20 anos arte e cultura issuuu

Page 1



Walcirlei Cesar Siqueira



“Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar.” Vincent Van Gogh

W. SIQUEIRA “Transformo o Invisível”

5


Informações Bibliográficas I Edição - Janeiro / 2014 Titulo: 20 anos Arte e Cultura Autor: Walcirlei Césa Siqueira Tiragem: 1000 exemplares Arte da Capa e diagramação: Marcelo Hanickel Correção Ortográfica: Fatima C. Daniel Felix Numero de páginas. 106 páginas Edição do autor

6


DEDICATÓRIA DEDÍCO ESSE TRABALHO, DA MINHA “VIDA”, A MINHA FAMILIA;

PAI: JOSÉ MARQUES, poeta da natureza; MÃE: MARIA INÊS, dedicada a sua fé; IRMÃ: WANIA, cuidadora da família; IRMÃO: WAGNER, exemplo de amigo; IRMÃO: WESLEY, observador das coisas; IRMÃ: DAIANA, carinho e conquista;

Aos cunhados Nei e Marcelo, folgados; e a cunhada Renata, linda e sensata;

E AS CRIANÇAS: GABRIEL, VINICIUS E MARINA: alegria de viver;

Dedicação especial a Ana Caroline F. de Siqueira, MINHA FILHA: MINHA LUZ.

7


ÍNDICE DEDICATÓRIA.............................................................................. 7 TEXTO PAULO CHEIDA SANS................................................... 10 TEXTO JOSÉ RAVANELLI.......................................................... 12 CURRICULUM RESUMIDO........................................................ 14

SÉRIES: XADREZ: OS PRIMEIROS LANCES DE UM ARTÍSTA ��������������� 20 CAMINHANDO ENTRE A ARTE................................................. 26 HORÓSCOPO CHINÊS.............................................................. 43 GRANDES MESTRES................................................................. 52 12 HORAS.................................................................................. 60 ANA - XILOGRAVURAS.............................................................. 73 EXPOSIÇÃO DE ARTE - 13........................................................ 84 AMOSTRAS DO GRUPO DE ARTE OLHO LATINO ������������������ 88 VÍDEO ARTE............................................................................... 97 ESCULTURAS E OBJETOS........................................................ 98 FOTOMONTAGEM................................................................... 100 AGRADECIMENTO................................................................... 110 8


O inĂ­cio - em 29 abr 1994

O artista e sua obra - em 4 mai 2012 Em 2014 completa 20 anos

9


Walcirlei Siqueira: O Batalhador Incansável das Artes É com muito prazer que escrevo essas palavras de apresentação desse livro que comemora 20 anos de carreira artística de Walcirlei César Siqueira. Aliás, também conheço o artista há quase 20 anos, desde a época em que ele cursou Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, no qual se formou em 1997. Por isso, peço licença para escrever em forma coloquial, como um breve depoimento. Nessa Universidade, tive a satisfação de ter sido seu professor nas disciplinas de Plástica, Pintura e Gravura. Como professor, acho que tenho uma espécie de intuição em perceber alunos com vocação artística. Nesse sentido, a meu ver, o Walcirlei como aluno já se destacava em sua turma como um artista promissor. Isso não é simples de perceber porque não se trata somente da produção em sala de aula como aluno, criando os trabalhos e temas das aulas e desenvolvendo o embasamento necessário e característico que são oferecidos e exigidos pelas disciplinas. Para ser artista é necessário um “algo” a mais. Não somente saber produzir e realizar “belos” trabalhos, mas estar em constante vibração com o cotidiano e com o sentimento que une o “eu” e o “universo”. Ser professor no sentido de professar, educar, não se restringe à sala de aula. O professor é aquele que fora da sala de aula emana também o seu conhecimento na área. Como diria Rubem Alves: “Professor é confessar-se de si ao seu mundo, seu palco.” Quando o aluno consegue captar a importância dessa “conversa” informal com o professor e sabe assimilar o “conhecimento” com sabedoria e vocação, certamente, ele crescerá muito mais do que aquele aluno que se restringe à sala de aula e não se interessa ou não percebe a importância do professor enquanto profissional. Claro que os assuntos referentes à formação de educador e artista são importantes e necessários tanto dentro quanto fora da sala de aula. Percebia facilmente o brilho nos “olhos” do Walcirlei, principalmente quando eu comentava sobre exposições, curadoria, crítica de arte e assuntos do meu dia a dia como profissional na área de Artes que, mesmo 10


não estando em sala de aula, despertavam seu interesse. Seu “olhar” transmitia esperança e “amor” à carreira artística. Para mim foi notório que o jovem Walcirlei estava se profissionalizando rapidamente porque pude contar com o seu auxílio na organização de exposições e do Salão de Artes do Curso. Ele transbordava a sua liderança entre os alunos. Era uma liderança sutil, feita de amizade e de respeito para com todos. Com a sua dedicação como Presidente do Diretório dos alunos do Curso, o Salão de Artes acontecia. Nessa época, ele já parecia um veterano em organizações de exposições, em acompanhar a seleção e premiação e também em saber trataras diversas reações dos alunos participantes. É o aprendizado pela experiência. Soube lidar tranquilamente com os serviços e obstáculos inerentes a essas organizações. A sua produção como aluno já demonstrava que tinha uma conduta criativa peculiar e que já tinha embasamento sobre técnicas diversas e conhecimento de materiais. Era destemido e sabia que podia contar com ele se acontecesse alguma proposta de realização de obras de grande porte. Ele trabalhava tanto o pequeno como o grande formato com a mesma desenvoltura. A sua temática pessoal foi sendo burilada como parte integrante de sua “vida”, dos acontecimentos, das alegrias e dos entraves naturais de seu dia a dia. Walcirlei sempre procurou se enriquecer como profissional, fazendo cursos e se especializando em seus estudos. Como educador, ele sabe que a motivação para a Arte tem também que estar fora da sala de aula. Tanto como professor quanto como coordenador ou desenvolvendo o seu trabalho na Direção da Escola, ele mantém o seu profissionalismo em valorização da Arte e da cultura. Há alguns anos pude observar na Escola em que ele lecionava como era querido pelos alunos. Walcirlei tem muito carisma como professor. Isso é nato, faz parte dele, da pessoa. Isso não se ensina e não se aprende. É por vocação. Achei necessário abordar um pouco sobre o artista como educador e como pessoa ao ler em seu catálogo digital intitulado “13” a seguinte frase:”... minha intenção sempre foi a de provocar e brincar com as possibilidades criadoras do meu ser e do meu tempo”. Continua: “Dessa forma cresço primeiro como ser humano e depois como artista, ou vice-versa, sei lá”. Isso me fez lembrar as palavras de Rubem Alves que diz: “O artista só consegue obrar o que tem vida. Não porque ele seja capaz de fazê-la. Mas porque é alguém que nela consegue mergulhar”. 11


