WAL BRAZ
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM ARTES PLÁSTICAS / USP 2009-2015
BENDITO É O FRUTO
Universidade de São Paulo Escola de Comunicação e Artes Departamento de Artes Plásticas
Waldiael
Braz
nº USP 6804741
Orientador Mário Ramiro Banca Liliane Benetti e Rodrigo Munhoz
Trabalho de Conclusão de Curso
2009/2015
INTRODUÇÃO Nos meus sete anos de idade uma artista plástica que morava na minha rua, em Caruaru, no Pernambuco, chamada Rildivan, me chamou para ter aulas de artes em sua casa, sem cobrar nada, porque sabia que eu desenhava e gostava muito de histórias em quadrinhos. Com ela conheci algumas pinturas importantes do modernismo Brasileiro, não que eu soubesse ainda o que era modernismo Brasileiro, mas ficava encantado com as réplicas que ela pintava, de algumas das pinturas mais importantes da história da arte Brasileira. Por questões financeiras minha família precisou mudar de bairro e por vergonha de voltar eu deixei de frequentar as aulas com Rildivan. Mas ela seria, talvez, a segunda mulher a qual devo mencionar como mais importante para minha escolha em seguir estudando artes. A segunda, porque a primeira é Nevinha Braz, minha mãe, com a qual me criei em meio a retalhos coloridos de tecidos, desenhos de moldes, croquis de roupas e outras tantas mulheres. A primeira apoiadora das minhas vocações, que repete até hoje que guardou meus primeiros rabiscos onde ela enxergou um macaco. Num lugar extremamente machista como a cidade onde nasci, sobretudo na década de oitenta, preocupava a minha mãe que eu me criasse no meio de tantas mulheres, com tantas referências que se associavam ao universo feminino. E guardo na minha memória a primeira vez que ela me chamou, me repreendendo por brincar com “coisas que eram para meninas”, talvez por medo, talvez por zelo, de “Bendito é o Fruto”. Bendito é o Fruto é uma frase bíblica que está no imaginário popular e comumente é usada de forma eufemística para insinuar que um homem é afeminado, porque a frase completa é “bendito é o fruto entre as mulheres”. Sendo migrante nordestino, tendo passado boa parte da minha vida na periferia paulistana não preciso me deter muito no quanto a questão da homofobia influiu na minha subjetividade, mas preciso começar por aqui, porque ao longo da graduação em artes acho que este assunto ocupou tanto tempo quanto, ou talvez mais, dedicado por mim do que estudos em artes propriamente ditos. Embora até hoje ainda tenha dificuldade com leitura de textos filosóficos me meti a ler autores como Foucault, Butler e Preciado, mas não com pretensões acadêmicas, minha aproximação com as questões de gênero, como a teoria Queer, se dava mais como uma espécie de fonte de inspiração criativa e força motriz de enfrentamento. Inclusive, foi justamente meu interesse maior por questões temáticas que por artes plásticas (no sentido mais restrito) que me fez encontrar na arte da performance um lugar possível.
Foi na disciplina de Instalação, ministrada por Carlos Fajardo, que experimentei pela primeira vez um exercício com performance, o vídeo You Have to be a Man*, inclusive minha mãe me emprestou o estojo de maquiagem dela para eu usá-lo nesse trabalho. O escolho como ponto de partida no desenvolvimento concatenado dos trabalhos onde uso performance como linguagem e sexualidade como tema. Minha primeira experiência com arte contemporânea (pelo menos a qual me lembro) foi na instalação Desvio Para o Vermelho de Cildo Meireles na Bienal de São Paulo de 2000. Hoje, olhando para meu portifólio, vejo o quanto o vermelho é presente no meu trabalho. Foi com Ana Montenegro, no workshop a performance nas artes visuais pela semiótica peirceana onde aprendi a me importar com os signos que amarram nosso trabalho, e a buscar correlações na minha memória, assim como foram influentes os trabalhos de Sophie Calle e Louise Bourgeois para mim depois que os conheci. Nunca fui muito afeito ao trabalho de ateliê, nem ao aperfeiçoamento técnico, funciono mais com os métodos de apropriação e reconfiguração de referências. Talvez por isso eu não tenha me identificado