Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação
Reabilitação do edifício
Proposta de uma faculdade de tecnologia no antigo conjunto hoteleiro da Rua Mauá
Vinícius Murad Constâncio Pereira orientado pelo Prof. Dr. Carlos Mattei Faggin
Dezembro de 2011
“A conservação de um monumento antigo não significa a conservação de uma vitrina de museu, mas a integração do antigo na vida de hoje. Neste sentido, um edifício não tem que ser isolado, monumentalizado, ao contrário, tem que ser humanizado.” Lina Bo Bardi (Crônicas de arte, de história, de costumes, de cultura da vida: arquitetura, pintura, escultura, música e artes visuais. Caderno olh o sobre a Bahia n.3, Diário de Notícias, Salvador, 21 de set. 1958)
Sumário Introdução
7
Histórico A região da Luz O conjunto hoteleiro da Rua Mauá e os hotéis Federal Paulista e do Comércio
9 12
A nova função
17
O programa
23
Proposta de ocupação
31
O edifício existente Da intervenção estrutural no edifício
37 42
O novo edifício
47
Volume de desenhos
51
Bibliografia
98
Anexos
100
Introdução A região da Luz, como centro da malha ferroviária que propiciou o desenvolvimento de São Paulo, teve a função de pólo irradiador dos eixos de mobilidade da cidade, e conseqüentemente ganhou importância fundamental na estruturação da metrópole. Com o decorrer do século XX, a mudança do caráter produtivo da cidade e o conseqüente deslocamento de seu núcleo econômico, essa região viu seu papel de centralidade decair cada vez mais, culminando em um período de evidente deterioração. Soluções de recuperação deste ambiente urbano têm sido estudadas há décadas, mas apenas nos últimos anos, o poder público começou a caminhar no sentido de retomar e revitalizar a região. Os primeiros movimentos se deram através da transformação de seus edifícios mais simbólicos em equipamentos de cultura, como Pinacoteca, Sala São Paulo, Museu da Língua Portuguesa. Essas intervenções pontuais foram seguidas da criação do Projeto Nova Luz, um plano bastante impactante, a ser desenvolvido com apoio da iniciativa privada, que promoveria a requalificação das quadras do bairro de Santa Efigênia. O projeto foi bastante criticado, apontado como pobre na sua capacidade de resolver a complexa problemática social apresentada. Este trabalho se insere nessa agenda de reavivar o espaço urbano central, propondo a gradual criação de um campus de ensino tecnológico, fazendo uso da estrutura existente e subutilizada. No início do século passado, tempo de seu apogeu, a região era um dos principais núcleos de atividade 7
científica e cultural, com importantes instituições de educação ali instaladas, como a Escola Politécnica, o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola de Farmácia e Odontologia. Essa identificação da região com a educação também foi se diluindo na segunda metade do século. Tomando como partido a concentração de estruturas de ensino tecnológico já existente na área, e a larga e acelerada expansão pela qual esse tipo de educação passa no país (com reflexos concretos na região, inclusive, como a construção da sede do Instituto Paula Souza) é aceitável acreditar na viabilidade desse campus.
2004
O que é desenvolvido, de fato, no trabalho é o projeto de uma das unidades do campus. Sob a premissa de fazer uso da estrutura existente, através da conversão de um edifício de valor simbólico para a região, foi escolhido um dos prédios que compunha o chamado conjunto hoteleiro da Rua Mauá, que confronta os fundos da Estação da Luz. O sobrado, que se estende pela rua, viu toda a massa de edifícios vizinhos ser demolida para a construção da nova estação de metrô. Foi poupado exatamente por seu simbolismo histórico. Um segundo edifício a ele conectado é incluído para compor o conjunto. O plano ainda abrange uma proposta para a área pública nascida dessa demolição. Tratado como parte de um plano mais longo e complexo, é esperado que o projeto atue como um componente de estímulo à revitalização econômica, social e ambiental de sua vizinhança, sem representar um agente excludente de qualquer forma.
8
2009
Fig. 1: Fotos aéreas antes e depois da demolição da quadra, para a construção do metrô. É possível ver que o edifício em questão é o único poupado.
Histórico A regiã o da Luz Por algumas décadas o bairro da Luz foi o símbolo do dinamismo econômico da cidade, mas até meados do século XIX, sua paisagem ainda conservava um aspecto predominantemente rural, com sua natural horizontalidade interrompida apenas pontualmente por poucas construções, algumas bastante emblemáticas, como o mosteiro a qual ele deve o nome, além do Quartel da Força Pública e a antiga Casa de Correção. Também o Jardim Botânico, atual Parque da Luz, o primeiro parque da cidade. As grandes mudanças na região começaram a ser vistas quando da chegada da ferrovia à cidade. Em 1865 foi inaugurada a primeira Estação da Luz, marco inicial de uma nova etapa da urbanização de São de Paulo. Na década de 1870 mais duas importantes redes ferroviárias chegaram à cidade: a Central do Brasil e a Sorocabana, cuja estação também foi construída na região. Com a junção das conexões ferroviárias em São Paulo, a cidade se torna o pólo centralizador de toda a economia cafeeira que havia migrado para as terras paulistas. Para que a cidade fosse digna de tal função e para comportar o crescimento exponencial de sua população, ela precisou ser profundamente reestruturada. Isso teve início entre os anos de 1872 e 75, quando João Teodoro Xavier era presidente da província. O período ficou conhecido como “segunda 9
fundação de São Paulo”, quando a cidade inaugurou suas primeiras linhas de bondes puxados a burro, rede de esgotos e iluminação pública a gás, sendo a região da Luz uma das mais beneficiadas. Em 1895, o governo condicionou a renovação do contrato de concessão à São Paulo Railway à construção de uma nova estação, que tivesse os trilhos rebaixados para que o problema do acesso às terras ao norte da linha fosse sanado. E em 1901 foi inaugurada a atual Estação da Luz, edifício que passou a ser representativo do progresso que a cidade atingira. Assim, com diversos investimentos na urbanização da área, a Luz passou a ser o grande cartão postal da cidade: “A época áurea do bairro da Luz foi o final do século XIX prolongando-se até a década de 1930. Neste período, diversos edifícios monumentais de uso institucional foram construídos na região e a avenida da Luz foi toda remodelada, transformando-se num grande bulevar arborizado e calçado.” (TOLEDO,1981, p. 82) A região também se tornou um grande pólo cultural e científico, com a presença da Escola Politécnica, fundada em 1894, em edifício projetado por Ramos de Azevedo à Avenida Tiradentes; do Liceu de Artes e Ofícios, que a partir de 1900 ocupa o edifício inacabado, de autoria do mesmo arquiteto, em frente à estação; além da antiga sede da Faculdade de Farmácia e Odontologia, no Bom Retiro. Durante o período da República Velha (1889-1930) deu-se continuação aos investimentos na região. Os governantes da época desejavam criar uma imagem “civilizada” da cidade, espelhada na Paris da Belle Époque. Porém a revolução de 1930 derrubou a oligarquia cafeeira, e com isso, houve uma 10
Fig. 2: A fotografia de Guilherme Gaensly, de 1902, mostra a recém inaugurada Estação da Luz, além do Liceu de Artes e Ofícios, à direita, e o edifício estudado neste TFG, à esquerda da estação. Este é o início do período de apogeu da região. Fonte: PONTES, 2003.
mudança na essência daquilo que se desejava representar com as obras públicas. A simbologia expressa pelos edifícios neoclássicos monumentais, palacetes ecléticos, representantes do período de hegemonia do café na estrutura econômica do estado, tem seu fim. A cidade futurista, de grandes arranha-céus e avenidas de fluxo rápido, passa a ser o modelo de progresso.
Fig. 3: Excerto da “Planta geral dos melhoramentos centrais”, de 1945. Parte do Plano de Avenidas de Prestes Maia. Em destaque estão as vias que deveriam ser alargadas. No centro, a atual Av. Prestes Maia/Tiradentes e a Av. Cásper Líbero a oeste. Fonte: TOLEDO, 1996.
