentes de lavra distribuídas em morros que apresentam cotas máximas em torno de 90 m (foto 5.11). A primeira cava visitada, de forma circular com cerca de 100 m de diâmetro, apresenta um pacote de areia com 5 m de espessura, com uma granulação medianamente fina, MF=2 (amostra 54Ar). Uma segunda frente, localizada numa cava alongada com 40 m de largura e comprimento de aproximadamente 200 m, lavra um pacote de areia com cerca de 10 a 12 m de espessura, com uma camada de areia de 8 a 10 m na base, módulo de finura ótimo, MF=2,3, amostra 55Ar(b), capeada por uma areia muito fina, MF=1,5, amostra 55Ar(a), com 2 m de espessura (foto 5.12). A produção informada é de 15 a 20 caçambas de 15 m3 por dia, vendida na proporção de um terço para Ilhéus e dois terços para Itabuna, com preços de R$ 500,00/caçamba para a primeira cidade e R$ 600,00 para a segunda, através de frota própria.
5.3.2 Depósitos aluvionares de leito ativo de rios e riachos
• Tipologia Esses depósitos aluvionares preenchem a calha do leito ativo dos rios, com maior aporte de detritos na estação chuvosa. O maior acúmulo arenoso ocorre nos seus trechos medianos, com a redução do gradiente topográfico. A mineralogia dos detritos reflete a natureza das formações geológicas atravessadas, constituídas principalmente por gnaisses, granulitos e rochas granitoides (anexo II). • Produção e comercialização As areias aluvionares têm sido retiradas principalmente dos rios Colônia e Salgado, estimando-se, com base nos três areais visitados, uma produção anual da ordem de 150 mil t em 2013. Cerca de 80% desse total é destinada para Itabuna e o restante para as cidades próximas. A lavra no rio Colônia é mais organizada, operada pela Mineração M.B.Britto, sendo a areia retirada do leito do rio por uma draga e depositada em sua margem, de onde são carregadas as caçambas por retroescavadeira (foto 5.13). A areia é comercializada a R$ 20,00/m3 no local, acrescido do frete de R$ 250,00/caçamba de 15 m3, até Itabuna (abril de 2013).
5.3.2.1 Características gerais • Distribuição Expressivos depósitos aluvionares foram visitados a W/SW de Itabuna, nas bacias do rio Colônia e do seu afluente pela margem esquerda, o rio Salgado. O rio Colônia é a denominação que recebe o rio Cachoeira (que atravessa Itabuna e Ilhéus), a montante da cidade de Itapé, passando mais a SW por Itaju do Colônia (mapa geológico simplificado – anexo II). Em 2013, estava em construção a barragem de Barra da Estiva, cerca de 8 km a SW de Itapé, que deverá represar água até aproximadamente 25 km a montante. O rio Salgado passa por Floresta Azul e Ibicaraí, desaguando no rio Colônia pouco a montante de Itapé. Dois depósitos no rio Salgado, a W de Ibicaraí, e um depósito no rio Colônia, cerca de 15 km a montante da represa, foram descritos. Esses depósitos distam 70 km e 40 km, respectivamente, de Itabuna (quadro 5.1).
A retirada de areia do rio Salgado é muito rudimentar, com agressão às margens do rio observada na fazenda Monte Alegre (foto 5.14). O carregamento é feito por pás pelo comprador, que paga R$ 200,00 por caçamba ao proprietário. O frete cobrado ao consumidor até Itabuna é de R$ 400,00. • Reservas Os depósitos visitados apresentam uma largura média de 10 m, com 2 m de profundidade de areia e extensões somadas que podem ultrapassar 20 km, não considerando a futura área de inundação da barragem de Barra da Estiva. A reserva contida nessas calhas aluvionares chega a cerca de 400 mil m³ ou 600 mil t (20.000 m x 10 m x 2 m x 1.5 t/m 3). Para uma reposição anual estimada em torno de 50%, admite-se a possibilidade de uma produção anual sustentável de 300 mil t de areia, satisfatória para abastecer o mercado de Itabuna e Ilhéus.
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Foto 5.7 - Frente de lavra do depósito Bela Vista, do Areal do Nino. Município de Ilhéus.
Foto 5.8 - Frente de lavra do depósito Aliança, do Areal do Nino. Município de Ilhéus. 66
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Outras possíveis extensões aluvionares não visitadas, na mesma bacia hidrográfica, poderão aumentar a capacidade de suprimento dessas areias.
A Pedreira União planejava, em 2013, fabricar areia de brita em seu processo produtivo de agregado graúdo, prevendo um mercado promissor para esse insumo no futuro próximo (item 5.5.2).
• Qualidade e aplicações As areias aluvionares são mais grossas do que aquelas do Grupo Barreiras, com MF entre 2,1 a 2,6 (quadro 5.1), apresentando pequenas frações >4,8 e <0,15 mm. Análises químicas (quadros 5.2 e 5.3) evidenciam forte predominância de quartzo (SiO2>92%), em grãos sub-arredondados, com alguma argila e/ ou feldspato (até 8%, indicados pelos teores de Al2O3 e álcalis), na amostra total. Na fração <0,15 mm são mais abundantes as argilas, feldspato, hidróxidos de Fe/Ti e CaO maior que 1,5%, devido à presença frequente de conchas espiraladas de água doce. A participação de sais solúveis está dentro das especificações de uso. As areias aluvionares, pela sua distribuição granulométrica, módulo de finura e forte predominância de quartzo, com poucas impurezas, são preferidas e adequadamente usadas para a produção de concreto estrutural, puras ou misturadas às areias do Grupo Barreiras. • Perspectivas futuras Além do rio Colônia devem ser consideradas as possibilidades de areia aluvionar aproveitável nas bacias do rio Almada (a montante de Itajuípe, cerca de 16 km a NW de Itabuna), do rio Maluco ou Robalo (que passa por Buerarema, cerca de 16 km a S de Itabuna) e, mais remotamente, do rio Pardo (a montante da BR-101, cerca de 70 km a S de Itabuna) e do rio de Contas (cerca de 60 km a N de Itabuna), ambos fora da área do anexo I. Foram coletadas e analisadas duas amostras do rio de Contas (quadro 5.1). As areias aluvionares não competem em preço com as do Grupo Barreiras, mas serão sempre necessárias para melhorar a granulometria do agregado miúdo composto para concreto estrutural. A sua extração deve ser realizada na calha do leito ativo dos rios, preservando as suas margens.
5.4 Principais fontes de agregado areno-argiloso (arenoso) As principais fontes de arenoso para a região de Itabuna-Ilhéus são os sedimentos costeiros do Grupo Barreiras, a sul da cidade de Ilhéus, e o substrato rochoso intemperizado, de natureza diversa, próximo a essas cidades. O arenoso, sendo um material usado em argamassas de assentamento e revestimento, sem especificações mais rigorosas, em geral é escolhido pela proporção areia/argila, a depender da aplicação, e pela oferta de menor preço, determinada pela proximidade da fonte fornecedora.
5.4.1 Depósitos costeiros associados ao Grupo Barreiras Juntamente com as camadas arenosas descritas em 5.3.1, o pacote sedimentar do Grupo Barreiras a sul de Ilhéus, com até 130 m de espessura exposta, é ainda uma fonte inesgotável de estratos areno-argilosos, de granulometria e composição areia/argila as mais variadas. Também tem sido utilizado como arenoso os sedimentos da faixa litorânea mais baixa, no sopé das camadas do Grupo Barreiras. A norte de Ilhéus, sedimentos do Grupo Barreiras capeando granulitos intemperizados ocorrem em reservas preservadas da Mata Atlântica, não tendo sido considerados neste trabalho. Os mesmos fornecedores de areia visitados são também fornecedores de arenoso, sendo selecionadas camadas de composição variada, segundo a preferência dos consumidores. Nos quadros 5.1, 5.2, 5.3 e 5.4 são apresentadas análises químicas e granulométricas de cinco depósitos amostrados, dentre a rica variedade existente. São camadas de sedimentos areno-argilosos semi-horizontais, com boa continuidade lateral e significativas variações no sentido vertical.
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Foto 5.9 - Frente de lavra do Areal dos Cabeludos, município de Ilhéus.
Foto 5.10 - Areal Jurumeira, com lavra paralisada. Município de Ilhéus.
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Foto 5.11 - Vista das duas frentes de lavra do Areal Chame Areal. Município de Ilhéus.
Foto 5.12 - Cava principal, de forma alongada, do Areal Chame Areal. Município de Ilhéus. 69
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No Areal Guanabara tanto se pode lavrar um arenoso de coloração avermelhada, em um pacote com cerca de 2 m de espessura (amostra 05Arn, foto 5.15), como um arenoso rico em caulim (amostra 06Arn, foto 5.16), vendido por R$ 40,00/m3. Verifica-se nas amostras coletadas uma proporção aproximada de argila (caulinita) variando de 8 a 40% (aumento de Al2O3 e redução do SiO2). Na fração <0,15mm mantém-se a proporção de argila (0,5 a 20%). São relativamente baixos os teores de Fe e altos os de Ti. A lavra é feita como nos areais, com auxílio de pás e retro escavadeiras. As reservas e variedades são praticamente inesgotáveis e a qualidade do arenoso é adequada para as aplicações usuais (argamassas de revestimento e assentamento). Na realidade, a mineração regular de arenosos do Grupo Barreiras tem sido prejudicada pela disponibilidade de fontes informais, abundantes e de menor custo, não havendo uma estimativa segura do seu consumo (amostra 08Arn, foto 5.17). Para o futuro, acredita-se no aumento substancial do seu aproveitamento legalizado.
5.4.2 Depósitos associados ao substrato rochoso intemperizado Como alternativa local mais barata, são usados como arenoso os produtos da decomposição das rochas que circundam as duas cidades. São gnaisses e granulitos, com um amplo batólito alcalino (sienitos, monzonitos, etc.), entre as duas cidades. O manto intemperizado dessas formações rochosas é relativamente espesso e quartzo- argiloso, como verificado na Pedreira Dois Irmãos (foto 5.18, amostra 09Arn). A extração do arenoso é realizada a baixo custo e de maneira informal, de terras na periferia dos centros urbanos. Quando muito argiloso, esse material é misturado com arenoso ou areia fina do Grupo Barreiras para adequá-lo ao uso. A soma das reservas desses pequenos depósitos informais é suficiente para muitos anos de uso. Devido à sua grande variedade e caráter pontual da sua lavra, não foram retiradas amostras desses depósitos.
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5.5 Principais fontes de agregado graúdo (brita) A existência de complexos rochosos aflorantes próximos da cidade de Itabuna e, em menor quantidade, na estrada para Ilhéus (BR415), constitui uma garantia de grandes reservas de rochas para a produção de agregados graúdos.
5.5.1 Localização e domínio geológico O abastecimento de agregado graúdo para a região de Itabuna-Ilhéus foi avaliado a partir de 03 (três) pedreiras visitadas pelo projeto: União, Chame Pedreira e Dois Irmãos. A primeira, localizada cerca de 10 km a SW de Itabuna, na margem da estrada BR-415 (trecho ItabunaIbicaraí), enquanto a segunda situa-se aproximadamente 5 km a S de Itabuna, próxima da BR101 (trecho Itabuna - Buerarema), e a Pedreira Dois Irmãos, na entrada de Ilhéus, pela BR-415. A Pedreira União está inserida no Complexo Ibicaraí, do Mesoarqueano, representado por rochas plutônicas na fácies granulito, próxima do contato com a Suíte Alcalina ItabunaFloresta Azul, do Neoproterozoico. A empresa Chame Pedreira está localizada no domínio do Complexo São José, do Paleoproterozoico, formado por rochas granulíticas, enquanto a Pedreira Dois Irmãos lavra rochas do Complexo Buerarema, do Paleoproterozoico, constituído principalmente por ortognaisses metamorfisados no médio grau. A localização e o domínio geológico dessas pedreiras são apresentados no mapa geológico simplificado de áreas-fonte de areia, arenoso e brita para a região de Itabuna - Ilhéus, na escala 1:200.000 (anexo II).
5.5.2 Produção: fontes, processo produtivo, destinação e preços As pedreiras União, Chame Pedreira e Dois Irmãos respondiam por cerca de 95% do abastecimento de material britado para a região de Itabuna - Ilhéus, no primeiro semestre de 2013. Com uma capacidade instalada de 30.000 t/mês de material britado, a Pedreira União
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Foto 5.13 - Extração de areia no leito ativo do rio Colônia. Município de Itaju do Colônia.
Foto 5.14 - Lavra predatória no rio Salgado, com destruição das suas margens. Município de Santa Cruz da Vitória. 71
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Foto 5.15 - Frente de lavra de arenoso no Areal Guanabara. Município de Ilhéus.
Foto 5.16 - Pacote de arenoso caulínico no Areal Guanabara. Município de Ilhéus. 72
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liderava o fornecimento regional produzindo aproximadamente 22.000 t/mês, operando uma frente de lavra com cerca de 200 m de largura por 350 m de extensão, com duas bancadas com 20 m de altura (fotos 5.19 e 5.20). Essa pedreira, prevendo dificuldades futuras no fornecimento de areia natural para construção civil no eixo Itabuna-Ilhéus, se preparava para fabricar areia de brita em seu processo produtivo. A Pedreira Chame Pedreira possuía uma capacidade instalada de 35.000 t/mês de rocha britada, produzindo cerca de 10.000 t/mês, com uma cava medindo cerca de 150 m de largura e uma frente de lavra com 4 m de altura (foto 5.21). A Pedreira Dois Irmãos apresentava uma cava medindo aproximadamente 120 m de largura por 200 m de extensão, com uma bancada de 12 m de altura subindo para uma bancada superior, em caracol, com aproximadamente 25 m de corte vertical (foto 5.22). Com uma capacidade instalada de 4.500 t/mês de material britado, projetando uma ampliação para 15.000 t/mês, essa pedreira produzia 1.500 t/mês em junho de 2013, numa fase de reorganização de sua lavra. As pedreiras União e Chame Pedreira lavram rochas gnáissicas granulíticas com coberturas areno-argilosas de pequena espessura, decorrentes da alteração dessas rochas, enquanto a Pedreira Dois Irmãos trabalha com ortognaisses metamorfisados no médio grau, com uma cobertura areno-argilosa eluvionar com 20 a 25 m de espessura. O processo de lavra é semelhante ao descrito para as pedreiras de Vitória da Conquista (item 4.5.2). Para reduzir o pó em suspensão gerado pela atividade de britagem são usados sistemas de aspersores de água junto aos britadores e correias transportadoras, e tanques de decantação com circuito fechado de circulação das águas. A Pedreira União, com um plano de lavra bem estruturado, acrescenta a essas ações mitigadoras de poluição o processo SBP – Sistema de Batimento de Pó, adotando ainda um
programa de recuperação das áreas lavradas e de preservação da Mata Atlântica, com a criação de viveiros de mudas de plantas nativas. A expedição dos produtos é feita em caminhões próprios, dos clientes ou de fretistas autônomos, com carregamentos realizados com pás-carregadeiras ou correias transportadoras, e vendidos por metro cúbico. Alguns procedimentos adicionais já estão sendo adotados pelas mineradoras, visando minimizar os impactos decorrentes da lavra e do beneficiamento das rochas: a) redução do tamanho das bancadas, objetivando diminuir a intensidade das explosões de desmonte do complexo; e b) aquisição de propriedades localizadas no entorno das pedreiras, criando um cinturão de proteção dos empreendimentos mineiros. No futuro, algumas medidas complementares poderão vir a ser implementadas com a mesma finalidade: a) uso de rompedores hidráulicos e/ou mecânicos para fragmentação de blocos com mais de 1m de diâmetro, evitando a detonação secundária, por envolver riscos de lançamento de fragmentos de rocha; b) adoção de explosivos industriais tipo emulsão bombeada, por empresas especializadas, com fogos em horas determinadas, evitando a existência de depósitos de explosivos (paióis) nos perímetros das empresas. Com uma população aproximada de 400.000 habitantes para as cidades de Itabuna e Ilhéus (IBGE, 2014a, b), e estimando-se um consumo médio anual per capita de brita de 1,1 t, verifica-se que a capacidade instalada e em ampliação nas pedreiras existentes soma cerca de 1.000.000 de t/ano, quase duas e meia vezes o consumo aproximado do mercado alvo (420.000 t). Essa produção anual de material britado nas pedreiras de Itabuna e Ilhéus em 2013 foi
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Informe de Recursos Minerais
Foto 5.17 - Lavra informal de arenoso próxima da estrada BA-001 (Ilhéus-Olivença).
Foto 5.18 - Pacote de arenoso na Pedreira Dois Irmãos. Município de Ilhéus.
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Rochas e Minerais Industriais
Foto 5.19 - Vista da cava da Pedreira União. Município de Itabuna.
Foto 5.20 - Frente de lavra da Pedreira União.
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confirmada a partir do volume produzido no primeiro semestre daquele ano. Cerca de 60% desse total foi destinado para Itabuna e cidades vizinhas e o restante para Ilhéus. Não existe processamento industrial de entulho na região. O preço praticado nas jazidas, no primeiro semestre de 2013, para britas 1 (1’’), 0 (5/ 8’’) e gravilhão (3/8’’) era de R$ 60,00 a R$ 80,00/ m3, enquanto o pó de pedra (<3/16’’) custava R$ 40,00 a R$65,00/m3. A comercialização dos produtos era realizada por volume (m3). A Pedreira União possuía frete próprio, cobrando cerca de 20% do valor da brita para entrega a distâncias de até 20 km. Acima desse limite, o comprador pagava R$ 0,40/km/m3. Nas demais pedreiras, o frete era terceirizado, sendo o valor calculado com base nesse valor do quilômetro rodado, para a distância percorrida até a obra. Empregando aproximadamente 120 pessoas nas pedreiras visitadas, estimou-se a geração de 200 empregos diretos para o atendimento da demanda exigida pelas obras em execução e programadas. O nível de escolaridade informado era relativamente baixo, estimando-se em cerca de 30% os empregados que cursavam ou haviam completado o segundo grau. As empresas promoviam cursos de segurança no trabalho, através da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, e medidas de educação ambiental.
por rochas ortognáissicas metamorfisadas do médio grau ao fácies granulito (anexo II). A Pedreira União lavra um maciço rochoso relativamente fraturado, constituído principalmente por gnaisses granulíticos retrometamorfisados, com intercalações de rochas máficas. A análise petrográfica de uma amostra representativa revelou uma textura nematogranoblástica, granulação média a grossa, foliada, fraturada, de composição quartzo diorítica. A foliação é definida pela orientação preferencial dos pseudomorfos de prováveis piroxênios, substituídos por anfibólio fibroso e alterados para clorita, e pela forma alongada dos demais minerais. A sua mineralogia é constituída de plagioclásio (70%), quartzo (15%), anfibólio (7%), carbonato (2%), mica branca (2%), epidoto (1%), minerais opacos (1%), carbonato (1%), clorita (1%) e, em percentuais menores que 1%, apatita e zircão, sendo petrograficamente denominada anfibólio gnaisse hidrotermalizado (amostra 11R, anexo II). Um ensaio tecnológico realizado pela Pedreira União em uma amostra de rocha britada, no Laboratório de Engenharia Civil, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – CEPED, apresentou os seguintes resultados: • Análise granulométrica – Dimensão máxima: 38 mm; módulo de finura: 6,73 (NBR NM 248); • Índice de Abrasão Los Angeles: 15,6 (NBR NM 51).
5.5.3 Reservas
5.5.4 Qualidade
A Pedreira Chame Pedreira apresenta uma cava constituída por rochas granulíticas com diques máficos, separados na fase de lavra para não comprometer a qualidade das britas. A análise petrográfica de uma amostra representativa revela uma textura nematoblástica, granulação fina a média, equigranular, levemente foliada. A foliação é marcada predominantemente pelo alinhamento dos cristais de piroxênio e, de forma subordinada, pela forma alongada dos demais minerais.
Os complexos rochosos explorados pelas pedreiras que abastecem a região de Itabuna - Ilhéus são constituídos, predominantemente,
A sua composição mineralógica é formada por plagioclásio (40%), ortopiroxênio (25%), diopsídio (20%), quartzo (12%), minerais
As pedreiras informaram reservas de rochas para a produção de agregados graúdos suficientes para mais de 50 anos de vida útil dos jazimentos, considerando a produção informada. A abundância de complexos rochosos aflorantes ou com capeamentos areno-argilosos de pequena espessura na região de Itabuna Ilhéus justifica essa avaliação.
