A Rita encolheu. E Agora?

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com o apoio:

A RITA ENCOLHEU. E AGORA?

Uma ideia original:

MARTA HUGON • ANTÓNIO JORGE GONÇALVES

COLEÇÃO ZERO DESPERDÍCIO

um dia, a rita acorda e descobre que está mais pequena. com a ajuda do seu amigo rui, ela vai descobrir porque está a encolher e a passar por uma série de aventuras divertidas.

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A RITA ENCOLHEU. E AGORA?


MARTA HUGON . ANTÓNIO JORGE GONÇALVES

A presente edição segue a grafia do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 199O. © 2O15, Marta Hugon (Texto) e António Jorge Gonçalves (Ilustrações) Título: A Rita encolheu. E agora? autora: marta hugon ilustrações: antónio jorge gonçalves ideia original: J. Walter Thompson Revisão: J. Walter Thompson e clube do autor Design e paginação: J. Walter Thompson / António Jorge Gonçalves Impressão e acabamento: printer ISBN:978-989-724-192-5 Depósito legal: 39O287/15 1.ª edição: abril de 2O15


Um dia, ao acordar, a Rita repara que está um bocadinho mais pequena. Sentada à beira da cama, estica os dedos dos pés com toda a força, mas não consegue chegar ao chão.


Decidindo não pensar mais no assunto, levanta-se de um salto e vai buscar o Rui. O Rui é o hamster da Rita e vai com ela para todo o lado. À mesa, o mano Jaime come uma grande torrada, lambuzando a cara toda de manteiga e mel. A Rita enche a sua taça preferida de cereais até acima e serve-se de leite.

– Já estamos atrasados – diz o pai. – Não me apetece mais – diz a Rita, afastando o prato ainda a meio. – Todos os dias a mesma coisa, Rita. Vá lá, come os teus cereais – diz a mãe. – Se não querias tanto, enchias menos o prato! A Rita fica a pastelar mais um bocadinho. “Quanto mais tarde, melhor”, pensa. – Anda, traz o casaco... e não te esqueças do bibe! – Beijinhos, até logo!


Depois da correria do costume, estão finalmente a caminho. Quando a Rita se senta no banco de trás, a cadeira parece-lhe grande demais. – O pai pôs isto mal, Rui. Já viste? O Rui franze os bigodes e não diz nada.


Quando chega a hora do almoço, os meninos da sala atropelam-se para chegarem à cantina. A Rita come rápido, e as almôndegas desaparecem enquanto o diabo esfrega um olho. – Estás com pressa? – pergunta a Sara. A Rita não responde, mas levanta-se e vai pedir para lhe encherem o prato outra vez. – Vou saltar à corda, vens? Com a boca cheia, a Rita tenta responder: – Fou chá! A Rita teve mais olhos do que barriga e, por isso, deixa o prato a meio e corre para o recreio.

Na escola, a Rita senta-se sempre ao lado da Sara. A Sara é boa a matemática e ajuda-a nos trabalhos mais difíceis, mas tem medo do Rui, que hoje não para quieto. – Não faças isso! – grita a Sara. – Eu não estou a fazer nada – ri-se a Rita – O Rui é que já deve querer ir almoçar.


Debaixo de uma árvore, a Sara salta à corda como se fosse chegar ao céu. – Agora sou eu! – grita, entusiasmada, a Rita, que é campeã em saltos. Só que não consegue saltar como de costume. Parece que a corda cresceu... ou que ela encolheu.


– Deita isso fora! – ordena a Rita. O Paulo, assustado, deixa cair a sandes de queijo ao chão. – Olha o que fizeste! O meu lanche... O Rui suspira dentro do bolso do bibe. “Cá para mim, isto não vai correr nada bem”, pensa com os seus bigodes.

Quando toca para sair, a Rita tenta chegar depressa para arranjar um lugar à janela, mas o bibe não a deixa andar. Amuada, senta-se ao lado do Paulo, que está a comer uma sandes de queijo muito malcheirosa.


Quando chegam a casa, a Rita quer tocar à campainha, mas não consegue.

– Rui, ajuda-me! – pede, aflita.

