VIVA! dezembro 2017

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Revista gratuita trimestral, dezembro 2017

MATOSINHOS Uma conversa com a nova presidente

Wine & Club

Paula

Alves Silva A profissão mais bela do mundo

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E D I T O R I A L

MILLENNIALS COM AS MÃOS NO MUNDO A geração dos Millennials nasceu com o digital, a saber teclar ao mesmo tempo que aprendeu a falar, comunica por textos, é tolerante, multicultural e filha da globalização. Usa as “selfies”, vive na casa dos pais até mais tarde mas quando levanta voo ninguém a agarra. Já tem as mãos no mundo, não tarda terá o mundo nas mãos. É mais empreendedora, bastante mais exigente a consumir, ecologicamente responsável. É mais racional que os seus progenitores, recusa a compra de casa, carro ou acessórios de luxo, fugindo do endividamento. Esta é a geração Y, a dos jovens nascidos entre 1980 e 1996... Consome de forma inteligente, estuda o mercado, compara os preços, não usa (ou evita usar) cartão de crédito e só quer partilhar em vez de possuir. Os Millennials estão a transformar a economia e a obrigar alguns setores tradicionais a reinventar-se. Estará a economia preparada para eles? Hoje os Millennials não têm tanto dinheiro (nem tanto acesso ao crédito fácil) quanto as gerações anteriores, cresceram com a instabilidade financeira, o nervosismo dos mercados e a queda de grandes bancos. Muitos deles viram os pais ficar sem emprego, razão mais do que suficiente para não se perderem agora nas dívidas. Por outro lado, os Millennials cresceram com a “oitava maravilha” do mundo moderno: a internet. Eles são os primeiros nativos digitais e grande parte da sua vida gira à volta do smartphone onde está a rede de contactos, os amigos do Facebook, o Twitter, a rede de contactos profissional, as notícias do dia, a música, os filmes, os vídeos... Os balcões das instituições bancárias tornaram-se obsoletos com esta geração que já só usa o netbanco... Mas as questões que os Millennials colocam ao mercado estão para lá da simples migração dos negócios para o digital. Estes Millennials preferem gastar o dinheiro em viagens e no currículo, investindo em formações e workshops. Esta geração Y tem uma imensa preocupação ecológica. Querem deixar aos filhos algo diferente, querem legar um planeta equilibrado. E em paz.

José Alberto Magalhães Diretor de Informação


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S U M Á R I O

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PERFIL PAULA ALVES SILVA

V I AG E M N O T E M P O TOURADAS NO PORTO

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M O B I L I DA D E PONTE S PORTO E GAIA

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R EQ UA L I F I CAÇÃO I G R E J A D E S A N TA C L A R A

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TENDÊNCIAS MODA

FIGURA MANEL CRUZ

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LAZER QUINTA SANTA ISABEL

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A T R AV É S D O S T E M P O S O PRIMEIRO DE JANEIRO


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ÍNDICE Revista gratuita trimestral, dezembro 2017

003 EDITORIAL 030 WERA STORE 032 MISERICÓRDIA DO PORTO 038 NOITE 050 O P O R T O D E S A PA R E C I D O 056 UPTEC 060 PORTO CANAL 062 COMES & BEBES

FICHA TÉCNICA Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede de redação: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 advice@viva-porto.pt adviceredacao@viva-porto.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Diretor de Informação José Alberto Magalhães Redação Irene Mónica Leite Fotografia Carolina Barbot Sérgio Magalhães Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto advicecomercial@viva-porto.pt Célia Teixeira

072 MUSEU FC PORTO

Produção Gráfica Diogo Oliveira

084 PORTOFÓLIO

Impressão, Acabamentos e Embalagem Multiponto, S.A. R.D. João IV, 691-700 4000-299 Porto

086 S U G E S T Õ E S C U LT U R A I S

Distribuição Mediapost

090 M E T R O P O L I S - M AT O S I N H O S

Tiragem Global 120.000 exemplares

096 M E T R O P O L I S - PA R A N H O S

Registado no ICS com o nº 124969

098 HUMOR

Depósito Legal nº 250158/06 Direitos reservados Estatuto editorial disponível em www.viva-porto.pt Lei 78/2015

REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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A profissão mais bela do mundo Texto: José Alberto Magalhães Fotos: Paula Alves Silva

A jornalista Paula Alves Silva, uma genuína Millennial, desde muito jovem que se desdobra em tarefas onde procura ajudar a construir um mundo melhor. Diz-nos: “Eu tenho um sonho. Que um dia, estes nossos políticos esqueçam a sua afiliação política e se sentem numa mesa, homens e mulheres deste planeta, despidos de ideologias e preconceitos sociais, com todos os atores necessários à ação. Que um dia se entenda que o Estado são eles e somos nós e que o país, o mundo, necessita que se aja agora. Já! Que um dia se entenda o desperdício que são estas horas gastas num parlamento a trocar acusações, palmas que mais parecem chicotadas no povo que vive agora num vazio, olha paredes queimadas, troncos negros torcidos e lida com a ausência da perda. Eu tenho um sonho. Que um dia percebamos que juntos fazemos muito mais do que sozinhos. Ai, o quanto poderíamos fazer se isto não fosse apenas um sonho”.


PAU LA A LV E S SI LVA

Paula Alves Silva, 32 anos, nasceu em Santa Maria da Feira mas viveu uma parte muito importante da sua vida, académica e pessoal, no Porto. Licenciou-se em Jornalismo e Ciências de Comunicação na Universidade do Porto, entre 2003 e 2007 e fez um Erasmus, na mesma área, na Universidade de Santiago de Compostela. Desde fevereiro de 2014 está em Washington DC a trabalhar no Banco Mundial. SEMPRE SOUBE O QUE QUERIA SER Cheirava intensamente a papel. Papel em consonância com o imenso barulho dos dedos a bater em teclas. A minha memória desse momento é tão viva que sinto ainda ali estar, naquele preciso momento em que soube que queria aquilo nos meus dias. Queria ser jornalista. Não foi apenas a primeira visita à redação de um jornal que me criou esse sentimento. Foi uma vontade em crescendo. Ler o jornal, ver o noticiário fez sempre parte da rotina familiar e a rotina acabaria por se tornar num imenso prazer pessoal. Questionam-me várias vezes acerca do meu meio preferido e a minha resposta continua a ser a mesma: televisão. A culpa é do meu pai que nos ‘obrigava’ a ver o noticiário ao almoço e jantar, fazendo crescer este bichinho interno sobre a magia que há em unir imagens e palavras, dois dos meus mundos prediletos. Estudar jornalismo foi, portanto, dos meus maiores deleites. Ainda hoje, volvidos estes dez anos de carreira, continuo a achar que é a profissão mais bela do

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mundo. Depois do Porto fui para Espanha... ... “Ainda temos uma vaga”, disse-me a funcionária da universidade. A minha amiga havia sido aceite em Santiago de Compostela para um semestre de Erasmus e olhavam agora as duas ansiosamente para mim. Peguei no telemóvel, liguei à minha mãe e disse-lhe “Vou estudar para Espanha”. Deste meu impulso resultou um dos melhores capítulos da minha vida. Academicamente Santiago ofereceu-me excelentes professores, um curso de espanhol gratuito, a realização de um documentário sobre uma das terroristas da ETA, com uma his-

cional formaram-me enquanto mulher e pessoa e, reconheço, abriram este apetite pelo além fronteiras. Assim que regressei a Portugal inscrevi-me no Youthmedia, uma plataforma de jovens que discute as práticas internacionais de jornalismo e busca novas formas de informar. Foi, na verdade, com esta plataforma que viajei para Berlim já formada em jornalismo. Entre o fim da faculdade e os 10 anos que entretanto volveram cabem parcelas em distintos meios: o estágio na RTP; três anos dedicados ao projeto online Canal Superior; três anos destinados à produção audiovisual na Pixbee, onde surgiu o documentário “Era

tória de vida fascinante. Durante aqueles seis meses assisti a uma construção do eu marcante: a independência, a responsabilidade, a abertura mental ao mundo e a minha primeira família interna-

Uma Vez no Iraque”, sobre a operação da GNR nesse país, a série de documentários curtos, com histórias impactantes de portugueses, o “10 Milhões”, um programa documental piloto


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filmado em Londres, “Povo Capital”, focado na Europa do século XXI, entre outros projetos. Pelo meio surgiu Estórias com Rosto, um blog onde dormem algumas das minhas pequenas histórias fictícias, a colaboração com o Hotelândia, onde jornalistas de viagens escrevem sobre hotéis portugueses, e, mais tarde, a colaboração com o P3, do Público. Um mês antes de chegar a Washington D.C. criei o Eating The World, este ano nomeado para o Bloggers World Awards da Momondo, para acolher os meus artigos, fotografias e vídeos de viagens. A IDA PARA WASHINGTON DC Sou, sem dúvida, uma apaixonada por Portugal, mas o meu país consegue ser, a meu ver, simultaneamente prazeroso e frustrante, esmagadoramente cansativo. É necessária resistência e paciência para se lutar diariamente contra mentalidades retrógradas, práticas laborais ultrapassadas, cunhas, condições de trabalho precárias que pouco espaço deixam para respirar. E ou se sufoca na aceitação ou se procura uma bolsa de ar. Quando se oferece mais à cabeça do mercado do que à sua constituição num país com tão pouca oferta

laboral e salários reduzidos sem progressão face a um mercado global tão atrativo, a tendência é ir. Eu não sou um desses casos de desemprego que abandona o país forçadamente por não encontrar um posto de trabalho. E é errado julgar que todos os cérebros que partiram de Portugal o fizeram por esse motivo. Eu saí porque ansiava por mais. Ansiava por esse desconforto do abandono da zona de conforto, ansiava pelo desafio do novo, do diferente, do risco, ansiava por aprender mais e de forma distinta, ansiava, enfim, por ir, sobretudo porque as experiências passadas, as viagens que havia feito me mostraram o que existe para lá dos nossos limites geográficos. Na verdade, o perigo de experimentar é gostar. Ouvi inúmeras vezes dizerem-me o quão corajosa sou por ir. Essa noção chateia-me um pouco. Os dias de hoje não exigem coragem, exigem vontade. Somos uma das gerações


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MANDEM-SE SEM HESITAÇÕES! Façam as malas e partam sem hesitações. É difícil que se entenda através de palavras aquilo que apenas se perceberá experienciando. E não negarei que a distância tem as suas desvantagens, mas o que se ganha trabalhando num outro país dificilmente se alcançará não o fazendo: maior capacidade de adaptação cultural e profissional, maior resiliência, maior respeito multicultural, um entendimento maior do mundo, um alargamento da rede de networking, mais amigos, novas experiências culturais, tempo para explorar, a oportunidade de vivenciar diferentes visões e formas de trabalho, obtenção de uma maior abertura mental e a capacidade de criar, deste modo, mais oportunidades. O crescimento pessoal é inegável. As experiências e a distância transformam-nos positivamente, tornam-nos mais resistentes e mais despertos para a vida e para o mundo. Ganhamos esta capacidade de reconhecer o que nos falta e a importância do que deixamos para trás, tornando-nos, de certa forma, mais patriotas. Há apenas um problema: assim que se começa é difícil querer parar. Passamos a desejar o mundo todo.

mais informadas e formadas que, numa era de tanta informação, já não parte para um total desconhecimento. A concretização dos ‘sonhos’ exige, sobretudo, investimento pessoal. Muito! Não serve este discurso para dizer que ficar é errado. Serve simplesmente para mostrar que é muitas vezes uma escolha. A IMPORTÂNCIA DO INOV Cheguei aos EUA em 2014 através do INOV, um programa da AICEP que envia anualmente jovens para o estrangeiro, para estagiar no projeto Connect4Climate, do Banco Mundial, onde

acabei por ser posteriormente empregada. O projeto visa informar sobre as causas, consequências das alterações climáticas e soluções existentes, através de diferentes iniciativas. Impressionantemente, há uma larga percentagem da população mundial que acredita ainda que as alterações climáticas são um mito. E não é por falta de dados científicos ou de informação sobre o tema. Na verdade, o peso dos nossos valores é maior do que julgamos. Estas são vozes que com a eleição de Donald Trump ganharam maior volume, fazendo deste um trabalho ainda mais

necessário e desafiante. Informar e educar são pilares cada vez mais cruciais na sociedade atual, sobretudo quando se vê que as fendas são cada vez mais visíveis. Relembro o quão excitada fiquei quando revelaram que viria para Washington DC. DC não é uma Nova Iorque, mas na visão jornalística é, sem dúvida, uma cidade estimulante e crucial no panorama internacional. É, como sabemos, um importante centro de decisões, para além de ser uma cidade politicamente muito ativa. Tenho esta permanente sensação de que algo relevante acontece aqui diariamente. Além REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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disso, as pessoas em cargos importantes são bastante mais acessíveis do que em Portugal, por exemplo. São muito menos pretensiosos nesse sentido e isso, confesso, foi uma ótima surpresa. Enquanto jornalista, a língua pode ser uma barreira inicial, mas julgo que com o tempo é uma questão que se vai diluindo. O único problema em termos de movimentação no mercado é o visto, o que leva a que, regra geral, as empresas prefiram recrutar cidadãos americanos. No Banco Mundial trabalhamos num ambiente tremendamente multicultural e, portanto, foi preciso assimilar que diferentes culturas têm diferentes métodos de trabalho e estabelecem a relação pessoal e profissional de uma forma distinta. A minha equipa é sobretudo formada por europeus e, desse modo, as semelhanças são maiores que as diferenças, mas rodeados de outras equipas percebemos que há naturalmente uma distinção entre a relação profissional e pessoal e a profissional, o ambiente profissional é bastante menos ruidoso/agitado e são bastante mais focados nas ta-

refas e no delinear do trabalho, com prazos definidos. FÁCIL ADAPTAÇÃO A adaptação foi, reconheço, imediata. O meu trabalho tem como objetivo, através de uma alargada comunidade (sobretudo de jovens) online, informar sobre as alterações climáticas, dar a conhecer histórias de todo o mundo relativamente à temática, demonstrar as consequências e, desta forma, fazer com que as pessoas vivam de forma mais sustentável. Em networking e com uma visível última instância, combater as separação entre vida profissioalterações climáticas, através nal e pessoal. Particularmente, da ação individual e conjunta. acho que não poderemos usar É um trabalho verdadeiramente uma cidade para falar sobre abrangente. A minha equipa os EUA. Seria quase como dié composta maioritariamente zer que os Europeus são todos por europeus e, portanto, não como os portugueses. DC, por senti um choque cultural ou ser uma cidade muito política e profissional. Obviamente que por acolher aqui organizações estando inserida no mercado internacionais, é um meltingamericano, rapidamente per- -pot, muito recetiva a outras cebi que o modelo de trabalho culturas, com uma mente, em aqui é muito divergente, com geral, bastante aberta relatimuitas sensibilidades devido à vamente às várias questões sua multiculturalidade, em geral sociais e culturalmente ativa. muito mais focado e exigente Infelizmente, com a eleição quanto a cumprimento de da- de Trump começam a surgir tas, muito versado no poder do algumas vozes conservadoras,


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mas que em DC têm por agora muito pouca audiência. AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Inegavelmente a maior percentagem da população mundial está ciente da urgência que existe no combate às alterações climáticas e do peso que as ações do Homem representam para o Planeta. Os dados mostram que o mundo não conseguirá, num futuro muito próximo, suportar o nosso estilo de vida atual, sobretudo com uma população mundial em crescendo. E as consequências vivem-se já hoje: seca extrema e escassez de água e comida que conduzem

à instabilidade e migrações em massa, tempestades mais fortes e mais frequentes, problemas de saúde provocados pela poluição, etc. Mas adotar comportamentos ecológicos não é algo que possa ser imposto. Eu deixei de comer carne há mais de um ano, mas não posso, por exemplo, obrigar alguém a não o fazer porque sabemos que a produção de carne representa mais de 50% das emissões de CO2. Há inúmeras ações individuais que cada um de nós pode adotar para proteger o ambiente. Cabe, obviamente, a cada indivíduo perceber o que está disposto a fazer. O que temos todos de ter em mente é que somos nós quem constrói a casa onde vivemos, o planeta azul. Mas a verdade é que a geração de hoje é mais ativa e menos egoísta nesse sentido. É uma geração que percebeu o quão importan-

