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FILHOS DE BUDA
CORAL FILHOS DE BUDA
AJUDE A FUNDAÇÃO FILHOS DE BUDA O Templo Zu Lai e a Blia contam com a sua colaboração para levar adiante as atividades da Fundação Filhos de Buda, que assiste a centenas de crianças e jovens, além de seus familiares. Sua ajuda permitirá que continuemos beneficiando a todos, para que possam, de fato, ter um futuro promissor longe da ociosidade, da marginalização, envolvimento com drogas, bem como de outras situações de risco.
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GHATA1 DA DEDICAÇÃO DE MÉRITOS
Quadrinhos
Que a generosidade, a compaixão, a alegria e a equanimidade2 permeiem todo o Universo. Que todos os seres sencientes valorizem os méritos, criem vínculos e beneficiem o Céu e a Terra. Pratiquemos o Chan3 e o Terra Pura4, sigamos os preceitos5, aceitemos tudo com equidade e tolerância. Façamos os Grandes Votos6 com espírito de arrependimento e gratidão.
Ghata: termo sânscrito para “versos” ou “estrofe religiosa” empregada especialmente, mas não necessariamente, em orações. 2 Generosidade, compaixão, alegria e equanimidade: os “quatro estados ilimitados da mente” que em sânscrito correspondem a: maitri (bondade amorosa ou “generosidade” ilimitada); karuna (compaixão ilimitada); mudita (alegria ou “alegria empática” ilimitada) e upeksha (equanimidade ilimitada). 3 Chan: (chinês; em sânscrito: dhyana; em japonês: zen; “meditação” ou “absorção”), nome do maior movimento, ou escola de budismo chinês que privilegia o cultivo da realização direta da experiência de iluminação (bodhi). 4 Terra Pura: escola de budismo chinês cujos princípios estão baseados na devoção ao Buda Amitabha (Buda Vida e Luz Infinitas). 5 Preceitos: os preceitos mais fundamentais do budismo são: (1) não matar; (2) não roubar; (3) não mentir; (4) não ter má conduta sexual e (5) não se entorpecer com bebidas alcoólicas e drogas. 6 Grandes Votos: os “Quatro Grandiosos Votos” de um Buda ou Bodisatva [Celestial], isto é, (1) os seres sencientes são incontáveis: faço votos de liberá-los; (2) as ilusões são inesgotáveis: faço votos de erradicá-las; (3) os ensinamentos do Darma são incomensuráveis: faço votos de aprendê-los e (4) o Caminho do Buda é insuperável: faço votos de segui-lo. Os Quatro Votos são, um a um, considerados como resultantes da mais profunda compreensão das Quatro Nobres Verdades. Na Tradição Maaiana são estes os votos cultivados pelo praticante budista após tomar “Refúgio na Joia Tríplice”. 1
Associação Internacional Budista Progresso (Templo Zu Lai) CNPJ: 67.977.439/0001-40 Estrada Municipal Fernando Nobre, 1461 Jardim Pioneira - 06705-490 – Cotia – SP
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O TEMPLO ZU LAI REALIZARÁ A “CERIMÔNIA DE REFÚGIO NA JOIA TRÍPLICE E PROFISSÃO DOS CINCO PRECEITOS”
A PRÓXIMA “CERIMÔNIA DE REFÚGIO NA JOIA TRÍPLICE E PROFISSÃO DOS CINCO PRECEITOS” SERÁ ESPECIALMENTE OFICIADA PELO REVERENDO MESTRE HSIN TING QUE VIRÁ AO BRASIL PARA REALIZÁ-LA NO DIA 1º DE DEZEMBRO DE 2012, SÁBADO ÀS 14H NO TEMPLO ZU LAI.
Refugiar-se na Joia Tríplice é o primeiro passo para quem quer seguir os ensinamentos do Buda e para isso, o Templo Zu Lai realiza de tempos em tempos esta cerimônia que permite, àqueles que se encantam com a doutrina budista, a oportunidade de formalmente se iniciarem como praticantes da religião surgida com a presença na Terra, há cerca de 2500 anos, do nosso mestre primordial, o Buda Shakyamuni. A próxima “Cerimônia de Refúgio na Joia Tríplice e Profissão dos Cinco Preceitos” será especialmente oficiada pelo Reverendo Mestre Hsin Ting que virá ao Brasil para realizá-la no dia 1º de Dezembro de 2012, sábado às 14h no Templo Zu Lai. As inscrições devem ser feitas até o dia 30.10.2012 e mais informações podem ser obtidas no site www.templozulai.org.br, pelo telefone (11) 4612-2895 e ainda no Centro de Meditação Fo Guang Shan (Liberdade) no telefone (11) 3207-0662. Para todos que desejarem melhor compreender o significado e impacto desta iniciação aconselhamos a leitura do Capítulo 6 do livro Budismo Significados Profundos (Venerável Mestre Hsing Yün, Escrituras Editora, São Paulo, dezembro de 2011) que pode ser encontrado e todas as livrarias do país ou no próprio Templo Zu Lai. Nesse capítulo o leitor encontrará respostas às perguntas mais frequentes sobre o refúgio bem como explicação detalhada de cada uma das Três Joias (Buda, Darma e Sanga) além de entender os impactos que esta dignificante decisão pode gerar na vida de um praticante budista. Como bem ensina nosso Mestre,
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esta cerimônia é extremamente significativa, pois ao tomarmos refúgio aceitamos publicamente o Buda como mestre, o Darma como seus ensinamentos e a Sanga, como sua comunidade religiosa. Ele diz ainda que mesmo respeitando o budismo e frequentando templos budistas, a pessoa que não se refugiar na Joia Tríplice pode se considerar apenas simpatizante do budismo e não um budista. Em seu significado mais profundo tomar refúgio na Joia Tríplice revela nosso real interesse em afastarmo-nos dos valores e costumes do mundo, principalmente os mais danosos, firmando compromisso de nos empenharmos em despertar a mente para a compaixão e a sabedoria, compartilhando com todos os seres sencientes os méritos desta nobre decisão. Feito isso, com toda humildade e honestidade, reconhecemos durante a cerimônia nossos erros do passado, sejam recentes ou remotos, manifestando sincero arrependimento por tais práticas, fazendo votos de real comprometimento com a extinção da ilusão para benefício de todos os seres sencientes. Ao nos tornarmos discípulos budistas, aceitamos que: “Buda é o médico, o Darma é o remédio e a Sanga é o corpo de enfermeiros”. Desejamos a todos que se beneficiarão dessa emocionante e profunda decisão, possam os frutos desta opção germinarem e florescerem em forma de efetivo despertar espiritual. Sejam todos bem-vindos à nossa Sanga e que este “refúgio” faça surgir a motivação necessária para grandes votos e ações em favor do próprio despertamento espiritual e de auxilio a todos os seres.