É um crescimento intrínseco: do criador e da criação. É a entrega total do artista para a sua criação. A sua obra “cresce” esteticamente e o seu “criador” se fortifica interiormente. É a simbiose entre o criador e a obra criada. Talvez por isso que Michelangelo quando esculpiu “Moisés”, fitou-o e disse: “Parla!”. No início, mencionei ser necessário ter um “algo” a mais para ser artista. É justamente isso que quis dizer: ser artista é dar “vida” ao que se faz. É mergulhar de corpo e alma para se criar. É aflorar a sensibilidade à flor da pele com sinceridade, autenticidade e talento. Walcirlei é assim quando faz suas obras. Isso é seu ponto de partida para criar, para estabelecer o seu rumo de produção, a sequência de série a ser criada, enfim, ele busca, no momento de sua criação, a interação do seu mundo e do universo. Por isso cresce como ser humano e a sua obra o embasa como combustível para esse crescimento. Walcirlei investiga o perceptual e a relação imagética do ser humano no âmbito da força, razão, energia, assim como compôs a série“Xadrez: os primeiros lances de um artista”. A relação do jogo com a mente humana, coadunando a figura e a abstração, criou meandros com focos para o espiritual, a crença, o biológico e toda a sorte de plenitude que envolve o ser humano. Diria que a sua criação é uma viagem ficcional que parte da realidade para um mundo a ser decifrado. Cria obras enigmáticas, compondo-as numa espécie de jogo, cujas regras o artista tenta decifrar valendo-se do figurativo e do senso abstrato, no sentido orgânico como na série “Caminhando entre a Arte” ou em esquema mais geométrico como nas obras e vídeo “Hiper Cubos”. Faz das formas geométricas construções simples que causam surpresas inesperadas pela quantidade sequencial dessas formas. Consolida no todo um complexo que alia o geométrico e o figurativo, assim como a “razão” e a “intuição” convivem em suas temáticas. Sua obra “Fênix” e sua gravura para a exposição “Agregados” mostram a busca incessante do artista em contrastar o branco e o preto nos recursos cada vez mais expressivos, alcançando um ápice salutar de espontaneidade plástica. A série de xilogravuras “Ana”,dedicada à sua querida filha, inspiração norteadora de mensagens celestiais na caminhada terrena, comprova a sua lealdade à arte de gravar, sabendo com exatidão explorar as possibilidades técnicas desse segmento artístico. Walcirlei sabe que a caminhada da Arte atual vem do conhecimento cultural deixado pelos grandes artistas, por isso o sentido de gratidão na série “Grandes Mestres” serviu de inspiração para sua criação. 12


O artista utiliza inúmeros materiais e técnicas, sabendo lidar com as possibilidades tanto do desenho, pintura,gravura, quanto com objetos, esculturas e vídeos. Integra o Grupo Olho Latino como um artista batalhador e guerreiro que faz a sua presença ser insubstituível para a equipe. Walcirlei possui magia. Em intensa lucidez ele toma o sonho como material privilegiado de manifestação. A mesma liberdade de condensações e deslocamentos que configura os sonhos circula em sua obra. Sem preconceitos diante das cores e dos materiais,busca romper com a lógica superficial do nosso cotidiano. Ele tem seu espaço definitivamente conquistado no meio artístico, pelo conhecimento do que faz e pelo privilégio de saber fazer. Mais que um trabalho, sua obra é “mais” do que um testemunho de “vida”. Isso me faz lembrar Fernando Pessoa quando disse: ”A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”.

Prof. Dr. Paulo Cheida Sans Professor do Curso de Artes Visuais da PUC-Campinas Diretor Curador do Museu Olho Latino, Atibaia, SP

13


A arte se faz com o coração Uma das descobertas mais importantes para o ser humano é a de que podemos pensar de diferentes formas ou maneiras. Segundo a filosofia de Gilles Deleuze há três maneiras de pensar: a lógica (racional), a artística e a filosófica. O pensar artístico simboliza as vivências, as dores do mundo e pode ainda reencantar o viver. Com vistas a tornar o ‘Espírito livre’, usando uma terminologia nietzschiana, a forma de pensar artística requer o homem todo: Ars Totum Requirit Hominem. A vida pede que a vivamos primeiro em experimentação, ou seja, luta e combate e só depois disso é que todas essas vivências se desdobram em representações, palavras ou conceitos. A arte de Walcirlei é tudo isso. É um artista de passagens, ou melhor dizendo, sua arte, principalmente suas séries temáticas parecem retratar algumas de suas próprias travessias. Ao pintar, Walcirlei é capaz de mudar de mundo, sair do cotidiano e voltar para ele enriquecido de imagens. Seu devir artístico retrata a busca de novas ancoragens em si mesmo. Por isso Walcirlei pinta com a alma, com o coração e com sua capacidade de olhar a si mesmo e ao redor em diferentes perspectivas. Ao pintar morre-se e renasce-se muitas vezes, tantas vezes quantas forem necessárias. É um fazer de passagens. Por isso Walcirlei é capaz de recuar, tomar fôlego e voltar novamente ao seu fazer artístico sempre renovado, sempre pronto a dar aos nós, aos impasses, sua subjetividade, emprestar seu talento e sua marca própria. Um trilhamento artístico que passa um pouco pelo místico Oriente, pelo mangá e pela sua sensibilidade de viandante estradeiro (seus passeios de moto) que formam a base de uma produção rica e intensa eivada de projetos artísticos que passam sempre pelo que já experimentou e viveu. Sua arte acompanha e está em consonância com seu próprio movimento vital. Por isso é pulsátil, cheia de vida. Se o homem moderno ou pós- moderno, é unitário, ou seja, se quer e se percebe como um eu puro, puro pensar racional (Kant), então Walcirlei preenche os requisitos de um outro tipo de homem que necessita surgir nessa passagem entre o que somos e o que ainda não experimentamos, ou 14


seja, não basta mais nos perguntarmos sobre o passado ou futuro, é preciso, e isso a arte de Walcirlei o faz; ansiar pelo devir. Um devir psíquico/corporal que devolve a cada homem a sua capacidade de fabular, imaginar, fantasia e criar mundos. Tornar a imaginação ativa, viver imagens e ainda tomar a forma mítica do pensar abre ao homem, a todo homem, a via real do sonho, e de uma arteterapia que o acompanha desde sua formação. Para dizer algo de maneira mais amplificada, o que posso dizer, é que Walcirlei participa deste momento de transição, do qual todos nós, os chamados homens pós modernos experimentamos, que é buscar um tornar-se o que se é, uma outra saúde que passe pela arte. A velha formulação grega de Píndaro, retomada pela filosofia de Nietzsche, é ainda válida: tornar-se o que se é. Walcirlei é um artista, torna-se o que é um pouco mais próximo ao pintar, esculpir, desenhar, inventar uma nova série. Ao compreender a forma de pensar e sentir artística, Walcirlei o tem feito muito bem ao percorrer juntamente o que é com os caminhos de uma arteterapia mais personificada ao seu olhar. Uma arteterapia feita com o coração, com crianças que necessitam não só expressar os seus sintomas particulares, mas viver, fantasiar, abrir-se a um devir, por mais trágico que as situações possam se mostrar. As experiências de vida, que também é a arte de viver ante os obstáculos, perdas, separações, traumas, capacidade de realizar travessias, renascer das cinzas, saltar, dão a Walcirlei toda a problemática e a distinção do que precisa ser pensado, simbolizado, ou seja, tornado arte pelas mãos deste artista que tece seus vínculos com o seu fazer espontâneo, criador, que aposta na criança e no adolescente como seu parceiro de aprendizado das coisas do mundo e de tudo aquilo que mais importa pensar. Aqui já não se trata mais de medir o talento, ou apostar no artista Walcirlei, mas numa outra escala de medição, tomar Walcirlei pelo que ele é: um ser humano capaz de olhar abertamente para o outro e ao invés de diabolizá-lo, julgá-lo, afastá-lo, trazê-lo para mais próximo de si, ao ponto limite de ofertar o que tem de mais precioso: afeto e compreensão dialógica. Eis ai o homem, ‘Ecce Homo’, do qual tenho tido o privilégio de acompanhar seu processo nesta dupla via: como homem e como artista sensível e de coração integro que é.

