Entrevista Hugo Pires - Correio do Minho

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Correio

Quinta 20 de Março 2014

Só Barroso distinguida com prémio PME Excelência

do Minho.pt

centrais

DIRECTOR PAULO MONTEIRO | ANO LXXVII SÉRIE VI N.º 9226 DIÁRIO € 0.85 IVA Inc. Publicidade

ENTREVISTA A HUGO PIRES LÍDER DA CONCELHIA DE BRAGA

AMARES ‘A Rival’ mostra o seu cardápio

“PS NÃO SOUBE INTERPRETAR A VONTADE DE MUDANÇA”

Pág. 22

SP. BRAGA

Centro Escolar de Prado vibrou com Guerreiros Págs. 30 e 31

DR

Págs. 2 a 5

PÓVOA DE LANHOSO FESTAS DE S. JOSÉ

VILA VERDE EDIL PRESTOU CONTAS AOS ELEITORES

Grandiosa procissão atraiu milhares de fiéis

Balanço positivo do arranque traçado por António Vilela

Pág. 19

Pág. 21

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Salvo erro tipográfico ou ruptura de stock

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correiodominho.pt 20 de Março 2014

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Hugo Pires

Admito que os parcómetros e as Convertidas foram dos principais motivos da derrota eleitoral do PS. Fomos incapazes de explicar as medidas.

A Escola Francisco Sanches, apesar de tudo, não é uma má solução para a Pousada da Juventude. Está no eixo Avenida Central - Universidade.

Há objectivo claro de me atingir da política, se não há alternativa, assumimos de peito aberto esta iniciativa política. Não há nenhuma medida de mobilidade melhor do que esta. Sobre a concessão a uma empresa privada, quero dizer que nós não podíamos contratar mais funcionários públicos e a Polícia Municipal tem 50 agentes que começam a assumir cada vez mais funções, porque se extinguiram as carreiras de fiscais. Nós fizemos o que mais 30 câmaras fizeram: entregámos a fiscalização do estacionamento a uma empresa que recebe 48,5% da facturação e o município 51,5%. A empresa paga os fiscais e as máquinas. A câmara fez um excelente negócio.

P - Foi o responsável político pela Capital Europeia da Juventude. O presidente da câmara tem vindo a denunciar situações de derrapagem, facturas que continuam por pagar... R - Há uma intenção clara de me atingir pessoalmente com essas afirmações. Aguardarei pela auditoria às contas da Fundação Bracara Augusta. Prometi a mim mesmo que não falaria mais sobre os números. Há um objectivo político de me atingir com sucessivas inverdades que o presidente da câmara tem dito e que são graves. Quando ele diz que as contas da Fundação são uma desgraça e, no parágrafo a seguir, diz que está à espera da auditoria...Como é que ele sabe que as contas são uma desgraça? Há aqui uma grande incoerência mas sobretudo um objectivo de me atacar.

P - Não acha que foi um exagero o alargamento da zona de parcómetros? R - Nas políticas de mobilidade, muitas vezes não se acerta à primeira. Há muitos ajustes a fazer. Há zonas em que a tarifa tem de ser menor. Admito que na zona do tribunal as tarifas se reduzam para metade.

P - O edifício GNRation foi também uma bandeira sua no anterior mandato. A actual câmara já assumiu uma alteração do perfil de ocupação daquele espaço. Foram desvirtuados os propósitos do investimento ali feito? R - Completamente desvirtuados. P - Perante a situação que vivemos não faz sentido que a câmara opte por outro caminho? R - Há uma visão pobrezinha na maneira como o actual presidente da câmara olha para aquele edifício que era sobretudo dedicado à criatividade, inovação, cultura, empreendedorismo e indústrias criativas. Numa cidade com mais de dois mil anos de história, um património riquíssimo, instituições de referência ao nível do conhecimento e um potencial humano muito grande, fazia sentido aquele edifício ser o coração de novos movimentos artísticos e culturais, de novos movimentos que gerem riqueza. P - Essa sua visão não é demasiado idealista? R - Não. Braga distingue-se pelo seu conhecimento e juventude. Temos de trabalhar este capital. O presidente da câmara abandonou este projecto que, evidentemente, demora anos. O que é que ele resolveu? O Exército vai ter um balcão e quem se quiser alistar na tropa vai ao GNRation! Não tenho nada contra o