A moradia da elite transfere-se progressivamente para o vetor sudeste, em bairros como Higienópolis, Avenida Paulista e os novos bairros-jardins. Também os principais investimentos públicos tomam esse rumo, concentrando-se no Centro Novo, notadamente na região da Praça da República. O Plano de Avenidas de Prestes Maia elege a Avenida Tiradentes como a principal artéria de ligação norte-sul da cidade. No final dos anos de 1940 ela é alargada e passa a ter um grande tráfego, o que contribuiu bastante para a deterioração ambiental da região. Ao longo da segunda metade do século XX, este foi o panorama do bairro. Perdendo, cada vez mais, sua posição dentro da dinâmica econômico-espacial da cidade, passou a ser uma área de apoio às diversas ruas de comércio especializado que a circundam, como Santa Ifigênia, Vinte e Cinco de Março e José Paulino. Apenas no fim do século passado começou a haver um processo de retomada da região pelo poder público, com a instalação de diversos equipamentos culturais nos edifícios históricos do local, além de planos de revitalização.
11
O conjunto hoteleiro da Rua Mauá e os hotéis Federal Paulista e do Comércio O bairro de Santa Efigênia, com seu traçado ortogonal, foi o primeiro reduto da aristocracia cafeeira na cidade. Por algum tempo, este foi seu panorama: um bairro exclusivamente residencial, com vilas e sobrados amplos onde residiam os barões do café. Porém, a partir dos anos de 1860, a recém chegada ferrovia, com a estação implantada na região, passou a atrair o crescimento da cidade em sua direção. Suas ruas começavam a ganhar um caráter comercial e de serviços. Esta aristocracia, então, gradualmente migrou para novos bairros construídos com o mesmo intuito, como Campos Elíseos e, posteriormente, Higienópolis e Avenida Paulista. Com a demanda por hospedagem nas imediações da estação e a desocupação de várias residências na vizinhança, houve uma expansão da atividade hoteleira para a região, buscando atender aos viajantes que preferiam hospedar-se ali pela comodidade. O primeiro hotel a surgir parece ter sido o Albion, que a partir dos anos de 1870 passou a ocupar a antiga residência de Antônio Álvares Leite Penteado, na Rua Alegre (atual Brigadeiro Tobias) a poucos metros da estação. Este foi um destino bastante comum para os palacetes recém desocupados. Ao longo das três ultimas décadas do século XIX e principalmente das duas primeiras do XX, quando a região da Luz passa a representar uma nova centralidade para a cidade, com o belo novo edifício da estação, começam a surgir diversos hotéis em seu entorno, muitos deles ainda existentes, 12
espalhados por Santa Efigênia. A maior concentração se dava ao longo da Rua Mauá, que tinha praticamente todo o lado sul ocupado por eles, formando uma massa relativamente homogênea dessas edificações, que emoldurava o icônico prédio da estação. Todas com aspecto e uso semelhantes: sobrados de cerca de três pavimentos, com comércio no térreo e o hotel funcionando nos andares superiores, e com fachadas de composição eclética.
Fig. 4: Panorâmica atual da fachada principal do edifício. Como se vê, o conjunto está desigual, pois a parte da esquerda, onde funcionou o Hotel do Comércio, foi recentemente restaurada.
O edifício dos hotéis Federal Paulista e do Comércio é um dos pioneiros. Não foi possível datar exatamente sua construção, mas, por registros fotográficos, é possível localizá-la entre os anos de 1887 e 1895. São dois imóveis que formam um único conjunto, sendo a maior parte, a da esquerda de quem olha sua fachada, ocupada pelo H.F.P. e o restante pelo H. do Comércio.
Acervo do autor
13
Edifício construído em alvenaria estrutural e com pisos em estrutura de madeira, como era o usual no período para edificações dessa escala, pertenceu originalmente ao Conde Antônio de Toledo Lara, falecido em 1934, quando deixou o imóvel para sua filha Davina de Lara Nogueira e seu genro Ruy Nogueira. Pela descrição encontrada no documento de transferência do imóvel é possível afirmar que pouco foi mudado desde a época: “(...) construção antiga e em regular estado de conservação, destinado à locação para estabelecimentos comerciais e hotéis, construídos no alinhamento consistindo ditos prédios de 4 pavimentos (...)”. O documento ainda cita que: “(...) o pavimento térreo compõe-se de 8 armazéns grandes, 5 pequenos e 3 entradas para os hotéis que ocupam os pavimentos superiores; os armazéns grandes possuem, além de diversos cômodos nos fundos, dependências sanitárias, áreas, etc ., e os pequenos são antigas entradas dos sobrados transformados em armazéns ; o primeiro andar compõe-se ao todo de 55 quartos, 2 salas de visitas, 2 salas de jantar, 1 cozinha grande, 1 copa, 1 despensa, diversos banheiros e instalações sanitárias, etc., o segundo andar compõe -se ao todo de 38 quartos, 3 banheiros e privadas; o terceiro andar compõe-se de 8 quartos, 1 banheiro e 2 privadas.(...) Todos os pavimentos estão em franca comunicação, exceto à parte que divide o prédio 183/185 do número 187. O imóvel está edificado em um terreno de que mede 70,90 m de frente para Rua Mauá, por 32,10 m; perfazendo a área total de 2.275,89 m2”. (TAMASHIRO, 2004 p.9) 14
Ainda hoje, a parte do Hotel do Comércio pertence à mesma família, sendo de propriedade do Sr. Roberto Lara Nogueira, que é, provavelmente, neto do dono original. A parte ocupada pelo Hotel Federal Paulista pertence ao Sr. Ricardo Junqueira de Almeida Prado, não sendo possível concluir se há parentesco com o Conde Lara.
Fig. 5: A fotografia de Militão de Azevedo, de 1887, mostra a antiga estação, no canto esquerdo, e a área onde hoje fica o hotel, no centro (área com as árvores) Fonte: PONTES, 2003.
Fig. 6: Nesta outra fotografia o prédio já aparece finalizado. Sua data não é conhecida, mas é possível observar algum movimento de terra para a construção da nova estação, iniciada em 1895. Fonte: PONTES, 2003.
15
Além dos hotéis que ocupavam o edifício em estudo, outros importantes na região foram o Hotel Roma, contíguo àquele, na esquina da Mauá com a atual Casper Líbero, e o Hotel Queluz, ainda existente, na outra esquina da Casper Líbero. O primeiro, construído em 1902 para ser a residência do Sr. João Cocito, rico negociante de café, a exemplo do Albion, também foi convertido em hotel alguns anos depois. Há relatos de que foi o mais luxuoso da área, mas foi demolido nos anos 40, para o alargamento da Avenida Cásper Líbero. O segundo, projeto de Ramos de Azevedo, construído em 1908, é um dos mais ricos arquitetonicamente. Outro edifício importante desse grupo é o antigo Hotel Piratininga, um pouco mais a oeste, no Largo General Osório, que hoje abriga e Escola de Música do Estado de São Paulo. Após décadas de demolições pontuais, isso é o que resta desse conjunto hoteleiro.