Curiosidades sobre o Budismo e o Templo Zu Lai
JOIA TRÍPLICE A expressão “Joia Tríplice” designa o Buda, o Darma e a Sanga. O Darma é o conjunto dos ensinamentos do Buda; Sanga é a comunidade budista. Em outras palavras, o mestre, a doutrina por ele exposta e os seguidores que vivem de acordo com tal doutrina.
SIDARTA GAUTAMA, O BUDA O Buda nasceu em Kapilavastu, norte da antiga Índia, no século V a.E.C. Seu nome era Sidarta Gautama. Após a sua Iluminação, passou a ser denominado Buda Shakyamuni (sábio do clã Shakya). O rei Shuddhodana, seu pai, governava aquela região onde hoje se encontra o Nepal. Aos 16 anos Sidarta casou-se com a princesa Yashodhara. Aos 29 anos, renunciou aos prazeres do mundo e abraçou uma vida de ascetismo praticando mortificação durante seis anos em busca de uma resposta para o fim do sofrimento da existência (nascimento, envelhecimento, adoecimento e morte). Não satisfeito com tais práticas, decidiu voltar a um modo de vida mais natural vindo a compreender o Caminho do Meio. Aos 35 anos, sentado ao pé de uma fícus
religiosa conhecida mais tarde como Árvore Bodhi, atingiu a Iluminação nas proximidades do rio Nairañjana onde atualmente se acha Bodhgaya. Durante 45 anos, ensinou O Caminho a todo tipo de gente, de reis a mendigos e dessa forma seus ensinamentos hoje estão presentes no mundo todo. A palavra Buda significa “o Iluminado” que carrega o sentido de “aquele que atingiu a Suprema Compreensão”. Aos 80 anos o Buda entra em seu parinirvāņa. Faleceu entre duas árvores shala proferindo as últimas palavras: “vayadhamma samkhara, appamadena sampadetha”, isto é, “todas as coisas compostas estão sujeitas a degradarem-se; procurem manter a consciência em alerta”.
DARMA, A DOUTRINA DO BUDA O Darma é o verdadeiro caminho para alcançar a sabedoria e extinguir a ignorância. O Buda ensinou esse caminho por 45 anos e seus discípulos registraram seus ensinamentos, compilando-os em: Sutras, Vinayas e Abidarma (Tratados sobre os ensinamentos) o que veio a compor o cânone budista que recebe o nome de Tripiţaka. O Darma é a Verdade que nos ajuda a superar as dificuldades da vida. É o caminho da verdadeira compreensão e da prática que possibilita a todos o alcance
da Iluminação. Sua essência está contida no Nobre Caminho Óctuplo, que possibilita a cessação do sofrimento: - Compreensão correta - Meio de vida correto - Pensamento correto - Esforço correto - Palavra correta - Plena atenção correta - Ação correta - Concentração correta
SANGA, A CONGREGAÇÃO DE MONGES E MONJAS A Sanga é a congregação de três ou mais monges, que vivem sob um sistema disciplinar organizado, que praticam e ensinam o Darma do Buda. A vida monástica tem por objetivo congregar monges e monjas numa conduta de pureza, perpetuando os ensinamentos do
Buda e transmitindo-os aos seus discípulos. A primeira Sanga surgiu com o Buda, com Kauņdinya – o primeiro discípulo – e mais quatro seguidores, no Parque das Gazelas em Sarnath na Índia. As Sangas são a representação viva do Darma que sustenta o budismo no mundo.
Refugiar-se na Joia Tríplice “Refugiar-se” significa aceitar publicamente o Buda como mestre, o Darma como seus ensinamentos e a Sanga como sua comunidade religiosa. Ao tomar refúgio na Jóia Tríplice, tornamo-nos discípulos do Buda e assumimos o compromisso de não seguir ensinamentos de credos obscuros. A cerimônia é importante, porque marca o início de nosso compromisso com o Buda, o Darma e a Sanga.
PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE O REFÚGIO (Trecho extraído da página 72, Capítulo 6, da obra Budismo Significados Profundos, de autoria do Venerável Mestre Hsing Yün, editado por Escrituras Editora e pela Blia) Preciso me tornar vegetariano? Não. A cerimônia do refúgio na Joia Tríplice demonstra apenas que aceitamos o Buda, o Darma e a Sanga como nossos guias espirituais. Não é necessário assumir nenhum outro compromisso nesse momento — a não ser o de não mudar nossa convicção religiosa daí em diante. Depois de refugiar-me ainda posso mostrar respeito às divindades de outras religiões? Sim. Aliás, é muito importante que os budistas sempre mostrem respeito pelas outras religiões. O ato de se refugiar na Joia Tríplice significa que aceitamos o Buda, o Darma e a Sanga como nossos guias espirituais e que nos comprometemos a não seguir os ensinamentos de credos obscuros. Isso não quer dizer que não devamos mostrar respeito pelas crenças ou símbolos religiosos dos outros. De fato, expressar qualquer coisa que não o maior respeito por outras religiões contradiz fundamentalmente nossas próprias crenças. Apertamos a mão dos seguidores de outras fés e os respeitamos. Da mesma forma, devemos respeitar seus deuses e símbolos religiosos. Nossas crenças podem ser diferentes das deles, mas devemos ter por suas crenças o mesmo respeito que eles têm. Refugiar-se na Joia Tríplice é um simples ato de momento? Não. São necessários alguns minutos para o refúgio na Joia Tríplice. Contudo, esses minutos são o início de um compromisso para toda a vida. No coração e na mente devemos nos refugiar na Joia Tríplice todos os dias. De acordo com os Preceitos da Ioga (ou Preceitos de Bodisatva compilados no Sutra dos Preceitos de Bodisatva), um dia passado sem reafirmar nosso compromisso com a Joia Tríplice equivale a um dia em que tenhamos violado os preceitos da nossa moralidade. Ao reafirmar nosso compromisso todos os dias, estamos reafirmando nossa convicção e aprendendo a não esquecer a importância do que fizemos. O Refugiar-se na Joia Tríplice implica venerar os monges budistas? Não. Refugiar-se implica respeitar os monges, tentar ajudá-los e aprender com eles. Não significa que devamos venerá-los. Qual é o erro mais comum que alguém pode cometer depois de tomar refúgio na Joia Tríplice? Provavelmente, o de respeitar apenas um aspecto da Joia Tríplice. Por exemplo, depois de se refugiar na Joia Tríplice, algumas pessoas respeitam somente o Buda, negligenciando o Darma e a Sanga. Outras respeitam apenas a Sanga, negligenciando o Buda e o Darma. Outro erro comum é respeitar apenas o monge ou a monja que lhes deu refúgio, quando o correto é mostrar respeito a todos os monges budistas, independentemente de suas afiliações.