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te é agir para proteger futuras gerações. E por isso esta não é uma visão fatalista, porque as soluções existem e o dinheiro para as implementar também. PORTUGAL E EUA Apontar algumas diferenças num país onde tudo é completamente diferente de Portugal parece quase impossível. Mas talvez possa destacar uma divergência que é tremendamente notória: o patriotismo ‘cego’ que os americanos têm. Independentemente das decisões governamentais que se possam tomar, do papel que os EUA têm no mundo e a controvérsia que esses atos causam frequentemente, os cidadãos americanos acreditam firmemente que os EUA são uma espécie de salvador do mundo e orgulham-se tremendamente do país que têm. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Posso ainda afirmar que os bastante de DC, tenho aprendi- de mim, memórias saudosas americanos são extremamente do bastante nos vários sentidos para onde quer que viaje. Levásimpáticos. Ouve-se sempre e, enquanto jornalista, estar na -las-ei sempre comigo, falarei um ‘Olá, como estás?’ quan- capital dos EUA, o centro do sempre deles a outros povos e do se entra no autocarro, num poder, é um privilégio. Mas vi- sempre regressarei a eles. supermercado, numa loja, num ver a três horas de carro do mar café, etc, – mesmo que nem atormenta-me bastante. Além UMA CENA CARICATA sempre seja sinónimo de quere- disso, o visto é uma questão Tenho a impressão de que este rem uma resposta. E, portanto, problemática que, infelizmen- é um país muito propício a num primeiro contacto é um te, dificulta tremendamente situações caricatas. Talvez de povo acolhedor, tremenda- a movimentação profissional entre as várias histórias, possa mente disponível para ajudar, dentro do país. partilhar a que me aconteceu oferecendo-se muitas vezes Sinto saudades de Portugal do uma noite na casa de banho para o fazer, bastante atencio- café, peixe, natas e do meu mar de um bar enquanto esperaso com turistas e estrangeiros. do Norte. Esta é seguramente a va na fila. Estava na conversa No entanto, furar a barreira pergunta mais frequente e esta com a rapariga à minha frente que existe entre ser um co- é sempre a resposta que dou quando ela me pergunta de nhecido e transformarmo-nos prontamente. Obviamente do onde sou. Assim que respondi num amigo exige algum tem- que sentiremos sempre mais ‘Portugal’, ela agarra de imepo e esforço da nossa parte. falta no nosso país serão as diato o meu braço e diz-me: Noutros patamares, gostam de pessoas: a família, os amigos. A ‘Vira-te, por favor, quero ver o separar trabalho de diversão e distância e a saudade flagelam- teu rabo.’ Podem imaginar o ar são bastante focados profis- -nos a alma. Não há dúvida de espanto que fiz. Perguntosionalmente. que nunca nada os substituirá -lhe porquê. Ela responde: ‘As e viver sem eles diariamente mulheres de Portugal têm um O FUTURO pode ser uma aprendizagem rabo fantástico. Na verdade Tem sido uma experiência ma- dura. Mas a nossa gastronomia, já pensei viajar para Portugal ravilhosa, mas tenho a impres- a nossa paisagem (e o meu Por- e operar o meu rabo lá.’ Resão de que esta ainda não é to) e o povo português serão gozijemos. O mito do bigode “a cidade”. É óbvio que gosto sempre marcos fortes dentro morreu. Nós agradecemos.



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Porto e Gaia:

A PONTE QUE AINDA FALTA Da Ponte das Barcas, a mais antiga, à Ponte do Infante D. Henrique, a mais recente, as margens do Douro sempre se uniram através destas construções. Umas ferroviárias, outras, em maior número, de veículos e pessoas. Traçando e estabelecendo caminhos entre as suas gentes estes empreendimentos ganham salutar papel na história de uma cidade. E o Porto não é exceção. Acompanhe-nos nesta viagem secular que abarca também a preocupação da sociedade civil pela segurança na Ponte Luis I. Texto: Irene Mónica Leite

Sabia que durante muitos anos a travessia do rio de uma margem para a outra era feita com a ajuda de jangadas e barcas? Só no século XIV, mais concretamente em 1369, é que foi inaugurado um passadiço formado por barcas, uma corrente de ferro que as unia e um estrado de madeira onde as pessoas caminhavam. No entanto, nem tudo correu de feição: sempre que os níveis de água subiam devido às chuvas intensas, a ponte improvisada ficava destruída. No início do século XIX inicia-se uma primeira ponte: a das barcas! Só em 1806 é que a Ponte das Barcas se tornou mais sofisticada e feita com 33 barcas interli-

gadas por cabos de aço, tinha duas aberturas para que os barcos que subiam e desciam o rio pudessem passar. Mas a inovação só durou até 1829. Reza a história que a 29 de março desse ano, enquanto milhares de portuenses fugiam das tropas do general Soult, o alçapão central da ponte foi aberto e a ponte desfez-se. Segue-se a Ponte Pênsil, obra dos engenheiros Bigot e Mellet, inaugurada em 1842 e demolida em 1887 para dar lugar à ponte que homenageava o rei da altura, D. Luís I. Antes de nascer a incontornável Ponte Luís I, foi construída a primeira ligação ferroviária da cidade, a Ponte Maria Pia. Sabe-se que o primeiro grande trabalho de Gustavo Eiffel no Porto é constituído por um grande arco que suporta o tabuleiro ferroviário de 354 metros de extensão. E quanto à Ponte Luís I, tudo começou quando se pensou numa substituição da Ponte Pênsil. A empreitada coube à empresa belga Societé de Willbroeck. A construção da hoje icónica Ponte Luís I arranca em 1881, mas só cinco anos mais tarde é inaugurada. A Ponte da Arrábida é fundamental para os dias de hoje. Em 1952 uma só ponte rodoviária não chegava para o movimento crescente da cidade. Foi então que nasceu a ideia de construir aí esta travessia. O engenheiro Edgar Cardoso projetou esta ponte e a obra foi então atribuída ao engenheiro José Zagallo, que a entregou para inauguração em 1963, tendo sido considerada durante alguns anos a maior ponte em betão armado do mundo. Por outro lado, de forma a acompanhar o crescimento do tráfego rodoviário e ferroviário, os governantes portuenses vêem-se na obrigação de substituir a pequena Ponte Maria Pia. Nasce, assim, a Ponte de São João, que foi precisamente inaugurada no dia dedicado ao Santo em 1991. A Ponte do Freixo nasce em 1995 para dar res-


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Maquete do projeto da ponte pedonal por Adão da Fonseca

posta às necessidades crescentes da população. Já a Ponte Infante D. Henrique foi inaugurada em 2003 e construída para substituir a travessia automóvel que então se fazia pelo tabuleiro superior da Ponte Luís I. SOCIEDADE CIVIL QUER NOVA PONTE A segurança da Ponte Luís I tem vindo a ser questionada. Para Adrian Bridge, da Fladgate, a construção de uma nova travessia para aliviar o trânsito da ponte Luís I é uma “pioridade” e deve fazer parte da “estratégia” para as caves. Até porque do lado de Gaia se verifica uma crescente atividade de lazer e turismo. E sugere mesmo uma nova ligação: desde o cais das Pedras até à marginal, de forma a aliviar o tabuleiro inferior da Ponte Luís I.

Por outro lado, continua, é o “tempo perdido nas filas de trânsito. Por isso, há que investir, até porque tempo é dinheiro”, sustenta. “Nós temos preocupação com a segurança dos turistas. Todos temos muita responsabilidade, até porque o setor turístico cria muito emprego”. Quanto ao papel das autarquias, nas palavras de Adrian Bridge é descrito como “fundamental”. Mas não só entre Porto e Gaia, entre todas. Já Isabel Marrana, da Associação de Empresas de Vinho do Porto (AEVP), fala na urgência de intervenção perante o tremendo afluxo de peões na ponte Luís I. “Nós temos um aumento do fluxo turístico pedonal, que passa da cidade do Porto para Vila Nova de Gaia pela Ponte Luís I. Isso é muito gratificante para nós, para as caves do vinho REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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do Porto. Para toda esta beira rio de Gaia, que merece ser reconhecida”, começa por explicar Isabel Marrana. E prossegue: “O que nos preocupa efetivamente é que esse atravessamento pedonal é feito em condições que do nosso ponto de vista, não são as melhores, sobretudo ao nível da segurança. Acontece que os dois passeios da Ponte Luís I são muito estreitos. Não são feitos para um fluxo pedonal constante, e o que acontece é que esse fluxo pedonal transborda o passeio e temos uma situação que é visível para quem passa na ponte: o fluxo do passeio virado à foz do Douro. Os peões escolhem esse passeio por causa da vista. Porque têm a vista das caves, dos barcos rabelos. O outro passeio está quase vazio”, alerta. “Quem passa na ponte vê isto todos os dias. O que acontece é que os peões param para tirar fotografias. Ao parar para este ritual, acontece que eles entopem a via dos automóveis. Tememos que aconteça algo. Por isso queremos alertar e já o fizemos, quer à Câmara de Gaia, quer à Câmara do Porto. É que aqui há uma urgência de uma situação que tem de se resolver, e que há muito é falada: o atravessamento de peões

entre as duas cidades”, reitera. “Dizem-me que há já projetos aprovados. O que nós pedimos é a execução. Se isto está sinalizado, o problema é conhecido, se o problema está efetivamente em vias já de estudo, nós reinvidicamos que se resolva este problema”, remata a presidente da AEVP. A PONTE LUÍS I E AS SUAS OBRAS DE REQUALIFICAÇÃO As obras de requalificação do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, entre Porto e Vila Nova de Gaia, continuam sem data para avançar. Em cima da mesa estão três projetos distintos: o alargamento do tabuleiro inferior da ponte, uma ponte pedonal e uma ponte mista. Uma oportunidade para conhecer o trabalho dos diferentes atores envolvidos nestes projetos, nunca esquecendo o basilar papel das autarquias de Gaia e Porto. A proposta apresentada pelas duas autarquias para colocação de passadiços e ciclovias no exterior do tabuleiro não obteve, numa primeira fase, o consentimento da Infraestruturas de Portugal (IP). O projeto da IP prevê a requalificação do pavimento e dos passeios, e a substituição dos


M OB I LI DA D E

apoios. Recorde-se que, em março de 2016, foi divulgado o anteprojeto de Virgínio Moutinho, que foi, no entanto, retirado antes de a Direção-Geral do Património Cultural se pronunciar, a pedido da Câmara do Porto, para que o processo fosse repensado. Noticiava-se, inclusive, que os transeuntes cruzariam o rio Douro pelo passadiço mais próximo das ribeiras, enquanto que as bicicletas cumpririam o percurso pela travessia a montante. “Com o dinheiro de uma ponte pedonal sobre o Tejo, faz-se duzentas pontes sobre o Douro. A afirmação de Adão da Fonseca, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e engenheiro da ponte pedonal Pedro e Inês sobre o rio Mondego, pode parecer um bom argumento para a construção deste tipo de travessias no Douro mas, pelos vistos, não chega”, afirmava a imprensa em 2008. Adão da Fonseca idealizou para o Douro uma ligação pedonal em curva suspensa. A ponte iria unir a Praça da Ribeira, no Porto, e a Avenida Diogo Leite, em Gaia, dois polos importantes de animação. Este projeto continua até hoje na gaveta e sem construção à vista, devido em parte

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às “diferentes posições” defendidas pelas duas autarquias na construção de uma ponte deste tipo. Contactada pela VIVA!, a Câmara de Gaia estabeleceu um ponto de situação. “Como é sabido, as câmaras municipais de Gaia e do Porto acordaram, em setembro último, a criação de uma equipa intermunicipal que elabore propostas para os problemas comuns de mobilidade entre os dois municípios. Esta equipa será criada muito brevemente, e uma das suas preocupações passará pelos atuais problemas do tabuleiro inferior da Ponte Luís I”. E prossegue: ”Neste sentido, é fundamental a articulação do transporte turístico entre os centros históricos, bem como uma aprofundada análise das soluções que resolvam as necessidades de ligações rodoviárias, fluviais e pedonais entre as duas margens do rio Douro. Embora a criação de uma nova travessia seja uma das hipóteses a analisar, convém salientar que a pressão crescente de trânsito nas nossas cidades não se resolverá com mais infraestruturas de atravessamentos, mas com a aposta nos transportes públicos”. A VIVA! tentou contactar a Câmara Municipal do Porto mas até ao fecho da edição não obteve resposta. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


R E Q U A L I F I C A Ç Ã O

UMA

jóia portuense EM PROCESSO DE REQUALIFICAÇÃO A Igreja de Santa Clara está classificada como Monumento Nacional desde 1910. No entanto, uma infestação de térmitas e a ação da humidade estavam a degradá-la rapidamente o que levou a tomadas de decisões no sentido da proteção do edifício. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot e DRCN

A Igreja de Santa Clara é um templo católico localizado na freguesia da Sé, na cidade do Porto. Esta verdadeira jóia portuense é apenas uma parte do anterior convento, nacionalizado em 1900. O edifício convive paredes meias com a sede do Comando Metropolitano da PSP, que incorpora o antigo claustro da estrutura. Construída ao lado do mais visível lanço das Muralhas Fernandinas, a Igreja de Santa Clara ficou concluída em 1457. A entrada da igreja é do estilo barroco com elementos renascentistas. No seu interior podemos vislumbrar um dos melhores exemplares da arte da talha dourada do Barroco Joanino. A Igreja de Santa Clara do Porto constitui um relevante testemunho de um conjunto monástico feminino que integra uma vasta rede de património religioso. Classificada como Monumento Nacional desde 1910, é propriedade do Estado. Trata-se de um dos mais interessantes exemplares da arquitetura gótica do século XV. Reza a história que, com a supressão de vários mosteiros mais pequenos nas diversas localidades


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entre o século XV e o século XVI, as freiras foram-se agregando em Santa Clara levando para lá as suas rendas, sendo uma delas uma portagem por todas as mercadorias que passavam pelo Rio Douro. De acordo com o escritor e historiador portuense Germano Silva, a Santa Clara é uma “igreja paroquial, tendo, portanto que estar de portas aber-

tas para os fiéis”. Integra um mosteiro “muito curioso”, que foi fundado por D. João I e a mulher D. Filipa de Lencastre, em 1416, precisamente um ano após a conquista de Ceuta. “Era um mosteiro com muito dinheiro. Foi dos últimos a fechar”, explica Germano Silva. E acrescenta: “Da memória do convento ficaram-nos sobretudo os abadessados, uma espécie de saraus poéticos que se realizavam sempre por ocasião da eleição de uma nova abadessa. Duravam dias esses


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entretenimentos, nos quais participavam os poetas da época. Consistia no seguinte: uma freira dava um mote a um poeta que pegava nele e o glosava completando um poema ou um soneto. Este divertimento era entremeado com oferta por parte das freiras de doces (os célebres doces de Santa Clara) e vinho fino que eram servidos aos convidados pelas criadas do mosteiro”, conta o jornalista. Nos finais do século XIX, com a morte da última freira, o mosteiro foi extinto o que causou alguma degradação do edifício. Posteriormente, património do Estado, teve as obras necessárias e foi adaptado para Centro de Saúde e outras instituições. A REQUALIFICAÇÃO DIVIDIDA EM DUAS FASES DISTINTAS Em 2015 a imprensa noticiava o problema das térmitas na Igreja de Santa Clara. “Um problema tão grave que um dos altares da Igreja de Santa Clara, já nem carrega com a imagem que costumava estar ali pousada”. O problema, acrescentavam os media, é que a segunda estrutura em madeira que suportava o altar estava de tal modo danificada pelos insetos que existia o receio que não aguentasse com o peso da imagem.


