BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ร NGELO DE AZEVEDO
Resgate da Memรณria da Cidade de Fortaleza
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Resgate da Memória da Cidade de Fortaleza
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista
por WANESSA CARDOSO DE SOUSA sob orientação de ANA CECÍLIA SERPA BRAGA VASCONCELOS FORTALEZA, 2018
WANESSA CARDOSO DE SOUSA
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Resgate da Memória da Cidade de Fortaleza “Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista” Aprovada em __/__/____
BANCA EXAMINADORA
Profª Dra. Ana Cecília Serpa Braga Vasconcelos Universidade de Fortaleza
Profº Me. Alexandre Gomes de Oliveira Universidade de Fortaleza
Ana Elisa Pinheiro Campêlo de Castro Arquiteta e Urbanista convidada
DEZEMBRO, 2018
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Assim como a história de um lugar é formada pela memória de diversas pessoas que nele convivem, minha história é contada a partir das memórias que dividi com aqueles que são minhas principais fontes de admiração e força. Sem eles, minhas memórias seriam monótonas e irrelevantes. Por isso, agradeço a todos que contribuíram para escrever os capítulos da minha história até o momento. Aos meus pais, que me ensinaram a importância do aprendizado e me deram forças para não desistir nas situações que pareciam impossíveis de serem superadas. Aos meus familiares, que foram compreensíveis nos momentos em que precisei me ausentar por causa dos estudos e não pude fazer parte da construção de novas memórias. Aos meus professores, sobretudo à minha orientadora, Ana Cecília Vasconcelos, que me guiou durante todo o ano, incentivando-me a sempre pesquisar e aprender mais e se prontificando a me auxiliar nos momentos de dúvidas. Aos meus amigos, tanto dentro como fora do curso, que não só entenderam quando precisei desaparecer para entregar diversos trabalhos, como se prontificaram para me ajudar nos momentos mais difíceis. À equipe da Biblioteca Acervos Especiais, que compartilhou comigo o amor pelos livros nos últimos dois anos e que me transmitiu diversos conhecimentos pelos quais serei eternamente grata. Ao Jean Lucas, que passou diversas madrugadas acordado comigo para não me deixar fazendo trabalho sozinha e que acabou aprendendo muito sobre arquitetura, mesmo sendo o mestre da computação. E ao meu avô, Aldery Barbosa Lima, por ser o maior contador de histórias que já conheci.
AGRA DECI MENTOS
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RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso traz como principal objeto de estudo a importância de equipamentos culturais, tais como bibliotecas e museus, para a preservação da história de um lugar e a consequente geração do sentimento de pertencimento de seu povo, apresentando o projeto arquitetônico de uma Biblioteca-Museu que reúna o acervo sobre a história da cidade de Fortaleza e dos grupos sociais que a formaram. Num terreno localizado entre os bairros Centro e Praia de Iracema, de fácil acesso por transportes públicos, foram priorizadas as visuais para o mar, bem como a criação de espaços de integração. O edifício se desenvolve horizontalmente por meio de uma volumetria de linhas retas, com um jogo de cheios de vazios, para abrigar diferentes salas de exposição que reúne acervos públicos e particulares. Pretendese contribuir para o reconhecimento da cultura fortalezense e a promoção de lazer aos moradores da cidade e os turistas que a visitam.
Palavras-chave: biblioteca, museu, memória, tradição, herança cultural, identidade, preservação
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This undergraduate final project brings as the main object of study the importance of cultural equipment, such as libraries and museums, for the preservation of the history of a place, presenting the architectural design of a Library-Musem that gathers the collection on the history of the city of Fortaleza and the social groups who formed it.
In a site located between the districts of Centro and Praia de Iracema, easily accessible by public transportation, the visuals for the sea were prioritized, as well as the creation of spaces for integration. The building develops horizontally through a volumetry of straight lines, with a set of empty spaces, to reunite different exhibition halls that gather public and private collections. It is intended to contribute to the recognition of the culture in Fortaleza and the promotion of leisure to the city’s residents and tourists who visit the city.
Keywords: library, museum, memory, tradition, cultural heritage, identity, preservation
ABSTRACT
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LISTA DE IMAGENS
Figura 1 - Biblioteca de Ebla p. 26 Figura 2 - Ilustração representativa da Biblioteca de Alexandria p. 27 Figura 3 - Biblioteca Palatina p. 28 Figura 4 - Fachada reconstruída da Biblioteca de Celso, Éfeso, Turquia (153 d.C.). p. 29 Figura 5 - Planta baixa da Biblioteca de Celso (153 d.C.). p. 29 Figura 6 - Interior da Biblioteca de Celso, Éfeso, Turquia (153 d.C.). p. 29 Figura 7 - Detalhe do depósito giratório de Sutras no Templo de Mii-Dera, Japão (século XV). p. 30 Figura 8 - Kripitaka Koreana, templo de Haeinsa, Coreia do Sul (1251). p. 30 Figura 9 - Baú do século XIV para guardar livros p. 31 Figura 10 - Claustros na Universidade de Gloucester, Inglaterra p. 31 Figura 11 - Hitoriador J.W. Clark mostrando os claustros p. 31 Figura 12 - Figura 12 - Biblioteca Malatestiana, na Itália (1452). p. 32 Figura 13 - Biblioteca de paróquia da igreja St. Peter e St. Walburga p. 33 Figura 14 - Biblioteca da igreja St. Peter e St. Walburga, Holanda (1555). p. 33 Figura 15 - Correntes antifurtos p. 33 Figura 16 - Fachada da Câmara Tianyi, China. p. 34 Figura 17 - Interior da Câmara Tianyi, China (1561). p. 34 Figura 18 - Claraboias na Biblioteca da Merton College p. 35 Figura 19 - Biblioteca da Merton College (1589). p. 35 Figura 20 - Biblioteca do Escorial, Espanha (1575-1583) p. 36 Figura 21 - Sala Duke Humfrey na Universidade de Oxford p. 37 Figura 22 - Sala Bodleiana (1610 – 1612). p. 37 Figura 23 - Ambiente de estudos na Biblioteca Bodleiana (1610 – 1612) p. 38 Figura 24 - Biblioteca de Wren, Trinity College, Cambridge (1676 – 1695). p. 38 Figura 25 - Herzog August Bibliothek, na Alemannha (1705-1710) p. 39
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Figura 26 - Herzog August Bibliothek, na Alemannha (1705-1710) p. 39 Figura 27 - Biblioteca Joanina, Coimbra, Portugal (1717-1728). p. 40 Figura 28 - Sala de estudos encontrada atrás das estantes da Biblioteca Joanina, Coimbra, Portugal (1717-1728). p. 40 Figura 29 - Hofbibliothek em Viena, Áustria (1730) p. 42 Figura 30 - Detalhe na decoração na Hofbibliothek em Viena, Áustria p. 42 Figura 31 - Abadia de Altenburg, na Áustria (1742) p. 43 Figura 32 - Abadia de Altenburg, na Áustria (1742), com suas estantes nas laterais e no fundo p. 43 Figura 33 - Biblioteca da Abadia de St. Gallen, Áustria (1765), com putti representado em primeiro plano p. 44 Figura 34 - Biblioteca da Hatfield House p. 46 Figura 35 - Biblioteca da Hatfield House p. 47 Figura 36 - Biblioteca da Hatfield House p. 47 Figura 37 - Biblioteca da Universidade de Cambridge, Inglaterra (18371842) p. 48 Figura 38 - Detalhe dos pilares formando alcovas de estudo individual na Biblioteca da Universidade de Cambridge p. 48 Figura 39 - Hall de Entrada da Bibliothèque Saint-Geneviève, Paris, França (1843-1850) p. 49 Figura 40 - Estrutura de ferro da Bibliothèque Saint-Geneviève, em Paris, França (1843-1850) p. 50 Figura 41 - Fachada da Bibliothèque Saint-Geneviève, em Paris, França (1843-1850). p. 50 Figura 42 - Detalhe dos painéis de pedra da Bibliothèque Saint-Geneviève, em Paris, França (1843-1850) p. 50 Figura 43 - Biblioteca George Peabody, Maryland, Estados Unidos (1850 e 1878). p. 51
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Figura 44 - Biblioteca George Peabody, Maryland, Estados Unidos (1850 e 1878). p. 51 Figura 45 - Biblioteca do Memorial Thomas Crane, Estados Unidos (1882), com alcovas à mostra p. 52 Figura 46 - Biblioteca do Memorial Thomas Crane, Estados Unidos (1882), com destaque para a lareira p. 52 Figura 47 - Biblioteca Fisher de Belas-Artes, Estados Unidos (1891) p. 53 Figura 48 - Biblioteca Fisher de Belas-Artes, Estados Unidos (1891) p. 53 Figura 49 - Fachada de características clássicas da Biblioteca Pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911) p. 55 Figura 50 - Estantes de ferro da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911) p. 56 Figura 51 - Maior sala de leitura, localizada no último andar da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911) p. 56 Figura 52 - Uma das diversas salas de leitura para coleções especializadas da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911) p. 56 Figura 53 - Espaço para catalogação das obras, localizado no térreo da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911) p. 56 Figura 54 - Andar rebaixado da Biblioteca Pública de Seinäjoki, Finlândia (1965). p. 57 Figura 55 - Andar rebaixado da Biblioteca Pública de Seinäjoki, Finlândia (1965). p. 57 Figura 56 - Cone se projetando da colina artificial da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). p. 59 Figura 57 - Sala de leitura da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). p. 59 Figura 58 - Sala de leitura da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). p. 61 Figura 59 - Sala de leitura da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). p. 61
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Figura 60 - Depósito da Biblioteca Bodleiana, Swindon, Inglaterra (2009). p. 62 Figura 61 - Biblioteca do Colégio Ari de Sá Cavalcante (Fortaleza/CE). p . 65 Figura 62 - Biblioteca da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) p. 65 Figura 63 - Biblioteca Acervos Especiais na Universidade de Fortaleza (Ceará, Brasil). p. 66 Figura 64 - Talking Book & Braille Center da Biblioteca Estadual de New Jersey (Estados Unidos). p. 66 Figura 65 - Biblioteca de Birmingham, Reino Unido. p. 69 Figura 66 - Biblioteca Nacional do Brasil p. 69 Figura 67 - Biblioteca Comunitária Leônidas Magalhães (Fortaleza/CE). p. 69 Figura 68 - Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel - Espaço Estação (Fortaleza/CE). p. 70 Figura 69 - Biblioteca Inspiração Nordestina do Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza/CE). p. 70 Figura 70 - Gabinete de Curiosidades de Ferrante Imperato em Nápoles, 1599. p. 73 Figura 71 - Galeria de Arte de Valenti Gonzaga, 1749. p. 73 Figura 72 - Palácio de Médici e sua decoração luxuosa. p. 74 Figura 73 - Fachada do Palácio de Médici. p. 74 Figura 74 - Planta Galleria degli Uffizi. p. 75 Figura 75 - Planta Galleria degli Uffizi. p. 76 Figura 76 - Old Ashmolean Museum. p. 77 Figura 77 - Ashmolean Museum, 1845 por Charles Cockerell. p. 78 Figura 78 - Fachada Norte da Montagu House, 1714. p. 78 Figura 79 - Projeto de museu por Étienne-Louis Boullée (1783). p. 79
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Figura 80 - Museu do Louvre original. p. 80 Figura 81 - Museu do Louvre após ampliação feita por I.M. Pei. p. 80 Figura 82 - Museu do Prado por Juan Villanueva. p. 81 Figura 83 - Museu Nacional do Rio de Janeiro (século XIX). p. 82 Figura 84 - Maquete do “Museu do Amanhã” ou “Musée de la Connaissance”, projeto de Le Corbusier, 1939. p. 85 Figura 85 - Projeto de Frank Lloyd Wright para o Museu Guggenheim. p. 85 Figura 86 - Renovação e Adição de Gwathmey Siegel ao Museu Guggenheim. p. 85 Figura 87 - Fluidez e transparência nos ambientes do Neue Nationalgalerie de Mies Van der Rohe, 1965-1968. p. 86 Figura 88 - Fluidez e transparência nos ambientes do Neue Nationalgalerie de Mies Van der Rohe, 1965-1968. p. 86 Figura 89 - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1954, Affonso Reidy. p. 87 Figura 90 - Museu de Arte de São Paulo, 1957, Lina Bo Bardi. p. 87 Figura 91 - Neue Staatsgaleria, Schinkel (1982). p. 90 Figura 92 - Planta do Altes Museum (1823-1830) de Schinkel.p. 90 Figura 93 - Referência de Stirling para o Neue Staatsgaleria (1982). p. 90 Figura 94 - Fundação Iberê Camargo projetada por Álvaro Siza. p. 91 Figura 95 - Figura 95 - Espaço Cultural UNIFOR. p. 93 Figura 96 - Museu de História do Ceará. p. 95 Figura 97 - Museu Brigadeiro Sampaio. p. 95 Figura 98 - Seara da Ciência da UFC. p. 95 Figura 99 - Exposição Vaqueiros no Museu da Cultura Cearense do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. p. 97 Figura 100 - Museu de Paleontologia de Santana do Cariri. p. 97 Figura 101 - Ecomuseu Natural do Mangue. p. 97
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Figura 102 - Museu da Imagem e Som do Ceará. p. 98 Figura 103 - Galeria dos Artistas “The British Institution (Pall Mall)” por Rudolph Ackermann, 1808. p. 100 Figura 104 - Projeto para um museu genérico de Durand, 1819. p. 100 Figura 105 - Panteão por Francesco Piranesi, 1748-1774. p. 101 Figura 106 - Galeria do Louvre por Hubert Robert, 1796. p. 101 Figura 107 - Museu Memorial Shiba Ryotaro em Osaka, Japão, 2001. p. 103 Figura 108 - Museu Memorial Shiba Ryotaro em Osaka, Japão, 2001. p. 103 Figura 109 - Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke. p. 113 Figura 110 - Maquete da Biblioteca de Beinecke com prédios gótico e neoclássico no entorno. p. 114 Figura 111 - Planta baixa e cortes com níveis inferiores da Biblioteca de Beinecke. p. 115 Figura 112 - Sala de leitura iluminada pelo pátio enterrado. p. 115 Figura 113 - Maquete da Biblioteca de Beinecke com pátio enterrado projetado por Isamu Noguchi. p. 115 Figura 114 - Colunas de apoio da fachada estrutural. p. 117 Figura 115 - Torre de vidro abrigando os livros mais raros. p. 117 Figura 116 - Hall de Entrada. p. 117 Figura 117 - Escadas de acesso ao pavimento superior. p. 117 Figura 118 - Exterior da Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke. p. 119 Figura 119 - Painéis de mármore instalados nas cruzes de aço, permitindo iluminação natural de forma indireta no ambiente. p. 119 Figura 120 - Detalhe dos painéis de mármore.p. 119 Figura 121 - Plaza La Ciudadela Jose Maria Morelos y Pavón. p. 121 Figura 122 - Bailes de dança realizados para a terceira idade. p. 121
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Figura 123 - Barracas rodeando o edifício Cidade dos Livros e da Imagem. p. 122 Figura 124 - Fonte de água no Jardim Tolsá, com barracas montadas ao fundo. p. 122 Figura 125 - Planta Baixa da Cidade dos Livros e da Imagem. p. 123 Figura 126 - Um dos pátios que circundam os eixos principais. p. 124 Figura 127 - Pátio central como espaço de eventos. p. 124 Figura 128 - Livraria Alejandro Rossi. p. 125 Figura 129 - Área Infantil. p. 125 Figura 130 - Biblioteca Ali Chumacero, o editor. p. 126 Figura 131 - Biblioteca Carlos Monsivais, o bibliófilo. p. 126 Figura 132 - Biblioteca Antonio Castro Leal, o humanista. p. 127 Figura 133 - Biblioteca Jaime García Terrés, o poeta p. 127 Figura 134 - Biblioteca José Luis Martínez, o bibliófilo. p. 127 Figura 135 - Planta Baixa da Biblioteca Jaime Garcia Terrés. p. 128 Figura 136 - Iluminação traseira nas prateleiras. p. 128 Figura 137 - Visão geral do ambiente. p. 129 Figura 138 - Cubo de leitura. p. 129 Figura 139 - Obra fixada no teto que contribui para a sensação de leveza do ambiente. p. 130 Figura 140 - Museu Casa da Memória, Medellín, Colombia. p. 133 Figura 141 - Museu da Memória, segunda fase do projeto do Parque Bicentenário de Mendellín. p. 134 Figura 142 - Museu da Memória. p. 134 Figura 143 - Transição da escuridão para a luz. p. 135 Figura 144 - Diferentes dispositivos tecnológicos que contam sobre a violência vivida pela cidade. p. 135 Figura 145 - Transição da escuridão para a luz. p. 135
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Figura 146 - Memória Sonora: espaço para ouvir relatos sobre o conflito armado. p. 135 Figura 147 - Corte Transversal mostrando os três níveis do edifício. p. 136 Figura 148 - Nível intermediário (N 0,00). p. 136 Figura 149 - Nível superior (N +4,00). p. 136 Figura 150 - Auditório para 270 pessoas. p. 137 Figura 151 - Restaurante. p. 137 Figura 152 - CRAM. p. 137 Figura 153 - Nível inferior (N -5,00 e -6,00). p. 137 Figura 154 - Laje de Concreto. p. 138 Figura 155 - Esqueleto de metal da edificação p. 139 Figura 156 - Pele estrutural a edificação. p. 139 Figura 157 - Pele unificando a edificação. p. 139 Figura 158 - Paredes com ângulos profundos externamente, diminuindo incidência direta de raios solares através das janelas. p. 40 Figura 159 - Paredes com ângulos profundos internamente, diminuindo incidência direta de raios solares através das janelas. p. 140 Figura 160 - Uso de claraboia para iluminação natural indireta. p. 140 Figura 161 - Projeto de construção para a área do Complexo Presidiário do Carandiru: projeto arquitetônico de Aflalo & Gasperini, projeto paisagístico de Rosa Grena Kliass e José Luiz Brenna. p. 143 Figura 162 - Biblioteca São Paulo, São Paulo, Brasil.
