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Ricardo Araújo, tem 17 anos e recebeu a Pfi zer. No que concerne à escolha de levar a vacina, o jovem diz que anseia para que tudo volte ao normal: “Para mim é um dever cívico”.Quanto aos sintomas da primeira dose confessa que, até ao momento, tem-se sentido bem: “Estou a sentir-me bem. Não tenho sentido tonturas, nem outros sintomas”. Para o jovem, tomar a vacina no Multiusos foi “Sinceramente, muito rápido”. Sobre a volta às aulas refere o seguinte: “Obviamente que sinto-me mais seguro para voltar às aulas agora que tomei a primeira dose da vacina, porque já tenho alguma imunidade e já posso andar mais descansado”. Para o pai Jorge Araújo, ver o fi lho a receber a primeira dose da vacina, depois do último ano vivido, o sentimento é de alívio, porque agora, lá em casa, já estão todos vacinados com pelo menos a primeira dose. Para os pais do jovem, sentem-se mais seguros para o regresso às aulas agora, com a vacina: “Pelo menos ele agora está, não digo 100% imune, mas já está mais imunizado, não sei se os outros vão estar ou não, mas pelo menos eu respondo por ele e sei que ele está à vontade para voltar às aulas. Sobre a organização do Multiusos, testemunha o seguinte: “Está espetacular. Por exemplo, quando foi a minha vez de tomar a vacina, tomei a minha em Valongo e em comparação, aqui está espetacular. Diria até que foi muito rápido, para ser sincero estava à espera que demorasse mais”. Sobre a vacina, acrescenta ainda que os pais deveriam falar com os fi lhos sobre a importância de serem vacinado.

António Sarmento, Diretor de Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de S. João

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Eu sou totalmente a favor da vacinação dos mais jovens e considero que eles devem ser vacinados, por uma série de motivos. Em primeiro lugar, nós temos que pensar que as vacinas foram a intervenção da humanidade que mais vidas salvou e, numa perspetiva geral, as vacinas sempre funcionaram muito bem. Posto isto, a nossa DGS tem uma experiência brutal no que concerne à vacinação. E, tem uma experiência não só na concessão do programa, como na sua execução. Apesar de ser consultor, não sou funcionário da DGS, por isso não tenho aqui confl itos de interesse para agradar alguém. Agora, a DGS tem uma experiência fantástica e possui um dos melhores programas de vacinação do Mundo, portanto, há aqui um Know-How muito grande. Depois foram realizados cálculos, onde de um lado da balança pesaram-se os riscos de receber a vacina e do outro lado da balança, colocou-se os riscos da doença e, claramente, os riscos da doença são signifi cativamente maiores, do que os riscos da vacina, por isso, ser vacinado vale a pena, mesmo para este grupo etário. Há pessoas que dizem que, para esta idade, os riscos e complicações são menores, mas há casos graves e pode haver sequelas graves. E, digo mais, aquele medo que as pessoas têm da Miocardite provocada pela vacina, a doença em si dá Miocardite e, provavelmente, com mais frequência do que a vacina. Como é óbvio, esta decisão foi muito bem pensada e não foi hesitação nenhuma da DGS, porque eles tiveram argumentos dos dois lados e depois nunca há uma certeza absoluta. No entanto, sobre os dados que existem, a minha opinião é muito mais a favor da vacinação, do que não vacinar, mesmo estando a falar de crianças com 12 ou 13 anos. Mesmo os cálculos que foram realizados em outros países, como EUA, França, Dinamarca, Canadá, Alemanha, entre outros, conduziram às mesmas conclusões que nós e nessas nações a vacinação é universal para os mais jovens. Posto isto, com centenas de milhares de crianças já vacinadas, se surgisse alguma coisa de grave e com uma incidência preocupante, já teria sido detetada, porque os programas de farmacovigilância são contínuos isto é, as autoridades estão sempre a vigiar o que vai acontecer. Assim sendo, se houvesse um alarme as preocupações eram tomadas de imediato. Posto isto, também temos que ver que, se todas as pessoas estiverem protegidas numa sociedade, menos os menores, as crianças são o terreno ideal para os vírus fazerem a sua propagação, com a possibilidade de surgirem as variantes e até variantes mais perigosas nos mais novos. E isso é uma realidade que pode acontecer. Eu não estou aqui a falar no benefi cio da sociedade, mas a pensar nas nossas crianças, eu considero que, realmente, é mais seguro a inoculação da vacina do que a atitude de não vacinar. Por outro lado, a vacina não é obrigatória, ninguém é obrigado a levá-la e os pais podem não deixar que os fi lhos recebam as doses, isto é uma opção das pessoas, agora, repito, tendo que optar por uma das situações, optava claramente pela vacina, mas respeito que possa haver outras opiniões, com outros argumentos.