José Ravanelli 15


CURRICULUM Resumido PÓS-GRADUAÇÃO: • Universidade São Marcos, Paulínia/SP - Especia-

lização em arteterapia - Concluído, 2003. GRADUAÇÃO • Faculdades Integradas de Amparo/SP - Pedagogia – Administração Escolar - Concluído, 2002. • Pontifica Universidade Católica de Campinas/SP - Educação Artística - Habilitação em Artes Plásticas – Concluído, 1997. • Professor Formador da Área de Arte, (CEFEM – Centro de estudo e formação dos Educadores Municipais) Secretaria Municipal de Ensino de Americana/SP – nos anos: 2005/ 2006/ 2007/ 2008. • Professor de ARTE, de E.F. II e E. M. – Colégios particulares. • Diretor, estadual. • Arteterapia, na rede Municipal de Ensino, de Americana/SP. Centro de Inclusão Mãos que acolhem. • Professor Universitário Curso Pedagogia 2011/2012. • Aula de Desenho e Pintura, “grupos independentes” e escola de arte. • Oficinas, palestras e mini-cursos; ministrados com temas referente a arte-educação; vida e obra de artista, museu e apreciação de obra de arte. • Publicações em jornais, revistas, folhetins impressos e virtuais, assim como blogs e outros meios de comunicação e mídia referente ao trabalho artístico e educador. • Participação e realização de exposições coletivas...10 • Realizações de exposições individuais...27 • MEMBRO DE JURI – “Salão de artes plásticas da faculdade de artes visuais da PUC Campinas...01 • Realização de Curadorias...06 • Participação em salões de arte...08 • Participações em bienais; Esquisito e de Grabado e gravuras...06 • Exposições do grupo olho latino...34 • Exposição grupo olho latino no MAM/RJ...01 16


• Participação em exposição grupo olho latino internacional - Chile, Perú e Bolívia...06 • Monção de aplauso, pela exposição “GRANDES MESTRES”, no projeto “Painel Aberto”, na Biblioteca Municipal “Prof. Jandyra Basseto Pântano”, homenagear os artistas, desenvolvido técnicas de desenho e pintura. Câmara Municipal de Americana, nº 1153.12 de setembro de 2011. • Monção de aplauso, pela exposição “Caminhando entre a arte”, no projeto “Painel Aberto”, na Biblioteca Municipal “Prof. Jandyra Basseto Pântano”, sendo quarenta telas pintura óleo e acrílica sobre tela. Câmara Municipal de Americana, nº 377 data 12 de maio de 2009. • ACERVO: Série Ana: Xilogravuras e desenhos 13 obras, acervo particular Museu de Arte Contemporânea Olho Latino – Diretor/Curador: Paulo Cheida Sans. 03 de março. Além de outros acervos particulares entre a família e amigos.

Pai; José Marques, artista e a filha Ana Caroline em 2006

17


TÍTULO: Cristo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,50 X 0,60 Ano de realização: 1993 Acervo particular do artista

18


TÍTULO: Velho lavando os pés TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1.20 X 0,80 Acervo particular de José Marques Siqueira Filho

19


TÍTULO: Rainha TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1.00 X 0,80 Acervo particular do José Marques Siqueira Filho

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 X 0,80 Acervo particular do artista

20


TÍTULO: Torre Branca TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 X 0,80 Acervo particular de Wagner Fabio Siqueira

TÍTULO: S/ Título TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,40 X 0,50 Acervo particular de Marina Leite Ribeiro Siqueira

21


SÉRIE: XADREZ: OS PRIMEIROS LANCES DE UM ARTISTA

“Assim como uma pequena planta deve enfrentar muitos obstáculos antes de se transformar numa árvore, nós precisamos experimentar muitas dificuldades no caminho da felicidade absoluta.” Nitiren Daishonin “Todos nós nascemos originais e morremos cópias.” Carl Jung

“Arte não é o que você vê, mas o que você faz os outros verem”. Edgar Degas

22


Desde criança sempre tive um fascínio pelo tabuleiro do xadrez e

pelas peças, acredito que pelo desenho do tabuleiro e pela forma com que as peças são criadas, diferente dos outros jogos, além da história

por trás, e a forma de jogar. Resolvi aprender esse jogo, movimentos, vantagens e desvantagens do jogador, e o poder que cada peça tem.

Com esse fascínio e com a necessidade criadora, surge a série,

xadrez: primeiros lanches de um artista, procurando desvendar e investigar possibilidades do fazer artístico da expressão e do empate de cada peça ao seu oponente, criando uma composição de imagens onde o jogo toma conta no espaço da arte e sai do tabuleiro.

Para essa série dou vida as peças e coloco em combate, mas psi-

cológico e artístico, do que brutal ou corporal, sendo assim, uma busca

de identidade expressiva e dialogo do fazer artístico com as minhas convicções.

A serie é composto por 23 obras, sendo, pinturas óleo sobre painel,

desenhos, xilogravuras, pastel oleoso, aquarela, de diversos tamanhos.

Ana Caroline F. de Siqueira - 2012

23


TÍTULO: Bispo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,33 X 0,46 Acervo particular do artista

TÍTULO: Bispa Branca e Rei Preto TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,90 X 1,30 Acervo particular do artista

24


TÍTULO: Batalha entre a torre e o bispo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,90 X 1,30 Acervo particular do artista

TÍTULO: Torre TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,90 X 1,30 Acervo particular do artista

25


TITULO: Os três cavaleiros, rainha, torre e bispo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,90 X 1,30 Acervo particular do artista

TÍTULO: Cavalo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,90 X 1,30 Acervo particular do artista

26


TÍTULO: Peão TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 1,20 Acervo particular do artista

27


SÉRIE: CAMINHANDO ENTRE A ARTE “Sofra o que tiver que sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado, considere tanto o sofrimento como a alegria como fatos da vida e continue orando, não importando o que acontecer, e então experimentará a grande alegria da Lei.” Nitiren Daishonin

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Carl Jung “A Arte evoca o mistério, sem a qual o mundo não existiria.” René Magritte

28


Um peregrino, num determinado dia, parte de um ponto da sua vida em busca de algo, de alguma coisa, talvez de explicações. Ele não sabe ao certo o que vai encontrar e quais serão os obstáculos a serem vencidos. As dimensões da arte se confundem com as da vida. Então, depara-se com a filosofia, com a religião e com a ciência. Os sentimentos e conhecimentos do mundo completam-se a cada passo ou a cada tela pintada, numa jornada que implica em questionar sua própria vida e existência. Na busca pela verdade, deparou-se com a existência de infinitas verdades, e que a sua é apenas aquela na qual deseja acreditar. Ela pode se completar ou ser rejeitada, só depende do ponto de vista, da argumentação de cada um, mas isso talvez não seja o mais importante, pois no fundo somos aquilo que sentimos e acreditamos para a vida. Sem pretensão, mas o homem significa a existência de todas as espécies do planeta, com todos os seus sentimentos, pensamentos e conhecimentos. Na verdade não devemos buscar o entendimento, mas a aceitação do que somos. Assim, alguns cientistas defendem a espécie das coisas, como partes integrantes de algo maior, de um todo. O Universo surgiu de uma grande explosão e está em constante expansão. As obras têm um caráter figurativo abstrato, onde procuro ilustrar o caminho de um ser que enxergou um mundo desconhecido, primeiro o seu e depois o do outro, e proponho um mergulho de cores, ritmos, harmonias, pinceladas que desvendam seu interior e com isso o entendimento do Universo. Parte de uma tela onde as imagens se completam num acadêmico técnico onde o fundo se contrai como uma cortina abstrata, uma explosão, as figuras brotam e a abstração começa a nascer, até chegar ao ponto onde a figura perde a força e nada mais se vê, além do quadro pintado. Essa caminhada não acaba aqui, e os primeiro passos foram dados. Depende daquilo que acreditamos, para podermos viver, para conseguirmos ver. 29


A exposição completa apresenta quarenta (40) quadros, onde alguns já fazem parte de acervos particulares e não são mais expostos. A técnica executada nas telas é óleo, acrílica, veladura, e espatulado, nas dimensões 50X40, 60X80, 80X100, não há titulo nas obras para que não interfira na leitura do espectador.

