zine Olympe

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Teu nome, antes tão usado Tão repetido Tão gritado entre os lençóis Agora me soa até estranho Como se fosse estrangeiro E, de fato, tudo que um dia foi Agora nem é E se encontra longe demais Da minha atual realidade





minha persona, sempre tão loquaz tão adaptada se aquieta quando o acaso nos junta admiração essa que me cala que me faz ser criança acanhada pedindo por colo de mãe querendo te digerir me faço de brisa tentando ao menos te tocar no fim decido ir embora, ventando, e acabo por virar garoa em dia de sol



as palavras que escrevo tentando expressar a vida que vejo não precisam fazer tanto sentido pros sentidos tão acostumados do mundo já basta a mim que eu as concretize pois elas são as minhas amigas são os gritos que ninguém ouve meu respiro em meio a confusão diária já tão cômoda a parte de mim que eu tento esconder ao mesmo tempo que desejo mostrar pro mundo o alívio do cômico do tudo “ou nada” que tanto falam por aí sou incompleta aqui fora mas nesse mundo de linhas que me atravessam e me contornam sou total e, sendo assim, tudo finalmente parece perfeito e findado



Com ela me sinto mais que completo incompleto Eu transbordo amor Transtornado E tranquilo Me encontro perdido Como jamais me senti E gosto desse desgosto Tão lúcido que me deixa Confuso E cheio de mim, dela e de nós Ela reluz vida E tenho certeza que acabará sendo minha morte Que venha então É a chegada do verão Mas se fosse inverno ou inferno Tudo bem Flores pra nós




MAR Olho a sua grandeza De entidade que nos conecta com o mundo inteiro O mesmo mar de alguma forma Não sinto mais medo, só sinto respeito Sei meu limite Entro, banho-me Energizo-me Sinto-me completa Em harmonia com a natureza Como se nada mais importasse Como se só existisse aquilo A mãe natureza me dando colo Me dizendo que Não estou sozinha E que mesmo sendo tão pequena Sou especial, exclusiva Sou amada e bem-vinda Pelo seu azul infinito Não me preocupo mais Pois não sou a Única Que tem anseios E tenho amor o suficiente para continuar


SOBRE A CORRERIA DIÁRIA DO CENTRO DE PORTO ALEGRE (ESPECIALMENTE NA RUA DAS ANDRADAS) vida corrida eles mal se olham mal se dão conta da existência estrangeira vidas que nunca se tocam ou mal se encostam mas não se percebem vidas que se entrelaçam dão nó e se acabam no fluxo alienado de passos apertados e olhares desatentos dança efêmera e vida breve cada um por si mas todos no mesmo lugar e mais um dia se vai



BRINCADEIRA (OU NEM TANTO) procurando aqui que linha liga o meu coração ao teu acabei me distraindo nesse jogo louco de ligar pontinhos e fiz uma girafa achei legal pra variar agora tô brincando de fazer bichinhos tipo criança, sem parar {mas de vez em quando dou uma conferida pra ver se acho a do teu peito, viu? sou assim mesmo, meio enxerida}




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