ROSA SANTOS

Exército, mas é uma visão pobrezinha de distribuição de espaços. Todo o conceito de cultura e inovação perde-se. P - A câmara tem anunciadas para o GNRation valências ligadas ao empreendedorismo no âmbito da InvestBraga - Agência para a Dinamização Económica. Anunciou o seu apoio a esse projecto... R - No programa eleitoral e já antes demonstrámos a intenção de fazer do Parque de Exposições de Braga o braço do município para a actividade económica com o objectivo de captar investimento e desburocratizar o licenciamento de empresas. Só se eu fosse tolo é que não apoiaria tudo que seja criar emprego e atrair investimento para Braga. P -Não vai acusar a maioria de plágio dessa ideia? R - Tive ocasião de ver nas redes sociais que o projecto InvestCentro foi chumbado pelo então secretário de Estado da Inovação. Agora aparece a InvestBraga que tem como presidente o secretário de Estado da altura. Não quero entrar por aí.

P - Questão que continua a marcar a actualidade em Braga é o estacionamento pago. Considera que o processo dos parquímetros está a ser mal conduzido pela actual maioria, mas o PS não tem responsabilidades? R - Qual é a política de mobilidade que Ricardo Rio defende para Braga? Nenhuma. Nunca lhe ouvi uma ideia. Em qualquer cidade europeia de dimensão média existem parquímetros. Não inventamos a roda.

P - Reconhece que esta questão foi uma das que contribuiu para a derrota do PS nas eleições autárquicas? R -Reconheço. P - Como vê a decisão do Tribunal da Relação de Guimarães de dar razão à câmara na revogação da expropriação dos prédios contíguos às Convertidas? R - Respeito.

P - A questão é também a concessão a uma empresa privada... R - Já lá vou. Criou-se uma mediatização negativa à volta desta matéria. Há um edital aprovado que prevê 90 ruas com estacionamento pago. Há uma última versão dessa edital, em 2007, votada favoravelmente pelo actual presidente da câmara. Ele concordou com esse edital das 90 ruas. Isto são factos.

P - Foi um erro político a decisão da maioria PS? R - Muita gente do PSD e do CDS reclamava que a pousada da juventude devia ser nas Convertidas. O problema da Casa das Convertidas é que não podemos entrar a partir paredes e fazer quartos. Quando perceberam que os imóveis contíguos tinham sido de alguém ligado a Mesquita Machado, ‘aqui d’el rei que não pode ser’. Obtivemos um financiamento do 1,6 milhões de euros do Instituto de Reabilitação Urbana, íamos dar à cidade um grande jardim, ia ser um projecto âncora.

P - Foi um erro do PS colocar a questão em cima das eleições autárquicas? R - Se acreditamos que é uma boa medi-

P- Perdeu-se esse financiamento? R - O presidente da câmara mandou isso para o lixo.


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Hugo Pires

Nós, PS, estamos a aprender a ser oposição. A actual maioria que governa o município de Braga também ainda não aprendeu a ser poder.

A câmara transformou-se numa grande plataforma de marketing e propaganda, gastando balúrdios em comunicação.

Ricardo Rio é o presidente da câmara do facebook R - Sem dúvida. Essa tomada de decisão não acontece de um dia para o outro.

