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// O OLHAR
// Nordeste Transmontano
“O Try Nordestin’ ganhou vida própria”
Pouco mais de um ano depois do arranque do projeto Try Nordestin’, e no preciso momento em que são dados passos importantes para a sua solidificação e desenvolvimento, é a altura ideal para questionar os objetivos do projeto, a forma como se está a implementar no terreno e qual a estratégia para o futuro. DR vantamento exato das coordena- ser acarinhado, acompanhado das e da localização dos POI. Na parte institucional da maioria dos concelhos, essa informação já estava trabalhada pois vários municípios são pioneiros no país e até quase na Europa, na utilização da Realidade Aumentada associada ao turismo e aos dispositivos móveis.
MB.: Que dificuldades e falhas encontraram nestes meses de trabalho na região? LP.: Dificuldades de todo o tipo mas a principal é mesmo a falta de tempo, as distâncias, os recursos que nunca são suficientes e outras coisas mais relacionadas com a logística dos próprios agentes económicos. Também encontramos muita gente que ainda tem um certo receito da internet, medo que lhe roubem as ideias, os desenhos dos produtos. Também aí desenvolvemos algum trabalho de esclarecimento e sensibilização para esta nova realidade que é a globalização.
Luísa Pires é a coordenadora da Corane Luísa Pires, coordenadora da Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina-Corane, entidade promotora do projeto, afirma que “o Try Nordestin’ ganhou vida própria”. Mensageiro de Bragança: Quais foram os objetivos principais do Try Nordestin’? Luísa Pires: O principal objetivo foi dotar a nossa região de um conjunto de ferramentas tecnológicas de última geração que proporcionassem uma informação e uma imagem fiável, profissional e organizada dos nossos produtos turísticos. Assim, para além da própria presença online com o site www.trynordest. in, foi desenvolvida uma API (Interface de programação) que // 06/03/2014
está ao dispor de qualquer parceiro que queira colocar no seu website, por exemplo, uma caixa de pesquisa com ligação à nossa base de dados, que é neste momento a mais completa, fiável e atualizada na região. Temos 900 Pontos de Interesse (POI) identificados nos quatro concelhos da Terra Fria e esperamos aumentar consideravelmente esse número em breve. O Try Nordestin’ também teve o objetivo de fornecer alguma formação de Novas Tecnologias aos agentes económicos, com ações de divulgação, workshops ou formação em Redes Sociais.
nização dos conteúdos, e à sua digitalização e inserção na base de dados. Há muitas pessoas que pensam que ter uma folha excel ou word com contactos telefónicos e endereços é suficiente, para a plataforma que nos propusemos desenvolver não era de todo, passamos meses no terreno a percorrer aldeias, vilas e cidades, a falar com os agentes económicos, a ouvi-los e a escrever os conteúdos que eles valorizavam. Ao mesmo tempo foram recolhidas imagens profissionais dos seus espaços e produtos. e também foram feitos pequenos filmes que estão colocados na internet. O facto de o Try NorMB.: Quais foram os passos destin’ ser baseado na georrefepara o desenvolver? renciação e ter uma componente LP.: Primeiro foi necessário pro- de Realidade Aumentada assoceder ao levantamento e orga- ciado ao mesmo, exigia um le-
MB.: Como foram superadas essas lacunas? LP.: Com muito esforço, muito trabalho da equipa que está encarregue de fazer esse levantamento, com muita criatividade, prazer e, sobretudo, empenho. Por causa dessa força de vontade é que a parte que parecia mais complicada, a de motivar os agentes económicos, foi logo superada. O Try Nordestin’ levou esperança aos nossos microempresários, levou uma estratégia, levou algo que eles viram logo que pode ser vantajoso para eles próprios e para a sua comunidade. MB.: O que falta fazer na região? LP.: Há muito por fazer, sobretudo a este nível do contato com quem está no terreno, que não está nos gabinetes de Lisboa ou do Porto, ou até das nossas próprias cidades e vilas. O nosso tecido económico precisa de
e valorizado e, às vezes, o simples facto de se dizer que é necessário mais gente, mais ideias e mais empresas na região, deixa-os frustrados, porque eles já estão cá a trabalhar e a lutar com o máximo de esforço e às vezes sentem que ninguém os valoriza. Naturalmente que todos os novos investimentos são bem vindos, e necessários até, mas, na minha opinião, a região devia primeiro olhar para o que tem e perceber que há imensa criatividade e inovação nos nossos empresários. MB.: Porque é a Corane que está a desenvolver este projeto? LP.. Foi um projeto transnacional com outros parceiros do território e também de Espanha. Não havia bem uma ideia do que se poderia fazer e solicitamos uma consultoria que nos propôs uma ideia disruptiva, inovadora e perfeitamente enquadrada no espírito do programa. A direção da Corane acreditou na estratégia e permitiu que este projeto fosse possível, perceberam que as Novas Tecnologias da Comunicação são uma ferramenta indispensável e é preciso organizar a oferta e trabalhá-la em conjunto, ganhando escala e dimensão. Todos os nossos parceiros aplaudiram e elogiaram o conceito e também serviu para a própria Corane se organizar e preparar para os novos desafios que estão aí à porta. Mas, neste momento, o projecto já não é nosso, é do território, o Try Nordestin’ ganhou vida própria, têm surgido parceiros de todo o Nordeste de Portugal, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros, Montalegre, Mondim de Basto, entre outros. MB.: O que difere o Try Nordestin’ de outros “portais” turísticos? LP.: Quem diz que o projeto Try Nordestin’ é um portal como todos os outros, mostra ignorância, tem uma visão limitada do que é na atualidade a promoção