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Figura 163 - Corte Longitudinal mostrando dispositivos responsáveis pela iluminação zenital do edifício. p. 145 Figura 164 - Detalhe da forma ondulada que permite a entrada de luz pelos caixilhos instalados no alto do edifício. p. 145 Figura 165 - Terraço coberto por pérgolas nas fachadas de maior insolação. p. 146
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Figura 166 - Terraço coberto por pérgolas nas fachadas de maior insolação. p. 146 Figura 167 - Fachada de concreto pré-moldado com acabamento texturizado colorido. p. 147 Figura 168 - Vidro translúcido fosco com serigrafias. p. 147 Figura 169 - Fachada Sul com disposição de esquadrias apenas em um lado, garantindo iluminação apenas nos espaços livres de acervo. p. 148 Figura 170 - Fachada Oeste com placas de proteção ao Norte, com terraço construído em balanço, longe dos acervos. p. 149 Figura 171 - Planta Pavimento Térreo. p. 150 Figura 172 - Auditório para 90 pessoas. p. 150 Figura 173 - Auditório para 90 pessoas. p. 150 Figura 174 - Pavimento térreo dedicado a crianças de diferentes faixas etárias. p. 151 Figura 175 - Estrutura tensionada como cobertura da biblioteca. p. 151 Figura 176 - Estrutura tensionada como cobertura da biblioteca. p. 151 Figura 177 - Planta Primeiro Pavimento. p. 152 Figura 178 - Diferentes áreas de leitura e estudo para adultos. p. 152 Figura 179 - Diferentes áreas de leitura e estudo para adultos. p. 152 Figura 180 - Diferentes áreas de leitura e estudo para adultos. p. 153 Figura 181 - Equipamentos para pessoas com visão reduzida p. 153 Figura 182 - Equipamentos para pessoas com mobilidade reduzida p. 153 Figura 183 - Área de Multimídia. p. 155 Figura 184 - Biblioteca São Paulo como um espaço aberto para moradores de rua. p. 155 Figura 185 - Oficinas de tecnologias para pessoas da terceira idade. p. 155 Figura 186 - Diferentes mídias digitais na Biblioteca São Paulo. p. 155 Figura 187 - Oficinas de tecnologias para pessoas da terceira idade. p. 155
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Figura 188 - Elite fortalezense no Passeio Público na Belle Époque. p. 158 Figura 189 - Retirantes na Praça da Estação no final do séc. XX. p. 158 Figura 190 - Casas de veraneio na Praia de Iracema. p. 159 Figura 191 - Casa destruída pelo avanço do mar na Praia de Iracema, década de 40. p. 159 Figura 192 - Estoril na década de 60. p. 160 Figura 193 - Melhorias propostas para a Praia de Iracema. p. 162 Figura 194 - Hotel Praia Centro à Oeste do terreno escolhido. p. 164 Figura 195 - Visual do mar na altura da rua. p. 166 Figura 196 - Diferença de nível entre hotel e terreno escolhido. p. 166 Figura 197 - Visual do mar no primeiro andar do Hotel Praia Centro. p. 166 Figura 198 - Visual do mar no segundo andar do Hotel Praia Centro. p. 167 Figura 199 - Visual do mar no terceiro andar do Hotel Praia Centro. p. 167 Figura 200 - Edifício do SEBRAE em frente ao terreno escolhido. p. 167 Figura 201 - Primeiro ponto do percurso Topográfico Norte-Sul. p. 168 Figura 202 - Segundo ponto do percurso Topográfico Norte-Sul. p. 168 Figura 203 - Entorno do terreno em análise sem desnível. p. 169 Figura 204 - Diferença de nível entre quarteirões. p. 169 Figura 205 - Primeiro ponto do percurso Topográfico Oeste-Leste. p. 170 Figura 206 - Segundo ponto do percurso Topográfico Oeste-Leste.p. 170 Figura 207 - Diferença de nível entre quarteirões. p. 171 Figura 208 - Visual Leste. p. 171 Figura 209 - Terreno escolhido. p. 181 Figura 210 - Programa de necessidades proposto. p. 184 Figura 211 - Fluxograma Geral. p. 186 Figura 212 - Fluxograma do Setor de Lazer. p. 187
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Figura 213 - Fluxograma Biblioteca Geral. p. 188 Figura 214 - Fluxograma Bibliotecas Pessoais. p. 188 Figura 215 - Fluxograma do Setor de Informação. p. 189 Figura 216 - Fluxograma do Setor de Memória. p. 190 Figura 217 - Fluxograma do Setor de Apoio. p. 191 Figura 218 - Estudo de Manchas. p. 192 Figura 219 - Evolução do Partido Arquitetônico. p. 93 Figura 220 - Esquema de Implantação do edifício. p. 194 Figura 221 - Pilares em V no pavimento térreo do Edifício Padre Antônio, São Paulo. p. 197 Figura 222 - Esquema eletrônico do partido estrutural. p. 197 Figura 223 - Pilares em I nos pavimentos superiores do Edifício Padre Antônio, São Paulo. p. 197 Figura 224 - Parâmetros Adotados p. 198 Figura 225 - Planta de Situação e Coberta. p. 198 Figura 226 - Planta de Implantação. p. 200 Figura 227 - Primeiro Pavimento - Planta de Esquadrias.p. 203 Figura 228 - Fachadas. p. 204 Figura 229 - Indicação das espécies. p. 206 Figura 230 - Planta de Subsolo. p. 208 Figura 231 - Indicação das espécies para o sistema de exaustão. p. 210 Figura 232 - Corte com detalhe do Sistema de Exaustão. p. 210 Figura 233 - Esquadrias com alturas distintas no Museu Casa de La Memoria, Colombia. p. 212 Figura 234 - Planta do Segundo Pavimento. p. 213 Figura 235 - Ilhas de leitura na Biblioteca São Paulo, Brasil. p. 215 Figura 236 - Segundo Pavimento - Planta de Esquadrias. p. 215
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Figura 237 - Cuidados com os livros na Sala de Restauração. p. 216 Figura 238 - Espaços amplos para acomodação de equipamentos. p. 216 Figura 239 - Espaços amplos para acomodação de ferramentas. p. 216 Figura 240 - Higienização na Biblioteca Acervos Especiais. p. 216 Figura 241 - Usos de novas tecnologias nas salas de exposição. p. 217 Figura 242 - Detalhamento dos brise. p. 217 Figura 243 - Lounge - Espaço para contemplação. p. 218 Figura 244 - Planta do Terceiro Pavimento. p. 219 Figura 245 - Acervo Christiano Câmara. p. 221 Figura 246 - Acervo Christiano Câmara. p. 221 Figura 247 - Acervo Miguel Ângelo de Azevedo. p. 21 Figura 248 - Acervo Miguel Ângelo de Azevedo. p. 221 Figura 249 - Terceiro Pavimento - Planta de Esquadrias. p. 221 Figura 250 - Parede com fotografias e tela interativa. p. 222 Figura 251 - Estantes com televisores anexados. p. 222 Figura 252 - Layout personalizado para bibliotecas pessoais. p. 222 Figura 253 - Detalhamento da iluminação zenital. p. 224 Figura 254 - Detalhamento do guarda-corpo p. 227 Figura 255 - Jardim com caráter mais coletivo. p. 227 Figura 256 - Jardim com caráter mais privativo. p. 227 Figura 257 - Passarelas com pergolado para acesso aos banheiros p. 228 Figura 258 - Detalhamento da coberta do pergolado p. 229 Figura 259 - Planta do Quarto Pavimento. p. 231 Figura 260 - Quarto Pavimento - Planta de Esquadrias. p. 233 Figura 261 - Corte Transversal p. 234 Figura 262 - Corte Longitudinal p. 234
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LISTA DE M A PA S
Mapa 01 – Número de Bibliotecas e Museus por Regionais de Fortaleza p. 112 Mapa 02 – Regional 02 p. 113 Mapa 03 – Regional 03 p. 114 Mapa 04 – Regional 04 p. 115 Mapa 05 – Regional 05 p. 116 Mapa 06 – Regional 06 p. 117 Mapa 07 – Secretaria Regional do Centro de Fortaleza (SERCEFOR) p. 119 Mapa 08 – Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke, Universidade de Yale, New Heaven, EUA p. 122 Mapa 09 – Cidade dos Livros e da Imagem, Cidade do México, México p. 128 Mapa 10 – Museu Casa da Memória, Parque Bicentenário, Medellín, Antioquia, Colombia p. 140 Mapa 11 – Espaço de Implantação da Biblioteca São Paulo: antes (2000) e da intervenção, Parque da Juventude, São Paulo, Brasil p. 150 Mapa 12 – Espaço de Implantação da Biblioteca São Paulo: depois (2018) da intervenção, Parque da Juventude, São Paulo, Brasil p. 150 Mapa 13 – Mapa de localização do terreno p. 155 Mapa 14 – Condicionantes do Entorno p. 173 Mapa 15 – Mapa de Uso do Solo e Sistema Viário p. 181 Mapa 16 – Mapa de Mobilidade Urbana p. 183 Mapa 17 – Mapa de Equipamentos Relevantes p. 185 Mapa 18 – Mapa do Patrimônio do Entorno p. 187
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AIA – Instituto Americano de Arquitetos CRAM – Centro de Recursos para a Ativação da Memória CONACULTA – Conselho Nacional para a Cultura e as Artes EDU – Empresa de Desenvolvimento Urbano IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus ICC – Instituto Internacional para a Conservação de Trabalhos Históricos e Artísticos ICOM – International Council of Museums (Conselho Internacional de Museus) IFLA – International Federation of Library Associations and Institutions (Federação Internacional de Associações de Bibliotecas) LUOS – Lei de Uso e Ocupação do Solo MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo PDP – Plano Diretor de Participação PUI – Projeto Urbano Integrado SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SERCEFOR – Secretaria Regional do Centro de Fortaleza UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) UNIFOR – Universidade de Fortaleza ZOC – Zona de Ocupação Consolidada
LISTA DE SIGLAS
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BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
SU MÁ RIO 01
INTRODUÇÃO //P. 26 1.1 Contextualização P. 027 1.2 Objetivos de pesquisa P. 029 1.3 Metodologia P. 030
01
04
02
03
//P. 32
//P. 112
REFERENCIAL CONCEITUAL 2.1 Bibliotecas e a conservação da Memória Urbana 2.2 Tipos de Bibliotecas e suas funções 2.3 Museus e a conservação da Memória Urbana 2.4 Tipos de museus e suas funções 2.5 Biblioteca e Museu: Um equipamento integrado 2.6 Bibliotecas e Museus em Fortaleza
REFERENCIAL PROJETUAL P. 033 P. 072 P. 081 P. 100 P. 107 P. 112
3.1 Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke 3.2 A cidade dos Livros e da Imagem – Biblioteca Jaime Garcia Terres 3.3 Museu Casa da Memória 3.4 Biblioteca São Paulo
P. 121
P. 128
P. 140 P. 150
25
02
03
05
06
04
05
DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO //P. 164 4.1 Identificação da área de intervenção 4.2 Condicionantes históricas 4.3 Análise do Terreno 4.4 Legislação
06
PROPOSTA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
//P. 182 P. 165 P. 166 P. 172 P. 188
5.1 Partido Conceitual e Projetual 5.2 Programa de Necessidades e setorização 5.3 Fluxogramas 5.4 Estudos das manchas 5.5 Evolução do Partido 5.6 Esquema de Implantação 5.7 Partido Estrutural 5.8 Plantas
//P. 244 P. 191 P. 192 P. 194 P. 200 P. 201 P. 202 P. 204 P. 206
6.1 Considerações Finais 6.2 Referências 6.3 Apêndices
P. 245 P. 246 P. 262
01
INTRODUÇÃO
C O N T E X T U A L I Z A Ç Ã O
Segundo o Guia dos Museus Brasileiro, publicado em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), Fortaleza comporta 31 museus em seu território, a maioria em funcionamento atualmente. Além dos registrados até 2011 pelo IBRAM, Fortaleza conta ainda com alguns museus inaugurados mais recentemente, como é o caso dos museus da Indústria, da Fotografia, do Humor Cearense, dentre outros. Ao levantar os temas abrangidos por tais museus, é possível se deparar com diversos assuntos, tais como escrita, automóveis, dispositivos audiovisuais, maracatu, dentre vários outros. Já segundo outro levantamento feito pelo IBRAM (2015), o Ceará ocupa, graças a seu extenso acervo, a oitava posição no Brasil em quantidade de museus, além de estar em 13º lugar quando se observa a relação entre o número total de museus e de habitantes. Porém, apesar de tal variedade temática, Fortaleza não possui, atualmente, nenhum museu que seja especializado em contar a história da própria cidade, já que o museu que possuía temática similar, o antigo Farol do Mucuripe, encontra-se em estado de abandono desde 2007 (O POVO, 14 mar. 2016). Além disso, é comum o caso de famílias em que há parentes que possuem coleções relacionadas ao tema e que eventualmente acabam falecendo, que optam por passar adiante tais coleções por falta de estrutura adequada ou conhecimento necessário para preservá-las. Em relação às bibliotecas, segundo notícia publicada no G1 no dia 02 de novembro de 2014, o “Brasil tem uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes” (G1, 2014), com o Ceará possuindo uma biblioteca para cada 43.244 pessoas. Algumas delas, porém, encontram-se em estado precário ou de desativação. Segundo a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), Regina Céli de Sousa, em entrevista para o G1, “Em muitos Farol do Mucuripe, antigo abrigo do Museu de Fortaleza Fonte: Mateus Dantas/O POVO, 2017 (Adaptado)
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estados, o que existem são apenas espaços com amontoados de livros sem nenhum tipo de controle, organização, serviço e produtos para a sociedade. Estão lá apenas para justificar as verbas recebidas” (G1, 2014). O município de Fortaleza possui atualmente 14 bibliotecas registradas no Mapa das Bibliotecas do Brasil, plataforma criada pelo Ministério da Cultura em 2015, com metade delas criadas pela própria comunidade em que estão instaladas. A maior e mais antiga biblioteca do município, a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (fundada em 1867 como Biblioteca Provincial do Ceará e passando por diversos endereços da cidade até ser estabelecida em 1975 no seu prédio atual na Av. Presidente Castelo Branco) contudo, encontra-se fechada desde fevereiro de 2014, ainda sem uma data específica para sua reabertura (O POVO, 24 ago. 2017). Os dados acima revelam a pertinência da proposta de uma Biblioteca-Museu que possa reunir acervos relacionados à história de Fortaleza, informando sobre sua formação e os costumes de seu povo, tornando-se um espaço capaz de abrigar, em condições apropriadas, documentos históricos que ajudam a preservar a memória do município e de seus habitantes, contando ainda com suporte e estrutura necessários para abrigar acervos de colecionadores fortalezenses independentes, sendo fonte de cultura e ensino para quem por ela buscar.
Introdução
29
1.2
OBJETIVOS DE PESQUISA Elaborar projeto arquitetônico de uma biblioteca-museu que incentive à preservação da memória fortalezense por meio de visitas guiadas por mediadores e disponibilização de diversos documentos históricos em diferentes plataformas, expondo, desse modo, os grupos sociais que possuem importância para a formação da história da cidade.
•
Estudar, compreender e sistematizar o papel e os projetos de bibliotecas e museus na sociedade, com enfoque na memória urbana da cidade de Fortaleza;
•
Compreender a história de Fortaleza através de diferentes grupos culturais que a formam, visando à criação de espaços de exibição;
•
Identificar e analisar projetos referenciais e aspectos projetuais importantes para a criação de espaços para exposição de livros, fotografias, pinturas, esculturas, vestimentas, mapas, jornais, etc., que ajudem a contar a história do município;
•
Levantar os acervos existentes de famílias de colecionadores que não possuem estrutura adequada para preservá-los;
•
Identificar um sítio que possa abrigar o equipamento em estudo, considerando aspectos como porte, acessibilidade, infraestrutura, localização com relevância história, etc;
•
Estruturar um programa de necessidades adequado e compatível com os tipos de acervos e com as atividades que serão realizadas no equipamento proposto.
1.2.1 OBJETIVO GERAL
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
1.3
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório e investigativo, que também contou com técnicas de pesquisa histórica, para determinação de quais grupos históricos que constituem a cidade serão abordados no museu, definindo, consequentemente, os ambientes que serão projetados.
Os procedimentos de pesquisa necessários para alcançar tais objetivos foram:
•
Pesquisa bibliográfica referente a outras bibliotecas e museus que trabalham o papel da conservação e da preservação de arquivos históricos;
•
Pesquisa de campo, para conhecer museus e bibliotecas existentes no município;
•
Pesquisa documental (projetos, mapas e identificação de acervos);
•
Sistematização de informações (elaboração de tabelas, textos, gráficos).
Uma segunda etapa consistiu na elaboração do projeto arquitetônico, que partiu de um estudo conceitual de prioridades, elaboração de fluxograma, estudos volumétricos, estudos de insolação e ventilação, verificação de adequação estrutural, entre outros, conforme explicado no capítulo 5.
Introdução
31
02
REFERENCIAL T E Ó R I C O
A CRIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS E SEU PAPEL NA CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA URBANA
Tradicionalmente, as bibliotecas são espaços, públicos ou privados, criados para armazenar livros, normalmente de dimensões semelhantes, que podem ou não tratar de um único assunto, podendo, assim, ser organizadas de formas diferentes para se adequar a coleção que abriga, ainda que seguindo sempre uma configuração semelhante, com diversas estantes dispostas de modo a expor o conteúdo presente em cada uma para quem o examina. Porém, tal configuração nem sempre foi a mesma. De acordo com o arquiteto James Campbell (2016), diferentes bibliotecas ao redor do mundo, bem como sua arquitetura, sofreram diversas alterações ao longo dos séculos, podendo ser classificadas de acordo com os tipos de livros produzidos em cada época e suas respectivas configurações criadas para acomodálos, devendo ser observada a forma de reprodução desse tipo de conteúdo em cada época. Desse modo, é possível observar exemplos de diferentes projetos de arquitetura que armazenam diversos tipos de livros – tais como tábuas de argila, papiros, blocos de madeiras, rolos, pergaminhos e os livros convencionalmente conhecidos atualmente – de formas distintas, seja por meio de baús, armários, atris (mesas inclinadas) ou estantes, estando ocultos ou expostos para consulta (CAMPBELL, 2016). Para entender melhor os diferentes tipos de biblioteca, é necessário fazer um estudo dessa arquitetura desde a Antiguidade, quando surgiram as primeiras bibliotecas das quais se tem conhecimento (CAMPBELL, 2016), até o presente, estudando sua relação com as novas tecnologias de informação e o modo como a sociedade se comporta atualmente.
Museu Memorial Shiba Ryotaro em Osaka, Japão, 2001. Fonte: Ethan Lee, 2017 (Adaptado)
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2.1.1
Por volta de 3.400 a.C., foi criado BIBLIOTECAS NA ANTIGUIDADE o primeiro sistema de escrita na (3400 A.C. – 600 D.C.) – Mesopotâmia Antiga, com o objetivo CRIAÇÃO DOS PRIMEIROS de registrar atividades comerciais ocorridas na época. Tais registros MATERIAIS DE DOCUMENTAÇÃO eram feitos em pequenas tábuas de argila que mediam cerca de 21 x 21 cm, com 2 a 3 cm de espessura¹. 1. Atualmente, poucos exemplares dessa (CAMPBELL, 2016). primeira forma de registro existem, já que muitos foram descartados com o tempo ou usados como material de construção. 2. Material mais frágil que as tábuas de argila, que apodrecia com o tempo em condições normais, o que contribuiu para a existência de poucos exemplares desse tipo atualmente.
Figura 263 - Biblioteca de Ebla
Fonte: Gettyimages
possuíam cerca de 20 a 25 cm de largura e 19 a 33 cm de altura, sendo comumente vendidos em 20 rolos. Infelizmente, não existem exemplos das antigas bibliotecas egípcias atualmente, não sabendo, assim, como era a sua arquitetura, tendo conhecimento de sua existência apenas por serem mencionadas em pinturas gravadas em paredes Conforme exposto por Campbell (CAMPBELL, 2016). (2016), um exemplo de espaço para armazenamento das tábuas de argila Em 500 a.C. surgiram os primeiros é a biblioteca da antiga cidade de Ebla livros gregos, confeccionados em (atual Alepo), na Síria, caracterizada forma de rolos feitos de papiro por um espaço retangular de 3,5 x importado do Egito. Gradativamente, 4m com diversas estantes dispostas, o processo de reprodução foi surgindo configuração comum na época, já e, já no século seguinte, começaram havendo separação entre ambiente a aparecer vendedores de cópias de armazenamento e espaço para manuscritas, e, consequentemente, leitura, tornando-se, assim, a primeira colecionadores. Contudo, não há forma de biblioteca existente (figura registro de bibliotecas privadas da 01). época, havendo apenas algumas poucas ruínas das bibliotecas gregas Já no Egito e em outras localidades do (CAMPBELL, 2016). Mediterrâneo, o material de escrita utilizado era o papiro². Os papiros Provavelmente a biblioteca mais
REFERENCIAL TEÓRICO
famosa da Antiguidade é a Biblioteca de Alexandria (figura 02). Criada no período helenístico por Alexandre, o Grande, em Alexandria, no Egito, tinha como objetivo “coletar todos os livros do mundo grego” (CAMPBELL, 2016), valendo-se de cópias ou roubos de livros do mundo todo³. Como outras bibliotecas da antiguidade, poucas são as informações existentes a respeito da Biblioteca de Alexandria. Não se sabe a data de sua construção, a quantidade de livros que abrigava (apesar de ser estimado cerca de 10 a 15 mil rolos), sua localização ou mesmo sua organização espacial4 (CAMPBELL, 2016). Segundo Campbell (2016), a forma como foi destruída também possui divergências. Apesar de muitos relatos afirmarem que a Biblioteca de Alexandria foi destruída por incêndios ou por batalhas, o mais provável é que esta, com o declínio do Império Romano e o fim dos fundos disponíveis para sua manutenção, tenha aos poucos se degradado, já que o papiro não era um material duradouro, tendo o ambiente úmido
de Alexandria contribuído para seu inevitável apodrecimento.
Bibliotecas de cunho público – As Bibliotecas Romanas As bibliotecas até então citadas eram de cunho privado. As primeiras bibliotecas de cunho público surgiram em Roma, apesar do cunho público ainda ser muito limitado na época. A maioria das bibliotecas romanas tinham algumas características em comum. Dentre elas, pode-se destacar o fato de que elas eram construídas em pares, com um espaço para livros em grego e outro semelhante para livros em latim. Outra característica marcante nas bibliotecas romanas era da existência de uma plataforma de pedra elevada com uma série de nichos localizados na parede atrás dela, o que pode sugerir que o acesso direto aos livros era possível somente para os bibliotecários. Essas plataformas poderiam ser usadas também como assentos para o público durante palestras, outro uso dado a esses espaços, além do uso comum de
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3. A primeira tentativa de coleta de todo conhecimento em um espaço, contudo, foi presenciada na Biblioteca do rei assírio Assurbanípal (668-630 a.C.), que possuía cerca de 1500 obras encontradas em tábuas de argila e quadros de cera, tipologia de registro que não sobreviveu ao tempo (CAMPBELL, 2016). 4. Os poucos registros existentes sugerem que a Biblioteca de Alexandria possuía os “livros organizados em uma série de depósitos e corredores montados em pátios, onde eram lidos” (CAMPBELL, 2016, p. 46).
Figura 264 - Ilustraçãorepresentativa da Biblioteca de Alexandria Fonte: Descobrir Egipto
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leitura. Além disso, acredita-se que os livros eram guardados em armários forrados com madeiras e com portas que os protegiam da umidade e de insetos, além de ocultar o fato de que o espaço possuía poucos livros, escondidos atrás das portas fechadas (CAMPBELL, 2016). De acordo com Campbell (2016), a biblioteca pública romana mais antiga da qual se tem vestígios foi construída em 28 a.C., conhecida como Biblioteca Palatina (figura 03), que possui a configuração de duas salas, com a parede da frente de cada uma aberta e as paredes da parte de trás curvadas em um arco com um grande nicho para uma estátua no centro. “Em volta das paredes há mais nichos, de 3,8m de altura, 1,8m de largura e 60 cm de profundidade. À frente deles há uma plataforma principal elevada alguns centímetros do piso do andar
Figura 265 - Biblioteca Palatina (as partes em vermelho são as únicas que ainda existem). Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 55
principal.” (CAMPBELL, 2016, p. 55).
Outro conhecido exemplo das bibliotecas romanas é a Biblioteca de Celso, em Éfeso, uma das mais conhecidas bibliotecas de Roma, que teve suas ruínas posteriormente reconstruídas (figuras 04 e 05). Ela consistia em uma sala retangular de 16,7 por 10,9m, com nichos semelhantes aos acima citados enfileirados no seu entorno (figura 06) (CAMPBELL, 2016). Conclusões Conforme afirma Campbell (2016), apesar de não possuir exemplares erguidos até os dias atuais, os antigos gregos e mesopotâmicos foram os responsáveis por construir o conceito de grandes bibliotecas, com o povo romano criando o conceito da construção de prédios notáveis para abrigar tal uso.
REFERENCIAL TEÓRICO
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Figura 266 - Fachada reconstruída da Biblioteca de Celso, em Éfeso, Turquia (153 d.C.).
Figura 267 - Interior da Biblioteca de Celso, em Éfeso, Turquia (153 d.C.).
Fonte: Wikimedia
Fonte: Wikimedia
Figura 268 - Planta baixa da Biblioteca de Celso, com sua configuração retangular e seus nichos dispostos nas paredes (153 d.C.). Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 47
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2.1.2 BIBLIOTECAS NA IDADE MÉDIA (660 – 1500 D.C.) – DIFERENTES FORMAS DE ARMAZENAMENTO E DISPOSIÇÃO DOS LIVROS
5. Estima-se que os primeiros blocos de madeira surgiram em 700 d.C., muito antes do surgimento da prensa de Gutenberg, em 1500, sendo usados até o século XX, quando foram superados por outras técnicas (CAMPBELL, 2016).
Bibliotecas Orientais – Espaços o Templo de Mii-dera utiliza um de conservação dos ensinamentos depósito giratório para abrigar seus budistas arquivos (figura 07), a Tripitaka Koreana os armazena em uma A Idade Média compreende o período estrutura feita de postes de madeira entre a queda do Império Romano e o posicionados em calços de pedra Renascimento. Nesse período, países que protegem os livros da umidade. asiáticos começaram a se destacar As estantes são abertas para que o ar em relação à suas bibliotecas e ao possa circular livremente por todos tipo de material utilizado para criação os blocos (figura 08) (CAMPBELL, de seus livros (CAMPBELL, 2016). 2016). Em países como Coreia, China e Bibliotecas Ocidentais – Japão era comum utilizar blocos de Conhecimento armazenado nas madeira para impressão em papel5. Instituições Religiosas Dentre os exemplares de bibliotecas orientais que abrigam blocos de Já no Ocidente, as maiores bibliotecas madeira, é possível citar o salão de desse período se encontravam sutras (escritas com ensinamento localizadas em monastérios. O hábito budista) do Templo de Mii-Dera, de leitura era obrigatório nesses no Japão, construído no século XV, espaços e as coleções ficavam e a Tripitaka Koreana no Templo espalhadas pelo edifício: Budista de Haeinsa, na Coreia do “Os (livros) que faziam parte Sul, construído em 1251. Enquanto dos rituais ficavam na igreja da
Figura 269 - Detalhe do depósito giratório de Sutras no Templo de Mii-Dera, Japão (século XV).
Figura 270 - Kripitaka Koreana, templo de Haeinsa, Coreia do Sul (1251).
Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 69
Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 62
REFERENCIAL TEÓRICO
abadia, no coral ou no espaço adjacente a ele. Outras obras, as essenciais, ficavam no refeitório para ser lidas. Qualquer outro livro que um monastério tivesse ficava próximo ou dentro dos claustros” (CAMPBELL, 2016, p. 80).
Os monastérios não possuíam bibliotecas como as da atualidade. Na maioria das vezes, os livros eram guardados em espaços que se assemelhavam à depósitos, sem janelas e de tamanho diminuto, sem acomodações onde os livros pudessem ser examinados. Os móveis usados para armazenar os livros costumavam se tratar de baús de madeira que possuíam pernas para os afastar da umidade do chão, como os encontrados ainda hoje na Universidade de Merton, em Oxford (figura 09), e a leitura normalmente ocorria nos claustros, em nichos de pedras com janelas de vidro onde
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os monges passavam a tarde inteira examinando diversos livros, como pode ser observado na Universidade de Gloucester, Inglaterra (figuras 10 e 11) (CAMPBELL, 2016). A biblioteca mais antiga desse período e que manteve suas características e coleção originais é a Biblioteca Malatestiana, localizada em um monastério franciscano em Cesena, Itália. Foi construída pelo arquiteto Matteo Nuti entre 1447 e 1452 e possui um espaço com paredes pintadas de verde e chão de terracota em vermelho, onde se organizam duas fileiras de bancos projetados para o assento da frente formar um suporte para a mesa de leitura do banco de trás (figura 12). Esse tipo de banco inclinado, também conhecido como atris, é comum nas bibliotecas medievais e renascentistas italianas e os da biblioteca Malatestiana se
Figura 271 - Baú do século XIV para guardar livros na Universidade de Merton,Oxford
Figura 272 - Claustros presentes na Universidade de Gloucester, Inglaterra, como ambiente de leitura.