tanto com as artes plásticas, na sua acepção mais tradicional, e demorei um pouco para entender que performatividade era um conceito que fazia muito mais sentido para mim. Com isso, minha fixação pelos trabalhos de artistas como Nan Goldin e Cindy Sherman, por exemplo, não se dá pela linguagem fotográfica em si, mas pela performatividade que tem no seu viés temático. Cursei as disciplinas de práticas performativas 1 e 2, nos departamentos de Artes Plásticas e Artes Cênicas, respectivamente, e entendi que eu tinha que manter um “pé lá e um pé cá”, que a interdisciplinaridade era a resposta, embora hoje o conceito de interdisciplinaridade já esteja problematizado, naquele momento fazia sentido. Quando fui escolhido para uma bolsa de intercâmbio na Facultad de Bellas Artes da Universidad Complutense de Madrid eu passei por uma transformação na minha forma de ver a carreira de artes. A princípio eu já intuía que deveria me dedicar a disciplinas adjacentes as artes plásticas e escolhi cursar as de Audiovisual, Sociologia da Arte, Últimas Tendências Artísticas e Propostas Pluridisciplinárias no meu intercâmbio. Foi uma nova injeção de entusiasmo, e fez muita diferença na minha experiência com a academia. Até então cogitava, inclusive, tentar mudar de carreira, por achar que não me identificava tanto com artes plásticas. * Vide anexos
Foi no meu intercâmbio onde comecei uma pesquisa sobre “arte Queer no contexto da década de 90”, a qual me fez buscar, já de volta a USP, a disciplina Introdução a Filosofia com Vladimir Safatle, que naquele ano tinha como recorte o tema “Erotismo, Sexualidade e Gênero”, usando os teóricos Bataille, Foucault e Butler, e já desenhava um projeto para o meu TCC, o qual chamava de “A Queda de Príapo”. E foi no meu último ano de graduação onde tive que me dedicar a sintetizar e didatizar o que tinha aprendido até então, porque havia passado como orientador de artes integradas no programa Vocacional da Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo, onde eu propunha uma pesquisa ação com o tema “Corpo e Mídia”, e procurei me embasar na teoria de Jorge Glusberg, no seu A Arte da Performance*, de que o conceito de performance se aporta no conceito de collage, fazendo uma genealogia dos desdobramentos desses conceitos na arte contemporânea. Esse exercício me ajudou a dar corpo e uma maior fundamentação a esse caminho que eu estava tentando traçar no meu curso. Foi no Vocacional que tive a felicidade de trabalhar com Rodrigo Munhoz, um dos mais importantes performers do cenário nacional hoje, como meu coordenador de pesquisa ação, e esse foi outro momento que fez muita diferença nas minhas escolhas. Tendo escolhido o professor Mário Ramiro como meu orientador, o qual acompanhou boa parte do meu trajeto, propus para o meu TCC, como um plano B à proposta A Queda de Príapo, o projeto Corpo e Mídia – Experiência com a Orientação de Artes Integradas do Programa Vocacional da SMC e SME da Prefeitura de São Paulo no CEU Perus em 2015. Nesse mesmo ano, assisti uma disciplina com Liliane Benetti, onde apresentei um seminário em que abordei minha pesquisa para o TCC, A Queda de Príapo, e, então, me dei conta de que, como já é de praxe com meus projetos, aquele era megalomaníaco e impossível de ser concluído em uma graduação. Basicamente, A Queda de Príapo consistia numa pesquisa por mulheres que trabalhassem em áreas que lidassem com materiais, antes dominadas por homens, como ferro, vidro, madeira, cimento, por exemplo. A ideia era pedir consultoria a essas profissionais para a confecção de esculturas em forma fálica, considerando as respectivas materialidades com as quais trabalhassem. Seria também proposto que destruíssem as esculturas logo que acabadas. O trabalho consistiria no registro da consultoria e nos registros das reflexões resultantes da relação com as consultoras. Interessada por minha pesquisa convidei Liliane Benetti a compor minha banca de TCC e me acompanhar numa espécie de coorientação não oficializada para me ajudar a encontrar uma solução para meu TCC, sem perder o material da minha pesquisa.