– Quem é? – ouve-se a voz do pai.

– Sou eu! – grita a plenos pulmões. Já está tão pequena, que tem medo que não a oiçam.


Finalmente conseguem entrar no quarto, mas a Rita apanha um susto. À sua volta tudo estå enorme e atÊ o Rui lhe parece quase do tamanho de um urso.


– Ora viva – diz ele, trocista. – Estás cá em baixo hoje? – O que é que me aconteceu? – pergunta a Rita. – Tanto desperdiçaste, que mirraste – responde o Rui. – Hã?!


– Além de mais pequena, também estás surda? Falta-te o Desperdíííício! – grita o Rui aos ouvidos da Rita. – O que é isso? – É a comida que deitas fora quando os teus pais não estão a ver.

A Rita cora até ficar da cor de um tomate. – São as almôndegas que não comeste,

a sandes do Paulo

e os cereais que ficaram no prato de manhã – continua o Rui.

A Rita não sabe onde se enfiar, mas o Rui não se cala: – São as bolachas que roubas ao Jaime e depois não comes

e a comida que fica no prato do restaurante.

O Rui suspira e encolhe os ombros: – Desperdício é tudo o que deitas fora e que pode servir às outras pessoas. – E só agora é que dizes? – ainda refila a Rita, envergonhada. – Agora ficas aqui a viver comigo – ri-se o Rui. – Mas o Jaime quer brincar e o pai está à minha espera para o jantar! E sentam-se os dois encostados, a pensar no que fazer.


De repente, a Rita tem uma ideia: – E se eu dividisse as minhas bolachas com a Sara? E então a Rita cresce um bocadinho.

– E se eu trouxesse para casa as sobras do restaurante? E agora a Rita já consegue olhar o Rui de cima para baixo.

– E se eu aproveitasse os restos da maçã que não como e fizesse um sumo? Nesse momento, a Rita cresce mais um bocadinho.

– E se eu só puser no prato aquilo que sei que vou ser capaz de comer? E pumba! A Rita está de volta ao seu tamanho normal e não cabe em si de contente.


Lá de dentro, ouve-se a voz do pai: – Meninos! O jantar está pronto! A Rita suspira, aliviada: – Estava a ver que nunca mais ia conseguir sentar-me à mesa... – Anda – diz o Rui. – Senta-te, cala-te e come, que a conversa também não é para deitar fora!


Jantaram todos juntos, felizes, sem desperdi莽arem um s贸 bocadinho.


Sugestões de atividades 1.

tal Como a Rita, também tens mais olhos do que barriga logo pela manhã? Com materiais recicláveis, constrói uma medida para controlares a quantidade de cereais que deitas no prato.

2.

O que é que a Rita almoçou? Cria a tua própria receita, a partir das sobras do almoço dela.


Sugestões de atividades 3.

Quando se vai às compras, convém saber exAtamente o que faz falta, para não comprar coisas a mais. Com recortes de imagens e desenhos, constrói uma lista de alimentos na sala de aula e leva-a para casa, para ajudares os teus pais.

4.

além da comida, há muitas coisas que desperdiçamos todos os dias. Diz as que consegues encontrar na tua sala de aula.

5.

Com a ajuda da tua professora e dos teus colegas, cria uma Cesta Zero Desperdício, onde podes incluir todas as coisas que já não te fazem falta e que podes partilhar com outras crianças.


Marta Hugon Nasceu e vive em Lisboa. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Portugueses e Ingleses, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É cantora. Estudou na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, onde leciona a disciplina de voz. Desde 2OO4 lançou trÊs discos em nome próprio, o último com temas da sua autoria. Trabalhou como tradutora, professora, relações públicas e acabou por ir parar à Publicidade. Começou o seu percurso como copywriter na agência WCJ Lisboa, tendo trabalhado também na WCJ de Nova iorque, na Synergy Connect e na J. Walter Thompson onde é Supervisora Criativa. tem participado em múltiplos projetos, dentro e fora do Jazz, e atuado em diversas salas e festivais de Jazz, como o Centro Cultural de Belém, Culturgest, Gulbenkian, Teatro São Luiz, Casa da Música, Estoril Jazz, Festival de Jazz da Alta Estremadura, Centro Cultural Vila Flor, entre outros.