Figura 273 - Hitoriador J.W. Clark mostrando como os claustros eram utilizados
Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 81
Fonte: Wikimedia
Fonte: Thinkspaceresearch
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6. As bibliotecas monásticas desse período costumavam abrigar cerca de até cem livros, com poucas chegando a quinhentos e apenas as maiores coleções chegando a acervos com mil livros. 7. Essas universidades surgiram a partir de ordens como a de São Francisco e a de São Domingos, que se dedicavam ao ensino e à pregação. Seus monastérios foram, posteriormente, transformados em escolas, com as universidades treinando os professores.
encontram afastado das paredes para permitir o acesso ao leitor de ambos os lados, evitando, assim, possíveis incômodos. Na base de cada mesa há uma pequena prateleira onde os livros são acorrentados, para evitar tentativas de furtos (CAMPBELL, 2016). Tal configuração de bibliotecas com livros armazenados em bancos só era possível, porém, por causa da pequena quantidade de livros que existiam até então6. Esse escasso acervo das bibliotecas até por volta de 1300 se devia principalmente ao elevado custo de produção dos livros (CAMPBELL, 2016). O material mais utilizado nessa época para produzir livros medievais era o pergaminho, material feito de pele de animal. Esse material era mais adequado para a produção de códices, os manuscritos da Idade Média que precederam os livros,
Figura 274 - Biblioteca Malatestiana, na Itália (1452). Fonte: University of Chicago
substituindo o papiro na produção de documentos no período. O processo para transformar a pele de animal em material adequado para escrita, porém, consistia em várias etapas que levavam meses para serem completadas, encarecendo o valor dos livros da época (CAMPBELL, 2016). As bibliotecas desse período eram majoritariamente utilizadas apenas pelos monges, tendo, assim, caráter mais privativo. Com a criação das universidades na Europa, porém, surgiu a necessidade de criação de espaços acessíveis a um público mais amplo7. A maioria das bibliotecas dessa época eram construídas no primeiro andar, geralmente acima dos claustros, principalmente por questões de segurança, dificultando que se roubassem livros, passandoos pelas janelas para o lado de fora do prédio (CAMPBELL, 2016).
REFERENCIAL TEÓRICO
A biblioteca medieval mais antiga a manter sua mobília original se encontra na igreja de St. Peter e St. Walburga, na Holanda (figuras 13 e 14). A biblioteca foi construída entre 1561 e 1565 com o intuito de abrigar uma coleção que estaria à disposição de toda a comunidade. A sala possui 1,82 x 8m e segue o contorno da capela. Nela estão dispostas 8 mesas do tipo atris de tamanho dobrado, cada um com 2,7m de comprimento e 1,7m de altura, com bancos estreitos que permitem que o leitor se sente do lado que preferir, mas que impossibilitam que um leitor fique de costas para outro. Todos os livros ficavam dispostos nos atris e, assim como na Biblioteca Malatestiana, eram presos ao móvel por correntes (figura 15) (CAMPBELL, 2016).
Conclusões As bibliotecas da Idade Média eram majoritariamente pequenas. Na maioria dos espaços não haviam prateleiras abertas, com os livros ficando guardados em armários ou baús (que os protegiam de poeira, insetos e até mesmo ladrões) e, quando expostos, fixados às mesas com correntes para evitar furtos, já que o alto custo dos livros os tornava muito valiosos. Tal configuração permaneceu assim por anos, até a produção dos livros se tornar um processo mais simples e, consequentemente, o número de livros existentes aumentar consideravelmente (CAMPBELL, 2016).
Figura 275 - Biblioteca de paróquia da igreja St. Peter e St. Walburga
Figura 276 - Biblioteca de paróquia da igreja St. Peter e St. Walburga, na Holanda (1555).
Figura 277 - Correntes antifurtos
Fonte: Flickr
Fonte: Flickr
Fonte: Flickr
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Orientais – em armários e empilhados em 2.1.3 Bibliotecas BIBLIOTECAS NO SÉCULO XVI – Armazenamento dos primeiros livros pacotes, no estilo tradicional chinês de papel
(figura 17).
chinesas eram divididas em bibliotecas oficiais, que incluíam a biblioteca do imperador, e bibliotecas particulares, de estudiosos. Não havia assim bibliotecas públicas, mas alguns proprietários de bibliotecas privadas optavam por abrir suas bibliotecas para a comunidade (CAMPBELL, 2016).
até o momento, os livros presentes na câmara Tianyi foram feitos com papel9. Esse material acabou chegando no Ocidente através da Rota da Seda. Porém, seu uso para ampla confecção de livros na Europa começou a ocorrer apenas após o século XIV, havendo incialmente um certo preconceito com a produção de livros em massa. (CAMPBELL, 2016).
SURGIMENTO DO PAPEL E CRIAÇÃO DO SISTEMA DE BAIAS Até o século XVIII, as bibliotecas Diferente dos livros encontrados
8. Seguindo os preceitos do Feng Shui, Fen Qin construiu um lago na frente do prédio, ergueu altas paredes de tijolos, criou corredores que circundavam a biblioteca e pintou gotas e ondas nas madeiras do telhado para afastar e proteger o edifício de incêndios. 9. Segundo alguns relatos chineses, o papel foi inventado por Cai Lun, trabalhador da corte imperial, por volta de 105 d.C. Esse material também era utilizado na confecção de “móveis, paredes, roupas, guarda-roupas, leques e até mesmo armaduras de papel” (CAMPBELL, 2016, 95)
Um exemplar de biblioteca particular chinesa é a Câmara Tianyi, a mais antiga biblioteca intacta da China, construída por volta de 1561 por Fan Qin (figura 16)8. Os livros da Câmara Tianyi, assim como a maioria das coleções das bibliotecas chinesas do mesmo período, ficam guardados no primeiro andar do edifício, escondidos
Figura 278 - Fachada da Câmara Tianyi, China. Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 96
Figura 279 - Interior da Câmara Tianyi, China, mostrando livros empilhados em pacotes no estilo tradicional chinês (1561). Fonte: CNN
Bibliotecas Ocidentais – Expansão dos acervos e Adaptações espaciais para abriga-los Com a adoção do papel como material de escrita e a invenção da prensa, o projeto das bibliotecas começou a
REFERENCIAL TEÓRICO
mudar, embora ainda de forma lenta, surgindo assim o sistema de baias. A maioria das bibliotecas dessa época consistiram em uma mistura de novas construções e ajustes de prédios já existentes (CAMPBELL, 2016).
Bibliotecas com sistema de baias Uma das bibliotecas mais antigas a possuir o sistema de baias é a Biblioteca da Merton College, construída em 1589, em formato de L. Inicialmente mobiliada com atris, essa biblioteca teve suas mesas substituídas por baias, mantendo-se apenas os bancos, utilizando-as para abrigar uma doação de livros recebida pela universidade (CAMPBELL, 2016).
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que as estantes impediam a entrada e propagação da luz solar no ambiente, problema enfrentado pela maioria das bibliotecas que adotaram o sistema de baias em salas projetadas para acomodar atris, e que foi resolvido pela adição de claraboia nesse caso (figuras 18 e 19) (CAMPBELL, 2016).
Conclusões
O sistema de baias é uma solução particularmente inglesa que surgiu inicialmente nas universidades, sendo copiado para bibliotecas públicas e particulares da Inglaterra. Em outros países, contudo, outro sistema estava sendo usado para substituir os atris, conhecido como “sistema de parede” (CAMPBELL, A adição de baias na Biblioteca da 2016). Merton College acarretou na redução da iluminação presente no espaço, já
Figura 280 - Claraboias na Biblioteca da Merton College Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 112
Figura 281 - Biblioteca da Merton College, com claraboia adicionada posteriormente para auxiliar na iluminação do espaço (1589). Fonte: Wikimedia
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2.1.4 BIBLIOTECAS SÉCULO XVII –
NO
Além da aquisição de um material barato e da maior facilidade de impressão obtida pela prensa, o MAIOR ACESSO A AQUISIÇÃO DE formato dos livros também mudou, LIVROS E APLICAÇÃO DO SISTEMA com estes sendo confeccionados DE PAREDE em tamanhos menores, diminuindo mais ainda o valor dos mesmos. Essa diminuição do valor tornou a aquisição dos livros uma atividade acessível para mais pessoas, fazendo 10. Desse modo, uma coleção de centenas de com que começassem a existir livros, que antes precisava de uma sala inteira de atris para ser acomodada, cabia naquela bibliotecas com coleções maiores. época em uma única estante de um metro de O hábito de acorrentar livros também comprimento. se tornou desnecessário, pois muitas vezes acabava se tornando mais caro do que o próprio valor do livro, sendo necessário pensar em outras formas de proteger os livros de furtos (CAMPBELL, 2016). Para abrigar essas coleções com mais livros e diferentes formatos, criou-se o “sistema de paredes”, amplamente utilizado na Europa nos séculos XVII e XVIII, que consistia em uma estante com diversas prateleiras, semelhante à configuração usual atualmente, que conseguiam comportar dezenas
Figura 282 - Biblioteca do Escorial, Espanha (1575-1583) Fonte: BBC
de livros em uma única prateleira10. (CAMPBELL, 2016).
Bibliotecas com Sistema de Parede O sistema de paredes proporcionou a criação de bibliotecas de um, dois e, em casos mais raros, até três níveis, com bibliotecas com mais de um nível sendo denominada de galerias. Um exemplo de biblioteca de nível único e também uma das bibliotecas mais antigas existente até hoje com esse sistema é a Biblioteca Escorial, na Espanha (CAMPBELL, 2016). Projetada entre 1575 e 1583 por Juan de Herrera, a Biblioteca Escorial “consiste em um espaço único com abóbada de berço, com 68m de comprimento e janelas da altura das paredes intercaladas de ambos os lados. Trechos compridos de parede entre janelas dão espaço para grandes estantes bem encaixadas” (CAMPBELL, 2016, p. 121) (figura 20) (CAMPBELL, 2016).
REFERENCIAL TEÓRICO
A partir de então, os livros não eram mais ocultados dentro de armários, mas usados como objetos de decoração. Começou-se a criar estantes de 4 a 5 metros que preenchessem por completo todas as superfícies das paredes das salas, sendo necessário o uso de escadas e bancos para alcançar os livros em prateleiras mais altas (CAMPBELL, 2016).
do que o alcance das escadas, era necessário dividir as coleções em mais de um nível, como é o caso da Biblioteca Bodleiana, na Inglaterra, a segunda biblioteca de paredes com galerias do mundo11 (CAMPBELL, 2016).
Enquanto a Sala Duke Humfrey foi remobiliada para abrigar o sistema de baias (figura 21), a biblioteca Bodleiana foi pensada para o sistema No caso das galerias, locais em que de paredes (figura 22) (CAMPBELL, havia paredes com estantes maiores 2016)12.
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11. A Biblioteca Bodleiana perde o título de primeira biblioteca de galeria a ser construída apenas para a Biblioteca Ambrosiana, construída entre 1603 e 1609 na Itália pelo arquiteto Lelio Buzzi, possuindo uma coleção com 15 mil manuscritos e 30 mil livros disposta no térreo, em oposição à disposição no primeiro andar como a maioria das bibliotecas da época. 12. A Biblioteca Bodleiana foi construída entre 1610 e 1612 como extensão à Sala Duke Humfrey na Universidade de Oxford, construída em 1487, sendo denominada Arts End por ser uma biblioteca para armazenar livros de arte.
Figura 283 - Sala Duke Humfrey na Universidade de Oxford, com sistema de baias em sua configuração (1487). Fonte: Countrylife
Figura 284 - Sala Bodleiana, extensão da Sala Duke Humfrey, com sistema de paredes em sua galeria (1610 – 1612). Fonte: Countrylife
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A Biblioteca Bodleiana possui um corredor livre para circulação, com espaço para leitura sendo encontrado nos bancos em frente às estantes, fixados no sistema de suporte das sacadas, com uma mesa saindo da estante para completar o ambiente de leitura (figura 23) (CAMPBELL, 2016).
Bibliotecas de Alcova
Além do sistema de baia e de estante, há ainda outro tipo de biblioteca encontrada nesse período, criada a partir da junção dos dois sistemas. Esse tipo de biblioteca é chamado de biblioteca de alcova, e pode ser encontrado na Biblioteca de Wren na Trinity College, em Cambridge, Apesar dos livros a partir desse Inglaterra (CAMPBELL, 2016). momento estarem expostos A Biblioteca de Wren foi construída para todos que os procuravam, entre 1676 e 1695 pelo arquiteto a preocupação com o furto de Christopher Wren, possuindo uma exemplares ainda existia, sendo planta retangular com janelas altas construídas nessas bibliotecas dispostas acima das estantes, que escadas de acesso para os andares resolvem a questão da iluminação superiores que ficavam ocultas por do interior das alcovas criadas pela prateleiras ou outros artifícios, sendo disposição das estantes de forma utilizadas apenas pelos bibliotecários, perpendicular às paredes, criando além de construir portas gradeadas diversos ambientes de estudos nas prateleiras mais baixas para dentro da grande sala de biblioteca impedir a remoção não autorizada (figura 24) (CAMPBELL, 2016). dos livros (CAMPBELL, 2016).
Figura 285 - Ambiente de estudos na Biblioteca Bodleiana (1610 – 1612)
Figura 286 - Biblioteca de Wren, Trinity College, Cambridge (1676 – 1695).
Fonte: Wikimedia
Fonte: Wikimedia
REFERENCIAL TEÓRICO
Bibliotecas Redondas Por último, outra configuração de biblioteca encontrada nessa época eram as bibliotecas redondas, com a primeira delas sendo a Herzog August Bibliothek, construída entre 1705 e 1710 na Alemanha pelo carpinteiro Hermann Korb, abrigando cerca de 33 mil volumes. Sua configuração apresentava uma sala de leitura oval, com livros organizados nas paredes em prateleiras fixas e janelas grandes em arco iluminando o ambiente. Infelizmente, essa biblioteca foi demolida em 1886 por não ser inteiramente satisfatória do ponto de vista arquitetônico (figuras 25 e 26) (CAMPBELL, 2016).
Conclusões O século XVII foi marcado pelo
aumento da produção dos livros e consequente ampliação dos espaços para abriga-los, surgindo então bibliotecas com mais de um andar, com paredes completamente cobertas por livros, chamadas de Galerias. O crescimento dos acervos nas bibliotecas também foi responsável pela concepção de novas formas de proteger os livros contra furtos, sendo necessária a criação de soluções arquitetônicas que impedissem o acesso direto dos usuários aos livros em níveis superiores, acessados apenas pelos bibliotecários, através de escadas e passagens ocultas. Além dessas mudanças, outra alteração significativa nos espaços foi proporcionada pela junção dos sistemas de baias e de paredes, formando o sistema de alcova, que criava espaços de estudos entre suas estantes.
Figura 287 - Herzog August Bibliothek, na Alemannha (1705-1710) Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 147
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Figura 288 - Herzog August Bibliothek, na Alemannha (1705-1710) Fonte: CAMPBELL, 2016, p. 147
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2.1.5 BIBLIOTECAS SÉCULO XVIII – ESPAÇOS DE OSTENTAÇÃO
DECORAÇÃO
13. O barroco é caracterizado por ser um estilo surgido por volta de 1600 e aplicado na arquitetura através de uma maior utilização de ornamentos, com maior detalhe decorativo, havendo uma conexão entre arquitetura, escultura e pintura. O rococó com ornamentos, por sua vez, começou no início do século XVIII como uma forma mais leve de decoração barroca, sendo caracterizado por ricos padrões bem trabalhados em gesso branco ou dourado sobre fundos coloridos (CAMPBELL, 2016). 14. Para alcançar os efeitos luxuosos exigidos pelo barroco e pelo rococó, porém, muitas bibliotecas utilizavam de artifícios que disfarçavam materiais mais baratos para parecerem materiais mais caros (CAMPBELL, 2016). 15. Essa biblioteca foi um presente do rei João V à universidade, tornando-se assim uma biblioteca real apesar de se encontrar em uma universidade, sendo ricamente decorada com folhas de ouro, pinturas, esculturas e trabalhos em gesso (CAMPBELL, 2016). 16. O primeiro cômodo abriga livros de história e literatura; o segundo, de direito e ciências naturais; e o terceiro, livros sobre teologia e direito canônico (CAMPBELL, 2016).
NO
Ao chegar o século XVIII, as bibliotecas possuíam coleções tão grandes que precisavam de salas E cada vez maiores. Bem como outras pessoas do passado, colecionadores almejavam deter todo o conhecimento produzido até então em suas salas de biblioteca. Sob a influência do barroco e do rococó, estilos artísticos em voga no período13, diversas pessoas investiram grandes quantias de dinheiro para criar grandes exemplos arquitetônicos de bibliotecas, decorando-as com pinturas e outros elementos que realçavam a grandiosidade de suas coleções14 (CAMPBELL, 2016).
bibliotecas imperiais, públicas e as presentes em instituições religiosas.
Bibliotecas Imperiais Um exemplo de biblioteca imperial dessa época é a Biblioteca Joanina em Coimbra, Portugal, construída entre 1717 e 172815 (figura 27) (CAMPBELL, 2016).
A biblioteca é dividida em três cômodos, cada um possuindo uma temática diferente16, separados por divisórias de madeira que criam mais espaços para estantes, além de esconder eficazmente acessos para lances de escada que levam para as Assim como em outros períodos, galerias e algumas salas de estudos havia diferentes tipos de bibliotecas individuais (figura 28). (CAMPBELL, nessa época, destacando-se as 2016).
Figura 289 - BibliotecaJoanina, Coimbra, Portugal (1717-1728). Fonte: Travel-Assets
Figura 290 - Sala de estudos encontrada atrás das estantes da Biblioteca Joanina, Coimbra, Portugal (1717-1728). Fonte: CAMPBELL, 2016, p.159
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Bibliotecas Públicas A maioria das bibliotecas públicas desse período foram construídas por diferentes instituições (sobretudo de ensino e religiosas) que receberem doações de coleções de diversos patronos da época que desejavam que as bibliotecas que abrigassem seus livros fossem abertas ao público (CAMPBELL, 2016). Um exemplo de biblioteca pública é a Hofbibliothek localizada em Viena, na Áustria, e projetada por Johan Bernhard Fischer von Erlach, um dos principais cenógrafos de desfiles e teatros da época, sendo construída em 1730 (CAMPBELL, 2016). A Hofbibliothek foi construída em uma época em que a teatralidade dos espaços estava em alta, com altas quantias sendo gastas para criar elaborados cenários de procissões,
bailes de máscaras e outros tipos de cerimônia. Seu interior é extremamente luxuoso, tornandose “uma das maiores bibliotecas rococós já construídas, com 77,7m de comprimento, 14,2m de largura e 19,6m de altura (CAMPBELL, 2016, p. 164), com uma escala gigantesca, que não parece ter sido feita para humanos (CAMPBELL, 2016). “Levou quase trinta anos para o interior da Hofbibliothek ficar pronto. Como é típico de bibliotecas rococós, há a mistura de materiais reais e imitações de tal forma que é impossível determinar qual é cada um. O interior foi concebido em um cenário de teatro, passando por várias telas, cada uma ocultando parte da seguinte, de modo que o todo nunca podia ser visto de ângulo algum e não se conseguia avaliar a escala do espaço (CAMPBELL, 2016, p. 167) (figuras 29 e 30).
Figura 291 - Hofbibliothek em Viena, Áustria (1730)
Figura 292 - Detalhe na decoração na Hofbibliothek em Viena, Áustria
Fonte: Lumas
Fonte: CAMPBELL, 2016, p.159
REFERENCIAL TEÓRICO
Bibliotecas Religiosas
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em
Instituições Construída em 1742 e organizada em um grande salão de 9,5m de largura, 47,5m de comprimento e 15m de Há diversos exemplos de biblioteca altura, essa biblioteca possui três presente em instituições religiosas, espaços com domos separados por principalmente em monastérios da abóbadas de berço e apenas nove Áustria, Alemanha e Suíça. Muitos estantes, duas em cada parede deles, contudo, não possuíam entre os domos e uma no fundo tantos livros quanto as bibliotecas (CAMPBELL, 2016). citadas anteriormente, e era preciso “Como há grandes estantes nos empregar diferentes artifícios para espaços abobadados entre os compensar esse fator, sendo a mais domos, assume-se que todas as comum a construção de bibliotecas paredes são revestidas de livros, menores com exageradas decorações quando, na verdade, além de outra que tirassem a atenção dos livros estante no fundo, estas são as únicas (CAMPBELL, 2016). que a sala possui. (...) O resultado é A biblioteca da Abadia de Altenburg, na Áustria, contudo, utilizou uma solução diferente para distrair os olhos de seu pequeno acervo.
uma biblioteca enorme com espaço para pouquíssimos livros, o que era exatamente a intenção dos monges.” (CAMPBELL, 2016, p. 185) (figuras 31 e 32) (CAMPBELL, 2016).
Figura 293 - Abadia de Altenburg, na Áustria (1742)
Figura 294 - Abadia de Altenburg, na Áustria (1742), com suas estantes nas laterais e no fundo.
Fonte: Wikimedia
Fonte: Wikimedia
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Bibliotecas como Espaço de Exibição A maioria das bibliotecas no estilo rococó possui uma porta de acesso para que sejam apreciadas de um ângulo específico em todo o seu esplendor. É necessário que se lembre que todas essas bibliotecas foram feitas para se guardar e exibir os livros, não tendo intenção de servir como ambiente de estudos (CAMPBELL, 2016).
não combinavam a decoração à organização dos livros” (CAMPBELL, 2016, p. 196).
Um exemplo de biblioteca que usava dos artifícios ora citados para sua organização é a Abadia de St. Gallen, na Suíça, construída em 1765, biblioteca com a maior coleção de livros dentre as bibliotecas monásticas do século XVIII (2.100 manuscritos e 1.650 incunábulos) que possui putti, meninos nus Sistema de Organização das representados com asas, para Bibliotecas indicar os assuntos encontrados na biblioteca (figura 33) (CAMPBELL, A organização das bibliotecas desse 2016). período era normalmente feita por letras marcadas em cada estante que Conclusões serviam como forma de catalogação que auxiliavam os bibliotecários a acharem determinados livros. As As bibliotecas no estilo rococó pinturas e esculturas, teoricamente, construídas no século XVIII marcavam também eram utilizadas para indicar um período em que se tentava o assunto de cada espaço. Contudo, abranger todo o conhecimento em os livros costumavam ser mudados um único espaço, normalmente constantemente de prateleiras, grandes salões ricamente decorados. fazendo com que essa indicação Com o decorrer do tempo, porém, fosse ineficaz (CAMPBELL, 2016). cada vez mais livros eram impressos, “Embora todas essas bibliotecas dissessem que abrangiam todo o conhecimento humano, eram normalmente muito boas em um assunto em específico (...) e muito ruins em outros (...). Mesmo aquelas com riquíssimas coleções
tornando impossível uma única sala, independentemente do tamanho, conter todo conteúdo produzido até o momento. “A era das salas de bibliotecas acabara – a dos prédios de biblioteca começava” (CAMPBELL, 2016, p. 207).
Figura 295 - Biblioteca da Abadia de St. Gallen, Áustria (1765), com putti representado em primeiro plano. Fonte: Bodensee Erlebniskarte
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2.1.6 BIBLIOTECAS SÉCULO XIX –
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O Renascimento trouxe às famílias ricas o pensamento de que o homem deve descansar e se APARECIMENTO DE NOVAS permitir ao prazer. Com isso, surge TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS E uma nova tipologia de casas no SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO campo, conhecidas como casas DE NOVAS BIBLIOTECAS de veraneio, onde tais famílias iam para passar as férias. Nessas casas, eram construídas salas para expor pinturas e esculturas compradas em suas viagens, além de bibliotecas 17. Além das estantes, globos, poltronas e para abrigar suas coleções de livros mesas também faziam parte da decoração, com a mobília seguindo o mesmo estilo (CAMPBELL, 2016). empregado na casa (CAMPBELL, 2016)
As bibliotecas em Casas de Campo As bibliotecas dessas casas normalmente eram mobiliadas por estantes, as quais os donos tentavam usar para revestir todo o ambiente,
Figura 296 - Biblioteca da Hatfield House, com detalhe da lareira original Fonte: Studeom
com as mais altas sendo alcançadas por escadas. Muitas vezes, donos dessas casas simplesmente compravam vários livros para decorar suas bibliotecas quando tinham poucos livros em sua coleção, não se interessando pelo seu conteúdo, mas sim por sua encadernação17 (CAMPBELL, 2016). A Hatfield House, em Hertfordshire, Inglaterra, possui um exemplo grandioso de uma biblioteca instalada em uma casa de campo, possuindo uma das mais antigas coleções de livros de casas de campo inglesas. Um incêndio em 1855 obrigou a instalação de novas prateleiras na biblioteca, combinando com a lareira e o teto originais, com a galeria sendo adicionada nos anos 1870 (figuras 34, 35 e 36) (CAMPBELL, 2016).