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A primeira fase da intervenção no histórico edifício foi orçada em 290 mil euros. Refira-se que a obra foi integrada pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) na candidatura “Entre o sagrado e o profano: dinamização do património religioso medieval” ao Programa Operacional do Norte – ON.2. A comparticipação nacional esteve garantida em regime de mecenato, pela Fundação Millenium BCP. A SEGUNDA INTERVENÇÃO Em 2016 teve início a empreitada de conservação e restauro do Coro Alto e Coro Baixo da Igreja de Santa Clara, intervenção orçada em 175 mil euros. A conservação e restauro do recheio artístico do Coro Baixo integra os retábulos, esculturas e teto em caixotões; enquanto no Coro Alto consiste no cadeiral, pinturas e esculturas integradas, revestimento azulejar e

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teto policromado. Com um investimento total de dois milhões de euros, esta operação visa ações de valorização e promoção deste basilar Monumento Nacional, classificado desde 1910, sendo a intervenção comparticipada em 85% pelo Programa Operacional Norte 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, com o mecenato da Irmandade dos Clérigos e Fundação Millennium BCP. O objetivo, nesta segunda fase, explica a DRCN, passa pela realização de trabalhos de conservação e restauro do recheio artístico da igreja e espaços anexos: sacristia, coro e portaria, intervenção essa assente em critérios de rigor histórico, científico e técnico, levado a cabo por especialistas nas diferentes áreas de intervenção: talha, escultura, azulejo, pintura mural, pintura de cavalete, pedra e metal. Pretende-se ainda, e no âmbito de trabalhos esREVISTAVIVA,DEZEMBRO 2017


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pecializados, a intervenção nos portais trabalhados em granito e o restauro do grande órgão de tubos da nave da igreja. A Igreja de Santa Clara é um legado artístico “notável” integrando a sua arquitetura talha, escultura, azulejo, pintura mural, pinturas de cavalete e património musical e possuindo elevado interesse turístico. Para além da intervenção física, pretende-se com esta operação a proteção, valorização e promoção de um património “único”, de

elevado valor e caráter singular através de iniciativas de programação cultural que ocorrem no âmbito da rede de monumentos

sob a gestão da Direção Regional de Cultura do Norte.



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HETEROGENEIDADE PARA DAR LARGAS À IMAGINAÇÃO A moda define tendências, afirma personalidades e transborda vida. É este o ‘cheirinho’ da coleção primavera/verão 2018 que a VIVA! teve a oportunidade de contemplar no âmbito do Portugal Fashion, no Porto. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Sérgio Magalhães

Moda de autor, criações de jovens designers, pronto-a-vestir, alta-costura, alfaiataria e calçado. Estava o mote lançado para o sucesso. Confira as propostas de nomes portuenses. Desde os novos talentos aos que dispensam apresentações.

Inês Torcato Trata-se de uma exploração e desconstrução formal dos clássicos. Com inspiração no conceito de autorretrato e no seu reflexo nos outros e dos outros em nós. Uma coleção em preto, cru, branco e azul. Um jogo de texturas cruas, acabamentos inacabados em materiais fortes, leves, riscas, opacidades e pregas.


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Beatriz Bettencourt Beatriz Bettencourt propõe uma coleção feminina de cariz citadino e gráfico. A experiência da memória celular faz-se sentir nos casos em que, após um transplante de órgãos, o paciente sente alterações no seu comportamento e desperta interesse em coisas que o dador experienciava/gostava. A coleção apropria-se deste conceito de ‘transmutação’ e combina diferentes tipologias de peças numa só, associando características próprias de cada peça, como mangas, escapulários, bolsos, etc. O cariz gráfico da coleção é conseguido não só por uma paleta de cores fresca, com verde menta, bege, vermelho alaranjado, índigo e tons metalizados, que contrastam com o preto e branco.

Luís Buchinho Com uma forte influência desportiva, o verão 2018 apresenta estampados expressivos que desenham silhuetas soltas e longas. A liberdade de movimentos e o bem-estar estão presentes em toda a coleção. A paleta cromática é clara, em tonalidades pastel-verde água, rosa pele, azuis aguados. Toques gráficos de preto, branco e amarelo flúor.

Nuno Baltazar Nuno Baltazar trabalhou a cor num conceito, como é característico seu, mas optou por uma paleta cromática diferente, experimentando agora várias tonalidades de azul e verde, além do branco, bege, cinzento e preto. Transparências, renda, xadrez, metalizados e penas despontam em coordenados clássicos e elegantes. No final do desfile, o designer aproveitou para anunciar que é o criador nacional associado à parceria da Sport Zone com o Portugal Fashion. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Katty Xiomara Xiomara apresenta-nos uma coleção inspirada numa viagem: um paraquedas que, levado pela brisa caribenha, aterra no revivavlismo art déco de Miami Beach nos anos 60. A paleta de cores mostra-nos tons de água e laranjas, papaia, melão e framboesa, contornados pelo preto e branco.

Miguel Vieira Miguel Vieira celebra os seus 30 anos de carreira. Esta coleção não é só a celebração da efeméride, mas também a celebração de uma individualidade, de uma filosofia que foi crescendo e se reafirmou como um estilo ‘próprio e inconfundível’. Há jogos de volumes entre peças slim e oversized, peças clássicas com um toque desportivo, casacos estruturados, assimetrias, t-shirts oversized e variações entre calças e calções. As cores oscilam entre o preto caviar, branco brilhante, marshmallow, caril, azul china e rosa cameo.

Anabela Baldaque A sofisticação e a modernidade de um novo romantismo fazem parte desta coleção extravagante, divertida e moderna. Apresenta-nos um esquema de cores definidas em contrastes, azuis com rosas, vermelhos com verdes, beges com pretos e brancos. Os tecidos são na maioria estampados e reforçados com pormenores de rendas e cortes inesperados, para ousar as emoções. As silhuetas longas com um look construído por peças etéreas ora sólidas, quer por volumes, quer por formas.


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Diogo Miranda Nesta coleção, Diogo Miranda “quis uma estação com exuberância, sofisticação, sensualidade e proporções exageradas.” Por isso ter escolhido a silhueta de um cisne como inspiração. “Trabalhei maioritariamente os ombros que nos remete para uma silhueta esguia”. Rosa pastel, laranja, cinza, verde, branco e preto são as cores desta estação. Tudo se materializa, assim, numa mulher sexy, confidente, feminista e poderosa. O 10º aniversário continua a ser assinalado. “Celebrar o passado, presente e o futuro”.

Júlio Torcato Trata-se de uma reinterpretação e apropriação do universo desportivo. Linguagem urbana que mescla o corte de alfaiataria clássica com a técnica dos materiais de performance competitiva. Tecidos técnicos em marinho e branco, lisos e estruturas, piquets, riscas gráficas e nylons. Performance, competição, retro, urbano, volume e contemporâneo podem ser as palavras chave da coleção.

Dielmar A primavera/verão 2018 de Dielmar é inspirada na vida marítima e o seu quotidiano. Uma história intensa em cores e texturas. Com uma atitude descontraída, moderna e open-minded, o vestuário executivo/formal ganha um novo sentido, despido de códigos e restrições. A intensidade e a versatilidade da paleta de cores estende-se pelos tons terra como o bege, castanho e laranja, passando pelo calor do vermelho e amarelo até à frescura do verde e azul, acabando na pureza do branco. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Aqui os clientes sentem-se bem! Localizada na Rua António da Silva Marinho, nº 120, Porto, a Wera Store dispõe nas suas montras os mais diversos artigos. Desde acessórios de moda, decoração de casa, passando por produtos de limpeza ou material para festas e trabalhos manuais. Aqui os clientes sentem-se bem! Também a qualidade e a simpatia no atendimento são fundamentais. O ambiente é acolhedor, decididamente para toda a família, com uma relação qualidade-preço muito convidativa. É aqui que alunos dos mais diversos estabelecimentos de ensino se equipam, com materiais para trabalhos escolares. Obviamente que o Natal e o Ano Novo não


passam despercebidos na Wera Store. Assim, poderá encontrar árvores de Natal, muitos senhores barbudos (o Pai Natal, pois!), muita iluminação e brinquedos para se inspirar na hora de oferecer prendas a miúdos e graúdos. Para abraçar 2018 em grande, há acessórios e vestidos de gala para todos os gostos. Sorte é a palavra de ordem. Não falhe na indumentária, nem na maquilhagem (na Wera Store tem muito por onde escolher) e, claro, nos confetis. Tudo para que a festa se cumpra! Há ainda, entre muitos artigos de vestuário, casacos bem quentes para a estação fria que se inicia.

Telefone:22 015 8719 Morada: Rua António da Silva Marinho, N.º 120, 4100-064 Porto. facebook.com/LojaWeraStore Aberto todos os dias das 09H00 ÀS 21H00 Parque de estacionamento grátis REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2017


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Residência para estudantes ajuda a colmatar falhas de mercado

Dar reposta às necessidades do mercado. Este é um dos objetivos centrais das “Residências – The Gallery House”, um projeto da Santa Casa da Misericórdia do Porto desenvolvido no centro da cidade. Inaugurado em junho e com o máximo conforto e qualidade nas instalações, garante aos estudantes a estabilidade necessária para realizarem as suas provas académicas e desfrutarem da Invicta, com toda a sua movida ali tão perto. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Misericórdia do Porto

“Estamos permanentemente atentos aos novos desafios e sinais que a sociedade nos dá, mas ao mesmo tempo temos consciência de que as políticas públicas têm de acompanhar essa evolução. Hoje fala-se muito em empreendedorismo social e inovação social… Mas não podem ser chavões. Os problemas e as dificuldades reais são muitas”, salientou o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, à VIVA!, em junho passado. Urge, portanto, criar cada vez

mais respostas para a sociedade. As “Residências – The Gallery House” enquadram-se neste caminho, sempre pautado pela sustentabilidade. Assim, é no número 114 da rua das Galerias de Paris que se encontra uma nova versão deste emblemático edifício “Arte Nova”. O prédio, totalmente reabilitado pela Misericórdia do Porto, apresenta agora o nome de “Residências – The Gallery House”. Trata-se de um espaço de acolhimento, na baixa, vocacionado para estu-


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dantes do ensino superior da cidade, docentes e investigadores académicos. “A ideia nasceu quando a Misericórdia do Porto pensou em reabilitar os edifícios que tem, e que são muitos”, explica Carolina Oliveira, vogal da Comissão Executiva da instituição. “Este prédio é emblemático porque está situado no centro da cidade e com esta bela vista para a movida noturna. Havia uma falha em residências deste tipo, pelo que atuámos. Viver aqui é ótimo, confortável e simples”, acrescenta. Com efeito, quem desfruta desta residência parte de uma rua de edifícios elegantes, a lembrar as originais Galerias de Paris, entrando na movida da cidade, encontrando monumentos emblemáticos, museus e livrarias únicos, restaurantes típicos, comércio tradicional e lojas de marcas internacionais... tudo à distância de uma caminhada. “Foi uma reabilitação que respeitou também a essência do prédio e a sua estrutura. Na parte

exterior tivemos que colocar os mesmos azulejos para preservar a história do edifício”, garante. O edifício conta com 20 quartos duplos com casa de banho privativa, distribuídos pelos cinco pisos do empreendimento. Todos os quartos dispõem de um espaço de dormir com camas individuais, armário, aquecimento regulado individualmente e área pessoal de estudo. De referir ainda que este novo espaço conta, também, com uma área de refeições e uma copa equipada com micro-ondas, frigorífico e

fogão, ao nível do 1.º piso. “Temos um serviço de lavandaria onde toda a roupa hoteleira é fornecida pela Santa Casa da Misericórdia do Porto. Já para não mencionar que o edifício está equipado com todas as condições: eficiência energética, internet, tv por cabo e elevador. Todos os serviços estão incluídos no pacote da renda”, refere o diretor do Departamento de Gestão Administrativa e do Património da Santa Casa da Misericórdia do Porto, André Sousa. No que diz respeito aos preços, estes variam de REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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A Misericórdia e o IHRU

acordo com o tipo de quarto escolhido. “Estamos dentro da média. Temos quartos com cinco varandas. Esses, claro, rondam os 300 euros e os 350 euros. Tendo em conta a dimensão e a vista do respetivo quarto (seja para a rua Cândido dos Reis ou para a das Galeria de Paris) estabelecemos os preços”, adianta Carolina Oliveira. “Aqui não há tempo limite de estadia. É de acordo com as necessidades das pessoas. Aquilo que constatamos e as necessidades que detetamos, neste segmento de mercado, prende-se por períodos de Erasmus, um semestre, ou um ano completo. E a Misericórdia do Porto dá resposta a estas necessidades. Este primeiro semestre está a servir de barómetro para ver e afinar algumas metodologias. Vamos adaptando”, diz André Sousa. Por outro lado, “não temos feito muita publicidade. E, mesmo assim, a procura tem sido muito positiva”, acrescenta. O futuro é continuar a reabilitar. “Temos já

O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, IP (IHRU) e a Misericórdia do Porto assinaram um protocolo no âmbito do programa Reabilitar para Arrendar - Habitação Acessível, destinado à reabilitação de 40 prédios, num valor de investimento de 10 milhões de euros. Este programa, lançado pelo Governo no dia 9 de julho, tem como objetivo financiar a reabilitação de imóveis destinados a arrendamento, com uma dotação de 50 milhões de euros, que deverá ser investida nos próximos três anos. O programa Reabilitar para Arrendar - Habitação Acessível destina-se a todos os agentes do setor da habitação, públicos e privados, que pretendam reabilitar edificado habitacional destinado ao arrendamento condicionado, com valores de rendas 20 a 30% abaixo das praticadas no mercado livre. um edifício totalmente alugado na rua Chã. Há outro pronto a arrendar, situado na zona histórica, perto da estação de S. Bento. Só falta a ligação da água. Há muita procura”, garante Carolina Oliveira. “Estamos ainda a reabilitar um edifício na rua



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das Flores junto ao Museu da Misericórdia, o MMIPO. Temos outro em Cândido dos Reis. Neste momento temos nove edifícios em reabilitação”, acrescenta. De destacar o financiamento do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), que implica renda condicionada, voltada para um público com menos possibilidades financeiras (ver caixa). Existem outros empreendimentos em fase de início de concurso. “Está tudo em andamento e devidamente faseado e programado”, frisa André Sousa. Há, assim, projetos com caráter social mais vincado, podendo-se referir

outro equipamento, a título de exemplo, localizado na Avenida Rodrigues de Freitas. É que as pessoas com mobilidade reduzida ou seniores nunca são esquecidas. Alargando para outros projetos da Misericórdia do Porto, pensa-se no turismo sénior, mas também em assistência em matéria de saúde. Com toda esta iniciativa ao nível da reabilitação pode-se constatar que “a Misericórdia está cada vez mais ativa e dentro da cidade promovendo a sua sustentabilidade económica, social e cultural”, comenta André Sousa. Nasce, no entanto, uma questão: esta vertente assistencial e social é o caráter diferenciador da Misericórdia neste mercado? “Neste aspeto consideramos que sim. É de acordo com as possibilidades das pessoas. Há, inclusivamente, uma tabela específica do IHRU, que dirá quanto vai ser o arrendamento”, conclui Carolina Oliveira.



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Situado no coração da baixa do Porto, o Fé Wine & Club conta com a assinatura do designer de interiores Paulo Lobo e tem como base as mais de 10 toneladas de livros acompanhados pelas cores garridas e atrativas da iluminação. O requinte do espaço, aliado à grande variedade de bebidas, onde se destacam as mais de 50 marcas de vinho, também servido a copo, assim como a sangria de autor e o gin, acabam por se complementar num local ideal para desfrutar de petiscos em harmonia com boas castas, podendo ainda participar nos diversos eventos aqui realizados como os jantares, provas de vinho, workshops, ativações de marca, entre outros. Quatro anos após a abertura, o Fé Wine & Club tornou-se uma referência para a sociedade portuense e um dos locais obrigatórios para os inúmeros turistas de todo o mundo que atualmente visitam a cidade do Porto tendo como base a cumplicidade com os diferentes parceiros. Os vinhos são assegurados pela Sogrape (com mais de 40 marcas), as espirituosas têm o carimbo da Pernod-Ricard com especial destaque Absolut Vodka e aos cocktails; a Unicer disponibiliza o clássico “fino” e também as novas cervejas artesanais e a energia extra é garantida pela sempre dinâmica Red Bull.