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PRÁTICAS BUDISTAS
Ilustração / Rodrigo Marreiros
MÃOS POSTAS
PROSTRAÇÕES A genuína forma de prostração envolve, necessariamente, concentração, sendo vã a prostração meramente mecânica. Esta prática pode ser igualmente valiosa se feita em casa, especialmente nos momentos de ansiedade e tensão como forma a dissipar pensamentos conturbados ou conturbadores. Prostrar-se em sinal de reverência ou súplica é uma prática vivenciada pela humanidade desde os primórdios da sua história. Para os budistas, contudo, o ato de prostrar-se é um treinamento de plena atenção, de humildade, de sinceridade e de respeito, e ainda por consequência uma forma saudável de se obter benefícios para a saúde física. É sempre importante frisar que no budismo, a prostração não tem sentido algum de submissão ou de entrega a qualquer entidade externar àquele que se prostra. Quando um praticante realiza a prostração diante de uma imagem ou de um mestre antes de tudo ele estará reverenciando sua própria natureza búdica, natureza de
que todos os seres sencientes são dotados, para ampliar sua capacidade intrínseca de desvendar as ilusões do mundo no qual estamos imersos, o samsara. São várias as intenções que podemos ter ao nos prostrarmos e dentre elas poderíamos citar: 1. Prostração de comunicação mental: objetiva pedir ao Buda por proteção, para que disperse desgraças, para um melhor renascimento para nossos antepassados e ainda para manifestar nossa gratidão. 2. Prostração de respeito: nasce naturalmente do coração sincero por gratidão e respeito à Joia Tríplice (O Buda, o Darma e a Sanga). 3. Prostração por arrependimento: favorece o desenvolvimento da humildade. Eleva as qualidades pessoais refinando nosso temperamento. 4. Prostração desinteressada: a prostração sem espera de qualquer forma de retribuição. Ao prostrarmo-nos, três estágios devem ser considerados. No primeiro, tem-se consciência de cada movimento; no segundo, já não é necessário exercer domínio sobre a ação de prostrar-se; por fim, no terceiro estágio, não há domínio de movimentos nem a percepção de quem se prostra. Sujeito e ação se fundem.
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É um sinal de humildade e respeito em honra daquele que está em frente a nós Os budistas da Escola Maaiana da tradição chinesa têm o hábito de frequentemente usar o gesto de postar as mãos como forma de cumprimento e de agradecimento. Discípulos e mestres, dizem uns aos outros “Omituo Fo!” (em sânscrito, “Buda Amitabha!”), com o intuito também de desejar a todos, votos de muita luz e longa vida, tendo em mente a prática da sabedoria e da compaixão. É ainda um gesto que denota respeito enquanto recitamos sutras e mantras ou quando saudamos eminentes mestres, nas ocasiões mais diversas. É um sinal de humildade e respeito em honra daquele que está em frente a nós, seja pelo conhecimento que nos transmite, por sua vivência ou pelas qualidades virtuosas que cada pessoa ao nosso redor pode nos revelar pelo seu modo exemplar de vida.
CERIMÔNIA YOGACHARA DE OFERENDA ÀS GARGANTAS INCANDESCENTES No dia 2 de dezembro, o Templo Zu Lai realizará este evento, encerrando a celebração de seus vinte anos de existência Coroando o 20º aniversário do Templo Zu Lai e a presença do Budismo Humanista no Brasil, fundados pelo Venerável Mestre Hsing Yün, o templo e a Associação Internacional Luz de Buda (Blia) realizam nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2012 uma série de importantes eventos. Dentre eles a Cerimônia Yogachara de Oferenda às Gargantas Incandescentes que será conduzida pelo Reverendo Mestre Hsing Ting que virá especialmente ao Brasil acompanhado de monges cantores dos Estados Unidos e de outras localidades para encerrar as celebrações comemorativas. A Cerimônia Yogachara de Oferenda às Gargantas Incandescentes remonta aos primórdios do budismo quando Ananda, um dos mais ilustres discípulos do Buda, em concentração meditativa tem a visão do espírito faminto “Boca Incandescente” cujo aspecto era atemorizante. Seu corpo era esquelético, seu semblante horripilante, seus cabelos eram longos e desalinhados, suas unhas eram enormes e afiadas, seu ventre era protuberante, sua garganta era fina como uma agulha e sua boca expelia fogo. Ananda então pergunta a ele qual a razão dessa assustadora aparência ao que o espírito responde ser devido à sua mesquinhez numa vida pregressa. Tinha sido tão ganancioso e jamais se contentado com nada que
acabou por merecer o renascimento no Reino dos Espíritos Famintos no qual se tem essa compleição e também onde lá se vivencia um período infindável de fome além de tantas outras penúrias. Boca Incandescente atemoriza Anda dizendo que dentro de três dias tam-
bém ele deixaria a vida humana tendo que renascer no Reino dos Espíritos Famintos. Em desespero, Ananda corre aos pés do Buda implorando para ser salvo. O Buda Shakyamuni então lhe ensina uma Dharani bem como, formas místicas de conversão de alimentos e bebidas dizendo-lhe que tão logo a recitasse poderia livrar-se do sofrimento daquele reino. Mais ainda, se ao recitá-la em benefício e dedicação dos incontáveis espíritos famintos, mais numerosos do que as areias sob o Ganges, e também para os seres necessitados de todos os Reinos de Existência, ele não só não recairia naquela condição como teria sua vida prolongada e beneficiada por saúde além de ser coberto pelas bênçãos dos guardiões e ter auspiciosidade em tudo na vida. Por tradição, em grandes oportunidades, é comum que os templos budistas realizem esta cerimônia tão especial. Assim sendo, no domingo dia 2 de dezembro, o Templo Zu Lai realizará a Cerimônia Yogachara de Oferenda às Gargantas Incandescentes como último evento de 2012 que dará encerramento à celebração de seus vinte anos.