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Rochas e Minerais Industriais
opacos (3%) e, em percentual menor que 1%, apatita, sendo definida como granulito máfico (amostra 13R, anexo II). Um ensaio tecnológico realizado pela Chame Pedreira em uma amostra de rocha britada, no laboratório do CEPED, apresentou os seguintes resultados: • Análise granulométrica: Dimensão máxima: 50 mm; Módulo de finura: 8,07 (NBR NM 248); • Ensaio: Massa unitária: 1,59 kg/dm3 (NBR 7251); Material pulverulento: 0,31% (NBR 7219); Índice de forma: 1,89 (NBR 7809); • Índice de Abrasão Los Angeles: 10,3 (NBR NM 51). A Pedreira Dois Irmãos explora rochas gnáissicas muito fraturadas, com diques de rochas máficas muito duras, com descrição petrográfica semelhante à rocha descrita na Pedreira União. Em lâmina delgada apresenta textura nemagranoblástica, granulação média a grossa, foliada, fraturada, de composição tonalítica. E a seguinte mineralogia: plagioclásio (50%), quartzo (25%), pseudomorfos de piroxênios substituídos por anfibólios (15%), microclina (5%), biotita (3%), minerais opacos (1%) e, em percentuais menores que 1%, apatita, zircão e clorita, sendo classificada como hornblenda gnaisse (amostra 12R, anexo II). As descrições macroscópicas e em lâmina delgada caracterizam as amostras analisadas, de um modo geral, como gnaisse cinza, muito coerente, pouco alterado, com textura nematoblástica, granulação média a grossa, foliado, de composição granitoide, fácies granulito a retrometamorfisado, sendo considerado potencialmente inócuo para reação alcalina em concreto. Nos testes de resistência mecânica, os resultados dos ensaios realizados de Abrasão Los Angeles, nas amostras das pedreiras União e Chame Pedreira, estão abaixo de 50%, como recomendado. Mesmo sem dispor de alguns testes de
resistência mecânica (compressão e impacto), os testes realizados, conjugados com a apreciação petrográfica, foram suficientes para indicar que essas rochas têm tido aplicação e destinação adequadas, considerando as amostras analisadas.
5.5.5 Perspectivas futuras As perspectivas futuras para a produção de agregados graúdos na região de Itabuna - Ilhéus, consideradas apenas em relação às matérias primas minerais, são favoráveis quanto à disponibilidade dos complexos rochosos e a qualidade do material. Esse mercado regional de agregados graúdos apresenta-se bastante promissor com as obras de duplicação das estradas BR-101, já iniciada, e BR-415, trecho Itabuna - Ilhéus, programada, do novo aeroporto de Ilhéus, no eixo Ilhéus - Itabuna, do Porto Sul, em Ilhéus, e da Ferrovia de Integração Oeste Leste – FIOL, em andamento, da ponte Ilhéus - Pontal e do semianel rodoviário de Itabuna, programados, da barragem do rio Colônia e da implantação da Universidade Federal de Itabuna, em execução. A inexistência de ocupação urbana próxima das pedreiras União e Chame Pedreira, e mesmo a localização da Pedreira Dois Irmãos na periferia de Ilhéus, tem possibilitado uma lavra relativamente harmoniosa com a população dos municípios de Itabuna e Ilhéus. A continuidade do aproveitamento das reservas contidas nos maciços rochosos das pedreiras existentes, cuja vida útil se projeta para além de 50 anos, depende da adoção de medidas preventivas pelos órgãos gestores e fiscalizadores dessa atividade industrial e pelos mineradores, listadas no item 4.5.5. A partir da consulta aos mineradores de rocha britada para a região de Itabuna Ilhéus, sobre sugestões de melhoria para o setor, foram listadas as seguintes contribuições: a) preocupação com a carga tributária muito elevada sobre um insumo importante para o desenvolvimento social da população, além de fundamental para a indústria de construção civil, empregadora intensiva de mão de obra;
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Informe de Recursos Minerais
Foto 5.21 - Cava da Pedreira Chame Pedreira, município de Itabuna.
Foto 5.22 - Frente de lavra de Pedreira Dois Irmãos, município de Ilhéus.
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Rochas e Minerais Industriais
b) burocratização excessiva dos órgãos fiscalizadores, com exigências que, muitas vezes, dificultam a produção; e
c) deficiência de recursos, humanos e materiais, por parte dos organismos de fiscalização, que acarreta atrasos na legalização dos empreendimentos mineiros.
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Informe 6. Agregados de Recursos Minerais Minerais para Feira de Santana
6.1 Aspectos socioeconômicos, geográficos e de infraestrutura regionais Criada a Villa do Arraial de Feira de Sant’Anna em 1833, em 1873 foi elevada à categoria de cidade com o nome de Comercial Cidade de Feira de Sant’Anna e, em 1938, passou a se denominar Feira de Santana (FEIRA DE SANTANA, 2014). Com uma área de 1.337,993 km2, possui uma população estimada de 612.000 habitantes (IBGE, 2014), sendo a segunda cidade mais populosa do Estado da Bahia, distando cerca de 108 km da sua capital Salvador. Com um PIB estimado em R$ 8,6 bilhões (IBGE, 2014), e indicadores IDH-M de 0,712 e Gini de 0, 60 (PNUD, 2013), Feira de Santana localiza-se no principal entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste brasileiro, onde ocorre o encontro das BR’s 101, 116 e 324, além de várias rodovias estaduais, sendo ponto de passagem para o tráfego que vem do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, que se dirige para Salvador e outras capitais nordestinas (FEIRA DE SANTANA, 2014). O comércio é responsável por expressiva parcela do produto interno bruto municipal, seguido da indústria, bastante diversificada, onde se destacam a produção alimentícia, material de transporte, materiais elétricos, mecânica, química e têxtil, além de um crescimento vigoroso da construção civil nos últimos anos. O município apresenta uma forte vocação pecuária, possuindo um grande rebanho bovino, enquanto a agricultura representa pequena parcela da sua economia. A cidade de Feira de Santana evoluiu para um importante centro logístico e econômico regional, se tornando uma referência na área de saúde, além de contar com um reconhecido polo educacional de nível médio e superior. Em 2011 foi criada a Região Metropolitana de Feira de Santana, englobando seis municípios, com uma população estimada de 732.000 habitantes (FEIRA DE SANTANA, 2014). A cidade de Feira de Santana está localizada na mesorregião Centro Norte Baiano, na microrregião Feira de Santana (IBGE, 2014), situada 234 m acima do nível do mar. O clima da região é semiárido quente, tendo apenas a
80
parte sudeste e sul do município um clima tropical semiúmido. O verão é quente e seco, com máximas entre 33 e 37°C. O inverno é frio e chuvoso, com máximas entre 21 e 26°C, e mínimas entre 12 e 18°C. A precipitação média anual é de 848 mm, enfrentando a região periodicamente períodos de seca (WIKIPÉDIA, 2014a). Consolidada no vale do rio Jacuípe, na bacia hidrográfica do rio Paraguaçu, o município de Feira de Santana está localizado na zona de planície entre a borda ocidental da Bacia do Recôncavo e os tabuleiros semiáridos do nordeste baiano. Esses tabuleiros, identificados em grande parte com a área do chamado sertão, apresentam totais pluviométricos baixos e uma estação seca acentuada. Constituem grandes extensões de topografia quase plana, formada por rochas cristalinas muito antigas do précambriano, com serras isoladas. Para leste, na região da Bacia do Recôncavo, observam-se tabuleiros dissecados com colinas abauladas, desenvolvidos sobre sedimentos mesozoicos, devendo ser citadas as areias e argilas da Formação Marizal na região de Alagoinhas e a ocorrência de materiais de cobertura do Grupo Barreiras, avaliadas nesse trabalho (LIMA et al., 1981). Em virtude de sua localização na zona de transição entre o agreste, a leste, e o sertão baiano a oeste da cidade, a vegetação na região é constituída de matas tropicais a sudeste e sul do município, que se transformam em cerrados à medida que se aproximam do centro, leste e nordeste da cidade. A caatinga, de solo raso, predomina a norte e oeste, sendo do tipo Estepe, com arbustos espinhosos (mandacaru, xique-xique, palma e outras cactáceas) e gramíneas ralas (NUNES et al., 1981).
6.2 Contexto geológico regional A região de Feira de Santana situa-se na parte oriental do Cráton do São Francisco e envolve terrenos gnáissicos antigos do embasamento cratônico e coberturas sedimentares nãodeformadas, como mostra a figura 4.1. O embasamento cratônico está representado pelo Bloco Serrinha, pelo Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e pelo Bloco Jequié, além do Cinturão Salvador-Esplanada. Os três
Rochas e Minerais Industriais
primeiros compartimentos individualizaram-se no Arqueano e após colididos e amalgamados durante a orogênese Riaciana, cujo clímax ocorreu há cerca de 2.080 milhões de anos, conformaram o Cinturão Bahia Oriental. O Bloco Serrinha, constituído por gnaisses migmatíticos de idade mesoarqueana (de 2,8Ga a 3,2Ga) e por rochas metavulcanossedimentares atribuídas ao Período Riaciano (de 2,05Ga a 2,3Ga), é designado, na área, por tipos gnáissicos do Complexo Santa Luz, que hospedam uma importante intrusão definida pelo Sienito de Santanópolis (figura 6.1).
supercontinente Gondwana, quando se procedeu a separação continental América do SulÁfrica e a abertura do oceano Atlântico Sul. As rochas sedimentares que ocorrem na região pesquisada pertencem à Bacia do Recôncavo e constituem as unidades estratigráficas cujos protólitos foram depositados durante a evolução do rifte, ou seja, no estágio sinrifte, exemplos dos grupos Ilhas, Santo Amaro e Massacará, assim como aquelas geradas nos estágios pré-rifte, casos da Formação Santa Brígida e do Grupo Brotas, e pós-rifte, definido pela Formação Marizal (figura 6.1).
O Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, configurado também no Riaciano, compreende dois segmentos: o Cinturão Itabuna, ao sul, e o Cinturão Salvador-Curaçá, ao norte, ao qual refere-se a região de interesse do presente projeto. Ele é constituído por uma associação máficoultramáfica, a Suíte São José do Jacuípe, que pode representar uma antiga crosta oceânica, por ortognaisses granulíticos parcialmente retrometamorfizados filiados ao Complexo Caraíba e por um conjunto de rochas predominantemente metassedimentares (kinzigitos, quartzitos, calcissilicáticas, etc.), pertencentes ao Complexo Tanque Novo-Ipirá (figura 6.1).
Sobre o pacote sedimentar da Bacia do Recôncavo e por cima dos litótipos metamorfisados do embasamento espraiam-se inúmeras faixas de formações superficiais cenozóicas (mais novas que 23 Ma), designadas por depósitos detríticos e detrito-lateríticos e pelos arenitos com níveis argilosos e conglomeráticos do Grupo Barreiras. Esse grupo e a Formação Marizal são as fontes dos materiais areia e arenoso, temas tratados no presente trabalho.
O Bloco Jequié está designado pelo complexo de mesmo nome, cujos gnaisses ortoderivados, granulíticos ou não, restringem-se a uma pequena zona aflorante no extremo sudoeste da área.
As primeiras fontes de areia e arenoso para Feira de Santana foram as areias argilosas da cobertura quaternária do município e os aluviões do rio Jacuípe, nas proximidades da cidade. Mais recentemente, além dessas, têm sido aproveitados depósitos mais distantes, incluindo os aluviões da bacia do rio Paraguaçu e os sedimentos arenosos da Formação Marizal, da Bacia Sedimentar do Recôncavo, próximos de Alagoinhas.
No contexto do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá registra-se a ocorrência de inúmeras suítes de rochas granitóides intrusivas, além de corpos de rochas máfico-ultramáficas. Estas ocorrem também no âmbito do Bloco Jequié (figura 6.1). O Cinturão Salvador-Esplanada está representado pelo Complexo Rio Real que aflora apenas no extremo sudeste da área.
6.3 Principais fontes de agregado miúdo (areia)
6.3.1 Sedimentos arenosos da Formação Marizal 6.3.1.1 Características gerais • Distribuição
As coberturas sedimentares não-deformadas compõem o Rifte Recôncavo-TucanoJatobá, que configura uma calha com extensão superior a 400km, estruturada durante o Cretáceo, entre 145 e 125 milhões de anos atrás. Sua gênese está relacionada à fragmentação do
Esses depósitos são formados por camadas horizontalizadas de areias brancas e puras, integrantes da Formação Marizal, pertencente à Bacia Sedimentar do Recôncavo, com larga distribuição superficial na área de Alagoinhas,
81
!
39°30'
# ! % % % %
$ +% %
$ + 39°15'
39°00'
$ +
Irará
38°45'
$ +
$ +
Santanópolis
$ +
10
È ! Feira de Santana BR -
3
32 4
$ +
3
6
$ +
7
$ + Amélia Rodrigues
«
38°45'
«
$ + Conceição do Jacuípe
$ +
5
$ +
Aramari
4
4
Catu
Alagoinhas
$ +
38°15'
1Pojuca
38°15'
È
$ +
Araçás
5
Falha
Rio
$ +
38°00' 12°00'
«
Itanagra 12°15'
Estrada
Cidade
Convenções
«
Suíte São José do Jacuípe
$ +
$ +
14
Complexo Jequié
$ +
15
Complexo Santa Luz
20 km
16
10
Escala
$ + 38°30'
$ +
38°30'
$ + Ouriçangas
Pedrão
0
$ +
$ + Terra Nova
$ + Teodoro Sampaio
Coração de Maria
«« ««
16
São Gonçalo dos Campos
$ +
$ + $ +
«« «
Ipecaetá
$ +
$ +
$ +
«
# ! % % $ +
% %
# 13
Santo Antônio Cardoso
$ + Estêvão
% %
! Jambeiro
$ + Rafael
6 -11 BR
Cabaceiras do
Governador Mangabeira$ +
$ + Paraguaçu
2
Cruz das
12°40' 39°00'
Rochas Máfico-ultramáficas
ARQUEANO-PROTEROZOICO 11
Complexo Tanque Novo-Ipirá
ARQUEANO 12
Complexo Caraíba
«
# 8
2
È% 8
$ +Almas
È!
12
!
È % %
39°15'
LEGENDA
Formação Santa Brígida
PALEOZOICO 7
Granitoides da região de Castro Alves
13
3
BA-0 9
+
#
BR -2 4 2
%
È
Sequência Pós-rifte ( Formação Marizal)
Complexo Rio Real
PROTEROZOICO 8
Sienito Santanópolis
0 BA-11
39°45' $
!
È È 39°30'
4
Sequência Sinrifte ( Grupos Ilhas, Santo Amaro e Massacará)
% %
14
%È %
2
15 11 %
39°45'
Depósitos Aluvionares 5
MESOZOICO
1
Coberturas Detríticas 6
CENOZOICO
2
Grupo Barreiras
Sequência Pré-rifte ( Grupos Brotas)
3
9
« «« « « « «« ««
Figura 6.1 - Contexto geológico simplificado da região de Feira de Santana
BA -5
05
«
12°30' 38°00'
9
«
«
È
10
«
BR-116
È ! % %
È !
40°00' 12°10'
12°15'
12°30'
12°40' 40°00'
È
Fonte: Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia (SOUZA et al., 2003, modificado)
È
Rochas e Minerais Industriais
distando cerca de 100 km a leste de Feira de Santana (mapa geológico simplificado de áreas – fonte de areia, arenoso e brita para a região de Feira de Santana – I, anexo III). Além dos depósitos conhecidos, existe potencial para ocorrência de outros depósitos arenosos nas extensões da Formação Marizal para NE e NW de Alagoinhas. As principais jazidas visitadas e amostradas são listadas no quadro 6.1, com um sumário de resultados analíticos, e locadas no anexo III. Dentre elas, destacam-se os areais da área de Buracica, com acesso pela rodovia Alagoinhas – Catu, e os da estrada para Araçás, que acumulam as maiores reservas, além de outras ocorrências menores. Os depósitos de areias brancas localizados nos municípios de Camaçari e Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador, que abastecem a capital baiana, também são integrantes da Formação Marizal (GONÇALVES, MOREIRA & BORGES, 2008). • Tipologia As camadas de areia são de origem sedimentar, datadas do Mesozoico, apresentando espessuras visíveis de 6 a 8m nas frentes de lavra, estrutura horizontalizada e estratificação característica de deposição fluvial. Elas têm larga distribuição horizontal, ocupando expressivas áreas em terrenos planos ou ligeiramente tabulares. As cotas regionais de ocorrência, morfologia do terreno e natureza arenosa do solo são indicativos de depósitos subjacentes, prospectáveis nas áreas mapeadas da Formação Marizal. • Produção e comercialização No segundo semestre de 2013, os depósitos de Buracica (quadro 6.1), intensamente lavrados em anos anteriores, estavam paralisados por restrições ambientais e de autorização de lavra (fotos 6.1 e 6.2). Naquele período, destacavam-se os areais da empresa Rozenvan Mineração, com áreas em lavra e vários depósitos em fase de pesquisa, o principal deles na estrada Alagoinhas-Araçás, operando com uso de equipamentos pesados, numa já expressiva cava (fotos 6.3 e 6.4).
Essas frentes de lavra eram responsáveis pela maior parte da areia da Formação Marizal comercializada para Feira de Santana, estimada em 600 mil t/ano. A areia era vendida a R$ 10,00/m3 na jazida, acrescido o frete de R$ 320,00 a caçamba de 15 m3 (agosto de 2013), para Feira de Santana, a uma distância média de 100 km, onde as concreteiras eram as principais consumidoras. • Reservas As reservas estimadas recuperáveis para as areias da Formação Marizal nas áreas próximas de Alagoinhas, incluindo as areias de Buracica (80 ha x 6 m x 1,5 t/m3= 7,2 milhões de t), da Mineração Rozenvan (200 ha x 6 m x 1,5 m3/ t = 18 milhões de t), e de outros depósitos, podem ultrapassar a 30 milhões de t, suficientes para suprir o mercado de Feira de Santana por décadas. • Qualidade e aplicações As descrições de campo, as análises mineralométricas com lupa binocular e as análises químicas (quadros 6.2 e 6.3) e granulométricas (quadro 6.4) qualificaram as areias sedimentares amostradas da Formação Marizal. As areias são claras, de aspecto homogêneo, com granulometria fina a média (MF entre 1,7 a 2,1), geralmente sem fração >4,8 mm, reduzida fração <0,15mm, muito puras, com quartzo em grãos sub-arredondados predominando amplamente, com argila e hidróxidos de Fe e Ti em proporções muito reduzidas. Algumas amostras exibem teores de sais solúveis acima das especificações, talvez devido à conversão do S de sulfetos em SO4. Essas areias são adequadas para a composição de concreto comum, sendo um pouco finas para concreto estrutural, com restrições quanto aos teores mais altos de sais solúveis observados em alguns depósitos merecendo melhor avaliação. Elas são usadas em concreto comum e em argamassas de assentamento e revestimento, neste caso devendo ser misturadas com material mais argiloso (arenoso). A mistura com areia aluvionar (maior MF) pode adequá-las melhor para uso em concreto estrutural.
83
Informe de Recursos Minerais
Amostra Nº
Localização
Sumário dos resultados
Latitude Longitude Cota (UTM)
(UTM)
(m) MF %>4,8 %<0,15 mineralogia
% arg sais (ppm)
71 Ar
Barro Vermelho
8682796
535981 236
1,7
0,00
3,5
Qz, Ft
<1
72 Ar (a)
Areal Rozenvan
8652514
571352 155
1,8
0,00
4,1
Qz, Ft
<1
461
72 Ar (b)
Areal Rozenvan
8652522
571382 147
1,7
0,00
5,18
Qz, Ft
<1
170
Areal Olhos d'Água
8646844
563694 204
1,7
0,00
7,11
Qz, Ft
<1
296 2270
74 Ar
3845
75 Ar
Areal Haras
8644530
565834 156
1,9
0,00
1,00
Qz, Ft
<1
76 Ar
Areal Faz. Lagoão
8644402
563068 178
1,8
0,00
3,55
Qz, Ft
<1
356
77 Ar
Areal do Massu
8651660
570901 148
1,8
0,00
3,00
Qz, Ft
<1
1114
78 Ar
Areal Mo. do Calu
8654974
568360 153
1,9
0,00
1,01
Qz, Ft
<1
2165
73 Ar
Areal Buracica
8650914
559757 191
2,0
0,00
0,5
Qz, Ft
<1
265 2870
79 Ar
Areal Buracica
8650642
561532 166
1,8
0,00
4,48
Qz, Ft
<1
80 Ar
Areal Ponto do Beiju
8647452
564014 191
1,8
0,00
5,00
Qz, Ft
<1
350
81 Ar
Areal Pedra de Cima
8646454
561348 221
1,6
0,00
6,67
Qz, Ft
<1
2255
82 Ar
Areal Faz. Sempre Alegre
8659968
583594 122
1,6
0,50
7,00
Qz, Ft
<1
170
83 Ar (a)
Areal do Vital
8658976
583828 119
2,1
0,00
1,00
Qz, Ft
<1
1040
83 Ar (b)
Areal do Vital
8658976
583828 119
2,1
0,00
3,02
Qz, Ft
<1
170
Areal do Frederico
8666912
580695 160
Qz, Ft
<1
170
84 Ar
Resultado em amarelo, se: se: Resultado em amarelo,
1,7 <2,0
1,01 >10
5,05 >8
Quartzo< 85% Arg.>5% >2000ppm
Notas: 1. Ar = areia; Arn = arenoso 2. Cota medida por GPS modelo Garmin 72 3. MF = módulo de finura; %>4,8 = fração retida em peneira de 4,8mm; %< 0,15 = fração passante em peneira de 0,15mm; 4. Mineralogia aproximada: Qz= quartzo; Fm= silicato ferromagnesiano; mi= mica; Fd= feldspato; Ft= hidróxidos de Fe e Ti; Arg= argila; Ou= outros 5. % arg = percentagem aproximada de argila 6. Sais solúveis = cloretos + sulfatos
Quadro 6.1 - Identificação, localização e sumário dos resultados de análises de amostras de areia da Formação Marizal, da Região de Feira de Santana
• Perspectivas futuras As areias da formação Marizal na região em torno de Alagoinhas continuarão a ser aproveitadas e competitivas, pela pureza e homogeneidade, grandes reservas e baixo custo de produção, apesar da granulometria inadequada para concreto estrutural e dos elevados custos de transporte até Feira de Santana. Para concreto estrutural, elas devem ser misturadas com as areias aluvionares, mais grossas.
