Confusão no corredor dos Enlatados

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com o apoio:

confusão no corredor dos enlatados

Uma ideia original:

josé luís peixoto • catarina bakker

COLEÇÃO ZERO DESPERDÍCIO

Um dia, a Mimimi vai com a mãe ao supermercado. A história começa com uma grande confusão na secção dos enlatados mas vai acabar na descoberta de uma nova maneira de fazer compras, sem desperdiçar nada.

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confusão no corredor dos enlatados


josé luís peixoto • catarina bakker

confusão no corredor dos enlatados A presente edição segue a grafia do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 199O. © 2O15, JOSÉ luís peixoto (Texto) e catarina bakker (Ilustrações) Título: confusão no corredor dos enlatados autor: josé luís peixoto ilustrações: catarina bakker ideia original: J. Walter Thompson Revisão: J. Walter ThompsonT e clube do autor Design e paginação: J. Walter Thompson / catarina bakker Impressão e acabamento: printer ISBN:978-989-724-221-2 Depósito legal: 39O292/15 1.ª edição: abril de 2O15


Pumba! A mãe da Mimimi teve um acidente no corredor dos enlatados: bateu com o carro de supermercado nas canelas de um senhor que estava a arrumar as latas de atum. O carro ia muito carregado, não se via nada por cima da enorme pilha de compras.


O senhor ficou rodeado de estrelas. Sem precisar de telescópio, viu constelações inteiras. Andrómeda teria sido linda se não fosse aquela maldita dor nas canelas.


Quando foi para ajudar o senhor, a mãe da Mimimi reparou nas latas que ele estava a arrumar. Era atum de qualidade superior! Em promoção! Ao pousar a lata em cima das compras do carro, essa montanha não aguentou. Caixas e latas, pacotes e sacos caíram em cima do senhor. Os altifalantes fizeram-se ouvir por todo o supermercado: – Primeiros socorros ao corredor dos enlatados! Primeiros socorros ao corredor dos enlatados! A mãe da Mimimi não sabia o que fazer! Foi a Mimimi que começou a tirar as compras de cima do senhor. Quando chegou ajuda, ele ainda estava zonzo, mas já conseguia pôr-se de pé. – Mimimi? Ai... Que nome é esse? Ai... É diminutivo de Miriam? Ai... – perguntou o senhor ainda durante o salvamento.


A menina estava com muita vontade de falar. Então, explicou que não era um diminutivo, era uma sigla. O seu nome completo era Maria Isabel Mónica Ivone Matilde Inês Silva da Silva. – Maria Isabel Mónica Ivone Matilde Inês Silva da Silva? Ai...– perguntou o senhor. – Sim, Maria Isabel Mónica Ivone Matilde Inês Silva da Silva. Silva era o nome da família da mãe, da Silva era o nome de família do pai. Maria Isabel Mónica Ivone Matilde Inês eram os nomes que a mãe escolheu. Como não conseguira decidir-se por nenhum, acabou por batizá-la com todos.


A mãe da Mimimi era assim em tudo, principalmente a fazer compras. Depois de levarem o senhor, coitado, a Mimimi e a mãe ficaram a recolher as compras que estavam caídas no chão. – Mãe, precisamos mesmo de iogurtes com sabor a algodão-doce? – Mas tu gostas tanto de algodão-doce... – Sim, mas já levamos iogurtes de morango e de banana e, lá em casa, temos iogurtes de ananás, coco, ameixa, alperce e tutti frutti. Mimimi tinha investigado o frigorífico antes de sair de casa.


– Mãe, precisamos mesmo de tomates das ilhas Fiji em forma de coração? – Mas não achas que vão ficar lindos na salada? – Sim, mas já levamos alface, pepinos e, lá em casa, temos tomatescereja, tomates-chucha e tomates-coração-de-boi. A mãe ficou sem resposta, não imaginava que a filha soubesse os nomes daquelas variedades de tomate. Mimimi tinha mesmo investigado o frigorífico antes de sair de casa.


A medo, a mãe continuou a recolher as compras. – Mãe... – Sim... – Mãe... – Sim... – Precisamos mesmo destes dois quilos de abacates? – Estão tão baratos e fazem tão bem ao fígado... – Sim, mas ninguém lá em casa gosta de abacate. – E se tivermos visitas? Mimimi não respondeu, não foi preciso.