A CERIMÔNIA SERÁ CONDUZIDA PELO REVERENDO MESTRE HSING TING QUE ESTARÁ ACOMPANHADO DE MONGES CANTORES, ORIUNDOS DOS ESTADOS UNIDOS E DE OUTRAS LOCALIDADES
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CONHECENDO O TEMPLO ZU LAI
OSDEZOITO
ARHATS
O título Arhat (merecedor, honrado, digno, valioso), identifica aquele que seguiu o Nobre Caminho Óctuplo e alcançou a libertação da existência ilusória neste mundo. Ele atingiu “a outra margem” estando liberto para sempre. Nele, os últimos grilhões – inquietude e ignorância, resíduos do apego e de autoilusão –, estão anulados, não estando mais sujeito aos renascimentos e à Lei do Carma. A diferença entre um Arhat e um Buda é que o Buda alcança a iluminação por si mesmo, enquanto o Arhat atinge-a por seguir os ensinamentos de outrem. Entretanto, o Buda é também invocado por este nome. Diz a tradição que o Buda, quando estava para entrar em seu parinirvana (a morte no mundo físico), incumbiu dezesseis destacados Arhats, dentre um grupo de mais de quinhentos, para que cuidassem de seus ensinamentos. O Buda pediu a estes “santos habitantes das florestas” para receberem as oferendas que os leigos lhes fizessem a fim de que todo doador pudesse, com isso, obter méritos. A tradição conta que, para satisfazer este pedido do Buda, os Arhats, por meio de seus poderes sobrenaturais, prolongaram as suas vidas, permanecendo perenemente acessíveis aos doadores. Tradicionalmente apenas dezesseis deles eram comumente retratados, porém na China, durante a Dinastia Tang, mais dois foram incorporados a este grupo, embora haja citações de cinco possíveis pares de nomes para compor o grupo dos dezoito Arhats. Há ainda referência a um grande número de Arhats, encontrada no cânone budista, que relata a participação de quinhentos iluminados no Primeiro Concílio de Rajagrha na Índia, logo após a morte do Buda. Os Arhats são extremamente respeitados por sua grande sabedoria, coragem e por seus poderes sobrenaturais. Devido às suas habilidades em repelir o mal, tornaram-se admirados como os guardiões dos templos, que na sua entrada, posicionam dezoito deles em atenta vigilância e com aparência de vencedores indomáveis. É dito que as primeiras imagens dos dezoito Arhats foram pintadas pelo monge budista Guanxiu no ano de 891. Este monge viveu, onde hoje se localiza a Província de Sichuan. Ele era um exímio pintor, calígrafo e poeta. Por sua habilidade artística, os Arhats o teriam escolhido para que os retratasse, sendo-lhe isto pedido em sonho. Desde então, artistas chineses (pintores, escultores ou ceramistas) têm procurado dar vida a essas importantes e fabulosas figuras, geralmente inspirados nas representações pintadas por Guanxiu. As admiráveis qualidades dos Arhats são relatadas em inumeráveis lendas onde os artistas vão buscar as suas inspirações e como cada um tem seu estilo particular, as representações dos Arhats diferem, de Dinastia para Dinastia, e, de lugar para lugar.
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AS PRIMEIRAS IMAGENS DOS ARHATS FORAM PINTADAS PELO MONGE BUDISTA GUANXIU NO ANO DE 891
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AS IMAGENS DOS DEZOITO ARHATS, AQUI REPRESENTADOS, SÃO:
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1. Pindolabharadvaja (o Arhat montando um cervo) É o principal dentre os dezoito Arhats e o que mais se destaca em imensuráveis virtudes e sabedoria. Aonde quer que alguém faça uma oferenda, ele certamente irá recebê-la, contribuindo, assim, para que o doador possa obter méritos. Antes de se tornar monge, Bharadvaja ocupava importante posição no reino de Udayana, sendo pressionado pelo rei para não ingressar na vida monástica. A fim de se desvencilhar dessa pressão, embrenhou-se nas montanhas. Certo dia, já monge, reapareceu no palácio montando um cervo quando foi reconhecido pelos soldados como sendo o Bharadvaja. Ele tinha voltado com a intenção de convencer o rei a que também seguisse o Buda. Para isso, Pindolabharadvaja valeu-se de alegorias e de vários ensinamentos, mostrando ao rei quão prejudicial é nos deixarmos levar pelos desejos. Encorajado, o rei abdicou do trono, deixando-o ao príncipe, acompanhando Bharadvaja para também se unir à Sanga. 2. Subinda (o Arhat segurando um pagode) Foi o último discípulo a ser aceito na Sanga do Buda. Por não ter tido oportunidade de ouvi-Lo por muito tempo, Subinda passou a carregar consigo um pagode (relicário) que, para ele, representava a presença do Mestre. Ele retinha profundamente na memória os ensinamentos do Buda e inspirava a todos a que cultivassem virtudes. Segurar o pagode representa o alcance da budeidade. 3. Vanavasin (o Arhat na folha de bananeira) Depois de ter renunciado à vida comum no mundo, ele meditava, diligentemente, sentando sob uma bananeira, esquecido do ruidoso mundo exterior. Sua mente estava sempre em paz, sem ser perturbada por preocupações.