84
6.3.1.2 Principais depósitos da Formação Marizal • Areais a leste de Alagoinhas A estrada Alagoinhas – Araçás dá acesso a vários depósitos de areia, dentre eles as áreas da Rosenvan Mineração e adjacências, a cerca de 10 km a SE de Alagoinhas, junto à estrada para Araçás (foto 6.5). Ali se registra uma ampla ocorrência de areia da Formação
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.1 - Cava com extração de areia paralisada do Areal Buracica, município de Alagoinhas.
Foto 6.2 - Morro de areia da Formação Marizal na área de Buracica, com reservas parcialmente lavradas. Município de Alagoinhas. 85
Informe de Recursos Minerais
Foto 6.3 - Escavação para retirada de areia da Formação Marizal. Areal Rozenvan, município de Alagoinhas.
Foto 6.4 - Frente de lavra do Areal Rozenvan, município de Alagoinhas.
86
Rochas e Minerais Industriais
Nº
Amostra Localização
Resultados em % e em ppm para CL e SO4 SiO2 Al2O3 CaO MgO Na2O K2O Fe2O3 TiO2 Cl
71 Ar Barro Vermelho 72 Ar (a) Areal Rozenvan 72 Ar (b) Areal Rozenvan 74 Ar Areal Olhos d'Água 75 Ar Areal Haras 76 Ar Areal Faz. Lagoão 77 Ar Areal do Massu 78 Ar Areal Mo. do Calu 73 Ar Areal Buracica 79 Ar Areal Buracica 80 Ar Areal Ponto do Beiju 81 Ar Areal Pedra de Cima 82 Ar Areal Faz. Sempre Alegre 83 Ar (a) Areal do Vital 83 Ar (b) Areal do Vital 84 Ar Areal do Frederico
98,7 99 98,8 98,8 98,2 98,9 98,7 98,4 98,8 98,9 97,9 98,4 98,4 99 99 98,9
<0,1 <0,1 0,16 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,17 <0,1 0,13 <0,1 0,1 <0,1 <0,1 <0,1
Resultado em Resultado em amarelo, amarelo,se: se:
<90
>4
0,01 <0,01 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 >1
<0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 >0,5
0,1 <0,1 0,13 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,12 <0,1 <0,1 >1
<0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,02 <0,01 <0,01 <0,01 >1
SO4
0,79 0,77 0,85 1,08 0,73 0,73 1,13 0,78 0,91 1,09 0,88 1,14 1,05 1,18 0,86 0,91
0,08 0,05 0,15 0,1 0,03 0,04 0,02 0,04 0,03 0,05 0,04 0,1 0,07 0,02 0,01 0,08
155 3690 311 <150 <20 <150 <20 <150 26 2250 124 330 215 990 <20 1950 115 <150 <20 2850 <20 330 65 2190 <20 <150 <20 1020 <20 <150 <20 <150
>5
>0,5 >1000 >1000
Nota: 1. Resultado de S convertido em SO4 Quadro 6.2 - Análises químicas de amostras de areia da Formação Marizal (amostra total), da região de Feira de Santana
Marizal, com cerca de 4 km ao longo da estrada, por 1 km no sentido transversal, numa área total aproximada de 400 ha, balizada pela cota de 150 m. Em 2013, procedia dessa área a maior parte do suprimento de areia para Feira de Santana. No Areal Rozenvan foram estudadas duas frentes de lavra, a maior delas em uma cava alongada com cerca de 300 m de comprimento por 50 m de largura, com um pacote de areia com 8 a 10 m de espessura, sendo 3 a 4 m de areia medianamente fina, branca, considerada “limpa” (amostra 72Ar(a), foto 6.6), e o restante de coloração amarronzada, de menor valor, chamada “suja” - amostra 72Ar(b), na base. Com uma produção de 300 caçambas de 15 m3 por semana, a areia “limpa” era vendida a R$ 150,00 a caçamba, enquanto a “suja” custava R$ 80,00, na jazida, para Feira de Santana (agosto de 2013).
De menor expressão, foram visitados nas proximidades, os areais do Massu (amostra 77Ar) e Morro do Calu (amostra 78Ar). A norte da estrada Alagoinhas – Araçás, o Areal do Vital apresenta uma lavra bem organizada, em uma cava alongada medindo cerca de 700 m de comprimento por 350 m de largura, com um pacote de areia medianamente fina (MF = 2,1), com espessura média de 6 m (amostras 83Ar(a) e 83Ar(b), foto 6.7). Uma análise mineralométrica representativa dessas areias – amostra 83Ar(a) – descreveu um sedimento de coloração esbranquiçada, granulação medianamente fina, com predominância da fração mais grossa, bem selecionada, com maturidade mineralógica e textural. Os grãos de quartzo se apresentam predominantemente subarredondados a arredondados,
87
Informe de Recursos Minerais
Foto 6.5 - Extensa ocorrência de areia da Formação Marizal na estrada Alagoinhas-Araçás. Município de Alagoinhas.
Foto 6.6 - Cava alongada do Areal Rozenvan, com pacote de 8 a 10 m de areia da Formação Marizal. Município de Alagoinhas. 88
Rochas e Minerais Industriais
Nº
Amostra Localização
71 Ar Barro Vermelho 72 Ar (a) Areal Rozenvan 72 Ar (b) Areal Rozenvan 74 Ar Areal Olhos d'Água 75 Ar Areal Haras 76 Ar Areal Faz. Lagoão 77 Ar Areal do Massu 78 Ar Areal Mo. do Calu 73 Ar Areal Buracica 79 Ar Areal Buracica 80 Ar Areal Ponto do Beiju 81 Ar Areal Pedra de Cima 82 Ar Areal Faz. Sempre Alegre 83 Ar (a) Areal do Vital 83 Ar (b) Areal do Vital 84 Ar Areal do Frederico Resultado em em amarelo, amarelo, se: Resultado se:
Resultados em % %<0,15mm SiO2 Al2O3 CaO MgO Na20 9,16 8,37 10,46 16,54 6,6 6,02 3,83 2,07 1,21 5,65 7,01 10,24 12,04 2,07 2,68 13,39 >8
97,3 >99 >99 97,5 97,9 >99 >99 97,6 98,1 >99 >99 97,8 >99 99 >99 >99
0,21 0,15 0,33 0,15 0,14 0,15 0,19 0,19 0,72 0,19 0,16 <0,1 0,1 <0,1 0,11 0,12
<90
>4
0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 >1
<0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 >0,5
<0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 >1
K20 Fe2O3 TiO2 0,02 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 >1
1,22 0,93 0,92 1,12 1,12 0,52 1,06 1,42 0,79 0,69 0,88 0,9 0,67 0,59 0,69 0,74
0,51 0,43 0,65 0,44 0,28 0,31 0,44 0,38 0,41 0,41 0,35 0,34 0,22 0,12 0,16 0,33
>5
>0,5
Nota: 1. % <0,15mm = fração passante na peneira <0,15mm
Quadro 6.3 - Análises químicas de amostras de areia da Formação Marizal (fração <0,15mm), da região de Feira de Santana
com esfericidade moderada a alta. Não se observa a presença de argila aderida aos grãos de quartzo, nem de matéria orgânica no material analisado. A sua composição mineralógica é constituída de quartzo (hialino e leitoso), apatita, magnetita, zircão, titanita e monazita.
Mais a norte, o Areal do Frederico lavra uma camada de 5 m de areia, com características e dimensões de cava semelhantes às do areal anteriormente descrito (amostra 84Ar, foto 6.8).
Com uma produção média de 15 caçambas de 14 m3 por dia, vendida a R$ 13,00/m3 para Feira de Santana (80%) e Alagoinhas (20%), cobrava R$ 380,00 de frete para Feira de Santana (outubro de 2013).
Cerca de 60 ha de areia, com espessura média de 6 m, foram estimados nos depósitos em produção a norte da estrada Alagoinhas – Araçás. A extensão mapeada da Formação Marizal na área permite estimar um potencial muito maior de areia.
Cerca de 1 km a norte, o Areal Fazenda Sempre Alegre, em fase inicial de produção, apresenta uma cava medindo cerca de 60 m de largura por 100 m de comprimento, com um pacote de areia medianamente fina (MF=1,6), onde foi coletada a amostra 82Ar.
As amostras coletadas mostram granulometria e composição mineralógica dentro do padrão descrito no item 6.3.1.1, incluindo sais solúveis dentro das especificações de uso. Para os areais a leste de Alagoinhas, as reservas disponíveis são da ordem de 18 mi-
89
Informe de Recursos Minerais
Nº
Amostra Localização
71 Ar Barro Vermelho 72 Ar (a) Areal Rozenvan 72 Ar (b) Areal Rozenvan 74 Ar Areal Olhos d'Água 75 Ar Areal Haras 76 Ar Areal Faz. Lagoão 77 Ar Areal do Massu 78 Ar Areal Mo. do Calu 73 Ar Areal Buracica 79 Ar Areal Buracica 80 Ar Areal Ponto do Beiju 81 Ar Areal Pedra de Cima 82 Ar Areal Faz. Sempre Alegre 83 Ar (a) Areal do Vital 83 Ar (b) Areal do Vital 84 Ar Areal do Frederico
>4,8
>2,4
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,00 0,00 1,01
Abertura em mm; resultados em % >1,2 >0,6 >0,3 >0,15 <0,15
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,00 0,00 1,01
0,00 0,51 0,52 0,51 0,50 0,51 0,50 0,50 1,00 0,50 0,50 0,00 1,00 1,50 3,02 3,03
0,50 5,13 5,70 3,05 6,00 5,58 4,50 3,52 8,50 6,97 6,00 2,56 4,50 13,00 18,59 8,08
68,00 69,74 66,32 70,56 74,50 71,57 74,00 79,40 77,50 71,14 71,50 65,64 51,00 78,00 67,34 48,48
28,00 20,51 22,28 18,78 18,00 18,78 18,00 15,58 12,50 16,92 17,00 25,13 35,50 6,50 8,04 33,33
3,5 4,1 5,18 7,11 1,00 3,55 3,00 1,01 0,5 4,48 5,00 6,67 7,00 1,00 3,02 5,05
MF 1,7 1,8 1,7 1,7 1,9 1,8 1,8 1,9 2,0 1,8 1,8 1,6 1,6 2,1 2,1 1,7
Nota: 1. MF = módulo de finura
Quadro 6.4 - Análises granulométricas e módulo de finura de amostras de areia da Formação Marizal, da região de Feira de Santana
lhões de t (200 ha x 6m de espessura média x 1,5 t/m 3). • Areais a sul de Alagoinhas Nesses areais estão incluídas diversas frentes antigas de lavra, todas em áreas elevadas, próximas à cota 200 m, entre 7 e 15 km a sul de Alagoinhas, com acesso pela estrada Alagoinhas - Catu, conhecidas como areais de Buracica (anexo III). As principais ocorrências visitadas estão listadas no quadro 6.1, com um sumário de resultados analíticos. Verifica-se uma qualidade uniforme, compatível com todos os demais depósitos da Formação Marizal. A maioria dos depósitos visitados está com extração paralisada por restrições legais (ambientais ou de por-
90
taria de lavra), havendo ainda expressiva reserva de areia ainda disponível, estimada em um mínimo de 7,2 milhões de t (80 ha x 6 m de espessura média x 1,5 t/m3). O Areal Buracica, bastante explorado e atualmente paralisado, exibe uma cava com 30 a 40 m de largura, por cerca de 100 m de comprimento, com uma camada de areia medianamente fina, MF=2,0 (amostra 73Ar), com 3 m de espessura, sobre um material mais argiloso na base (foto 6.1). Cerca de 1 km a leste, um pacote de areia ainda pouco lavrado, no topo de um morro com morfologia similar ao depósito anterior, está sendo pesquisado (amostra 79Ar). O Areal Haras apresentava uma cava em forma de ferradura medindo cerca de 50m de largura por 100 a 120 m de comprimento, com
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.7 - Lavra organizada no Areal do Vital. Município de Aracás.
Foto 6.8 - Cava do Areal do Frederico. Município de Aracás.
91
Informe de Recursos Minerais
uma frente de lavra com 8 a 10 m de altura de areia medianamente fina (amostra 75Ar, foto 6.9). Com uma produção de 60 caçambas de 12 m3 por semana, a areia era vendida por R$ 20,00/m3 na jazida, para Feira de Santana. A empresa Agropecuária Menezes Ramos pesquisava em 2013, vários outros depósitos de areia na área. Os areais Olhos d’Águas (amostra 74Ar), Fazenda Lagoão (amostra 76Ar, foto 6.10), Ponto do Beiju (amostra 80Ar) e Pedra de Cima (amostra 81Ar) apresentam características semelhantes aos depósitos de areia da Formação Marizal. • Outros areais Outros areais, a exemplo do Areal Barro Vermelho (amostra 71Ar, fotos 6.11 e 6.12), cerca de 15 km a N de Ouriçangas (fora da área do anexo III), com areias da Formação Marizal, em ocorrências esparsas, mostram a potencialidade regional para a revelação de novas áreas produtoras dentro do contexto dessa formação, a distâncias ainda economicamente viáveis para Feira de Santana.
6.3.2 Depósitos aluvionares de leito ativo de rios e riachos 6.3.2.1 Características gerais • Distribuição Alguns depósitos aluvionares a W-NW de Feira de Santana foram identificados nas bacias do rio Jacuípe e do rio Paraguaçu, com extração de areia ou passíveis de serem aproveitados, parte deles inserido no mapa geológico simplificado de áreas-fonte de areia, arenoso e brita para a região de Feira de Santana – II, anexo IV. Os aluviões do rio Jacuípe forneceram areia grossa para Feira de Santana durante muitos anos, retirada dos depósitos situados junto à ponte sobre a BR-116 (anexos III e IV), nas proximidades da cidade. Com o represamento das águas pela barragem Pedra do Cavalo inundando esses depósitos, e a construção da barragem de Jaguara, 20 km a montante (fora da
92
área do anexo IV), passaram a serem aproveitadas as areias depositadas a distâncias de 30 a 40 km de Feira de Santana. Esses aluviões prolongam-se até 120 km de distância, para além da cidade de Riachão do Jacuípe (fora da área do anexo IV). Com a insuficiência dos areais mais próximos do rio Jacuípe, têm sido aproveitadas as areias aluvionares do rio Paraguaçu e de alguns de seus afluentes pela margem esquerda, a distâncias que variam de 60 a 120 km de Feira de Santana. Os depósitos aluvionares mais próximos são os do rio Paratigi, nas proximidades de sua travessia sob a rodovia BR-116 (foto 6.13). Os mais distantes estão nos aluviões do próprio rio Paraguaçu e de seus afluentes, rios do Peixe (foto 6.14) e Capivari (foto 6.15), com acesso pela rodovia BR- 242. Os depósitos aluvionares no rio Jacuípe e no seu afluente rio Sacraiú, a distâncias variadas de Feira de Santana, foram amostrados. Também foram coletadas amostras de concentrações aluvionares do rio Paraguaçu e de seus afluentes, rios Paratigi, do Peixe e Capivari. A localização e o sumário dos resultados analíticos são apresentados no quadro 6.5. • Tipologia Esses depósitos aluvionares preenchem a calha do leito ativo dos rios, com maior aporte de detritos na estação chuvosa. O maior acúmulo arenoso ocorre nos seus trechos medianos, com a redução do gradiente topográfico. A mineralogia dos detritos reflete a natureza das formações geológicas atravessadas, constituídas predominantemente por gnaisses e granulitos (anexo IV). • Produção e comercialização As areias aluvionares têm sido retiradas em quantidades relativamente pequenas, através de métodos rudimentares, com uso de pás e animais (foto 6.16), principalmente dos rios Jacuípe e Paratigi, a distâncias entre 35 a 60 km de Feira de Santana. Estimou-se para o ano de 2013 uma produção inferior a 100 mil t, comercializada a cerca de R$ 25,00/m3, no local da extração.
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.9 - Frente de lavra do Areal Haras. Município de Catu.
Foto 6.10 - Platô de areia em fase de pesquisa do Areal Faz. Lagoão Município de Catu. 93
Informe de Recursos Minerais
Foto 6.11 - Depósito de areia parcialmente lavrado do Areal Barro Vermelho. Município de Ouriçangas.
Foto 6.12 - Topo de morro de areia da Formação Marizal, ainda não explorado. Areal Barro Vermelho, município de Ouriçangas. 94
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Nº
Localização
Latitude (UTM)
Sumário dos resultados
Longitude Cota (UTM)
(m)
MF %>4,8 %<0,15
mineralogia
% arg
sais (ppm)
61 Ar
Rio Paratigi
8613798
464035 119
3,6
2,03
0,00 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
7
<737
63 Ar
Rio Paratigi
8616410
458257 125
2,9
2,54
0,00 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
8
711
64 Ar
Rio do Peixe
8613862
432468 162
3,1
5,10
0,51 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
9
<290
65 Ar
Rio do Peixe
8620846
419629 172
2,6
5,58
0,51 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
9
769
67 Ar
Rio Capivari
8617074
397886 185
3,2
5,08
0,00 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
6
<295
62 Ar
Rio Paraguaçu
8611234
462895 121
2,7
9,79
1,03 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
8
1337
66 Ar
Rio Paraguaçu
8611492
414374 172
3,0
0,50
1,01 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
5
<1940
68 Ar
Rio Paraguaçu
8615970
400290 178
1,9
0,00
1,50 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
4
1635
69 Ar
Rio Paraguaçu
8607672
446209 145
2,1
0,00
5,50 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
8
4115
70 Ar
Rio Jacuipe
8660208
483351 158
3,1
5,61
1,02 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
7
2185
85 Ar
Rio Jacuipe
8702524
451171 226
3,2
2,50
0,50 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
6
1043
88 Ar
Rio Jacuipe
8706728
448221 233
3,1
1,00
0,00 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
9
<414
86 Ar
Rio Sacraiú
8692312
438656 231
2,9
2,00
0,50 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
9
1244
87 Ar
Rio Sacraiú
8693298
436552 237
2,9
5,03
0,50 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
6
1966
59 Ar
Areal Joanita
8669750
503679
259
2,5
0,53
9,57 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
0
1916
60 Ar
Areal do Rancho
8666092
498783
239
2,2
0,00
8,72 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
3
4211
10 Arn
Rio Paraguaçu
8615630
400065
179
1,1
0,00
8,26 Qz, Arg, Ft, Fd, Ou
2
9313
>10
>8
Resultado em amarelo, se: se: Resultado em amarelo,
<2,0
Quartzo< 85%
Arg.>5% >2000ppm
Notas: 1. Ar = areia; Arn = arenoso 2. Cota medida por GPS modelo Garmin 72 3. MF = módulo de finura; %>4,8 = fração retida em peneira de 4,8mm; %< 0,15 = fração passante em peneira de 0,15mm; 4. Mineralogia aproximada: Qz= quartzo; Fm= silicato ferromagnesiano; mi= mica; Fd= feldspato; Ft= hidróxidos de Fe e Ti; Arg= argila; Ou= outros 5. % arg = percentagem aproximada de argila 6. Sais solúveis = cloretos + sulfatos
Quadro 6.5 - Identificação, localização e sumário dos resultados de análises de amostras de areia e arenoso de rios e cobertras, da Região de Feira de Santana
• Reservas Os depósitos visitados apresentam uma largura média de 10 m, com cerca de 2 m de espessura de areia e extensões somadas que podem ultrapassar os 30 km, dentro de um raio inferior a 100 km de distância de Feira de Santana. A reserva contida nessas calhas aluvionares chega a cerca de 600 mil m³ ou 900 mil t de areia. Para uma reposição anual em torno de 40%, admite-se a possibilidade de uma produ-
ção anual sustentável de 360 mil t, satisfatória para abastecer o mercado de Feira de Santana, considerando a contribuição adicional das areias da Formação Marizal. • Qualidade e aplicações As areias aluvionares são mais grossas do que as da formação Marizal, com MF entre 1,9 e 3,6 (quadros 6.5 e 6.8), possuindo fração >4,8 mm em geral abaixo de 6%, podendo che-
95
Informe de Recursos Minerais
gar a 10%. A fração <0,15 mm, em geral abaixo de 1,5%, em uma amostra alcançou 5,5%. As análises químicas (quadros 6.5 e 6.6) evidenciam a forte predominância de quartzo (SiO2>85%), em grãos sub-arredondados, na amostra total, com alguma argila (4 a 9%) e/ou feldspato (indicados pelos teores de Al2O3 e álcalis). Na pequena fração <0,15 mm (quadro 6.7), são mais abundantes as argilas, feldspato, hidróxidos de Fe e Ti e CaO (que deve refletir a presença frequente de conchas espiraladas de minúsculos gastrópodes de água doce). As areias aluvionares, pela sua distribuição granulométrica, módulo de finura e forte predominância de quartzo são preferidas e adequadamente usadas para a produção de concreto estrutural, podendo ser misturadas com areias mais finas. Alguns resultados para sais solúveis estão acima das especificações de uso, merecendo melhor avaliação. • Perspectivas futuras Os depósitos aluvionares descritos mostram predominantemente uma areia medianamente grossa, no geral sem restrições comprometedoras quanto a sua composição química e mineralógica, com boas perspectivas de produção sustentável a preços competitivos. Ela deve ser usada na formulação do agregado miúdo para concreto estrutural, em mistura com areias mais finas da Formação Marizal.