Com muita paciência, passaram revista a tudo o que estava no carro. A mãe e a filha separaram os produtos de que precisavam. Empurrando esses dois carros de supermercado, foram devolver tudo o que era desnecessário. A Mimimi ia à frente, arrumando nas prateleiras as compras que não lhes faziam falta, e atrás, às escondidas, a mãe voltava a colocá-las no carro daquilo que queriam levar.


Para sua enorme surpresa, quando acabou de guardar a última compra desnecessária, um frasco de pickles, a Mimimi olhou para o carro da mãe que estava tão alto como antes de todo aquele trabalho. Tinha uma enorme montanha de compras.


Ao entrarem no corredor dos enlatados, debatiam esse mistério. A Mimimi não era capaz de entender como é que as compras estavam na mesma. Tinha acabado de devolver tantas compras às prateleiras... Como é que era possível?


E foi muito de repente: pumba! O carro de supermercado voltou a bater nas canelas do senhor que estava a arrumar as latas de atum, o qual, entretanto, com pensos e ligaduras, já tinha voltado ao trabalho.


Se a primeira vez doeu, a segunda vez doeu ainda muito mais. Lançou um grito muito magoado, parecido com o uivo de um lobo à Lua. A mãe da Mimimi voltou a não conseguir vê-lo por causa da enorme pilha de compras. As latas de atum ainda tinham a mesma qualidade, ainda estavam ao mesmo preço, e, por isso, voltou tudo a cair sobre o senhor, coitado.


Como um alarme rouco, os altifalantes voltaram a ouvir-se: – Primeiros socorros ao corredor dos enlatados! Primeiros socorros ao corredor dos enlatados! E, de novo, voltou tudo a acontecer, mas, desta vez, com o senhor mais maltratado, com as costelas mais moídas pela fruta e hortaliças, caixas e latas, pacotes e sacos que lhe caíram em cima.


De novo, Mimimi e a mãe recolheram tudo do chão, dividiram tudo por dois carros e foram devolver às prateleiras aquilo que, pensando bem, não precisavam. A grande diferença foi que, desta vez, a mãe da Mimimi não voltou a colocar nada no carro. A filha tapou-lhe os olhos com um lenço, como se estivesse a jogar à cabra-cega, que era um jogo de quando a mãe era criança. Dessa maneira, a conta da caixa foi muito mais baixa do que costumava ser e, com a diferença, compraram um cachecol, umas luvas, este livro que aqui está, este mesmo que estás a ler, e ainda lhes sobrou dinheiro para ficar guardado.


Foi também assim que, pela primeira vez na casa daquela pequena família, não se deitou comida estragada para o lixo. Aquilo que tinham no frigorífico e o que compraram chegavam para tudo o que precisavam. A mãe ficou tão contente. Antes, não teria sido capaz de imaginar uma satisfação assim. A filha, Mimimi, também ficou muito contente. A partir desse dia, a mãe levou sempre a filha às compras e pediu-lhe sempre ajuda. Nunca mais desperdiçaram comida e nunca mais houve confusão no corredor dos enlatados.


sugestões de atividades Vamos fazer como a Mimimi: Planear as compras antes de ir ao supermercado.

1.

Ajuda os teus Pais a fazerem a lista de compras antes de irem ao supermercado.

2. Precisas de tudo o que está na lista?

verificando na despensa, nos armários e no frigorífico, 3. Confirma, o que ainda tens em quantidade suficiente. Assim, não precisas de comprar o que não precisas. Já estás a poupar e a não desperdiçar!

4.

Viste os prazos de validade dos produtos que tens? Algum fora do prazo?


lista que fizeste, quais são os produtos essenciais 5. eDasupérfluos? Será que podemos reduzir os supérfluos? Mais uma poupança!

Já fizeste os cálculos de quanto os teus Pais vão poupar 6. com a diminuição do desperdício desta tua lista? Mereces um aumento na mesada deste mês!!

7.

Arrumar as compras quando chegamos a casa.

Ajuda os teus Pais a arrumar as compras nos devidos 8.lugares. Lembra-te de que tens produtos que precisam de estar no frigorífico e guardados no local correto.

9.