Ana Caroline

Artista e a sua filha Ana (Aninha) Janeiro de 2012

30


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,40 X 0,50 Acervo particular de Daiana Almenara Hanickel

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,40 X 0,50

31


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

32


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,40 X 0,50

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

33


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 X 0,80

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,20 X 0,80

34


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

35


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

36


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,50 X 0,40

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

37


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,50 X 0,70

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,50 X 0,70

38


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,20 X 0,80

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,20 X 0,80

39


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,60 X 0,80

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,50 X 0,70

40


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,50 X 0,40

TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60

41


TÍTULO: s/titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,60 X 0,80

TÍTULO: s/ titulo TÉCNICA: Óleo s/ tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60 Acervo particular de Jose Marques de S.Filho

42


TÍTULO: s/ titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60 Acervo particular de Wania Claudia Siqueira

TÍTULO: s/ titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,80 X 0,60 Acervo particular de Wania Claudia Siqueira

43


TÍTULO: s/ titulo TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 0,40 X 0,50 Acervo particular de Gabriel Siqueira Pinto

44


SÉRIE: HORÓSCOPO CHINÊS

“Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho.” Nitiren Daishonin

“O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera”. Carl Jung

“A arte não reproduz o que vemos. Ela nos faz ver.” Paul Klee

45


Essa série de pintura nasceu da minha necessidade em retratar algo que há muito tempo venho estudando e que aprecio com entusiasmo, a cultura oriental. Lendo sobre o horóscopo chinês surgi à inspiração de ilustrar de maneira particular cada um dos animais que representam cada signo. Observando a filosofia, a estética artística contemporânea, as religiões ocidentais e orientais, em dois anos (início em 2008 e término em 2010) de trabalho, conclui os doze painéis onde animais, símbolos, cores, formas e gestos se comunicam e narram uma história. Observando as pessoas do meu convívio cotidiano, seu comportamento e suas manias serviram de inspiração e entendimento para a composição da série. Para cada animal pintado, houve um estudo acadêmico inicial sobre o que o horóscopo chinês descreve, suas características, suas lendas e a história do surgimento do calendário. Em seguida, observei uma pessoa amiga para procurar entender sua personalidade através do estudo por meio de laboratório (estar próximo, observar, captar energias e características físicas e psíquicas, além de traços da sua personalidade). Para compor cada quadro, escolhi um símbolo que representasse a pessoa, criando dessa forma uma tríade de significados: “animal – pessoas do horóscopo chinês – símbolo”. Cada imagem começa a se formar e o quarto elemento é acrescentado, a estética (cor, forma, linha, plano e etc.). Cada pintura carrega sua identidade visual particular e todas juntas compõem a narrativa da série. Foi uma longa caminhada desde o primeiro animal pintado ao último, onde deixei surgir naturalmente à inspiração que foi se construindo e se aprimorando, até que toda a coleção se concluísse. Tenho muita curiosidade sobre a espécie humana e procuro pintar não apenas sua imagem visual “aquela imagem que vemos no espelho”, mas o seu interior, a sua energia, seu ser espiritual, psicológico, biológico e até mesmo suas crenças e filosofias. Dessa forma cresço primeiro como ser humano e depois como artista. Os animais são: Dragão com o símbolo da vela, luz; Serpente com o símbolo do espelho; Rato com o símbolo da ampulheta; Tigre com o símbolo da caveira; Cão com o símbolo das asas; Boi com o símbolo da engenharia civil; Cavalo com o símbolo da pena e papel; Carneiro com o símbolo da cruz; Galo com o símbolo do brinquedo; Porco com o símbolo da ferramenta; Macaco com o símbolo do pé de café e Coelho com o símbolo do infinito. 46


Desenvolvendo um estilo estético de arte figurativa abstrata na construção das imagens, possibilito que o espectador interprete a sua maneira, com seu olhar na construção de outra imagem mental da obra, buscando a dimensão de imagens e de pensamentos que a arte propõe. Não há a necessidade obrigatória de seguir o contexto da proposta, mas sim de buscar outras formas, outras visões particulares, pois assim a obra extrapola seus limites e ganha vida. As obras foram realizadas na técnica óleo sobre painel na medida de 75 X 110 cm. Agora fica o convite: Que tal descobrir o seu animal oriental e suas características?

47


TÍTULO: Boi TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Carneiro TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

48


TÍTULO: Cavalo TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90 Acervo particular de José Marques de Siqueira Filho

TÍTULO: Tigre TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

49


TÍTULO: Cão TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Dragão TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

50


TÍTULO: Galo TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Macaco TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

51


TÍTULO: Porco TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Serpente TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

52


TÍTULO: Coelho TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Rato TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

53


SÉRIE: GRANDES MESTRES “Se um mestre sustenta um mau discípulo, ambos cairão no inferno.” Nitiren Daishonin

“Queremos ter certezas e não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem mesmo percebemos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados somente através das experiências.” Carl Jung

“A pintura é poesia muda; a poesia, pintura cega.” Leonardo da Vinci

54


Com respeito e reverência aos grandes mestres das artes visuais nasce esse projeto que parte da necessidade de trazer ao público, personalidades que dedicaram sua vida as artes. A minha proposta é de trabalhar diretamente com os auto-retratos que os pintores criaram partindo de si como modelo vivo. Em cada artista observa-se seu estilo próprio de desenvolver sua pintura, sendo a técnica basicamente óleo sobre tela em que todos ao longo da história foram criando possibilidades desse ofício. Redesenho em nova situação técnica, para criar uma brincadeira na construção do desenho e da pintura, o estudo e a escolha de determinados artistas pela minha afeição e importância no panorama da arte mundial e uma linha específica de estudo e influência direta na minha arte. Os auto-retratos que produzi, procurei desenvolver uma releitura onde a característica original da obra permanecesse a expressão ressaltasse e sendo observado e respeitado domínio da técnica e a simbologia inicial do artista. Nessa brincadeira, explorei os recursos dos materiais artísticos, e a utilização dos símbolos por mim julgados necessários em meus trabalhos atuais como artistas, sendo essa liberdade de criação inserida nos trabalhos e não meras cópias acadêmicas de releituras de artistas. Inicialmente o desenho redescobre a forma em que os retratos foram criados buscando uma verdade técnica aliada com a expressão e no acabamento a busca pela gama de materiais e pelo trabalho, em desenvolver cada habilidade na mistura da técnica na face dividida ao meio. Nessa primeira ase do projeto, são homenageados onze (11) artistas, entre eles: Leonardo da Vinci, Vincent Van Gogh, Goya, Rembrant, El Greco, Van Dicy, Sandro Boticcelli, Edgar Degas, Ticiano. Paul Cézanne. Rubens. 55


Entre as técnicas estudadas parte desde o 6B (Sombreamento), sangüínea, sépia, lápis de cor, carvão, pastel seco, pastel oleoso, nanquim preto e colorido e aquarela. No final dessa fase ressalto a importância de concluir esse trabalho que para mim foi satisfatório em estudar e aprimorar, sendo desafiador a exploração das técnicas dessa forma planejada e a utilização do suporte auto-retrato.