6.3.2.2- Principais depósitos aluvionares • Aluviões da bacia do rio Jacuípe Com a inundação do curso do rio Jacuípe pelas represas de Pedra do Cavalo e de Jaguara (cerca de 25 km a NW de Feira de Santana, fora da área do anexo IV), os primeiros aluviões aproveitáveis ocorrem cerca de 6 km acima desse último barramento. No local, a areia é retirada do leito ativo do rio com pás e colocada em cima de tábuas sobre boias de borracha, sendo levada para a margem e transportada por animais até onde as caçambas são carregadas (amostra 70Ar, foto 6.16, a N do anexo IV). A análise mineralométrica dessa amostra revela uma areia de coloração cinza, granula-
96
ção medianamente grossa, mal selecionada, imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos angulosos, com baixa esfericidade. Observa-se uma grande variação nos graus de esfericidade e arredondamento do sedimento analisado, e a presença de matéria orgânica e carapaças de gastrópodes, ouriços e conchas centimétricas. A sua composição mineralógica é constituída de fragmentos líticos (granito e arenito) e de minerais, quartzo (hialino, leitoso), plagioclásio sem alteração e com forma tabular, biotita, apatita, minerais opacos, magnetita, epidoto, anfibólio, titanita, zircão e monazita. O não emprego de dragas para retirada da areia foi justificada pelo encarecimento da extração, espessura relativamente pequena de areia, em leito rochoso, e à dificuldade de reposição da areia pelo rio face à irregularidade climática. Mais a montante do rio Jacuípe foram registradas ocorrências de areia na região de Riachão do Jacuípe, a cerca de 100 km de Feira de Santana (amostras 85Ar e 88Ar, foto 6.17), e no seu afluente rio Sacraiú, a distâncias de até 120 Km (amostras 86Ar e 87Ar, foto 6.18), não abrangidas pelo anexo IV. Com uma extensão aluvionar aproveitável e renovável de, pelo menos, 10 km, estimase uma reserva da ordem de 300 mil t de areia (10 km x 10 m de largura média x 2 m de espessura x 1,5 m3/t). A qualidade da areia do rio Jacuípe, em linhas gerais, é similar à dos demais depósitos aluvionares, como caracterizado no item 6.3.2.1. • Aluviões da bacia do rio Paraguaçu Os depósitos aluvionares significativos mais próximos foram registrados no rio Paratigi, afluente do rio Paraguaçu pela sua margem esquerda, na sua passagem sob a ponte da rodovia BR-116, a cerca de 50 km de Feira de Santana (amostra 63Ar, foto 6.13), e mais a jusante (amostra 61Ar), além do próprio rio Paraguaçu (amostra 62Ar). Nele, o seu leito rochoso dificulta a formação de aluviões arenosos em vários trechos (amostra 69Ar, foto 6.19).
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.13 - Leito arenoso, seco, do rio Paratigi, próximo à ponte na rodovia BR-116.
Foto 6.14 - Aluviões de areia do rio do Peixe, próximos da rodovia BR-242.
97
Informe de Recursos Minerais
Foto 6.15 - Leito arenoso, seco, do rio Capivari, próximo do povoado homônimo. Município de Rafael Jambeiro.
Foto 6.16 - Extração rudimentar de areia no rio Jacuípe, município de Feira de Santana. 98
Rochas e Minerais Industriais
Nº
Amostra Localização
61 Ar 63 Ar 64 Ar 65 Ar 67 Ar 62 Ar 66 Ar 68 Ar 69 Ar 70 Ar 85 Ar 88 Ar 86 Ar 87 Ar 59 Ar 60 Ar
Rio Paratigi Rio Paratigi Rio do Peixe Rio do Peixe Rio Capivari Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Jacuipe Rio Jacuipe Rio Jacuipe Rio Sacraiú Rio Sacraiú Areal Joanita Areal do Rancho
10 Arn
Rio Paraguaçu
Resultado em em amarelo, amarelo, se: Resultado se:
SiO2 89,5 87,1 86,5 85,8 91,1 86,3 91,4 92,5 86,5 86,8 90,3 90,3 86,6 87,2 94,7 95,3 75,1 <90
Resultados em % e em ppm para CL e SO4 Al2O3 CaO MgO Na2O K2O Fe2O3 TiO2 Cl 5,59 6,46 6,64 7,3 4,55 5,98 4,05 3,12 6,26 5,74 4,59 4,72 6,8 6,73 2,21 1,41
0,78 1,01 0,93 0,96 0,68 0,85 0,31 0,34 0,7 1,07 0,53 0,59 0,69 0,72 0,26 0,01
<0,1 <0,1 0,1 0,1 <0,1 0,12 <0,1 <0,1 0,17 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
1,35 1,47 1,36 1,53 1,14 1,19 0,69 0,58 1,25 1,35 1 1,12 1,43 1,51 0,57 <0,1
1,48 1,68 2,22 2,33 1,11 1,84 1,27 0,88 1,74 1,87 1,63 1,59 2,6 2,5 0,71 0,17
11,8 0,85 0,41
1,52
2,45
3,57
>4
>1
>1
>5
>1
>0,5
0,95 1,04 1,19 1,31 1,1 1,85 1,39 1,32 1,68 1,42 1,29 1,29 1,32 1,47 1,5 1,62
SO4
0,08 0,17 0,18 0,37 0,08 0,51 0,1 0,39 0,27 0,35 0,13 0,06 0,19 0,16 0,12 1,08
587 171 <20 169 145 377 <20 195 245 115 83 264 104 1246 296 71
<150 540 270 600 <150 960 1920 1440 3870 2070 960 <150 1140 720 1620 4140
0,83
1483
7830
>0,5 >1000 >1000
Nota: 1. Resultado de S convertido em SO4
Quadro 6.6 - Análises química de amostras de areia e arenoso de rios e coberturas (amostra total), da região de Feira de Santana
A análise mineralométrica de uma amostra do aluvião do rio Paratigi (63Ar) definiu uma areia de granulação média a grossa, mal selecionada, imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos com baixa esfericidade e arredondamento. A sua composição mineralógica é formada por fragmentos líticos com até 1,8 cm de tamanho (granito) e de minerais, quar tzo (hialino, rosa, leitoso, esfumaçado), plagioclásio com forma tabular, K-feldspato, biotita, apatita, minerais opacos, epidoto, anfibólio, zircão, turmalina, titanita, piroxênio e monazita; presença de matéria orgânica e carapaças de gastrópodes.
A descrição mineralométrica do aluvião coletado no rio Paraguaçu (amostra 69Ar), mostrou uma areia de coloração acastanhada, granulação variando de fina a grossa, com predominância da fração medianamente fina, mal selecionada, imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos subangulosos a subarredondados, com média a alta esfericidade, respectivamente. Os minerais estão parcialmente encoberto por grãos tamanhos silte/argila. Presença de agregados de pequenos grãos de minerais aglutinados por argila e matéria orgânica. A sua composição mineralógica é formada por fragmentos líticos subangulosos (rocha quartzofeldspática e
99
Informe de Recursos Minerais
Amostra Localização
Nº
Resultados em % %<0,15mm SiO2 Al2O3 CaO MgO Na2O
K2O Fe2O3 TiO2
61 Ar 63 Ar 64 Ar 65 Ar 67 Ar 62 Ar 66 Ar 68 Ar 69 Ar 70 Ar 85 Ar 88 Ar 86 Ar 87 Ar 59 Ar 60 Ar
Rio Paratigi Rio Paratigi Rio do Peixe Rio do Peixe Rio Capivari Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Jacuipe Rio Jacuipe Rio Jacuipe Rio Sacraiú Rio Sacraiú Areal Joanita Areal do Rancho
0,19 0,59 1,78 1,39 0,69 4,46 1,36 4,32 10,1 1,79 0,77 0,1 1,5 1,33 18,25 10,68
72,6 69,3 72 61,6 70,6 68,9 68 70,5 72,3 61,8 67,1 69,8 66,1 68,6 87,8 87,9
11,8 12,9 11,4 9,05 12,7 12,1 14,2 10,7 13,5 11,7 12,9 15,6 12,2 11,4 5,03 2,25
2,34 2,7 2,46 1,86 2,74 2,51 1,79 1,78 1,87 2,84 2,36 2,55 2,01 2,22 0,05 0,03
0,98 1,07 0,96 0,82 0,95 0,82 0,65 0,64 0,72 0,64 0,4 0,43 0,51 0,53 <0,1 <0,1
2,31 2,75 2,33 1,76 2,97 2,49 2,03 2,08 2,34 2,34 2,88 3,51 2,44 2,39 0,14 <0,1
2 2,21 2,56 2,21 2,07 2,55 2,33 2,31 3,01 2,8 2,78 4,09 3,07 3,07 0,71 0,4
3,82 4,55 4,57 11,3 4,25 6,14 3,96 5,98 3,32 8,53 6,19 2,06 5,86 6,01 2,27 3,43
1,27 1,99 2,18 9,27 1,09 3,16 0,66 4,2 1,02 6,39 4,61 0,66 3,93 3,76 2,15 3,11
10 Arn
Rio Paraguaçu
40,79
70,2
14,1
1,01
0,59
1,64
2,73
4,38
1,19
>4
>1
>1
>1
>5
Resultado em em amarelo, amarelo, se: Resultado se:
>8
<90
>0,5
>0,5
N
Nota: 1. %<0,15mm = fração passante na peneira <0,15mm
Quadro 6.7 - Análises químicas de amostras de areia e arenoso de rios e coberturas (fração <0,15mm), da região de Feira de Santana
sedimentar) e de minerais, quartzo (hialino, leitoso), plagioclásio, K-feldspato, minerais opacos e biotita, além de argila. Os aluviões mais distantes visitados no rio Paraguaçu, com acesso pela rodovia BR-242 (amostras 66Ar e 68Ar, foto 6.20), e nos afluentes rio do Peixe (amostras 64Ar e 65Ar, foto 6.14) e rio Capivari (amostra 67Ar, foto 6.15), entre 80 e 120 km de distância de Feira de Santana, são registrados no anexo IV. Pode-se estimar uma extensão mínima de 20 km de depósitos aluvionares de areia, com expectativa de reservas renováveis da ordem de 600 mil t (20 km x 10 m de largura média x 2 m de espessura x 1,5 t/m³), mesmo considerando os trechos rochosos de seu leito. A análise mineralométrica do aluvião do rio do Peixe (amostra 65Ar) revelou uma areia
100
de coloração castanho acinzentada, granulação variando de fina a grossa, com predominância da fração areia média, medianamente selecionada, imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos subangulosos a subarredondados, com média a alta esfericidade, respectivamente. Presença de agregados de pequenos grãos de minerais aglutinados por argila e carapaças de gastrópodes. A sua composição mineralógica é constituída de fragmentos de minerais (quartzo), com tamanho maior que 1 cm, quartzo (hialino, leitoso, rosa), plagioclásio, K-feldspato, minerais opacos, magnetita, biotita, piroxênio, anfibólio, titanita, monazita, turmalina, zircão e apatita, além de argila. No rio Capivari, a análise mineralomé-
Rochas e Minerais Industriais
Amostra Localização
Nº
>4,8
>2,4
Abertura em mm; resultados em % >1,2 >0,6 >0,3 >0,15
<0,15
MF
61 Ar 63 Ar 64 Ar 65 Ar 67 Ar 62 Ar 66 Ar 68 Ar 69 Ar 70 Ar 85 Ar 88 Ar 86 Ar 87 Ar 59 Ar 60 Ar
Rio Paratigi Rio Paratigi Rio do Peixe Rio do Peixe Rio Capivari Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Paraguaçu Rio Jacuipe Rio Jacuipe Rio Jacuipe Rio Sacraiú Rio Sacraiú Areal Joanita Areal do Rancho
2,03 2,54 5,10 5,58 5,08 9,79 0,50 0,00 0,00 5,61 2,50 1,00 2,00 5,03 0,53 0,00
8,63 4,06 6,12 2,03 5,08 5,15 1,51 0,00 1,00 9,69 5,00 9,00 5,00 5,53 3,72 1,54
46,19 17,26 27,04 10,66 27,41 14,43 19,60 0,00 3,00 23,98 30,50 5,50 3,50 3,02 20,74 10,26
35,03 40,10 34,18 36,55 45,18 27,84 56,78 4,00 19,00 35,71 43,50 71,50 72,50 64,32 23,94 25,64
7,61 33,50 21,94 41,12 16,24 35,05 19,10 87,00 62,00 20,92 16,50 13,00 15,50 19,10 29,26 37,95
0,51 2,54 5,10 3,55 1,02 6,70 1,51 7,50 9,50 3,06 1,50 0,00 1,00 2,51 12,23 15,90
0,00 0,00 0,51 0,51 0,00 1,03 1,01 1,50 5,50 1,02 0,50 0,00 0,50 0,50 9,57 8,72
3,6 2,9 3,1 2,6 3,2 2,7 3,0 1,9 2,1 3,1 3,2 3,1 2,9 2,9 2,5 2,2
10 Arn
Rio Paraguaçu
0,00
0,00
0,00
0,92
19,27
71,56
8,26
1,1
Nota: 1. MF = módulo de finura
Quadro 6.8 - Análises granulométricas e módulos de finura de amostras de areia e arenoso de rios e coberturas, da região de Feira de Santana
trica (amostra 67Ar), descreveu uma areia de coloração cinza, granulação medianamente grossa, mal selecionada, imatura mineralógica e texturalmente, evidenciada pela presença de minerais quimicamente instáveis e pela predominância de grãos subangulosos a subarredondados, com baixa esfericidade. E registra uma grande variação nos graus de esfericidade e arredondamento do sedimento, com presença de matéria orgânica. A sua composição mineralógica é formada por fragmentos líticos subangulosos (rocha quartzofeldspática e arenito), e de minerais, quartzo (hialino, leitoso), plagioclásio, K-feldspato, apatita, minerais opacos, hematita, magnetita, epidoto, anfibólio, zircão, turmalina, granada rosa e piroxênio. A qualidade das areias do rio Paraguaçu
e afluentes, em linhas gerais, é similar à dos demais depósitos aluvionares, como descrito no item 6.3.2.1.
6.4 Principais fontes de agregado areno-argiloso (arenoso) As principais fontes de arenoso para Feira de Santana são os depósitos eluviais relacionados com a cobertura quaternária que ocorre no seu entorno e dentro do perímetro urbano. Esses elúvios foram mapeados indistintamente com os sedimentos do Grupo Barreiras no trabalho Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia, na escala 1:1.000.000 (DALTON DE SOUZA et al., 2003), base da geologia compilada dos anexos III e IV. Além deles, os arenosos originados do substrato ro-
101
Informe de Recursos Minerais
Foto 6.17 - Leito arenoso, quase seco, do rio Jacuípe, município de Riachão do Jacuípe.
Foto 6.18 - Leito arenoso do rio Sacraiú, com marcas de extração de areia por caçambas. Município de Pé de Serra. 102
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.19 - Leito rochoso do rio Paraguaçu. Faz. Mato d’Onça, município de Santa Terezinha.
Foto 6.20 - Bancos de areia ao longo do rio Paraguaçu, próximos do povoado de Capivari, município de Rafael Jambeiro. 103
Informe de Recursos Minerais
choso intemperizado e os depósitos aluviais não são aproveitados, sendo inviáveis economicamente. Empregados em argamassas de assentamento e revestimento, em misturas onde não são exigidas especificações mais rigorosas, em geral selecionados pela proporção areia/argila e pelo menor preço, esses arenosos são geralmente lavrados próximos das obras de engenharia.
6.4.1 Depósitos eluviais da cobertura quaternária A cobertura detrítica areno-argilosa de natureza eluvial, do Quaternário, sobre a qual se situa a maior parte de Feira de Santana, estendendo-se para norte, leste e sul da cidade, constitui a sua principal fonte de arenoso. Localizado a cerca de 15 km a N de Feira de Santana, a 300 m da BR-116, o Areal Joanita apresenta uma cava semicircular com largura de aproximadamente 500 m e uma espessura média de areia de 2 m, sendo o maior da região. No local é extraída uma areia de cor amarronzada clara, com MF=2,5 e fração <0,15 mm em torno de 10% (amostra 59Ar, foto 6.21). A sua produção era de cerca de 100 caçambas de 12 m3/dia, vendida para Feira de Santana por R$ 7,00/m3 na jazida (junho de 2013). Segundo o encarregado da mineração, esse depósito teria uma vida útil de 02 anos, mantida a produção da época. O Areal do Rancho, situado a aproximadamente 20 km a NW de Feira de Santana (fora da área do anexo IV), exibe um anfiteatro circular com cerca de 300 m de largura, com uma lavra incipiente. Nele extrai uma areia semelhante à do depósito anteriormente descrito, com 2 m de espessura, um pouco mais argilosa e maior percentual de sais solúveis, acima de 4.000 ppm (amostra 60Ar, foto 6.22). Com uma produção de 8 a 10 caçambas de 6 m3/dia, vendida para Feira de Santana por R$ 6,00/m3 na jazida (junho de 2013), esse depósito possuía reserva de areia para cerca de 5 anos, com o nível de extração informado, segundo o proprietário.
104
Face à sua ampla distribuição, inclusive na área urbana, essas coberturas eluviais são lavradas muitas vezes informalmente, de forma pontual, com custos baixos, prejudicando a lavra legalizada.
6.4.2 Depósitos associados ao substrato rochoso intemperizado Como alternativa futura poderão ser empregados como arenosos os produtos da decomposição de rochas gnáissicas e granitoides que circundam a cidade de Feira de Santana, no momento sem viabilidade econômica em virtude da prática de lavra informal na região.
6.4.3 Arenosos aluviais Durante a avaliação dos depósitos aluvionares de areia, alguns arenosos localizados no rio Paraguaçu foram visitados (amostra 10Arn), não apresentando perspectiva de aproveitamento econômico na atualidade.
6.5 Principais fontes de agregado graúdo (brita) A ocorrência de inúmeros complexos rochosos aflorantes nas vizinhanças da cidade de Feira de Santana, bem como a sua diversidade, favorece a existência de abundantes reservas de rochas para a produção de agregados graúdos.