*
GLUSBERG, Jorge - A Arte da Performance - Tradução de Renato Cohen - São Paulo: Perspectiva, 2011
Foi com o convite do Coletivo 3* OLHO, grupo do departamento de artes cênicas, para colaborar com a direção de arte do espetáculo Lágrimas de um Orgasmo Sincero ou Uma Luz no Fim do Cu*, que cheguei a uma conclusão para o meu TCC. Nem o plano A, nem o plano B. Mas sim, uma figura performática (que eu vislumbrava vir amadurecendo ao longo da minha graduação), no exercício por encontrar uma figura contrassexual, nas diretrizes do Manifesto Contrassexual** de Paul Beatriz Preciado (inspiração para criação do espetáculo), a qual nomeei Bendito é o Fruto*. Procurando uma leitura desde a ótica latino americana da teoria Queer, vi no Bendito é o Fruto uma concepção ideal para dar conta do que eu aspirava, estratégias estéticas contra hegemônicas visando minar de forma poética os binarismos que sustentam o sistema patriarcal. Vejo o Bendito é o fruto como um ruído entre essas estruturas binárias, por uma costura estética de estereótipos do masculino e do feminino. também dos contrastes de classe e raça, a dita alta cultura, eurocêntrica e a cultura popular latino americana, tida como “brega”. A partir daí comecei a desenhar ações performativas com um uso consciente da figura performática. Em paralelo às apresentações do espetáculo recebi um convite para integrar um grupo de jovens artistas para compor uma exposição na abertura do Instituto Wesley Duke Lee. Nesse grupo também estava um amigo e companheiro de curso, Ilê Sartuzi. A minha proposta e a do Ilê vinham ao encontro uma da outra, porque eu propunha uma performance, intitulada Lavapiés, onde iria lavar os pés dos visitantes, vestindo uma túnica branca, e depois tomaria banho com essa água, deixando revelar uma cinta liga e um espartilho por baixo da túnica, e o Ilê propunha um conjunto de vídeos de performances de streap tease não convencionais, para o qual me convidou com minha figura performática. Resultou desse trabalho uma parte das imagens usadas aqui no portifólio anexo. Embora tenha mudado meus planos, como já pretendia chamar o Rodrigo Munhoz para completar a minha banca de TCC, por conta do Vocacional como plano B, continuei com a composição que já me interessava. Pessoas que não só tivessem condições de me julgar, mas de me orientar ao longo do processo e que, antes de qualquer coisa, significassem para mim uma relação de amizade, naquele meu último ano, de um percurso onde repeti tantas vezes a palavra crise, gostaria de fechar esse ciclo entre amigos, sem o fetiche de sofrer com críticas duras num ritual de passagem, não que nada impeça que assim seja, mas com pessoas que estiveram de fato presentes nesse meu último ano de graduação. * Vide anexos ** PRECIADO, Beatriz - Manifesto Contrassexual - Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro - São Paulo: N1 Edições, 2014
Banca eleita, projeto claro, performance desenhada para a abertura da exposição de formatura, a qual acabou ficando com o nome esdrúxulo que eu havia proposto para o nosso grupo de formandos no whatsapp, “Transformandos” (Confesso que, mesmo a contragosto de alguns amigos, eu, adorei). Não só a performance na abertura foi além do que eu esperava, como a instalação dos meus vídeos no espaço do museu. Como propus, além da performance na abertura da exposição e de projeção de vídeos das minhas performances, apresentações do espetáculo Lágrimas de um Orgasmo Sincero(...), com meu coletivo, que seria em uma das salas que foi reservada para o departamento de artes cênicas no espaço do museu, ali mesmo pude instalar minha projeção. A sala ficou linda, com uma parede de vidro que dá para um jardim de inverno ela reflete espelhada a imagem da projeção em uma sala vizinha quando a luz cai no fim da tarde, e o som reverbera muito bem. Quanto a performance, eu havia me proposto desatar nós de 100 metros de fita de cetim vermelho de fora do museu até chegar numa cadeira que dispus dentro do museu, envolta de balões vermelhos em forma de coração e pétalas de rosa também vermelhas, com todo o clichê do amor romântico que eu “tivesse direito”. Mas, os nós foram mais difíceis de desatar do que eu esperava, e isso acabou fazendo da performance uma experiência mais intensa para mim, e imagino que também para quem assistia, e reforçou ainda mais a metáfora proposta. A minha aflição em alcançar o horário de fechamento do museu, e de não atingir meu objetivo, me fez improvisar, abandonando os nós na entrada do museu mesmo e usando um pedaço da fita como venda nos meus olhos, e atravessei o museu assim, de olhos vendados, com uma faca na boca, de lingerie e salto alto, até chegar na cadeira e começar a estourar os balões com abraços apertados (os quais tinham escrito em letra cursiva “ele & ela”), que cheios de glitter vermelho, me cobriam de brilho. Nevinha, que assistia, no fim me disse “seu pai teria morrido se tivesse visto isso”. Na confluência de todos os signos acho que paro por aqui, já que pai está na mesma raiz etimológica de patriarca e para mim reside aí, nesta frase, a catarse da minha experiência.
