Ordem e Progresso

Ordem e Progresso O DIA QUE O BRASIL PAROU

O relato de uma greve que parou o Brasil por dez dias Viviane Lima

Brasil, Séc. XXI, 2018

Antônio Ansísio , 56 anos Caminhoneiro, Recife/PE. Está há 8 dias fora de casa, longe da sua esposa e dos seus filhos, se juntou aos caminhoneiros de Cabedelo-PB, onde está concentrado os combustíveis para distribuição na Paraíba.

‘’O gás de cozinha em Recife chegou a 180 reais, o que adianta se a gente para aqui e as filas está cheia de gente abastecendo, nunca vai acabar isso aqui’’ relatou ele.

TECAB - TERMINAIS DE ARMAZENAGEM CABEDELO

"Se o povo se juntasse Ă greve e nĂŁo corressem pras filas dos postos de gasolina, a gente veria o resultado" Adaon de lima - 44 anos - pb

Brasil, berço de greve, reivindicações e paralisações. Um sistema administrativo escasso e dependente de forças internacionais, rico, belo e desejado, porém, mal administrado pelas forças governamentais. Um país que segundo Pero Vaz de Caminha ‘’em se plantando tudo dá’’.

Um território imenso de fauna e flora a ser explorado, cultura popular riquíssima e terra de um povo feliz que luta todos os dias pela sua sobrevivência. Entretanto, esse Paraíso pertence a um sistema e não ao brasileiro, pertence aos impostos, pertence à Legislação Brasileira, pertence às empresas Estatais e todos aqueles que possuem capital de giro para investimento.

Ao se tratar de riqueza e de todo território brasileiro, seus minérios e belezas naturais, trata-se também de uma população de 209 milhões de habitantes, que sobrevivem a cada dia pagando impostos compulsivamente, a cada dia de sobrevivência no Brasil aparecem mais impostos na receita federal. Mas o povo brasileiro demonstrou-se saturado em 2018.

Os ponteiros das bombas começaram a subir consecutivamente, e, cada vez que subiam mais, os brasileiros ficavam indignados com todo imposto pago pelos combustíveis, chegando ao ponto em que uma classe trabalhadora dependente do diesel reivindicou os seus direitos com uma greve de 10 dias, parando assim todo insumo terrestre nas rodovias federais.

Nos primeiros dias de greve, as informações começaram a ecoar pelas redes sociais, os caminhoneiros se mobilizaram através de um aplicativo de mensagem, desde então, os brasileiros começaram a ver que os caminhões de abastecimento não estavam chegando aos postos formando assim filas quilométricas nas avenidas. Em João Pessoa, em um dos postos foi constatado filas que chegaram à 3 km. O relato de um motorista, Francisco Barbosa, relatou que chegou a ficar 5 horas no posto de gasolina para abastecer o seu veículo com gasolina comum, no dia referido chegou a quatro reais e noventa centavos. Em contra partida, o caminhoneiro Adaon de Lima, 44 anos, Paraíba, sua fala foi de indignação com a população que estava nas filas dos postos - “Se o povo se juntasse à greve e não corressem para as filas dos postos de gasolina, a gente veria o resultado”.

A partir do quarto dia de greve, as notícias começaram a criar horário nobre nos meios de comunicação, e a repercussão do movimento começou a criar visibilidade internacional nos jornais, a exemplo do jornal britânico The Gardian, que chamou a atenção para a situação de emergência em São Paulo, uma das principais cidades do Brasil, que concentra o maior polo industrial.

Com os caminhões parados no acostamento das rodovias, manifestando e exigindo a diminuição do diesel nas bombas dos postos de combustível, isenção do PISCOFINS, uma tabela de valores estabelecida para frete e um acordo para isentar a cobrança do eixo suspenso nos pedágios, as pequenas e grandes cargas não conseguiam chegar ao seu destino final, acarretando problemas como a falta de alimentos em supermercados e a valorização de verduras e frutas em pontos de distribuição, produtos que normalmente o seu kg era R$60,00, duplicaram os valores, causando indignação nos brasileiros por preços tão altos e exploradores no mercado.

Os caminhoneiros, insatisfeitos com a proposta do presidente Michel Temer, resistiram por mais dias nas ruas, alavancando a greve nos 21 estados e conquistando um maior apoio da população. Apoiando a greve, 51% dos brasileiros relataram o prosseguimento da greve, e, em redes sociais, se via várias mensagens da população brasileira a favor do movimento, chegando a ser, no 5° dia de manifestação, o assunto mais comentado no Brasil.

Com todo esse apoio, os caminhoneiros resistiram ao acordo e ficaram mais dias nas rodovias, a exemplo do Sr. Antônio Ansísio, 56 anos, Caminhoneiro, Recife-PE, que estava há 8 dias fora de casa, longe da sua esposa e dos seus filhos, se juntou aos caminhoneiros de Cabedelo-PB, onde estão concentrados os combustíveis para distribuição no Estado. ‘’O gás de cozinha em Recife chegou a R$180,00. Do que adianta se a gente para aqui e as filas estão cheias de gente abastecendo?

Nunca vai acabar isso aqui!’’ Relatou ele.

Décimo dia de greve, e as rodovias já perdiam o sentido, paralisadas. Os caminhoneiros já estavam recuando depois que o governo Michel Temer atendeu suas reivindicações por 60 dias, não se via mais filas nos postos, e o ‘’caos’’ segundo o Brasil voltou a se normalizar. A poeira que ficou no Brasil foram os vários questionamentos levantados por todos, e a indignação ao notar que o diesel diminuiu, mas os outros combustíveis aumentaram. O que restou, foram os projetos e as dúvidas de um Brasil melhor, ou um país com mais infraestrutura para suporta tantas negligências do governo. Pensou todos, se os brasileiros se acordariam para o problema eminente e se consciencializar sobre o problema que estariam presenciando, mas de fato é que essa poeira começou a se acalmar e virar apenas poeiras levantadas.