16
A nova função Na última década, o país assistiu a um crescimento vertiginoso da oferta por ensino superior tecnológico. Essa modalidade de graduação praticamente inexistia até o fim dos anos noventa, e em 2008, segundo o censo da educação superior do ano, já representava quase um quinto do total de cursos e tinha mais de 10% de todos os alunos matriculados. O número de cursos saltou de 636, em 2002, para 4.355, em 2008. E o ritmo desta expansão não mostra sinal de desaceleração. Atualmente o MEC reconhece mais de cem carreiras, agrupadas em áreas tão diversas como produção alimentícia, cultural e industrial. O Estado parece ter reconhecido a escassez de profissionais com formação profissional específica como um dos entraves ao crescimento econômico, e vem fazendo grandes investimentos na área. Como o Pronatec (Programa nacional de acesso ao ensino técnico e emprego), criado pelo governo federal, que apesar de não abranger o ensino superior, mostra a preocupação com a questão. Também a rede privada tem se expandido, com destaque para as entidades integrantes do “Sistema S” (Senac, Sesi, Senai e Sesc), que inclusive foram as pioneiras na criação destes cursos superiores, ainda nos anos noventa. Como visto na caracterização histórica, o bairro da Luz e adjacentes foram berço de algumas das mais importantes instituições educacionais da cidade, com destaque para a Escola Politécnica, cujas antigas instalações hoje abrigam o principal núcleo de ensino técnico e tecnológico da rede estadual. 17
Sinais da ampliação acima descrita também são vistos na região, como a construção da nova sede do Centro Paula Souza (entidade que administra a estrutura de educação tecnológica do estado de São Paulo), hoje localizado em um destes edifícios da Politécnica. Esta nova sede, que ocupa toda uma quadra de Santa Efigênia, receberá, além da unidade administrativa, uma nova Fatec e Etec que juntas ofertarão cerca de 2.500 vagas. Além da presença da rede estadual, encontram-se na área outras duas importantes instituições de ensino técnico de categorias administrativas diferentes: a Cefet, pertencente à rede federal e o tradicional Liceu de Artes e Ofícios, este privado. Tomando como prerrogativa que a expansão da educação tecnológica é uma tendência estruturada, e assumindo que a área apresenta uma clara aptidão para acolher equipamentos de ensino, por sua história, e pela vasta oferta de infra-estrutura, imagino que nela possa ser criado um campus de ensino superior tecnológico. A implantação desse campus deve ser guiada pela premissa de se conseguir total integração à cidade, evitando os malefícios característicos da concepção moderna de “cidade universitária”, que invariavelmente se torna uma bolha em meio à malha urbana. Para contornar o problema do alto preço da terra na área central, que poderia inviabilizar o projeto, uma estratégia que deve ser adotada é a implantação das unidades do campus em edifícios existentes, e que, de preferência, tenham algum valor simbólico para a cidade. Para que se possa fazer uso dessa infra-estrutura existente devem ser adotados instrumentos legais que permitam a aquisição desses imóveis subutilizados, como o decreto de utilidade pública, que inclusive já foi empregado na região para possibilitar a execução de partes do projeto Nova Luz. 18
Educação Superior Tecnológica
Educação Superior (geral)
Fig. 7: Evolução do ensino superior tecnológico: Gráfico 1: por número de cursos Gráfico 2: por número de alunos matriculados (Gráficos feitos pelo autor, com base nos dados do Censo da Educação Superior 2009-MEC/INEP)
É sabido que em ambas as regiões ao norte e ao sul da ferrovia há vários imóveis de importância histórica que, na maioria dos casos, estão desocupados ou subutilizados. Estes devem ser os alvos principais do plano de implantação do campus, seguindo exemplos bem sucedidos da área, como a Universidade Livre de Música, localizada no edifício do antigo Hotel Piratininga, ou mesmo os edifícios da Politécnica, ocupados pela Fatec, como já citado aqui. O modelo de campus integrado ao tecido urbano, ao mesmo tempo em que mantém uma relação mais saudável com a urbe do que o da cidade universitária, pode agregar alguns valores característicos desta, como a integração estudantil, estimulada pelo compartilhamento de equipamentos e instalações de uso comum, como auditório, restaurante, biblioteca, local de recreação e esporte, etc. O fluxo de estudantes entre suas diferentes unidades, em todos os horários do dia, deve ajudar a promover a reocupação da região, estimulando as relações humanas, e sem necessariamente causar sua elitização. Além disso, o convívio de alunos de diferentes áreas de conhecimento, bem como sua relação com a cidade e o acesso a equipamentos culturais dos mais variados, deverão estimular o aspecto social de sua formação, o que se admite que possa ser um pouco sacrificado em cursos de cunho tão pragmático como os de tecnologia. Isso deve ajudar a derrubar o paradigma de que a educação tecnológica não é mais que um mero instrumento pelo qual as pessoas possam ser encaixadas nas lacunas do mercado.
19
Imóveis tombados Em sua maioria, antigos edifícios de hotelaria e comércio, com poucos pavimentos, localizados nas quadras de Santa Efigênia.
Estrutura de ensino técnico 1 Instituto Paula Souza / Fatec 2 Nova sede do Inst. Paula Souza 3 Liceu de Artes e Ofícios 4 Cefet-SP 5 Local do projeto Bairros de Santa Efigênia, Luz e Bom Retiro
O projeto é encarado, portanto, como parte de um plano maior, que tem como meta final a revitalização econômica e social da região, com a intenção que ela volte um dia a assumir uma posição próxima a que já teve, e que sua identidade seja novamente ligada à educação. Falando especificamente da unidade escolhida para o projeto, algumas questões delimitaram a escolha dos cursos a serem oferecidos no local. Entre elas estão as limitações decorrentes da idade e da forma de concepção do edifício existente, além do espaço remanescente da construção do metrô, e a forma como ele poderia ser ocupado, já que o edifício dos hotéis não bastaria para atender à nova função. Outro ponto levado em consideração foi a relevância e atualidade das carreiras a serem oferecidas. Ponderadas todas essas questões, a conclusão foi de que os cursos desta unidade deveriam situarse nas áreas de Tecnologia da Informação e Artes Digitais. As limitações físicas citadas definiram que não poderia haver laboratórios com equipamentos muito pesados, ou com instalações muito complexas. Nesse aspecto, o campo escolhido adéqua-se perfeitamente. E procurando não contradizer o escrito acima, sobre a necessidade de que a oferta de educação tecnológica não seja simplesmente ditada pelas urgências momentâneas do mercado, é preciso admitir que, mesmo que isso não deva definir a concepção pedagógica dos cursos, as demandas sempre devem ser levadas em consideração. E a área escolhida tem grande escassez de profissionais.
