A metamorfose ambulante da biblioteca escolar

Page 1

Facebook

 Sábado, 12 Março 2016 01:11

A metamorfose ambulante da biblioteca escolar  Escrito por 

Wander Filho Pavão

Tamanho Da Fonte

 

Imprimir

E-mail

4 comentários

Avalie este item

(0 votos)

O Dia 12 de março é uma oportunidade para celebrar avanços e refletir nossos desafios profissionais. E ao refletir sobre o meu primeiro dia em uma escola, lembrei-me como foi marcante. Ao final das aulas, algumas crianças vieram me conhecer; eu era o novo bibliotecário e tinha a difícil missão de substituir o colega anterior, que havia conquistado a afeição dos estudantes. As alunas de 8 anos me bombardearam com perguntas e curiosidades. Lá pelas tantas, uma delas me perguntou o que significava a palavra ‘drogas’. Nesse momento, meu espírito educador falou alto e pensei em fazer jus a minha contratação. Comecei a explicação dos possíveis significados do termo. No entanto, minha inexperiência cobrou o seu preço ali mesmo. Em um rompante, uma das alunas virou-se, me encarou de forma séria e disse: “então eu vou dizer para os meus pais e para o diretor da escola que você é um drogado e vou pedir para eles te demitirem amanhã.” Meu sangue gelou. Na mesma hora, disse que aquele comportamento era deselegante com uma pessoa que estava respondendo gentilmente a uma pergunta. Depois que saíram, sentei e respirei fundo. Não percebi no momento, mas naquela hora havia aprendido a minha primeira lição profissional: a biblioteca escolar não é para amadores. Passados quase dez anos atuando como bibliotecário escolar, eu compreendo as práticas educativas desse espaço como um desafio permanente, apaixonante e de muita responsabilidade. Nosso trabalho pode ser a diferença entre uma criança se encantar com a biblioteca ou nunca mais pisar em uma. Parece elementar, mas primeiro, é preciso garantir que ela exista. Nos últimos anos, assistimos um importante passo na garantia do acesso à biblioteca escolar. Na verdade, participamos desse processo, fruto da incidência e mobilização dos movimentos associativos bibliotecários. A Lei 12.244 de 2010 determina a universalização das bibliotecas nas escolas públicas e privadas de todo o país, até o ano de 2020. Mas às vésperas do prazo final para o cumprimento da Lei, está claro que o desafio de concretizá-la não se encerrará no prazo previsto. Evidencio neste ponto a participação necessária e ativa dos bibliotecários e das escolas de biblioteconomia. O primeiro desafio neste cenário é numérico. Há aproximadamente 192 mil escolas em no Brasil (Censo Escolar, 2013). Por outro lado, o Conselho Federal de Biblioteconomia (2013) revela a existência de apenas 34 mil bibliotecários registrados em todo o país, com apenas 18 mil em atividade, perfazendo uma demanda profissional de pelo menos 174 mil bibliotecários. Soma-se a isto a constatação de que 65% das escolas brasileiras não possuem bibliotecas ou espaços de leitura, sendo necessária a construção de mais de mil bibliotecas por mês para cumprir a lei no prazo determinado (Qedu, 2015). Embora a lei seja um avanço, será necessário um esforço maior para torná-la efetiva. Não há dúvidas que estados e municípios têm grande responsabilidade nessa jornada. Mas cabe aos converted by Web2PDFConvert.com


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.