6.5.1 Localização e domínio geológico O abastecimento de agregado graúdo para a região de Feira de Santana foi avaliado a partir de 06 (seis) pedreiras visitadas pelo projeto: Rio Branco, Sant’Ana Amorim, Terrabrás, São Francisco, Lage e Santa Isabel. As três primeiras estão localizadas a W de Feira de Santana, com a Pedreira Rio Branco situada a cerca de 2 km da cidade, enquanto as pedreiras Sant’Ana Amorim e Terrabrás estão próximas da rotatória da rodovia BR-116, na margem da estrada BA052 (Estrada do Feijão), cerca de 10 a 12 km de Feira de Santana. A Pedreira São Francisco situa-se a cerca de 1 km a N do limite urbano de Feira de Santana, próxima da rodovia BR-116, enquanto as pedreiras Lage e Santa Isabel estão a cerca
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.21 - Cava semicircular do Areal Joanita. MunicĂpio de Feira de Santana.
Foto 6.22 - Cava semicircular, com lavra incipiente, do Areal do Rancho. MunicĂpio de Feira de Santana. 105
Informe de Recursos Minerais
de 30 km de Feira de Santana, a aproximadamente 5 km a N de Conceição de Jacuípe, nas imediações da estrada BA-084, trecho Conceição de Jacuípe - Coração de Maria. As pedreiras Rio Branco, Sant’Ana Amorim, Terrabrás e São Francisco estão localizadas no domínio do Complexo Caraíba, do Neoarqueano, formado por ortognaisses granulíticos, enquanto as pedreiras Lage e Santa Isabel estão inseridas no Complexo Santa Luz, constituído por ortognaisses migmatíticos. A localização e o domínio geológico dessas pedreiras são apresentados no mapa geológico simplificado de áreas-fonte de areia, arenoso e brita para a região de Feira de Santana, na escala 1:200.000 (anexos III e IV).
6.5.2 Produção: fontes, processo produtivo, destinação e preços As pedreiras Rio Branco, Sant’Ana Amorim, Terrabrás, São Francisco, Lage e Santa Isabel eram responsáveis por cerca de 95% do abastecimento de material britado para a região de Feira de Santana, no último trimestre de 2013. A Pedreira Rio Branco produzia aproximadamente 40.000 t/mês de rocha britada, cerca de 90% destinada para Feira de Santana e arredores, com uma capacidade instalada de 45.000 t/mês, planejando uma ampliação de 20%. Ela trabalhava com uma cava circular, com diâmetro de aproximadamente 300 m, com duas bancadas, uma inferior com 12 a 15 m de altura e a outra superior com 25 m, operando uma lavra muito organizada (foto 6.23). O seu projeto previa um rebaixamento de 15 m no seu pisobase para uma nova bancada e ensaios tecnológicos para produzir areia de brita. A Pedreira Sant’Ana Amorim possuía uma capacidade instalada de 14.000 t/mês de rocha britada, produzindo aproximadamente 8.000 t/mês em uma cava medindo cerca 60 m de largura por 80 m de comprimento, operando em 5 níveis, com bancadas de 6 a 10 m de altura (foto 6.24). Aproximadamente 90% dessa produção era vendida para Feira de Santana. Com uma cava medindo cerca de 60 m de largura por 100 m de comprimento, a Pedrei-
106
ra Terrabrás foi inicialmente aberta para fornecer material britado para a construtora Terrabrás, na recuperação da estrada BA-052, e na duplicação da rodovia BR-116 em 2013, planejando operar comercialmente em 2014. Com uma capacidade instalada de 18.000 t/mês de rocha britada, ampliando para 40.000 t/mês, produzia 12.000 t/mês em novembro de 2013, trabalhando uma cava com 60 m de largura por 100 m de comprimento, com duas bancadas de 15 m de altura (foto 6.25). A Pedreira São Francisco, antiga Itapororoca Britas, liderava o fornecimento regional produzindo aproximadamente 60.000 t/mês de material britado, cerca de 80% para Feira de Santana e cidades vizinhas, com uma capacidade instalada de 90.000 t/mês e instalando uma nova planta de igual capacidade, para operar em meados de 2014. A sua cava media cerca de 150 m de largura por 200 m de comprimento, com a lavra sendo feita em duas bancadas, uma com aproximadamente 11 m de altura e a outra com 12 a 15 m, estando em fase de ampliação (foto 6.26). Essa pedreira planejava iniciar a produção de areia de brita em 2014. As pedreiras Lage e Santa Isabel, distantes entre si cerca de 500 m, pertencem à empresa Pedreiras Santa Isabel. A primeira apresentava uma capacidade instalada de 80.000 t/ mês de material britado, produzindo cerca de 50.000 t/mês, operando uma cava medindo aproximadamente 150 m de largura por 300 m de extensão, com bancadas de 10 a 16 m de altura, em duas frentes de lavra (foto 6.27). A Pedreira Santa Isabel, com uma capacidade instalada de 35.000 t/mês de brita, produzia cerca de 30.000 t/mês, operando com duas bancadas de 12 a 16 m de altura. Essas duas pedreiras destinavam apenas 10% de sua produção para a cidade de Feira de Santana. As pedreiras Rio Branco, Sant’Ana Amorim, Terrabrás e São Francisco lavram rochas gnáissicas granulíticas com coberturas areno-argilosas de pequena espessura, decorrentes da alteração dessas rochas, enquanto as pedreiras Lage e Santa Isabel trabalham com
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.23 - Frente de lavra da Pedreira Rio Branco. Município de Feira de Santana.
Foto 6.24 - Cava da Pedreira Sant’Ana Amorim. Município de Feira de Santana. 107
Informe de Recursos Minerais
gnaisses migmatíticos de composição granitoide, com mantos de alteração inexpressivos. A lavra dos complexos rochosos é realizada pelo método tradicional de bancadas, conforme descrito para as pedreiras de Vitória da Conquista (item 4.5.2). Para minimizar a poluição decorrente do pó em suspensão gerado pela atividade de britagem e transporte da brita são usados aspersores de água, carros-pipa e Sistema de Batimento de Pó-SBP, além de tanques de decantação dos finos, com circuito fechado de circulação das águas, antes do seu retorno aos córregos. Algumas pedreiras já contratam empresas especializadas para detonação das rochas, não possuindo depósitos de explosivos (paiós) em seu entorno, além de usarem rompedores hidráulicos para fragmentação de blocos com mais de 1 m de diâmetro, evitando a detonação secundária. Com uma população aproximada de 610.000 habitantes (IBGE, 2014), Feira de Santana possui na sua região metropolitana, que abrange seis municípios, cerca de 730.000 habitantes (FEIRA DE SANTANA, 2014). Estimando-se um consumo médio anual per capita de brita de 1 t, verifica-se que a produção informada para o ano 2013, de cerca de 2,4 milhões de t, supera três vezes o consumo urbano estimado para essa região (730.000 t). Essa produção maior de material britado foi devida à duplicação das rodovias BR-116 e BR-101, em andamento, ao novo anel rodoviário de Feira de Santana, à construção de um aeroporto mais moderno, com seus acessos, e aos dois shopping centers em construção na cidade, além do fornecimento para municípios fora da Região Metropolitana de Feira de Santana, atendendo até cidades no entorno de Salvador. A capacidade instalada para produção de material britado nas seis pedreiras analisadas somava 3,4 milhões de t/ano em 2013, atingindo 4,8 milhões de t /ano com as ampliações em andamento. Não existe processamento industrial de entulho na região. O preço praticado nas jazidas, no segundo semestre de 2013, para britas 1 (1’’) era
108
de R$ 30,00 a R$ 40,00/t, 0 (5/8’’) e gravilhão (3/ 8’’) de R$ 38,00 a R$ 42,00/t, e pó de pedra (<3/ 16’’) de R$ 16,00 a R$ 20,00/t. A maioria das pedreiras comercializava os produtos por peso (t), enquanto as demais se encontravam em processo de instalação de balanças. A Pedreira Rio Branco possuía frete próprio, cobrando R$ 8,00/t de brita até Feira de Santana, distante cerca de 2 km de sua periferia, em junho de 2013. Nas demais pedreiras o frete era terceirizado, sendo cobrado R$ 0,30/t/ km pelo percurso até a obra. Essas pedreiras eram responsáveis por 260 empregos diretos, estimando-se uma ampliação para cerca de 300, com a demanda decorrente das obras em execução ou programadas. O nível de escolaridade é bastante precário na área operacional das pedreiras, com os operários possuindo em geral o primeiro grau incompleto. Merece registro a iniciativa da Pedreira Rio Branco, onde todos os empregados concluíram o curso de primeiro grau, mantendo a pedreira uma escola com esse objetivo. Em geral as pedreiras recorrem aos cursos do SESI/SENAI/SESC para melhorar a capacitação dos seus empregados, inclusive na área de segurança no trabalho, através da Comissão Interna de Prevenção de AcidentesCIPA, de cada empresa.
6.5.3 Reservas As pedreiras informaram reservas de rochas para a produção de agregados graúdos suficientes para mais de 50 anos de extração mineral, considerando a produção de 2013. A existência de inúmeros complexos rochosos aflorantes na região ou com capeamentos areno-argilosos inferiores a 2 m, justifica essa avaliação.
6.5.4 Qualidade Os complexos rochosos explorados pelas pedreiras que abastecem a região de Feira de Santana são formados, predominantemente, por ortognaisses granulíticos parcialmente retrometamorfisados e por ortognaisses migmatíticos (anexos III e IV).
Rochas e Minerais Industriais
Foto 6.25 - Frente de lavra da Pedreira Terrabrás. Município de Feira de Santana.
Foto 6.26 - Cava da Pedreira São Francisco, em fase de ampliação. Município de Feira de Santana. 109
Informe de Recursos Minerais
Foto 6.27 - Cava da Pedreira Lage. Município de Conceição do Jacuípe.
A Pedreira Rio Branco lavra um maciço de rochas granitoides muito falhado, com intercalações de rochas máficas. A análise petrográfica de uma amostra representativa revelou uma textura protomilonítica, porfiroblástica, granulação variando de fina a grossa, equigranular, foliada, de composição monzogranítica. A foliação é marcada pelo alinhamento dos cristais de piroxênio e biotita, e pela forma alongada dos demais minerais. A rocha é constituída predominantemente de porfiroclastos de quartzo e feldspato imersos em uma matriz quartzofeldspática de granulação fina. A sua mineralogia é constituída de quartzo (40%), plagioclásio (30%), microclina (25%), piroxênio (4%), biotita (1%) e, em percentuais menores que 1%, minerais opacos, apatita e zircão, sendo petrograficamente denominada metamonzogranito protomilonítico (amostra 14R, anexo IV). A Pedreira Sant’Ana Amorim opera uma cava formada por rochas gnáissicas granulíticas
110
com diques máficos, exibindo um fraturamento intenso. Em lâmina delgada, a rocha predominante apresenta uma textura nematogranoblástica, granulação fina a média, equigranular, levemente foliada, de composição tonalítica. A foliação é marcada predominantemente pelo alinhamento dos cristais de piroxênio e, de forma subordinada, pela forma levemente alongada dos demais minerais. A sua composição mineralógica é formada por plagioclásio (55%), quartzo (30%), diopsídio (10%), ortopiroxênio (4%), minerais opacos (1%) e traços de biotita, anfibólio e apatita, sendo definida como granulito félsico (amostra 16R, anexo IV). No mesmo contexto geológico das pedreiras Rio Branco e Sant’Ana Amorim, a Pedreira Terrabrás lavra ortognaisses granulíticos, com diques máficos, num maciço granitoide bastante falhado e fraturado. A análise petrográfica de uma amostra do complexo revelou uma textura protomilonítica, constituída de quartzo
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(40%), plagioclásio (35%), hornblenda (15%), biotita (8%), K-feldspato (2%) e, em percentuais menores do que 1%, minerais opacos, apatita, zircão e carbonato, recebendo a denominação de biotita hornblenda gnaisse protomilonítico (amostra 18R, anexo IV). A Pedreira São Francisco, ainda no domínio das rochas do Complexo Caraíba, que abrange as áreas das pedreiras anteriormente descritas, minera gnaisses granulíticos com elevado grau de fraturamento, com rochas máficas intercaladas. Em lâmina delgada, uma amostra gnáissica representativa apresentou textura granoblástica, granulação média a grossa, maciça, de composição tonalítica. O contato entre os grãos minerais são retos a irregulares. A sua mineralogia é constituída de plagioclásio (45%), ortopiroxênio (20%), diopsídio (20%), quartzo (15%) e traços de minerais opacos, sendo a rocha classificada como granulito máfico (amostra 17R, anexo III). As pedreiras Lage e Santa Isabel, localizadas próximas entre si e no mesmo contexto geológico do Complexo Santa Luz, lavram ortognaisses migmatíticos de composição granitoide, bastante fraturados, com intercalações de rochas máficas. Uma amostra representativa do maciço revelou em lâmina delgada uma textura lepidogranoblástica, granulação fina a média, foliada, de composição monzogranítica, sem alteração ou evidências de deformação, tais como microfalhamentos ou microfraturamentos. A foliação é marcada pelo alinhamento dos cristais de biotita e pela forma levemente alongada dos demais minerais, principalmente o quartzo. A sua composição mineral é formada por quartzo (40%), microclina (30%), plagioclásio (25%), biotita (5%) e, em percentuais menores do que 1%, hornblenda, minerais opacos, titanita, apatita e zircão, sendo petrograficamente definida como biotita gnaisse (amostra 15R, anexo III). Um ensaio tecnológico realizado pela Pedreira Lage, em uma amostra de rocha britada desse maciço, no Laboratório de Engenharia Civil, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – CEPED, apresentou o Índice de Abrasão Los Ângeles igual a 31,1% (NBR NM 51).
As descrições de campo e em lâmina delgada caracterizam as amostras analisadas, de um modo geral, como gnaisses cinza a mais máficos, muito coerentes, pouco alterados, com texturas granoblática, porfiroblástica e nematoblástica, granulações variando de fina a grossa, foliados, de composição granitoide (granulitos félsicos) a mais máfica (granulitos máficos) e gnaisses migmatíticos, sendo considerados potencialmente inócuos para reação alcalina em concreto. No teste de resistência mecânica, o resultado do ensaio realizado de Abrasão Los Angeles na amostra da Pedreira Lage está abaixo de 50%, como recomendado. Mesmo sem dispor de testes de resistência mecânica (compressão e impacto) e de mais ensaios tecnológicos, inclusive de abrasão, o teste realizado, conjugado com a apreciação petrográfica das amostras analisadas dos complexos rochosos, indicam que essas rochas têm tido aplicação e destinação adequadas.
6.5.5 Perspectivas futuras As perspectivas futuras para a produção de agregados graúdos na região de Feira de Santana, consideradas apenas em relação às matérias primas minerais, são favoráveis quanto à disponibilidade dos complexos rochosos e a qualidade do material. Em relação ao mercado regional de agregados graúdos, verifica-se uma demanda crescente face às obras em execução ou programadas para iniciarem em 2015, citadas no item 6.5.2. A ausência de ocupação urbana próxima das pedreiras e mesmo a localização de um pequeno povoado nas vizinhanças da Pedreira Santa Isabel, ou das pedreiras Rio Branco e São Francisco situadas a cerca de 1 a 2 km do perímetro urbano de Feira de Santana, têm possibilitado uma lavra relativamente harmoniosa com a população local. Em alguns casos, as empresas têm adquirido propriedades ao redor das pedreiras, criando um cinturão verde no entorno dos empreendimentos mineiros. O aproveitamento das reservas contidas nos maciços rochosos das pedreiras existentes, cuja vida útil se projetava para além de
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50 anos, depende ainda da adoção de medidas preventivas pelos órgãos gestores e fiscalizadores dessa atividade industrial e pelos mineradores, listadas no item 4.5.5. Visando contribuir para o fortalecimento da mineração de agregados, os mineradores listaram as seguintes sugestões/preocupações pertinentes ao setor: a) carga tributária pesada, principalmente o valor cobrado de 2% do CFEM sobre o valor da Nota Fiscal, num insumo de fundamental importância social; b) demora na expedição das Portarias de Lavra na área governamental federal e das licenças ambientais no âmbito estadual, prejudicando a atividade mineira;
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c) custo elevado da energia elétrica na área rural, para as empresas; d) ações governamentais para qualificação da mão de obra mineira; e) dificuldade para a realização de ensaios tecnológicos para rocha britada no Estado da Bahia; f) coibir a clandestinidade da lavra de areia e arenoso; esses materiais produzidos nas pedreiras poderiam, por exemplo, ser destinados para os aterros sanitários, sem cobrança de impostos; e, futuramente, explorados comercialmente; g) acelerar a execução das obras de infraestrutura já aprovadas.
7. Mineração Rochas e Meio e Minerais Ambiente Industriais Embora a mineração seja uma atividade de fundamental importância para o desenvolvimento socioeconômico do país, inegavelmente dela decorrem impactos ambientais nos meios físico, biótico e antrópico. Entretanto, esses impactos podem ser minimizados se a atividade for planejada e executada dentro do conceito de sustentabilidade. ZANINI & PIMENTEL (1998) caracterizam a mineração e o meio ambiente como um binômio indissociável, quando se avaliam os problemas ambientais decorrentes da atividade de explotação mineral e os impactos causados. Este capítulo aborda uma análise sobre as interações e implicações existentes nesse binômio, para o caso da extração dos insumos minerais utilizados na construção civil das regiões de Vitória da Conquista, Ilhéus - Itabuna e Feira de Santana. Esta apreciação possui caráter genérico e simplificado, visto que as interações existentes são bastante complexas, requerendo um estudo detalhado para cada caso, o que não constitui o escopo deste trabalho.
qualidade do ambiente que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada pela ação humana (SÁNCHEZ, 2006). Ou seja, o impacto ambiental configura-se como o resultado de uma ação antrópica, que compreende a ação causadora. Já o termo aspecto ambiental, segundo o mesmo autor, pode ser entendido como o mecanismo através do qual uma ação humana provoca o impacto ambiental. Portanto, as ações antrópicas são as causas e os impactos ambientais as consequências, enquanto que os aspectos ambientais correspondem aos mecanismos ou os processos pelos quais ocorrem as consequências. Por exemplo, em uma pedreira para a produção de brita, várias ações antrópicas são executadas durante a operação do empreendimento. A britagem de rochas é uma delas. Um dos aspectos ambientais comuns no processo de britagem é a emissão de poeira, que pode levar à redução da qualidade do ar.
7.2 Impactos decorrentes da mineração Desta forma, foi realizada uma abordagem com o apontamento das principais atividades antrópicas executadas na mineração, os aspectos ambientais relacionados e os seus respectivos impactos. Assim, procurou-se ilustrar as relações entre as causas, os mecanismos de interação com o meio ambiente e as consequências geradas por essa interação, que correspondem aos impactos ambientais resultantes. Também serão tecidas considerações de algumas medidas mitigadoras, para cada forma de impacto ambiental decorrente da mineração. Por fim, o reordenamento ambiental das áreas degradadas pela mineração foi abordado, com uma explanação da importância de seu planejamento e execução concomitantes com a operação da mina.