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4. Kanakavatsa (o Arhat bem-humorado) Era um destacado mestre de shastras (tratados). Ao ser questionado sobre o que seria a felicidade, respondia que ela era a alegria que surge tanto do contato dos sentidos (da audição, da visão, do olfato, do paladar e do tato) com o mundo exterior como das suas decorrentes sensações. Quando questionado sobre o que seria o contentamento, respondia que ele era a alegria que surgia sem a utilização do ouvido, do olho, da língua, do nariz e do corpo. Sempre que debatia e ensinava, sorria, tornando-se famoso por gostar de analisar a questão da felicidade. Transmitia os ensinamentos do Buda, de acordo com a necessidade e a conveniência de cada um, irradiando para todos a alegria do Darma. 5. Nakula (o Arhat sentado serenamente) Foi um vigoroso guerreiro que depois de se tornar monge alcançou o estado de Arhat. O mestre ensinava-o a meditar pedindo-lhe que abandonasse seu caráter belicoso. Seu vigor era percebido não só pelo seu porte, como também pela sua concentração meditativa. Durante a meditação, ficava profunda e plenamente absorto na busca da Verdade. Depois da sua iluminação, se tornou um destacado mestre na transmissão da Darma. 6. Bhadra (o Arhat atravessando o rio) Seu nome está relacionado à preciosa árvore Bhadra, considerada na Índia antiga como auspiciosa. Para que se tornasse monge, sua própria mãe o conduziu até a comunidade mo-
nástica (Sanga). Foi ele quem levou o budismo para as ilhas do leste asiático. De barco migrou para Java, na Indonésia, levando o Darma (ensinamentos do Buda) sendo, por esta razão, conhecido como o Arhat que atravessa o rio (possivelmente uma alusão a cruzar o oceano). Tal como a libélula que atravessa o rio com suaves toques na superfície da água, Bhadra é sempre majestoso e sereno e assim, ele transcende o ilimitado oceano de sofrimento do samsara. 7. Rahula (o Arhat em profunda contemplação) Ainda menino, deixou o lar para se tornar um monge. Na Sanga (comunidade monástica), era o monge mais jovem, o mais destacado na prática da tolerância perante os insultos e o mais perseverante na discreta prática pessoal. 8. Chudapanthaka (o Arhat que aguarda à porta) Certa vez, durante as suas rondas de mendicância, por ser abrutalhado, quebrou uma porta quando nela batia, sendo obrigado a repará-la. O Buda deu-lhe, então, um cajado com argolas (que faziam barulho ao serem chacoalhadas) recomendando-lhe que o usasse ao invés de bater às portas. Caso tivesse vínculos com o morador este o atenderia, caso contrário deveria seguir adiante, até a porta da próxima casa. 9. Mahakashyapa ou Nandimitra (o Arhat domando o dragão) Há duas referências sobre a imagem deste Arhat. Uma delas é que ele seria Mahakashyapa, um dos dez mais destacados discípulos do Buda, que ficou famoso por causa do episódio ocorrido na assembleia do Pico do Abutre; aquele no qual o Buda exibiu uma flor sem nada dizer. Apenas Mahakashyapa sorriu, por ter compreendido que a Verdade aflora na mente e que as palavras nunca podem expressá-la plenamente. Tal episódio é considerado como o desabrochar da Escola Chan (zen) na qual Mahakashyapa é considerado o Primeiro Patriarca. A outra referência diz ser Nandimitra, citado no Nandimitravadana, onde o Buda predisse que oitocentos anos após sua morte, no Sri Lanka, viria a existir um monge iluminado (Nandimitra), que destacaria a importância dos dezesseis Arhats escolhidos pelo Buda. Por esta razão, no budismo chinês, Nandimitra passou a ser reverenciado e incluído no grupo dos primeiros Arhats. Diz a lenda que, certa vez, um malvado naga (espécie de serpente aquática) teria inundado a cidade de Nagarahara, na antiga Índia, a fim de levar as preciosidades dos templos para o fundo do mar, as quais só poderiam ser resgatadas por um monge iluminado. Esta lenda explicaria o Arhat domando o dragão. 10. Ajita (o Arhat de longas sobrancelhas) Em sua vida anterior, dedicava-se à pratica religiosa sem, contudo, ter alcançado o fruto da iluminação e morreu tão velho que tinha longas e brancas sobrancelhas. Diz a lenda que ele, na época do Buda, já nascera com longas sobrancelhas e que seu pai, tendo ouvido alguém dizer que ele tinha a aparência de um Buda, o teria levado para a Sanga e nesta vida como monge, Ajita atingiu o estado de Arhat. 11. Vajraputra (o Arhat persuasivo) Foi um caçador que, depois de ter aprendido os ensinamentos do Buda, deixou de matar por respeito à vida. Devido a sua verdadeira e profunda prática dos ensinamentos, alcançou o estado de Arhat. Diz a tradição que um leãozinho
sentindo toda a sua compaixão, dele se aproximou para lhe agradecer por ter abandonado a vida de caçador ao seguir os passos do Buda. O leão, por seu forte rugido, representa a força do Darma. Ao ensinar, Vajraputra persuadia os demais a cultivar a budeidade, dando igual importância à prática e à compreensão dos ensinamentos. 12. Panthaka (o Arhat erguendo os braços) Devido ao seu gesto habitual de levantar os braços para se alongar após a meditação, Panthaka ficou conhecido como o Arhat que levantava os braços. 13. Jivaka (o Arhat expondo o coração) Ao abrir o próprio peito exibindo o coração, Jivaka revelava aos seres sencientes que, se pudessem manter a pureza do coração (mente), abstendo-se do mal e trabalhando arduamente na prática do bem, não seriam diferentes do Buda e o seu coração (mente) seria o coração de um Buda. 14. Nagasena (o Arhat limpando o ouvido) Seu nome, composto das palavras “naga” (dragão mitológico) e “sena” (exército), significa “batalhão de dragões” transmitindo a ideia da força e dos poderes do Darma. Nagasena é célebre devido aos seus discursos sobre a purificação do sentido da audição, sendo esta sua prática (não dar ouvidos à mentira, difamações, insultos, bajulações, fofocas, etc), a mais destacada. 15. Angaja (o Arhat carregando um saco) Desprendendo-se de todas as preocupações, Angaja não se deixava influenciar por fama, posse, perda, ruína ou qualquer outro agente externo. Ele era compassivo e adaptável, independentemente de quais fossem os eventos ou ruídos, do mundo exterior. Alegre, ele sempre estava leve como o saco que carregava às costas. Conta-se que Angaja capturava serpentes, carregando-as em um saco para soltá-las nas montanhas mais remotas, a fim de que não ferissem ninguém. 16. Maitreya (o Arhat subjugando o tigre) Ele progrediu no cultivo da sabedoria e da compaixão, vindo finalmente a superar o tigre feroz que habitava seu interior (os desejos, a cobiça, a raiva e o ódio existentes na mente). Diz-se que Maitreya foi um nobre general do reino de Kaushambi (ou Kosambi) e que, por estar sempre reverenciando o Buda, foi estimulado pelo rei a se tornar um monge. Já na vida monástica, por compaixão, costumava alimentar os tigres da redondeza e estimulava os outros monges a que também o fizessem. Desta forma, os tigres, deixavam de representar uma ameaça. 17. Kanakabharadvaja (o Arhat erguendo a tigela) Ao mendigar sempre erguia a sua tigela aceitando qualquer doação sem descriminá-la, conferindo assim méritos àquele que a fazia. Ele ensinava o Darma por meio de suas bondosas palavras e de suas ações altruísticas, tendo igual compaixão por todos. 18. Kalika (o Arhat montando o elefante) Antes de ingressar na vida monástica, Kalika tinha sido um adestrador de elefantes. No budismo, o elefante é símbolo da força que suporta as mais duras tarefas e da capacidade de percorrer longas distâncias, por isso, ele está associado ao vigor do Darma. Após ter se ordenado monge, Kalika alcançou o estado de Arhat.