21
O programa Obviamente, a concepção básica do projeto foi pautada pelo caráter da escola que abrigaria. Mas nesse caso, o contrário também aconteceu, já que será feito uso de um edifício que não permite drásticas mudanças em sua configuração espacial. Parte das salas de aula e laboratórios pode ser locada nele, contanto que sua capacidade se limite à admitida por essa configuração. Com a análise das possibilidades de intervenção, foi estabelecido que, com segurança e alguma sobra, este limite é de trinta alunos. Este deve ser então o módulo básico para o dimensionamento da faculdade. Diante deste necessário engessamento do número de alunos por turma, deve-se permitir que haja possibilidade de expansão no número de turmas. É proposto, então, que aconteça o ingresso de uma turma por semestre em cada carreira. Apesar disso poder significar o aumento do custo para o sistema devido à redundância, o número reduzido de estudantes certamente garante uma melhor qualidade de ensino. Além do que, na área de computação, os cursos precisam de uma infraestrutura especial, e por isso a quantidade de alunos costuma ser mesmo menor. Após a definição das áreas específicas de conhecimento em que os cursos estão, é tempo de estabelecer os cursos propriamente. Analisando o “Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia”, produzido pelo MEC, onde são definidas e caracterizadas todas as carreiras por ele reconhecidas, foram selecionados cinco cursos na área de Tecnologia da Informação e três na de
23
Artes Digitais. Estão listados abaixo, junto com a carga horária recomendada pelo MEC, traduzida em semestres, mais o número total de vagas, segundo a lógica do módulo básico explicada:
Tecnologia da Informação: · Análise e
Desenvolvimento de Sistemas | 5 semestres | 150 alunos · Banco de Dados | 5 semestres | 150 alunos · Redes de Computadores | 5 semestres | 150 alunos · Sistemas para Internet | 5 semestres | 150 alunos · Segurança da Informação | 5 semestres | 150 alunos
Artes Digitais: · Design Gráfico | 4 semestres | 120 alunos · Desenvolvimento
de Jogos | 4 semestres | 120 alunos · Produção Multimídia | 5 semestres | 150 alunos
24
Os cursos foram então divididos nos três períodos do dia, procurando deixar o vespertino com o menor número, para permitir que a maior parte dos alunos possa estagiar na área de estudo, complementando sua formação: Design Gráfico Desenvolvimento de Jogos Produção Multimídia
Manhã | 390 alunos
Segurança da Informação Sistemas para Internet
Tarde | 300 alunos
Análise e Desenv. de Sistemas Banco de Dados Redes de Computadores
Noite | 450 alunos
O projeto deve ser dimensionado, portanto, tendo em conta o período de maior ocupação, com 450 alunos. Isso garantirá a expansão do número de cursos, se desejado. Como a área de computação apresenta uma dinâmica grande, assim como novas tecnologias são criadas constantemente e outras ficam obsoletas, em médio prazo, é possível que novas carreiras surjam, outras desapareçam. Os cursos tecnológicos, diferente da maioria dos outros, por relacionarem a educação ao aprendizado de um ofício, costumam exigir uma infra-estrutura específica, onde este aprendizado é aplicado. No caso dos cursos ligados à computação, mesmo sendo estes espaços não muito
25
complexos, eles existem. Segundo as “Diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional de nível tecnológico”, determinadas pelo Ministério, no caso dos cursos escolhidos, eles são: Laboratório de arquitetura de computadores
Laboratório de redes de computadores Oficina de criação de personagens/cenários Sala de desenho Oficina de processos gráficos Laboratório de edição e desenho Laboratório de multimídia
Seg. da Informação Sist. para Internet Redes Banco de Dados Anál. e Desenv. Sistemas Desenv. Jogos Redes Sist. para internet Desenv. Jogos Design gráfico Design gráfico Produção multimídia Produção multimídia
A maior parte desses laboratórios e oficinas é como qualquer laboratório de computação, variando apenas a construção dos computadores neles existentes e seus softwares. Alguns têm características peculiares, como o laboratório de redes, que precisa de espaço para as estantes que alojam os equipamentos de rede (Fig. 8), ou o de arquitetura de computadores, onde as mesas devem ser 26
amplas e deve haver bastante espaço para estocagem de peças, pois esse espaço é usado para análise da construção do hardware dos computadores (Fig. 9).
Figura 8: Típico laboratório de redes de computadores: um laboratório de informática convencional, mas com estantes para os equipamentos de rede
Figura 9: Típico laboratório de arquitetura de computadores: suas mesas são amplas e com estantes para estocar o hardware
As exceções são a oficina de processos gráficos, a sala de desenho, do Design Gráfico e a oficina de criação de personagens e cenários, do curso de Desenvolvimento de Jogos. Na primeira, por serem experimentadas técnicas gráficas envolvendo produtos químicos, deve haver bancadas molhadas. Os outros dois são basicamente estúdios de desenho e modelagem e, por terem características muito próximas, foram fundidos em um único estúdio multidisciplinar, procurando estimular o convívio entre cursos diferentes. Também o laboratório de multimídia e o de edição e desenho foram condensados, por parecer que há redundância em suas funções. Além dos laboratórios, oficinas e estúdio, a faculdade deve contar com doze salas de aula com capacidade para 32 pessoas (deixando uma pequena folga em relação à dimensão das turmas), localizadas, metade no edifício existente, e a outra no edifício a ser construído. Mais duas salas para 64 alunos, já que nos primeiros semestres muitos cursos têm disciplinas em comum. Há ainda uma sala-auditório, com capacidade para 150 pessoas (dimensionado segundo toda a população de um dos cursos), onde podem acontecer palestras e aulas inaugurais. Eventos com maior público poderão ocorrer nos auditórios das unidades vizinhas. Duas quadras ao norte há o auditório da Fatec, com capacidade para 350 pessoas e, duas quadras ao sul, haverá o auditório do centro Paula Souza, para 300 pessoas. Todas as salas do conjunto devem possuir mobiliário condizente com sua função, onde possam ser ergonomicamente instalados computadores e seus periféricos.
27
Com a definição da estrutura dos espaços didáticos da faculdade, passo ao programa de necessidades completo:
Didático 12 Salas de aula 32 lugares 2 Salas de aula 64 lugares Auditório 150 lugares Estúdio multidisciplinar Lab. de redes de computadores Lab. de arquitetura de computadores Lab. de multimídia/edição e desenho Oficinas de processos gráficos
Administrativo Diretoria Departamentos Apoio discente Escritórios docentes (10) Sala de assembléia Sala de reuniões docentes Arquivo
Bilioteca
Apoio | Técnico
Balcão de empreéstimo/devolução Guarda-volumes Terminais de consulta Balcão de apoio Acervo de periódicos Acervo geral Acervo digital Mesas consulta acervo digital Mesas de leitura Mesas de estudos em grupo Administração Manutenção do acervo Arquivo Sanitários
Sanitários Café Gráfica Copa Vestiários DML Sala de redes Sala de manutenção do equipamento Apio à área de exposições Salas técnicas e de equipamentos
28
Acadêmico Centro acadêmico Administração C.A. Assembléia discente Sala de reuniões
Social Sala de exposições Áreas de estar Área informal de estudos Hall de acesso
A faculdade deve ocupar os pavimentos superiores do edifício dos hotéis, porém seu térreo continuará com sua função comercial. Para que isso seja possível, será proposta sua reorganização em uma galeria que conecta a Rua Mauá à nova praça. Essa galeria tem seu programa de necessidades específico:
Comercial Lojas médias (aprox. 120m2) 2 Lojas pequenas (aprox. 60m ) Restaurante Cozinha Depósitos
Administrativo Administração Vestiário Depósito DML
Apoio Sanitários públicos Fraldário
29
Proposta de ocupação A expansão do transporte público sobre trilhos na cidade tende a restaurar a importância que a estação da Luz teve na estruturação da metrópole. Com a construção de novas linhas e a conexão das já existentes, ela volta a ter o papel de principal centro irradiador do nosso sistema metroferroviário. Atualmente sua calha serve a três das principais linhas da CPTM: 7-Rubi, 10-Turquesa e 11-Coral. Também há possibilidade de conexão com a linha 8-Diamante, que parte da vizinha estação Júlio Prestes. E há alguns anos foi estabelecida a ligação de sua plataforma com a linha 1-Azul do Metrô, permitindo a união daquelas a esta, que é espinha dorsal do sistema. Complementando esta infraestrutura, há pouco entrou em funcionamento a plataforma da estação pertencente à linha 4-Amarela. Há ainda o plano de uma linha conectando a estação ao aeroporto de Cumbica. A região deve se tornar, portanto, o principal nó da estrutura de mobilidade metropolitana. Os espaços públicos existentes no entorno imediato da estação não se ajustam ao o grande fluxo de pessoas que passará a ter. O parque da Luz, apesar de ser o mais antigo jardim público da cidade e um marco de referência na região, não parece adequado para cumprir tal função, pois se presta mais como local de descanso e contemplação. Além de ficar situado ao norte da estação, enquanto a grande concentração de pessoas deve ser no lado oposto, voltado para o centro. A região carece,