DESTAQUE

Marco Martins Presidente da Câmara Municipal de Gondomar e da Comissão Distrital do Norte da Proteção Civil.

Qual o impacto que considera que a vacina, nesta faixa etária terá na sociedade daqui a uns meses?

Na minha opinião, vai ser fundamental, não só para concluir o Verão, porque estamos a falar de um grupo etário com uma idade que já é normal fazer convivios e festas, mas sobretudo para o arranque do novo ano letivo. Porque são jovens com idade de ensino secundário e profi ssional e, portanto vai garantir uma tranquilidade. Agora, já está programado para os próximos fi ns de semana, a vacinação dos menores com idade compreendida entre os 12 e 15 anos.

Como é que tem corrido o processo no Centro de Vacinação do Multiusos?

O processo tem corrido muito bem. O concelho conseguiu atingir logo no primeiro fi m de semana, os 75% de jovens gondomarenses vacinados. E, é importante dar nota que no Município, mesmo sem Djs e sem shots, como outros andaram a oferecer, tivemos uma grande adesão. Portanto, os jovens de Gondomar estão realmente de parabéns. Naturalmente que, havia alguns ansiosos e apreensivos, mas havia muitos mais pais ansiosos do que jovens. Por isso, foi um sucesso. Tivemos apenas que fazer algumas alterações internas no Multiusos, nomeadamente, na logística nas bancadas e esperemos que continue a ser um sucesso, principalmente agora, com os jovens dos 12 aos 15 anos.

Do ponto de vista geral, a vacinação está a correr lindamente. Claro que com o grande esforço e colaboração entre a Câmara e a equipa do ACES de Gondomar. A Câmara alocou os próprios meios. Neste momento, temos mais de 40 pessoas por dia que estão responsáveis por estes serviços e o pavilhão Multiusos está totalmente comprometido. Mas, todo o esforço tem valido a pena, porque temos estado muito acima da média nacional, sob o ponto de vista do número de vacinas admnistradas. Esta semana, atingimos a vacina 200 mil. Portanto, tem sido um grande esforço realizado por parte dos profi ssionais de saúde, que têm sido incansáveis nesta matéria e as pessoas tem aderido e colaborado com todo este processo. Felizmente, aqui em Gondomar, o discurso negacionista é mínimo.

Qual é a sua opinião quanto à inoculação da vacina?

Sou claramente a favor da vacinação, desta e de qualquer vacina. Agora com a volta ás aulas, acredito que, esta vacinação vai permitir proteger ainda mais a comunidade escolar, porque para além dos alunos -que são o maior nicho da população escolar- os professores já foram vacinados, assim como os funcionários. Portanto, eu espero que o próximo inverno não seja parecido com o que foi o último.

Lília Silva- Diretora do Agrupamento de Escolas nº1 de Gondomar

A importância de vacinar os mais jovens

O vírus que teimosamente nos apoquenta, há cerca de dois anos, era, no início desta pandemia, desconhecido da comunidade científi ca. Neste contexto, é possível perceber as imensas difi culdades das autoridades em tomar decisões num campo tão sensível, desconhecido e incerto. Ainda maior desafi o tem sido explicar, de forma assertiva e no tempo certo, essas decisões, tanto mais que o tempo da investigação e da ciência raramente coincidem com o tempo da comunicação social ou o das redes sociais. É público que em Portugal o processo de vacinação tem sido, globalmente, um êxito de que muito nos devemos orgulhar. O fi nal desta pandemia ainda não estará para muito perto e não será a vacinação dos mais jovens que irá impedir, certamente, o aparecimento de novos surtos. Todavia, devemos continuar, como até aqui, a fazer a nossa parte, tomando uma vacina que tanta gente no mundo gostaria de ter a oportunidade de tomar. Sabemos que quem está vacinado pode contrair a doença, mas será de modo menos grave e transmitirá menor carga vírica aos outros. Se a Escola já tem sido um espaço seguro, ela sê-lo-á ainda mais com a ampla vacinação dos nossos estudantes. Por isso, para garantir que o próximo ano letivo decorre com tranquilidade e com o mínimo de sobressaltos (no que ao combate à pandemia diz respeito), a vacinação dos mais jovens é uma excelente oportunidade que ninguém deve deixar passar ao lado.

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