56


TÍTULO: Rubens TÉCNICA: Nanquim aguado preto e colorido DIMENSÃO: A4

TÍTULO: Leonardo da Vinci TÉCNICA: 6B e lápis sanguínea DIMENSÃO: A4

57


TÍTULO: Ticiano TÉCNICA: Pastel oleoso e aquarela DIMENSÃO: A4

TÍTULO: Van Gogh TÉCNICA: Pastel oleoso e aquarela DIMENSÃO: A4

58


TITULO: El Greco TÉCNICA: Pastel seco e carvão DIMENSÃO: A4

TÍTULO: Van Dicy TÉCNICA: lápis preto DIMENSÃO: A4

59


TÍTULO: Edgar Degas TÉCNICA: Sombreamento e linhas DIMENSÃO: A4

TÍTULO: Goya TÉCNICA: lápis sanguínea e lápis sépia DIMENSÃO: A4

60


TÍTULO: Rembrandt TÉCNICA: Pastel oleoso e aquarela DIMENSÃO: A4

TÍTULO: Madona de Sandro Botticeli TÉCNICA: Sombreamento e nanquim DIMENSÃO: A4

61


SÉRIE: 12 HORAS “A própria vida é o mais alto precioso de todos os tesouros do universo. Mesmo os tesouros do universo inteiro não podem igualar ao valor de uma única vida humana. A vida é como uma chama, e o alimento como o óleo que lhe permite queimar.” Nitiren Daishonin

“Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos.” Carl Jung

“Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”. Pablo Picasso.

62


Nessa série, as pinturas não retratam simples paisagens e sim paisagens que falam do tempo, da maneira como nos relacionamos com as pessoas e com a natureza e de como podemos nos compreender e nos posicionar diante de tudo, num processo evolutivo de constante entendimento. A história da humanidade sempre esteve condicionada ao tempo e ao clima, à uma série de condições atmosféricas - ventos, chuva, tempestades, sol intenso ou brando, neve, furacões – impondo limites ao homem, mas também maravilhando-o diante da grandeza da Natureza. O tempo da natureza é diferente do nosso tempo, do tempo histórico. Desde a Antiguidade o homem observava e percebia as horas, desde o nascer do sol ao cair da noite, e desenvolveu mecanismos de marcação desse tempo cronológico, sempre baseado no tempo da natureza. Nos dias atuais, esse tempo foi acelerado. A vida contemporânea impôs um tempo que se desconecta da Natureza, um tempo virtual, um tempo acelerado, globalizado e agonizante. Poucos e privilegiados são aqueles que ainda estão conectados com o tempo da natureza, que percebem com clareza as belezas sutis de um tempo que nos fala que somos parte dela. A maioria mergulha no ritmo do tempo agonizante e quando percebem, a noite já caiu e muito se perdeu. O relógio que colocamos no pulso, desenvolvido com alta tecnologia, não nos mostra as sutilezas do dia que transcorre no ritmo acelerado, não nos deixa ver a importância daquilo que estamos perdendo a cada dia mais... a nossa conectividade com o Cosmos, com a vida que pulsa a cada segundo. Esse tempo nos cega e nos torna indiferentes ao que realmente é a nossa verdadeira essência. Pensamos demais, queremos estar em vários lugares ao mesmo tempo, corremos demais... não enxergamos as pessoas, não enxergamos as flores, os pássaros, não ouvimos o barulho da chuva, nem sentimos o cheiro da terra molhada... reclamamos da chuva que vai nos atrapalhar e nos atrasar... do sol, do calor ou do frio... Estamos condicionados ao ritmo alucinado do tempo para produzir, para ganhar dinheiro, para acumularmos bens materiais e acabamos acumulando tristezas, decepções, frustrações, doenças do corpo e da alma. Porque não vivermos o presente de forma plena, sem nos preocuparmos tanto com o que já passou ou com o que virá? Será possível percebermos esse tempo sem o uso de aparatos tecnológicos? Podemos nos conectar com o Cosmos? Ter o nosso próprio tempo? 63


Uma das representações mitológicas mais bizarras de Chronos (tempo), é a de um homem que devora o seu próprio filho, num ato de canibalismo difícil de compreender na atualidade. Mas, se trouxermos a mitologia para os dias de hoje, chegaremos à conclusão de que estamos sendo devorados e que nossos sonhos estão sendo destruídos. A partir de todas essas percepções, iniciei essa série de pinturas que falam do nosso cotidiano, da maneira como interagimos como sociedade, tendo como personagem principal a Natureza. 12 horas retrata a forma como estamos inseridos no Universo e a aparência do inconsciente individual de cada um, o EU particular. Em cada tela procurei retratar um estado de espírito e uma forma de evolução. Todos nós enfrentamos as tormentas da vida, mas temos o livre arbítrio para nos “afogar” nessas tempestades ou buscarmos a nossa salvação. Tudo dependerá da ação, do posicionamento diante da vida e de tudo que ela nos impõe.

TELAS: 1ª hora - “Aurora”:– Ao fundo da paisagem surge o sol – branco – que aos poucos vai irradiando cores e atinge particularmente duas pessoas – pai e filha – que param para contemplar e dialogar sobre a criação da vida, religião e mitologia. 2ª hora – “Cachoeira”: Água que jorra da fonte e segue seu curso... mansa e límpida. A velocidade aumenta, obstáculos são desviados e a queda acontece. Observo a água caindo, parece estática, até que o forte estrondo do encontro com a rocha e com a água do lago acontece. Há movimento, há vibração. Ela segue seu curso, alimentando rios e lagos, esculpindo rochas, escavando terrenos... até chegar ao grande oceano. 3ª hora – “Nublado”: Pela manhã abro a janela de meu quarto e contemplo a cidade ao longe, com seus telhados... mas não enxergo muito, uma névoa toma conta da paisagem urbana e ao longe, nada... Não enxergo nada! Paro por um instante e penso: “ainda é muito cedo, logo essa névoa vai se dispersar e verei todo o movimento da cidade que está acordando”. 64


4ª hora – “Reflexo”: Observo a mesma paisagem de ângulos opostos. O sol ilumina todos e caminho em velocidade sem pensar no que ficou para trás. Mas o passado está sempre ao meu lado e por mais que eu tente deixá-lo, ele está ali. Olho no espelho e encontro as minhas lembranças... tudo se torna real e vivo em minha mente... o verde, o amarelo e o azul em harmonia com a presença virtual, dialogam o tempo todo em minha mente... Enquanto isso, estou a 140 Km/h e nem penso em parar. 5ª hora – “Bananeiras”: Estou sentado em meu atelier e pela janela avisto as bananeiras por trás do muro que me separa do mundo lá fora. Um mundo cheio de desafios, às vezes sinto medo, não quero sair de casa, quero ficar aqui e esperar o tempo passar. O que vão pensar de mim? Não sei... mas sinto medo de viver. Aqui estou protegido, mas querem entrar em minha casa e tomar conta de meu atelier. O que faço? As bananeiras estão vistosas e o sol que nelas reflete, faz surgir inúmeros tons de verde... As nuvens estão em movimento e cores azuis se misturam. 6ª hora – “Meio dia”: Surge o escaldante sol do meio-dia num dia de verão e deixa todos agitados e ansiosos. Lembro-me de Vicente Van Gogh e de suas pinturas, da sua busca pela beleza e verdade da arte. Pinto um campo vazio valorizando o céu, que está branco com um leve tom de azul... Parece que o tempo parou e que posso perceber tudo e todos em minha volta... Vejo pessoas correndo de um lado para o outro, estão muito agitadas, o que posso fazer? Nada! E Van Gogh? ... 7ª hora – “Ponte sobre água”: A ponte que une os lados do mesmo ser... estou dividido e a ponte me traz tranquilidade. Paro em cima dela para observar a água que corre em baixo e sinto-me ali presente... estou conectado por completo, já que a ponte japonesa de Monet me uniu ao mundo real, mas minha alma caminha entre mundos e às vezes não sei onde estou. O verde no fundo compõe a paisagem e de longe um sol tímido ilumina as folhas. Estou agora junto com você em outro canto da ponte e entre a vegetação. Apenas observo pelas janelas dos meus pensamentos. 8ª hora – “Tempestade”: O dia foi passando e ao longe uma tempestade se formando. As nuvens se movimentam e a cor violeta toma conta da cena, assim como o cinza e o preto. Ainda não vejo a água nem ouço os 65