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Figura 297 - Biblioteca da Hatfield House, com detalhe da escada de acesso para a galeria
Figura 298 - Biblioteca da Hatfield House, com detalhe do teto original
Fonte: Studeom
Fonte: Studeom
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Concursos de Arquitetura para se pelo projeto de C. R. Cockrell, projetos de bibliotecas construído entre 1837 e 1842. A biblioteca da Universidade de Até o século XIX, os profissionais Cambridge é um espaço longo com envolvidos na construção de abóboda de berço com um vestíbulo bibliotecas, tais como arquitetos em cada ponta. Seus grandes pilares e artesãos, eram selecionados por em formato retangular dividem as pessoas da monarquia ou do clero. A laterais em baias, com as galerias partir do século XIX, contudo, várias passando por eles através de portas, bibliotecas passaram a fundadas criando espaços privados de estudo. por parlamentos, conselhos e outras Atualmente, é conhecida como corporações, e o processo para biblioteca de Gonville and Caius escolher os arquitetos a projetarem College (figuras 37 e 38) (CAMPBELL, as bibliotecas passou a ser feito 2016). através de competições. Um exemplo “Esse tipo de biblioteca – um salão de biblioteca que teve seu projeto comprido e central, com abóboda escolhido através de competições de berço e galerias que dão acesso é a Biblioteca da Universidade de a dois andares de alcovas – era uma Cambridge, na Inglaterra (CAMPBELL, novidade (...) (que) manteve-se 2016). como um tipo distinto de biblioteca Após diversas competições, optou-
ao longo do século XIX e início do século XX” (CAMPBELL, 2016, p.225).
Figura 299 - Biblioteca da Universidade de Cambridge, Inglaterra (1837-1842)
Figura 300 - Detalhe dos pilares formando alcovas de estudo individual na Biblioteca da Universidade de Cambridge
Fonte: The Atlantic
Fonte: Wikimedia
REFERENCIAL TEÓRICO
O surgimento de novas tecnologias
originalidade como Henri Labrouste, arquiteto que a projetou, combinou Em 1820, foi utilizada pela primeira e expôs tais elementos (CAMPBELL, vez em Paris a iluminação a gás, 2016). levando os trinta anos seguintes para começar a ser amplamente Construída entre 1843 e 1850 em um utilizada. A iluminação a gás mudou espaço com 83,5m de comprimento a arquitetura das bibliotecas ao e 21m de largura, possui um teto permitir pela primeira vez que sustentado por 16 colunas de ferro, essas ficassem abertas após o pôr com o térreo rodeado por estantes, do sol, iniciando o processo de separados do leitor por grades de dependência da iluminação artificial. ferro, e escadas que dão acesso Outra novidade surgida no século às altas fileiras de prateleiras no XIX foi o uso do ferro nos projetos primeiro andar. A quantidade de arquitetônicos, que contribuía para janelas compridas no salão de a proteção contra o fogo, diminuindo entrada presente no térreo é reduzida os riscos da iluminação a gás graças ao uso da iluminação a gás (CAMPBELL, 2016). (figura 39), contrastando com as diversas janelas presentes em todas Um exemplo de biblioteca que adotou as paredes do primeiro andar (figura tais novidades é a Bibliothèque Saint40). Sua fachada também chama Geneviève, em Paris, França. Apesar atenção, por exibir o nome de 810 de não ter sido a primeira a usar autores famosos, dispostos de forma nenhum dos dois sistemas, é uma cronológica em painéis de pedra das bibliotecas mais conhecidos abaixo da janela (figuras 41 e 42) do seu tipo, principalmente pela (CAMPBELL, 2016).
Figura 301 - Hall de Entrada da Bibliothèque Saint-Geneviève, em Paris, França (1843-1850) Fonte: Wikimedia
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Figura 302 - Estrutura de ferro da Bibliothèque Saint-Geneviève, em Paris, França (1843-1850) Fonte: Lumas
Figura 303 - Fachada da Bibliothèque SaintGeneviève, em Paris, França (1843-1850). Fonte: Wikimedia
Figura 304 - Detalhe dos painéis de pedra da Bibliothèque Saint-Geneviève, em Paris, França (1843-1850) Fonte: Paristoric
REFERENCIAL TEÓRICO
O uso do ferro: vantagens e dos quais seis são compostos por desvantagens estantes de livros, com o último formando o teto. Elementos como colunas decorativas, estantes e O desejo de ter bibliotecas inteiras elevadores, que foram instalados para em um único espaço ainda era algo facilitar o trabalho dos bibliotecários recorrente e, para atender a esse para pegar livros em níveis mais desejo, surgiu um novo tipo de altos, são feitos de ferro, protegendo biblioteca: “a sala de leitura com a biblioteca em caso de incêndio estantes de ferro, um salão central (figuras 43 e 44) (CAMPBELL, 2016). grande iluminado de cima com altas O uso do ferro para confecção estantes arrumadas em alcovas em das estantes, acrescido do uso cada lado da sala.” (CAMPBELL, da iluminação a gás, contudo, 2016, p. 236) (CAMPBELL, 2016). tornavam os andares superiores Um exemplo desse tipo de biblioteca muito quentes, enquanto as áreas é a Biblioteca George Peabody, do térreo costumavam ficar muito em Maryland, nos Estados Unidos. frias, proporcionando desequilíbrio Projetado por Edmundo Lind entre térmico e aumentando a umidade 1850 e 1878, o prédio abrigava, além no ambiente, o que prejudicava a da biblioteca, salas de conservação conservação dos livros (CAMPBELL, e uma pinacoteca. Possui 18,5m de 2016). O papel do bibliotecário na altura distribuídos em sete andares, construção das bibliotecas
Figura 305 - Biblioteca George Peabody, Maryland, Estados Unidos (1850 e 1878).
Figura 306 - Biblioteca George Peabody, Maryland, Estados Unidos (1850 e 1878).
Fonte: Artsy
Fonte: Pinterest
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18. Até o momento, bibliotecários utilizavam catálogos de papel que facilmente ficavam desatualizados, principalmente por causa da recorrente reprodução dos livros que contribuiu para o aumento exponencial do número de livros recebidos pelas bibliotecas (CAMPBELL, 2016).
O papel do bibliotecário construção das bibliotecas
na nesse objetivo18. Pensando nisso, o bibliotecário Melvil Dewey criou o Sistema Decimal Dewey, que O século XIX também presenciou visava a independência do leitor na o surgimento dos bibliotecários biblioteca ao facilitar sua tentativa profissionais, que passaram a de achar um livro desejado. Além trabalhar em tempo integral nas da criação de um sistema próprio de bibliotecas e, desse modo, contribuir classificação, Melvil também fundou, para a sugestão das melhores formas em 1876, a Associação Americana de construir novas bibliotecas que de Bibliotecas, que promoveu aos atendessem à grande quantidade de bibliotecários um espaço para livros que eram produzidos de forma compartilhar experiências no cuidado cada vez mais rápida, com a energia com as bibliotecas (CAMPBELL, a vapor aumentando a produção das 2016). gráficas (CAMPBELL, 2016). Durante tal troca de experiências, A partir de 1890, as restrições os bibliotecários chegaram ao de acesso do público aos livros consenso de que os projetos para começaram a acabar, fazendo-se bibliotecas públicas existentes necessário a mudança do mobiliário até então não eram adequados. A existente até então nas bibliotecas. maioria dos projetos da época eram O mobiliário, que antes impedia o caracterizados por pequenas salas contato do público com a coleção, com alcovas e uma sala de leitura agora precisava contribuir para que com lareira, como pode ser observado o leitor fosse capaz de encontrar na Biblioteca do Memorial Thomas qualquer livro (CAMPBELL, 2016). Crane, nos Estados Unidos, projetada O sistema de catalogação também por Henry Hobson Richardson e precisava de melhorias para auxiliar construída em 1882. (figuras 45 e 46) (CAMPBELL, 2016).
Figura 307 - Biblioteca do Memorial Thomas Crane, Estados Unidos (1882), com alcovas à mostra.
Figura 308 - Biblioteca do Memorial Thomas Crane, Estados Unidos (1882), com destaque para a lareira.
Fonte: Wikimedia
Fonte: The Clio
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A expansão do espaço como solução Frank Furness sob consultoria de para constantes mudanças em Dewey (CAMPBELL, 2016). bibliotecas A Biblioteca Fisher de Belas-Artes foi Tal organização era abominada pelos projetada em 1891 para ser expandida bibliotecários, que as condenavam sempre que necessário, permitindo pela falta de praticidade, já que que baias extras fossem adicionadas eram espaços pensados apenas ao edifício até chegar no limite do para causar grande impressão terreno, a 150m de distância (figuras arquitetônica, com a falta de 47 e 48). Contudo, tal habilidade funcionalidade sendo caracterizada não foi posta à prova já que, por por ambientes inadequados de razões exclusivamente estéticas, o leitura, poucos espaços para colocar prédio foi considerado fora de moda, os livros e impossibilidade de sofrendo algumas alterações em expansão do prédio, principal fator sua construção ao longo do tempo, de reclamação, já que as constantes voltando posteriormente para sua mudanças na fabricação dos livros aparência original após restauração contribuíam para que as bibliotecas (CAMPBELL, 2016). estivessem sempre sendo alteradas, fazendo com que seus prédios se tornassem obsoletos rapidamente Conclusões (CAMPBELL, 2016). O que aconteceu com a Biblioteca Para resolver tais problemas, foi Fisher de Belas-Artes demonstra preciso que arquitetos e bibliotecários que o final do século XIX e o início se reunissem para juntos do século XX foram, além da adoção produzirem bibliotecas funcionais e de novas tecnologias, fortemente arquitetonicamente deslumbrantes. caracterizados pela preferência O resultado dessa união pode da aparência em detrimento à ser visto na Biblioteca Fisher de funcionalidade no caso dos projetos Belas-Artes, antiga biblioteca da de bibliotecas, principal fator Universidade de Pensilvânia, Estados responsável pelo desentendimento Unidos, construída pelo arquiteto entre bibliotecários e arquitetos.
Figura 309 - Biblioteca Fisher de Belas-Artes, Estados Unidos (1891).
Figura 310 - Biblioteca Fisher de Belas-Artes, Estados Unidos (1891).
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
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2.1.7 BIBLIOTECAS SÉCULO XX –
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O século XX começou ainda muito conectado às ideias classicistas presentes nos séculos anteriores, USO DA ELETRICIDADE E “CHEGADA” pois seu carácter digno, que DO MODERNISMO transmitia poder e tradição, era considerado adequado para esse tipo de construção. Contudo, apesar do clássico ainda está em voga, diversas características traziam para o programa das bibliotecas características que remetiam à modernidade (CAMPBELL, 2016).
finalizada, gerando vários projetos mal resolvidos. Contudo, quando a iluminação começou a ser utilizada de forma eficiente, os tetos dos edifícios foram ficando mais baixos e os tamanhos das janelas diminuíram (CAMPBELL, 2016).
Nos projetos de bibliotecas, a iluminação elétrica foi adotada principalmente para prolongar seu horário de funcionamento até a noite, contribuindo para que pessoas Provavelmente, a característica que passavam o dia trabalhando mais marcante dessa época foi o pudessem utilizá-la após o trabalho advento da iluminação elétrica. A (CAMPBELL, 2016). iluminação a gás, apesar de ser Um exemplo de biblioteca do utilizada em bibliotecas desde o século XX que adotava tanto as século XIX, não era a melhor solução características modernas quanto de iluminação, já que acarretava o emprego de novas tecnologias é na danificação dos livros através a Biblioteca Pública de Nova York. do calor e da fumaça que produzia, Diferente das bibliotecas vistas até além de constantemente representar então, essa biblioteca foi projetada ricos de incêndio. No final desse por um bibliotecário, John Shaw século, porém, começaram a surgir Billings, e não por um arquiteto. as primeiras estações elétricas, Quando seu layout estava pronto, com a geração e disseminação de foi feito um concurso cuja empresa fiações elétricas sendo adotadas nas Carrère and Hastings foi a escolhida construções (CAMPBELL, 2016). para construir o prédio (CAMPBELL, 2016). O advento da iluminação elétrica e Construída entre 1902 e 1911, a suas consequências nos projetos de Biblioteca Pública de Nova York biblioteca possuía 23,8m de largura, 90,5m de comprimento e 15,5m de altura, No início, o projeto de iluminação armazenando cerca de 1 milhão de precisou ser baseado em processos livros em seus 120km de estantes e de tentativa e erro, já que a possuindo espaço para 490 leitores, iluminação só podia ser testada tornando-se, desse modo, uma das quando a construção estava maiores salas dos Estados Unidos
REFERENCIAL TEÓRICO
(CAMPBELL, 2016). Seu projeto combinava o velho com o novo, ao apresentar, no exterior, uma fachada de mármore com características conversadoras e clássicas (figura 49), que contrastavam, no interior, com as estantes e pisos emoldurados de ferro (gradualmente substituídas por aço posteriormente) (figura 50) e com a iluminação elétrica, juntamente com
esteiras e elevadores elétricos, que transportavam os livros das estantes para as mesas das diversas salas de leitura localizadas no último andar (figura 51 e 52), outro fator inovador da construção, com o espaço para catalogação no térreo e com as estantes nos andares intermediários (figura 53) (CAMPBELL, 2016).
Figura 311 - Fachada de características clássicas da Biblioteca Pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911). Fonte: Bookstr
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Figura 313 - Uma das diversas salas de leitura para coleções Figura 312 - Estantes de ferro da Biblioteca pública de Nova especializadas da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos (1902-1911). York, Estados Unidos (1902-1911). Fonte: Expedia
Fonte: Expedia
Figura 314 - Maior sala de leitura, localizada no último andar Figura 315 - Espaço para catalogação das obras, localizado no da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos (1902- térreo da Biblioteca pública de Nova York, Estados Unidos 1911). (1902-1911). Fonte: Expedia
Fonte: Expedia
REFERENCIAL TEÓRICO
O movimento modernista e sua projetos produzidos nessa época contribuição para os projetos de foram bem-sucedidos, como é o caso bibliotecas da Biblioteca Pública de Seinäjoki, na Finlândia (CAMPBELL, 2016). Na segunda metade do século XX, contudo, com o final da Segunda Projetada por Alvar Aalto em 1965, Guerra Mundial, o movimento a Biblioteca Pública de Seinäjoki modernista começou a se constitui um dos diversos projetos firmar na arquitetura da época, realizados por Aalto para a praça defendendo uma arquitetura sem da cidade. É um edifício de um muito ornamentos, com foco no único andar, com armazenamento funcionalismo e na modulação e serviços no porão, apresentando adaptada à industrialização. Os o ambiente central da construção primeiros projetos desse movimento rebaixado um metro em relação à cometeram alguns erros durante sua área principal, característica comum ratificação ao apresentar paredes em suas obras para bibliotecas, que finas de concreto que não isolavam faz com que a área de biblioteca corretamente e quantidade excessiva pareça maior, transmitindo ao leitor de vidro e tetos retos que causavam a sensação de estar cercado por problemas de aquecimento, livros. As estantes presentes na combinados com programas que não borda do andar rebaixado funcionam eram tão flexíveis quanto prometiam como parapeitos que impedem que ser, gerando o descontentamento dos as pessoas do nível superior caiam19 bibliotecários. Ainda assim, muitos (figuras 54 e 55) (CAMPBELL, 2016).
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19. O projeto de Aalto foi tão bem-sucedido que livrarias do século XX copiaram sua área rebaixada para aumentar a área de estantes e permitir aos clientes uma maior visão do conteúdo presente na loja (CAMPBELL, 2016).
Figura 316 - Andar rebaixado da Biblioteca Pública de Figura 317 - Andar rebaixado da Biblioteca Pública de Seinäjoki, Finlândia (1965). Seinäjoki, Finlândia (1965). Fonte: Helsingin Sanomat
Fonte: Pinimg
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A experimentação de novas coberto de grama para formar uma possibilidades arquitetônicas colina artificial, de onde um cone é projetado para fora. O cone, apesar Nesse período também de ser visualmente chamativo, foi presenciado um aumento na atraiu grandes críticas por impedir publicação de livros referentes ao a visão do exterior e tornar o modernismo no projeto de bibliotecas, ambiente claustrofóbico (figura 56) no que concerne ao planejamento (CAMPBELL, 2016). de espaços e ao uso de modulação de forma funcional. Curiosamente, O acesso à biblioteca é feito pelo a maioria desses livros não foram térreo, com seu subsolo abrigando escritos por arquitetos, mas sim por as estantes e a sala de leitura ficando bibliotecários, que indicavam “regras sob o teto inclinado da colina. “O para a otimização do espaçamento lado da entrada é mais baixo, mas a das prateleiras e mesas para que altura da parede do fundo permite coubesse o máximo de livros e uma impressionante parede de livros, leitores (...), com espaços de leitura tornando-se o foco da biblioteca” nos cantos, próximos às janelas. (CAMPBELL, 2016, p. 282) (figura Havia ênfase no espaçamento e na 57). flexibilidade ideais das colunas” Com esse projeto, Mecanoo (CAMPBELL, 2016, p. 276). demonstrou aos bibliotecários Muitos arquitetos, porém, decidiram da época que as bibliotecas “não ignorar tais recomendações e precisavam ser caixas retangulares experimentar novas possibilidades com livros no meio e mesas nos arquitetônicas, sendo algumas cantos” (CAMPBELL, 2016, p. 283), delas o uso do concreto armado e rejeitando os padrões impostos o desenvolvimento de escavadoras pelo modernismo em relação à mecânicas, que viabilizaram projetos padronização e à funcionalidade. que trabalhavam com o subterrâneo, como é o caso da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Conclusões Holanda, projetada pelo escritório O século XX foi marcado pelo de arquitetura Mecanoo em 1997 contraste entre a criação de prédios (CAMPBELL, 2016). ainda classicistas, majoritariamente O projeto de Mecanoo colocava na primeira metade do período, e o o prédio parcialmente abaixo do emprego de novas tecnologias e de solo, com o lado mais próximo novos materiais, juntamente com a um auditório da universidade o advento do modernismo, mais sendo enterrado, tendo seu teto predominante a partir da segunda
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metade do século (CAMPBELL, prédio, projetado na teoria para 2016). ser perfeitamente funcional em determinado momento, estaria Apesar de contribuir para criação ultrapasso assim que finalizado de novos tipos de bibliotecas no e os livros fossem lá colocados” século XX, o modernismo trazia (CAMPBELL, 2016, p. 283). alguns problemas referentes à Reforçando tais problemas, a internet sua funcionalidade e à modulação começava a ser disseminada, quando se pensa nas constantes contribuindo para a especulação do mudanças sofridas pelas bibliotecas desaparecimento iminente dos livros com o advento de novas tecnologias impressos. na produção de livros: “um
Figura 318 - Cone se projetando da colina artificial da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). Fonte: Cloudfront
Figura 319 - Sala de leitura da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). Fonte: Pinimg
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2.1.8 BIBLIOTECAS SÉCULO XXI –
NO
Até o momento, o século XXI é marcado pelo advento da Internet e dos computadores, responsáveis ADVENTO DAS TECNOLOGIAS DE pelo desenvolvimento de uma nova INFORMAÇÃO E BIBLIOTECAS COMO forma de transmissão de informações AMBIENTE DE ENCONTRO que, inicialmente, apresentou uma ameaça para a existência dos livros impressos. 20. Livros de leis e códigos, que, no passado, ocupavam, com suas diversas versões revisadas e atualizadas, inúmeras prateleiras de bibliotecas para serem consultados quando necessários, agora podem ser acessados em apenas um clique, propiciando espaços livres nas bibliotecas para o armazenamento de livros contendo outros assuntos. Livros raros e jornais também constituem um tipo de produção literária com altos índices de digitalização, propiciando à pesquisadores que estudem esses textos de qualquer parte do mundo (CAMPBELL, 2016).
Não se pode negar que a revolução digital contribuiu para a mudança da forma como trabalhamos e nos comportamos diariamente. Contudo, sua chegada não representa uma ameaça para a fabricação de todos os tipos de livros existentes, mas de apenas alguns mais específicos20 (CAMPBELL, 2016). Outra grande mudança na configuração das bibliotecas em consequência ao advento da internet e suas tecnologias é a mudança no espaço construído para os bibliotecários nesses edifícios. Anteriormente, esses ambientes eram projetados para que o máximo possível da biblioteca fosse monitorada por esses funcionários, frustrando quaisquer tentativas de furtos (CAMPBELL, 2016). Com a adoção da tecnologia da etiquetagem eletrônica e a instalação de câmeras de segurança nesses espaços, porém, as possibilidades de furto diminuíram consideravelmente, tornando desnecessária a posição central dos bibliotecários nas bibliotecas, que agora poderiam ser transferidos para ambientes onde pudessem trabalhar e se
comunicar com quem frequentasse a biblioteca sem atrapalhar os leitores (CAMPBELL, 2016).
Biblioteca como ambiente encontro e novos usos
de
Desse modo, com o acesso facilitado de muitos livros por meios on-line e o fim da vigilância direta por meio dos bibliotecários, a finalidade de diversas bibliotecas passou de um ambiente de pesquisas individuais para um ambiente de encontro, seja para reuniões ou estudos coletivos, principalmente no que concerne às bibliotecas universitárias. Um exemplo disso é a Biblioteca da Universidade de Utrecht, na Holanda (figuras 58 e 59) (CAMPBELL, 2016). Construída em 2004 pelo arquiteto Wiel Arets, a Biblioteca da Universidade de Utrecht foi projetada para criar maior variedade possível de espaços de leitura, bem como amplo espaço para armazenamento de livros, comportando 4,2 milhões de volumes. “No entanto, os livros servem como pano de fundo para os espaços de trabalho, já que as estantes são utilizadas para criar salas em um único espaço imenso, acima do qual estão depósitos fechados e salas de leitura especializadas” (CAMPBELL, 2016, p. 299). A partir de agora, a biblioteca deixa de ser apenas um espaço para armazenar livros, transformando-se em um ambiente de trabalho.
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Figura 320 - Sala de leitura da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). Fonte: Pinimg
Figura 321 - Sala de leitura da biblioteca da Universidade Técnica de Delft, na Holanda (1997). Fonte: Pinimg
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Bibliotecas de depósito legal – o uso códigos de barras organizadas em das tecnologias e as consequentes prateleiras projetadas (figura 60) novas formas de funcionamento (CAMPBELL, 2016). Os novos adventos tecnológicos também foram usados em bibliotecas de depósito legal, bibliotecas nacionais que, usualmente, possuem como intuito armazenar todos as obras produzidas em seu país (CAMPBELL, 2016).
Quando desejado, o leitor, de forma on-line, solicita qualquer livro guardado no depósito, que é então localizado, retirado das caixas, empacotado e enviado para a biblioteca, onde são lidos e devolvidos (CAMPBELL, 2016).
A Biblioteca Bodleiana, anteriormente citada, enfrentou no final do século anterior problemas em relação ao armazenamento de sua coleção, estando todos os prédios que davam suporte à sua coleção completamente sobrecarregados. Para resolver tais problemas, a biblioteca optou pela adoção de um depósito a 45km de distância do seu prédio, que foi inaugurado em 2009.
Conclusões
O projeto foi feito pela empresa de arquitetura Scott Brownrigg, possuindo uma área que comporta 230 quilômetros de estantes, capazes de guardar 8 milhões de volumes que ficam armazenados em caixas com
Fundamentalmente, as tecnologias atuais, apesar de proporcionarem a existência de livros digitais e disponíveis on-line para todos a qualquer momento, não veio fundamentalmente para combater a produção de livros físicos e a existência das bibliotecas, mas para auxiliar o seu funcionamento de formas diferentes. Dessa forma, as bibliotecas e as tecnologias atuais não são adversárias, podendo coexistir de modo a auxiliar no ensino e no aprendizado das sociedades atuais de diferentes maneiras das praticadas nos séculos passados.
Figura 322 - Depósito da Biblioteca Bodleiana, Swindon, Inglaterra (2009). Fonte: Bodleian Libraries Blog
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2.2
TIPOS DE BIBLIOTECAS E SUAS FUNÇÕES TIPOS
DE
Além de possuírem como função principal a guarda de livros e outros tipos de documentos, as bibliotecas podem oferecer diferentes serviços para públicos distintos de acordo com seus objetivos secundários. Dessa forma, as bibliotecas podem ser classificadas em diferentes tipos a partir dos perfis de público que atendem e funções que exercem em seu espaço.