31
assim, de uma área livre condizente com sua complexidade de fluxos, como acontece em outras estações de grande movimento, como Sé ou São Bento. A construção da nova estação da linha amarela sinalizou a oportunidade de criação de um espaço com este caráter, quando a metade da extensa quadra em que foi implantada teve de ser demolida. Esperava-se que esta área fosse integralmente convertida em uma praça. Porém o lado sul, que representa uma grande parte de sua área total, deverá ser edificado. E a divisa norte, junto à Rua Mauá, é quase totalmente ocupada pelo edifício dos hotéis, objeto deste trabalho, no limite do qual foi erguido um muro alto para isolá-lo. O espaço livre resultante é uma faixa relativamente estreita ligando a Avenida Cásper Líbero à Rua Brigadeiro Tobias, que ainda é parcialmente ocupada pelos acessos à nova estação por e suas clarabóias. Um dos objetivos deste projeto, portanto, é propor um espaço público mais generoso do que a solução executada, mesmo tendo que conciliá-lo com a estrutura da faculdade. Sobre esta, é fato que o edifício dos hotéis não se presta a abrigar todos os ambientes necessários para seu funcionamento. Espaços amplos, como as salas de aula maiores, ou que representem grande carga, como a biblioteca, não poderiam ser inseridos nele. Seu programa deve ser dividido entre o edifício existente, e um segundo, implantado em parte desta área remanescente da construção do metrô. Este novo edifício deve ocupar o espaço posterior ao existente, seguindo sua simetria e respeitando suas proporções, mas ao mesmo tempo sendo estruturalmente independente e formalmente diverso daquele. A intenção é de que o conjunto seja mesmo lido como dois volumes independentes, apenas 32
com dois pontos de ligação elevados, ocultos a primeira vista. Busca-se, de fato, o contraste entre novo e antigo. Esta adição toma a forma de um pavilhão longilíneo, suspenso sobre a praça, servindo também como abrigo para seus usuários e para o acesso ao metrô. E como boa parte do subsolo da quadra está comprometida pela presença de instalações deste, o edifício deve ter os pontos de apoio reduzidos. Para que seja compatível com a bilheteria que ocupa a área imediatamente posterior ao prédio dos hotéis, ele é concebido como um edifício-ponte, com um grande vão-livre nesta área sobre a bilheteria. Também o problema do isolamento entre a praça e a Rua Mauá, separadas pelo edifício dos hotéis, é sanado quando no térreo deste é implantada a galeria comercial, descrita no item anterior, que possibilita esta conexão e, ao mesmo tempo, se beneficia dela. O acesso ao metrô deve ser revisto. Atualmente são dois pontos, um voltado para a Av. Cásper Líbero, outro para a R. Brigadeiro Tobias, ambos na forma de volumes que abrigam as escadas. São ligados por um túnel sob a praça, que leva ao hall de bilheterias. Como dito, esses volumes roubam uma parte da já escassa área pública remanescente. Proponho que haja um único acesso, feito no nível da bilheteria, cinco metros abaixo do nível da praça, e que apenas essa entrada possa ser fechada durante a madrugada. O acesso à Av. Cásper Líbero continua praticamente no mesmo lugar, agora com suas escadas abrigadas sob o novo edifício da faculdade, fazendo desnecessária a estrutura atual. 33
O caminho até a R. Brigadeiro Tobias passa a ser feito por uma extensa rampa que é integrada ao desenho da praça. A intenção é a de que o metrô seja incorporado ao seu projeto, e que essa solução em dois níveis diferentes enriqueça seu espaço, como acontece em outras praças e largos onde há estações, como São Bento e Liberdade. Essa intervenção proposta nos acessos à estação não representa um grande impacto em sua configuração geral. Apenas o primeiro nível do subsolo é modificado e somente o túnel entre os acessos é extinto. Seu corpo principal permanece inalterado, sendo perfeitamente executável mesmo com a estação já construída, e em funcionamento, pois há outros acessos próximos. O limite sul da praça é margeado por empenas de dois edifícios vizinhos e é a única área ininterrupta que não tem o subsolo ocupado pela estação. Há apenas o túnel da linha amarela, mas passando a grande profundidade. Por esses motivos, ao longo dele haverá uma massa arbórea, que deve amortizar a aridez do lugar. Outras pequenas massas estarão distribuídas pela praça.
Relação do conjunto com a nova estação de Metrô 34
O edifício existente Como já mencionado na descrição histórica, o edifício a ser transformado em Fatec é contemporâneo ao atual prédio da Estação da Luz, datando da última década do XIX. Sua estrutura foi concebida sob técnicas tradicionais vigentes na época, o que representa um grande desafio técnico em sua reconversão. Ainda mais se tratando o novo uso tão distinto do original. Outro desafio nesta reabilitação é o respeito às normas de tombamento, já que é protegido pelos órgãos de preservação em suas três esferas. Pelo Iphan e Condephaat, órgãos federal e estadual, respectivamente, ele deve ser preservado por compor o entorno da estação, junto de outros imóveis diversos. Pelo Conpresp, o órgão municipal, ele é tombado isoladamente e se enquadra no nível dois, que, resumidamente, exige a preservação dos elementos externos e de sua volumetria original. Como dito no programa, em seus pavimentos superiores funcionará parte da faculdade, abrigando algumas das salas de aula, toda a sua parte administrativa, ambiente de vivência estudantil e ainda alguns serviços como café e gráfica. Há ainda o espaço central do primeiro pavimento, que era o salão social do Hotel Federal Paulista, e deve ser preservado como está, abrigando um espaço de exposições que ao mesmo tempo funcionará como local de memória do edifício, já que, sendo o ambiente mais amplo, representava o coração do hotel. Outro argumento para sua conservação é que há nele alguma ornamentação que, mesmo não sendo rica, é mais significante que a dos demais ambientes. 37
Há ainda outro ambiente no primeiro pavimento que deve ser preservado parcialmente como está. Trata-se do local onde foi colocado o café (entre eixos C,D e 3,4). Este espaço passou por um incêndio no início de 2010 que, apesar de não ter afetado a estrutura do edifício, arruinou o madeiramento do telhado e caixilhos, e ainda fez com que todo o reboco das paredes da área afetada caísse, deixando à mostra detalhes da técnica de alvenaria. Acho interessante deixar essa alvenaria à mostra nessa área, pois também terá um papel de memória do lugar. O madeiramento do telhado deve ser refeito e coberto com material translúcido, possivelmente vidro aramado ou mesmo telhas de vidro, com uma camada inferior de brises (Fig. 10). Faço isso para criar um ambiente de respiro em meio ao longo corredor, que apesar das aberturas laterais, pode resultar um pouco escuro. Todo o restante de seu interior deve ser modernizado, para que seja funcionalmente adequado ao novo uso. Devido à escassa informação encontrada sobre o edifício e também ao acesso limitado que tive a ele, foi preciso fazer uma espécie de interpretação de sua estrutura. Pela pesquisa histórica, já era sabido que se tratava de uma estrutura de paredes portantes de alvenaria e pisos de madeira, pois era o método construtivo utilizado no período, na cidade, para um edifício de sua escala. Após a análise de suas plantas e as visitas que fiz, pude entender melhor sua estrutura e começar a enxergar que tipo de intervenção seria possível. Analisando suas plantas, identificam-se facilmente alguns eixos estruturais, pois se repetem em todos os pavimentos e formam uma malha quase exatamente justaposta em relação à geometria recortada do conjunto, com seus nichos posteriores.
38
Figura 10: Parte do edifício afetada pelo incêndio Superior: situação após o incêndio Inferior: perspectiva da proposta para o local Acervo do autor
No térreo os vãos precisavam ser grandes, pois ele abrigava armazéns comerciais. Nota-se no interior desses espaços uma arcada, que corre ao longo de todo o conjunto, e faz possíveis esses vãos maiores. Arcada semelhante à que compunha sua fachada original, nesse nível, que foi modificada ao longo do tempo. Já no primeiro pavimento, assim como nos superiores, sua função de hotel exigia que houvesse diversas divisórias, para a conformação dos quartos. Para tal, foram erguidas paredes de tabique, um sistema construtivo que consiste em uma gaiola de ripas de madeira coberta com argamassa ou barro, utilizado para dividir ambientes nas construções da época (Figs. 11). Por serem mais leves que as paredes de alvenaria, era possível erguê-las utilizando a estrutura do piso como base.