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ESPAÇOS Os mais de 300m2 estão divididos entre dois pisos: no primeiro é possível estar em três espaços distintos: mesas e cadeiras tradicionais, um balcão prático e dinâmico na zona Sogrape e uma confortável área de sofás na zona Super Bock. Aproveitando os dois espaços (Fé Club no piso superior e Absolut Room no piso inferior), a ideia é alternar na mesma noite diferentes géneros musicais em cada um dos espaços. MÚSICA No Fé Club as sonoridades predominantes vão dos anos 90 e 2000 até ao RNB e House Music, passando também pelo mais recente Deep e Soulful House; já no Absolut Room, a música vai ao encontro das tendências mais atuais, não tendo um estilo definido e variando com frequência os Dj´s convidados. De quinta a sábado à noite, o ambiente é animado e sofisticado transformando-se num Club, um espaço de dança de cariz noturno, sendo o fecho às 04h. HORÁRIO Segunda-feira: fechado Terça-feira: 18h-00h Quarta-feira: 18h-02h Quinta, sexta e sábado: 18h-04h Domingo: 18h-00h Praça D. Filipa de Lencastre nº1 Email: eventos@feporto.pt | Telefone +351 927 223 446 | +351 222 010 901 facebook.com/fe.wine.club instagram.com/fewineclub www.feporto.pt


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Uma

tradição que não se enraizou

Sabia que a cidade do Porto foi palco de inúmeros festejos tauromáquicos desde o século XVIII até ao século XX? Uma viagem no tempo que a VIVA! lhe proporciona. Tempo que ditou também o fim dessa tradição. Polémicas à parte, conheça um pouco desta longa história. Texto: Irene Mónica Leite

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o Porto a tradição re m o n t a rá a 24 de junho de 1785, quando na cidade foi realizada uma tourada, possivelmente enquadrada nos festejos do casamento do futuro rei D. João VI com D. Carlota Joaquina. “Havia muito esse costume de celebrar eventos marcantes no São João”, revela Germano Silva. Oito anos depois, a 2 de junho de 1793, realiza-se outro espetáculo “em redondel também propositadamente erguido no então campo de Santo Ovídio (atual praça da República) para comemorar o nascimento da infanta Maria Teresa”. Altos e baixos podem ser as

palavras-chave desta “tradição”. Na década de 70 do século XIX assistiu-se a uma repentina edificação de praças de touros por todo o país e uma tentativa de inculcar na cidade do Porto a tradição das touradas com a construção de três praças de touros (Cadouços, rua da Boavista e largo da Aguardente). O facto é que as três praças desapareceram em menos de cinco anos, com fracas receitas e a falência das empresas que as geriam. No final do século XIX foi realizada a última grande ofensiva para tentar ressuscitar a “afición” dos portuenses com a construção de duas novas praças de touros na cidade -

rotunda da Boavista e praça da Alegria - a que se juntaram as praças erguidas na Serra do Pilar (Gaia), Matosinhos e Granja. Contudo, o Real Coliseu Portuense (rotunda da Boavista) foi a mais imponente e maior praça de touros da cidade do Porto. Tinha capacidade para acolher cerca de 8000 espetadores e possuía dois restaurantes, camarotes, bancadas, salão de bilhares, cafés e quiosque de venda de jornais, além de dispor de iluminação elétrica. Pela arena do Real Coliseu passaram os grandes cavaleiros, amadores e profissionais, da época: o marquês de Castelo Melhor, os viscondes de Alverca e da Várzea, D. Luís do Rego,


TOU RADAS N O PORTO

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Egídio Santos, 2001

UMA TRADIÇÃO CUJAS CONTRADIÇÕES ERAM VEICULADAS PELA IMPRENSA DA ÉPOCA Foi no início da década de 90 do século XX que a última ofensiva da indústria tauromáquica no Porto decorreu. Foi, neste âmbito, realizada uma tourada no Campo do Lima 5 numa praça improvisada. Mas a ação não deixou raízes na cidade. Um dos principais diários portuenses da época, “O Primeiro de Janeiro”, escreveu no dia seguinte em manchete: “A arrogância dos organizadores da tourada que ontem se realizou no Porto esteve na origem dos distúrbios entre populares e defensores dos animais, por um lado, e os promotores da iniciativa. A PSP teve de intervir. Uma pessoa saiu ferida da refrega, que até teve a presença provocante, inoportuna e parola do cavaleiro Joaquim Bastinhas”.

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Fernando de Oliveira, Alfredo Tinoco e Manuel Casimiro. Mas o empreendimento estava condenado ao abandono. Para não fechar portas prematuramente, o recinto teve de acolher espetáculos circenses e demonstrações de natação. Mesmo assim, o avolumar dos prejuízos acabou por ditar o encerramento definitivo da praça e a sua demolição em 1898. As praças de touros da Serra do Pilar e da rua da Alegria não tiveram melhor sorte e acabaram também por encerrar portas. A imprensa acompanhava esta realidade e anunciava o desfecho. Já no século XX, antes da implantação da República, sur-

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giram duas novas praças de touros no Porto: Areosa e Bessa, mas a sua história foi igualmente curta e não existem registos de atividade significativa nestes redondéis. Ainda se tentou erguer uma praça de touros nas Antas, na atual praça Velazquez, mas o projeto não saiu do papel. “Era a classe média que frequentava estes espetáculos. Ia a um, dois eventos, mas já não ia ao terceiro”, conta-nos Germano Silva. Aliás, pelas fotografias da época, constatamos que não era o povo que frequentava estes espetáculos. Não era uma paixão como o futebol, que até aos dias de hoje movimenta multidões”. “Era, acima de tudo, uma elite, burguesia, média alta. Até se via pelos chapéus, o vestuário. Por isso é que não pegou, se não tiver o povo atrás dificilmente resulta”, diz-nos o jornalista. REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2017


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“A CRIAÇÃO É O MEU OFÍCIO” Faz o que gosta e percebe-se isso muito bem. Ouvimos dizer… e por Manel Cruz, o responsável por temas emblemáticos que atravessam e conquistam gerações. Falamos com o músico sobre o seu admirável mundo novo, que passa por múltiplos projetos, entre eles os Ornatos Violeta ou Foge Foge Bandido. “Ainda não acabei” é o single que marca este ano o seu regresso aos palcos e gravações. Compromisso com o público? Também. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

Com apenas dois álbuns editados, os Ornatos são inegavelmente uma das bandas de culto da música portuguesa. O primeiro registo da banda, “Cão!”, completa este ano os maduros 20 anos. Manel Cruz assinalou com a VIVA! a efeméride e estabeleceu balanços sobre este importante capítulo na sua vida pessoal e profissional. “O Monstro Precisa de Amigos” catapultou o grupo para a ribalta. “Ouvi dizer” é um tema que retrata um “amor espatifado”. Esta música conta com a participação de Vítor Espadinha. Algo kitch a que os Ornatos acharam graça, à forma de poesia mais enfatizada. ”Claro, sempre o humor também. De nos provocarmos e estabelecermos pinturas improváveis. É essa abertura para criar essas mutações. Com o Vítor Espadinha foi humor, mas não no sentido de chacota. Era uma pessoa que estava muito relacionada com o Nacional Cançonetismo, situação um bocadinho vista como ultrapassa-


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da. Foi essa a nossa vontade de ir buscar essa essência e representá-la”, explica Manel Cruz. Com tantos temas sobre o amor, será Manel Cruz um romântico? [risos] “Eu sou um grande adepto do amor. E acho que é impossível viver sem este sentimento. Nem que seja a falta dele. Acho que não há ninguém que não sinta esta realidade”. Surge, assim, a identificação dos fãs com as letras. “Se calhar, também. Há muitas questões aí implícitas. É um assunto de que é impossível fugir”, atesta Manel Cruz. “O processo de composição das letras tanto pode ser complexo como muito simples. Tanto posso partir de uma letra, como de uma melodia. Como podem vir as duas coisas ao mesmo tempo. E há alturas em que as coisas saem fáceis, como se fossem mágicas. E noutras alturas o processo

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é pouco espontâneo. Consegue ser muito diferente. Depende daquilo que se pretende dizer, o que muda radicalmente o processo”, considera. Sendo também ilustrador e pintor, estas duas áreas influenciam “completamente” o seu processo de composição musical. “Acho que a minha relação com a música é mais plástica e muito imagética. É uma parte que me atrai muito na música… Há sempre um código imagético que passa para a respetiva canção”. O álbum “O Monstro Precisa de Amigos” foi o que mais consagrou os Ornatos. Já tinha nascido o “Cão”. “Mas este segundo registo foi o confirmar de um universo, digamos assim”. Como caraterizar os Ornatos? Banda com uma incomensurável liberdade criativa, com uma eclética e saudável mistura de influências. “Abrir

“SOMOS MAIS DO QUE MOSTRAMOS”

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“Eu sou um grande adepto do amor. E acho que é impossível viver sem este sentimento” e fundir diversos mundos. Fugir ao tédio e criar outras realidades. Depois o prazer que é esta viagem criativa. É algo muito estimulante”, conta, entusiasmado. “Basicamente é sermos quem somos. Acho que tornou-nos também únicos a cumplicidade que havia entre nós. Uma espécie de contágio entre todos”, resume. A aprendizagem é, por sua vez, contínua. “Até porque é a base. Tem a ver com o desejo de te adaptares ao teu novo eu. As coisas, quer tu queiras quer não, mudam”. Este ano Manel Cruz regressou aos palcos com “novo material e arranjos diferentes” de can-

ções já conhecidas pelo público com o objetivo de “testar um novo trabalho discográfico”, com previsão de lançamento em 2018. Parece o pretexto ideal para o antigo vocalista dos Ornatos Violeta dar continuidade à Extensão de Serviço, projeto criado em 2015, com Nico Tricot no banjo e flauta, António Serginho na percussão e Eduardo Silva no baixo, cujo primeiro single, “Ainda Não Acabei”, já se encontra disponível. Será um reforço de compromisso para o público que já acompanha Manel Cruz há mais de 20 anos? “Acaba por ser. Mas acho que é mais um compromisso comigo próprio, de assumir uma ligação a este ofício,


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O álbum “Cão!” completa 20 anos

Estavam lançadas as sementes. “Cão!” foi o primeiro álbum da banda rock portuguesa Ornatos Violeta. Foram retirados três singles deste álbum, “Punk Moda Funk”, “A Dama do Sinal” e “Mata-me Outra Vez”. O álbum conta com a participação especial de Manuela Azevedo nas faixas “Líbido” e “Letra S”. “Cão!” apresentava uma banda cheia de energia, equipada de canções muito fortes e que testemunham o caráter avant gard de Manel Cruz e Companhia, visível não só nas músicas, mas também no trabalho gráfico do registo. O jeito narrativo das letras do icónico vocalista e a energia dos concertos captavam aqui os primeiros fãs.

digamos assim. Estabelecer uma paz entre aquilo que foste e aquilo que vais ser, do que propriamente inventares-te totalmente”, conta. O novo álbum nascerá “sem um conceito prévio”. Este trabalho discográfico promete uma grande diversidade de sons criados através, por exemplo, da tecnologia digital MIDI, de teclados, mellotron, contando com a utilização de cravo. E continua quando lhe questionamos acerca

da sua criatividade inesgotável: “A criação é o meu ofício. Acima de tudo é pensar nas coisas. É criar. Daí ser inesgotável. Depois tem consequências na minha maneira de ser. Sou inquieto por natureza. E, como tal, o tempo passa muito rápido. Há sempre muita coisa a acontecer. É uma fome que não se esgota. Quanto mais comes, mais fome tens”, exemplifica. E será possível conhecer Manel Cruz através das suas canções? “As canções são o que tu eleges para mostrar. Há coisas que são objetificadas. Mas as pessoas são muito mais que isso. Somos mais do que mostramos”, revela. “Na verdade, somos uns ‘bichinhos’ muito complexos para sermos traduzidos na letra de uma música. É quase como olharmos para um mapa. Estás na direção, mas não é a cidade”, remata. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Foto: CMP, Arquivo Histórico Municipal

Mercado do Peixe (1874-1958) Erguido no jardim da Cordoaria, no local dos antigos celeiros da cidade, para substituir o pouco higiénico e já insuficiente mercado da Ribeira. Durante décadas este mercado foi o grande fornecedor à cidade do peixe proveniente de Espinho, Póvoa de Varzim e Viana do Castelo e do que era trazido pelos vapores de mares mais distantes. Acabou por ser demolido no final da década de 1950 para dar lugar ao edifício do Palácio de Justiça do Porto, inaugurado em 1961, imponente na sua estética típica do Estado Novo.


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Café A Brasileira (1903-2010)

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Foto: CMP, Arquivo Histórico Municipal

Foi fundado pelo brasileiro de torna-viagem Adriano Teles como pequena loja de venda de café, servindo gratuitamente a todos os clientes uma chávena do líquido aromático, assim como um pequeno jornal que ele próprio elaborava. Adriano Teles soube tirar o melhor partido das técnicas publicitárias, espalhando por toda a cidade (e por todo o país) o seu slogan “O melhor café é o da Brasileira”. O sucesso ditou a ampliação do estabelecimento em 1916, pela aquisição dos prédios contíguos, entre a rua de Sá da Bandeira e a rua do Bonjardim. Na década seguinte, após profundas obras de remodelação, “A Brasileira” reabriu com uma decoração luxuosa, tornando-se no local de passagem obrigatória da elite portuense, acolhendo artistas, boémios, escritores, jornalistas e políticos que ali se reuniam para tomar café e para discutir os temas do momento. A partir da década de 1940, foi local de encontro de opositores ao Estado Novo. Virgínia Moura e Carlos Cal Brandão foram seus clientes assíduos. Na década de 1990, “A Brasileira” fechou as portas durante longos períodos. Em 2003, reabriu como restaurante, apenas com uma sala, ficando a designada “sala pequena” explorada pela multinacional Caffè Di Roma durante vários anos. O espaço encontra-se encerrado há vários anos, tendo sido recentemente vítima de um assalto que o privou de valiosas peças de arte de que decoravam o antigo café.

Real Teatro de São João (1794-1908) Edificado em 1794 por determinação de Francisco de Almada e Mendonça, com projeto do arquiteto italiano Vicente Mazzoneschi, o Real Teatro de São João foi inaugurado com a comédia “A vivandeira” a 13 de maio de 1798, assinalando o aniversário do príncipe D. João (futuro D. João VI). A sua estrutura interior era semelhante à do Teatro de São Carlos, em Lisboa, seguindo o modelo dos teatros italianos. Foi vítima de um violento incêndio em 11 de abril de 1908 que, apesar de não ter causado vítimas humanas, o destruiu completamente. O edifício que lhe sucedeu – e que persiste até aos dias de hoje – foi inaugurado em 1920, com projeto do arquiteto Marques da Silva. Foto: Ed. Alberto Ferreira REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Arco de Sant’Ana (séc. XIV-1821) Anteriormente designada por “portal”, era uma das quatro portas da muralha primitiva que foi rebatizada no século XVI, aquando da colocação de uma imagem da mãe de Nossa Senhora. Era uma porta estreita e alta, local de passagem do principal acesso da Sé à zona ribeirinha e mercantil da cidade. Acabou por ser demolida em 1821, para construção de um prédio de habitações. Do velho arco atualmente pouco mais sobrevive do que uma porta, de origem setecentista, que permitia o acesso ao nicho localizado por cima do arco, onde estava originalmente a imagem de Santa Ana com a Virgem e o Menino. O “Arco de Sant’Ana” foi imortalizado pela obra homónima de Almeida Garrett. Foto: Damião Peres

Quarteirão em frente à Sé (séc. II a.C.(?)-1940) O topo aplanado do morro da Pena Ventosa (ou da Sé) foi o berço do burgo portuense. Aqui foi erguida a Sé, no local de uma ermida anterior, e se desenvolveu um denso casario. Aqui se localizava a antiga cadeia do bispo, a casa armoriada do conde de Castelo de Paiva e uma série de arruamentos de feição medieval, entre os quais as ruas das Tendas, do Faval e da Francisca e o largo do Açougue. Por razões estéticas, todo o quarteirão foi inteiramente demolido em 1939-40 para abertura do amplo terreiro da Sé, a tempo das Comemorações dos Centenários de 1940. Salvaram-se a capela de Nossa Senhora de Agosto (ou dos Alfaiates) que foi reconstruída em 1953 na confluência das ruas do Sol e de São Luís e uma casa-torre medieval que foi desmontada e recriada alguns metros mais ao lado, com acrescentos de feição gótica, hoje conhecida como torre de D. Pedro Pitões.