trovões, mas sei o que está para acontecer. Sinto a tempestade chegando, mas nada posso fazer a não ser esperar. Talvez correr para um abrigo e me esconder, mas as lembranças do passado do tempo que perdi vão me engolir. Tempestades se formam todos os dias em minha mente. 9ª hora – “Chuva”: A paisagem urbana cria formas através da chuva, a água que cai nos prédios contorna suas formas e desperta sensações de profundidade e de corpo. Apenas observo o que está acontecendo e não me envolvo, pois não quero me molhar. E os tons de cinza dominam a cena... 10ª hora – “Arco-íris”: Depois da chuva e da tempestade, o castelo continua firme. Seu alicerce está intacto e é profundo, e assim, passa-se uma vida de tormentas sem se abalar, sem se preocupar com aquilo que está à sua volta. O rio contorna o castelo e ao fundo o arco-íris surge, com suas cores e beleza. Ele traz a esperança de que ainda há sentido em respeitar e tentar ver o mundo com outros olhos. 11ª hora – “Crepúsculo”: O sol ao longe vai se distanciando e sua luz perdendo força... Os tons alaranjados que compõem todo o ambiente, me fazem pensar na profundidade do caminho para a luz. O dia já está acabando e percebo quantas coisas vivi. Que bom que pude parar e apreciar o pôr do sol! 12ª hora – “À noite”: A luz da noite domina agora a paisagem, nada posso ver, apenas sentir as sensações de vazio. No meio da escuridão, um facho de luz passa por mim. Vou me recolher para dormir e mentalizar o grande dia que quero viver amanhã. Quero vivê-lo intensamente e com amor em meu coração. Assim como ocorrem as mudanças climáticas, as mudanças no nosso modo de viver também devem acontecer. Somos seres mutáveis, em constante aprendizagem e evolução. Quando tomamos consciência disso, partimos para a ação, buscamos novas alternativas! A mudança que queremos ver no mundo começa com a nossa revolução pessoal. Não deixe o mundo passar pelos seus olhos. Olhe para ele, mas enxergue-o! Reflita sobre como tem conduzido seu tempo e sua vida. Busque sua plena felicidade! As telas que pintei não retratam paisagens reais, mas sua vida é real. Observe-a atentamente, respire e viva intensamente... Valorize cada momento do seu tempo e seja feliz! 66


TÍTULO: Aurora TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Reflexo TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

67


TÍTULO: Cachoeira TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90 Acervo particular de Valeria Leite

TÍTULO: Nublado TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

68


TÍTULO: Bananeira TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Chuva TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

69


TÍTULO: Meio dia TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Ponte sobre água TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

70


TÍTULO: Tempestade TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90

TÍTULO: Arco-íris TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90 Acervo particular de Maria Inês Marangon

71


TÍTULO: Crepúsculo TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,90 Acervo particular de Silsi Marques

TÍTULO: A noite TÉCNICA: óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,00 x 0,80

72


SÉRIE: ANA: XILOGRAVURAS “Há sombras nas trevas, mas as pessoas não conseguem discerni-las. Há trilhas no céus por onde os pássaros voam, mas as pessoas não as reconhecem. Há caminhos no mar por onde os peixes nadam, mas as pessoas não os percebem.” Nitiren Daishonin

“Dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos. Ele fala conosco por meio dos sonhos.” Carl Jung

“O resultado do pensamento não tem de ser o sentimento mas a atividade.” Van Gogh

73


Escolher uma técnica para expressar um sentimento, traz uma carga de responsabilidade artística na definição e elaboração eximia da técnica. Acredito que em primeiro momento foi à definição correta dessa técnica, em segundo a expressividade da minha arte para conseguir elaborar aquilo que estava desejando. Desde o nascimento da Ana, ou melhor, de sua gestação iniciei meu projeto artístico, com o objetivo de criar uma série de xilogravuras que pudesse dizer desse momento em que eu particularmente vivenciava, materializando assim um sentimento que é único, o paterno, ser pai. Da primeira xilogravura a última, foram cerca de (5) cinco anos, e a cada nova xilogravura um novo momento, uma nova forma e percepção do mundo que me rodeava e da minha relação com ela. Foram mais de cem desenhos, rabiscos e escritos para que eu criasse as 13 xilogravuras da série. Sendo assim, conto uma pequena história em quadrinhos, forma expressiva que acabo adotando para a minha maneira de dizer sobre arte. O que um pai diria a um filho num momento de profundo sentimentalismo? As emoções se transformam em algo que não se pode medir e esse tipo de sentimento nasce num lugar do peito que nem ao menos sabemos que existe, e de repente esta lá, um amor incondicional por um pequeno ser humano que nos invade e nos transforma em pessoas melhores. Muitas coisas acontecem em nove meses, e entre elas, a gestação de uma nova vida que nos leva a reconhecer que a natureza é realmente sábia! Um homem e uma mulher que se unem (o amor) e tornam possível a visão do rostinho do tão esperado filho (a), algo maravilhoso que emociona e marca para sempre suas vidas. “ANA gravuras”. É uma série que traz toda a emoção desse momento. Artistas de diferentes épocas já retrataram esse vínculo forte e sublime, e eu, humildemente, venho contribuir com a minha experiência pessoal, materializando no trabalho artístico. As técnicas, do desenho sempre me causaram fascínio e me dediquei a ela explorando os diversos elementos; o ponto, a linha, as formas, os planos e cores (branco e preto). Busquei uma nova maneira de dizer tudo que minha alma sentia e utilizei o plano dimensional para chegar ao entendimento da quarta dimensão, fazendo-a surgir nos trabalhos como uma personagem que desbrava e que vive entre nós, que sente e pulsa. As gravuras narram passagens e acontecimentos da minha vida com minha filha Ana, atemporal (passado, presente, futuro). Vivo o presente, o passado contribui com as lembranças, mas o futuro que imagino está presente apenas em meus pensamentos, onde o crio e recrio. A dramaticidade das cenas narram uma busca que leve a uma vida 74


plena, onde não há espaço para arrependimentos, mas apenas para as surpresas que nos são reservadas. As gravuras e os desenhos ilustram momentos de intensa alegria, mas também de tristeza, afinal, viver intensamente é estar aberto a todas essas emoções. A cada xilogravura fui aprimorando a minha técnica, tendo buscando a expressão da linha e da forma e inventar já que tive a liberdade criadora para desenvolver esse trabalho. Assim, fica nítido a influência das linhas e a construção das formas no espaço preto da xilogravura, técnica que exige do artista domínio exímio do desenho e a maneira do entalhe na madeira (matriz) e a própria criação da imagem. Dedico inteiramente todo esse trabalho a minha filha, Ana Caroline F. de Siqueira.

O artista e a sua família; da esquerda mãe Maria Inês, Nei, Wania, Walcirlei Siqueira, Wagner e Renata.

75


TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 26x40

TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 30,5x40

76


TÍTULO: s/título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 27x31,5

TÍTULO: s/título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 29,5x40

77


TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 27,5x31,5

TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 40,5x54

78


TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 40,5x54

TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 40,5x54

79


TÍTULO: Santa Ana TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 28,5x60 Participou da Estampia 2010 La Paz, Bolívia. Artista brasileiro.