BIBLIOTECAS Segundo a Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA, 2009) e o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, as bibliotecas podem ser divididas nas seguintes seções: Bibliotecas Escolares; Bibliotecas Acadêmicas e de Pesquisa ou Universitárias; Bibliotecas Especializadas (podendo ser sub categorizada em Bibliotecas de Arte; Bibliotecas de Saúde e Biociências; Bibliotecas de Direito; Bibliotecas de Ciência e Tecnologia; Bibliotecas de Ciências Sociais e Bibliotecas Governamentais); Bibliotecas que atendem pessoas com deficiência; Bibliotecas Metropolitanas; Bibliotecas Nacionais; Bibliotecas Públicas; Bibliotecas Públicas Temáticas e Bibliotecas Comunitárias.
Bibliotecas Escolares
As bibliotecas escolares (figura 61) são bibliotecas vinculadas ao projeto pedagógico da instituição na qual estão inseridas, sejam elas públicas ou privadas, de ensino préescolar, fundamental e/ou médio. Elas promovem leitura e informação a crianças e adolescentes em período escolar, atendendo também professores, funcionários e, por vezes, familiares de alunos (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS).
Bibliotecas Acadêmicas e de Pesquisa ou Bibliotecas Universitárias As bibliotecas acadêmicas são bibliotecas vinculadas a uma instituição de ensino superior, podendo ser pública ou privada, que atendem à alunos, professores e pesquisadores, dando continuidade ao trabalho iniciado pelas Bibliotecas Escolares (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS). Na Universidade de Fortaleza (UNIFOR) (figura 62), a Biblioteca Central conta com um acervo de mais de 95 mil títulos nas áreas de ciências jurídicas, tecnológicas, da saúde, da comunicação e gestão, contando com livros, teses, dissertações, anais, periódicos e vídeos analógicos e digitais (UNIVERSIDADE DE FORTALEZA).
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Figura 323 - BibliotecadoColégioAri de Sá Cavalcante (Fortaleza/CE). Fonte: G1
Figura 324 - Biblioteca da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Fonte: UNIFOR
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Figura 325 - Biblioteca Acervos Especiais na Universidade de Fortaleza (Cearรก, Brasil). Fonte: Acervo Pessoal
Figura 326 - Talking Book & Braille Center da Biblioteca Estadual de New Jersey (Estados Unidos). Fonte: Institute of Museum and Library Services
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Bibliotecas Especializadas As Bibliotecas Especializadas são bibliotecas voltadas para um campo específico do conhecimento, podendo ser públicas ou privadas, que atendem às necessidades de informações e pesquisas dos usuários que buscam por assuntos específicos. Essas bibliotecas também podem ser caracterizadas como bibliotecas universitárias quando vinculadas a uma instituição de ensino superior (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS).
Bibliotecas que atendem pessoas com deficiência
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, pessoas com deficiência visual, baixa visão, dificuldades de aprendizado ou deficiências físicas têm o direito de acesso igual aos livros, conhecimento e informação ao mesmo tempo, custo e qualidade que todos. Dessa forma, tal tipo de biblioteca é voltado para atender usuários com diversos tipos de deficiência, estabelecendo espaços acessíveis de leitura e obtenção de informações A Biblioteca Acervos (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE Especiais da Universidade de ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES DE Fortaleza (figura 63) possui um BIBLIOTECAS). acervo com cerca de 8 mil volumes que conta com, além de livros de Fundada em 1967, a Talking Book & literatura, história e direto, a coleção Braille Center da Biblioteca Estadual de livros de arte do fundador do de Nova Jersey (figura 64) é uma Museu de Arte Moderna de São Paulo biblioteca que fornece serviços (MAM) e criador da Bienal de Artes domiciliares gratuitos em nome Plásticas de São Paulo, Francisco do Serviço Nacional de Biblioteca Matarazzo Sobrinho (UNIVERSIDADE para Cegos e Deficientes Físicos DE FORTALEZA). da Biblioteca do Congresso, para crianças, adolescentes e adultos em New Jersey que têm dificuldades leitura de impressão padrão ou dificuldade para segurar um livro (NEW JERSEY STATE LIBRARY).
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Bibliotecas Metropolitanas
As bibliotecas metropolitanas são bibliotecas de grandes cidades, com 400.000 ou mais habitantes, que possuem conteúdo variado e podem ser acessadas por todos os seus habitantes, constituindo um tipo de biblioteca pública (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES DE BIBLIOTECAS). A Biblioteca de Birmingham, no Reino Unido, (figura 65) possui coleções de arquivos, fotografias e livros raros de Birmingham que abrangem temas como direito, literatura, música, bibliografias, fotografia e história mundial, totalizando cerca de 316.000 mil arquivos, contando ainda com instalações que incluem espaço para galeria, mediateca, estúdio de teatro, anfiteatro ao ar livre e espaços dedicados para crianças e adolescentes, além de estar conectada fisicamente com o Teatro de Birmingham (BIRMINGHAM CITY COUNCIL).
têm como função coletar, guardar e difundir toda produção bibliográfica do país em que está inserida. No Brasil, a Lei do Depósito Legal defende que toda produção nacional - constituída por livros, periódicos, partituras, fonogramas e videogramas - deve ser enviada para a Biblioteca Nacional com sede no Rio Janeiro (figura 66) (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS e BIBLIOTECA NACIONAL).
Bibliotecas Comunitárias As bibliotecas comunitárias são bibliotecas mantidas pela comunidade na qual estão inseridas, não possuindo vínculo direto com o Estado. São de caráter público, incentivando o acesso aos livros e à leitura das pessoas que moram em seu entorno. (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS e BIBLIOTECA NACIONAL).
A Biblioteca Comunitária Leônidas Magalhães (figura 67) localizada no bairro Álvaro Weyne possui um acervo de 4500 livros e oferece serviços de mediação de leitura, Bibliotecas Nacionais locação de livros e consulta local (O As bibliotecas nacionais POVO, 3 mar. 2017).
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Figura 327 - Biblioteca de Birmingham, Reino Unido. Fonte: Hirespace
Figura 328 - Biblioteca Nacional do Brasil Fonte: Pinterest
Figura 329 - Biblioteca Comunitária Leônidas Magalhães (Fortaleza/CE). Fonte: O Povo
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Figura 330 - Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel Espaço Estação (Fortaleza/CE). Fonte: Diário do Nordeste
Figura 331 - Biblioteca Inspiração Nordestina do Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza/CE). Fonte: Diário do Nordeste
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Bibliotecas Públicas As bibliotecas públicas são bibliotecas que podem ser utilizadas igualmente por todas as pessoas de todas as idades, possuindo acervos com assuntos variados que atendem aos diferentes interesses de leitura e informação do público que atende. Essas bibliotecas são consideradas equipamentos culturais, sendo mantidas pelo Estado e seguindo os preceitos estabelecidos pelo Manifesto da IFLA/Unesco sobre Bibliotecas Públicas, que defende que os indivíduos devem ter posse de informações que lhes permitem exercer os seus direitos democráticos e ter um papel ativo na sociedade e que a biblioteca deve ser o portal de acesso a essas informações (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS e BIBLIOTECA NACIONAL). A Biblioteca Pública Espaço Estação (figura 68) abriga atualmente cerca de 132 mil obras pertencentes à Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, que está fechada
para reformas desde 2016, contando com cerca de 60 mil exemplares de enciclopédias, periódicos impressos, filmes e publicações em braile (DIÁRIO DO NORDESTE, 19 ago. 2017).
Bibliotecas Públicas Temáticas As bibliotecas públicas temáticas são bibliotecas que possuem conteúdo especializado em um assunto ou área, oferecendo acervos, programação cultural e serviços específicos que são procurados por determinados públicos interessados no tema (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS e BIBLIOTECA NACIONAL). Em Fortaleza, a Biblioteca Inspiração Nordestina do Centro Cultural Banco do Nordeste (figura 69) possui livros periódicos voltados para as áreas de Desenvolvimento Regional, Economia, Arte, Cultura e Literatura, enfatizando autores nordestinos (BANCO DO NORDESTE).
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2.2.2 FUNÇÕES BIBLIOTECAS
DAS
Dentre as funções exercidas por uma biblioteca, destacam-se a coleção, guarda e exibição de livros, criando ambientes tanto para encontros como para realização de estudos em grupo ou individual, com separação entre ambiente de armazenamento e espaço para leitura. De acordo com a IFLA e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em seu Manifesto sobre as Bibliotecas Públicas (1994), as Bibliotecas Públicas têm como missões:
8.
Apoiar a tradição oral;
9. Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade local; 10. Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de interesse; 11. Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática;
12. Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e 1. “Criar e fortalecer os hábitos atividades de alfabetização para de leitura nas crianças, desde a os diferentes grupos etários.” primeira infância; (MANIFESTO DA IFLA/UNESCO SOBRE BIBLIOTECAS PÚBLICAS, 2. Apoiar a educação individual 1994, p. 2) e a autoformação, assim como a educação formal a todos os níveis; 3. Assegurar a cada pessoa os Para executar essas missões, as meios para evoluir de forma criativa; Bibliotecas Públicas precisam, segundo a Coordenadoria Geral do 4. Estimular a imaginação Sistema Nacional de Bibliotecas e criatividade das crianças e dos Públicas (2010), funcionar como um jovens; centro de aprendizado, de informação, 5. Promover o conhecimento de cultura e de lazer, promovendo sobre a herança cultural, o apreço atividades de incentivo à leitura pelas artes e pelas realizações e (através de concursos de leitura, inovações científicas; clubes de leitura, dramatização de leitura) e oferecendo programações 6. Possibilitar o acesso a todas culturais e de lazer por meio de as formas de expressão cultural das cursos, palestras, exposições, feiras artes do espetáculo; culturais, apresentações musicais, 7. Fomentar o diálogo exibições de filmes, dentre outros. intercultural e a diversidade cultural; w Segundo Keifer (2001), no artigo intitulado “A arquitetura dos museus”,
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os museus surgiram a partir do desejo humano de colecionar e de guardar objetos diversos em ambientes propositalmente construídos para tal fim. A palavra museu deriva do grego Museion, que significa “santuário dos templos dedicados às musas, que recebem doações, ex-votos, oferendas...” (GIRAUDY e BOUILHET, 1990, apud KEIFER, 2001, p. 12).
museu de belas-artes, organizados, respectivamente em gabinetes de curiosidades (figura 70) e galerias (figura 71). Conforme observado por Nascimento (1998) e Amaral (2014), os gabinetes de curiosidades eram espaços físicos determinados para abrigar coleções prioritariamente de cunho científico, sendo “colocados todos os objetos que poderiam ser ‘contemplados’ pelo homem, ressaltando seu exotismo, curiosidade Os gabinetes de curiosidades e as e raridade” (NASCIMENTO, 1998). Já as galerias eram ambientes formados galerias por aristocratas europeus que Nos primeiros séculos, os museus financiavam o trabalho de diversos eram classificados em dois tipos: artistas. o museu de história natural e o
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2.3
A CRIAÇÃO DOS MUSEUS E SEU PAPEL NA CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA URBANA
ANTECEDENTES: AS GALERIAS E OS “MUSEUSPALÁCIO”
Figura 332 - Gabinete de Curiosidades de Ferrante Imperato em Nápoles, 1599. Fonte: Medium
Figura 333 - Galeria de Arte de Valenti Gonzaga, 1749. Fonte: Wikipedia
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Museus de Belas-Artes Conforme Eilean Hoper-Greenhill (1992), apud Keifer (2001), o Palácio de Médici, em Florença, é considerado por muitos autores o primeiro museu privado da Europa, graças a quantidade de objetos nele abrigados e sua decoração luxuosa (figura 72). Construído entre 1444 e 1464 pelo arquiteto Michelozzo, o Palácio de Médici, a exemplo de outros palácios construídos durante o renascimento,
Figura 334 - Palácio de Médici e sua decoração luxuosa. Fonte: Wikipedia
Figura 335 - Fachada do Palácio de Médici. Fonte: Universidade de Navarra
é constituído por três andares bem definidos e construídos em volta de um pátio interno, com suas fachadas formada por pedras aparelhadas, que mudavam de grau de rusticidade de um andar para outro (figura 73), e muitas janelas, criando ambientes bem iluminados, sobretudo nos andares superiores (COLE, 2014). Ele, em conjunto com outras coleções reais ou privadas formadas no período renascentista, constituiu o início da formação dos museus nacionais no século XVIII (KEIFER, 2001).
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A adaptação de museus em edifícios sem finalidade de decoração. Seu pré-existentes prédio foi construído em 1560 pelo arquiteto Giorgio Vasari, com o De acordo com Kiefer (2001) e projeto possuindo uma planta em Amaral (2014), a Galleria degli formato de “U”, que delimita uma Uffizi, em Florença, Itália, foi o praça, destacando-se no traçado primeiro espaço organizado para urbano da cidade (figura 74). exposição exclusivamente artística,
Figura 336 - Planta Galleria degli Uffizi. Fonte: Tumblr
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Em 1580, Francesco I, proprietário do edifício, decidiu usar o acesso do último andar que servia de passagem entre alas para dispor toda sua coleção de obras de arte que antes se encontrava espalhada em diferentes locais, obtendo um longo corredor que permitia a disposição sequencial das obras nele dispostas (figura 75). Dessa forma, a Galleria degli Uffizi é um dos vários exemplos de museus que foram adaptados em edifícios pré-existentes (KIEFER, 2001 e AMARAL, 2014). Museus no século XVIII – A influência neoclassicista O século XVIII, também é conhecido por Gombrich (1988), apud Keifer (2001), como Era da Razão, época em que ciência e arte se dividem. É também nesse período em que há, na
Figura 337 - Planta Galleria degli Uffizi. Fonte: Tumblr
arquitetura, a autoafirmação do estilo clássico, com o renascimento da ideia de recuperação do verdadeiro estilo grego e o consequente surgimento do movimento “neoclássico”.
Os Museus Nacionais A criação dos primeiros museus se deve principalmente devido aos ideais iluministas surgidos no século XVIII, como resposta à crescente demanda da burguesia ascendente no período, que exigia maior participação nos negócios. Desse modo, os Museus Nacionais, que eram uma forma de reafirmação do orgulho vigente na época sentido pelos seus respectivos países, encontraram nos palácios seu primeiro modelo arquitetônico (KEIFER, 2001).
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Os museus “públicos” De acordo com Keifer (2001), outros monarcas, à semelhança de Francesco I, também desenvolveram o hábito de organizar suas coleções em espaços seletos de seus palácios, prática que contribuiu, posteriormente, para a apropriação de tais coleções e consequente organização das mesmas nos primeiros museus públicos do século XVIII por parte dos revolucionários franceses21. Contudo, vale ressaltar que os museus públicos dessa época tinham caráter mais restritivo em relação aos que surgiram a partir do século XX, período em que os museus se tornaram, efetivamente, um programa mais acessível ao público (BOULLÉE, 1985, apud KEIFER, 2001).
Museus de História Natural Na Inglaterra, a prática de criação de
museus também foi estabelecida. Como relatam Alexander (1979) e Amaral (2014), o primeiro museu público de história natural foi criado em 1683, na Universidade de Oxford, a partir da doação da coleção de Elias Ashmole, advogado, cientista amador e colecionador. Sua coleção foi instalada em um edifício próprio denominado Old Ashmolean Museum (figura 76), com projeto atribuído algumas vezes à Sir Christopher Wren e outras à Thomas Wood, com espaços para acomodação e exibição do acervo e instalações destinadas ao ensino e à prática de ciências experimentais, com suas visitações ainda ocorrendo de forma restrita, onde apenas um grupo era admitido por vez e a taxa de entrada era proporcional ao tempo de permanência nas visitas guiadas. Desse modo, o Museu Ashmolean teve o primeiro prédio construído com o objetivo de abrigar uma coleção.
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21. Caso do Museu do Louvre, em Paris, um dos museus mais conhecidos do mundo.
Figura 338 - Old Ashmolean Museum. Fonte: British Archaeology
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22. O espaço para abrigar tal coleção, no entanto, não foi imediatamente construído, tendo sua sede na residência particular em Montagu House, uma grande mansão privada com dois andares principais e uma planta em forma de “U” rodeando um suntuoso jardim, situada em Bloomsbury, zona nobre de Londres na época, sendo vendida por Ralph Montagu para o Museu Britânico, assumindo desse modo, um caráter essencialmente privado apesar de ser uma propriedade pública (KEIFER, 2001).
Figura 339 - Ashmolean Museum, 1845 por Charles Cockerell. Fonte: Wikimedia
Figura 340 - Fachada Norte da Montagu House, primeira sede do Museu Britânico, por James Simon, 1714. Fonte: British Museum Blog
Conforme dito por Alexander (1979), depois de vários espécimes serem transferidas para outros museus, o antigo prédio do museu Ashmolean se tornou, desde 1924, o Museu de História da Ciência. O novo Museu de Ashmolean, agora conhecido como Museu Ashmolean de Arte e Arqueologia, foi construído entre 1841 e 1845 por Charles Cockerell com características neoclássicas (figura 77), atualmente abrigando uma coleção geral de arte, antiguidades, moedas e medalhas, com alguns itens relacionados ao seu predecessor, já tendo passado por um processo de
expansão entre 1999 e 2009, pelo arquiteto Rick Mather (GLANCEY, 2009). Já em 1753, o parlamento inglês aprovou a construção do Museu Britânico para abrigar em seu acervo uma grande coleção de objetos e obras de arte deixadas pelo médico e colecionador Sir Hans Sloane após sua morte para a Coroa Inglesa, apenas exigindo que a coleção fosse conservada “para uso e aperfeiçoamento das artes e ciências e benefício da humanidade”22 (figura 78) (MUSEU BRITÂNICO, 1969, apud KEIFER, 2001).
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Estudos de arquitetura para os novos provando que os museus dessa equipamentos museológicos época ainda não possuíam tradição suficiente para se determinar um Herdado do período romano, os programa de necessidades. Segundo costumes de se buscar métodos Kiefer (2001), escritos de como fazer uma boa arquitetura ressurgem. Em 1783, Étienne-Louis Boullée (1985), em “O museu de Boullée tem uma seu livro “Arquitectura. Ensayo escala gigantesca, é organizado com sobre el arte”, apresenta o modelo quatro eixos de simetria especular e de um museu (figura 79), o único não dá a menor indicação de que tipo de obras abrigaria ou de como essas projeto sem descrição detalhada seriam expostas nesses imensos sobre seu caráter e programa, como espaços praticamente compostos apresentado nos demais tipos de por colunas e cobertura.” (KIEFER, edifícios presentes em seu livro, 2001, pág. 15).
Figura 341 - Projeto de museu por ÉtienneLouis Boullée (1783). Fonte: Engramma
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23. De acordo com Alexander (1979), ele está localizado no Palácio Real do Louvre, local construído inicialmente como uma fortificação para proteção da cidade entre os séculos XII e XIII, tornando-se posteriormente a residência de diversos reis até ser substituído pelo Palácio de Versalhes para tal fim.
Crescimento dos acervos e projetos deste. Contudo, o crescimento de expansão para os museus constante dos acervos fez com que o Museu passasse por constante modificações, situação vivida por Em 1793, é inaugurado outro diversos museus existentes: importante museu ocidental, o Museu do Louvre, na França, ainda “O edifício que hoje abriga o museu abrigado em um prédio construído começou a ser construído em 1546, para outros fins23 (figura 80). Durante quando Francisco I mandou demolir a Revolução Francesa, o edifício foi o velho palácio medieval e deu início transformado em um museu para a uma série infindável de obras, abrigar as principais obras nacionais, reformas e ampliações, que a rigor, recebendo o nome de Museu foi concluída muito recentemente, quando I.M. Pei projetou uma grande Central das Artes e chegando a ser reforma modernizadora (figura 81).” denominado como Museu Napoleão (KIEFER, 2001, p. 16). durante o período do reinado
Figura 342 - Museu do Louvre original. Fonte: Turomaquia
Figura 343 - Museu do Louvre ampliação feita por I.M. Pei. Fonte: Pinterest
após
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O advento dos museus como projetos Louvre (ALEXANDER, 1979). de recuperação das áreas periféricas Segundo Amaral (2014), o Museu Segundo Kiefer (2001), por muito do Prado foi projetado inicialmente anos, a Galleria degli Uffizi serviu por Juan Villanueva para se de modelo para a construção de tornar o Museu Real de Ciências novos museus. Contudo, o Louvre, Naturais24, fazendo parte do projeto por fatores como importância do de revitalização do espaço urbano acervo, magnitude de instalações e organizada pelo rei Carlos III, que localização privilegiada, desbancou a tinha o objetivo de inserir Madri Galleria degli Uffizi como referência na rota cultural das outras cidades arquitetônica para a abertura de europeias, transformando suas museus posteriores a ele. áreas periféricas em zonas de convivência, com praças, jardins e Um dos museus que tomou o prédios projetados por Villanueva. Museu do Louvre como referência Tal ação pode ser considerada “um arquitetônica é o Museu do Prado, dos primeiros exemplos da utilização construído em 1819 em Madrid, de museus com finalidade de Espanha (figura 82). Inicialmente recuperação de áreas periféricas e conhecido como Museu Real de criação de elementos urbanos que Pinturas, o Museu de Madrid abriga anunciem caminhos de expansão e as obras mais importantes que foram crescimento das cidades.” (AMARAL, anteriormente selecionadas pelo 2014). No entanto, assim como rei Joseph Bonaparte para serem o Museu do Louvre, o Museu do protegidas contra Napoleão e sua Prado também passou por diversas ambição, que pegava obras de outros reformas e adaptações. (KIEFER, países para dispor no Museu do 2001)
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24. O projeto, porém, acabou ficando inacabado ao ser invadido pelas tropas napoleônicas que o depredaram durante a Guerra da Independência, sendo retomado posteriormente por Antonio López Aguado, discípulo de Villanueva, que o concluiu para a nova função de museu de arte, estruturando-o em três corpos principais, formando vestíbulo, basílica e palácio.
Figura 344 - Museu do Prado por Juan Villanueva. Fonte: Museo del Prado
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O Museu no Brasil Segundo Barbosa (2013) e Nascimento (1998), o primeiro Museu Nacional do Brasil, ou Museu Real, foi criado em 1818 na cidade do Rio de Janeiro após decreto de D. João VI, sendo aberto ao público somente em 1821 (figura 83). Antes de ser Museu, o prédio foi palácio da família real portuguesa, passando por diversas alterações ao longo dos anos e chegando, inclusive, a ter inspirações neogóticas devido ao projeto do arquiteto John Johnson. No final do período de D. Pedro I, mais alterações ocorrem no edifício, dessa vez realizadas pelo arquiteto francês Pierre Joseph Pézerat, que optou pelo estilo neoclássico para a edificação, estilo seguido também durante o período de D. Pedro II, dando a imponência necessário para o palácio imperial durante o Segundo Reinado (DANTAS, 2007). De acordo com Dantas (2007) em relação à urbanização, após se tornar Museu Nacional, o prédio passou, durante a época da reforma urbanística de Pereira Passos, pela realização de obras para a adequação de um instituto de pesquisas em um palácio residencial. Por ser classificado como um museu científico, o Museu Nacional nasceu como um local de ensino e produção, funcionando de modo que a disposição dos objetos ocorre seguindo critérios diferentes dos adotados por museus históricos ou
de arte (BARBOSA, 2013). “... tanto a Escola Real quanto o Museu Real foram criados nos moldes europeus embora muito mais modestamente. Para o acervo inicial da Escola Real, D. João VI doou os quadros que trouxera de Portugal, em 1808. Já o Museu Real ou Museu Nacional - nossa primeira instituição científica - hoje o maior museu do país, teve por núcleo uma pequena coleção de história natural conhecida, antes da criação do museu como “Casa dos Pássaros” (SUANO, 1986, apud NASCIMENTO, 1998, p. 31).
Conclusões Conforme afirma Kiefer (2001), a fórmula de museupalácio foi eficaz por mais de um século, com suas salas conectadas, características desse tipo de edificação, atuando de forma eficaz para os Museus Nacionais, já que eram adequadas para a exposição de telas e outros objetos abrigados nos museus, permitindo “tanto um circuito sequencial de visitação quanto o estabelecimento de sub-circuitos independentes e especializados.” (KIEFER, 2001, pág. 17). Contudo, tal organização espacial também criou alguns problemas, caracterizados pelo amontoamento de salas e depósitos e pela dificuldade de comunicação com o público, o que fazia com que as salas fossem repletas de objetos que, muitas vezes, não eram explicados ao público.