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Foto: Damião Peres

Porta Nova (1522-c.1870) Foi construída por ordem de D. Manuel I, em substituição do anterior postigo da Praia das muralhas fernandinas. Era também conhecida como porta Nobre, porque por ela entravam os mais altos dignitários que demandavam a cidade, após terem atravessado o rio vindos de Gaia ou aportado na já desaparecida praia de Miragaia. Ao lado da porta foi erguido um fortim de forma redonda. A porta Nova dava acesso ao interior da cidade através da rua dos Banhos. Em 1869-71, as necessidades urbanísticas originadas pela construção do edifício da Alfândega Nova, em Miragaia, ditaram a demolição da porta Nova, assim como de dez arruamentos (ruas da Ourivesaria, da Munhota, das Boas Mulheres do Mester, do Calca-Frades, da Fonte da Rata, da Rondela, dos Banhos, entre outras) e mais de duzentos prédios. É possível que a porta Nova e o fortim que lhe estava adossado não tenham sido inteiramente demolidos mas apenas soterrados, visto a atual rua Nova da Alfândega se encontrar a uma cota bastante superior.

Foto: Platão Mendes

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Foto: lagaleridelfutebol.blogspot.pt

Estádio das Antas (1952-2004) Inaugurado em maio de 1952, o Estádio das Antas é obra dos arquitetos Oldemiro Carneiro e Aires de Sá e foi durante mais de meio século um monumento de referência da cidade e da região. Sonho persistente e acarinhado ao longo dos anos pelos adeptos azuis e brancos, cresceu com o tempo e implantou-se em definitivo na zona que lhe ofereceu o epíteto, já que a sua designação oficial era Estádio do Futebol Clube do Porto. Nos últimos anos tinha 48.297 lugares, mas mudou de aparência várias vezes, ganhando uma arquibancada e ainda mais capacidade graças ao rebaixamento do relvado (em 1986), e a zona envolvente dotou-se de campos de treino, pavilhões gimnodesportivos, piscina coberta, uma sala de Bingo e, posteriormente, uma renovada e ampliada área administrativa, que se instalou na emblemática Torre das Antas. Dos incontáveis momentos de glória portista vividos ao longo dos anos, sobressaem vitórias internacionais, celebrações de conquistas (algumas inéditas no futebol português), ciclos triunfais e instantes de apoteose que atribuíram ao recinto uma aura mítica, que resiste na memória de todos quantos testemunharam o processo que conduziu o Dragão ao mais elevado estatuto desportivo europeu e mundial. Foi demolido em 2004.


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Mosteiro de São Bento de Avé-Maria (1518-1901) Foto: CMP, Arquivo Histórico Municipal

O Mosteiro de São Bento de Avé-Maria foi um edifício, demolido no final do século XIX, que albergou freiras beneditinas, localizado na esquina da Praça de Almeida Garrett e da rua do Loureiro, na cidade do Porto. No seu local foi construída a atual Estação Ferroviária de Porto-São Bento, no início do século XX, contendo ainda os arcos do Mosteiro. No início do século XVI, mais precisamente em 1518, o rei D. Manuel I, que no ano anterior outorgara foral ao Porto, mandou construir à custa de sua fazenda, o Mosteiro da Avé Maria ou da Encarnação das monjas de São Bento, dentro dos muros da cidade, no local chamado das Hortas do Bispo ou da Cividade. A demolição dos claustros inicia-se cerca de 1894 e a da igreja processa-se entre outubro de 1900 e outubro de 1901. As ossadas das monjas foram recolhidas numa catacumba mandada construir no cemitério do Prado do Repouso pela Câmara Municipal do Porto, em 1894.

SOLAR DOS DUQUES DE LAFÕES (SÉC. XV(?)–C.1948) Situado no largo do Corpo da Guarda, pertenceu à família dos condes de Miranda, marqueses de Arronches e duques de Lafões. Foi nas cavalariças deste solar que, em 15 agosto de 1760 (ou, segundo outros autores, a 15 de maio de 1762), foi inaugurado o primeiro teatro lírico da cidade do Porto e, possivelmente, de Portugal, desenhado por João Glama Ströberle. O solar, bem como todo o casario do largo do Corpo da Guarda, foi completamente arrasado para abrir caminho à avenida da Ponte, oficialmente designada por avenida de D. Afonso Henriques, construída em 1950-54. Foto: CMP, Arquivo Histórico Municipal

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EXCELÊNCIA NA PROJEÇÃO TECNOLÓGICA E CRIATIVA O UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto foi criado para suportar mais uma missão da U.Porto: a valorização económica e social do conhecimento gerado. E, de facto, nos últimos dez anos o crescimento e o sucesso são palavras de ordem. A VIVA! conversou com os mentores de dois projetos incubados nesta “aldeia tecnológica”, Illustopia e Connect Robotics, tendo o primeiro alcançado a força para novos “voos”. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

Promovendo a criação de empresas de base tecnológica, científica e criativa e atraindo centros de inovação e empresas nacionais e internacionais, o UPTEC contribui de forma sustentável para o crescimento

da região Norte. O Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto está organizado em polos temáticos – Tecnologias, Indústrias Criativas, Biotecnologia e Mar – que permitem seguir uma estratégia de cluster e partilha de recursos entre startups, centros de inovação e projetos âncora.

Assim, o UPTEC garante a estas startups o apoio específico de que necessitam, ao mesmo tempo que as mantém inseridas numa rede alargada e transversal de parceiros nacionais e internacionais. Desde o início da sua atividade, em 2007, o UPTEC já apoiou o desenvolvimento de mais


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de 450 projetos empresariais, em áreas tão ricas e variadas quanto as Nanociências, Nanotecnologia, Media Digitais ou Arquitetura. CONNECT ROBOTICS A startup Connect Robotics “é derivada de um projeto de pesquisa do meu sócio, Eduardo Mendes. Após um tempo de pesquisa nesta área, achou que o devia transformar numa vertente comercial. Começamos então a explorar e a definir o negócio”, explica-nos Raphael Stanzani, uma das caras deste projeto juntamente com Eduardo Mendes. Depois do sucesso da Marmita Voadora – projeto realizado com a Santa Casa da Misericórdia e a Câmara Municipal de Penela –, que entregou

refeições ao último habitante da aldeia de Podentinhos, a Connect Robotics nunca mais parou. “Foi a nossa primeira prova de conceito, levando a tecnologia para outros campos, neste caso o transporte de comida”, revela. Podemos falar num novo mercado de entregas? “O mercado de entregas on demand já existe, seja com bicicletas ou uber. Nós apresentamos, sim, uma

nova forma de entrega, acima de tudo”, esclarece Stanzani. As vantagens deste serviço traduzem-se essencialmente “na velocidade de entrega. Enquanto que de bicicleta, a pé ou de carro demoraria cerca de 20, 30 minutos, ou uma hora, com um drone conseguimos em sete minutos fazer a entrega”. Fizeram uma parceria com os CTT. A Connect Robotics realizou, durante três dias, demonstrações de entrega de correio por drone aos CTT – Correios de Portugal. A experiência foi testada num percurso de 3 km, feito em cerca de 7 minutos, dentro da capital. “É [CTT] um parceiro muito importante para nós, tendo esta experiência sido interessante”, refere Stanzani. “Um drone é mais rápido, mais silencioso, menos dispendioso e ninguém tem de perder tempo para se deslocar. Acreditamos que este será o método mais utilizado para a distribuição de pequena mercadoria, no futuro”, afirma Eduardo Mendes, cofundador da Connect Robotics Com os olhos postos no futuro, as propostas sucedem-se. “Temos clientes interessados no nosso serviço. Temos um hospiREVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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tal com muito interesse em utilizar os drones para transportar análises laboratoriais, de forma a que estas cheguem ao seu destino muito mais rápido. É um projeto muito inovador tanto para a instituição como para a Connect Robotics”, salienta. Quanto à presença no UPTEC, Stanzani é inequívoco. “Acho que é um Parque Tecnológico excelente, fundamental para nós. Muitas das conquistas que fizemos, começamos por ali. Estamos sempre bastante informados com a newsletter do UPTEC, tendo conhecido aliás um cliente neste parque de ciência e tecnologia”, remata. A Connect Robotics já recebeu apoio do Centro de Incubação de Empresas da Agência Espacial Europeia (ESA BIC Portugal) e do projeto europeu FIWARE (através aceleradora SOUL-FI). ILLUSTOPIA O projeto, tecnicamente, como empresa, nasceu em novembro de 2010. “Trabalhei du-

rante muito tempo por conta de outrem e isto de montar um negócio estava sempre a borbulhar, desde que eu saí da faculdade. Na realidade, nunca estive verdadeiramente satisfeita a trabalhar por conta de outrem”, explica-nos Inês Silva, a grande responsável por esta aventura criativa. “Tenho também algum anti-conformismo. Quando não estou bem, paro. E há pessoas que têm receio de fazer este ‘stop’. Acaba por ser voltar ao início. Dá medo, mas tem de ser. Afinal de contas é a nossa felicidade. Acho que é esse o propósito”, justifica. Inês representava Portugal

numa empresa multinacional. “A empresa foi vendida a outra multinacional. Mas como nessa fase estava grávida, acabei por rescindir contrato. A maternidade abre-nos um mundo novo. E eu pensei: ou é agora ou nunca”. Mas a história não termina por aqui: “conheci um coletivo de ilustradores que estavam a trabalhar em Londres. Eles tinham dificuldade em promover o seu trabalho. Fazia, desta forma, sentido criar uma agência que zelasse um bocado pelo interesse de algumas pessoas. Foi refletido em casa, em conjunto com esse coletivo. Nessa altura não colaborava com nenhum


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ilustrador português. Comecei a trabalhar e tudo foi alastrando”, conta. “Iniciei o trajeto a partir de um porto seguro. E tudo foi aumentando. Fui sendo procurada por mais ilustradores e hoje tenho muitas candidaturas, sobretudo através do nosso website”, garante, orgulhosa. Mas uma pergunta se afigura: porquê o UPTEC? “Quando comecei a montar o negócio ouvi falar do UPTEC. Andava sempre à procura de espaços e de repente deparei-me com este Parque Tecnológico da U.Porto. Olhei para o espaço e pensei: ‘é para aqui que tenho de ir’. Quando fui falar com a

Fátima São Simão, que ainda hoje está à frente do pólo, esta ficou muito espantada com o facto de a Illustopia ser a única agência de ilustração do Porto”, conta. “O UPTEC foi muito interessado desde o início”, recorda. Há sinergias entre as empresas lá incubadas. Com efeito, “tivemos ali alguns contactos, inclusivamente com a área tecnológica. Uma empresa que fazia realidade aumentada e que tem a ver com a ilustração. Não chegou a concretizar-se, mas houve trocas de informação”, destaca. “Por outro lado, mesmo havendo uma disparidade de áreas, todos

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vivíamos os mesmos ‘dramas’, o que criou uma solidariedade muito grande. Por exemplo, a malta do canal 180. São uns queridos. Sempre tivemos um contacto próximo”, relembra. Em termos de trabalho contínuo a Illustopia vai apostar numa loja online, com o objetivo de projetar ainda mais o trabalho dos ilustradores e dar acesso a outros mercados. De acrescentar que esta empresa trabalha com editoras, meios de comunicação social, agências de publicidade, empresas de estacionário (postais, papel de embrulho…), “entre outras coisas que vão surgindo fora da caixa”, remata. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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“O Porto Canal faz parte da minha família” “Boa tarde. A partir de agora, está no ar o Porto Canal. É uma estação de proximidade, sem provincianismos, mas com muita identidade.” Foi assim que Pedro Carvalho da Silva inaugurou o Porto Canal e fez história, a 29 de setembro de 2006. 11 anos depois, é inegável a paixão sentida pela profissão e por este canal que a cada dia se solidifica e expande. Texto: Irene Mónica Leite

Foi logo a estrear (risos). Uma experiência diferente daquilo que se possa dizer em entrevistas sobre a nossa profissão, o que, para bem ou para o mal, quando tu és a primeira cara de um canal de tv, mesmo que as pessoas o acabem eventualmente por esquecer, tu nunca esqueces. Porque não há muitas televisões a nascer num registo de informação”, diz-nos Pedro Carvalho da Silva, jornalista do Porto Canal. “Recordo com muito carinho, e foi para mim um privilégio, um orgulho ser escolhido. Foi muito engraçado porque eu recebi o telefonema numa segunda-feira e na sexta já estava a abrir a emissão” (risos). O PERCURSO NO PORTO CANAL “Já são 11 anos desta casa. Não posso propriamente

dizer que é um filho meu. Porque eu não tive responsabilidade no seu nascimento. Mas o Porto Canal faz parte da minha família. Eu tenho 16 anos de carreira e de apresentador de tv. Desses 16, 11 são Porto Canal. Tenho, portanto, um carinho muito especial. Já amei, já adorei, já chorei, já me irritei, já sangrei. Já passei por todas as fases e emoções possíveis. Porque é a casa onde estou todos os dias a trabalhar”, diz. “Fantástico também é ver a progressão ao longo de 11 anos. E hoje, em 2017, é outra realidade. A chegada do FC Porto e do Júlio Magalhães criaram duas dimensões ao Porto Canal que este não tinha. A dimensão de amplitude, o que nos permite agora ter meios técnicos e sonhar em voar alto. Isso viu-se nas autárquicas”, garantiu. “Acaba por ser um trabalho hercúleo, em que todos os departamentos dão força uns aos ou-


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PERFIL DO PIVOT E o perfil do pivot, como deve ser?, questionou a VIVA!. “Eu tenho uma opinião muito distinta sobre o que é ser pivot. Não é muito convencional, mas é a minha opinião”, alerta. “Eu acho que o pivot não deve ser apenas uma cara bonita que está ali, no estúdio e lê frases. O pivot é, a meu ver, a cara de uma equipa. Nós temos a obrigação de saber tanto ou mais que a nossa equipa. É a minha plena convicção e é assim que eu trabalho. Quando está sentado, o pivot apresenta com toda a seriedade e confiança. Sério, firme e muito credível. Costumo identificar-me como jornalista que exerce as funções de pivot e coordenador de informação”, sintetiza.

tros, conferindo coesão ao canal. Eu vejo todo este crescimento como um sonho”. Pedro Carvalho da Silva, que assume também a pasta de coordenador de informação, não nega a também vertente pedagógica da sua função. “Tenho 39 anos. Não sou muito velho, mas sou dos mais experientes dentro do Porto Canal. São 16 anos e sempre em tv.Todos estes fatores auxiliam nesse acompanhamento pedagógico”, remata. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Comes & Bebes Um percurso gastronómico pela baixa portuense Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

Tapabento A Casa do Mundo

Rua da Madeira, 222 Telefone 222034115 | 912881272 O projeto nasceu em 2014, precisamente com a ideia de construir um restaurante de tapas com um ambiente familiar, caseiro. Fizeram-se obras de remodelação e o resultado é o que se vê: uma “casa do mundo”. As palavras são do chef João Marques. A ideia é proporcionar um espaço “onde as pessoas se sintam bem. A procura é muito grande. Temos muita afluência de públicos de todo o mundo. É falado mundialmente”, assegura. A decoração é tradicional, feita na base de muita madeira e pedra. Uma decoração rústica. “Na nossa carta apostamos também em produtos nacionais, nomeadamente os queijos. Temos a preocupação em usar o máximo de produtos portugueses. Quando não há produção nacional que nos satisfaça procuramos sempre a produção externa. Até porque estamos a falar de ‘um restaurante do mundo’”. O produto é a “estrela” do restaurante. A qualidade dos ingredientes é fulcral. “É a nossa luta constante”, remata o chef. Às segundas-feiras está fechado. Às terças, aberto das 19h às 23h. Quartas e quintas das 12h às 23h. Sextas e sábados das 12h às 17h e das 19h às 24h. Domingos das 12h às 17h e das 19h às 22h30.

Nesta reta final do ano, celebramos em força a preciosa oferta dos restaurantes da cidade Invicta, marcados pela excelência dos produtos Recheio. Sempre pautados pela qualidade gastronómica, de atendimento e preciosidades estéticas. Todos os sentidos a trabalhar, portanto. Não percamos mais tempo, é hora do prato. São servidos?