P - Que apreciação global faz à actuação da nova maioria da câmara de Braga? R - Nós, PS, estamos a aprender a ser oposição. Ser oposição é sempre muito mais fácil do que ser poder. Não há a responsabilidade de, todos os dias, carregar o piano. A actual maioria que governa o município de Braga também ainda não aprendeu a ser poder. Pensei que seria uma questão de tempo o presidente Ricardo Rio mudar o chip de oposição e passar a ter uma postura institucional mais respeitável. Ao fim destes meses de mandato, o que posso dizer é que ele é o presidente da câmara do facebook. A câmara transformou-se numa grande plataforma de marketing e propaganda, gastando balúrdios em comunicação. Ricardo Rio revela incoerência na forma como gere o município e desconhecimento de muitos dossiês. P - Por exemplo? R - Ouvi Ricardo Rio dizer que o Plano Director Municipal (PDM) é um documento iminentemente técnico. É do a b c da política autárquica que o PDM é um documento político, o maior instrumento de planeamento do território. O principal responsável da cidade dizer que o PDM não é um documento político é grave. Vemos o vice-presidente da câmara dizer que a protecção civil está muito bem e a única coisa que ele fez foi comprar umas sapatilhas novas para os bombeiros. Quando eles começam a contratar ‘boys’, como o ex-vereador do CDS-PP, Manuel Rocha, que vai ter uma avença choruda nos TUB; quando a vereadora da Educação despreza a escola pública em detrimento dos colégios privados; quando o vereador Miguel Bandeira diz que o centro histórico vai deixar de ser um faroeste e depois assistimos, no Campo da Vinha, a dois meses de barracada, farturas e carrinhos de choque; ou quando o vereador Altino Bessa leva a reunião de câmara um regulamento de um concurso de poupança e diz que ele está consoante o plano estratégico de poupança energética

P - Por que é que o PS não tomou essa decisão de suspensão? R - Há um despacho meu com a intenção de suspender o PDM. P - Está a dizer que a suspensão do PDM nas Sete Fontes vem da anterior gestão? R - É evidente que esta maioria levou o assunto à reunião de câmara, mas o processo não acontece num mês. P - Por que é que demorou tanto tempo a apresentar a proposta de revisão do PDM? R - A proposta que está agora em debate é a do PS. O actual presidente da câmara desconhece por completo a forma e o tempo que demora a fazer uma proposta de PDM. Esta proposta demorou anos. Tem de haver estudos que são morosos. Tive em Julho de 2013 a última reunião da comissão de acompanhamento do PDM. ROSA SANTOS

que não há; ou quando a vereadora Sameiro Araújo é incapaz de resolver o referendo Bairro da Misericórdia-Soarense. P- É uma herança do PS. R - Deixámos muito bem definido no papel a questão Bairro da Misericórdia-Soarense. Há uma inabilidade terrível do presidente da câmara e da vereadora do Desporto que já deixaram de receber os clubes em questão, sobretudo o Soarense. P - Dizem que estão a cumprir aquilo que foi estabelecido. R - Isso é mentira. Há um protocolo entre o Soarense e o Bairro da Misericórdia para o campo da Mata da Ordem ser utilizada por estes dois clubes. P - Com a nuance de o Soarense não

ter, na altura, camadas jovens. R - Mas isso não está no protocolo. P - Como é que resolveria esta questão? R - Entregaria a gestão do equipamento à junta de freguesia. P - O presidente da câmara diz que não é possível porque há contratos assinados. R - Mas já é possível cessar um contrato que existia com uma associação de reformados em Merelim S. Pedro e entregar instalações à junta de freguesia... P - Criticou a afirmação do presidente da câmara em relação à proposta de revisão do PDM, mas a suspensão do PDM nas Sete Fontes foi uma decisão política com a qual o PS concordou.

P - Não era possível ter avançado mais rapidamente? R- Era impossível. Tivemos em Julho a última reunião antes de levar o PDM para discussão pública e seria de mau tom fazê-lo no período eleitoral. P - Está preparado para responder politicamente pelos resultados da auditoria que a actual maioria está a fazer às contas do município de Braga? R - Aguardarei serenamente os resultados, sendo que sobre uma auditoria dessa grandeza, a todas as organizações que fazem parte do universo do município, tenho sérias dúvidas. P - Por que é que tem dúvidas? R - O preço da adjudicação de uma auditoria desta grandeza é francamente baixo. Eu não sei se esta auditoria não está focalizada num ou noutro assunto que interessa ao presidente da câmara.


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Hugo Pires

O PS muitas vezes descaracterizou-se. Houve pessoas que se aproximaram só para estarem junto do poder. É preciso que os verdadeiros socialistas se aproximem e comecem a trabalhar.

Temos de começar de novo um projecto no PS, de juntar os cacos. Depois de uma derrota eleitoral tão expressiva como nós tivemos, as estruturas abalaram.

