Revista ganhando a partida Especial corupção na Fifa

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Edição Especial

Editorial

Corrupção na Fifa Sete dirigentes presos

Fifagate: nomenclatura de um escândalo

Perfil

Opinião

Quem são os presos acusados de participação na Fifagate

Fifagate e o futebol como bandeira política


Opinião

Fifagate e o futebol como bandeira política Editorial

Fifagate: nomenclatura de um escândalo Antes de começarmos uma análise, devemos deixar clara a nomenclatura para tal fato e o porquê do nome. Fifagate é a nomenclatura escolhido pela Revista Ganhando A Partida para se referir ao escândalo de corrupção na FIFA. Fifagate se baseia no escândalo de Watergate que culminou com a renúncia de Richard Nixon da presidência dos Estados Unidos. A saga de Bob Woodward e Carl Bernstein, jornalistas do Washington Post, na busca de pistas sobre o escândalo é retratada no filme Todos os Homens do Presidentes (All the president’s men). Apesar de em português Fifagate significar: Porta da FIFA ou garanta da FIFA (pois Watergate, significa Garganta Profunda). Essa nomenclatura seria uma espécie de homenagem aos Estados Unidos por prender os corruptos do mundo da bola. Se a mudança da regra do impedimento na metade do século passado revolucionou o futebol, espera-se que a prisão dos acusados de corrupção na Fifa represente uma revolução no futebol moderno, regido, assim como o neoliberalismo, pelas regras do mercado.

O futebol dentro das quatro linhas até pode ser um jogo. Mas fora de campo é muito mais do que isso, é uma máquina de fazer dinheiro. Em O Futebol ao sol e a sombra, Galeano explica como o futebol foi utilizado durante a história como bandeira política, a organização das competições por Hitler e Mussolini, por exemplo. Neste contexto, vejo que a prisão dos acusados de corrupção da Fifa está sendo utilizado para melhorar a imagem americana, abalada pelas acusações de investigar a vida de governantes e da população em geral. É fato que sempre se suspeitou da Fifa, desde os tempos de João Havelange até Josef Blatter, mas parecia não existir um poder para fiscalizar os donos da bola. É óbvio que temos que louvar a atitude dos americanos de prender corruptos. Mas não podemos elevar eles a posição de semideuses, como faziam os cronistas das antigas, para com os jogadores. Talvez senão tivesse pisado no calo dos norte-americanos com a Copa de 2022 a turma do Blatter poderia continuar aplicando seus dribles, mas agora parece que o camisa sete foi parado pelo camisa cinco com falta, mas os camisas 10 ainda estão no ataque, armando o jogo.


Perfil Quem são os presos acusados de participação na Fifagate Foto: EFE/Divulgação


O esquema movimentou aproximadamente US$ 150 milhões e a pena para o crime mais grave pode chegar a 20 anos de prisão. A investigação conduzida pelo FBI desde 2011 baseia-se em documentos obtidos do início dos anos 90.

Eugenio Figueredo

José Maria Marin

Figueiredo toma posse da presidência da Conmebol. Foto: Getty Imagens

Marin durante evento para as Olimpíadas de 2016. Foto: Getty Imagens

Ex-presidente e atual vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Foi presidente do comitê que organizou a Copa do Mundo no Brasil. Tem 83 anos e é cidadão brasileiro.

É vice-presidente da Fifa. Entre 1997 e 2006, foi presidente da Associação Uruguaia de Futebol. Entre 2013 e 2014, foi presidente da Conmebol e ajudou na organização da Copa do Mundo do Brasil. Tem 83 anos e é cidadão uruguaio e americano.

Eduardo Li


Eduardo Li, prresidente da federação da Costa Rica. Foto: Getty Imagens

Julio Rocha, presidente da federação da Nicaragua. Foto: Getty Imagens

É membro do comitê executivo da Fifa e presidente da Federação de Futebol da Costa Rica. Tem 56 anos e é cidadão da Costa Rica.

Foi presidente da Federação da Nicarágua de Futebol e chefiou a União Centro-Americana de Futebol, que representa sete países, e faz parte do comitê de desenvolvimento da Fifa. Tem 64 anos e é cidadão da Nicarágua.

Julio Rocha

Costas Takkas


Costas Takkas palestrando. Foto: Getty Imagens

É assessor da presidência da Concacaf. Tem 58 anos e é cidadão britânico

Jeffrey Webb, presidente da Concacaf. Foto: Getty Imagens

É vice-presidente de Joseph Blatter, presidente da Concacaf e da associação de futebol das Ilhas Cayman. Tem 50 anos e é cidadão britânico.