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Porto e Vírgula “Há muito aqui o ‘passa a palavra’ entre os clientes” Campo dos Mártires da Pátria, 51 Telefone 222012452 O projeto nasceu algures em 2006. “Não estávamos relacionados com a área de restauração. O que tínhamos em comum é que queríamos mudar de vida em relação ao que estávamos a fazer. Conhecíamos este espaço. Achamos que poderia ser interessante, e arriscamos”, resume José Castro, um dos responsáveis pelo espaço, desafio que encara diariamente com Miguel Rangel e Rui Ferraria. Em termos de oferta gastronómica, “há o almoço, que tem de ser algo mais rápido; temos um serviço de buffet… tem sopa, tem saladas, há pratos quentes e sobremesas. Temos o menu do dia que é sopa e prato. Depois temos a parte da carta, sempre à base da cozinha portuguesa. Na carta tentamos fazer pratos mais elaborados, como bifes de lombo de boi, bacalhau com broa, bacalhau à lagareiro, arroz de pato, bacalhau com natas”. E acrescenta: “temos uma vertente de grupos, que abarca 70 pessoas. Somos muito procurados para estes jantares. E aqui voltamos aos pratos um bocadinho mais ligeiros. Por outro lado, os nossos vinhos da casa têm qualidade”. A decoração também é bastante curiosa, desde jornais antigos a referências obrigatórias da cidade como Ramalho Ortigão. “A ideia de facto foi buscar referências ao Porto e referências históricas portuguesas. Desde curiosidades de quanto custava um bilhete no tempo do 25 de Abril. Quando se proporciona, explicamos a nossa história a turistas”. Aberto de segunda a quinta das 12h às 15h e das 19h às 23h30. Sextas das 12h às 15h e das 19h às 01h. Sábados das 12h às 16h e das 19h à 01h. Domingo das 12h às 16h.

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Terraço 135

“Os nossos vinhos são os portugueses” Rua Passos Manuel, 135 Telefone 934164150 Situado no edifício do Coliseu do Porto, que apresenta valências como a sala de espetáculos e o Porto Coliseum Hotel, o Terraço 135 demarca-se pelas suas ofertas irresistíveis. “Em julho deste ano criou-se esse espaço lá fora para proporcionar aos hóspedes do hotel e a quem vive no Porto usufruir deste local incrível. Além de estarmos num edifício emblemático da cidade, temos uma panorâmica excelente a meu ver. Somos um cocktail/bar com ofertas de petiscos e tapas tendo também a vertente de eventos. Estamos perfeitamente habilitados para isso”, conta Diogo Teixeira. A oferta do cocktail/bar é mais contemporânea e moderna. “Os nossos vinhos são os portugueses. Defender o nosso património, o nosso produto. Temos vinhos de exceção. Nos petiscos temos sempre uma essência portuguesa. A nossa tábua de queijos tem dois portugueses, um dos Açores e outro de Seia. E depois dois franceses. Fizemos também uma pequena seleção de hambúrgueres. Temos, a título de exemplo, um hambúrguer vegetariano”. Os nomes dos hambúrgueres apresentam nomes icónicos da cidade do Porto: Clérigos, Aliados e Coliseu. “Porque é a vista que aqui temos do Terraço”, justifica. O balanço é mais que positivo. “Está a resultar, num caminho construtivo”. Agora é continuar a evoluir e reforçar posicionamentos, numa “reinvenção constante todas as semanas”. Às segundas está fechado. De terça a sábado das 17h às 23h. Domingo das 17h às 22h.


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Casa das Cristas “Queremos ser proativos” Rua Sacadura Cabral, 25-29 Telefone 222054027 O conceito vem de Vila Real, já de família. São receitas de família já centenárias. Mas o nome ‘Casa das Cristas’ existe há meses. “Queremos ser proativos”, explica Ricardo Pádua, um dos responsáveis pelo estabelecimento. Trata-se de uma empresa de doçaria conventual, intercalando com a oferta da pastelaria corrente. “Salgados típicos vila realenses, transmontanos. Pretendemos dar a conhecer estas preciosidades além fronteiras”. O objetivo é crescer, solidificar mais, ir para mais superfícies. Expandir é mesmo a palavra-chave.”Temos um produto de qualidade, único, diferente”. O balanço é positivo. “É uma realidade diferente, mas temos confiança nos nossos produtos”. É um estabelecimento novo, agradável, bonito, onde há uma fusão da tradição com a modernidade. “Um estabelecimento onde as pessoas se podem sentir bem. O produto também é original em comparação com a oferta de outros estabelecimentos”, atesta o responsável. O produto com mais saída é a crista de galo. “Mas está a surgir uma agradável surpresa com a bola de carne. De destacar os pasteis de santa clara e os salgados como covilhete”. De segunda a sábado das 07h às 19h. Aos domingos encontra-se fechado. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Moustache Quando servir é uma arte Praça Carlos ALberto, 104 Telefone 222082916 Nasceu em 2011, depois de quase dois anos de trabalho em pesquisa. “Nós de facto, queríamos ter uma cafetaria voltada para aquilo que se pratica muito na Europa e pelo mundo fora”, começa por explicar Nuno Cardoso. Não aquela cafetaria tradicional onde as pessoas apenas entram e servem-se. Mas, acima de tudo uma experiência. “Daí termos as poltronas e livros para leitura. Tudo para um bom momento dentro do espaço, ou fora. Também temos bebidas para levar (to go)”. “Se vier aqui pode também levar a sua bebida. É um conceito em que no momento que nós aparecemos, não existia no Porto”. E acrescenta: “fomos os primeiros a trabalhar com dois tipos de café. Um blend de origem robusta e arábica e outro blend com origem apenas arábica”, explica. O café de origem arábica tem maior qualidade. “No entanto, o português não está habituado a beber apenas arábica. Temos um blend de mistura de arábica e de robusta”. “Aqui há um pouco de tudo a nível gastronómico, desde sandes aos bolos. Temos confeção própria. Fomos evoluindo nos bolos que fazemos. Não é o nosso principal negócio. Mas é um complemento ao café e às bebidas”, refere. “Trabalhamos muito uma técnica e um conceito que se intitula ‘latte arte’. Desde cappucinos com ursos desenhados… há uma técnica que permite fazer desenhos mágicos. No dia dos namorados, a título de exemplo, o capuccino vem com um coração. É feito da forma como se deita o leite sobre o café. Temos muita atenção na arte aqui dentro”, assegura. Aberto segunda e terça das 10h às 20h. Quarta e quinta das 10h às 24h. Sexta e sábado das 10h às 02h. Domingo das 14h às 20h.


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Os convidativos ramens da cidade Invicta Rua Ramalho Ortigão, 61 Telefone 222008297 O ”RO”– iniciais de “ramens e outros” – abriu em novembro de 2016 e aposta no prato de origem chinesa que terá chegado ao Japão no início da I Guerra Mundial. “Era uma ideia que já havia há algum tempo e que houve a oportunidade de a desenvolver”, explica João Lameiras. Mas há outras preciosidades gastronómicas como os okonomiyaki (espécie de panqueca) e os gelados soft de sabores exóticos, que são outras delícias para esta viagem oriental. O espaço, projetado por Marta Pupo e Pedro Cruz, tem vários recantos onde cabem 60 pessoas. E pontos diferenciadores? “O tipo de comida, acima de tudo. O espaço é relaxado, apresenta sala de grupos, sem grandes salamaleques. A arquitetura do espaço também é muito convidativa. Este foi um restaurante muito pensado. Há todo um cuidado nos pormenores”. A recetividade é descrita como “francamente positiva tanto a nível da cozinha como a nível de clientes. Temos conseguido agarrar muitos clientes habituais, o que é excelente”. Em termos de planos futuros, é “continuar a desenvolver o conceito e expandir para take away”. De segunda a quinta das 12h às 23h. Sexta e sábado das 12h às 24h. Domingo das 12h às 23h.


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Taxca “Não queremos ser cópias de ninguém” Rua da Picaria, 26 Telefone 222011807 Abriu a 7 de dezembro de 2015. Mas a ideia surgiu um pouco antes, a de abrir um restaurante/tasca na movida do Porto numa altura em que todos os estabelecimentos estavam a virar bares. “Nós começamos a observar essa tendência e achamos que isto algum dia iria dar um ‘crash’. As pessoas tinham que ir comer a algum lado. A nossa ideia sempre foi fazer um restaurante mas que fosse um misto entre um bar onde o pessoal se sentisse bem, continuasse a usufruir da bebida, e que ao mesmo tempo comesse e se sentisse bem. Sem aquela ideia de ‘acabou de comer e vamos embora’”, começa por explicar Hélio Sequeira que juntamente com Tiago Sequeira dão a cara a este projeto. “Sempre nos preocupamos em ir ter com o cliente. Sabemos que já vem cá muita gente de propósito, mas também sabemos que há muita gente de sítios diferentes que não vem tanto e nesse sentido vamos nós a eles. Daí termos aberto no Mercado Bom Sucesso e também no Mercado Beira Rio, em Gaia”, refere o responsável. “Eu costumo dizer que este estabelecimento é um bar só que, em vez de vodka, vende papas de sarrabulho, rojões, bifanas e sandes de presunto (risos)”. De segunda a quarta das 12h às 22h30. De quinta a sábado das 12h às 02h. Aos domingos está fechado. REVISTAVIVA, OUTUBRO 2017


C O M E S

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Droop

“Não viemos para o Porto inventar nada” Rua de Elísio de Melo, 29 Telefone 932307107 O Droop abriu este ano no final de julho. Surgiu numa conversa entre duas amigas, Isabel Martins e Marlene Braga, hoje sócias. O projeto foi-se materializando ao longo do tempo, tendo como base a cozinha caseira, numa forte aposta da qualidade. Aqui há tapiscos (tapas + petiscos) e pratos. Nos tapiscos, desde camembert com maçã caramelizada em crocante de massa filo, gambas à droop, asinhas crocantes, alheira de caça com ovos de codorniz. Nos pratos, destaque para o bife wellington e bacalhau confitado com broa, filete de dourada com esmagada de sardinha. Há também uma forte aposta nos vinhos. A carta do Droop apresenta 40 referências de vinhos, todos portugueses. Em termos de sobremesas há mais saídas de banoffe. Destaque também para a mousse de chocolate caseira. Há uma aposta no after work a partir das 16h com tapiscos. “Queremos um restaurante em que as pessoas se sintam à vontade. Para passar bons momentos. Não viemos para o Porto inventar nada”, afiançam as responsáveis. Há ainda uma aposta na atualização trimestral das cartas tanto dos vinhos como a nível gastronómico. Às segundas está fechado. De terça a sexta das 16h às 23h45 e sábado e domingo das 16h às 01h.



F C P O R T O

Um museu para todos Com apenas quatro anos de existência, os reconhecimentos ao Museu FC Porto somam e seguem. Depois de em 2016 a estrutura ter sido candidata aos chamados ‘Óscares dos Museus na Europa’ (EMYA), é integrada agora na Organização Mundial de Turismo. Mais um passo no reforço da internacionalização deste museu que é para todos. Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Museu FC Porto

O Museu FC Porto foi integrado na Organização Mundial do Turismo (OMT). “Trata-se de um reconhecimento do seu posicionamento enquanto entidade ligada ao turismo e à cultura. Permite-nos estar envolvidos em fóruns que de certa forma podem contribuir para o desenvolvimento da cidade enquanto destino turístico”, explica-nos Luís Valente, gestor de parcerias do museu. “Fazia sentido dar esse passo”, avança Jorge Maurício Pinto, responsável do departamento de programação e produção do Museu FC Porto.

“Reparamos que ao longo do tempo houve um apetite interessante por visitar o museu, cruzando a história do clube com a da cidade. O FC Porto nos últimos trinta anos tornou-se um grande embaixador, à semelhança de outras marcas da cidade e do país”. E continua: “O Museu e o Estádio são ícones perfeitamente reconhecíveis e incontornáveis no planeamento de qualquer visita. Está em circuitos com infraestruturas como a Torre dos Clérigos, Serralves ou a Casa da Música. O FC Porto está nesta linha. Os números e os factos dizem-nos que sim”. Para começar, “estamos a liderar há dois anos consecutivos o ranking de avaliação do Trip Advisor. O afluxo do turista estrangeiro tem estado sempre em crescendo, passando dos 25% (primeiro ano) para os 40% (terceiro ano). Também capta-se o turista nacional e outro tipo de visitantes”, atesta Jorge Maurício Pinto. “Estamos a contribuir para trazer os visitantes para uma zona que não é tão explorada. Somos sem dúvida o polo de atração da chamada zona oriental da cidade”, refere Luís Valente.


M U SEU

A meta é esta: ‘então fui à cidade do Porto e não passei pelo Museu FC Porto?’. “Nós não substituímos ninguém, nós complementamos”, assegura o programador desta estrutura. “Nós fomos em 2016 candidatos aos chamados ‘Óscares dos Museus na Europa’ (EMYA). Integramos os 49 finalistas. Só o facto de termos sido nomeados, já é um prémio”. Para além deste reconhecimento da OMT, o Museu conseguiu outras ‘prendas’. “Este quarto ano é o melhor de sempre em termos de número de visitas. Entre maio e junho atingimos o meio milhão de visitas. Fechamos o ano acima dos 560 mil visitantes”.

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A programação foi sempre uma “aposta gradual e em crescendo”. “O museu é sobretudo uma exposição permanente, mas que apresenta várias possibilidades, nomeadamente a interatividade”. Trata-se de “uma programação de várias programações. Há eventos de música (‘Dar Letra à Música’, ‘Discover Gigs’). Temos também programação de serviço educativo (‘Histórias para Dragõezinhos’), oficinas, workshops, campos de férias, e também eventos de arte. De destacar também a ‘Rota do Dragão’ com Joel Cleto, dentro e fora de portas”. O futuro passa por um refinamento da programação cultural e artística. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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Para momentos lúdicos e pedagógicos Com uma vertente pedagógica, a Quinta Santa Isabel, em Leça da Palmeira, destaca-se pela inovação junto dos mais pequenos, aliando valores como o respeito pelos animais e pela natureza. Conceitos que na ótica de Márcia Maia, monitora do projeto, já estavam a ficar “um pouco perdidos”. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Sérgio Magalhães

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qui é desenvolvido um conjunto de atividades lúdico-pedagógicas relacionadas com as tarefas do dia a dia de uma quinta, desde o semear e colher, aos cuidados e alimentação de animais. A Quinta Pedagógica de Santa Isabel proporciona tudo aquilo que “esteja relacionado com as quintas. Pensando precisamente nas ‘quintas de antigamente’, incluindo ordenhas, tosquia, ovos. Nós fazemos todo esse contacto com os animais”, esclarece Márcia Maia. “As crianças escolhem a respetiva atividade de acordo com a sua


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preferência. Desde workshops de como aprender a fazer o pão, as compotas, a tratar dos animais. Basicamente, o que seria a rotina normal de um dia a dia numa quinta. É o que eles no fundo vêm cá fazer”, explica a monitora. Há um certo caráter teatral nas atividades. “Por exemplo, no caso das vindimas não falta o chapéu, jardineira e galochas e a utilização de materiais como os cestos de vinho que eram utilizados na altura. A desfolhada é feita com o traje

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específico. Tentamos sempre ir um bocadinho ao encontro do ‘antigamente’, fundindo com a atualidade”, remata. “As faixas etárias dependem sempre das atividades que as crianças vão desenvolver. A criança já deve possuir alguma autonomia”, alerta Márcia Maia. “O ideal é entre os 5 e os 10 anos”, afiança. A recetividade dos pais e das crianças é descrita como “ótima”. Mas Santa Isabel não é uma quinta qualquer, isto porque

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quando se fala nestes empreendimentos pensa-se em algo de grande proporção. “Aqui o centro hípico tem uma área considerável, mas a da ‘quinta’ é relativamente pequena. Proporciona, assim, aos animais estarem em conjunto. E isto permite que as crianças os vejam uns com os outros. E que a própria criança venha a interagir com eles. Esta tem sido a grande surpresa”, refere. E prossegue: “Aqui nós interagimos, estimulando o desenvolvimento da criança. É a melhor crítica que temos tido” revela, orgulhosa. O balanço é naturalmente “muito positivo. Nós começamos em junho e em julho atingimos o objetivo”. “A nível de festas de aniversário já estamos muito compostos”, revela. O passa a palavra é uma constante. “Temos recebido um feedback muto bom”.