“Não se trata somente de pretender mudar as formas se não também as normas”*
Mar Villaespesa
*Tradução livre
Portifólio Anexo
Compilação de alguns trabalhos realizados ao longo da minha graduação em Artes Plásticas na Universidade de São Paulo. Processos, experiências e amadurecimento. Um trajeto que vem apontando, cada vez mais, para questões de sexualidade, corpo e imagem e suas problemáticas implicadas. Manifestas em linguagem digital e performatividade, e com toda sinceridade implicada nas limitações contextuais, temporais e materiais. Limitações presentes ao mesmo tempo na minha trajetória e no entorno, o qual dialogo, estudo E provoco. Em uma tentativa de compreender e responder as questões que me afetam e me constroem.
2009/2015
http://www.youtube.com/watch?v=kOr8Xoej4CY&feature=plcp
YOU HAVE TO BE A MAN Performance para Vídeo Digital, 4:56 min 2010 Trabalhando a questão do condicionamento de gênero através de mecanismos de uma micro política cotidiana e auto imposta, desenvolvo aqui um trabalho que encontra lugar na performance como manifestação e no digital como possibilidade.
http://www.youtube.com/watch?v=I7eBqddf0Go
DARKLIGHT BATH Performance para Vídeo Digital, 9:21 min 2010 Partindo das referências de ancestralidade e pintura corporal, experimento aqui a reação de espuma branca em luz negra para câmera digital. Uma ação que dura o tempo da pintura total do corpo e da remoção em baixo d’água, resulta que metade do vídeo se tem imagem sem som e a outra metade se tem som sem imagem. Em termos semióticos podemos dizer que passa do icônico ao indicial e do indicial ao simbólico, para logo fazer o caminho inverso.
Música, Eddie Weiss http://www.youtube.com/watch?v=elxqOYZv5dE
KISS ME! Performance para Vídeo Digital, 3:42 min 2010 Em uma pequena caixa de vidro, ornada com um cortinado e luz vermelha, onde me encaixo com dificuldade, insinuo beijar o espectador através do vidro, acompanhando o ritmo de uma música, tocada simultaneamente por um parceiro no trabalho, a qual é desconstruida gradativamente, ganhando um corpo de ruídos incômodos. Acompanho a gradação com movimentos frenéticos até a queda do clímax na música, com o desfecho da ação.
Registro fotográfico, Mário Ramiro
QUANDO EU PARIR A MIM MESMO Fotografia Encenada, 40 x 50 cm 2011 este trabalho foi desenvolvido, sobretudo, para estudar o comportamento da luz contra e a favor da câmera em um cenário todo branco, para logo resolver o balanço de cor na pós produção. A respeito da alegoria eleita, os signos remetem a um ambiente hospitalar e o uso da metáfora de se dar a luz como renascimento. A espera paradoxal de um estado ideal como uma gestação estéril.
AMO MUITO TUDO ISSO Tríptico de Monotipias em Guache, 50 x 130 cm 2011
Inspirado pelas Sudárias de Yves Klein, propus um jogo sarcástico com a logomarca e o jingle da campanha de 2010 da mais famosa rede de fast food norte americana. Um tríptico em guache sobre papel arroz, onde imprimi monotipias usando meu corpo. Esse trabalho faz parte de uma incursão no cruzamento entre performance e outras linguagens plásticas.
http://www.youtube.com/watch?v=wzP1M2Sq7WY
ESTADO LAICO Performance para Vídeo Digital, 5:01 min 2011
Movido pela vontade de responder ao momento político no contexto brasileiro de 2011, onde uma onda conservadora de caráter cristão fundamentalista apontava como nova força instaurada, desenvolvi essa ação para vídeo, fazendo uso lúdico dos símbolos antagônicos aos cristãos. Simpatias e feitiçarias do imaginário popular endereçadas a um nome em evidência nesse cenário.