Figura 345 - Museu Nacional do Rio de Janeiro (século XIX). Fonte: Museu Nacional
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2.3.2 O MOVIMENTO MODERNO E SUA INFLUÊNCIA NA CRIAÇÃO DE MUSEUS
25. Segundo Maurice Besset (1993, apud Kiefer, 2001), existem duas datas para o início da arte moderna. A primeira se deu em 1912 a partir do Cubismo, “quando a pintura deixa de ser uma relação perceptiva entre a imagem como ficção e o espaço como realidade” (KIEFER, 2001). Já a segunda ocorreu em 1917 com o Dadaísmo, “quando Duchamp expõe um mictório e a arte deixa de ser uma relação entre o objeto e o espaço que o contém para criar uma nova relação entre artista-museuexpectador” (KIEFER, 2001).
O período sucessivo de guerras ocorrendo ao redor do mundo foi um fator essencial para o adiamento da realização de uma nova tipologia dos museus, que solucionasse os problemas já observados nos museuspalácios. Somente a partir do final do século XIX, com os movimentos de vanguarda, é que o questionamento aos museus nacionais começou a surgir. Tais movimentos chamavam os “velhos museus” de “necrópole da arte”, devido à sua imagem de lugar conservador que abrigava apenas o que era considerado “arte oficial”, caracterizando-os como lugares cansativos, pesados e pouco instrutivos.
e ascendentes, que garantiam sua expansão infinita, conforme necessário, girando em torno de um grande vazio (KIEFER, 2001).
Os movimentos vanguardistas, portanto, começaram a redefinir as imagens dos museus25. Segundo Keifer (2001), a partir desse momento, arquitetos modernistas começaram a apresentar projetos inovadores para os museus. Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, observando problemas já presenciados nos museuspalácios em relação à necessidade de projetos de expansão para abrigar coleções cada vez maiores, projetaram, respectivamente, em 1939, o Museu Sem Fim, ou Musée de la Connaissance, em Paris (jamais construído) (figura 84), e, entre 1955 e 1959, o Museu de Guggenheim em Nova York (figura 85), apostando em ideias semelhantes, tais como museus em formato de espirais
Já Wright, com o Museu de Guggenheim e suas espirais circulares, criou várias versões do projeto até chegar na versão construída. Ele acreditava que
Em relação ao Museu Sem Fim, Le Corbusier defendia que “o princípio fundamental desse museu é o de ser construído sobre ‘pilotis’, com acesso ao nível do solo, atingindo o centro do edifício onde se acha a sala principal. A espiral quadrada, que aí começa, permite uma interrupção das circulações, extremamente favorável à atenção que se exige dos visitantes.” (LE CORBUSIER, 1985, apud FISCHMANN, 2003, p. 44)
“um museu deve ser extenso, contínuo e bem proporcionado, desde o nível inferior até o superior; que uma cadeira de rodas possa percorrê-lo, subir, baixar e atravessá-lo em todas as direções. Sem interrupção alguma e com suas seções gloriosamente iluminadas internamente desde cima, de maneira apropriada a cada grupo de pinturas ou a cada quadro individual, segundo se queira classificá-los.” (PFEIFFER, 1995, apud KEIFER, 2001).
REFERENCIAL TEÓRICO
Seu projeto, apesar de tais cuidados, teve sua funcionalidade criticada devido ao fato da obrigatória linearidade de qualquer exposição nele abrigada e da dificuldade
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de exposição de obras de grande porte, precisando ser ampliado por Gwathmey entre 1982 e 1992 para solucionar tais problemas (KEIFER, 2001) (figura 86).
Figura 346 - Maquete do “Museu do Amanhã” ou “Musée de la Connaissance”, projeto de Le Corbusier, 1939. Fonte: Fondation le Corbusier
Figura 347 - Projeto de Frank Lloyd Wright para o Museu Guggenheim. Fonte: Guggenheim Blog
Figura 348 - Renovação e Adição de Gwathmey Siegel ao Museu Guggenheim. Fonte: Gwathmey-Siegel Kaufman Architects.
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De acordo com Keifer (2001), a simplificação dos espaços internos foi uma das alterações mais importantes presentes na forma do museu modernista, havendo integração entre circulações e salas de exposição, com fluidez e transparência sendo
características marcantes nos museus desse período, encontrandose até mesmo nos espaços exteriores de alguns museus, como é o caso do Neue Nationalgalerie, na Alemanha, projetado por Mies Van der Rohe entre 1965 e 1968 (figuras 87 e 88).
Figura 349 - Fluidez e transparência nos ambientes do Neue Nationalgalerie de Mies Van der Rohe, 1965-1968. Fonte: Archdaily
Figura 350 - Fluidez e transparência nos ambientes do Neue Nationalgalerie de Mies Van der Rohe, 1965-1968. Fonte: Archdaily
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Mudanças nos Necessidades: Permanência
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Programas Espaços
de grandes plantas livres e propiciando de o controle da iluminação natural, quase sempre por sheds, vai ser uma das grandes marcas desse período.” O Programa de Necessidades dos museus também passou por alterações, visando a criação Os Novos Museus no Brasil de uma relação mais agradável entre ambiente e frequentadores, No Brasil, dois grandes exemplos que independesse das obras desse novo tipo de museu podem nele expostas. Para isso, foram ser observados através dos projetos complementados em seu programa de Affonso Reidy e Lina Bo Bardi. ambientes como restaurantes, lojas Reidy, com um grande vão livre de e jardins, além de criar ambientes pilares, equilíbrio entre iluminação naturalmente iluminados (KEIFER, natural e artificial e preocupação 2001). com variedade de tipos de exposição e controle climático, projeta, em 1954, o Museu de Arte Moderna O uso do concreto e novas do Rio de Janeiro (figura 89). Já Bo possibilidades Bardi, seguindo o mesmo raciocínio, projetou, em 1957, o Museu de O uso demasiado do concreto armado Arte Moderna de São Paulo (figura foi também altamente explorado. 90). Ambos os projetos foram Conforme afirma Keifer (2001), internacionalmente aclamados, “a presença da estrutura, muitas sendo publicados em revistas vezes de forma crua e brutalista, estrangeiras. assegurando a possibilidade de
Figura 351 - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1954, Affonso Reidy. Fonte: Pinterest
Figura 352 - Museu de Arte de São Paulo, 1957, Lina Bo Bardi. Fonte: KEIFER, 2001, p. 22
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Os diferentes tipos de expansão e Conclusões suas exigências arquitetônicas Os movimentos de vanguarda Contudo, apesar de tantas mudanças, trouxeram um novo olhar para os programas dos museus ainda os museus existentes até o permaneciam muito semelhantes final do século XIX, criticando a aos museus do passado. atmosfera cansativa e conservadora neles encontrada. Desejando a “Se é verdade que as mudanças promovidas pelo movimento avant- mudança desse cenário, arquitetos garde na virada do século foram modernistas começaram a realizar radicais e qualitativas, apenas uma projetos inovadores para redefinir a pequena parte do seu trabalho (...) configuração dos museus, com esses rompeu com a relação tradicional sendo caracterizados por, dentre entre pintura e espaço (...). As vários fatores, criação de ambientes mudanças mais radicais têm sido mais amplos, simplificação dos produzidas pelas vanguardas mais recentes. O seu tamanho, forma espaços internos, concepção de e características têm exigido plantas mais livres, maior controle a transformação do espaço de da iluminação natural, preocupação exibição.” (MONTANER, 1990, apud com infraestrutura e, principalmente, KEIFER, 2001). criação de outros espaços além da área de exposição para funcionar como áreas de permanência, Exposições abrangendo outros prolongando o tempo dos visitantes tipos de arte, como happenings, no espaço. performances, instalações, dentre outros, passam a exigir a criação de museus com espaços mais Os projetos apresentados durante flexíveis e específicos para cada esse período, contudo, não tipo de exibição, além de aparatos eram creditados à uma ciência tecnológicos que suportem diferentes museológica específica, pois esta tipos de inovações. Elementos como ainda não havia sido estruturada, tamanho e peso das obras também cabendo aos arquitetos projetarem começam a ser considerados em de forma mais intuitiva. Somente relação à infraestrutura dos museus após a criação de tais projetos é que (MONTANER, 1990, apud KEIFER, foi possível, após os comparar com 2001). as configurações dos ultrapassados museus-palácios, desenvolver tal ciência (KEIFER, 2001).
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De acordo com Keifer (2001), a Ciência Museológica surgiu a partir da necessidade de junção dos conhecimentos reunidos até então em relação à arquitetura dos museus, por volta da década de 30. Em 1950, foi criado o Instituto Internacional para a Conservação de Trabalhos Históricos e Artísticos (IIC), passando a considerar a museologia como ciência. Porém, somente nos anos 80 que a renovação dos museus é iniciada a partir de demandas cientificamente definidas. “É neste período que os museus deixam de ser simples galerias de exposição (mal iluminadas no período palaciano e exageradamente iluminadas no período modernista) e os arquitetos passam a enfrentar com muito mais rigor toda a complexidade do programa museu” (KEIFER, 2001, p. 22).
Segundo Montaner (1990) e Keifer (2001), a característica predominante dos novos museus se dá por meio da complexidade do programa, do cuidado com os métodos de conservação, exibição e iluminação dos objetos e, principalmente, da preocupação com sua inserção no ambiente urbano, como monumento e lugar de arte, além de colocar a solução estrutural em segundo plano durante a criação do edifício, fazendo com que esse deixe de ser um elemento
predominante. Dentre os diversos projetos criados nesse período, é possível citar o criado em 1977 por James Stirling para Neue Staatsgaleria, na Alemanha (figura 91). Inaugurado em 1982, o projeto de Stirling se trata de uma ampliação criada na forma de um anexo autônomo, com planta baixa fazendo forte referência ao Altes Museum (1823-1830) de Schinkel (figuras 92 e 93). (KEIFER, 2001). “Os espaços de exposição retomam os percursos em enfilade, considerados conservadores pelos modernistas. Por outro lado, os espaços de circulação, convivência e serviços não têm nada de conservadores. Pelo contrário, abusam do ecletismo, das citações, ironias e humores. Outro destaque é sua inserção na cidade: Stirling criou um museu que é um verdadeiro caminho de ligação entre dois setores da cidade, reavaliando a relação da edificação com o urbano.” (KEIFER, 2001, p. 21).
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2.3.3 OS NOVOS MUSEUS E A SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO
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Figura 353 - Neue Staatsgaleria, Schinkel (1982). Fonte: Archdaily
Figura 354 - Planta do Altes Museum (1823-1830) de Schinkel. Fonte: Tumblr
Figura 355 - Referência de Stirling para o Neue Staatsgaleria (1982). Fonte: Tumblr
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Os museus como equipamentos apresentando a cidade gaúcha para o turísticos mundo (figura 94). De modo geral, nos últimos anos, os museus constituíram uma nova imagem econômica e social ao se tornar um meio de diferentes locais do mundo se incorporarem em rotas turísticas internacionais. Segundo Álvaro Siza durante a inauguração da Fundação Iberê Camargo, “um museu pode revelar uma cidade para o mundo (SIZA, 2003, apud HELM, 2011). Dentre os diversos exemplos, é possível citar, em escala mundial, o Museu de Guggenheim em Bilbao e, em escala nacional, a própria sede da Fundação Iberê Camargo projetada por Álvaro Siza no Rio Grande do Sul,
Conclusões O surgimento da Ciência Museológica propiciou aos museus uma arquitetura especializada que se preocupa com a complexidade do programa existentes nesse espaço, havendo um maior cuidado com métodos de conservação, exibição e iluminação das obras expostas. Outra mudança ocorrida em relação à arquitetura dos museus foi a análise de sua inserção no ambiente urbano, transformando-os em equipamentos relevantes para o cenário turístico.
Figura 356 - Fundação Iberê Camargo projetada por Álvaro Siza. Fonte: Archdaily
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2.4 TIPOS DE E SUAS TIPOS
DE
MUSEUS FUNÇÕES MUSEUS
Tendo como função principal a acomodação e exibição de diferentes tipos de acervos, os museus, da forma que as bibliotecas, podem oferecer diferentes serviços para seu público, de acordo com os acervos que abrigam. Dessa forma, os museus podem ser classificados em diferentes tipos a partir do tipo de coleção que apresenta. Os tipos de museus podem ser classificados tanto pelos tipos de itens presentes em sua coleção como por suas diferentes manifestações. Em relação às suas manifestações, segundo Desvallées (1992), apud Scheiner (2013), os museus podem ser classificados em três categorias: museu tradicional (com suas subcategorizações sendo museus ortodoxos, museus com coleções vivas e museus exploratórios); museu de território (podendo ser subcategorizado em áreas naturais musealizadas, sítios históricos, arqueológicos e paleontológicos, museus a céu aberto, museus atelier, ecomuseus; museu virtual – digital).
em 10 tipos, a saber, os museus abrangentes; museus nativos; museus de belas artes; museus de história; museus de história natural; museus de tecnologia e indústria; zoológicos; aquários; jardins botânicos; e museus de animais, água e planta. (...) Muitos museólogos estrangeiros acreditam que todos os museus existentes ao redor do mundo podem ser classificados especificamente em 301 tipos. Essa classificação, incorporando diferentes padrões de classificação (como coleções, comércios, disciplinas, nacionalidades, etc.) ainda não é satisfatória. Seja qual for a extensão de sua história, a prosperidade de sua economia, o tamanho de sua população, a composição de seus grupos étnicos, as crenças religiosas, cada um dos quase 200 países e regiões de todo o mundo têm instituições de tipo museológico. O fato prova por outro ângulo que o museu é um conceito e prática que pode se adaptar ao pluralismo e tem valor universal.” (INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS, 2008, p. 25., tradução da autora)
Já o IBRAM (2010) classifica os museus em 9 eixos setoriais, sendo eles museus de arte; museus de história; museus de culturas militares; museus de ciências e tecnologia; museus etnográficos; museus arqueológicos; museus comunitários e ecomuseus; museus “Por exemplo, o Conselho da imagem e do som e de novas Internacional de Museus de Arte tecnologias; e arquivos e bibliotecas do Japão classifica os museus de museus.
Já em relação aos tipos de museus classificados através dos tipos de itens presentes em sua coleção, de acordo com o International Council of Museums (2008), não existe uma classificação perfeita universalmente conhecida em relação aos museus.
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Museus de Arte Os museus de arte possuem em sua coleção pinturas, esculturas, gravuras e desenhos, além de incluir a categoria de Artes Aplicadas, arte voltada para a produção de objetos como porcelana, cristais, prataria, mobiliário e tapeçaria (COSTA, 2006). O Espaço Cultural presente na
Figura 357 - Espaço Cultural UNIFOR. Fonte: Acervo Pessoal
Universidade de Fortaleza (figura 95) promove, através de exposições gratuitas, a divulgação da arte a partir de diferentes exposições temporárias. Desde 1988, ano de sua inauguração, já realizou exposições de artistas nacionais e internacionais, tais como Rembrandt, Candido Portinari, Miró, Beatriz Milhazes, Antonio Bandeira, Vik Muniz e Burle Marx (UNIVERSIDADE DE FORTALEZA)
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Museus de História Os museus de história adquirem, acomodam, preservam e exibem em seus acervos bens culturais que ilustram acontecimentos ou períodos da História O Museu de História do Ceará (figura 96) foi inaugurado no antigo Palacete Senador Alencar em 1932, atualmente abrigando uma coleção com mais de sete mil peças que englobam moedas e medalhas, quadros, móveis, peças arqueológicas, artefatos indígenas, bandeiras e armas, além de uma coleção de cordéis. Seu acervo abrange fatos históricos do estado cearense relacionados aos movimentos abolicionistas e literários (SECRETARIA DA CULTURA DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2018). Além da disposição do acervo, o Museu do Ceará oferece cursos, oficinas, palestras e publicações nas áreas de museologia e história, beneficiando pesquisadores, estudantes, visitantes e turistas (SECRETARIA DA CULTURA DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2018).
adquirem, preservam, pesquisam, interpretam e exibem evidências tangíveis e intangíveis da história militar, desenvolvendo um papel de conscientização em relação aos impactos da guerra e aos valores pacifistas perante a sociedade (KIROUAC, 2009, apud RODRIGUES e TEIXEIRA, 2012). O Museu Brigadeiro Sampaio (figura 97) foi inaugurado em 1998 em homenagem a memória do patrono da Infantaria do Exército Brasileiro, Brigadeiro Sampaio. O museu possui armas, quadros, fotografias, bandeiras e painéis que contam a trajetória do Brigadeiro nas forças armadas (LEGIÃO DA INFANTARIA DO CEARÁ, 2010).
Museus de Ciências e Tecnologia Os museus de ciências e tecnologia tem como função adquirir, acomodar, preservar e exibir bens culturais relacionados às Ciências Biológicas, podendo admitir projetos de pesquisa relacionados a seus acervos (COSTA, 2006).
O Seara da Ciência (figura 98) é um museu criado pela Universidade Federal do Ceará que funciona como órgão de divulgação científica e Museus de Culturas Militares tecnológica da universidade desde 2000. Nos 600m² do espaço é Os museus de culturas militares são possível encontrar ossadas de uma instituições sem fins lucrativos que baleia e de um golfinho, fósseis
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encontrados na região do Trairi e colocam em prática fórmulas e dezenas de experimentos científicos, conceitos científicos aprendidos em com a maioria possuindo caráter sala de aula (EXTENSÃO UFC, 2016). interativo com os visitantes, que
Figura 358 - Museu de História do Ceará. Fonte: Museu Brasil
Figura 359 - Museu Brigadeiro Sampaio. Fonte: Legião da Infantaria do Ceará
Figura 360 - Seara da Ciência da UFC. Fonte: Somos Vós
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Museus Etnográficos Os museus etnográficos possuem coleções relacionadas às diversas etnias e suas respectivas culturas, podendo se tratar de acervos folclóricos, indígenas, afrobrasileiros, do sertanejo, etc. (COSTA, 2006). O Museu da Cultura Cearense (figura 99) é um museu etnográfico que promove a difusão e apropriação do patrimônio cultural cearense através de pesquisas, preservação e exposições que almejam a inclusão e o desenvolvimento sociocultural. O espaço possui uma exposição de longa duração que utiliza cenografia, imagens e objetos ligados ao cotidiano do vaqueiro para contar a história desse grupo social a partir da ocupação do território cearense pela pecuária até os dias atuais (CENTRO CULTURAL DRAGÃO DO MAR, [200?]).
Museus Arqueológicos Os museus arqueológicos adquirem, abrigam, preservam e exibem acervos de grande valor histórico provenientes de escavações, prospecções e achados arqueológicos, como artefatos, monumentos, dentre outros (COSTA, 2006). O Museu de Paleontologia de Santana do Cariri (figura 100) possui um acervo com cerca de 10 mil fósseis,
em ótimo estado de conservação, de répteis, mamíferos, pássaros e plantas que viveram na região há mais de 115 milhões de anos, além de réplicas de dinossauros, vasto material fotográfico e uma reserva técnica que aumenta a cada ano, posicionando-o como um dos museus mais importantes do Brasil (DIÁRIO DO NORDESTE, 2016).
Museus Comunitários e Ecomuseus Os museus comunitários e ecomuseus surgiram a partir da ideia de que as comunidades se transformam em museus preservando e valorizando a memória nas relações cotidianas. Ele abriga tudo aquilo que deseja preservar, mas que não se pode guardar na vitrine ou proteger fisicamente (SOARES e SCHEINER, 2009). Esses tipos de museus são baseados em um conceito de musealização das pessoas e das coisas para além das paredes de um museu fechado, tornando-se um museu específico do meio ambiente e apresentando um conjunto de relações no espaço através de seu desenvolvimento histórico. Ele funciona como um instrumento de conscientização e autoconhecimento, com base no patrimônio local, da própria população, que se torna o próprio objeto de investigação desse tipo de museu. (BRULON, 2015).
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Localizado no bairro Sabiaguaba, o Ecomuseu Natural do Mangue (figura 101) é o único ecomuseu de Fortaleza, oferecendo atividades de educação ambiental para a população a fim de conhecer o ecossistema da região e
conscientizando sobre a importância da área, possuindo um acervo com mais de 200 peças de animais, entre carcaças de caranguejo, peixes ressecados e cabeças de tartarugas, etc. (ROCHA, 2017).
Figura 361 - Exposição Vaqueiros no Museu da Cultura Cearense do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Fonte: Diário do Nordeste
Figura 362 - Museu de Paleontologia de Santana do Cariri. Fonte: Diário do Nordeste
Figura 363 - Ecomuseu Natural do Mangue. Fonte: Tribuna do Ceará
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Museus da Imagem e do Som e de 2015). Novas Tecnologias Os museus de Imagem e Som adquirem, abrigam, preservam e exibem em seus acervos documentos sonoros, videográficos, filmográficos e fotográficos (COSTA, 2006). O Museu da Imagem e Som do Ceará (figura 102) foi inaugurado em 1980, sendo inicialmente instalado no subsolo do prédio da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, transferido apenas em 1996 no prédio atual, na Avenida Barão de Studart. Com um acervo de cerca de 150 mil peças, incluindo discos, imagens antigas de Fortaleza e outros municípios, cordéis, partituras e outros objetos audiovisuais, o MIS-CE preserva, difunde e amplia a pesquisa da memória audiovisual cearense, possuindo biblioteca especializada, sala de projeção multimídia e espaços expositivos (SECRETARIA DA CULTURA DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ.,
Figura 364 - Museu da Imagem e Som do Ceará. Fonte: Diário do Nordeste
Arquivos e Bibliotecas de Museus Os arquivos de museus funcionam como a memória do museu, podendo conter pelo menos três tipos de documentos: os que são parte da coleção do museu, incluindo itens como mapas, artefatos e fotografias; os materiais de arquivos que pertencem a uma coleção, como os registros de museus; e os gerenciados pela própria instituição durante suas atividades. Arquivos pessoais e objetos pertencentes a personalidades ligadas ao museu também podem ser encontrados nos arquivos (ROBERTS, [200?], apud SILVA, 2013). Sem esses documentos dos objetos, que registram a aquisição, catalogação, movimentação e conservação dos acervos, o museu não é capaz de funcionar. (WYTHE, 2004, apud SILVA, 2013).
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Dentre as funções exercidas por um museu, destacam-se a acomodação, exibição, preservação e proteção das diferentes obras de determinado acervo e a promoção da aprendizagem e do desenvolvimento, através de espaços destinados ao ensino e à prática de diversos temas através de palestras, apresentações, mediações e dinâmicas, tornando acessível à sociedade bens culturais musealizados e passíveis
de musealização que representam um valor cultural de destaque para o espaço em que se encontram, respeitando a diversidade cultural, regional, étnica e linguística de cada povo (BRASIL, 2013). Além disso, o museu também funciona como um ambiente de encontro e lazer para diferentes públicos.
Em 1819, Jean-Nicolas-Louis Durand, em seu livro “Précis des leçons d’árchitecture”, definiu a configuração dos museus através de verbetes e desenhos, defendendo que estes deveriam ser projetados a partir dos mesmos princípios das bibliotecas, tendo como função principal “guardar um tesouro público e que é, ao mesmo tempo, um templo consagrado aos estudos” (DURAND, 1819, apud KEIFER, 2001).
pobres (PINTO, ZAGALO e COQUET, 2013).
2.4.2 FUNÇÕES DOS MUSEUS
Já as funções dos arquivos de museus são recolher e colecionar os acervos arquivísticos adquiridos pelo museu.
Desse modo, os museus funcionavam como escolas onde os aprendizes se reuniam para passar todo o dia apreciando as obras e copiando telas (figura 103). Seus espaços, conforme pode ser visto na planta de Durand, que exemplifica a configuração de um museu, eram identificados com a letra “G” ao longo das diversas galerias de exposição na planta baixa Tal caráter educativo prevalecia nos (figura 104). (KEIFER, 2001). museus de outrora, pois os primeiros museus tiveram como função substituir as catedrais na função de biblia pauperum (bíblia dos pobres), livro com uma série de xilogravuras que retratavam cenas do Antigo e do Novo Testamento, acompanhadas de pequenos textos explicativos, como forma de instrução religiosa aos
2.5
BIBLIOTECA E MUSEU: UM EQUIPAMENTO I N T E G R A D O ASPECTOS QUE OS INTEGRAM
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BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Figura 365 - Galeria dos Artistas “The British Institution (Pall Mall)” por Rudolph Ackermann, 1808. Fonte: Met Museum
Figura 366 - Projeto para um museu genérico de Durand, 1819. Fonte: Arquidea Proyectos
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Ainda se valendo da comparação entre museus e bibliotecas, Durand distinguindo-os apenas na configuração de seus respectivos acervos26, orientando como agir para a melhor acomodação destes:
existiam então, duas formas distintas de se ver os museus. A primeira, com uma visão da arte como fruto de uma essência atemporal, caracterizava-os como templos guardiões de tesouros, com projetos como o do panteão (figura 105), com formas circulares e “Mesmo os destinados unicamente a abrigar as produções das artes, monumentais, representando-o.