Se for consensual aceito ser candidato à câmara de Braga P - Assumiu a liderança do PS/Braga há cerca de um mês, após um processo eleitoral algo conturbado. Os elementos eleitos para a comissão política concelhia pela lista sua adversária não tomaram posse. Tem o partido desunido? R - O PS não é um partido de pensamento único. A diferença de opinião e de projectos só enriquece o debate político e as propostas que possamos apresentar. A divergência de ideias não é má. P - Uma coisa é a divergência de ideias, outra é a vontade de não colaborar... R - Relativamente à não tomada de posse por parte da outra lista, o que me foi dito é que, enquanto não houvesse uma decisão por parte dos órgãos nacionais de jurisdição sobre a queixa apresentada por um militante do PS, não tomariam posse. P - Já há uma decisão? R - Já fui informado que esse pedido de impugnação por parte da outra lista foi indeferido pelos órgãos nacionais. Aguardo serenamente a colaboração de todos os elementos da lista do dr. Sousa Fernandes. Tenho grande estima e colaboração por todos os elementos da lista adversária. Eles foram meus adversários, mas não são meus inimigos. P - A nível da vereação, as coisas também não têm estado fáceis. Depois das renúncias de Vítor Sousa e Carlos Dias, Miguel Corais disse que não se revia no projecto desta direcção do PS. Isso não fragiliza a sua posição ? R - Não. Respeito essas tomadas de posição. Carlos Dias era um vereador independente que tinha como missão, se ganhássemos as eleições, trabalhar na área do desporto e associativismo. Não se sentiria muito confortável num plano de oposição porque não é um político e não tem cultura partidária. P - A saída de Miguel Corais doeu-lhe mais? R - É uma pessoa que teve responsabili-

dades no partido e que não se revia no actual projecto político. Eu respeito. Tenho pena. Penso que no futuro ele colaborará. P - Não vê isso como um enfraquecimento da posição do PS na vereação? R - Julgo que não. A saída de Vítor Sousa fechou um ciclo político. Coerentemente e por vontade própria, ele resolveu sair para já da cena política. Temos a vereadora Palmira Maciel, que tem muita experiência e conhece bem os problemas do concelho. Luísa Cruz é professora e está também muito por dentro da área social. Por fim, temos a Liliana Pereira, que é professora universitária e de uma nova geração de políticos que assume a direcção do PS. P - Estão cumpridos apenas seis meses do actual mandato autárquico. Conta fazer um percurso de oposição que o leve a posicionar-se como a alternativa do PS daqui a quase quatro anos? R - O PS, na altura própria, irá decidir quem será o seu candidato. Não descarto essa possibilidade, mas a seu tempo veremos. Se for consensual, aceitarei esse desafio. P - Mesquita Machado, daqui a quatro anos, pode voltar a candidatar-se à câmara de Braga. Como é que observa essa hipótese? R - Eu não vou traçar cenários hipotéticos porque isso não nos leva a lado nenhum. Temos de começar de novo um projecto no PS, de juntar os cacos. Depois de uma derrota eleitoral tão expressiva como nós tivemos, as estruturas abalaram. O PS precisa de se reencontrar, o que só se faz com muito trabalho e muita discussão política. O PS foi durante muitos anos um partido de poder em Braga, e é preciso fazer uma autocrítica, dizer que houve pessoas que se aproximaram do PS porque queriam estar junto do poder municipal.

R - O meu horizonte próximo é ser líder da oposição na câmara de Braga, não fazendo uma política de terra queimada, e também o reerguer o PS. Também tenho ambições a nível profissional.

P - Admite vir a ter uma experiência parlamentar?

P - Podia conjugar uma presença no Parlamento com a liderança local do

ROSA SANTOS

PS. R - Sim. Eu tive uma experiência política de oito anos na câmara de Braga. Renunciei ao mandato de deputado para vir para a vereação. Quero ter bases sólidas na minha profissão, quero ter a minha profissão, realizar-me profissionalmente. Politicamente, darei tudo ao PS e a Braga.