http://aboutwomanproject.tumblr.com/
SOBRE MULHERES, MEMÓRIAS E OUTRAS REVOLUÇÕES Conjunto de vídeos Digitais, 5 min (aproximadamente/cada) 2012 Simulação de métodos sociológicos de coleta de dados por tipos agrupados, esse trabalho é uma coletânea de depoimentos de mulheres falando sobre os retratos mais significativos de suas vidas. Dentro da história maior da revolução feminina conquistada nas últimas décadas está cada história individual. Com afetos contados por narrativas singelas ou arrebatadoras, compõem-se um mosaico de memórias que constrÓI um quadro despretencioso do feminino no contemporâneo.
espacio-cartela.blogspot.com.es/?m=1
656 L Intervenção Site Specific 2012 Intervenção de caráter processual no espaço da faculdade de belas artes de Madri. Projeto resultante do workshop trabajando en el espacio cultural coordenado pelas artistas Bárbara Fluxá e Lidia Benavides. A ação, performativa pela efemeridade, consistiu em restaurar uma área, onde caberiam 656 litros de água, de uma piscina abandonada do jardim da faculdade. Refletindo acerca da intervenção humana no espaço natural, e o esforço em mantê-la, como cerne da questão “cultural versus natural”. https://extensionbellasartes.wordpress.com/2012/04/18/trabajando-en-el-espacio-cultural-tallercursointervencion-sobre-paisaje-contemporaneo/
http://www.youtube.com/watch?v=WlUm7nNSdoA&feature=plcp
INTERMITÊNCIA Montagem de Fotografias em Slides, 1:54 min 2012 Intermitência como o fluxo de um ritmo descompassado da memória, assim como persistência de signos visuais no nosso campo imediato, onde o emaranhado de um tempo real e um tempo afetivo constrÓI nossa relação perceptiva do entorno.
Esse fluxo aqui metaforizado pela imagem lúdica da vida como viagem e pela memória afetiva dos retratos, amarrados pela persistência retiniana da presença do vermelho.
https://www.youtube.com/watch?v=L6Urrc2tIJU
O BOM SAMARITANO Vídeo Digital, 10:31 min 2013 Apropriação de sons e imagens disponíveis na rede, essa montagem combina vídeos de acidentes de trânsito com áudios de vídeos pornográficos. A despeito da pretensa moral cristã ocidental do vislumbre de uma civilidade autruísta, o jogo proposto nesta montagem é o de experiênciar a tensão na intersecção das antíteses de público e privado, conduta e infração, medo e desejo, na hipótese de uma raíz comum nas pulsões de sexo e violência a serviço da mercantilização da imagem.
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL EM ARTES INTEGRADAS CEU PERUS - 2015 Sob coordenação de pesquisa ação do performer Rodrigo Munhoz, realizei orientação vocacional em artes integradas no Ceu Perus para duas turmas ao longo de 2015. O Programa Vocacional é uma iniciativa da Divisão de Formação da Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo. Com uma pesquisa sobre corpo e mídia realizamos muitas experimentações, e participamos de alguns eventos. Como o Espaços em Disparo no Tendal da Lapa e o evento de apoio ao Movimento da Fábrica de Perus em concomitância ao aniversário do Ceu Perus, onde apresentamos um conjunto de criações em performance e multimídia dos vocacionados, oferecemos um ateliê aberto em parceria com alguns formandos 2015 de artes plásticas da USP, então nomeados Transformandos, o qual faço parte, e dois grupos de artesanato local, Arteferia e Centro de Cidadania da Mulher, além de uma exposição conjunta dos quatro grupos envolvidos. Convidei os outros formandos da usp num primeiro esforço em trabalharmos projetos paralelos a exposição de formatura junto a projetos sociais. Registros dos exercícios e participantes do Vocacional Artes Integradas Ceu Perus 2015.
vocacionalartesintegradas.blogspot.com.br/?m=1
Registros dos exercĂcios e participantes do Vocacional Artes Integradas Ceu Perus 2015.