estuque ripado fasquiado costaneiras
reboco
Figura 11: Corte típico de uma parede de tabique Fonte: APPLETON, 2003, pág. 308
Como na figura 12, parece racional pensar que a maior parte das paredes, localizadas nos vãos dos eixos estruturais nos pavimentos superiores, tenha sido construída por essa técnica, porque sua espessura é claramente menor do que das demais e também, em uma das visitas feitas no local, notei que algumas dessas paredes estavam descascadas e era possível ver o ripado do tabique (Fig. 13). Parte dessas paredes pode ser removida, portanto, pois não têm uma função estrutural primordial. Apenas auxiliam no travamento das paredes de alvenaria, segundo a bibliografia técnica consultada, citada mais a frente. Com base nessa constatação, proponho a retirada de boa parte dessas paredes, principalmente no primeiro pavimento, para a criação de espaços mais generosos, que o novo uso exige, como por exemplo, as salas de aula deste pavimento. Além da retirada de parte das paredes de tabique, também um pedaço das empenas transversais
Figura 12: Gaiolas de estruturação das paredes de tabique de um pavimento
será demolido na parte posterior do primeiro pavimento, e substituído por tesouras, possibilitando
Fonte: APPLETON, 2003, pág. 302
39
criar um grande corredor, espinha dorsal da nova configuração do edifício que além de dar acesso às salas de aula, distribui a circulação para o segundo pavimento e também para o novo prédio. Este espaço ainda abrigará serviços e equipamentos, como café, gráfica e sanitários. A circulação vertical terá de ser quase que totalmente recriada, não só porque as escadas existentes são inadequadas: pouco largas e com estrutura comprometida, mas também porque não se adaptam à nova organização do espaço. Como não há mais ligação do primeiro pavimento com o térreo - que antes abrigava as entradas dos hotéis e conseqüentemente os acessos aos níveis superiores - essas escadas de acesso, localizadas nos vazios internos do edifício, serão retiradas. Assim como, das três escadarias que ligam primeiro e segundo pavimentos, apenas uma será poupada, por ser mais longa (conectando também o terceiro), ter um desenho de algum valor estético, e também por formar um interessante vazio no corpo central do edifício. A nova circulação entre primeiro e segundo pavimentos será inserida fazendo uso dos vazios de iluminação e ventilação existentes na parte posterior da planta. Serão criadas escadas nos dois vazios extremos, com estrutura de aço, apoiada nas empenas de alvenaria existentes e vedadas com as mesmas lâminas de vidro opaco usadas no novo edifício, mantendo uma unidade de linguagem com seus elementos. O que explicita que se trata de uma intervenção. Ainda sobre esses vazios, atualmente dois deles abrigam as duas escadas de entrada de um dos hotéis que, como disse, serão retiradas. Nos outros dois há lajes que impedem que haja luz natural no térreo. Essas lajes deverão ser demolidas, criando um ambiente mais agradável para a galeria comercial. Permitindo, inclusive, a criação de pequenos jardins. 40
Figura 13: Ripado exposto de uma das paredes do Hotel Federal Paulista Acervo do autor
Sua circulação vertical será concluída por uma torre de elevador existente, certamente incluída no edifício em algum período mais avançado de sua vida, que será aproveitada, fazendo somente a atualização do equipamento existente dentro dela. Este elevador proverá acesso universal entre os pisos, não servindo apenas ao térreo, onde haverá apenas uma área técnica de acesso à maquina. Quanto ao andar térreo, como dito, ele continua com sua função de comércio, mas rearranjado em uma galeria, sem relação com a faculdade, a princípio. Desejando estabelecer ligações entre a praça e a Rua Mauá e também tomando proveito da organização de sua estrutura - que nesse nível é composta por arcadas longitudinalmente e empenas transversalmente – crio três galerias, na verdade, que fazem essa ligação. O local, que atualmente é ocupado por pequenos estabelecimentos comerciais, como bares, lanchonetes, uma mercearia e lojas de roupas, será reorganizado para abrigar um restaurante e mais sete lojas de pequeno ou médio porte, que possivelmente terão o mesmo caráter das existentes, ou podem ter funções relacionadas ao público potencial da faculdade. Terá ainda sanitários públicos e um espaço para a administração do condomínio da galeria. Outra questão referente ao térreo é a recuperação de sua fachada. Apesar de sua conservação estar em estado precário (principalmente a parte esquerda, do Hotel Federal Paulista, já que a do Hotel do Comércio foi restaurada há poucos anos), a única parte realmente alterada em ambos os imóveis é o térreo. Nos pavimentos superiores, ainda que pequenas partes dos ornamentos tenham ruído, não há nada que tenha sido gravemente desfigurado. Mas isso acontece no térreo. Ao longo do tempo, a maior parte dos vãos da arcada que compunha a fachada foi sendo mutilada, para que as portas originais fossem substituídas portas metálicas de enrolar. Em alguns pontos, dois dos arcos foram 41
unificados, com a demolição do pilar entre eles. Minha proposta é que ao menos a volumetria original seja recuperada, tomando como base pra esta modificação, relatos fotográficos de seus primeiros anos. Para que esta intervenção seja claramente distinguida daquilo que é original no edifício, respeitando assim as convenções de conservação patrimonial, proponho que no nível térreo seja suprimido o frisamento que existe nos demais.
Da intervenção estrutural no edifício Ainda que eu tivesse acesso a uma sondagem minuciosa do edifício - o que está longe daquilo que consegui coletar - seria uma grande pretensão propor um plano minimamente detalhado de intervenção estrutural e de instalações. Porém, mesmo não sendo este o intuito principal do trabalho, é necessária uma argumentação básica que mostre a viabilidade desta reabilitação. Faço isso através da exposição de métodos de intervenção consagrados, por serem tecnicamente eficientes e por atenderem às convenções internacionais de conservação patrimonial. A bibliografia portuguesa existente em nossa biblioteca sobre o tema me guiou na definição das diretrizes de intervenção colocadas a seguir, em especial APPLETON e a adaptação portuguesa de CAMPANELLA.
42
vigas adicionais de reforço
a
b
chapas de reforço
No que se refere à estrutura, o ponto crítico do projeto parece ser o reforço dos pavimentos de madeira. Em especial a parte frontal do primeiro pavimento, onde os quartos do antigo hotel foram substituídos por salas de aula. O que pode significar um grande aumento na carga deste, mesmo com a retirada das paredes de tabique, que também representavam uma carga morta sobre esta estrutura. A consolidação estrutural destes pavimentos, se necessária, pode ser realizada com a adoção de uma das três técnicas: · Colocação
c
perfil de aço transversal às vigas de madeira
de novas vigas de madeira maciça ou laminada, paralelas às existentes, com dimensões iguais a estas, resultando na redução do vão entre as seções, e conseqüente diminuição das deformações (Fig.14a). O método deve ser utilizado quando é desejado que haja pouco contraste com a técnica original e também quando não há pé-direito suficientemente alto para que seja inserida uma camada inferior de reforço. Mas além de não termos nenhuma das duas restrições, pelas fotografias tiradas no local, a distância entre as vigas já é bastante pequena. · Também
Figura 14: Diferentes técnicas de consolidação estrutural de pavimentos de madeira Fonte: APPLETON, 2003, págs. 37 e 194
é possível reforçar as vigas de madeira com a aplicação de chapas de aço em seu entorno, formando um “sanduíche” que resulta em vigas mistas de madeira e aço (Fig.14b). Assim como a anterior, esta técnica não implica em redução do pé-direito, mas requer que a madeira das vigas existentes esteja ainda bastante saudável, o que aparentemente pode ser confirmado, pelas visitas que fiz ao imóvel.