7.1 Conceitos Para a aplicação da metodologia desenvolvida neste capítulo foram utilizados os conceitos de ação antrópica, aspecto ambiental e impacto ambiental, abaixo descritos. Impacto ambiental é a alteração da
A utilização da sistemática de matrizes de identificação de danos à natureza configura-se como uma ferramenta comumente utilizada para a avaliação de impactos ambientais de diferentes atividades. Proposta por LEOPOLD et al (1971), a matriz de impactos ambientais identifica, por meio do cruzamento de informações contidas em linhas e colunas, as interações possíveis entre os componentes de uma atividade ou projeto e os elementos do meio. Com exceção da mineração de areia em leito de rio, a lavra dos insumos minerais utilizados na construção civil ocorre quase que exclusivamente através da escavação mecânica ou desmonte do minério com explosivos, gerando jazidas a céu aberto, as quais podem ou não interceptar o nível freático. Assim, a maioria das atividades antrópicas identificadas na matriz de impactos ambientais constitui etapas comuns à explotação dos diferentes insumos. Desta forma, para uma melhor organização do texto, a abordagem da questão ambiental será tratada de forma individualizada por ati-
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vidade humana, elencando seus aspectos e potenciais impactos ambientais relacionados.
direcionamento da fauna para áreas previamente planejadas visando a sua preservação;
• Decapeamento e abertura de acessos
b) fazer o aproveitamento máximo da massa vegetal retirada, através da compostagem para posterior aplicação na revegetação das áreas degradadas;
Trata-se da etapa inicial da abertura de uma frente de lavra, quando se processa a retirada da cobertura estéril do terreno para expor à superfície o bem mineral. Seja para a abertura da frente de lavra ou para o traçado dos acessos internos, é nesta fase que ocorrem os processos de remoção do solo e da cobertura vegetal com a utilização de retroescavadeiras e pá-carregadeiras. A camada de solo e a cobertura vegetal conferem uma proteção natural à ação de agentes erosivos, controlam a capacidade de infiltração das águas das chuvas e o regime hidrológico do terreno, além de serem responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção da biodiversidade. Sua retirada resulta em impactos ambientais negativos ao meio físico, tais como o aumento da erosão local, a diminuição da taxa de infiltração das águas pluviais e a alteração do regime de fluxo hidrológico, assim como o aumento do assoreamento das drenagens à jusante da mina pela deposição do material erodido. No meio biótico os impactos se refletem na redução da biodiversidade, na perda do banco de sementes e no afugentamento da fauna, com a consequente perda da harmonia paisagística. A utilização de maquinário para executar o decapeamento e o transporte do material é responsável pela geração de gases e poeira, derramamento de óleo combustível, lixo da jazida, assim como ruídos e vibrações, resultando em impactos como a geração de rejeitos e lixo, além da redução da qualidade do ar, afugentamento da fauna e incômodo à vizinhança. Os impactos ambientais descritos, resultantes da etapa de decapeamento e abertura de acessos, podem ser mitigados, se forem adotados durante o planejamento e execução dos trabalhos alguns procedimentos, como por exemplo: a) proceder à remoção da vegetação em etapas controladas, de modo a permitir o
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c) iniciar a remoção seletiva do solo de cobertura retirando, inicialmente, a camada de solo vegetal, visando reservá-la para utilização posterior, o que permite a preservação da fertilidade residual da área após a lavra e de grande parte do banco de sementes de espécies nativas; d) a drenagem pluvial de toda área decapeada deverá ser disciplinada de forma que as águas de escoamento sejam direcionadas para bacias de decantação de sedimentos, construídas em locais topograficamente favoráveis; e) preservar e adensar a vegetação arbórea no entorno da mina quando presente ou promover o plantio de cortinamento vegetal, com vistas a mitigar o impacto visual e conter a dispersão de poeiras oriundas da movimentação do maquinário; f) proceder à manutenção periódica do maquinário, de modo a não produzir excessiva emissão de gases, ruídos, derramamento de óleo e do lixo oriundos do processo produtivo. • Lavra por desmonte com explosivos e/ou escavação mecanizada Para insumos como areia e arenoso, a operação da lavra se dá através da escavação mecanizada do minério exposto pelo decapeamento. O principal aspecto ambiental desta etapa é a modificação da topografia original do terreno, a qual pode estar associada à interceptação do nível freático ou das águas subterrâneas, acarretando impactos como a desestabilização geotécnica do terreno e a contaminação das águas subterrâneas. Também nesta fase, os impactos mencionados na etapa anterior tornam-se mais evidentes: há aumento da emissão de poeira pelo o uso mais intenso de maquinário, a escavação
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e desagregação de estéril e do minério aumentam a erosão do terreno e disponibilizam grande quantidade de sedimentos que podem assorear as drenagens à jusante da mina. Na produção de brita a escavação mecânica dá lugar ao emprego de explosivos para o desmonte do pacote rochoso e a execução do plano de fogo pode provocar a geração de poeira durante a perfuração da rocha para a colocação dos explosivos, e intensa vibração no solo quando da detonação. Caso o plano de fogo seja executado fora das normas técnicas e a mina se localize próxima a áreas urbanizadas, a vibração pode acarretar danos às estruturas das construções no entorno da mina e incômodo à vizinhança. Outro fenômeno relacionado é o ultralançamento, que ocorre em consequência do uso excessivo de carga explosiva, e consiste no lançamento de fragmentos rochosos para além da área de manobra e carregamento (praça). A seguir são elencadas algumas medidas a serem tomadas para a mitigação dos impactos relacionados à fase de lavra: a) as alturas e inclinações dos taludes da frente de mineração, assim como a largura das bermas, deverão ser definidas com base em projeto geotécnico, respeitando o ângulo de atrito interno do material, grau de saturação e influência das descontinuidades existentes, garantindo a sua estabilidade; b) os taludes cujas alturas excedam esses limites deverão ser subdivididos, com a formação de bancadas intermediárias, considerando o disposto no item anterior; c) o sistema de drenagem pluvial já implantado durante o decapeamento deverá também contemplar os taludes, bermas e praça de mineração, de forma que as águas de escoamento sejam direcionadas para bacias de decantação de sedimentos, construídas em locais topograficamente favoráveis; d) caso necessário, deverão ser adicionados ao sistema de drenagem das águas pluviais dissipadores de energia de escoamento, tais como escadas d’água, para reduzir a sua capacidade erosiva;
e) a preservação e o adensamento da vegetação arbórea no entorno da mina são medidas importantes para a mitigação do impacto visual e contenção da dispersão de poeiras oriundas das detonações e escavações; f) outras ações mitigadoras de controle de poeira relacionam-se à execução de perfurações para desmonte com dispositivo a úmido e utilização de carros-pipa para a umectação dos acessos internos, eliminando a geração de poeira na fonte, além de cuidados para a contenção de eventuais vazamentos de óleos e graxas; g) implantar sistema de monitoramento da qualidade das águas superficiais e subterrâneas e executar campanhas de amostragem e análise periódicas para a identificação de contaminantes; h) quando ocorrer a interceptação do nível freático ou das águas subterrâneas, deverão ser identificadas e reduzidas as potenciais fontes de contaminação. Para o controle de ruídos e vibrações gerados nas detonações deverá ser obedecido um plano de fogo adequado e um monitoramento periódico assinado e acompanhado por profissional habilitado. Para evitar ultralançamentos, deverá ser observado o dimensionamento do plano de fogo levando-se em conta as anomalias da rocha, tais como estágio de decomposição, juntas ou diáclases, espelhos de falhas, fraturas, etc. • Lavra de areia por dragagem Este método de lavra é empregado na retirada de areia existente ao longo dos cursos d’água naturais. No que diz respeito à questão ambiental, esta mineração é a que apresenta uma maior complexidade de interações com o meio físico, tendo maiores desdobramentos quanto aos impactos ambientais. A extração mineral em cursos de rios consiste na retirada dos sedimentos arenosos inconsolidados, localizados em depósitos subaquosos nos seus leitos ativos. A extração da areia é feita com o uso de embarcações de pequeno a médio porte que possuem dispositivos
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de dragagem potentes, dos tipos mecânico ou hidráulico. As dragas mais comuns são as dotadas de bombas de sucção e recalque, hidráulicas. Quando a dragagem se dá sem critérios, sendo executada junto às margens dos rios, não respeitando a sua capacidade de reposição sedimentar e aprofundando excessivamente o seu leito, podem ocorrer sensíveis modificações na morfologia da calha do curso d’água. Tal aspecto resulta em uma série de impactos ambientais. No meio físico pode ocorrer a alteração do fluxo hidrológico pela modificação da área da seção transversal e rugosidade do canal, implicando em alterações nas velocidades de corrente e regime de fluxo da água. Os potenciais impactos resultantes são o aumento da erosão nas margens e aceleração da sua desestabilização geotécnica, exemplificados pelos solapamentos. Também no processo de dragagem ocorre a ressuspensão de sedimentos finos que encontravam-se depositados no fundo do canal, aumentando a turbidez das águas logo à jusante da draga e, em algumas situações específicas, solubilizando contaminantes que podem estar adsorvidos na fração argilosa dos sedimentos. Ainda, a contaminação das águas por óleos e graxas pode ocorrer em caso de naufrágio da embarcação ou pela falta de manutenção na casa de máquinas, somada à ausência de um sistema de contenção de eventuais vazamentos de combustíveis. No meio biótico os impactos potenciais se refletem na redução da biodiversidade aquática, pela perturbação das rotas de peixes e do habitat dos organismos que vivem no fundo do canal. A queda de vegetação ciliar associada à desestabilização das margens dos rios também configura um impacto ao meio biótico. O impacto visual oriundo da erosão das margens dos cursos d’água e da retirada da vegetação ciliar, assim como possíveis danos a construções existentes junto aos rios, tais como portos e atracadouros, podem estar associados à uma dragagem sem controle técnico.
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Alguns exemplos de medidas mitigadoras para os impactos ambientais listados, são elencados a seguir: a) nunca proceder a dragagem junto aos diques marginais do curso d’água, de modo a não causar o abatimento do seu sopé e consequente solapamento; b) a manutenção de faixas de distanciamento mínimo da dragagem em relação às margens dos rios também reduz os impactos sobre a biodiversidade do curso d’água, sobretudo quanto aos organismos bentônicos, que necessitam da penetração da luz solar e concentramse nas porções mais rasas do leito (junto às margens); c) a explotação deve ser direcionada exclusivamente aos bancos de sedimentos inconsolidados existentes, frutos do regime de deposição natural, assim como ser compatível com a capacidade de reposição natural de areia do curso d’água, de modo a minimizar a influência da mineração sobre a alteração da forma do canal, velocidade e regime de fluxo hídrico; d) a extração deve ser realizada pela retirada de sucessivas acumulações de areia do centro para as margens, evitando-se a formação de depressões acentuadas que poderiam provocar aumento da turbulência no fluxo hídrico e consequente aumento da erosão no fundo do canal e margens; e) periodicamente, devem ser realizados o monitoramento da taxa de reposição de sedimentos e o levantamento batimétrico do leito do canal, de modo que as medidas mitigadoras possam ser executadas de forma mais eficaz; f) a ancoragem das embarcações deverá ser realizada somente em locais autorizados e nunca causando danos à vegetação ciliar; g) as dragas devem sofrer manutenção periódica e serem dotadas de compartimentos estanques para a contenção de eventuais vazamentos de óleos e graxas.
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• Estocagem de minério e deposição de estéreis e rejeitos Quando o minério é estocado, os estéreis e os rejeitos geralmente não são corretamente armazenados, sendo simplesmente dispostos em enormes pilhas expostas às intempéries, provocando impactos no meio físico causados pelo transporte de sedimentos através das águas pluviais. Tais impactos podem ser verificados pelo aumento do assoreamento e da turbidez nos cursos d’água, à jusante das minas, pela disponibilização de grandes quantidades de sedimentos. Na deposição de solo orgânico, que configura a maior parcela dos estéreis de quase todos os insumos estudados, o armazenamento inadequado, formando grandes pilhas sem uma proteção contra a ação das águas pluviais, pode resultar na total perda do banco de sementes por compactação excessiva ou transporte da matéria orgânica. Para a diminuição desses possíveis impactos, são elencadas algumas medidas: a) o minério, os estéreis e os rejeitos deverão ser armazenados em áreas previamente delimitadas para tal, dotadas de cobertura e/ ou com sistema de drenagem das águas pluviais no seu perímetro que as direcione para bacias de sedimentação a serem periodicamente desassoreadas; b) no caso de depósitos fluviais, a areia deve ser depositada em espaços com bacia de decantação e drenagem capazes de possibilitar o retorno das águas para o leito dos rios, livres de sedimentos. • Britagem Nas minas visitadas, a britagem é um processo de beneficiamento contemplado exclusivamente nas pedreiras. Nesse processo os blocos gerados pela detonação das bancadas são transportados até a planta de britagem, onde sofrem várias fases de cominuição mecânica para a produção dos diferentes tamanhos de agregado graúdo. Na britagem, os possíveis pontos de emissão de poeira referem-se à alimentação do
material nos britadores (primário e secundário), moinhos, ao sistema de transferência (correia transportadora, elevadores, rampas, etc.) e aos sistemas de peneiramento e empilhamento para estocagem. A poeira gerada é constituída por fração de granulometria muito fina, o que lhe dá condições para que fique em suspensão por algum tempo e, dependendo das condições do vento, propagar-se em extensas áreas vizinhas, causando a redução da qualidade do ar. Os efeitos mais acentuados, tanto no homem como nos animais, estão relacionados com as complicações respiratórias. Também o acúmulo de poeira sobre a vegetação circundante reduz a sua capacidade de fotossíntese, podendo provocar a queima das folhas dos vegetais e sua consequente morte. Para mitigar as emissões de poeiras pela britagem, a planta de beneficiamento deve contar com dispositivos que reduzam a geração de poeiras na fonte, tais como aspersores de água nos britadores primário e secundário, e enclausuramento com instalação de filtros na moagem. • Expedição e transporte de carga A utilização de equipamentos como retroescavadeiras, pá-carregadeiras e caminhões são comuns a todas as etapas da mineração já descritas, além de se fazer necessária na expedição e transporte do material para o consumidor. A exemplo das outras etapas, na expedição e transporte de carga a operação desse maquinário é potencialmente responsável pela emissão de gases e poeiras, assim como a produção de ruídos e vibrações, trazendo como impactos a redução da qualidade do ar, o afugentamento da fauna e o incômodo à vizinhança. Especificamente no transporte de carga, o aumento do tráfego de caminhões impacta o meio antrópico com uma maior frequência de congestionamentos e na danificação das malhas viárias, visto que não foram projetadas para suportar o peso e as frequentes viagens dos caminhões carregados de material. A diminuição dos impactos descritos nesta etapa passam por: a) proceder à manutenção periódica do maquinário, de modo a não produzir excessiva emissão de gases e ruídos;
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b) uso obrigatório de lonas nas caçambas dos caminhões para conter a dispersão de material na pista, durante o transporte; c) nunca ultrapassar o limite permitido de peso da carga do caminhão e procurar utilizar rotas de escoamento da produção compatíveis com o fluxo e o peso da carga transportada.
7.3 Recuperação de áreas degradadas Segundo o Decreto Federal n° 97.632, de 10 de abril de 1989, que estabelece a necessidade da preparação de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas pela Mineração, “a recuperação deverá ter por objetivo o retorno da área degradada a uma forma de utilização, de acordo com um plano a ser estabelecido durante o planejamento das operações de lavra para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente” (art. 3°). A partir dessa norma, percebe-se que o termo recuperação de áreas degradadas pela mineração é empregado na legislação como um sinônimo de reabilitação do sítio minerado e não no sentido de restauração do mesmo. Isso se deve ao fato de que, via de regra, a lavra de insumos minerais implica em grandes modificações do meio, como, por exemplo, significativa alteração da topografia do terreno, fazendo com que o retorno das suas características originais seja impraticável. Assim o planejamento das ações de recuperação após a lavra deve proporcionar à área degradada pela mineração um ambiente estável física, biológica e socialmente, sem riscos à saúde e segurança, garantindo a possibilidade de outro uso potencial sustentável para a mesma. O passivo ambiental da mineração de bens minerais para construção civil, nas regiões avaliadas neste trabalho, é bem representado pelo percentual elevado de minas paralisadas ou abandonadas sem a devida recuperação ambiental. Outro aspecto importante é a existência de lavras informais que, por não terem obrigações com os órgãos reguladores e de fiscalização, promovem lavras predatórias com graves consequências para o meio ambiente e a sociedade em geral, face aos passivos ambientais gerados e à exaustão prematura dos recursos minerais.
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Para que a ocorrência dessas situações seja reduzida, a recuperação da área degradada pela mineração deve ser projetada e executada por profissional habilitado, devendo ser prevista já na fase de planejamento das operações de lavra, sendo a sua execução concomitante à lavra, estendendo-se até a exaustão da mina. As sistemáticas de reabilitação a serem utilizadas exigem a realização de estudos e adequação a cada situação. Em uma mesma mina, por exemplo, existem vários tipos de superfície com características diferentes para reabilitação, tais como taludes de aterro, taludes de corte, superfícies de corte, superfícies de aterro, substrato rochoso, solos residuais, saprólitos, solos hidromórficos, etc. Por este motivo, é fundamental conhecer bem as características do substrato remanescente das áreas degradadas. Os critérios a serem adotados no processo de recuperação paisagística devem portanto envolver o conhecimento das várias etapas da atividade mineral (pesquisa, lavra e beneficiamento), de forma a avaliar corretamente o grau de interferência de cada uma com o meio ambiente ou seja, com as características topográficas, climáticas, litológicas, edáficas e geomorfológicas, além da fauna e da flora locais. Em consequência, a destinação futura da área a ser recuperada deve ser claramente definida na fase de planejamento, podendo ser contemplados os seguintes tipos de uso: a) reflorestamento com espécies nativas; b) reflorestamento comercial com espécies exóticas; c) parques, áreas de lazer e recreação; d) projetos agropastoris ou hortifrutigranjeiros; e) piscicultura; f) área urbana, residencial, comercial, industrial, etc; g) aterros de resíduos sólidos da construção civil.
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Cabe salientar que a definição do uso futuro da área recuperada deve sempre estar de acordo com o estabelecido nos zoneamentos ecológicos-econômicos, planos de manejo e planos diretores, caso existentes. Uma vez definido o uso futuro da área a ser recuperada, o planejamento operacional a ser realizado, em geral, envolve as seguintes medidas a serem adotadas: a) harmonização topográfica e paisagística, buscando que a conformação do terreno seja compatível com a paisagem local. Normalmente os trabalhos envolvem a suavização de taludes e o preenchimento de cavas com material estéril, executados com equipamentos convencionais de terraplenagem, tais como tratores, caminhões e rolos compactadores; b) estabilização do solo, podendo ser de natureza física e biológica. A estabilização física envolve o preparo da área, controle de erosão e implementação de sistema de drena-
gem definitiva, através de valetas, calhas, canaletas, tubulações, dissipadores de energia, etc. O processo biológico consiste no plantio de gramíneas fixadoras do solo, protegendo-o da ação erosiva; c) melhoramento do solo recuperado, através da recolocação da camada orgânica anteriormente estocada. Deve haver controle do pH e salinidade, entre outros parâmetros pedológicos, para a correção de nutrientes; d) plantio de arbóreas, de modo a consolidar o cortinamento vegetal em torno da área minerada, de forma propiciar a formação de corredores ecológicos para o deslocamento da fauna e aumentar a eficiência no controle da erosão. Finalmente, após a execução destas etapas, é imprescindível a implementação de um programa de monitoramento para acompanhar a eficiência das ações de recuperação efetuadas.
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Informe 8. Legislação de Recursos Minerais Mineral
A atividade da mineração no Brasil é controlada em todas as suas etapas, desde a pesquisa da jazida até a lavra e o beneficiamento do minério, por um conjunto de leis específicas e interdependes, tanto de natureza minerária, quanto de ordem ambiental. Isso decorre das características inerentes às atividades de pesquisa e explotação de bens minerais, tais como: a) os bens minerais jacentes no solo e subsolo do país são de propriedade da União Federal; b) os minérios representam um recurso natural não renovável; c) a mineração constitui uma atividade modificadora do meio ambiente e potencialmente causadora de impactos; d) a mineração é condicionada pela rigidez locacional da ocorrência da jazida. Como o enfoque deste trabalho é no aproveitamento de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil, será abordado, a seguir, um breve panorama da legislação minerária e ambiental que rege o tema.
8.1 Legislação minerária A Constituição Federal, em seu artigo nº 176, garante à União a propriedade dos bens jacentes no subsolo: Art. 176 - As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento econômico, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. O Decreto-Lei n° 227, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de Mineração) e a legislação correlata detalham os procedimentos e regulamentam as informações e documentos necessários à habilitação, assim como as etapas que devem ser cumpridas, e seus prazos, bem como os instrumentos de gestão do patrimônio mineral brasileiro, competência delegada ao Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM.