Jeffrey Webb Rafael Esquivel


Aaron Davidson, americano, 44 anos - presidente da Traffic Sports USA Inc. (Estados Unidos). Hugo e Mariano Jinkis, argentinos, 70 e 40 anos - chefes da empresa de marketing Full Play Group SA (Argentina) e suas afiliadas. Nicolás Leoz, paraguaio, 86 anos - ex-presidente da Conmebol e ex-membro do comitê executivo da Fifa. Jack Warner, trindadense, 72 anos - presidente da União de Futebol do Caribe, conselheiro especial da federação de Trinidad e Tobago, ex-vice-presidente do Comitê Executivo da Fifa e ex-presidente da Concacaf. Esquivel, ex-presidente da federação da Venezuela. Foto: Getty Imagens

É membro do Comitê Executivo da Conmebol e presidente da Federação de Futebol da Venezuela desde 1988. Tem 68 anos e é cidadão venezuelano.

Outros acusados José Lázaro Margulies, brasileiro, 75 anos - chefe da empresa Valente Corp. and Somerton Ltd. Alejandro Burzaco, argentino, 50 anos - chefe da empresa de marketing esportivo Torneos y Competencias SA (Argentina) e suas afiliadas

Réus confessos José Hawilla: fundador e presidente do grupo Traffic. É brasileiro e tem 71 anos. Charles Blazer: ex-secretário-geral da Concacaf e ex-membro do Comitê Executivo da Fifa. É americano e tem 70 anos. Daryan e Daryll Warner: filhos do também acusado Jack Warner, ex-membro do comitê de desenvolvimento da Fifa. São, respectivamente, trindadense e americano, e tem 46 anos e 40 anos.


Quando você viu que a prisão dos acusados de corrupção na FIFA foi comandada pelo FBI (Agência Federal de Investigação) a primeira vista deve ter se perguntado: “Por que os americanos estão investigando o futebol, se o negócio dele é foot-ball com a bola oval?”. A escolha do Catar como país sede da Copa do Mundo de 2022, na qual os americanos também concorriam. O que teria deixado os norte-americanos se sentindo humilhados, somado as acusações de alguns dirigentes ter vendido os seus votos. Dessa forma, o FBI passou a investigar o caso. Outro fato que fez com que a Polícia Federal americana investigasse a FIFA foi a corrupção na Concacaf, a Confederação de Futebol das Américas Central e do Norte. Jack Warner, ex-presidente da entidade, foi investigado pelo FBI por seu envolvimento na vitória da candidatura do Catar.

Reportagem Foto: Getty Imagens

Por que o FBI?

“De acordo com um pedido de jurisdição feito pelos Estados Unidos para nós, três crimes foram cometidos e preparados nos Estados Unidos, e os pagamentos foram feitos através de bancos americanos”, disse o Departamento de Justiça da Suíça explicando a operação com o FBI. Pois os americanos tem o direito de investigar algo desde que tenha o simples uso de bancos americanos, mesmo fora do país. Mais uma possível explicação para os americanos investigarem a FIFA é a venda de direitos de transmissão de competições como a Concachampions, a Copa América, a Copa Libertadores e Copa do Brasil. Os direitos são vendidos pela Traffic do brasileiro José Hawilla, mas com sede na Flórida.


Frases

Vladimir Putin, presidente da Rússia. Foto: Getty Imagens

O presidente da Rússia, Vladmir Putin, que as prisões realizadas na Suíça na quarta-feira foram uma “tentativa óbvia” de tentar impedir a reeleição do presidente da Fifa, Joseph Blatter, apoiado pela Rússia. Putin ainda criticou o fato de os Estados Unidos se meterem nos problemas de outros países: “Infelizmente, nossos parceiros norte-americanos usam tais métodos para alcançar seus objetivos egoístas e perseguir pessoas ilegalmente. Eu não descarto que no caso da Fifa, é a mesma coisa”.

Josef Blatter, presidente da Fifa. Foto: Getty Imagens

Na quinta-feira, na abertura do 65º Congresso da Fifa, evento em que será escolhido o próximo presidente da entidade e no qual ele Blatter disputa seu quinto mandato, o dirigente declarou: “Muito mais tem que ser feito para garantir que haja ética no futebol e no esporte. Temos que dar resposta aos fãs. Temos a oportunidade de começar a mudança e recuperar a confiança [da opinião pública]”.



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