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DIA DE SANGA
AS MESTRAS DO TEMPLO ZU LAI EXPLICARAM A ORIGEM DA CELEBRAÇÃO DO DIA DA SANGA, TAMBÉM DENOMINADO COMO O “DIA DA ALEGRIA DO BUDA”
O Templo Zu Lai realizou no dia 26 de agosto às 10h, a celebração do Dia da Sanga (comunidade monástica) encerrando o período de dois meses de recitações de sutras em memória dos antepassados e em honra aos vivos, período este em que os discípulos e benfeitores do templo ofereceram doações para a subsistência da Sanga. Naquele dia as mestras do Templo Zu Lai explicaram aos presentes, quais foram as condições que deram origem à celebração do Dia da Sanga, também denominado como o “Dia da Alegria do Buda” quando, há cerca de 2500 anos atrás, o Buda se alegrava com o fato de muitos de seus discípulos (bhikshus e bhikshunis) alcançarem a Iluminação durante o retiro da época das chuvas na Índia. Elas também registraram e agradeceram o incansável esforço da Ordem Monástica Fo Guang Shan, da qual o Templo Zu Lai faz parte, pelo trabalho que seus mais de 1200 monges e monjas espalhados pelo mundo têm realizado em prol da propagação dos ensinamentos do Buda. Foi então recitado o Sutra Ullambana, no decorrer da cerimônia, o qual exalta os méritos de se fazer oferendas à Sanga.
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Ao término da cerimônia, na qual compareceram centenas de devotos, as mestras e discípulos puderam saborear, ainda na Sala do Grande Herói (templo principal dedicado ao Buda Shakyamuni), um delicioso almoço em bentô (marmita oriental), ao mesmo tempo em que tiveram início às apresentações artísticas. Dentre as apresentações, tivemos o Coral Bodhi, composto pelos membros da Associação Internacional Luz de Buda, o Coral Filhos de Buda, integrado por crianças e jovens assistidos pela Fundação Filhos de Buda (mantida pelo templo em Cotia- SP), o Coral Tathagata, integrado pelos discípulos e voluntários do templo. Além dos corais, a plateia foi presenteada com músicas clássicas chinesas ao vivo, além de shows infantis e de dança, com convidados especiais. No período da tarde, a partir das 14 horas, teve início a Cerimônia da Contemplação Trípla do Buda Amitabha, com dedicação geral dos méritos gerados pelas recitações feitas durante aqueles dois meses e tendo sido também realizada a Cerimônia de Arrependimento em Retribuição à Generosidade aos Antepassados.
AS CERIMÔNIAS NO TEMPLO ZU LAI Atendendo solicitações dos leitores publicamos nesta edição a agenda das cerimônias que são regularmente realizadas pelo templo. Em ocasiões especiais em que são necessárias alterações na programação elas são previamente informadas em nosso site: www.templozulai.org.br. No budismo, as cerimônias visam a rememoração dos ensinamentos do Buda por meio da recitação de Sutras milenarmente preservados pelas Sangas das várias tradições. Dentro da tradição Maaiana da qual o templo faz parte, seguimos o rito milenar da oferenda de incensos, da recitação de gathas (versos) de abertura de Sutras, circunvoluções com recitações, prece de oferendas, culto aos antepassados, refúgio na Joia Tríplice (o Buda, o Darma e a Sanga) e recitação do gatha de transferência dos méritos. Ao final da cerimônia, o mestre aborda algum ensinamento relacionado à prática do dia.
DIA DA SEMANA: TODOS OS DOMINGOS HORÁRIO: DAS 10H ÀS 12H30 LOCAL: SALA DO GRANDE HERÓI OFICIANTE: MESTRES CONTRIBUIÇÃO: ESPONTÂNEA
DIAS: 1º E 3º SÁBADO DO MÊS
DATA: JANEIRO A DEZEMBRO
DATA: JANEIRO A DEZEMBRO
HORÁRIO: DAS 15H30 ÀS 16H30
DIAS: DOMINGOS
DIAS: DOMINGOS
HORÁRIO: DAS 10H ÀS 12H30
HORÁRIO: DAS 10H ÀS 12H30
LOCAL: SALA DO GRANDE HERÓI
LOCAL: SALA DO GRANDE HERÓI
LOCAL: SALA DO GRANDE HERÓI
CERIMÔNIA DE RECITAÇÃO CONTEMPLATIVA Nos 1º e 3º sábados de cada mês, o Templo Zu Lai realiza a Cerimônia de Recitação Contemplativa, exclusivamente em português, com o propósito de dar, a todos, a oportunidade de ouvir e melhor compreender os ensinamentos do Buda Shakyamuni. Obs.: Lembramos aos discípulos, que já tenham tomado refúgio na Joia Tríplice, para que tragam suas vestes cerimoniais.
RECITADA EM PORTUGUÊS
OFERENDA DE LUZES* Lamparinas são símbolos de luz e de sabedoria e também uma das importantes oferendas nas práticas budistas. Acender lamparinas para “iluminar” os demais e a nós próprios é uma prática que nos estimula na busca do fim de nossa ignorância propiciando consequentemente a ampliação de nossa sabedoria e de nossos méritos. (*) Datas a serem divulgadas oportunamente
CERIMÔNIA DE ARREPENDIMENTO DA “GRANDE COMPAIXÃO DOS MIL BRAÇOS E MIL OLHOS”* A Cerimônia de Arrependimento da Grande Compaixão dos Mil Braços e Mil Olhos baseia-se no texto do Sutra Dharani Maha-Karunika-chitta. É uma das mais solenes e das mais realizadas cerimônias da tradição Maaiana desde a dinastia Song. Inclui reverências, prostrações, oferendas e circunvoluções. Tradicionalmente todo segundo domingo de cada mês o Templo Zu Lai realiza esta cerimônia para que exercitemos a prática do arrependimento de erros que tenhamos cometido com nosso corpo, nossa fala e nossa mente. (*) Datas a serem divulgadas oportunamente
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LIVRO
“QUANDO PERCEBEMOS QUE VIVEMOS, TODOS, NA MESMA COMUNIDADE, PODEREMOS ABRIR MÃO DO NOSSO UNILATERAL SENSO DE “EU” E NOS PREOCUPAR UNS COM OS OUTROS. QUANDO SOUBERMOS QUE SOMOS TODOS “UM”, PODEREMOS VER QUE OS SERES VIVOS SÃO IGUAIS E O DIREITO À VIDA DE TODOS DEVE SER RESPEITADO”.