26. Já que, ao contrário das bibliotecas, os museus guardam diferentes tipos de objetos.
se contêm objetos de diferentes espécies e são compostos de partes destinadas a estudos diferentes, devem, para que a calma que deve reinar em cada uma delas não seja quebrada, oferecer, além da entrada principal, tantas entradas particulares quanto as partes distintas que contenha.” (DURAND, 1819, apud KIEFER, 2001, pág. 15 e 16).
Já a segunda forma, que via a arte como fruto de feitos históricos determinados, define os museus como local para estudos, tendo as galerias, com suas vistas sequenciadas, como forma de representação (figura 106). Observa-se, desse modo, que ambas as formas de enxergar as funções desempenhadas pelos museus são, de fato, semelhantes às atividades já Sendo assim, como afirmado por realizadas pelas bibliotecas. Durand (1819), apud Kiefer (2001),
Figura 367 - Panteão Piranesi, 1748-1774.
por
Francesco
Fonte: Wikimedia
Figura 368 - Galeria do Louvre por Hubert Robert, 1796. Fonte: Wikimedia
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A arquitetura de Museu e Biblioteca Em 1948, Neufert expressa em seu livro “A arte de Projetar Arquitetura”, os museus, assim como as bibliotecas, são espaços para proteger as obras de adversidades como incêndio, roubo, destruição, umidade, exposição ao sol, etc., determinando, ainda, a exposição de apenas um quadro por parede, mudando a função de tal elemento de vedação para plano de fundo neutro que evidencia objetos independentes.
no Japão, e projetado por Tadao Ando em 2001 (CAMPBELL, 2016). Essa biblioteca, por mais que os livros estejam disponíveis para quem desejar, não foi projetada para ser um espaço de leitura, mas sim para expor a vida e a coleção de um colecionador de livros (CAMPBELL, 2016).
Localizado no jardim da antiga casa do escritor japonês Shiba Ryotaro, o museu abriga sua coleção de livros, com espaço para exposições e armazenamento adequado das obras adquiridas pelo autor, contando ainda com uma área de exposição Biblioteca e Museu como um projeto permanente explicando a vida de integrado Ryotaro e um auditório para leituras Ao analisar as tipologias das e palestras (CAMPBELL, 2016). bibliotecas e dos museus, percebePara esse projeto, Tadao Ando criou se que tanto o curador de um museu um caminho sinuoso e coberto que como o bibliotecário prezam pelo desce pela entrada, onde há uma loja e zelo, armazenamento e conservação um café, até a biblioteca. A exposição da coleção abrigada em seus se encontra no nível inferior, onde “a respectivos edifícios, cuidando extensão e o tamanho da coleção de para que a apresentação do acervo livros de Shiba se tornam evidentes, e a experiência do visitante sejam como torres em volta dos leitores satisfatórias (CAMPBELL, 2016). em prateleiras de carvalho japonês Por apresentarem funcionalidades encaixadas na parede curvada da semelhantes, é possível encontrar entrada” (CAMPBELL, 2016, p. 290) diversos exemplos de bibliotecas que (figuras 107 e 108). funcionam também como museus, Sendo assim, é possível afirmar sendo uma delas o museu Memorial que tanto as bibliotecas quanto os Shiba Ryotaro, localizado em Osaka, museus tiveram origens equivalentes,
REFERENCIAL TEÓRICO
chegando até mesmo a exercerem funções semelhantes. Em diferentes períodos, as bibliotecas funcionaram como abrigo para artefatos e livros, tornando o bibliotecário um profissional especializado na área curatorial dos museus (CAMPBELL, 2016).
o êxito da junção de ambos os equipamentos em um único projeto, proporcionando aos usuários um espaço de lazer e aprendizado, seja por meios individuais, através da leitura de diversos livros, ou por meios coletivos, através de visitas em exposições ou participação em atividades e dinâmicas com teor Tais fatos contribuem para reiterar educativo.
Figura 369 - Museu Memorial Ryotaro em Osaka, Japão, 2001. Fonte: Behance
Shiba
Figura 370 - Museu Memorial Shiba Ryotaro em Osaka, Japão, 2001. Fonte: Behance
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2.6
LEVANTAMENTO DAS BIBLIOTECAS E MUSEUS NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA
Ao fazer o levantamento das bibliotecas de diferentes portes (entre 1.300 e 132.000 títulos) e abertas ao público e dos museus com acervos voltados principalmente
para a história do Ceará e sua produção artística, catalogando-os por regionais, é possível observar a disparidade na distribuição desses equipamentos pela cidade (mapa 01).
Mapa 1 - Número de Bibliotecas e Museus por Regionais de Fortaleza. Fonte: Blog Moisés de Oliveira (editado pela autora)
REFERENCIAL TEÓRICO
A maioria das bibliotecas e museus estão localizados na Secretaria Regional do Centro de Fortaleza (SERCEFOR), regional de predominância cultural que conta com 11 desses equipamentos, em contraste com a Regional 01, contígua à anterior, que não possui nenhum
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equipamento dessa tipologia. Já a Regional 02 possui dois museus, sendo um público (Museu da Imagem e Som do Ceará) e outro privado (Museu da Fotografia), ambos localizados no bairro Meireles (mapa 02).
Mapa 2 - Regional 02. Fonte: Blog Moisés de Oliveira (editado pela autora)
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Até recentemente a Regional 03 Municipal Cristina Poeta ocorrendo (mapa 03) não possuía equipamentos apenas em abril de 2018 no bairro culturais em sua região, com a Autran Nunes. inauguração da Biblioteca Pública
Mapa 3 - Regional 03. Fonte: Blog Moisés de Oliveira (editado pela autora)
REFERENCIAL TEÓRICO
A Regional 04 possui duas bibliotecas, sendo uma pública (Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira) e outra privada (Casa Vermelha), além de um museu com biblioteca de propriedade da Universidade Federal do Ceará. Todos esses equipamentos
estão localizados no bairro Benfica, bairro vizinho ao bairro Centro, apresentando rica herança cultural, com circuito dinâmico de eventos relacionados à essa temática (mapa 04).
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Mapa 4 - Regional 04. Fonte: Blog Moisés de Oliveira (editado pela autora)
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A Regional 05, da mesma forma que Museu Privado (Minimuseu Firmeza) a Regional 03, possui apenas um (mapa 05).
Mapa 5 - Regional 05. Fonte: Blog Moisés de Oliveira (editado pela autora)
REFERENCIAL TEÓRICO
Depois da SERCEFOR, a Regional 06 é a que possui mais equipamentos culturais, sendo ainda a única regional na qual esses instrumentos estão distribuídos em mais de um bairro (mapa 06). Ela conta com dois museus, sendo um público (Casa José de Alencar) e um privado (Siará
em Miniaturas), localizados nos bairros José de Alencar e Boa Vista, respectivamente, contando ainda com outro museu (Espaço Cultural) e duas bibliotecas privadas (Biblioteca Acervos Especiais e Acervo Rachel de Queiroz) localizadas no bairro Edson Queiroz, na UNIFOR.
Mapa 6 - Regional 06. Fonte: Blog Moisés de Oliveira (editado pela autora)
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Apesar de conter apenas um único bairro, a SERCEFOR é a região com mais dispositivos culturais, fator principalmente devido a seu papel na história de formação e ocupação da cidade. Possui 5 bibliotecas (Biblioteca Pública do Estado do Ceará – Estação Centro, Biblioteca da Casa de Juvenal Galeno, Biblioteca Vila das Artes, Biblioteca da Academia Cearense de Letras e Biblioteca Governador Menezes Pimentel), 2 museus com bibliotecas (Centro
Cultural Banco do Nordeste com a Biblioteca Inspiração Nordestina e Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar com a Biblioteca de Artes Visuais Leonilson) e 4 museus (Museu do Ceará, Casa de Cultura Christiano Câmara, Museu e Memorial da Cultura Cearense e Museu da Indústria), sendo apenas um desses dispositivos de caráter privado (Casa de Cultura Christiano Câmara), formando um percurso cultural no bairro (mapa 07).
Mapa 7 - Secretaria Regional do Centro de Fortaleza (SERCEFOR). Fonte: Google Earth (editado pela autora)
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BIBLIOTECA E LIVROS
DE RAROS
MANUSCRITOS DE BEINECKE
Localizada na Universidade de Yale, uma das universidades mais conceituadas de Nova York, a Biblioteca de Beinecke foi construída entre 1960 e 1963 em uma área de aproximadamente 11.637m² (figura 109). O edifício se encontra inserido em uma ampla praça aberta, com poucos mobiliários, constituídos essencialmente de bancos e bicicletários, e árvores localizadas apenas em seus limites próximos ao prédio, fazendo com que a praça possui um espaço central livre de grande potencial de utilização pública. Tal praça está rodeada por prédios nos estilos gótico e neoclássico com um cemitério localizado ao norte do edifício e outros prédios da universidade do entorno (SOM, [20--?]) (mapa 08 e figura 110). Fazendo parte das treze bibliotecas da instituição, a Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beineck é um dos maiores prédios do mundo totalmente voltado para o armazenamento de livros raros e manuscritos , com capacidade para acomodar 180.000 volumes na torre central de seis níveis e mais de 600.000 volumes na área subterrânea, dois níveis abaixo da praça em que está situado, contendo atualmente cerca de 500 mil livros e milhares de manuscritos, servindo como centro de pesquisa para estudantes, professores e outros estudiosos (SOM, [20--?]). O nível mais inferior contem equipamentos mecânicos e um amplo acervo de livros, enquanto o nível mais superior abrange um espaço menor de acervo, salas de catalogação e referência, escritório dos funcionários e sala de leitura (figura 111). Esses ambientes são iluminados naturalmente através de um pátio enterrado que apresenta um jardim de esculturas projetadas pelo escultor Isamu Noguchi, que usou exclusivamente mármore branco em referência à própria biblioteca (figuras 112 e 113) (SOM, [20--?]; PEREIRA, 2017).
Figura 371 - Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke. Fonte: Metalocus
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Mapa 8 - Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke, Universidade de Yale, New Heaven, EUA. Fonte: Google Earth (editado pela autora)
Figura 372 - Maquete da Biblioteca de Beinecke com prédios gótico e neoclássico no entorno. Fonte: Tumblr
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Figura 373 - Planta baixa e cortes com níveis inferiores da Biblioteca de Beinecke. Fonte: Archdaily (editado pela autora)
Figura 374 - Sala de leitura iluminada pelo pátio enterrado.
Figura 375 - Maquete da Biblioteca de Beinecke com pátio enterrado projetado por Isamu Noguchi.
Fonte: HIC Arquitetura
Fonte: Tumblr
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A fachada estrutural consiste de treliças Vierendeel que transferem suas cargas para as quatro massivas colunas de esquina do edifício (figura 114). As treliças são compostas de cruzes de aço pré-fabricadas, cônicas, cobertas com granito cinza de Vermont na parte externa e concreto pré-moldado de granito no lado interno (SOM, [20--?]).
“uma das coisas mais importantes em fazer um prédio é definir um programa, e isso implica quase viver com as pessoas que vão usar o prédio, descobrindo como eles esperam trabalhar nisso, não ouvindo suas soluções, mas ouvindo às suas necessidades” (CELSUS: A Library Architecture Resource, 2017, apud PEREIRA, 2017).
Tal sistema estrutural contribui para que o átrio no piso térreo seja quase inteiramente envidraçado, possibilitando aos usuários um vislumbre do interior do prédio e da enorme torre de vidro (projetada para abrigar os livros mais raros) a partir do exterior (figuras 115 e 116). Dois grandes lances de escadas conectam o andar debaixo e a galeria de exibição acima (figura 117).
Sendo assim, a principal preocupação do projeto foi o controle de entrada de luz. Apesar de ser necessária a entrada de luz natural para que o espaço fosse apropriado para estudo e leitura, a exposição solar direta poderia prejudicar os textos encontrados na coleção. Para isso, foi necessário a utilização de um material que permitisse que parte da luz se espalhasse para o interior do edifício sem danificar a coleção (PEREIRA, 2017).
Segundo o arquiteto,
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 376 - Colunas de apoio da fachada estrutural.
Figura 377 - Hall de Entrada.
Fonte: Metalocus
Fonte: Archdaily
Figura 378 - Torre de vidro abrigando os livros mais raros.
Figura 379 - Escadas de acesso ao pavimento superior.
Fonte: Archdaily
Fonte: Pinimg
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Instalado entre os vãos das cruzes, painéis de mármore branco e translúcido de Vermont foram usados para permitir a entrada da luz do dia no interior da biblioteca (PEREIRA, 2017). Passando a impressão de uma fachada fria e impenetrável do lado de fora por causa de sua aparência, o mármore branco com veios cinzas brilha intensamente no lado de dentro do edifício quando a luz solar atinge a pedra, proporcionando um ambiente agradável para leitura e estudos, ao mesmo tempo que bloqueia o calor e os raios solares que contribuem para a degradação dos livros (figuras 118, 119 e 120). Esse projeto foi escolhido como referência pela utilização de materiais que, ao mesmo tempo que possibilitam a entrada de luz solar no interior do ambiente, criando uma atmosfera agradável que auxilia na concentração do usuário, impedem a incidência direta dos raios solares
nas obras, contribuindo para sua conservação, criando um ambiente de exposição e preservação em um único espaço. A fachada opaca dos andares superiores em contraste com a torre de vidro e os ambientes expostos dos níveis inferiores também foram motivos de referência ao serem usados para criar espaços com diferentes propostas de interação entre o interior e o exterior do edifício. Enquanto a fachada opaca impede qualquer interação interna-externa, fazendo com que os usuários que estão dentro do prédio se sintam envolvidos pelo ambiente no qual estão e se esqueçam do exterior, as fachadas de vidro presentes no térreo e nos níveis inferiores permitem ao observador que está fora do prédio obter um vislumbre do conteúdo contido em seu interior, aguçando sua curiosidade e desejo de adentrar neste.
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 380 - Exterior da Biblioteca de Manuscritos e livros raros de Beinecke. Fonte: Archdaily
Figura 381 - Painéis de mármore instalados nas cruzes de aço, permitindo iluminação natural de forma indireta no ambiente.
Figura 382 - Detalhe dos painéis de mármore.
Fonte: Archdaily
Fonte: HIC Arquitetura
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3.2
A CIDADE DOS LIVROS E DA IMAGEM BIBLIOTECA JAIME GARCIA TERRES
Localizada no Centro Histórico da Cidade do México, capital do país mexicano, a Cidade dos Livros e da Imagem, também conhecida como “La Ciudadela” e “Biblioteca do México – José Vasconcelos” é um edifício de 28.000m² que foi construído inicialmente no século XVIII como uma fábrica de tabacos, passando a abrigar posteriormente diversos usos, tais como quartel militar, prisão, fábrica de armas, escola e, desde 1946, biblioteca, tendo sido
Mapa 9 - Cidade dos Livros e da Imagem, Cidade do México, México. Fonte: Google Earth (editado pela autora)
declarado como patrimônio histórico em 1931 (SECRETARÍA DE CULTURA DO MÉXICO, [20??]). O edifício se encontra implantado entre duas praças (mapa 09), contando ainda com diversos equipamentos voltados para o comércio nas proximidades, com destaque para o Mercado de Artesanato La Ciudadela, comumente procurado por turistas que visitam a cidade.
REFERENCIAL PROJETUAL
Ao norte do edifício está a Plaza La Ciudadela Jose Maria Morelos y Pavón (figura 121), cuja história é ligada à do edifício, já que desde 1910 o espaço foi utilizado para os movimentos da Fábrica Nacional de Armas (uso corrente do prédio na época), com construção e seu entorno tendo um caráter militar por muitos anos. Além das de cunho militar, outras atividades também foram exercidas no espaço, com estudantes da Academia Nacional
de Artes Plásticas se reunindo na praça para pintar, tornando-se um local importante para a formação do movimento estudantil em 1968 (HUERTA, 2015). Em 1996, como parte do programa de recuperação dos espaços públicos, a praça se converteu em um espaço para bailes de dança dedicado a pessoas da terceira idade da cidade do México, atividade praticada até os dias atuais (figura 122) (HUERTA, 2015).
Figura 383 - Plaza La Ciudadela Jose Maria Morelos y Pavón. Fonte: Panoramio
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Figura 384 - Bailes de dança realizados para a terceira idade. Fonte: Foursquare
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Já ao sul da Cidade dos Livros e da Imagem se encontra o Jardim Tolsá, espaço utilizado principalmente por comerciantes que montam barracas com diferentes conteúdos, tais como comidas, brinquedos, roupas, livros, discos e outros produtos, para oferecer aos consumidores que a frequentam (figura 123 e 124). Desde que virou biblioteca, La Ciudadela passou por três intervenções arquitetônicas, com a primeira sendo realizada pelo arquiteto polonês Abraham Zabludovsky em 1987, que cobriu os quatro pátios principais e o
central com estruturas semelhantes à guarda-chuvas; a segunda sendo executada em 1994 pelo arquiteto mexicano Isaac Broid, responsável pelo desenho das instalações do Centro da Imagem, um dos ambientes do espaço; e a última organizada em 2012 pelo Conselho Nacional para a Cultura e as Artes (CONACULTA), que reuniu um grupo de arquitetos e artistas para cuidarem do projeto de diferentes espaços do edifício, recuperando os pátios e áreas de circulação e criando novos ambientes (SECRETARÍA DE CULTURA DO MÉXICO, [20??]; MARCON, 2014) (figura 125).
Figura 385 - Barracas rodeando o edifício Cidade dos Livros e da Imagem.
Figura 386 - Fonte de água no Jardim Tolsá, com barracas montadas ao fundo.
Fonte: Foursquare
Fonte: Foursquare
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Figura 387 - Planta Baixa da Cidade dos Livros e da Imagem. Fonte: Archdaily
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A planta do edifício é caracterizada por dois eixos principais (em vermelho) que garantem ao prédio saída por suas quatro fachadas, com o acesso principal ocorrendo na saída norte. Ao redor dos eixos, encontramse os quatro pátios cobertos por Zabludovsky (figura 126) e a cafeteria
Figura 388 - Um dos pátios que circundam os eixos principais. Fonte: Archdaily
Figura 389 - Pátio central como espaço de eventos. Fonte: Archdaily
Nellie Campobello no centro, que se abre para os quatro lados, servindo de espaço para apresentações com uma grande escultura feita com folhas de tabaco que relembram o uso original do edifício (CABEZAS, 2012) (figura 127).
REFERENCIAL PROJETUAL
Os outros ambientes do prédio ficam em seus arredores, com a Biblioteca México e sua Direção no Sudoeste, a Direção Geral de Bibliotecas no Sudeste, o Centro da Imagem no Nordeste, o Teatro no Noroeste, as Bibliotecas Pessoais no Noroeste e no Norte, a Livraria Alejandro Rossi (figura 128) e a Sala de Consulta Geral no Norte, a Área Infantil (figura 129) no Oeste e a Sala Braile e a Hemeroteca no Sul.
“A intervenção atual no edifício histórico busca: a) reconhecer o programa das diferentes atividades
para um funcionamento mais lógico e eficiente; b) recuperar o caráter do edifício retomando a função dos pátios originais e restaurando os caminhos, atravessando de norte a sul e pelo perímetro do edifício; c) melhorar as condições de luz e ventilação naturais para um uso melhor e mais racional da energia e dos recursos disponíveis; d) atender as exigências de acessibilidade ao usar guias e sinais táteis e rampas em uma topografia que elimine qualquer tipo de degrau nas áreas comuns; e e) atualizar as instalações e equipamentos da biblioteca de acordo com os usos e as necessidades de interconectividade da vida moderna.” (MARCON, 2014)
Figura 390 - Livraria Alejandro Rossi.
Figura 391 - Área Infantil.
Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
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As bibliotecas pessoais são possivelmente a parte de maior destaque do projeto, estando contidas em cinco espaços, cada um sendo projetado por uma equipe diferente e recebendo o nome do intelectual mexicano cuja coleção abriga, sendo eles Ali Chumacero (figura 130), Carlos Monsiváis (figura 131), Antonio Castro Leal (figura 132), José Luis Martínez (figura 133)
e Jaime García Terrés (figura 134). Segundo Consuelo Saízar, presidente da CONACULTA, em entrevista à Agência Efe (2012), os acervos de cada escritor foram adquiridos através de negociações com as famílias, no intuito de preservar sua existência em território nacional, já que muitas coleções foram anteriormente vendidas ao exterior durante os séculos XVIII e XIX.
Figura 392 - Biblioteca Ali Chumacero, o editor.
Figura 393 - Biblioteca Carlos Monsivais, o bibliófilo.
Fonte: Archdaily
Fonte: Wordpress
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 394 - Biblioteca Antonio Castro Leal, o humanista.
Figura 395 - Biblioteca José Luis Martínez, o bibliófilo.
Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
Figura 396 - Biblioteca Jaime García Terrés, o poeta. Fonte: Archdaily
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3.2.1 BIBLIOTECA JAIME GARCÍA TERRÉS
27. Jaime García Terrés foi um poeta, ensaísta, cronista e tradutor de grande importância para a cultura mexicana no século XX.
Figura 397 - Planta Baixa da Biblioteca Jaime Garcia Terrés. Fonte: Archdaily
Figura 398 - Iluminação
traseira nas prateleiras. Fonte: Archdaily
Projetada pelo grupo arquitectura 911sc, o acervo de 18.000 livros de Terrés27 é abrigado em uma sala retangular de 170m² de área, 6,30m de altura e cerca de 450m lineares de prateleiras (figura 135). O objetivo principal do projeto era criar, a partir de objetos e peças variadas, um diálogo com os livros e o edifício, através da escala, do peso e da presença no espaço (ARQUITECTOS MX, [20??]).
móveis de madeira tropical Tzalam (MARTINS, 2013), material que auxilia na concentração dos usuários e, consequentemente, na atividade de leitura.
Um conjunto de luzes foi aplicado na parte traseira das duas longas estantes de 1,20 que cobrem os dois lados maiores da sala, para que os livros fossem iluminados indiretamente, passando uma sensação de leveza e liberdade para o O espaço possui piso, estrutura do usuário da biblioteca e auxiliando na teto, estantes, cubo de leitura e localização dos títulos (figura 136).
REFERENCIAL PROJETUAL
No centro da sala estão dispostos espaços para os bibliotecários, cadeiras e mesas de leituras para os usuários e estantes menores (figura 137). Há três áreas para pesquisa e leitura: casual, com cadeiras e luminárias ao lado; de estudo, com mesas de madeira e cadeiras; e
dentro do “cubo de leitura”, espaço mais reservado localizado na extremidade da sala, cercado por livros, um expositor com algumas obras em destaque e uma reprodução da mesa em que o poeta escreveu, leu e trabalhou durante sua vida (MARTINS, 2013) (figura 138).
Figura 399 - Visão geral do ambiente. Fonte: Archdaily
Figura 400 - Cubo de leitura. Fonte: Archdaily
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No teto, há uma estrutura de madeira suspensa que reproduz uma estante vazia, criada para filtrar a entrada direta da luz solar, possuindo um trilho com luminárias que banham de luz as estantes na diagonal e iluminam os espaços de leitura e trabalho (ARQUITECTOS MX, [20??]). Dessa estrutura é suspendida uma obra de arte de Perla Krauze, “Tempo Suspenso”, confeccionada por mais de 300 pedras de resina semitransparentes de diferentes tamanhos e cores, que é percebida como uma nuvem de luz com brilhos e reflexos que mudam de acordo com a iluminação do espaço e a posição do usuário, contrastando com o caráter ortogonal e racional dos móveis projetados e estabelecendo uma relação de gravidade, leveza e peso com o ambiente (MARTINS, 2013) (figura 139).
cultural que se encontrar em uma área adensada e de caráter histórico, rodeada por usos comerciais, com alguns especificamente voltados para o turismo, características semelhantes às do terreno escolhido. Seus espaços, assim como os do projeto a ser criado, foram pensados de modo a homenagear personalidades importantes para o cenário local, seja por meio de seus respectivos acervos ou apenas pelo uso de seus nomes.