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Os minérios de emprego imediato na construção civil, definidos no artigo 1° da Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, combinada com o artigo 1° da Portaria do Ministro de Minas e Energia n° 23, de 03 de fevereiro de 2000, são constituídos por: I - areias, cascalhos e saibros para utilização imediata na construção civil, no preparo de agregados e argamassas, desde que não sejam submetidos a processo industrial de beneficiamento, nem se destinem como matéria-prima à indústria de transformação, tais como a indústria de vidro, etc.; II - rochas e outras substâncias minerais, quando aparelhadas para paralelepípedos, guias, sarjetas, moirões e afins; III - argilas usadas no fabrico de cerâmica vermelha; IV - material síltico-argiloso, cascalho e saibro empregados como material de empréstimo; V - as rochas, quando britadas para uso imediato na construção civil. Sobre esses minérios, a legislação estabelece para as empresas mineradoras a possibilidade de dois regimes de aproveitamento: • Licenciamento Modalidade disposta na Lei Federal nº 6.567, de 24 de setembro de 1978 e regulamentada internamente no DNPM pela Portaria n° 266, de 10 de julho de 2008. Trata-se do registro, no DNPM, de licença expedida pela prefeitura local, caracterizado por facultar o direito de aproveitamento mineral exclusivamente ao proprietário ou a quem dele tiver a expressa autorização, dispensando os trabalhos prévios de requerimento e de pesquisa mineral que permitem estimar as reservas minerais e a sua qualificação. Tal licença é expedida com prazo definido, podendo ser renovada sucessivamente a critério da autoridade municipal, obedecidos os regulamentos hábeis. O processo de liberação é mais rápido e menos oneroso para o minerador, o proprietário do terreno tem a prerrogativa de decidir pela sorte do empreendimento. O reque-
Rochas e Minerais Industriais
rimento da área é limitado a uma superfície de, no máximo, 50 hectares. • Autorização e Concessão Neste regime prevalece o direito de prioridade garantido pela protocolização do requerimento da área pretendida no DNPM, independente da autorização do proprietário do terreno. Um Alvará de Pesquisa é outorgado pelo DNPM, autorizando a execução dos trabalhos previstos no Plano de Pesquisa proposto e aprovado visando à comprovação de uma jazida economicamente lavrável. Caso o requerente não seja o proprietário da área ou não apresente acordo com o mesmo, o processo será enviado pelo DNPM ao juiz de direito da Comarca com jurisdição na área, para resolução da pendência e avaliação da indenização por eventuais prejuízos ao proprietário. Nesta primeira etapa que tem a duração máxima de três anos, prorrogáveis por mais um ano, o titular do alvará de pesquisa poderá, a critério do DNPM, ser autorizado a extrair pequenas quantidades da substância mineral em pesquisa, mediante a outorga de um instrumento conhecido como Guia de Utilização. Os Regimes de Autorização e de Concessão podem ser utilizados para todas as substâncias minerais, com exceção daquelas protegidas por monopólio (petróleo, gás natural e substâncias minerais radioativas). De acordo com o artigo 1º da Portaria do Diretor Geral do DNPM nº 392, de 21 de dezembro de 2004, a área máxima para requerimento de pesquisa de substâncias para emprego imediato na construção civil é de 50 hectares. Ainda, as rochas ditas de revestimento ou ornamentais e minerais considerados industriais contam com área máxima de 1.000 hectares. No caso de minerais metálicos e fertilizantes, a área requerida pode estender-se até 2.000 ha, de acordo com a Portaria nº 312/2004. Concluída a pesquisa e comprovada a existência da jazida, o titular poderá, então, requerer ou negociar com terceiros o seu direito à concessão de lavra, objetivando o aproveitamento industrial do minério. Nesta segunda etapa, o DNPM exige que o requerimento seja acompanhado de diversos documentos, entre
os quais, o Plano de Aproveitamento Econômico da jazida, contendo um conjunto de operações coordenadas para a lavra e o beneficiamento do minério que, aprovado, habilita a outorga da Portaria de Lavra; a partir deste momento, obriga-se o minerador a iniciar os trabalhos dentro dos parâmetros propostos e a apresentar, anualmente, ao DNPM o Relatório Anual de Lavra com a descrição das operações realizadas. Há que se considerar ainda que a legislação estabelece, também, o Registro de Extração, que é um regime de aproveitamento dos recursos minerais restrito a substâncias de emprego imediato na construção civil, por órgãos da administração direta ou autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, numa área máxima de 5 hectares, com prazo determinado de extração. A juízo do DNPM, considerando as necessidades da obra devidamente especificada a ser executada e a extensão da área objetivada no requerimento, é admitida uma única prorrogação, sendo vedada a comercialização dos bens minerais. A opção por qualquer um dos regimes de aproveitamento é facultada ao minerador. • Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM Atualmente a legislação em vigor estabelece que a alíquota da CFEM é de 2 % no caso de agregados para construção civil, rochas e minerais industriais, e incidirá sobre o faturamento líquido, entendido como o valor da venda do produto mineral deduzidos os tributos que incidem na comercialização, como também as despesas com transporte e seguro. Os recursos da CFEM são distribuídos da seguinte forma: a) 12% para a União (DNPM, IBAMA e MCT); b) 23% para o Distrito Federal e os Estados, onde for extraída a substância mineral; c) 65% para o município produtor. • Direitos minerários O aproveitamento dos recursos minerais é regido por preceitos institucionais que
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Informe de Recursos Minerais
garantem para a União a propriedade dos bens jacentes no subsolo, e dão o direito de prioridade conforme a precedência de quem primeiro venha a se habilitar a uma determinada área. O Código de Mineração e a legislação correlata detalham os procedimentos e regulamentam as informações e documentos necessários à habilitação, assim como as etapas que devem ser cumpridas, e seus prazos, bem como os instrumentos de gestão do patrimônio mineral brasileiro, competência delegada ao DNPM.
8.2 Legislação ambiental A mineração, por ser atividade de extração e beneficiamento de recursos minerais, configura-se como potencialmente causadora de impacto ambiental e está submetida às regras decorrentes do artigo 225, da Constituição Federal. Assim, por disposição do artigo 10, da Lei n.º 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) e artigo 2º, IX, da Resolução do CONAMA nº 001/86, a atividade minerária também se sujeita ao regime do licenciamento ambiental. O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. São três as Licenças Ambientais indispensáveis à obtenção de direito mineral para explotação de substâncias minerais: Licença Prévia - LP, Licença de Instalação - LI e Licença de Operação - LO.
pensar o EIA-RIMA no caso do licenciamento ambiental da extração de minérios aproveitados pelo Registro de Licença, como é o caso dos minérios de emprego imediato na construção civil. Neste caso, a atividade passa a ser licenciada de forma mais simplificada, através da apresentação do Relatório de Controle Ambiental (RCA), na fase de Licença Prévia, e do Plano de Controle Ambiental (PCA) nas fases de Licença de Instalação e Operação. A competência dos estados da federação brasileira em promover o licenciamento ambiental é regrada pela Lei Complementar n° 140, de 08 de dezembro de 2011. Nessa norma verifica-se que, a rigor, o aproveitamento dos minérios de emprego imediato na construção civil fica sob a égide do licenciamento ambiental promovido pelos Estados e Municípios. A exceção ocorre nos casos em que esse aproveitamento é localizado ou desenvolvido conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); em terras indígenas; ou em 2 (dois) ou mais Estados; cabendo nestes casos o licenciamento do IBAMA. A regularização ambiental no Estado da Bahia é de responsabilidade do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA, órgão executor da Política Estadual de Meio Ambiente. A Lei Estadual nº 10.431/2006, posteriormente alterada pela Lei 12.377, de 28 de dezembro de 2011, estabelece competências, critérios e diretrizes relacionados à regularização ambiental no estado e à melhoria dos instrumentos de controle ambiental (licença, fiscalização e monitoramento).
No que diz respeito aos procedimentos necessários para o licenciamento, a Resolução do CONAMA nº 01/86 determina o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), como os instrumentos de licenciamento ambiental da atividade de mineração.
A regularização ambiental se fará mediante a integração dos procedimentos de licenciamento ambiental, autorizações ambientais, de controle florestal, outorga de uso de recursos hídricos e a anuência do órgão gestor de Unidade de Conservação, por meio da formação de processo único que contemple todos os atos administrativos necessários à regularização ambiental do empreendimento ou atividade, por fase.
Com o advento da Resolução do CONAMA nº 10, de 06 de dezembro de 1990, é trazida a possibilidade do órgão ambiental dis-
Como forma de institucionalizar a integração das Políticas Estruturantes de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos e a moderni-
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Rochas e Minerais Industriais
zação e qualificação do processo de gestão ambiental na Bahia, foi sancionada no mês de dezembro de 2011 a Lei nº 12.377/2011, alterando a Lei nº 10.431/2006, trazendo novas modalidades de licenciamento: a Licença de Regulamentação (LR), concedida para regularizar atividades ou empreendimentos em instalação ou funcionamento, mediante recuperação ambiental, e a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), concedida eletronicamente para empreendimentos de pequeno e médio porte. Além destas, as licenças podem ser de diferentes tipos, a depender da fase, impacto e tipologia do projeto: Prévia (LP), Implantação (LI), Prévia de Operação (LPO), Operação (LO), Alteração (LA), Unificada (LU), Regularização (LR), Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), além das Autorizações Ambientais. As Autorizações Ambientais são concedidas pelo INEMA para a implantação ou operação de empreendimentos e atividades, pesquisas e serviços de caráter temporário; a exe-
cução de obras que não resultem em instalações permanentes; a requalificação de áreas urbanas subnormais; o encerramento total ou a desativação parcial de empreendimentos ou atividades e a execução de obras que possibilitem a melhoria ambiental. As licenças previstas poderão ainda, de acordo com a nova lei, ser concedidas por plano ou programa, ou ainda, de forma conjunta para segmento produtivo, empreendimentos similares, vizinhos ou integrantes de pólos industriais, agrícolas, minerais, turísticos, entre outros, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades e deverão fazer parte do Sistema Estadual de Informações Ambientais da Bahia (SEIA). Portanto, além da necessidade do minerador cumprir a legislação mineral vigente no país, a cargo do DNPM, deve seguir as normas da legislação ambiental em vigor, sob pena de ter embargadas suas atividades nas áreas de pesquisa e lavra de bens minerais.
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Informe 9. Conclusões de Recursos Minerais e Recomendações
Com taxas de crescimento acima da média nacional, as cidades médias do interior do Brasil têm ganhado destaque cada vez maior na economia do país. Em decorrência do avanço de sua economia e infraestrutura, costumam polarizar cidades menores do seu entorno, exercendo sobre elas forte influência. Nesse cenário, torna-se prioritário planejar os seus processos de urbanização. Situadas entre as sete cidades mais populosas do Estado da Bahia, Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Feira de Santana, com populações entre 180.000 e 620.000 habitantes, careciam de estudos diagnósticos sobre os bens minerais de uso mais imediato na construção civil (areia, arenoso e brita), de modo a garantir o fornecimento sustentável desses insumos indispensáveis ao seu desenvolvimento. As principais fontes de areia para abastecimento de Vitória da Conquista são os sedimentos provenientes da desagregação dos quartzitos que ocorrem próximos da cidade e, em escala crescente, os aluviões de rios e riachos que vertem nos rios Gavião e de Contas. As reservas estimadas dos depósitos associados aos quartzitos podem ultrapassar 2,2 milhões de t de areia, suficientes para cerca de cinco anos de produção, ao nível de extração de 2013. Face a essa realidade, torna-se importante acelerar o aproveitamento dos jazimentos aluvionares de leito ativo de rios e riachos, que podem sustentar uma produção de até 240 mil t/ano de areia, admitindo-se uma reposição anual mínima de 20%. A variedade das fontes de agregados areno-argilosos (arenosos) formada por depósitos da cobertura detrítica do Planalto de Vitória da Conquista, sedimentos elúvio-coluvionares próximos às suas bordas e arenosos associados a quartzitos, deve suprir as necessidades da cidade no futuro, com qualidade e reservas suficientes. A capacidade instalada, em implantação e programada nas cinco pedreiras que abastecem Vitória da Conquista somava 1,6 milhão de t/ano de material britado em 2013, cerca de quatro vezes superior ao consumo aproximado do mercado alvo, não havendo preocupação com a existência de complexos rochosos geradores
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de brita. Essa capacidade projetada que, em parte, atenderá a demanda exigida pelas obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, merece uma melhor análise da sua viabilidade econômica. Os sedimentos costeiros do Grupo Barreiras, que constituem a principal fonte de areia para as cidades de Itabuna e Ilhéus, com reservas recuperáveis que podem ultrapassar 20 milhões de t, apresentaram uma produção de aproximadamente 450 mil t em 2013. Esse abastecimento era complementado pelos aluviões da bacia do rio Colônia, fornecedores de areias mais grossas para preparo de concreto estrutural, com capacidade potencial de produzir cerca de 300 mil t/ano de areia, para uma reposição anual estimada de 50%, constituindo uma importante fonte alternativa. As reservas, variedades e qualidade dos arenosos da região, oriundos dos sedimentos do Grupo Barreiras e do substrato rochoso intemperizado, são praticamente inesgotáveis, adequados para as aplicações usuais (argamassas de revestimento e assentamentos). As três pedreiras visitadas pelo projeto, que respondiam por 95% do fornecimento de agregado graúdo para as cidades de Itabuna e Ilhéus, apresentavam uma capacidade instalada e em implantação que somava 1 milhão de t/ ano, quase duas vezes e meia o consumo avaliado em 420 mil t em 2013. As perspectivas futuras para a produção de agregados na região são favoráveis, considerando a disponibilidade e a qualidade dos complexos rochosos, já havendo testes para fabricação de areia de brita. Os sedimentos arenosos da Formação Marizal, da Bacia Sedimentar do Recôncavo, próximos da cidade de Alagoinhas, distantes cerca de 100 km de Feira de Santana, e as areias argilosas da cobertura quaternária do município constituem as principais fontes de areia e arenoso para a cidade de Feira de Santana. Adicionalmente, os aluviões da bacia do rio Paraguaçu têm contribuído com areias cujo módulo de finura, distribuição granulométrica e forte predominância de quartzo, com poucas impurezas, têm sido adequadamente usadas para a produção de concreto estrutural, puras ou misturadas com as areias mais finas da Formação Marizal.
Rochas e Minerais Industriais
Para uma reposição estimada em torno de 40%, admite-se uma produção sustentável de 360 mil t/ano de areia para esses depósitos aluvionares. Essas areias aluvionares têm sido retiradas em quantidades relativamente pequenas, estimando-se uma produção inferior a 100 mil t em 2013. No mesmo ano, a contribuição das areias da Formação Marizal para Feira de Santana foi avaliada em 600 mil t, para uma reserva estimada recuperável superior a 30 milhões de t. Algumas pedreiras planejavam ensaios tecnológicos para produzir areia de brita. A avaliação do abastecimento de agregado graúdo para Feira de Santana foi realizada a partir de seis pedreiras responsáveis por cerca de 95% do material comercializado em 2013. Naquele ano, a produção informada de aproximadamente 2,4 milhões de t de brita superava três vezes o consumo estimado para a região, devida principalmente à duplicação das rodovias BR-116 e BR-101, ao novo anel rodoviário de Feira de Santana e à construção de um aeroporto mais moderno. A capacidade instalada soma-
va 3,4 milhões de t/ano, alcançando 4,8 milhões de t/ano com as ampliações em andamento. Essas mineradoras de agregados graúdos que abastecem as cidades de Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Feira de Santana operam, de um modo geral, dentro das técnicas de lavra e de recuperação ambiental, tendo como preocupação, em maior ou menor grau, o crescimento urbano que pode comprometer o pleno aproveitamento das suas reservas. Nos países desenvolvidos, os levantamentos geológicos governamentais precedem a exploração mineral e os zoneamentos territoriais preservam os jazimentos, possibilitando o planejamento futuro desses insumos. Ao finalizar este trabalho, deve-se registrar que as conclusões e recomendações listadas neste relatório se devem não apenas aos levantamentos de campo e aos dados coletados junto aos órgãos federais, estaduais e municipais, como também às entrevistas realizadas com os mineradores, transportadores, comerciantes e profissionais da construção civil.
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Informe 10. Referências de Recursos Minerais
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Rochas e Minerais Industriais
SUDENE. Itabuna: folha SD.24-Y-B-VI. [Recife], 1977. 1 mapa. Escala 1:100.000. VITÓRIA DA CONQUISTA. Prefeitura Municipal. Cidade. Disponível em: <http://www.pmvc.ba.gov.br/v2/>. Acesso em: 18 set. 2014. WIKIPÉDIA. Feira de Santana. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Feira_de_Santana>. Acesso em: 23 set. 2014a. WIKIPÉDIA. Ilhéus. Disponível em: < http:// pt.wikipedia.org/wiki/Ilh%C3%A9us>. Acesso em: 22 set. 2014b.
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APÊNDICE
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL Serviço Geológico do Brasil – CPRM Superintendência Regional de Salvador
PROJETO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL PARA VITÓRIA DA CONQUISTA, ITABUNA - ILHÉUS E FEIRA DE SANTANA
Questionário para Coleta de Dados, Ideias e Sugestões
Setembro/2012
O Serviço Geológico do Brasil – CPRM, dentro das diretrizes traçadas pelo Ministério de Minas e Energia, através da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, está realizando o Projeto Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna - Ilhéus e Feira de Santana. Esse projeto tem os seguintes objetivos: a) realizar o levantamento dos insumos minerais voltados à construção civil nos municípios e adjacências, seu potencial, disponibilidade e aproveitamento, com destaque para os agregados (pedra de alvenaria, brita, areia e arenoso), no sentido de dotar a sociedade de informações para um planejamento referente à extração e consumo desses bens minerais; b) analisar a situação atual do abastecimento de agregados minerais nos municípios, com projeções futuras, as técnicas exploratórias atualmente praticadas e os impactos decorrentes sobre o meio ambiente, com sugestões de melhoria e minimização desses impactos; e c) fazer um diagnóstico do setor produtivo, situação legal da atividade, grau de mecanização, formas associativas de organização, carências tecnológicas, acesso ao crédito e outras informações pertinentes. Nos últimos anos, o SINDIBRITA/Bahia tem ressaltado a importância do ordenamento territorial como forma de garantir o futuro abastecimento das cidades, as preocupações do setor produtor com a carga tributária e com a questão ambiental, com suas múltiplas exigências nas diversas esferas da administração pública. Entendendo que para atingir os objetivos propostos pelo Projeto Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna - Ilhéus e Feira de Santana, gerando um documento que seja de utilidade para os órgãos públicos (DNPM, INEMA, IBAMA, CEPRAM, SEMARH, SICM, Ministério Público, Prefeituras Municipais, etc.), empreendedores e as comunidades envolvidas, torna-se necessário consultar os interessados do setor, a CPRM solicita a V.Sa. preencher este questionário, contribuindo com dados, ideias e sugestões.
1. Empresa:
Endereço:
Tel:
E.mail:
Fax:
2. Nome ( contato ):
Cargo:
Entrevistador:
Data:
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3. Potencialidade Mineral Na sua área de atuação existem problemas de reservas minerais para o abastecimento satisfatório de agregados para construção civil?
3a.Quantifique suas reservas (mesmo de forma aproximada): Reservas medidas: Reservas indicadas: Reservas inferidas: Reservas não avaliadas (estimadas):
4. Produção (lavra e processamento)
4a.Capacidade instalada/ociosa:
4b. Métodos de lavra e equipamentos empregados:
4c. Descrição do processamento e produtos gerados:
4d. Impactos ambientais detectados nos processos de lavra e processamento, e medidas mitigadoras:
iv
5. Mercado (formal e informal) Comente aspectos do mercado regional de agregados para construção civil, quanto à produção e consumo nessa região (expansão/redução do mercado nos últimos anos), custos x preços praticados, perspectivas futuras, projetos de ampliação, impactos decorrentes da lavra clandestina ou da concorrência predatória, etc.
5a.Destinação dos produtos (tipos mais consumidos) e preços praticados na jazida:
5b. Forma de distribuição / frete:
6. Tecnologia (pesquisa, lavra, beneficiamento, reaproveitamento e novos materiais) Na área de tecnologia, que sugestões apresentaria para a otimização do setor, nas suas várias fases?
6a.Pesquisa:
6b. Lavra:
6c.Beneficiamento (Processamento):
6d.Reaproveitamento (agregados a partir de reprocessamento de entulhos, por exemplo; ou areia de brita, melhorando o módulo de finura e o aproveitamento das jazidas):
6e.Possibilidade de novos materiais ou fontes (agregados a partir do reprocessamento de escórias metalúrgicas/siderúrgicas, por exemplo). Comente.
v
7. Políticas Públicas No Brasil existem legislações específicas, a nível federal, estadual e municipal, que abrangem diversos aspectos referentes à pesquisa, à produção e à comercialização dos agregados minerais. Que condicionamentos, em sua opinião, dificultam a mineração de agregados na sua região, nas áreas de:
7a.Desenvolvimento Urbano:
7b. Ambiental (legislação, Unidades de Conservação, multiplicidade de órgãos de fiscalização, etc.):
7c.Tributária:
7d.Creditícia/Financeira:
7e.Minerária (instabilidade na outorga do Regime de Licenciamento, por exemplo):
7f. Ordenamento Territorial (Planos Diretores, Z.E.E., ou inexistência de programas de zoneamento que preservem áreas para a produção de agregados, conflitos locacionais, etc.). Sugestões de uso e ocupação do solo das áreas mineiras.
vi
8. Recursos Humanos 8a.Número de empregados nas diversas atividades (lavra, processamento, administração, etc.):
8b. Nível de escolaridade:
8c.Cursos de capacitação (inclusive de segurança no trabalho):
9. Sugestões Suas sugestões ao Projeto Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna - Ilhéus e Feira de Santana, como participante interessado desse importante segmento do setor mineral brasileiro, enriquecerão as propostas a serem formuladas. Fique totalmente à vontade para fazer críticas ou propor novos enfoques não abordados neste questionário. As informações prestadas serão consideradas sigilosas, sendo tratadas em conjunto, no universo de todas as respostas recolhidas.