antónio jorge gonçalves Nasceu e vive em Lisboa. Licenciou-se em Design de Comunicação, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, e fez mestrado em Cenografia para Teatro na Slade School of Fine Art, em Londres, onde foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. O seu trabalho envolve ilustração editorial, performance visual e cartoon político. É autor de diversos livros de banda desenhada, entre os quais a trilogia Filipe Seems (com Nuno Artur Silva) e as novelas gráficas A Arte Suprema e Rei (com Rui Zink),pelas quais foi premiado várias vezes no Festival Internacional de BD da Amadora. Fez direção visual em várias peças de teatro, entre as quais: O que diz Molero e Arte (encenações de António Feio) e Como fazer coisas com palavras (com Ricardo Araújo Pereira). Criou o projeto Subway Life, desenhando pessoas sentadas nas carruagens do Metro em várias cidades do mundo. Publica semanalmente, desde 2OO3, cartoon político nas páginas do Inimigo Público (jornal Público ). já foi distinguido diversas vezes no World Press Cartoon e viu os seus desenhos serem publicados no Le Monde, Courrier Internacional e em várias coletâneas internacionais. Na última década, as suas performances de Desenho Digital têm tido lugar um pouco por todo o mundo, envolvendo artistas como Bullet,Kalaf, Amélia Muge, Micro Audio Waves, Gino Robair, Ellen Fullman, Mário Laginha ou Bernardo Sassetti. Leciona Espaços Performativos no Mestrado em Artes Cénicas (FSCH, Lisboa). Foi distinguido em 2O14 com o Prémio Nacional de Ilustração (DGLB) pela obra Uma Escuridão Bonita (com o escritor Ondjaki).

PORTUGAL NÃO SE PODE DAR AO LIXO. Era uma vez um planeta onde refeições inteiras iam para o lixo todos os dias. Até que um grupo de cidadãos portugueses decidiu fazer alguma coisa sobre o assunto. Depois de muito pensar e estudar, desafiou várias empresas, escolas e instituições e criou o Movimento Zero Desperdício. este movimento recupera esses alimentos e encaminha-os para as famílias que mais precisam deles. Este livro é o primeiro de uma coleção que conta histórias sobre as atitudes que podemos mudar no dia a dia para que o Movimento Zero Desperdício possa continuar a crescer e a ajudar cada vez mais gente. Espero que gostem desta iniciativa e que mantenham bem viva esta ideia que Portugal oferece ao mundo. António Costa Pereira Fundador do Movimento Zero DesperdÍcio

Agradecimentos

Isabel, Patrícia, Paula, Carlos, Nuno, Salvador, Rui e Tó, que comigo foram além-palavras e fundaram a Dariacordar. À J. Walter Thompson, que esteve na génese da criação do Movimento Zero Desperdício, e tem participado desde os “primeiros passos” nestes livros. À Câmara Municipal de Lisboa, que acreditou no Programa Zero Desperdício, para Lisboa, e logo “comprou a ideia” dos livros que serão lançados nas suas escolas de Ensino Básico. À Fundação EDP, que aceitou participar neste projeto e custear uma parte das despesas de publicação dos livros. À Fundação Calouste Gulbenkian, que é parceira da Dariacordar e da Câmara municipal de Lisboa, no Movimento Zero Desperdício, para Lisboa. Ao António Jorge Gonçalves e à Marta Hugon, que se apaixonaram pelo projeto e criaram esta história. À editora Clube do Autor, que se juntou a este lançamento assim que soube que o Zero Desperdício queria chegar aos mais novos.



com o apoio:

A RITA ENCOLHEU. E AGORA?

Uma ideia original:

MARTA HUGON • ANTÓNIO JORGE GONÇALVES

COLEÇÃO ZERO DESPERDÍCIO

um dia, a rita acorda e descobre que está mais pequena. com a ajuda do seu amigo rui, ela vai descobrir porque está a encolher e a passar por uma série de aventuras divertidas.

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