Ao arrumar as compras nos armários não te esqueças de pôr os produtos com os prazos de validade mais próximos do fim em primeiro lugar. Temos de os consumir primeiro para não irem para o lixo (mais uma poupança!).

10.

Agora que estás um verdadeiro perito em fazer listas, como a Mimimi, podes sempre colaborar com os teus pais nesta tarefa!


josé luís peixoto José Luís Peixoto nasceu a 4 de Setembro de 1974, em Galveias, Ponte de Sor. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. A sua obra ficcional e poética figura em dezenas de antologias traduzidas num vasto número de idiomas e estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras.Em 2OO1, recebeu o Prémio Literário José Saramago com o romance Nenhum Olhar, que foi incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados em Inglaterra no ano de 2OO7, tendo também sido incluído no programa Discover Great New Writers das livrarias norte-americanas Barnes & Noble. Foi atribuído ao seu livro A Criança em Ruínas o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores para o melhor livro de poesia. O seu romance Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha, em 2OO7, tendo sido finalista do prémio Portugal Telecom (Brasil) e do International Impac Dublin Literary Award (Irlanda). Em 2OO8, recebeu o Prémio de Poesia Daniel Faria com o livro Gaveta de Papéis. Em 2O1O, o seu romance Livro venceu o prémio Libro d’Europa, em Itália, e foi finalista do prémio Femina, em França. Em 2O12, publicou Dentro do Segredo, Uma Viagem na Coreia do Norte, a sua primeira incursão na literatura de viagens. Os seus romances estão traduzidos em vinte idiomas.

PORTUGAL NÃO SE PODE DAR AO LIXO. Era uma vez um planeta onde refeições inteiras iam para o lixo todos os dias. Até que um grupo de cidadãos portugueses decidiu fazer alguma coisa sobre o assunto. Depois de muito pensar e estudar, desafiou várias empresas, escolas e instituições e criou o Movimento Zero Desperdício. este movimento recupera esses alimentos e encaminha-os para as famílias que mais precisam deles. Este livro é o terceiro de uma coleção que conta histórias sobre as atitudes que podemos mudar no dia a dia para que o Movimento Zero Desperdício possa continuar a crescer e a ajudar cada vez mais gente. Espero que gostem desta iniciativa e que mantenham bem viva esta ideia que Portugal oferece ao mundo. António Costa Pereira Fundador do Movimento Zero Desperdício

catarina bakker Catarina de lencastre Pedrosa Wyers Bakker, Nasceu em Lisboa a 26 de Julho de 1998. Frequenta atualmente o 11.º ano de escolaridade no Colégio Amor de Deus, em Cascais. Anteriormente frequentou a Escolinha da Tia Ló até ao 4.º ano, de seguida fez as Salesianas de Cascais até ao 9.º ano, e depois começou a fazer o liceu no Amor de Deus, onde está a tirar Artes. Quer ser Arquiteta, ou Designer, e o seu sonho era conseguir ir trabalhar para Nova iorque.

Agradecimentos Isabel, Patrícia, Paula, Carlos, Nuno, Salvador, Rui e Tó, que comigo foram além-palavras e fundaram a Dariacordar. À J. Walter Thompson, que esteve na génese da criação do Movimento Zero Desperdício, e tem participado desde os “primeiros passos” nestes livros. À Câmara Municipal de Lisboa, que acreditou no Programa Zero Desperdício, para Lisboa, e logo “comprou a ideia” dos livros que serão lançados nas suas escolas de Ensino Básico. À Fundação EDP, que aceitou participar neste projeto e custear uma parte das despesas de publicação dos livros. À Fundação Calouste Gulbenkian, que é parceira da Dariacordar e da Câmara municipal de Lisboa, no Movimento Zero Desperdício para Lisboa. Ao josé luis peixoto e à catarina bakker, que se apaixonaram pelo projeto e criaram esta história. À editora Clube do Autor, que se juntou a este lançamento assim que soube que o Zero Desperdício queria chegar aos mais novos.



com o apoio:

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Uma ideia original:

josé luís peixoto • catarina bakker

COLEÇÃO ZERO DESPERDÍCIO

Um dia, a Mimimi vai com a mãe ao supermercado. A história começa com uma grande confusão na secção dos enlatados mas vai acabar na descoberta de uma nova maneira de fazer compras, sem desperdiçar nada.

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