QU IN TA SAN TA ISABEL

E o futuro? “A nossa ideia é, com o decorrer do tempo, chegar não só às crianças, mas também aos pais. Sermos capazes de fazer coisas em conjunto, da mesma forma que proporcionamos estes momentos para os filhos. Por exemplo, junto com a vindima fazer uma prova de vinhos, o produto final.” “Ainda temos que limar bastantes arestas. Não só ficar pelas crianças, mas também incluir a família, proporcionando, assim, uma maior interação familiar”, defende Márcia Maia.

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PORQUÊ SANTA ISABEL? A Quinta Pedagógica Santa Isabel nasce com o nome de uma grande mulher chamada Isabel Oliveira que, pelo seu trabalho com crianças, foi detentora de várias homenagens. Tem como padroeira a Rainha Santa Isabel, conhecida pelo ‘milagre das rosas’ e pela sua humildade e dedicação aos pobres e às crianças.

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A “escola” de “O Primeiro de Janeiro” Nos seus tempos áureos o “Janeiro” chegou a vender mais de 120 mil exemplares. A publicação foi suspensa em 2008. Por ele passaram, desde a sua fundação, nomes como Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Gomes Leal. Grandes escolas de jornalismo foram aqui formadas. Assim, recordamos e assinalamos os 150 anos de história, que se cumprem em 2018, na imprensa de referência da cidade do Porto. Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot e arquivo

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uem olha hoje para a vitrine do shopping Via Catarina não imagina as histórias de letras que estão lá encerradas. “O Primeiro de Janeiro”, reconhecido jornal portuense, esteve lá sediado muitos anos. A publicação nasceu a 1 de dezembro de 1868. Nessa altura, “O Comércio do Porto” já contava com mais de uma década e o DN cumpria o seu quarto aniversário. Com o encerramento do também histórico “O Comércio do Porto”, em 2005, “O Primeiro de Janeiro” tornou-se o mais antigo diário do norte do país, que não duraria, contudo, muitos mais anos. Foi uma despedida repentina daquele que em meados do século passado era o melhor diário português. Mas vamos ao princípio. Jornal da burguesia liberal do Porto, foi desde o início uma publicação assumidamente progressista. Reza a história que nasceu da revolta da Janeirinha


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provocada por um imposto de consumo que o ministro António de Aguiar pretendeu impor no país. Consta que os comerciantes do Porto encerraram as lojas, o povo saiu à rua e o governo caiu. Em junho de 1868, alguns dos promotores do movimento criaram o jornal “A Revolta de Janeiro”, que foi o antepassado direto de “O Primeiro de Janeiro”, fundado no dia 1 de dezembro e que só no ano seguinte começou a grafar o nome por extenso. Um dado importante. Os homens que criaram o “Janeiro” não eram empresários jornalísticos. Eram intelectuais empenhados numa luta cívica e política. Assim, compreende-se o facto do diário indicar, no respetivo cabeçalho, que era o órgão do Centro Eleitoral Portuense. OS PROPRIETÁRIOS O proprietário do jornal era o dono da tipografia que o imprimia, António Augusto Leal. O “Janeiro” vendia pouco, sobrevivendo apenas graças ao investimento de um abastado comerciante que fizera fortuna no Brasil, Gaspar Baltar. A certa altura, ainda em 1869, Baltar terá achado que, uma vez que o jornal vivia à sua custa, até que não seria mal pensado ser este a administrá-lo. REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2017


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Assumiu, assim, a orientação do “Janeiro”, cuja direção viria depois a passar para o seu filho homónimo. O facto é que pai e filho salvaram o jornal. Mantiveram uma linha editorial de oposição, mas que não fosse um pasquim político. Ambicionavam antes construir um grande jornal de informação. E conseguiram-no. Em 1870, o “Janeiro”, que já passara pelas ruas do Almada e pela da Fábrica, instala-se na rua de Santa Catarina, a dispor de tipografia própria. Nessa altura, tirava três mil exemplares. No final da década já ia em 15 mil. Em 1884 adquire uma preciosa inovação tecnológica: o telefone. No final do século XIX consolida a sua imagem de jornal liberal, mas sem vinculações partidárias óbvias, centrado no noticiário político e na cultura. Nomes como Guerra Junqueiro, Eça de Queirós e Gomes Leal passaram regularmente nas suas páginas. Baltar pai morre em 1899 e o filho assume a direção a meias com Joaquim Pacheco. Trata-se da segunda etapa do “Janeiro” que se prolonga até 1919 quando a empresa é vendida a um grupo de financeiros de Lisboa, que coloca na direção um jornalista vindo do “Século”, Jorge de Abreu. Esta nova administração dura apenas quatro anos, mas é por esta altura que o “Janeiro” se muda para um ‘majestoso’ imóvel, na mesma rua de Santa Catarina, onde iria manter-se até ao início dos anos 90, quando o prédio é vendido à

UM JORNAL ASSOCIADO A RITUAIS “O ‘Janeiro’, a par do ‘Comércio do Porto’ eram os jornais lá de casa”, começa por avançar a última diretora do jornal, Nassalete Miranda. ‘O Primeiro de Janeiro’ tinha uma parte dedicada aos adolescentes e às crianças. E nós ficávamos encantados desde logo pelo ‘reizinho’. Depois quando cheguei à Faculdade de Letras tive um professor, José Augusto Seabra, que era um homem muito dedicado às questões da Renascença. E quando começamos a estudar literatura portuguesa esta vertente é obrigatória. Na Renascença há nomes que se cruzavam com o jornalismo”. Com efeito, “grande parte dos escritores de referência da língua portuguesa passaram pelo ‘Primeiro de Janeiro’, como aliás passaram pelo ‘Comércio do Porto’. Não havia na altura televisão, não havia rádio, muito menos as novas tecnologias. E, portanto, as pessoas liam. O jornal era um veículo de liberdade, de referência, de ensino, de companhia. Levava-se o jornal para todo o lado”, explica. “O ‘Janeiro’ era um jornal de cultura, de política, mas acima de tudo da formação da cidadania, de afirmação da cidade.”


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Sonae e convertido no Shopping Via Catarina. Em 1923 dá-se nova e grande mudança: o jornal é de novo vendido, desta vez a uma empresa detida, entre outros nomes, por Manuel Pinto de Azevedo e Adriano Pimenta, que assume a direção. Mas o ponto de viragem ocorre a 15 de setembro de 1936, quando Manuel Pinto de Azevedo Júnior, filho de um dos proprietários, assume a liderança do diário. Trata-se de uma data histórica para o matutino. O jornal chegou a ser o mais lido pelas classes média e alta do Porto e de todo o norte do país, em grande medida devido ao trabalho de Pinto de Azevedo, que se manteve em funções durante quarenta anos, até 1976, data em que é substituído por Alberto Uva. Pinto de Azevedo falece dois anos depois. A sua viúva, que detinha 61% das ações da empresa, cede-as por um preço simbólico a Freitas do Amaral, que por sua vez patrocina a criação de uma sociedade

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por quotas – o Consórcio Difusor de Notícias, para o qual convida algumas pessoas do CDS, como Carlos Pardal ou Paulo Marques. Para a direção entra Freitas Cruz, que se manteve em funções entre 1978 e 1981. O jornal não conseguiu estabilidade tendo passado pela direção nos anos seguintes nomes como Alberto Lourenço, Alberto Carvalho e, em 1986, a escritora Agustina Bessa-Luís. Entra posteriormente em cena o jornalista José Manuel Barroso. Em 1991 a gráfica que o “Janeiro” usava recusa-se a continuar a imprimir o jornal, que entretanto vendera a sede e se mudara para instalações mais modestas, na rua de Coelho Neto. A palavra ‘encerramento’ aproximava-se cada vez mais até que um grupo de investidores liderado por Eduardo Costa, proprietário de vários jornais regionais, pegou no título. Marques Pinto regressa do JN para assumir a direção, tendo sido mais tarde substituído por Nassalete Miranda. REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2017


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A ÚLTIMA FASE DO “PRIMEIRO DE JANEIRO” “Chegar ao ‘Primeiro de Janeiro’ nunca foi um sonho, porque nunca pensei passar por cá. As coisas proporcionaram-se. A minha vida era rádio e ensino”, relembra Nassalete Miranda. Na altura o jornal estava numa situação um pouco delicada. ”Estamos a falar de finais dos anos 90. As coisas estavam complicadas. O ‘Janeiro’ passou por períodos controversos. No entanto, o jornal circulava. Grandes nomes do jornalismo passaram pelo ‘Primeiro de Janeiro’. Os leitores do ‘Público’, ‘Expresso’ passaram todos pelos jornais centenários”, comenta. O jornal estava a “precisar de uma mudança. Para mim era um grande desafio. Retomar a referência do jornal foi o nosso

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grande objetivo”. Nassalete Miranda começou por ser convidada para retomar o suplemento cultural semanal “Das Artes, das letras”, que saía à quarta-feira. Em 2000 assumiu a direção do jornal com metas muito claras: repor o estatuto de jornal de referência da cidade, para o país e para o mundo; fazê-lo crescer em número de páginas, logo de conteúdos, mantendo a traça mestre do jornal: isento e independente, tal como concretizou o diretor emblemático do ‘Primeiro de Janeiro’, Manuel Pinto de Azevedo Júnior; por fim, fazer do ‘Primeiro de Janeiro’ o título que toda a gente falasse, que toda a gente tivesse curiosidade para ir comprar, tornando-o igualmente um jornal de assinatura, retomando o hábito de que o jornal chegasse

à casa das pessoas. “Em quase 10 anos de direção do jornal, cumprimos os três objetivos”, revela Nassalete Miranda. E continua: “Tive uma redação de que guardo grandes memórias e grandes saudades. Uma redação absolutamente exemplar. Tive também uma administração que me deu toda a liberdade para agir”. De destacar também o Prémio Manuel Pinto de Azevedo Júnior que nasceu em 1998 para homenagear a vida e obra do diretor emblemático de “O Primeiro de Janeiro”, Manuel Pinto de Azevedo Júnior., que durante os anos de 1937 a 1997 levou o nome deste diário ao país e ao mundo. Foram premiados no âmbito desta iniciativa nomes como Marcelo Rebelo de Sousa ou Francisco Pinto Balsemão.



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“A população do Porto é homogénea e o seu traço característico é a solidariedade” João Chagas


SUGESTÕES CULTURAIS

COMIC CON 2017 Está a chegar o maior evento de cultura pop ao Porto. Entre os dias 14 e 17 de dezembro, a Exponor, em Matosinhos, é palco da Comic Con 2017. Entre os convidados destacamos Dominic Purcell, que dá vida a Lincoln Burrows em “Prison Break” e é Mick Rory/Heat Wave em “The Flash” e “Legends of Tomorrow”.

“FÔ NO TEATRO NACIONAL SÃO JOÃO É da natureza dos fantasmas regressar. Sobretudo se o fantasma for um “fantasputo”, residir num teatro, gostar de pregar partidas e estiver apaixonado. “Fã” - palavra pequenina com um grande entusiasmo dentro – regressa ao palco, mas mudou de casa. Estreado no TeCA em janeiro, o espetáculo musical que Regina Guimarães, Nuno Carinhas e os Clã imaginaram para os supernovos (mas que não causa urticária nem mortal aborrecimento a pais, parentes, educadores, vizinhos, padrinhos e madrinhas) instala-se agora na sala do Teatro Nacional São João, de 13 a 22 de dezembro, emprestando nova vida a este encontro fantástico entre as canções pop e a máquina imaginosa de um palco… Brincando com os nossos medos do escuro e as nossas descobertas de luz, “Fã” vai pôr-nos a “cantar/ escrever palavras no ar/ inventar frases de vento/ moradas de pensamento”. De quarta a sábado às 19h, quinta e sexta às 15h e às 21h, domingo às 16h.

Em relação ao programa, vão estar presentes artistas nacionais e internacionais das mais diversas áreas que o evento abarca. Estes vão partilhar as suas experiências e participar em painéis, sessões de autógrafos e photobooth. Para além disto, vai haver lugar para estreias exclusivas, exposições, workshops, exibições (entre estas o afamado Batmobile) e muito espírito de cultura pop. Aponte na agenda!


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“CHRISTMAS MARKET” NO ATENEU DO PORTO No último fim de semana antes do Natal, de 15 a 17 de dezembro, terá lugar, pela quarta vez, o “Christmas Market”, um mercado de Natal organizado pela Events by Lufthansa LGSP, em parceria com o Ateneu Comercial do Porto. O “Christmas Market” do Ateneu Comercial do Porto é já uma tradição. Neste magnífico espaço histórico e de grande tradição, os habitantes do Porto podem fazer as últimas compras de Natal durante três dias em aproximadamente 45 vendedores de brinquedos, acessórios, gastronomia e vinhos. Paralelamente haverá muita animação. Duendes e soldadinhos de chumbo estarão à porta do mercado a dar as boas-vindas aos visitantes. O programa cultural vai contar com a participação da Fundação Conservatório Regional de Gaia. O Christmas Market será realizado no Ateneu Comercial do Porto, na Rua Passos Manuel, 44. O mercado estará aberto no dia 15 dezembro das 14h às 22h, no dia 16 dezembro entre as 10h30 e as 22h e no dia 17 dezembro das 10h30 às 20h.

ESTREIA NACIONAL DE “HORSES” “Horses” é um espetáculo de dança com uma energia indomável, um encontro entre cinco crianças e cinco adultos. Grandes e pequenos compartilham ânsias e perplexidades, mas acima de tudo, confiam inabalavelmente uns nos outros. “Horses” é sobre querer ser um adulto e em simultâneo permanecer uma criança, sobre o poder e a vulnerabilidade, sobre carregar e ser carregado, sobre examinar minuciosamente antes da rendição, procurar aquele que possui as rédeas, sobre encontrar a cadência certa. Acompanhados pela música ao vivo de Thomas Devos e Bertel Schollaert, os bailarinos procuram uma simbiose, um vínculo único com o outro, como cavaleiros e cavalos. Desde 2002, kabinet k usa uma linguagem coreográfica que é contemplativa, minimalista e visual, mas que depois se inclina para uma energia bruta e exuberante. A música ao vivo, a presença de diferentes gerações no palco e a influência das artes visuais são elementos constantes no corpo do trabalho. kabinet k aborda a dança de forma orgânica, na qual o virtuosismo e uma certa autenticidade no movimento são predominantes. A poesia do seu trabalho é universal. “Horses” é apresentado no dia 16 de dezembro, pelas 17h, no auditório do Teatro Municipal do Porto Campo Alegre. REVISTAVIVA, DEZEMBRO

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Carla Bruni no Coliseu do Porto A digressão de “French Touch” (o sexto álbum) de Carla Bruni vai passar por Portugal, na primeira visita da artista ao país. “French Touch” foi editado a 6 de outubro, é inteiramente dedicado a versões de músicas icónicas e conta com a produção de David Foster (Michael Jackson, Madonna, Whitney Houston e Bee Gees). Com uma carreira musical que começou em 2002 com “Quelqu’un m’a dit” e sem novo trabalho editado desde 2013, altura em que lançou “Little French Songs”, “French Touch” marca o regresso de Carla Bruni à música e aos palcos, com uma digressão que passará por Porto e também por Lisboa. Os bilhetes para o concerto no Coliseu do Porto, marcado para o dia 27 de janeiro, custam entre 40€ a 60€.

Indie Júnior Allianz em 2018 Depois de uma excelente primeira edição, com mais de 5 mil espectadores, o IndieJúnior Allianz volta em 2018. O 2.º Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto realiza-se de 30 de janeiro a 4 de fevereiro. O IndieJúnior Allianz é um festival de cinema destinado a crianças, jovens e todos aqueles que se interessam por este universo e temáticas, com programas segmentados para famílias e escolas. Para além de outras secções, o festival integra

uma competição internacional, onde são atribuídos quatro prémios: Prémio de Melhor Filme (júri infanto-juvenil), Grande Prémio de Longa Metragem, Grande Prémio de Curta Metragem (júri profissional) e Prémio do Público (júri do público). Fazem parte da programação filmes de animação, ficção e documentário inseridos numa programação criteriosa, tendo em conta o público a que se destina: +3 anos, +6 anos, +10 anos, +13 anos e +16 anos e no caso das escolas: pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º ciclos e secundário.