TÍTULO: s/título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 40,5x54

80


TÍTULO: s/título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 40,5x54

TÍTULO: s/título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 31X57

81


TÍTULO: s/ título TÉCNICA: xilogravura DIMENSÃO: 40,5X54

82


EXPOSIÇÃO DE ARTE - 13 “Existe, definitivamente, algo extraordinário no avançar e no recuo da maré, no levantar e no descer da lua, e nas mudanças das estações. Algo incomum acontece também quando uma pessoa comum atinge o Estado de Buda. Indubitavelmente, com o aparecimento dos três obstáculos e quatro maldades, o sábio alegrar-se-á, e o tolo se acovardará.” Nitiren Daishonin

“A questão não é atingir a perfeição, mas sim a totalidade.” Carl Jung

“O sono da razão produz monstros.” Francisco Goya

83


Neste ano de 2013, apresento trabalhos artísticos, que foram criados em momentos diferentes da minha vida e propostas contrárias. Surge a ideia do número 13 correspondente a esse ano, dessa forma iniciei a seleção e organização das obras. Já que, é um numero que envolve superstição e outros adjetivos. Em nenhum momento da minha carreira, misturei os trabalhos, me senti desafiado e ao mesmo tempo ocorreu um apanhado de lembranças dos diferentes processos de criação que envolveu cada série. Apresento nesse livro três painéis inéditos que compõem essa exposição, e os outros trabalhos como mencionei um apanhado de cada série. Dessa forma as análises e comentários dos trabalhos ficam totalmente a disposição do público apreciador e como artista, minha intenção sempre foi a de provocar e brincar com as possibilidades criadoras. As obras foram realizadas em diversas técnicas e medidas.

84


TÍTULO: Nascimento TÉCNICA: Óleo sobre painel DIMENSÃO: 4,00 X 2,50

85


TÍTULO: Família TÉCNICA: Óleo sobre painel DIMENSÃO: 4,00 X 2,50

TÍTULO: Quatro gerações TÉCNICA: Óleo sobre painel DIMENSÃO: 4,00 X 2,50

86


AMOSTRAS OLHO LATINO “Ensinar as pessoas significa lubrificar as rodas para que as mesmas possam girar; ou fazer flutuar um navio para que o mesmo possa ser movimentado facilmente.” Nitiren Daishonin

“Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der.” Carl Jung

“Quem pensa pouco, erra muito.” Leonardo da Vinci

87


TÍTULO: s/título TÉCNICA: Xilogravura DIMENSÃO: 0,30 X 0,20 Gravura realizada para o projeto fronteiras nômades 2012. Brasil, Chile e Peru.

88


TÍTULO: Foto panorâmica da instalação TÉCNICA: instalação técnica mista gravura

(Detalhe do trabalho que compõe a instalação - pág. 91)

89


90


Partes do conjunto da instalaçao T ÍTULO: Caixa hiper-cubo quarta dimensão TÉCNICA: Objeto técnica mista

91


TÍTULO: s/ titulo TÉCNICA: instalação - técnica mista

92


TÍTULO: O monge TÉCNICA: instalação técnica mista gravura

93


TÍTULO: Faces de Maria TÉCNICA: Óleo sobre tela DIMENSÃO: 1,80 X 1,25

94


TÍTULO: Fênix – instalação alma TÉCNICA: instalação mista

95


TÍTULO: O Anjo e a Bruxa TÉCNICA: mista INSTALAÇÃO

96


TÍTULO: O Anjo e a Bruxa TÉCNICA: mista INSTALAÇÃO

TÍTULO: O Anjo e a Bruxa TÉCNICA: mista INSTALAÇÃO

97


VIDEO ARTE Olho Latino (You Tube)

“O grito de Lá”

“Horóscopo Chinês”

Walcirlei Siqueira

Walcirlei Siqueira

“Homenagem a 5ª Bienal do Esquisito”

“Hiper Cubos Quarta Di-

“Fênix”

Walcirlei Siqueira

Walcirlei Siqueira

“Cicatriz”

“Tempestade”

Walcirlei Siqueira

Walcirlei Siqueira

“A Face Oculta de um Acéfalo” Walcirlei Siqueira e Walmir Leite

mensão1 0002”

98

Walcirlei Siqueira

“Fronterias Nômades Vob 115Mb” Walcirlei Siqueira


ESCULTURAS E OBJETOS “Diante da honestidade dos companheiros não há outra forma senão responder com nossa honestidade e, a sinceridade com sinceridade.” Nitiren Daishonin

“Nós precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real que realmente existe é o próprio homem.” Carl Jung

“Pintar é fácil se não sabeis pintar quando souberdes pintar, é ao contrário.” Edgar Degas

99


TÍTULO: Toten TÉCNICA: técnica mista

TITULO: A Bela e a Fera TECNICA: gesso

100


FOTOMONTAGEM

“De acordo com o Sutra, se a mente das pessoas é impura, sua terra também será impura. Pelo contrário, se suas mentes são puras, assim será sua terra. Em uma palavra não há duas terras pura e impura ao mesmo tempo. A diferença está na mente, boa ou má, das pessoas.” Nitiren Daishonin

“Os sonhos são as manifestações não falsificadas da atividade criativa inconsciente.” Carl Jung

“Se sabemos exatamente o que vamos fazer, para quê fazê-lo?” Pablo Picasso

101


TÍTULO: auto-retrato TÉCNICA: Fotomontagem DIMENSÃO: 0,30 X 0,20

TÍTULO: Anjo TÉCNICA: Fotomontagem DIMENSÃO: 0,40 X 0,30

102


Lembranças e reflexões; a arte, a educação e a arteterapia Esse livro é a realização de um sonho, concretizado depois de incansável luta para firmar-me como artista e produtor de minha arte, mostrar aquilo que tenho como sagrado e essencial, a arte, sem corromper-me com padrões ou estilos alheiros, na busca pela identidade única. São vinte anos de trabalho; produzido, expondo, conceituando a expressão artística que não se molda a padrões decorativos, mas em busca em sua linguagem única e verdadeira que represente da arte do século XXI. Proponho-me sobre o que penso das minhas práticas profissionais e experiências pessoais, sejam elas na atuação; artista plástico, arte-educador e no papel de arteterapeuta, em sala de aula, formações de professores e no espaço terapêutico. Um desafio e não pretendo fechar nada, apenas questionar e deixar parâmetros teóricos do meu fazer, das minhas experiências profissionais, da minha vida. Vou narrar o texto de forma continua deixando as lembranças irem falando por si só sem me preocupar com a sequência exata ou pressupostos que possam me enquadrar. Criando assim uma perspectiva de infinitas possibilidades. Lembro que desde criança sempre gostava de desenhar e brincar com os materiais artísticos. Um mundo que me fascinava, e quando assistia os desenhos na televisão ou as histórias em quadrinhos (H.Q.) reproduzia e criava novas histórias. Na primeira série, naquela época, se dizia série, hoje ano. Mudou muito a educação, voltando, eu reprovei. É isso mesmo e não é legal, mais tarde minha mãe me conta o seguinte. Que eu só queira desenhar, pintar e as atividades de alfabetização eu não realizava, nossa que transtorno para a minha família, acho que eles não entendiam isso muito bem, mas ela relata que eu ia à escola, era um bom aluno, mas a minha vocação era a de trabalhar artisticamente, deixava as outras atividades, ou fazia daquele jeito, mas nas atividades que envolviam 103