43
· Uma terceira técnica
consiste na colocação de uma camada estrutural inferior à existente, formada por perfis de aço transversais às vigas de madeira, e ancorados nas paredes de alvenaria (Fig.14c). Tal técnica implica em um grande impacto estético, não podendo ser aplicada em locais onde há elementos arquitetônicos que se deseja preservar, como forros ornamentados. O que, mais uma vez, não é o caso. A princípio, qualquer uma das práticas pode ser adotada, pois nenhum dos limitadores e elas relacionados se encontra no edifício em estudo. É aconselhável, porém, que seja feita uma sondagem em todo o madeiramento para que sejam identificados pontos de desgaste ou apodrecimento. Estas áreas podem ser substituídas por um conglomerado de resina e madeira, que, com a ajuda de conectores metálicos, se adere à madeira. Também deve ser cuidado para que seja feito o reforço das áreas das paredes de alvenaria que recebem a carga dos novos elementos de consolidação dos pavimentos. Esse problema das cargas pontuais pode ser sanado inserindo peças de aço que distribuam esse esforço por uma área maior da parede. Quanto ao reforço dos elementos verticais da estrutura, caso ocorram deformações ou lesões nessas alvenarias durante as intervenções, elas podem ser fortificadas com métodos que vão desde a simples colocação de argamassa nas áreas afetadas, até técnicas mais complexas e incisivas, que incluem a injeção de resinas que trabalham ativamente nas fendas, ou o reforço com elementos metálicos chumbados a elas, promovendo o travamento da estrutura (Fig.15). Outra questão fundamental na reabilitação deste edifício é a atualização de suas instalações. Provavelmente muito pouco do existente poderá ser aproveitado, não só por se tratar de materiais
44
Figura 15: Travamento de parede de alvenaria com chapas metálicas chumbadas a ela Fonte: APPLETON, 2003, pág. 183
desgastados e de tecnologia obsoleta, mas também porque a organização do espaço será profundamente alterada, fazendo, por exemplo, com que as poucas áreas molhadas encontradas atualmente, deixem de existir. Quanto às novas áreas molhadas, muito mais amplas e numerosas, procurei dispô-las nos nichos da parte posterior do conjunto, fazendo com que toda a alimentação e coleta sejam concentradas, reduzindo assim as intervenções (artifício que não poderá, porém, ser repetido no segundo pavimento, que ocupa apenas a parte frontal do lote). O mesmo foi feito com as cozinhas do restaurante do térreo e do café do primeiro pavimento, para que também a exaustão dos gases de cocção seja feita por uma tubulação comum. Essas foram as estratégias aplicadas para resolver as instalações mais impactantes. Elétrica e possivelmente proteção contra incêndio devem ser resolvidos tomando vantagem dos generosos pés-direitos, fazendo com que passem por calhas que correm sobre forros suspensos. A transmissão de dados deve ser feita através de redes sem fio, já que a nova função do edifício exigiria uma estrutura de distribuição muito complexa para ser resolvida fisicamente (além de anacrônica, já que a tendência é de que todas as redes de dados sejam distribuídas remotamente). A rede sem fio também resolve a questão da separação dos edifícios antigo e novo, uma vez que a partir de uma única central, localizada em um dos nichos posteriores do antigo, é possível alimentar todo o conjunto. Estas são as diretrizes básicas para a execução da atualização das instalações prediais. Procurando trabalhar com shafts, calhas ou outros artifícios do tipo, que gerem pouco impacto nos elementos construtivos originais, como aconselha Campanella: 45
“As novas instalações devem ser o mais possível independentes do edifício existente, evitando e reduzindo ao mínimo todas as intervenções de demolição, rotura e desmontagem, mesmo que sejam parciais. (...) São sempre preferidas as soluções ‘à vista’, com canais, calhas, tubos e tubagens que obedeçam às normas e leis vigentes, que poderão ser inseridos por sua vez, em calhas, tubos de revestimento, objectos de decoração ou volumes técnicos realizados de forma independente em relação ao edifício.” (CAMPANELLA, 2003, pág.187) O que é essencial na escolha de qualquer técnica de intervenção em um edifício tombado é que ela possa ser facilmente reconhecida e distinguida da estrutura original, e que, de preferência, seja reversível, caso desejado.
46
O novo edifício Diferente do usual nos projetos de intervenção que incluem a adição de um ou mais edifícios para suprir as demandas do novo uso, neste, o edifício criado não deve ser encarado como um anexo, uma vez que sua área construída ultrapassa a do existente. Por essa razão, ele foi concebido como um componente com absoluta autonomia em relação àquele. Desenhado como um pavilhão longilíneo, perpendicular à extensão do prédio da Rua Mauá, ele assume a forma de um edifício-ponte que avança sobre a praça, adaptando-se à limitação originada pela presença do metrô em seu subsolo. Ao deixar o térreo livre e ao nivelar seu primeiro piso ao do prédio existente, cujo pé-direito térreo é bastante grande, seu vão livre, além de não sacrificar o ambiente da praça, resulta em um espaço convidativo a seus usuários. Sua superestrutura é formada por quatro grandes empenas de concreto, dispostas a diferentes intervalos, deixando o grande vão entre as duas centrais. Tais estruturas suportam quatro treliças metálicas, que fazem possível este vão de pouco mais de quarenta metros. No espaço entre as duas empenas mais próxima entre si localiza-se o acesso à faculdade e a distribuição de sua circulação, tanto para o novo edifício quanto para o antigo, cuja ligação é feita por duas passarelas que levam ao seu corredor central. Escadas e um conjunto de rampas que serpenteiam a empena mais ao norte formam o principal conjunto de circulação vertical no edifício.
47
Sobre o grande vão, o edifício abre-se em duas alas, com o vazio central, coberto por uma malha de brises, assumindo o caráter de átrio. Essas duas alas são tomadas por alguns dos principais espaços didáticos da faculdade. A ala oeste recebe a maior parte de suas salas de aula, enquanto na leste localizam-se a biblioteca, no primeiro piso, e laboratórios de computação, no superior. No vão entre as duas empenas do sul estão o estúdio multidisciplinar e o auditório, ambos com pé-direito duplo. Além de sanitários e vestiários. As longas fachadas leste e oeste são inteiramente vestidas por uma pele de lâminas de vidro opaco, de diferentes cores e níveis de opacidade, dispostas progressivamente afastadas da fachada interna, formando módulos inclinados que devem funcionar como brises, sem nenhum papel de vedação. As áreas que precisam ser vedadas (salas, biblioteca, laboratórios e estúdio) receberão uma segunda pele de caixilharia de ferro e vidro. Excluindo esses ambientes, todo o restante do edifício será aberto. Essas peles de vidro opaco das fachadas voltadas para a praça e para a Av. Cásper Líbero, devem criar uma familiaridade entre os usuários do espaço público e os da faculdade. Também na parte da praça abrigada sob edifício essa relação deve ser interessante, quando o espaço público parece permear o reservado. O esperado é que os vãos entre as empenas tenham uma aparência de transparência e fluidez, que contraste com a solidez do concreto destas. Com suas extremidades em balanço, e seus apoios ganhando forma prismática, as empenas também devem passar um ar de leveza para os pedestres.
48
Em resumo, a aparente leveza e fluidez do edifício elevado, com materiais que também exprimem esse aspecto como a estrutura metálica branca e as lâminas de vidro, são buscadas para criar um contraste com a rigidez e sobriedade do edifício antigo de traços e ornamentos de arquitetura acadêmica.