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Rochas e Minerais Industriais
LISTAGEM DOS INFORMES DE RECURSOS MINERAIS SÉRIE METAIS DO GRUPO DA PLATINA E ASSOCIADOS Nº 01 - Mapa de Caracterização das Áreas de Trabalho (Escala 1:7.000.000), 1996. Nº 02 - Mapa Geológico Preliminar da Serra do Colorado - Rondônia e Síntese Geológico-Metalogenética, 1997. Nº 03 - Mapa Geológico Preliminar da Serra Céu Azul - Rondônia, Prospecção Geoquímica e Síntese Geológico- Metalogenética, 1997. Nº 04 - Síntese Geológica e Prospecção por Concentrados de Bateia nos Complexos Canabrava e Barro Alto - Goiás, 1997. Nº 05 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica/Aluvionar da Área Migrantinópolis - Rondônia, 2000. Nº 06 - Geologia e Prospecção Geoquímica/Aluvionar da Área Corumbiara/Chupinguaia - Rondônia, 2000. Nº 07 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica/Aluvionar da Área Serra Azul - Rondônia, 2000. Nº 08 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Rio Branco/Alta Floresta - Rondônia, 2000. Nº 09 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Santa Luzia - Rondônia, 2000. Nº 10 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Nova Brasilândia - Rondônia, 2000. Nº 11 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica da Área Rio Madeirinha - Mato Grosso, 2000. Nº 12 - Síntese Geológica e Prospectiva das Áreas Pedra Preta e Cotingo - Roraima, 2000. Nº 13 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Santa Bárbara - Goiás, 2000. Nº 14 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Barra da Gameleira - Tocantins, 2000. Nº 15 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Córrego Seco - Goiás, 2000. Nº 16 - Síntese Geológica e Resultados Prospectivos da Área São Miguel do Guaporé - Rondônia, 2000. Nº 17 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Cana Brava - Goiás, 2000. Nº 18 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Cacoal - Rondônia, 2000. Nº 19 - Geologia e Resultados Prospectivos das Áreas Morro do Leme e Morro Sem Boné - Mato Grosso, 2000. Nº 20 - Geologia e Resultados Prospectivos das Áreas Serra dos Pacaás Novos e Rio Cautário Rondônia, 2000. Nº 21 - Aspectos Geológicos, Geoquímicos e Potencialidade em Depósitos de Ni-Cu-EGP do Magmatismo da Bacia do Paraná - 2000. Nº 22 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Tabuleta - Mato Grosso, 2000. Nº 23 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Rio Alegre - Mato Grosso, 2000. Nº 24 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Figueira Branca/Indiavaí - Mato Grosso, 2000. Nº 25 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica/Aluvionar das Áreas Jaburu, Caracaraí, Alto Tacutu e Amajari - Roraima, 2000. Nº 26 - Prospecção Geológica e Geoquímica no Corpo Máfico-Ultramáfico da Serra da Onça - Pará, 2001. Nº 27 - Prospecção Geológica e Geoquímica nos Corpos Máfico-Ultramáficos da Suíte Intrusiva Cateté Pará, 2001. Nº 28 - Aspectos geológicos, Geoquímicos e Metalogenéticos do Magmatismo Básico/Ultrabásico do Estado de Rondônia e Área Adjacente, 2001. Nº 29 - Geological, Geochemical and Potentiality Aspects of Ni-Cu-PGE Deposits of the Paraná Basin Magmatism, 2001. Nº 30 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica da Área Barro Alto – Goiás, 2010.
SÉRIE MAPAS TEMÁTICOS DE OURO - ESCALA 1:250.000 Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
01 - Área GO-09 Aurilândia/Anicuns - Goiás, 1995. 02 - Área RS-01 Lavras do Sul/Caçapava do Sul - Rio Grande do Sul, 1995. 03 - Área RO-01 Presidente Médici - Rondônia, 1996. 04 - Área SP-01 Vale do Ribeira - São Paulo, 1996. 05 - Área PA-15 Inajá - Pará, 1996. 06 - Área GO-05 Luziânia - Goiás, 1997. 07 - Área PA-01 Paru - Pará, 1997. 08 - Área AP-05 Serra do Navio/Cupixi - Amapá, 1997. 09 - Área BA-15 Cariparé - Bahia, 1997.
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Informe de Recursos Minerais
Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
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- Área GO-01 Crixás/Pilar - Goiás, 1997. - Área GO-02 Porangatu/Mara Rosa - Goiás, 1997 - Área GO-03 Niquelândia - Goiás, 1997. - Área MT-01 Peixoto de Azevedo/Vila Guarita - Mato Grosso, 1997. - Área MT-06 Ilha 24 de Maio - Mato Grosso, 1997. - Área MT-08 São João da Barra - Mato Grosso/Pará, 1997. - Área RO-02 Jenipapo/Serra Sem Calça - Rondônia, 1997. - Área RO-06 Guaporé/Madeira - Rondônia, 1997. - Área RO-07 Rio Madeira - Rondônia, 1997. - Área RR-01 Uraricaá - Roraima, 1997. - Área AP-03 Alto Jari - Amapá/Pará, 1997. - Área CE-02 Várzea Alegre/Lavras da Mangabeira/Encanto - Ceará, 1997. - Área GO-08 Arenópolis/Amorinópolis - Goiás, 1997. - Área PA-07 Serra Pelada - Pará, 1997. - Área SC-01 Botuverá/Brusque/Gaspar - Santa Catarina, 1997. - Área AP-01 Cassiporé - Amapá, 1997. - Área BA-04 Jacobina Sul - Bahia, 1997. - Área PA-03 Cuiapucu/Carará - Pará/Amapá, 1997. - Área PA-10 Serra dos Carajás - Pará, 1997. - Área AP-04 Tumucumaque - Pará, 1997. - Área PA-11 Xinguara - Pará, 1997. - Área PB-01 Cachoeira de Minas/Itajubatiba/Itapetim - Paraíba/Pernambuco, 1997. - Área AP-02 Tartarugalzinho - Amapá, 1997. - Área AP-06 Vila Nova/Iratapuru - Amapá, 1997. - Área PA-02 Ipitinga - Pará/Amapá, 1997. - Área PA-17 Caracol - Pará, 1997. - Área PA-18 Vila Riozinho - Pará, 1997. - Área PA-19 Rio Novo - Pará, 1997. - Área PA-08 São Félix - Pará, 1997. - Área PA-21 Marupá - Pará, 1998. - Área PA-04 Três Palmeiras/Volta Grande - Pará, 1998. - Área TO-01 Almas/Natividade - Tocantins, 1998. - Área RN-01 São Fernando/Ponta da Serra/São Francisco - Rio Grande do Norte/Paraíba, 1998. - Área GO-06 Cavalcante - Goiás/Tocantins, 1998. - Área MT-02 Alta Floresta - Mato Grosso/Pará, 1998. - Área MT-03 Serra de São Vicente - Mato Grosso, 1998. - Área AM-04 Rio Traíra - Amazonas, 1998. - Área GO-10 Pirenópolis/Jaraguá - Goiás, 1998. - Área CE-01 Reriutaba/Ipu - Ceará, 1998. - Área PA-06 Manelão - Pará, 1998. - Área PA-20 Jacareacanga - Pará/Amazonas, 1998. - Área MG-07 Paracatu - Minas Gerais, 1998. - Área RO-05 Colorado - Rondônia/Mato Grosso, 1998. - Área TO-02 Brejinho de Nazaré - Tocantins, 1998. - Área RO-04 Porto Esperança - Rondônia, 1998. - Área RO-03 Parecis - Rondônia, 1998. - Área RR-03 Uraricoera - Roraima, 1998. - Área GO-04 Goiás - Goiás, 1998. - Área MA-01 Belt do Gurupi - Maranhão/Pará, 1998. - Área MA-02 Aurizona/Carutapera - Maranhão/Pará, 1998. - Área PE-01 Serrita - Pernambuco, 1998. - Área PR-01 Curitiba/Morretes - Paraná, 1998. - Área MG-01 Pitangui - Minas Gerais, 1998. - Área PA-12 Rio Fresco - Pará, 1998. - Área PA-13 Madalena - Pará, 1998. - Área AM-01 Parauari - Amazonas/Pará, 1999. - Área BA-01 Itapicuru Norte - Bahia, 1999. - Área RR-04 Quino Maú - Roraima, 1999.
Rochas e Minerais Industriais
Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85
- Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área - Área
RR-05 Apiaú - Roraima, 1999. AM 05 Gavião/Dez Dias - Amazonas, 1999. MT-07 Araés/Nova Xavantina - Mato Grosso, 2000. AM-02 Cauaburi - Amazonas, 2000. RR-02 Mucajaí - Roraima, 2000. RR-06 Rio Amajari - Roraima, 2000. BA-03 Jacobina Norte - Bahia, 2000. MG-04 Serro - Minas Gerais, 2000. BA-02 Itapicuru Sul - Bahia, 2000. MG-03 Conselheiro Lafaiete - Minas Gerais, 2000. MG-05 Itabira - Minas Gerais, 2000. MG-09 Riacho dos Machados - Minas Gerais, 2000. BA-14 Correntina - Bahia, 2000. BA-12 Boquira Sul - Bahia, 2000 BA-13 Gentio do Ouro - Bahia, 2000. BA-08 Rio de Contas/Ibitiara Sul - Bahia, 2000. MT-05 Cuiabá/Poconé - Mato Grosso, 2000. MT-04 Jauru/Barra dos Bugres - Mato Grosso, 2000.
SÉRIE OURO - INFORMES GERAIS Nº Nº Nº Nº Nº
01 02 03 04 05
Nº 06 Nº 07 Nº 08 Nº 09 Nº 10 Nº 11 Nº 12 Nº 13 Nº 14 Nº 15 Nº 16 Nº 17
- Mapa de Reservas e Produção de Ouro no Brasil (Escala 1:7.000.000), 1996. - Programa Nacional de Prospecção de Ouro - Natureza e Métodos, 1998. - Mapa de Reservas e Produção de Ouro no Brasil (Escala 1:7.000.000), 1998. - Gold Prospecting National Program - Subject and Methodology, 1998. - Mineralizações Auríferas da Região de Cachoeira de Minas – Municípios de Manaíra e Princesa Isabel - Paraíba, 1998. - Mapa de Reservas e Produção de Ouro no Brasil (Escala 1:7.000.000), 2000. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Minas do Camaquã - Rio Grande do Sul, 2000. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Ibaré – Rio Grande do Sul, 2000. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Caçapava doSul - Rio Grande do Sul, 2000. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Passo do Salsinho - Rio Grande do Sul, 2000. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Marmeleiro - Rio Grande do Sul, 2000. - Map of Gold Production and Reserves of Brazil (1:7.000.000 Scale), 2000 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Cambaizinho - Rio Grande do Sul, 2001. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Passo do Ivo - Rio Grande do Sul, 2001. - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Batovi – Rio Grande do Sul, 2001. - Projeto Metalogenia da Província Aurífera Juruena-Teles Pires, Mato Grosso – Goiânia, 2008. - Metalogenia do Distrito Aurífero do Rio Juma, Nova Aripuanã, Manaus, 2010.
SÉRIE INSUMOS MINERAIS PARA AGRICULTURA Nº Nº Nº Nº
01 02 03 04
- Mapa Síntese do Setor de Fertilizantes Minerais (NPK) no Brasil (Escala 1:7.000.000), 1997. - Fosfato da Serra da Bodoquena - Mato Grosso do Sul, 2000. - Estudo do Mercado de Calcário para Fins Agrícolas no Estado de Pernambuco, 2000. - Mapa de Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, 2001. Nº 05 - Estudo dos Níveis de Necessidade de Calcário nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, 2001. Nº 06 - Síntese das Necessidades de Calcário para os Solos dos Estados da Bahia e Sergipe, 2001.
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Informe de Recursos Minerais
Nº Nº Nº Nº Nº
07 08 09 10 11
Nº 12 Nº 13 Nº 14 Nº 15 Nº 16
- Mapa de Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais de Rondônia, 2001. - Mapas de Insumos Minerais para Agricultura nos Estados de Amazonas e Roraima, 2001. - Mapa-Síntese de Jazimentos Minerais Carbonatados dos Estados da Bahia e Sergipe, 2001. - Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais nos Estados do Pará e Amapá, 2001. - Síntese dos Jazimentos, Áreas Potenciais e Mercado de Insumos Minerais para Agricultura no Estado da Bahia, 2001. - Avaliação de Rochas Calcárias e Fosfatadas para Insumos Agrícolas do Estado de Mato Grosso, 2008. - Projeto Fosfato Brasil – Parte I, 2011. - Projeto Fosfato Brasil – Estado de Mato Grosso – Áreas Araras/Serra do Caeté e Planalto da Serra, 2011. - Projeto Minerações Associadas à Plataforma Bambuí no Sudeste do Estado do Tocantins (TO) – Goiânia, 2012. - Rochas Carbonáticas do Estado de Rondônia, Porto Velho, 2015
SÉRIE PEDRAS PRECIOSAS Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
01 02 03 04 05 06 07
- Mapa Gemológico da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, 1997. - Mapa Gemológico da Região Lajeado/Soledade/Salto do Jacuí - Rio Grande do Sul, 1998 - Mapa Gemológico da Região de Ametista do Sul - Rio Grande do Sul, 1998. - Recursos Gemológicos dos Estados do Piauí e Maranhão, 1998. - Mapa Gemológico do Estado do Rio Grande do Sul, 2000. - Mapa Gemológico do Estado de Santa Catarina, 2000. - Aspectos da Geologia dos Polos Diamantíferos de Rondônia e Mato Grosso – O Fórum de Juína – Projeto Diamante, Goiânia, 2010. Nº 08 - Projeto Avaliação dos Depósitos de Opalas de Pedro II – Estado do Piauí, Teresina, 2015.
SÉRIE OPORTUNIDADES MINERAIS – EXAME ATUALIZADO DE PROJETO Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
01 02 03 04 05 06 08 09 10 11 12 13 14 15 16 18 19 21 22 23 24 25
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- Níquel de Santa Fé - Estado de Goiás, 2000. - Níquel do Morro do Engenho - Estado de Goiás, 2000. - Cobre de Bom Jardim - Estado de Goiás, 2000. - Ouro no Vale do Ribeira - Estado de São Paulo, 1996. - Chumbo de Nova Redenção - Estado da Bahia, 2001. - Turfa de Caçapava - Estado de São Paulo, 1996. - Ouro de Natividade - Estado do Tocantins, 2000. - Gipsita do Rio Cupari - Estado do Pará, 2001. - Zinco, Chumbo e Cobre de Palmeirópolis - Estado de Tocantins, 2000. - Fosfato de Miriri - Estados de Pernambuco e Paraíba, 2001. - Turfa da Região de Itapuã - Estado do Rio Grande do Sul, 1998. - Turfa de Águas Claras - Estado do Rio Grande do Sul, 1998. - Turfa nos Estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, 2001. - Nióbio de Uaupés - Estado do Amazonas, 1997. - Diamante do Rio Maú - Estado da Roraima, 1997. - Turfa de Santo Amaro das Brotas - Estado de Sergipe, 1997. - Diamante de Santo Inácio - Estado da Bahia, 2001. - Carvão nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, 1997. - Coal in the States of Rio Grande do Sul and Santa Catarina, 2000. - Kaolin Exploration in the Capim River Region - State of Pará - Executive Summary, 2000. - Turfa de São José dos Campos - Estado de São Paulo, 2002. - Lead in Nova Redenção - Bahia State, Brazil, 2001.
Rochas e Minerais Industriais
SÉRIE DIVERSOS Nº 01 - Informe de Recursos Minerais - Diretrizes e Especificações - Rio de Janeiro, 1997. Nº 02 - Argilas Nobres e Zeolitas na Bacia do Parnaíba - Belém, 1997. Nº 03 - Rochas Ornamentais de Pernambuco - Folha Belém do São Francisco - Escala 1:250.000 - Recife, 2000. Nº 04 - Substâncias Minerais para Construção Civil na Região Metropolitana de Salvador e Adjacências Salvador, 2001.
SÉRIE RECURSOS MINERAIS MARINHOS Nº 01 - Potencialidade dos Granulados Marinhos da Plataforma Continental Leste do Ceará – Recife, 2007.
SÉRIE ROCHAS E MINERAIS INDUSTRIAIS Nº 01 - Projeto Materiais de Construção na Área Manacapuru-Iranduba-Manaus-Careiro (Domínio Baixo Solimões) – Manaus, 2007. Nº 02 - Materiais de Construção Civil na Região Metropolitana de Salvador – Salvador, 2008. Nº 03 - Projeto Materiais de Construção no Domínio Médio Amazonas – Manaus, 2008. Nº 04 - Projeto Rochas Ornamentais de Roraima – Manaus, 2009. Nº 05 - Projeto Argilas da Bacia Pimenta Bueno – Porto Velho, 2010. Nº 06 - Projeto Quartzo Industrial Dueré-Cristalândia – Goiânia, 2010. Nº 07 - Materiais de Construção Civil para a Região Metropolitana de Aracaju – Salvador, 2011. Nº 08 - Rochas Ornamentais no Noroeste do Estado do Espírito Santo – Rio de Janeiro, 2012. Nº 09 - Projeto Insumos Minerais para a Construção Civil na Região Metropolitana do Recife – Recife, 2012. Nº 10 - Materiais de Construção Civil da Folha Porto Velho – Porto Velho, 2013. Nº 11 - Polo Cerâmico de Santa Gertrudes – São Paulo, 2014. Nº 12 - Projeto Materiais de Construção Civil na Região Metropolitana de Natal – Recife, 2015. Nº 13 - Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna - Ilhéus e Feira de Santana – Salvador, 2015.
SÉRIE METAIS - INFORMES GERAIS Nº 01 - Projeto BANEO - Bacia do Camaquã - Metalogenia das bacias Neoproterozóico-eopaleozóicas do sul do Brasil, 2008 Nº 02 - Mapeamento Geoquímico do Quadrilátero Ferrífero e seu Entorno - MG – Rio de Janeiro, 2014.
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ANEXOS
MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DE ÁREAS-FONTE DE AREIA, ARENOSO E BRITA PARA A REGIÃO DE: • VITÓRIA DA CONQUISTA (Anexo I), • ITABUNA - ILHÉUS (Anexo II) e • FEIRA DE SANTANA – I e II (Anexos III e IV) Escala: 1:200.000
Branco As reservas e variedades são praticamente inesgotáveis e a qualidade dos arenosos é adequada para as aplicações usuais (argamassas de revestimento e assentamentos). O abastecimento de agregado graúdo (brita) para a região de Itabuna-Ilhéus foi avaliado a partir de três pedreiras, duas próximas da cidade de Itabuna e uma na periferia de Ilhéus, que respondiam por 95% do fornecimento de material britado em 2013, avaliado em 420 mil t, explorando rochas granulíticas. A capacidade instalada e em implantação nas pedreiras existentes somava 1 milhão de t/ ano, quase duas e meia vezes o consumo aproximado das duas cidades. As primeiras fontes de areia e arenoso para Feira de Santana foram as areias argilosas da cobertura quaternária do município e os aluviões do rio Jacuípe nas proximidades da cidade. Mais recentemente, além dessas, têm sido aproveitados depósitos mais distantes, incluindo os aluviões da bacia do rio Paraguaçu e os sedimentos arenosos da Formação Marizal, da Bacia Sedimentar do Recôncavo, próximos de Alagoinhas, cerca de 100 km a leste da cidade. As areias aluvionares têm sido retiradas em quantidades relativamente pequenas, através de métodos rudimentares, estimando-se uma produção inferior a 100 mil t em 2013 e admitindo-se uma produção anual sustentável de 360 mil t. No mesmo ano, as areias extraídas da Formação Marizal para Feira de Santana foram avaliadas em 600 mil t, para uma reserva recuperável superior a 30 milhões de t. A avaliação do abastecimento de agregado graúdo para Feira de Santana foi realizada a partir de seis pedreiras responsáveis por cerca de 95% do material britado comercializado em 2013, quatro delas próximas da cidade e duas localizadas nas imediações de Conceição de Jacuípe, distantes aproximadamente 30 km. A produção informada para aquele ano, de cerca de 2,4 milhões de toneladas de brita, superava três vezes o consumo urbano estimado para essa região (730 mil t), sendo devida principalmente à duplicação das rodovias BR-116 e BR-101, ao novo anel rodoviário de Feira de Santana e à construção de um aeroporto mais moderno. A capacidade instalada para produção de material britado nas seis pedreiras analisadas somava 3,4 milhões de t/ano, atingindo 4,8 milhões de t/ano com as ampliações em andamento. Essas mineradoras de agregados graúdos que abastecem as cidades de Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Feira de Santana operam, de um modo geral, dentro das técnicas de lavra e de recuperação ambiental, tendo como preocupação, em maior ou menor grau, o crescimento urbano que pode comprometer o pleno aproveitamento das suas reservas.
xiv