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Álbuns de artista na coleção da Fundação de Serralves Chama-se “Primeira Vista: álbuns de artista na coleção da Fundação de Serralves” e é uma mostra restrita dos álbuns e portefólios de edições de artista, obtidos entre 1990 e 2014. Esta exposição teve como critério de seleção a relação histórico-biográfica entre artistas e editores incluindo trabalhos de Eduardo Arroyo, Lourdes de Castro, Bob Cobbing, Raymond Hains, E.M. de Melo e Castro, entre outros. Os critérios empregues nesta seleção efetivam-se na relação histórico-biográfica destes artistas e na relação destes com os editores, muitas vezes determinantes no seu percurso e na distribuição destas obras. A exposição está patente ao público até 11 de fevereiro de 2018. Refira-se que a mostra é organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves e comissariada por Sónia Oliveira, coordenadora da Biblioteca.

Nik Kershaw no Coliseu do Porto em março A música pop dos anos 80 não teria sido a mesma sem a alegria contagiante deste músico. Lisboa e Porto recebem Nik Kershaw para dois concertos que certamente não vai querer perder. O regresso a Portugal em 2018 já está marcado: dia 8 de março no Coliseu de Lisboa e dia 9 de março no Coliseu do Porto. Este afável inglês tornou-se um ícone dos anos 80 ao explodir nas rádios e tops de todo o mundo com singles como “I Won’t Let The Sun Go Down On Me”, “Wouldn’t It Be Good” e “The Riddle”. Nik Kershaw tornou-se um dos nomes mais representativos da pop inglesa, saída da chamada “new wave”. E foi com uma estrondosa atuação no Live Aid de 1985 que se transformou numa estrela à escala global. O interesse recente e o revivalismo de sucesso de uma das décadas mais criativas e diversificadas de sempre da história de música popular, tem mantido Nik constantemente nos palcos, tanto a solo em versão acústica, como acompanhado por banda. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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“Contamos com todos e não desistimos de ninguém” Tornar Matosinhos cada vez mais coeso e inclusivo é o objetivo de Luísa Salgueiro, a primeira mulher candidata a este concelho e a primeira mulher presidente daquela autarquia. Assente em pilares como educação, sustentabilidade social e ambiental, assistência a idosos, e ainda habitação social, a presidente socialista pretende manter a fasquia bem alta em Matosinhos. Textos: Irene Mónica Leite | Fotos: Carolina Barbot

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uísa Salgueiro considera o desafio de candidatura à Câmara de Matosinhos como “natural”: dar continuidade ao trabalho de Guilherme Pinto. “Era algo que me dispunha a fazer. Fui doze anos vereadora. Saí em 2009. Fiquei quatro anos na assembleia municipal, mas continuei ligada ao concelho, na área social. Dirigi várias IPSS. Nunca me afastei daqui”, salienta. “Como qualquer filho da terra é sempre um privilégio chegar a um lugar destes. Para mim não é um sacrifício ter saído do Parlamento para ser presidente da Câmara de Matosinhos. Fiz uma escolha muito consciente”, revela. O legado de Guilherme Pinto é para Luísa Salgueiro muito “rico, sendo ao mesmo tempo um grande desafio”. Manter a fasquia num nível alto é a meta. “Compete-nos a nós, nova equipa, continuar. Somos um concelho de referência em termos nacionais em muitas áreas. Conseguimos ser uma terra que tem o mar, economia, turismo, arquitetura, tradição, história, design e o terminal de cruzeiros. Também temos a

Orquestra de Jazz, o Quarteto de Cordas, o Senhor de Matosinhos, o Mosteiro de Leça do Balio… Somos uma terra fantástica”, resume. Ambição, inovação e progresso. São as palavras-chave do mandato de Luísa Salgueiro. “Nós queremos mobilizar a sociedade e as instituições do concelho para afirmar todo esse progresso”. Tudo se traduz em capitalizar cada vez mais os ricos recursos, apostando solidamente na formação dos mais jovens. “Para sermos uma terra de progresso precisamos de ter pessoas bem preparadas, uma aposta desde o início na rede de ensino. Um ensino público de qualidade que vá desde as creches a um combate ao insucesso escolar”, refere. No âmbito do programa eleitoral foi afirmado várias vezes que Matosinhos apresenta um dos melhores parques escolares do país. “Temos escolas extraordinárias, por isso é importante apostar em qualificar todos os nossos jovens para que não existam desistências e que tenham bons resultados. Não precisam de ter uma licenciatura. Mas com condições para ir


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para o mercado de trabalho. Queremos que as novas gerações estejam preparadas para a competitividade”. Sustentabilidade social e ambiental é outra das pedras basilares. “Temos de ter estratégias que promovam o nosso bem-estar, a nossa qualidade de vida.” E prossegue: “Temos um conjunto de empresas inovadoras. O que nós queremos é ser o laboratório vivo que aposte em energias renováveis. Criar também sistemas de informação que permitam maior gestão da rede de transportes públicos. Bons veículos ecologicamente desenvolvidos.”

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cimento, embora tenha números inferiores às médias. “As pessoas vivem cada vez mais anos de vida, mas com menos vida nos seus anos. Temos é de estar à altura dos nossos desafios”. De um lado está o combate às situações de doença, já com um plano para diminuir a hipertensão e diabetes. “É verdade que temos um concelho muito bem dotado de centros de convívio, centros de dia, de lares, mas queremos apostar em respostas alternativas. Porque não queremos que os seniores sejam obrigados no final da sua vida a saírem de casa para viver numa instituição”, refere a presidente da autarquia. Luísa Salgueiro, enquanto esteve na Assembleia da República, defendeu o estatuto de cuidador informal, que, no entanto, ainda não foi aprovado. “Nós, em Matosinhos, temos condições para o implementar”, assegura. “Temos serviços domiciliários de apoio aos idosos. A partir desta base já é possível avançar. Por isso é que queremos criar

“queremos mobilizar a sociedade e as instituições do concelho para afirmar todo esse progresso”.

MATOSINHOS INCLUSIVO Por outro lado, é também fulcral estar perto das pessoas até à fase final das suas vidas. “Matosinhos inclusivo”, resume a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos. “Contamos com todos e não desistimos de ninguém”. Com efeito, esta cidade não foge ao envelhe-

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o cuidador informal”, explica. Tal não implica a substituição das IPSS [instituições particulares de solidariedade social]. “Trata-se de um reconhecimento de que os idosos são em maior número e com novos problemas. Muitas vezes dependentes fisicamente, mas não mentalmente. Temos de ser capazes de dar essa resposta”, remata. HABITAÇÃO SOCIAL Luísa Salgueiro realça que Matosinhos, na área da habitação social, também foi pioneiro, com a construção de cooperativas no pós 25 de Abril.

No entanto, os tempos mudam, pelo que não se pode “apenas construir grandes conjuntos habitacionais”. “Construir na periferia foi positivo numa determinada época”. Neste momento a autarquia, tirando partido das áreas de reabilitação urbana, pretende requalificar o centro, atraindo para lá a população com uma série de benefícios fiscais (no IMI, IMIT e IRS). “Todos os interessados em novas habitações têm a oportunidade de escolher onde querem viver”. Por outro lado, evita-se, também, a “guetização”.



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Perfil Luísa Salgueiro, 49 anos, natural de S. Mamede de Infesta, Matosinhos, é licenciada em Direito e pós-graduada em Direito do Ambiente. Entre 1997 e 2009 foi vereadora da Câmara Municipal de Matosinhos sendo responsável pelos pelouros da Ação Social, Habitação, Saúde e Juventude. Enquanto deputada destacou-se na defesa de alguns dossiers, como o Serviço Nacional de Saúde e o financiamento dos hospitais, nomeadamente do Hospital Pedro Hispano. Em novembro de 2010, foi eleita dirigente da NATO, quando foi eleita vice-presidente da Comissão de Energia e Segurança Ambiental, uma das cinco comissões parlamentares da organização atlântica, vocacionada para as questões do bioterrorismo e das energias alternativas. Apoia a Inserção Social e foi também presidente da direção da Assembleia Geral da

ADEIMA (Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos). Ainda no âmbito da ação social e juventude, a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos conta no seu percurso profissional com a presidência da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens desta cidade. Por uma questão de transparência, optou por renunciar a todos os cargos sociais que ocupava nessas instituições desde que abraçou o desafio de concorrer às eleições autárquicas. Foi eleita no passado mês de novembro vice-presidente do Eixo Atlântico Noroeste Peninsular, uma organização transfronteiriça que junta 38 concelhos do Norte de Portugal e da Galiza em torno das questões comuns desta eurorregião europeia. Luísa Salgueiro é a primeira mulher a ocupar a vice-presidência do Eixo e substitui no cargo o autarca de O Barco de Valdeorras, Alfredo García, que passa agora a presidir à instituição.



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RIGOR E TRANSPARÊNCIA NUMA POLÍTICA DE CONTINUIDADE Os paranhenses votaram e escolheram a política de continuidade de Alberto Machado. Assente em pilares como rigor, transparência, coesão social e política de proximidade, o programa do autarca social-democrata para o próximo mandato segue as linhas do anterior, mas com renovada ambição. Texto: Irene Mónica Leite

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olítica de proximidade, rigor orçamental, património edificado, coesão social, desporto e associativismo, empreendedorismo e juventude, comércio e dinamização económica, segurança, cultura, e ambiente. São estes os dez grandes compromissos de Alberto

Machado, reeleito presidente da Junta de Freguesia de Paranhos, pelo PSD, cumprindo assim a terceira e última candidatura permitida por lei. Em jeito de balanço, o autarca é inequívoco: “Inovamos! Trouxemos novas soluções, mais serviços à população e mais respostas aos problemas com que nos fomos deparando. Constituímos a Comissão Social de Freguesia, coordenando as Instituições de Apoio Social, conseguindo desta forma apoiar de forma mais justa e alargada as pessoas mais carenciadas da freguesia”. “A gestão exigente e objetiva, acompanhada por um controlo rigoroso da execução orçamental permitiu que, após dois mandatos na presidência da nossa junta de freguesia, possamos apresentar resultados financeiros impressionantes”, explica Alberto Machado. “Não só transitaremos para o próximo mandato o dobro do saldo de gerência que recebemos, como também temos tido ao longo dos últimos anos de exercício, execuções orçamentais médias de 98,83%. Isto é, fizemos tudo o que nos comprometemos a fazer!”. Assim, para o novo mandato há uma certeza:


PA RA N H OS

“manter o caminho de rigor, de transparência, de credibilidade e de empenho. O respeito pelos dinheiros públicos, que são de todos nós, continuará a ser a base da nossa atuação e as metas a alcançar serão sempre estabelecidas em função dos cidadãos e das suas necessidades. Trabalharemos com a mesma alegria, com o mesmo otimismo e com mais vontade, pela freguesia de

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freguesia da cidade, para tentar resolver o problema de base existente no nosso concelho: a falta de ‘poder’ da juntas de freguesia para resolver os maiores problemas das populações: a via pública, as questões ambientais e de resíduos, a habitação, a realização de reparações nos estabelecimentos escolares do ensino básico, a gestão dos parques infantis e dos espaços desportivos, entre outras,

Segredo do sucesso Alberto Machado explica: “Desde o primeiro dia que falamos verdade aos paranhenses, dizendo o que podíamos e o que não podíamos fazer. A relação constante foi de proximidade. E o trabalho desenvolvido sério e dedicado. Habituamos os paranhenses à nossa forma de gestão: rigorosa, transparente e ambiciosa. Rigorosa, porque controlamos a receita e a despesa da Junta. Fizemos tudo o que nos comprometemos a fazer e ainda sobraram recursos financeiros para continuar a investir nos anos seguintes. Transparente, porque sempre mostramos o que queríamos fazer, o que fizemos e os resultados do nosso trabalho. Prestamos contas claras e temos todos os Planos e Orçamentos, bem como todos os Relatórios e Contas, disponíveis para consulta nas plataformas informáticas que disponibilizamos aos cidadãos. Ambiciosa, porque nunca ficamos parados e quisemos ir sempre mais longe: mais projetos, mais atividades, mais apoios. Num investimento contínuo para que a nossa freguesia fosse cada vez mais moderna, mais eficaz e mais próxima dos cidadãos”.

todos nós!”, garante. Em termos de linhas de ação, a autarquia acredita que as juntas de freguesia da cidade do Porto não podem continuar a ser meros “encaminhadores” de reclamações. “Nesse sentido, trabalharemos junto da câmara municipal e das outras juntas de

que sabemos, são fundamentais para a qualidade de vida de todos!”. Para Paranhos prossegue o rigor, a transparência com a comunidade.”Conto com todos para continuar este trabalho”, apela o presidente daquela autarquia. REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2017


H U M O R

i corpo espetacular va Uma mulher com um e ita ve rado como era, apro ao médico. Este, ta a. up ro pa para ela tirar a inventa uma descul Diz ela: tenho vergonha! - Senhor doutor… Eu E o médico: ar a luz? - Bem, e se eu apag aga a luz e ela tira ap ico méd E assim acontece, o unta: está toda nua, perg a roupa. Quando já a? up pousar a ro - Onde é que posso uito rapidamente: m E responde o médico lado da minha! - Pode ser aqui ao

h a h a ahah De noite, o Joãozinho telefona par a a professora: - Professora, pode repetir o que ensinou hoje na aula? - Achaste assim tão interessant e? - Não consigo é dormir!

e o fazia problema na vista qu um m co em m ho Um entrevista emente está numa pestanejar constant firma. edor de uma grande para o lugar de vend lo e exclama: a para o sue currícu olh r do ta vis tre O marido: en O e nas melhores nomenal! Formou-s - Afinal não limpaste as minhas calças como te fe é to “Is losas e a pedi! mendações são fabu A mulher: escolas, as suas reco almente tem paralelo. Norm - Tens cada uma… Porque dizes isso? sua experiência não nsar duas contratarmos sem pe O marido: isto serviria para o vezes. - Porque, num dos bolsos, ainda lá estava uma esa tem nota edor da nossa empr nd ve de 10 euros. No entanto, um posta ão muito visível e ex de manter uma posiç stanejar possa o seu constante pe e qu io ce sta re ui e oq as ento mas não uma revista sado-m nciais clientes. Lam te po r sta Um casal descobre su as : do filho posso contratá-lo”. escondida no quarto ? do iú tomar duas m ao os m não lhe disse que se e Mãe: O que faze qu é e, er … sp he “E r-l te a”. tos não adianta ba aspirinas, isto pass Pai: Bom, pelos vis entrevistador de o z di e-me!” – “De verdade? Mostr novo entusiasmado. Pra que serve a mulher bolso do do panado? tão a mão dentro do O homem coloca en Pa nada! ervativos tirar para fora pres casaco e começa a cores e feitios. vativos, de todas as er es da pr sa de ca s rá em at z ve ue encontrar imeira m no fundo, conseg Ele ia jantar pela pr be lá no , u te ro en pa re alm , pa Fin so re-a, engole os ia atacar a em de aspirinas. Ab u namorada. Quando to lag un ba rg em pe a e lh um e qu termina. ra sogra, idos e o pestanejar im olhar severo da futu pr m co muito bom mas friamente: trevistador, “é tudo en de o s z te di an ”, r, em za “B re stumam e não queremos - Em sua casa não co mpanhia respeitável co a um é ta ? es er m s amorosas por começarem a co a realizar conquista A os o. ad ad eg lh pr pa em ra r at te ele a - disse todo o país”. - Não, minha senhor zinheira... co Sou um a bo to ui m é ãe rque é que diz isso? minha m “Em conquistas? Po liz.” homem casado e fe Um homem chega a cas isa de tantos ec pr e a muito tarde, com o cab tão para é qu en , em “B elo tod o despenteado e a cara che ia de batom e pó de arr preservativos?” oz. A mulher com ar zangado rmácia e vez entrou numa fa , pergunta-lhe: “O que an “Oh, isso… Alguma daste stanejar?” a fazer?” pediu aspirinas a pe “Não vais acreditar mas andei à pancada com um palhaço…”


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