49
0 5 10
25m
IMPLANTAÇÃO
0 5 10
25m
PLANTA DA PRAÇA
0 5 10
25m
PLANTA DO SUBSOLO
01
5
10m
PLANTA DO TÉRREO
01
5
10m
PLANTA DO 1째 PAVIMENTO
01
5
10m
PLANTA DO 2째 PAVIMENTO
01 2
5m
PLANTA DO 3째 PAVIMENTO
0
5
10
25m
CORTE GERAL AA
0
5
10
25m
CORTE GERAL BB
0 1
5
10m
CORTE CC
0 1
5
10m
CORTE DD
0 1
5
10m
CORTE EE
0 1
5
10m
CORTE FF
0 1
5
10m
ELEVAÇÃO FRONTAL
0 1
5
10m
ELEVAÇÃO LATERAL ESQUERDA
0 1
5
10m
ELEVAÇÃO POSTERIOR
0 1
5
10m
ELEVAÇÃO LATERAL DIREITA
TÉRREO
1° PAVIMENTO
MANTER
|
DEMOLIR
|
ERGUER
2° PAVIMENTO
3° PAVIMENTO
01
5
10m
PLANTAS CIVIS DO EDIFÍCIO EXISTENTE
Bibliografia AMERICANO, Jorge. “São Paulo naquele tempo (1895–1915)” São Paulo: Carrenho Editorial, 2004. APPLETON, João. “Reabilitação de edifícios antigos: patologias e tecnologias de intervenção” Alfragide: Orion, 2003. CAMPANELLA, Christian. MATEUS, João Mascarenhas (adaptação) “Obras de conservação e restauro arquitetônico: condições técnicas especiais” Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 2003. CAMPOS, Eudes. “Os primeiros hotéis da cidade de São Paulo. Século XIX: Império e Republica” Parte do Informativo Bimestral do AHMWL, Arquivo Histórico Municipal. São Paulo: PMSP/ SMC/DPH, 2010. (fonte consultada em meio eletrônico). CAMPOS, Eudes. “Arquitetura paulistana sob o Império: aspectos da formação cultural burguesa em São Paulo” Dissertação de doutorado: FAU-USP, 1997. Companhia do Metropolitano de São Paulo. “Linha 4-Amarela. Morumbi-Luz: Projeto funcional” São Paulo: Metrô, 1997. FAGGIN, Carlos A. Mattei. “Arquitetura de reconverção: a experiência pioneira do edifício Alexandre Mackenzie em São Paulo” Tese para concurso de livre-docência: FAU-USP, 2000. JORGE, Clóvis de Athayde. “Luz: notícias e reflexões” São Paulo: DPH, 1988.
98
KUTTER, Vivian Polack. “Modelo de abordagem para edificações em situação de reciclagem” Dissertação de mestrado: FAU-USP, 1999. MATEUS, João Mascarenhas. “Técnicas tradicionais de construção de alvenarias: literatura técnica de 1750 a 1900 e o seu contributo para a conservação de edifícios históricos” Lisboa: Horizonte, 2002. Ministério da Cultura “Projeto de recuperação do bairro da Luz” Caderno resumo do programa Monumenta, 2002. Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. “Censo da educação superior 2008: Resumo técnico” Brasília: MEC/INEP, 2009. MONTEIRO, Ana C. de Castro Alves. “Hotéis da metrópole: o contexto histórico e urbano através da produção arquitetônica hoteleira (1940-1960)” Dissertação de mestrado: FAU-USP, 2006. OLIVEIRA, Joaquim Aristides de. “A universidade e seu território: um estudo sobre as concepções de campus e suas configurações no processo de formação do território da Universidade Federal do Ceará” Dissertação de mestrado: FAU-USP/FAU-UFC, 2005. TAMASHIRO, Simone Haruko. “Referência volumétrica para recomposição arquitetônica: Estudo dos imóveis na Rua Mauá, esquina com a Avenida Casper Líbero” Trabalho Final de Graduação: FAUUSP, 2004. TOLEDO, Benedito Lima de. “São Paulo: três cidades em um século” São Paulo: Duas Cidades, 1981. TOLEDO, Benedito Lima de. “Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo” São Paulo: Empresa das Artes, 1981. 99
Por Pavimento 2
Didático
ANEXOS
100
Área do Edifício Existente: 3.746,41 m2
45,29%
Área do Novo Edifício: 4.525,21 m2
54,71%
Área Total da Faculdade: 6.755,24 m2
81,67%
Área Total da Galeria: 1.516,38 m2
18,33%
G a l e r i a
Social Apoio | Serviços Apoio | Técnico
Área Construída Total: 8.271,62 m2
Comércio
Acadêmico
F a c u l d a d e
Administrativo
Quadro de áreas
Áreas em m Salas de aula (32 lug.) Salas de aula (62 lug.) Auditório (150 lug.) Lab. redes Lab. multimídia Lab. de arq. de comp. Oficina de proc. gráficos Estúdio multidisciplinar Biblioteca Diretoria Departamentos Escritórios docentes Sala de reuniões Apoio discente Arquivo Áreas de estar Salão de exposições Área de estudos Sanitários Café Gráfica Copa Vestiários Sala de redes Sala de manutenção Depósito Apoio salão de exposições Centro acadêmico Assembléia discente Sala de reuniões Arquivo Circulação Lojas médias (4 lojas) Lojas Pequenas (3 lojas) Restaurante Sanitários Fraldário Área Técnica Administração Circulação
Total % do Total
Térreo
1° Pav
2° Pav
575,61 281,40 318,72
350,70
Por Edifício 3° Pav Existente 504,64
140,70 70,98 140,70 89,96
33,69 67,20 108,38
162,42 130,45 26,86 12,98
884,46
67,20 147,30
30,08
26,86 24,52 10,89 11,39
1.627,15
11,20% 3,40% 3,85% 1,70% 0,86% 1,70% 1,09% 2,96% 5,33% 0,63% 0,91% 1,22% 0,30% 0,31% 0,35% 0,97% 0,96% 0,81% 3,74% 1,58% 0,32% 0,16% 0,36% 0,32% 0,30% 0,13% 0,14% 0,47% 0,79% 0,14% 0,09% 34,55% 6,38% 2,24% 2,60% 1,21% 0,08% 0,09% 0,65% 5,08%
52,44 75,46 101,09 25,22 26,00 29,30 79,87 79,13
12,98 30,08
313,68 528,04 184,93 215,35 100,46 6,24 7,05 54,13 420,18
% Total
244,85 440,96 101,09 25,22 26,00
201,34 130,45 26,86
Total 926,31 281,40 318,72 140,70 70,98 140,70 89,96 244,85 440,96 52,44 75,46 101,09 25,22 26,00 29,30 79,87 79,13 67,20 309,72 130,45 26,86 12,98 30,08 26,86 24,52 10,89 11,39 39,23 64,99 11,80 7,52 2.857,66 528,04 184,93 215,35 100,46 6,24 7,05 54,13 420,18
89,96
244,85 440,96 52,44 75,46
29,30 46,18 79,13
Novo 421,67 281,40 318,72 140,70 70,98 140,70
39,23 64,99 11,80 7,52 32,37
26,86 24,52 10,89 11,39 39,23 64,99 11,80 7,52 637,01 528,04 184,93 215,35 100,46 6,24 7,05 54,13 420,18
2.220,65
1.830,06 4.203,51 2.082,14 155,91 3.746,41 4.525,21 22,12%
50,82%
25,17%
1,88%
45,29%
54,71%
Total
% Total
2.654,58 32,09%
309,51
3,74%
226,20
2,73%
583,75
7,06%
123,54
1,49%
2.857,66 34,55% 928,32
11,22%
113,75
1,38%
54,13 420,18
0,65% 5,08%
Levantamento fotográfico (Todas as imagens são do acervo pessoal do autor)
Fachada Rua Mauá. Hotel do F. Paulista em primeiro plano
Fachada Rua Mauá. Hotel do Comércio em primeiro plano
Panorâmica da fachada completa
Detalhe da fachada
Panorâmica da praça nos fundos do edifício
101
Fachada posterior do edifício
102
Salão principal do hotel, a ser convertido em espaço de exposições
Escada central do Hotel F. Paulista
Outro ângulo da mesma escada. A única a ser mantida
Escada entre o térreo e 1° pavimento
Uma escada secundária entre 1° e 2° pavimentos
Recepção do Hotel F. Paulista
Detalhe da porta do Hotel F. Paulista
Pilar de ferro em um dos armazéns do térreo
Cobertura da parte posterior do edifício
Parte do primeiro pavimento incendiada
Paredes descascadas e madeiramento arruinado
Detalhe da técnica de alvenaria sobre o vão
Estrutura do piso de madeira vista do térreo
Um dos armazéns do térreo, onde é possível ver parte da arcada
Detalhe de uma das paredes de tabique
Corredor da parte anterior do hotel
Outro corredor, na parte posterior
103