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20 de Março 2014 correiodominho.pt

Hugo Pires

Entrevista

PS NÃO SOUBE INTERPRETAR A VONTADE DE MUDANÇA HUGO PIRES assumiu há um mês a liderança da ‘concelhia’ de Braga do Partido Socialista. Hoje reúne a comissão política com o propósito de ‘juntar os cacos’,depois da derrota nas últimas eleições autárquicas. O vereador avalia negativamente a nova maioria da câmara, que acusa de gastar balúrdios em comunicação e propaganda. | José Paulo Silva/Rui Alberto Sequeira |

P - Cerca de seis meses após as eleições autárquicas em que o PS perdeu uma liderança de 38 anos na Câmara Municipal de Braga, já fez a análise das razões que levaram à derrota? R - Houve um ciclo político que se fechou com a limitação de mandatos de Mesquita Machado. Fechou-se também o ciclo de governação do PS. A alternância faz parte da vida democrática. Os bracarenses decidiram dar a vitória à coligação PSD/CDS-PP/PPM. Como democratas aceitamos os resultados. É uma nova vida. P - Acha que o PS se distanciou dos bracarenses? R - Não. O PS, ao longo dos mandatos de Mesquita Machado, melhorou substancialmente a qualidade de vida dos bracarenses. Braga é, sem dúvida, a cidade que mais se desenvolveu em 40 anos de democracia. Isso deve-se à gestão do PS e à liderança de Mesquita Machado. É evidente que estes anos de governação geraram desgaste. P - A dimensão da derrota do PS é um peso que ainda tem sobre as costas? R - Nós não contávamos com uma vitória tão expressiva da coligação ‘Juntos por Braga’. Isso deve-nos fazer pensar. Esta quinta-feira reunimos a comissão política concelhia para apresentar a orientação política do partido para estes quatro anos, no dia 28 de Março promoveremos um plenário de militantes para alargar esta discussão. Precisamos de saber quais foram as razões da derrota e projectar o futuro. P - Acha que o PS se tornou demasiado aparelhístico e esqueceu a componente cívica da sua actuação? R - Não. Eu tenho menos anos de idade do que os de Mesquita Machado à frente da câmara de Braga. Há uma história lá atrás que eu não conheço, mas nestes últimos anos, como assessor e como vereador, sempre foi apanágio abrirmo-nos à sociedade. É verdade que houve uma vontade de mudança e nós não a soubemos interpretar.

ROSA SANTOS

P - Os protagonistas que o PS apresentou eram os mais indicados para dar um sinal de mudança, nomeadamente o cabeça-de-lista que estava ligada à governação de Mesquita Machado? R - Vítor Sousa é uma pessoa com um conhecimento profundo da maior parte das áreas de gestão municipal e interpretaria uma mudança política. Os bracarenses não nos deram razão. Agora temos de virar a página. P - Que papel é que Mesquita Machado ainda pode ter na política bracarense? R - Mesquita Machado é um quadro político de um valor inestimável, uma pessoa que conhece como a palma das suas mãos o concelho de Braga, é um grande conselheiro e um grande trunfo para o PS. Ele tem colaborado muito de perto com a orientação política do PS. Para projectar-

mos o futuro temos também de conhecer bem o passado.

europeias que se batam por mais qualidade de vida por esta região.

P - Antevê para Mesquita Machado outras funções políticas? O seu nome surgiu como putativo candidato do PS às eleições europeias. Via esse cenário com bons olhos? R - Via. Mesquita Machado foi membro do Comité das Regiões da União Europeia. Isso deu-lhe uma visão dos problemas da Europa e da regiões e um conhecimento das instituições europeias que poderia acrescentar valor à actividade política do PS na Europa. Mas essa é uma decisão do secretário-geral do PS. Veremos se Braga terá algum representante do PS no Parlamento Europeu. Braga e o Minho merecem um representante do PS na Europa. A região representa quase dez por cento do eleitorado e o Norte é das regiões mais pobres da Europa. Temos de ter actores políticos junto das instituições

P - Criticou um alegado desinteresse do actual presidente da câmara de Braga por um lugar no Comité das Regiões? Braga perde influência ao não estar nesse órgão consultivo da Comissão Europeia? R - Claramente. As cidades não são ilhas e, cada vez mais, a escala de competitividade desce dos países para as regiões e para as cidades. Quando ouvimos o actual presidente de câmara dizer que preferiu ser presidente da assembleia geral da associação dos autarcas do seu partido em detrimento da sua cidade e de estar junto das instituições europeias, essa afirmação é gravíssima. Ele dispensa estar numa instituição com os seus pares ao nível das cidades europeias para ter mais poder dentro do PSD. Isso revela falta de horizonte.


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