Budismo para todos O Templo Zu Lai lançou neste mês de outubro, a mais um título em português: Budismo para todos - um guia para a prática do tríplice treinamento. A obra, de autoria do Venerável Mestre Hsing Yün, foi traduzida por Lúcia de Sousa Porto Gilioli, com revisão técnica da mestra Miao You e do professor Moacir Mazzariol Soares e que foi publicada pela Escrituras Editora, aborda os temas da “Moralidade”, da “Concentração Meditativa” e da “Sabedoria” como base da prática budista. Os textos reforçam o ideal do Venerável Mestre Hsing Yün, ao difundir o conceito de um Budismo Humanista no mundo. Ele demonstra que é partir das nossas atividades do dia a dia que efetivamente praticamos o budismo, encorajando não só os discípulos do Monastério Fo Guang Shan do qual faz parte o Templo Zu Lai, a gerar as condições necessárias para que todos os seres humanos tenham a efetiva oportunidade de estudar e praticar os ensinamentos do Buda Shakyamuni. Em Budismo para todos, o Venerável Mestre Hsing Yün nos mostra que o caminho para uma vida saudável, tranquila e repleta de sabedoria começa com a ajuda ao outro. Com graciosidade e cativantes narrativas, Budismo para todos nos ensina de que forma “o fazer a coisa certa” pode permitir que sejamos livres; de que forma a meditação pode desobstruir nossas mentes e de que forma a sabedoria pode penetrar cada área de nossas vidas levando-nos à iluminação. O Venerável Mestre Hsing Yün é um monge budista que, por mais de 70 anos, tem passado sua vida monástica trabalhando na promoção do Budismo Humanista. É fundador da Ordem Budista Fo Guang Shan que mantém templos na Ásia, Austrália, Europa, África e Américas. É autor de muitas obras, como por exemplo, Cultivando o bem, Budismo significados profundos e Budismo conceitos fundamentais.
Cultivando o bem, Budismo significados profundos e Budismo conceitos fundamentais, são algumas das obras do Venerável Mestre Hsing Yün
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SAÚDE E LONGEVIDADE
SE ALIMENTAR DE FORMA CORRETA INCLUINDO FRUTAS NA DIETA E A PRÁTICA DE ATIVIDADES COMO A MEDITAÇÃO AUXILIAM EM UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL
Nosso corpo está sujeito aos desgastes que ocorrem com o tempo, e requer cuidados para seu funcionamento preservada
Para desvendar o segredo da longevidade, o ser humano, desde a antiguidade, não mede esforços na busca de uma fórmula milagrosa para essa proeza. Então, qual a maneira correta para se ter uma vida mais saudável e se alcançar o caminho da longevidade. Todos já ouvimos dizer que o corpo humano assemelha-se a “uma das máquina mais bela e complexa que existe”. Essa analogia, um tanto quanto poética, trás em si alguma verdade. A maioria de nós tem a felicidade de nascer com plena saúde, sem doenças congênitas, mas é importante que estejamos atentos e desenvolvamos certos cuidados para mantê-la. Da mesma forma que as máquinas, nosso corpo também está sujeito aos desgastes que ocorrem com o tempo, e também requer cuidados para que sua duração seja prolongada e a qualidade de seu funcionamento preservada. Adoção de uma die-
ta saudável, a prática regular de exercícios físicos, o monitoramento constante das condições gerais do corpo e um estado mental positivo são formas eficazes de prevenção de doenças e de envelhecimento precoce. Lembre-se de que o processo de envelhecimento é inevitável, não existe mágica para evitá-lo, no entanto, as comorbidades comumente associadas a ele o são. Resta, portanto, encontrar meios de torná-lo mais lento, mais tardio e passível de ser aceito com toda dignidade. Montar um programa de manutenção da saúde é como fazer uma receita de bolo, onde não podem faltar ingredientes e isso envolve vários aspectos. Além dos já citados, destacamos, por exemplo, o acompanhamento médico, a atividade física, a orientação nutricional, as noites bem dormidas, a redução do estresse e acercarmo-nos de profissionais competentes e comprometidos com a saúde.
As atividades físicas trazem uma série de benefícios para a saúde e podem reduzir o risco de doenças cardíacas, artrite e outras 14 BUDISMO HUMANISTA NOVEMBRO 2012
CONFIRA ALGUMAS DICAS FUNDAMENTAIS PARA PROLONGAR A VIDA E VIVER COM SAÚDE E FELICIDADE 1. Alimentação saudável Esta deve incluir produtos capazes de fornecer ao organismo, quantidades adequadas de nutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras). Num cardápio equilibrado devem constar frutas, legumes, verduras, alimentos ricos em vitaminas A, C e E, pois podem ajudar a combater o envelhecimento, com a eliminação dos radicais livres. Cenoura, batata-doce, abóbora, espinafre, brócolis, vegetais folhosos verde-escuros são ricos em vitamina A. Os alimentos ricos em vitamina E são, os óleos vegetais, abacate e brócolis. Os alimentos que contém vitamina C são as frutas cítricas, morango, kiwi, mamão papaia entre outros. 2. Exercícios físicos para melhorar o humor Quanto ao tipo de atividade aeróbica a ser realizada, recomenda-se a prescrição de atividade de baixo impacto, como a caminhada, o ciclismo, a natação, a hidroginástica, a dança, a ioga, o tai chi chuan e dança aeróbica de baixo impacto. As atividades físicas trazem uma série de benefícios para a saúde e podem reduzir o risco de doenças cardíacas, artrite e outras. Mas a melhor notícia é que ela pode melhorar o humor. Um estudo descobriu que, para pessoas deprimidas, o exercício foi tão eficaz quanto a medicação antidepressiva. 3. Controle de fatores de riscos Quem já é portador de hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto deve compreender que o controle destas doenças é essencial para evitar suas complicações. Orientação médica regular e continuada é a melhor estratégia para controlá-las realizando exames de dosagens de glicose, colesterol e triglicerídeos que devem ser feitos ao menos duas vezes ao ano. 4. Manter atitude positiva Estudos comprovaram que pessoas que
