N OTA BI OGRÁ FICA Nasceu em Lisboa, em 1954. Vive em Peniche, onde exerce a profissão de médico. Em 1973, iniciou a sua atividade fotográfica, tendo integrado algumas exposições coletivas. Organizou diversos concursos e exposições de fotografia, no âmbito das Jornadas Médicas de Peniche. Realizou a sua primeira exposição individual em 2013, subordinada ao tema “O ano dunar”. Alguns dos seus trabalhos encontram-se publicados nos seguintes livros: “O Silêncio das Cegonhas”, editado em 2011, e “Essência e Memória”, editora Chiado, em 2013 e 2014.
Desde 2008, conjuntamente com seu irmão, participou em diversas exposições itinerantes de fotografia pelo país, com as seguintes temáticas:
Entre 2008 e 2010: “O Silêncio das Cegonhas”. Em 2010: “Moinhos, Monumentos com Alma”. Entre 2011 e 2014: “A (Fé)tos – Fotografia de Arte Sacra”, com sua filha Mariana Inácio Em 2013: “Louriçal num Click – Dia Internacional dos Monumentos”, com seu filho Lourenço Inácio. Em 2014: “Castelos, imagens (re)encontradas”; “Exposição coletiva sobre o Mar” – Inauguração do Clube Naval de Peniche.
“AUSCHWITZ, O SILÊNCIO E O OLHAR” DE CARLOS INÁCIO Eva Schloss, sobrevivente em Auschwitz, relata nas suas memórias publicadas em 1988, quando se refere aos nazis: “eles não pareciam maus, eram pessoas comuns … muitos eram extremamente bem-educados”. Estes monstros, com pele de cordeiro, assassinaram cerca de 12 milhões de pessoas, entre judeus, ciganos, polacos, comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, deficientes físicos e mentais e muitos outros. Prevenir novos extermínios, é um enorme desafio com que nos deparamos atualmente quando emergem um pouco por todo o lado grupos xenófobos, acolhidos por movimentos e partidos radicais de direita. Esta mostra de fotografias do campo de concentração de Auschwitz, da autoria de Carlos Inácio, onde foram assassinados cerca de 1.200.000 seres humanos, tem o mérito de nos lembrar uma das maiores e piores atrocidades cometidas no século passado, tanto mais pertinente quando constatamos que nenhum povo está ainda protegido destas “limpezas étnicas” já que a comunidade internacional não se tem mostrado capaz de as evitar.
Esta exposição fotográfica alerta-nos para os perigos a que a humanidade está exposta quando se permite, à sombra da liberdade de expressão, a proliferação de organizações racistas e xenófobas. Nestas fotografias, onde o silêncio incomoda, e a quietude se entranha, lê-se a responsabilidade que herdamos em manter as futuras gerações informadas e imbuídas do respeito pela vida e pela dignidade humana.
Jorge Lopes Prof. Aposentado do 2º Ciclo do Ensino Básico
AUSCHWITZ
Eu não estive em Auschwitz
Estou de pé junto dos outros. Ouvimos a cavilha do gás a soltar-se
(como Primo Levi).
às mãos daqueles que tinham acabado
Os meus pais não são judeus
de comer galinha frita.
por isso não sei
Rola pelo tubo de metal
por isso não sei por que corre sangue meu
a nossa vida
em Auschwitz.
o confronto último com o nosso rosto nos olhos dos outros:
Sempre que vejo o filme
uma última face.
ou aquela velha fotografia olho-me no espelho
Nada peço, nenhuma praga.
e vejo-me em 80 m2
«Que os vossos filhos vos vejam de frente
alinhado com cento e vinte pessoas
a cara:
(quase desconhecidos)
perscrutem nos vossos olhos
prontas para receberem uma palavra,
o sangue de todos
uma palavra inteira que os ajude
os que morreram.
(ou a deus que delas se perdeu).
Que todos estejam no vosso rosto».
Luís-Cláudio Ribeiro In “Um jardim abandonado que desbota”. Poemas – Lisboa, 2014
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Amanhã fico triste. Amanhã, Hoje não. Hoje fico alegre. E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo: Amanhã fico triste, Hoje não. Para hoje e todos os outros dias!
(poema encontrado na parede de um dormitório de crianças)
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