Registros fotográficos, Maurizio Mancioli
WORKSHOP A PERFORMANCE NAS ARTES VISUAIS PELA SEMIÓTICA PEIRCEANA POR ANA MONTENEGRO E MAURIZIO MANCIOLI SESC PINHEIROS - 2015 Dentro da mostra de performances Obsessões, resultante do workshop coordenado pela performer Ana Montenegro e pelo fotógrafo Maurízio Mancioli A Performance nas Artes Visuais Pela Semiótica Peirceana, no SESC Pinheiros em 2015, apresentei A Morte do Cisne Negro. Uma proposta de releitura performativa da peça icônica de mesmo título. Ressaltando o caráter narcisista na relação com a imagem, através de um espelho, e sua morte simbólica como negação, através da tinta preta que o cobre. Registros dos exercícios e participantes do workshop.
Registro fotográfico, Maurizio Mancioli https://www.flickr.com/photos/wbraz/23773401764/in/album-72157663329700345/
Registro em Vídeo, Emerson Sampaio
A MORTE DO CISNE NEGRO Performance Mostra Obsessões, SESC Pinheiros - 2015
Registro fotográfico, Hermes dos Reis
LÁGRIMAS DE UM ORGASMO SINCERO OU UMA LUZ NO FIM DO CU “A contrassexualidade não é a criação de uma nova natureza, mas sim o fim da natureza como ordem que legitima a sujeição de uns corpos sob os outros. (...) No marco do contrato contrassexual, os corpos se reconhecem a si mesmos não como homens ou mulheres, mas sim como corpos falantes (...) A contrassexualidade é também uma teoria do corpo que se situa fora das oposições homem/mulher, masculino/ feminino, heterossexualidade/homossexualidade”. (Paul-Beatriz Preciado, Manifesto Contrassexual). “A peça aborda questões de gênero e sexualidade a partir do Manifesto Contrassexual de Paul-Beatriz Preciado. O desencaixotamento das identidades numa sociedade pretensamente liberta é o mote. Por meio de performatividade, o objetivo é quebrar com o que nos oprime cotidianamente e atingir o trânsito das identidades e a multiplicidade de performances de gênero”. Texto extraído do material de divulgação da primeira temporada. Componentes do Coletivo 3* OLHO, Bárbara Galego, Isadora Borges, Lucas Abe, Mari Costa, Martin Müller Anselment e Wal Braz. (Colaborei com a direção de arte, vídeos, figuração e contra regragem) Stills da vinheta de apresentação do espetáculo
Registros fotográficos, Guilherme Minoti
Registro em Vídeo, Emerson Sampaio
LÁGRIMAS DE UM ORGASMO SINCERO OU UMA LUZ NO FIM DO CU Espetáculo Performativo Mostra de formandos do CAC USP - Teatro Laboratório / Mostra Internacional de Teatro do TUSP, Teatro Ágora 2015
Registro fotográfico, Ilê Sartuzi Através do convite para compor a exposição de jovens artistas pela ocasião da inauguração do Instituto Wesley Duke Lee, (onde propus a performance Lavapiés), o encontro com o trabalho do também artista Ilê Sartuzi rendeu um material de foto e vídeo fundamental para a apresentação da figura performática Bendito é o Fruto. Essa figura já tinha seu embrião na primeira experiência com performance da minha graduação, com o vídeo You Have to be a Man. Amadurecida ao longo da graduação e definida na montagem do espetáculo performativo “Lágrimas de um Orgasmo Sincero”, o qual colaborei com a direção de arte, onde, inspirados pelo Manifesto Contrassexual de Paul Beatriz Preciado, nos propusemos a criar nossas próprias figuras contrassexuais. Convencido da relevância da performance no meu trabalho, decidi me valer dessa linguagem como proposição do meu trabalho de conclusão de curso no departamento de artes visuais da USP. apresentando a performance também intitulada Bendito é o Fruto, na exposição dos formandos de Artes Visuais e Audiovisual da Escola de Comunicação e Artes da USP, Transformandos, no MAC/USP. Nesta exposição também exponho um conjunto dos vídeos de performance, mais relevantes para a concepção dessa figura performática: You Have to be a Man, Kiss Me!, Darklight Bath, o registro da própria performance de abertura da exposição e este vídeo realizado por Ilê Sartuzi, o qual nomeamos também como Bendito é o Fruto.
https://www.flickr.com/photos/wbraz/24278103811/in/album-72157663329700345/
BENDITO É O FRUTO Performance para vídeo, 3:43 min Fotografia e Edição, Ilê Sartuzi - 2015
Registro fotográfico, Guilherme Minoti
Embalado por uma seleção de canções da musa latina Lola Beltrán, desatando nós de 100 metros de fita de cetim vermelho entro no espaço do museu com uma faca na boca e os olhos vendados. Aos poucos me desfaço de peças de um figurino composto por roupas então definidas como masculinas e femininas, e me dirijo a uma cadeira envolta por balões em forma de corações e pétalas de rosas, todos vermelhos. Nessa composição de clichês do amor romântico evoco o Bendito é o Fruto para exercer sua finalidade como um ruído entre as construções binárias, cerne do equilíbrio do sistema hegemônico patriarcal. Cada balão estourado contra o peito me cobre de glitter vermelho e reverbera um som forte e aflitivo. Na hipérbole, uma poética de encontro da crítica queer com o pathos latino.