mantêm atitudes positivas produzem maior quantidade de anticorpos contra a gripe. Outro estudo mostrou que pessoas que vivem em estado radiante fabricam mais anticorpos em resposta à vacinação. Os pesquisadores não são claros sobre a conexão, mas sabem que o cérebro se comunica com o sistema imunológico e vice-versa. 5. Pratique alguma atividade ao sol Apenas 15 a 20 minutos diários de exposição à luz solar (sempre com uso de protetor solar) podemos fornecer ao nosso corpo a quantidade necessária diária de vitamina D. A substância ajuda a combater diabetes, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, pressão arterial alta e talvez até mesmo o resfriado comum. Mas não exagere, pois muita exposição ao sol pode aumentar o risco de câncer de pele. 6. Ingerir cálcio Muitas pessoas não consomem a quantidade suficiente de cálcio, que ajuda a prevenir a osteoporose, por meio da dieta. Mulheres com idades entre 19 e 50 anos devem ingerir diariamente 1.000 miligramas ou comer de 3 a 4 porções de alimentos ricos no mineral (tomado com vitamina D para a sua absorção). 7. Ingerir água Oito copos ou o equivalente a dois litros de água por dia. 8. Consulte o seu dentista Saúde bucal é mais do que manter apenas os dentes bonitos. Em particular, a doença periodontal está ligada a um maior risco de doenças cardíacas e diabetes. Então visite seu dentista. 9. Bons relacionamentos Os bons hábitos de outras pessoas podem ser contagiantes. Estudos sugerem que uma série de fatores, como a felicidade que é exteriorizada, a obesidade, o hábito de fumar e até mesmo a solidão, são fortes influencias de pessoas que nos circundam. Portanto, seja seletivo quanto às suas relações de amizade. 10. Exercite seus ossos Exercícios como caminhar, dançar ou fazer levantamento de peso podem manter
os ossos fortes e saudáveis. Especialistas recomendam pelo menos duas horas e meia por semana, desses tipos de práticas. 11. Controle o seu estresse Estresse não é algo apenas desagradável, mas também pode prejudicar nossa saúde, aumentando inflamações no corpo e os riscos de doenças cardíacas. 12. Consuma um pouco de gengibre Durante séculos, o gengibre tem sido usado no tratamento de uma gama de problemas estomacais. Os pesquisadores acreditam que seus compostos estimulam as secreções digestivas e melhoram o tônus muscular intestinal. 13. Coma bananas Ou coma outro alimento rico em potássio e pobre em sódio, como uma batata cozida com a pele ou um abacate. Esses tipos de alimentos, além de ajudarem na perda de peso e nos exercícios, podem manter nossa pressão arterial sob controle. 14. Faça do sono uma prioridade O sono pode ser o último em sua lista, mas talvez seja hora de movê-lo o começo dela. Novas pesquisas sugerem que a falta de sono pode perturbar o controle de açúcar no sangue e aumentar o risco de diabetes tipo 2. 15. Lave as mãos Este hábito é a atitude número na prevenção de doenças como resfriados, além de manter longe outros problemas como infecções por bactérias e vírus. 16. Viver com objetivos Pesquisas mostram que pessoas que são felizes e têm um propósito na vida são menos propensas a desenvolver comprometimento cognitivo e o mal de Alzheimer. 17. Hábitos saudáveis Não fume, não se intoxique, evite bebidas alcoólicas, não consuma sal e tampouco açúcar em excesso.
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PALAVRA DO VENERÁVEL MESTRE HSING YÜN
VIVA CORAJOSAMENTE
O CAMINHO PARA A FELICIDADE Não existe ninguém no mundo que não esteja procurando alguma forma de felicidade. Há quem acredite que dinheiro traz felicidade, mas esquecendo de que ele também pode trazer sofrimento e dor. Como diz o ditado chinês: “Pessoas morrem por dinheiro.” E é verdade que os ladrões geralmente matam por dinheiro. Na China, durante a Revolução Cultural (1966-1976), muitos dos que foram perseguidos eram pessoas abastadas. Às vezes, o sofrimento que os ricos têm de suportar é muito pior que o dos pobres. Há também quem acredite que o amor é a fonte da felicidade. O amor é lindo, mas pode trazer sofrimento. Incontáveis tragédias acontecem neste mundo como resultado da incapacidade que certas pessoas apresentam de ultrapassar a barreira do amor. Muitas, devido a problemas na vida amorosa, acabaram arruinando sua carreira e sua reputação. E o que é pior é que alguns chegam a se
matar por causa de amor. Muitos acreditam que fama traz felicidade — pensando que os famosos têm uma habilidade especial de realizar suas ambições. No entanto, não são poucas as pessoas em posição de destaque que falham em beneficiar os menos favorecidos e só se importam com seu próprio status. Assim, perdem o apoio do público e, às vezes, de si mesmos. Há quem pense que é possível encontrar a felicidade nos estudos acadêmicos. Na maioria das vezes, porém, quanto mais as pessoas estudam e se aprofundam, mais intensos se tornam seu apego e discriminação, o que acaba trazendo problemas à mente. Assim, em vez de resultar em felicidade, os estudos podem tornar-se um beco sem saída. Onde, afinal, podemos achar essa felicidade que tanto buscamos? Primeiramente, precisamos nos dar conta de que a felicidade está em nosso coração. O contentamento, a tolerância, a sabedoria
e a fé são fontes internas de felicidade. Em segundo lugar, a felicidade reside na afeição e na honra genuínas. Tratar os outros de modo sincero e íntegro traz felicidade. Em terceiro lugar, a felicidade existe em relacionamentos de amizade entre o “eu” e os outros. Ninguém pode viver sem amigos — a amizade proporciona apoio e boa vontade ao longo da nossa vida. Em quarto lugar, felicidade é liberdade. Se pudermos ver através dos fenômenos do mundo e nos libertar de problemas e sofrimentos, então a felicidade pode ser realizada. Dinheiro não significa infelicidade — desde que saibamos fazer bom uso dele e não nos deixemos escravizar, o dinheiro poderá trazer felicidade. Da mesma forma, o amor pode trazer felicidade — mas apenas se for puro e sublime, e não sujo e interesseiro. Posição social também pode ser fonte de felicidade, desde que suas conquistas sejam compartilhadas e beneficiem não só à própria pessoa, mas também aos demais. Não deveríamos buscar apenas os prazeres sensuais da vida — ver coisas belas, ouvir sons maravilhosos, sentir suaves fragrâncias, provar deliciosos sabores e sentir os confortos físicos —, pois a felicidade sensorial é momentânea e ilusória. Precisaríamos buscar, isso sim, a alegria do desapego — o que significa nos desapegar dos cinco sentidos. Devemos “cultivar nossa mente bodhi (iluminação), sem apego, para alcançar a verdadeira felicidade”. Somente quando tivermos a verdade e a alegria do Darma em nosso coração e descobrirmos o tesouro que reside dentro de nós seremos capazes de conquistar a felicidade duradoura.
Extraído do livro O Valor da Verdade, Escrituras Editora, São Paulo, 2006, tradução de Beatriz Cortés Gómez