a arte, eu era o primeiro. Bom, depois desse trauma superado, hoje entendo porque continuei a criar e hoje trabalho com arte. Refiz e passei, conseguiram me alfabetizar. Nas férias viajávamos de carro, a família inteira. Eu sentado no banco de trás, claro. Sempre estava com um caderno de desenho, acho que eu era hiperativo e meus pais acharam algo que me deixava quieto, desenhava a viagem toda, as rodovias, as árvores, as paisagens...bem, eu não tenho mais esses cadernos, porém a cada viagem eu completava um. E os carros, aviões, motos, prédios, como desenhava. Em alguns momentos eu me aventurava a desenhar o retrato da minha família, sem técnica alguma mais com satisfação e entusiasmo. Fui crescendo, a arte, a criação e expressão sempre presente. Aos 15 ou 16 anos, comecei a trabalhar, horário comercial e passei a estudar a noite, no mesmo mês me matriculei na escola de desenho e pintura “Curso Livre de Desenho e Pintura” – Professor Itamar de Moraes e a sua esposa “Jo”. Aos sábados no período da tarde e não faltava, ia com toda a disposição mesmo depois de uma semana de trabalho e estudo. Conheci o meu “mestre”, Itamar Aires de Moraes, que me ensinou, incentivou naquilo que mais tarde me tornaria, e sua esposa sempre ao seu lado. Afeto, carinho, técnica e muito sonho. Estudei até entrar na faculdade, e foram acho que quatro ou cinto anos, desde o “potinho” as primeiras pinturas, as criações, passando por varias técnicas do desenho e da pintura. Todos os sábados no finalzinho da aula, Itamar mostrava e falava dos grandes mestres, uma aula de apreciação e obra de arte de história da arte. Um fato referente a esse momento, na sétima série, na aula de história sobre o renascimento, a professora iniciou perguntando a classe quem conhecia Miguelangelo, Donatelo, Rafael e Leonardo. Já tinha os desenhos desses personagens na televisão, mas não, não falei sobre os desenhos e sim da história, das características das suas obras. Assim o tempo passou, fiz o técnico em contabilidade, mas na hora de decidir a faculdade, cursei educação artística na PUC - Campinas. Uma nova fase. Terminei o curso de desenho e pintura com meu mestre e iniciei o curso de educação artística, já tinha feito as minhas primeiras exposições coletivas. No segundo e terceiro ano da faculdade fui presidente do diretório acadêmico do curso de educação artística, e pude realizar várias exposi104


ções, estabelecer contatos e intercâmbio entre grupos e faculdades, além do movimento artístico no próprio campus da universidade. Na faculdade encontrei o meu segundo mestre, Paulo Cheida Sans, tenho um carinho especial, no ano de 1998 fui chamado para participar de uma exposição coletiva do grupo “Olho Latino” na cidade de Americana no MAC, eu havia acabado de me formar, e um convite desse só me motivou a traçar e continuar a minha determinação pela arte. No início do ano de 1997, no terceiro ano da faculdade, comecei a lecionar, fui convidado para substituir em duas escolas de Paulínia. Agora voltava como colega de trabalho de meus professores, outro fato. Estava numa sala de 2º ano do colegial, história da arte, quando bateu na porta e abriu, pensando que não havia professor, a sala ficou olhando para mim, eu fiquei estático, esse acontecimento foi na minha primeira semana, eu me apresentei em seguida à sala caiu na risada. Até esse ano nunca havia pensado em me tornar um professor, a minha essência sempre foi à arte e isso eu tinha toda a convicção. Fui paraninfo de uma oitava série, e gostei de ensinar arte, senti que estava no lugar certo, fazendo o que gostava. No ano de 1998 fiz a minha primeira exposição individual, numa casa noturna em Campinas/SP. Xadrez: Os Primeiro Lances de um Artista. Mostrei aquilo que há algum tempo vinha produzindo, tudo correu normalmente, mas tive a minha primeira frustração, viver de arte neste país, uma coisa eu sabia que o reconhecimento artístico viria com o tempo, mas tudo bem estava iniciando a minha jornada. Muitas coisas acontecem na minha vida pessoal, nessa época, positivas e também negativas. Depois de um tempo, retornei ao mestre Itamar, iniciando a serie: “Caminhando entre a arte”, estudei alguns conceitos e direcionamento da minha arte, teórica e prática no processo de criação, minha linha, as cores, a forma de ver o mundo. A forma de retratar a minhas impressões do real vivido. Esses quadros ficaram guardados durante alguns anos, mais tarde organizei a minha segunda exposição individual, tomei coragem e realmente me colocar como artista, e assumi minha verdadeira essência. Continuei a trabalhar e outras séries nasceram; “Grande Mestres” (desenho), “Horóscopo Chinês” (pintura), que foram consolidando o meu fazer artístico. Em 2006 nasceu Ana, minha luz, minha filha, inicio nesse ano a série: “Ana – Xilogravuras”. Termino quatro anos mais tarde, deixando uma 105


tiragem para ela, outra doada para o museu Olho Latino e outras tiragens para exposição, mas até a presente data essa série não foi apresentada na íntegra, apenas algumas exposições coletivas. Continuo trabalhando, buscando a verdade da minha essência artística, dividindo o meu tempo, tenho certeza do meu caminhar, lento não, mas com alicerces estruturados. Certeza de uma estrutura firme para me estabelecer tecnicamente e expressivamente no limite da arte brasileira, sendo um representante do meu tempo. Eu pinto o invisível, o irreal, aquilo que apenas sentimos, mas nossos olhos não dão conta de enxergar, ai trago para o concreto para o real o que realmente importa aquilo que denominamos essência, alma, vida. O magistério foi assertivo para estabelecer um “certo” seguro financeiro, passei em dois concursos; prefeitura de Americana/SP e no Estado de São Paulo, efetivando, sei que o trabalho de artista e o de professor é muito desgastante, porém venho-me dividindo e completando-me. Cursei pedagogia, depois a pós em arteterapia, aproximei mais dos livros na busca de compreender todo o mecanismo de ensino/aprendizagem, do objeto de conhecimento da arte-educação. Como ensinar arte para meus alunos, um ensino que se entenda como verdade do ser humano completo? No curso de pós em arteterapia, conheço José Ravanelli, psicólogo e professor/coordenador, que veio a se tornar um grande amigo a qual passamos tempo com vastas conversas e debates sobre esse objeto de estudo na busca de resposta, ou melhor na buscas de perguntas que outras área da psicólogia e da arte que surge a arteterapia. Alguns conceitos básicos mencionam nesse ensaio, já que tenho o desejo de em outro momento aprofundar e discutir tais conhecimentos teórico/ prático do fazer pedagógico. Dessa forma, aponto questões para pensarmos juntos, como: As quatro linguagens da arte; oportunizar aos alunos a experimentação, mesmo que o professor tenha formação em apenas uma delas. O desenho estereotipado; reprodução do mesmo apenas para pintura. A leitura de obras de arte; ampliação de repertório. O momento de visitação dos alunos a espaços culturais/museus. E o que é significativo; uma aprendizagem que tenha significado. Nesse caminhar profissional, sempre busquei nas aulas de desenho e pintura particular, oficinas de arte em semanas de educação e aulas na faculdade de pedagogia, levar os alunos a refletirem a sua prática e busca106


rem criativamente as respostas paras suas dúvidas. Já que vivemos numa era onde a cópia, quantidade e o ter é mais importante. Apenas questiono, práticas pedagógicas que não trabalha o aluno como um ser íntegro, único, inteiro, pleno. No ano de 2010, fui convidado para integrar a equipe multidisciplinar de inclusão da secretaria de educação de Americana, nascia o centro de inclusão “mãos que acolhem”, podendo desempenhar o papel de arteterapeuta com as crianças com dificuldades de aprendizagem da rede municipal. A arteterapia vem contribuir para ajudar, orientar e proporcionar a essas crianças um fazer artístico que possa ao menos sonhar, e se libertar de tantas amarras que a sociedade contemporânea coloca em nós, seres urbanos. E agora, daqui pra frente....continuo produzindo e buscando, acredito na minha evolução constante e na participação integrante na história da arte brasileira.

107


AGRADECIMENTO Agradeço imensamente a todos que trabalharam diretamente ou indiretamente para a realização desse livro, “projeto artístico”. Cito o companheirismo do casal Daiana Almenara Hanickel e Marcelo Hanickel, bem com as citações de Paulo Cheida Sans e José Ravanelli. Um grande abraço e muita luz.

O autor

Apoio

108




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.