Registro fotográfico, Guilherme Minoti
BENDITO É O FRUTO Performance Exposição de Formandos de Artes Plásticas e Audiovisual da ECA USP - TRANSFORMANDOS MAC/USP - 2015 Registro em Vídeo, Daniel Cabrel e Emerson Sampaio
Agradecimentos Nevinha Braz a qual me orgulho de ser seu bendito fruto Também meu pai, meu irmão e minha cunhada, meus maiores apoiadores, Genival Santino, Wedeueis Braz e Camila Sass Meus orientadores e jurados, Mário Ramiro, Liliane Benetti e Rodrigo Munhoz Meus companheiros de formatura, sobretudo por aceitarem esse título esdrúxulo que propus para a exposição, Os Transformandos: Adriana Moreno, Aline Tafner, Bruna Mass, Catherine Rodrigues, Celso Nino, Fred Heer, Helena Sá Motta, Hermes dos Reis, Janaína Nagata, Julia Coelho, Julia de Luca, Mariana Cruz, Marina Nunes, Marina Dubia, Mayra Gregório, Paulo Wissinievski, Pedro Andrada, Rafael Xuós, Taís Ramirez, Tomas Irici e Yuli Yamagata. Aos amigos e mestres que colaboraram de forma direta e indireta para a concepção, documentação e orientação dos trabalhos aqui compilados, e nesses sete anos de graduação Lucila Maia, Ana Montenegro, Christina Rizzi, Maíra Vaz Valente, Bárbara Galego, Sônia Salzstein, Daniel Cabrel, Solange Santos, Emerson Sampaio, Margareth Barbosa, Ilê Sartuzi, João Musa, Guilherme Minoti, Mari Costa, Dirceu Miranda, Isadora Borges, Stela Garcia, Maurizio Mancioli, Olavo Silva, Tó Araújo, Martin Müller Anselment, Patrícia Bispo, Valdir Flores, Mônica Tavares, Roberto Kumagai, Marco Buti, Lucas Abe, Ravi Novaes, Dora Longo Bahia, Renata Pedrosa, Kim Cavalcante, Milton Soares, Ester Bang, Ricardo Alves, Alice K, Tadeu Chiarelli, Sílvia Laurentiz, Victor Santamarina, Norma Grinberg, Nivaldo Félix, Lídia Benavides, Branca de Oliveira, Marco Gianotti, Donizete Jonas, Luiz Renato Martins, Bárbara Fluxá, Carlos Fajardo, Eurico Lopes, Raul Cecílio, Santiago Martín, Gilberto Praddo, Mireia Tramunt, Vanderlei Martins, Laura Floréz, Sumaya Mattar, Catalina Hernandéz, Ana Tavares, Carlos Monroy, Cláudio Mubarac, Henrique Sobrinho, Danilo Bezerra, Marcelo Deny, Marina di Giácomo, Maria Castilho, Bete Lopes, Vladimir Safatle, André Pitol, Dária Jaremtchuk, Daniel Shwartz, Pedro Cesarino, Juliana Harrison, Edén Barrena, Luis Cancio, Regina Landanji, Marco Bulhões, Ana Avelar, Giulia Martini, Águeda Mantegna, Luis Mayo Vega, Danilo Patzdorf... E aqueles que de forma indireta, mas fundamental, vem me acompanhando, me apoiando, me inspirando e orientando, seja numa sala de aula, seja numa mesa de bar. Posso me considerar um sortudo, porque são tantos que não caberiam nessas páginas, mas cada um pode saber que tem seu espaço reservado na minha memória, sempre
IMAGEM DE CAPA: PERFORMANCE WAL BRAZ
/ REGISTRO E EDIÇÃO ILÊ SARTUZI
2015