O foco na Biblioteca Jaime García Terrés e suas características principais se deu graças ao modo em que um acervo completo já existente foi incorporado em um ambiente prédeterminado, com espaços distintos, escolha de materiais e aplicação de iluminação pensados de modo a criar um ambiente de imersão para seus usuários, que ficam alheios ao que Esse projeto foi escolhido como ocorre no exterior da sala. referência por ser um projeto de cunho
Figura 401 - Obra fixada no teto que contribui para a sensação de leveza do ambiente. Fonte: Archdaily
REFERENCIAL PROJETUAL
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3.3
MUSEU CASA DA MEMÓRIA
Localizado no Parque Bicentenário do bairro Boston, distrito 10 de Medellín, segunda cidade mais populosa da Colômbia28, o Museu Casa da Memória teve sua implantação feita de forma estratégica, já que sua construção faz parte do Plano Diretor de Projeto Urbano Integrado (PUI) criado para a região Central, que
tem como objetivo a recuperação do Riacho Santa Elena, fonte de água histórica e natural no qual se formou o primeiro assentamento que deu origem à cidade, tornando-o eixo estruturador do projeto de recuperação do valor histórico da região (MARTINS, 2015; CHAN, 2010) (Mapa 10).
28. Medellín perde apenas para a capital do país, Bogotá, quando se analisa o tamanho da população das cidades colombianas.
Mapa 10 - Museu Casa da Memória, Parque Bicentenário, Medellín, Antioquia, Colombia. Fonte: Google Earth (editado pela autora).
REFERENCIAL PROJETUAL
A construção do Museu Casa da Memória foi realizado em 2011 por um grupo de arquitetos sob encomenda da Empresa de Desenvolvimento Urbano (EDU) da prefeitura de Medellín, em comemoração aos 200 anos de independência da Colômbia, com o intuito de desenvolver um projeto urbanístico e arquitetônico que cria um impacto social, ambiental e espacial em um local historicamente deteriorado pela construção de edifícios não planejados e uso indevido de recursos naturais (MARTINS, 2015).
O projeto delimitou uma área de intervenção em um espaço público de 21.620m² (figura 140), caracterizado pelo Parque Bicentenário, onde será feita a recuperação do espaço físico e ambiental do Riacho Santa Elena a partir da plantação de flora nativa em grande quantidade e realização de projeto paisagístico que consolida a região como um novo parque, com instalações recreativas, acompanhadas de um teatro aberto e uma instalação digital interativa de água (MARTINS, 2015; CHAN, 2010).
Figura 402 - Museu Casa da Memória, Medellín, Antioquia, Colombia. Fonte: Dezeen.
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O Museu Casa da Memória é um equipamento cultural de 3.800m² que faz parte da segunda fase do Parque Bicentenário (figuras 141 e 142), visando se estabelecer como um lugar de memória das vítimas de violência da cidade ao promover espaços que permitem a reconstrução e divulgação da
Figura 403 - Museu da Memória, segunda fase do projeto do Parque Bicentenário de Mendellín. Fonte: Archdaily
Figura 404 - Museu da Memória. Fonte: Archdaily
memória por meio de exposições no espaço, convertendo atos violentos, que ocorreram durante décadas em Medellín e que a transformaram na cidade mais violenta do mundo no passado, em aprendizagem social, por meio da transição da escuridão da morte à luz da esperança (EDU, 2010, apud MARTINS, 2015).
REFERENCIAL PROJETUAL
A partir dessa diretriz, o edifício se desdobra como um túnel que visa a criação de sensações em uma rota de transição da escuridão à luz por meio de painéis que contam histórias de forma interativa, com relatos de famílias vítimas da violência escritos nas paredes e dispositivos tecnológicos com mais informações sobre o tema (figuras 143 e 144). O uso de diferentes artifícios tecnológicos foi de suma importância para a criação do acervo museológico apresentado na Casa da Memória. O museu possui na sala de exibição
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principal telas interativas com a linha do tempo da violência da cidade; telas com caixas de busca para procurar por palavras chaves em artigos de jornais que falaram sobre o assunto no passado; mapas interativos focados em determinados temas ligados ao assunto, como áreas da cidade de Medellín afetadas pelo massacre; 12 caixas de vidro com cada uma representando diferentes atores do conflito armado; espaços para ver documentários e ouvir relatos sobre o assunto; dentre outros (CALIN, 2015) (figuras 145 e 146).
Figura 405 - Transição da escuridão para a luz.
Figura 406 - Transição da escuridão para a luz.
Fonte: Instagram
Fonte: Archdaily
Figura 407 - Diferentes dispositivos tecnológicos que contam sobre a violência vivida pela cidade.
Figura 408 - Memória Sonora: espaço para ouvir relatos sobre o conflito armado.
Fonte: Plasma Nodo
Fonte: Plasma Nodo
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29. Maria Teresa Uribe de Hincapié é socióloga mestra em Planejamento Urbano, professora na Universidade de Antioquia, diretora na revista “Estudos Políticos”, coordenadora do grupo de pesquisa “Estudos Políticos” da Universidade de Antioquia e co-fundadora do Instituto de Estudos Regionais.
Figura 409 - Corte Transversal mostrando os três níveis do edifício. Fonte: Archdaily
Figura 410 - Nível intermediário (N 0,00). Fonte: Archdaily
Figura 411 - Nível superior (N +4,00). Fonte: Archdaily (modificado)
O edifício possui três níveis (figura 147) nos quais seu programa de necessidades se organiza da seguinte forma: no nível intermediário (N 0,00) (figura 148) se encontra o acesso principal, a bilheteria e duas grandes salas de exposição, que podem ser divididas de acordo com as necessidades de espaço do museu para cada exposição; no nível superior (N + 4,00) (figura 149) se encontra o Centro de Recursos para
a Ativação da Memória (CRAM) Maria Teresa Uribe de Hincapié29 (figura 150); já no nível inferior (N – 5,00 e – 6,00) (figura 151) se encontram oficinas educativas, auditório para 270 pessoas (figura 152), escritórios administrativos, galeria infantil, galeria de saída, restaurante (figura 153), uma pequena loja e áreas técnicas (EDU, apud CHAN, 2010; MARTINS, 2015).
REFERENCIAL PROJETUAL
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Figura 412 - CRAM. Fonte: Archdaily
Figura 413 - Nível inferior (N -5,00 e -6,00). Fonte: Archdaily
Figura 414 - Auditório para 270 pessoas.
Figura 415 - Restaurante.
Fonte: Archdaily
Fonte: Dezeen
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A estrutura do edifício é mista, com varadas e lajes de concreto (figura 154) sustentando o programa interno, cercadas por um esqueleto de metal que sustenta as fachadas e coberturas (figura 155). É como uma grande pele dobrada que transmite uma imagem
Figura 416 - Laje de Concreto. Fonte: Archdaily
de unificação do edifício (figuras 156 e 157), atuando como uma câmara de ar para controle térmico, adequada para a ventilação natural e para a evacuação de ar quente. (EDU, apud CHAN, 2010; MARTINS, 2015).
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 417 - Esqueleto de metal da edificação
Figura 418 - Pele unificando a edificação.
Fonte: Dezeen
Fonte: Dezeen
Figura 419 - Pele estrutural a edificação. Fonte: Dezeen
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O projeto também conta com paredes com aberturas com profundidades variáveis para evitar a incidência direta de raios solares (figuras 158 e 159), além de claraboias projetadas com a mesma geometria do edifício para uma iluminação natural indireta excepcional e eficiente (CHAN, 2010) (figura 160). Esse projeto foi escolhido como referência por trazer para o entorno um impacto social e espacial, através da criação de espaços livres para utilização pública e da reconstrução e divulgação da memória criada pelo seu povo. Além disso, ele promove
exposições com estratégias de interação do público que estimulam a aprendizagem social sobre o tema escolhido como foco do equipamento. Além disso, outro fator que contribuiu para a escolha desse projeto como referência foram a criação de uma rota que conduz o visitante pelo espaço de forma didática e os diferentes dispositivos e novas tecnologias utilizados de forma interativa com o visitante, auxiliando na maior absorção de informações apresentadas na exposição e contribuindo para a preservação da memória local.
Figura 420 - Paredes com ângulos profundos externamente, diminuindo incidência direta de raios solares através das janelas. Fonte: Archdaily
Figura 421 - Paredes com ângulos profundos internamente, diminuindo incidência direta de raios solares através das janelas. Fonte: Archdaily
Figura 422 - Uso de claraboia para iluminação natural indireta. Fonte: Dezeen
REFERENCIAL PROJETUAL 149
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3.4
BIBLIOTECA SÃO PAULO
30. Complexo mundialmente conhecido pelo massacre de 111 presos em 1992.
Mapa 11 - Espaço de Implantação da Biblioteca São Paulo: antes (2000) da intervenção, Parque da Juventude, São Paulo, Brasil. Fonte: Google Earth (editado pela autora)
Mapa 12 - Espaço de Implantação da Biblioteca São Paulo: depois (2018) da intervenção, Parque da Juventude, São Paulo, Brasil. Fonte: Google Earth (editado pela autora)
Localizada no Parque da Juventude, hoje onde antes se encontrava o em área predominantemente Complexo Presidiário do Carandiru30 residencial e comercial da capital (Mapas 11 e 12). paulista, a Biblioteca São Paulo está
REFERENCIAL PROJETUAL
Em 2002, o presídio foi fechado e os presos remanescentes foram transferidos para outras penitenciárias, sendo decidido pelo Governo de Estado a realização da construção de um parque no local dos prédios a serem implodidos, dividindo o projeto em três fases de execução, cada uma delas voltada para uma área respectiva: a primeira fase foi responsável pelo “Parque Esportivo”, inaugurado em 2003;
151
a segunda fase foi responsável pelo “Parque Central”, onde se encontram as antigas passarelas dos vigias do presídio, inaugurado em 2004; e a terceira fase ficou responsável pela composição do “Parque Institucional”, espaço com biblioteca, escolas, centro cultural e entrada a partir do metrô, inaugurado em 2007. (CALLIARI, 2014) (figura 161).
Figura 423 - Projeto de construção para a área do Complexo Presidiário do Carandiru: projeto arquitetônico de Aflalo & Gasperini, projeto paisagístico de Rosa Grena Kliass e José Luiz Brenna. Fonte: Archdaily (editado pela autora)
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31. O projeto ficou entre os quatro finalistas do Prêmio de Melhor Biblioteca do Mundo promovido pela Feira do Livro de Londres em Associação dos Editores do Reino Unido em 2018, primeira edição do prêmio, perdendo para a Biblioteca Nacional da Letônia (MEIRELES, 2018).
A Biblioteca São Paulo, encontrada na área institucional do Parque da Juventude, é um projeto do escritório Aflalo & Gasperini que foi concluído em 2010, ocupando uma área de 4.250 de mais de 240 mil metros quadrados totais do parque. Possui um acervo de cerca de 45 mil itens e conta com mais de 30 mil sócios cadastrados, tendo reconhecimento mundial por seu programa e ações sociais31 (CARBONARI, 2018) (figura 162).
de distância entre si e laje alveolar que deu ao edifício um mezanino e balcões no nível superior, com parte da cobertura sendo revestida com forro metálico, possuindo uma forma ondulada que permite a entrada de luz pelos caixilhos instalados no alto do edifício (iluminação zenital) (figuras 163 e 164). A ampla área livre proporcionada pela parte estrutural garante grande flexibilidade de layout interno (com boa parte deste sendo móvel), com o objetivo de se tornar um projeto piloto que possa Sua estrutura é composta por 20 ser replicado em outras cidades pilares, 10 vigas principais com 15 paulistas (SAMBIASI, 2012; LARSEN, metros de vão dispostas a 10 metros MARTINS, 2010).
Figura 424 - Biblioteca São Paulo, Parque da Juventude, São Paulo, Brasil. Fonte: SP Leituras
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 425 - Corte Longitudinal mostrando dispositivos responsáveis pela iluminação zenital do edifício. Fonte: Archdaily
Figura 426 - Detalhe da forma ondulada que permite a entrada de luz pelos caixilhos instalados no alto do edifício. Fonte: Flickr
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Os materiais utilizados no projeto foram: lâminas de eucalipto de reflorestamento e policarbonato nas pérgulas que cobrem os dois terraços encontrados no pavimento superior, posicionados nas fachadas de maior insolação, leste e oeste, transformando tais ambientes de permanência em espaços agradáveis (figuras 165 e 166); concreto pré-moldado com acabamento texturizado colorido nas placas das fachadas superiores (figura 167);
Figura 427 - Terraço coberto por pérgolas nas fachadas de maior insolação. Fonte: Flickr
Figura 428 - Terraço coberto por pérgolas nas fachadas de maior insolação. Fonte: Flickr
e vidro com películas translúcidas foscas com serigrafias do nome da biblioteca e de pessoas comuns em paredes recuadas da fachada do térreo, garantindo iluminação natural ao ambiente e aumentando a sensação de integração entre a biblioteca e o parque na qual está implantada, ao mesmo tempo que evita o aquecimento interno e a entrada direta do sol (figura 168) (SAMBIASI, 2012; LARSEN, MARTINS, 2010).
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 429 - Fachada de concreto pré-moldado com acabamento texturizado colorido. Fonte: Flickr
Figura 430 - Vidro translúcido fosco com serigrafias de palavras e pessoas. Fonte: Flickr
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A disposição das esquadrias no edifício estabelece uma transição entre ambientes com maior ou menor iluminação natural, com as áreas
onde estão organizados os diversos tipos de acervos protegidos da incidência solar direta (figuras 169 e 170).
Figura 431 - Fachada Sul com disposição de esquadrias apenas em um lado, garantindo iluminação apenas nos espaços livres de acervo. Fonte: Galeria da Arquitetura
REFERENCIAL PROJETUAL
Figura 432 - Fachada Oeste com placas de proteção ao Norte, com terraço construído em balanço, longe dos acervos. Fonte: Archdaily
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O programa de necessidades mostra a preocupação com a acessibilidade a todos, sendo dividido em dois andares, com o pavimento térreo possuindo uma planta livre e pé direito alto (figura 171) contendo recepção, acervo, auditório para 90 pessoas (figuras 172 e 173) e módulos de leitura para crianças e adolescentes divididos por idade, com poltronas coloridas e pufes,
estantes baixas projetadas sob medida e discos e filmes expostos diretamente ao público que permitem aos jovens total liberdade para explorar (figura 174). O terraço existente na parte exterior foi coberto por uma estrutura tensionada que lembra “tendas náuticas”, abrigando cafeteria, áreas de estar e espaços para performances (figuras 175 e 176) (SAMBIASI, 2012).
Figura 433 - Planta Pavimento Térreo. Fonte: Archdaily (editado pela autora)
Figura 434 - Auditório para 90 pessoas.
Figura 435 - Auditório para 90 pessoas.
Fonte: Flickr
Fonte: Flickr
REFERENCIAL PROJETUAL
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Figura 436 - O pavimento térreo é prioritariamente dedicado a crianças de diferentes faixas etárias. Fonte: Flickr
Figura 437 - Estrutura tensionada que age como cobertura Figura 438 - Estrutura tensionada que age como cobertura para diferentes áreas da biblioteca. para diferentes áreas da biblioteca. Fonte: Galeria da Arquitetura
Fonte: Archdaily
160 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Já no primeiro pavimento (figura 177) se encontra acervo, diversos espaços de leitura, com um módulo restrito para adultos com mesas com iluminação central, estantes baixas e bancos distribuídos entre ilhas de leitura para criar maior conforto ao usuário (figuras 178, 179 e 180); área multimídia; espaços com mobiliário
especial para deficientes visuais e mesas ergonômicas para deficientes físicos. Piso táteis, corrimão com duas alturas, inscrições em braile, rampas de acesso e soleiras adequadas também contribuem para maior acessibilidade no edifício (figuras 181 e 182) (SAMBIASI, 2012).
Figura 439 - Planta Primeiro Pavimento. Fonte: Archdaily (editado pela autora)
Figura 440 - Diferentes áreas de leitura e estudo para adultos. Figura 441 - Diferentes áreas de leitura e estudo para adultos. Fonte: Flickr
Fonte: Flickr
REFERENCIAL PROJETUAL
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Figura 442 - Diferentes áreas de leitura e estudo para adultos. Fonte: Flickr
Figura 443 - Equipamentos para pessoas com visão reduzida Figura 444 - Equipamentos para pessoas com mobilidade contribuem para maior acessibilidade na Biblioteca São reduzida contribuem para maior acessibilidade na Biblioteca Paulo. São Paulo. Fonte: Acessibilidade Cultural
Fonte: Acessibilidade Cultural
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BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Além da preocupação com a acessibilidade, o uso de novas tecnologias também foi explorado no programa da Biblioteca São Paulo. Diversas áreas de multimídia são disponibilizadas aos usuários (figura 183), sendo permitido o uso dos cem computadores, com livre acesso à internet, por até 2 horas por dia. Além do acervo de livros, a biblioteca também conta com um acervo de CDs, DVDs, audiobooks, jogos eletrônicos e um leitor digital que podem ser usados no próprio local (MENEZES, 2010) (figura 184). Moradores de rua são bem-vindos no espaço (figura 185), sendo responsáveis por 20% do público assíduo da biblioteca. Além disso, oficinas de tecnologias para idosos (figuras 186 e 187), cursos de computação e minicursos de robótica são ministrados na biblioteca como formas de incentivo a novas tecnologias e a inclusão de todos, não se restringindo somente à estudantes e aos livros didáticos (CARBONARI, 2018).
“Ela está focada na pluralidade, e isso tem a ver com a literatura — porque, como diz Cristóvão Tezza, literatura não está a serviço de nada a não ser da liberdade. E biblioteca pública, como um espaço de literatura e educação, tem que ser um espaço livre para que cada um busque o seu espaço rumo ao
conhecimento”, diz Pierre André Ruprecht, diretor executivo da SP Leituras, que foi a Londres participar da feira.” (CARBONARI, 2018).
Esse projeto foi escolhido como referência por ser um projeto preocupado com o uso de novas tecnologias, adaptando seus ambientes para recebe-las de forma adequada, não se limitando apenas ao uso de livros para transmissão de conhecimento e informações. Além disso, outra decisão de projeto adotada como referência é a forma como a configuração espacial foi projetada de modo a diversificar e flexibilizar a disposição do mobiliário, contribuindo para uma vasta variedade de soluções espaciais de permanência e interação dos usuários com o ambiente. A escolha de materiais e seu modo de aplicação visando a preservação do acervo também merecem destaque, principalmente devido à sua contribuição no processo de transição entre ambientes mais ou menos iluminados em concordância com seus usos. A aplicação de vidros com películas translúcidas foscas permitindo a interação entre interno e externo, ao mesmo tempo que contribui para a conservação das obras encontradas na biblioteca, é uma solução eficiente para atrair o público para um equipamento que costuma ser negligenciado pela maioria dos brasileiros.
REFERENCIAL PROJETUAL
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Figura 445 - Área de Multimídia.
Figura 446 - Diferentes mídias digitais também fazem parte do acervo da Biblioteca São Paulo.
Fonte: Flickr
Fonte: Flickr
Figura 447 - Biblioteca São Paulo como um espaço aberto para moradores de rua. Fonte: Flickr
Figura 448 - Oficinas de tecnologias para pessoas da
Figura 449 - Oficinas de tecnologias para pessoas da terceira
terceira idade.
idade.
Fonte: Flickr
Fonte: Flickr
164 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
04
DIAGNÓSTICO
IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
Localizado entre três bairros de extrema importância para a formação inicial da cidade, o terreno escolhido para abrigar a Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo se encontra no limite do bairro Meireles, próximo à divisa do bairro com o Centro e a Praia de Iracema (mapa 13).
Mapa 13 - Mapa de localização do terreno. Fonte: Google Earth (editado pela autora). Terreno escolhido, Fortaleza, CE. Fonte: Google Earth (Adaptado).
166 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
4.2
CONDICIONANTES H I S T Ó R I C A S C
E
N
T
R
O
A formação do município de Fortaleza se deu a partir do Centro da cidade, com a construção do forte holandês de Schoonenborch, em 1649, fazendo com que o bairro seja visto até hoje como uma área prioritariamente de cunho cultural e histórico. Lar da elite fortalezense durante o século XIX e local de fixação de edifícios com variados usos, como lojas, bancos, hotéis, clubes, etc., o Centro de Fortaleza foi cenário para a Belle Époque, com a população rica imitando os costumes e o vestuário da população europeia, passeando por locais como o Passeio Público (figura 188) e a Praça do Ferreira, ambientes de encontro e lazer da elite e dos intelectuais da época (BRUNO e FARIAS, 2011). Nas décadas de 20 e 30, contudo,
o Centro de Fortaleza começou a perder seu posto de “bairro da elite” em decorrência do forte crescimento demográfico ocorrido principalmente por causa do êxodo rural acarretado pelas sucessivas secas da época (figura 189), o que causou crescimento desordenado e surgimento de favelas naquela área, gerando nas famílias mais abastadas o desejo de deslocamento para locais mais isolados a fim de se segregar espacialmente da população imigrante, fixando-se em bairros como Jacarecanga e, em menor escala, Benfica, abandonando, assim, o Centro, que então se tornou, gradualmente, uma zona comercial e de serviços voltados para as camadas populares até os dias atuais (BORGES, 2006) (BRUNO e FARIAS, 2011).
Figura 450 - Elite fortalezense no Passeio Público durante a Belle Époque.
Figura 451 - Retirantes reunidos na Praça da Estação no final do século XX.
Fonte: Fortaleza em Fotos.
Fonte: Fortaleza em Fotos.
DIAGNÓSTICO
No mesmo período, a área litorânea também começou a ser procurada pelas camadas sociais mais favorecidas, com o banho de mar deixando de ser usado apenas para fins medicinais e passando a ser usado para atividades de lazer. Antes caracterizada como lar dos pescadores, que começaram a povoá-la por volta de 1900, a Praia do Peixe se tornou, em 1929, a Praia de Iracema, passando a abrigar as casas de veraneio das famílias ricas da cidade (figura 190), que compartilharam o espaço com a
classe pesqueira por cerca de uma década antes de começar o processo de expulsão dos pescadores para dar lugar a mais famílias ricas na região (ALMEIDA, 2014).
4.2.2 PRAIA IRACEMA
167
DE
A construção do porto do Mucuripe na década de 40, contudo, acarretou o avanço do mar, que diminuiu a faixa de praia e destruiu diversos bangalôs situados de frente para o mar da Praia de Iracema (figura 191), o que culminou no deslocamento da elite para outros bairros e dos pescadores para outras praias (BEZERRA, 2008).
Figura 452 - Casas de veraneio na Praia de Iracema. Fonte: Arquivo Nirez.
Figura 453 - Casa destruída pelo avanço do mar na Praia de Iracema, década de 40. Fonte: Arquivo Nirez.
168
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32. Também conhecida como Praia do Meireles
Em 1963, houve a construção da Avenida Beira Mar32, com sua urbanização ocorrendo entre 1979 e 1982 e originando o bairro do Meireles, contíguo à Aldeota e situado junto à orla, que desempenhou a função de espaço de moradia alternativo à Praia de Iracema (BRUNO e FARIAS, 2011).
do Centro Cultural Dragão do Mar e da construção do calçadão e de estabelecimentos comerciais, que aumentaram o potencial de lazer da Praia de Iracema para o período noturno, inserindo-a no eixo turístico da cidade. O Estoril, antes Vila Morena e hoje sede da Secretaria do Turismo de Fortaleza, era ponto de encontro entre boêmios, artistas, intelectuais, A Praia de Iracema como local de militantes e estudantes (figura 192) (BEZERRA, 2008). turismo O processo de requalificação da Praia de Iracema foi iniciado apenas durante a década de 90, com o objetivo de transformá-la em um ambiente de entretenimento e patrimônio cultural para promoção do turismo na cidade através da recuperação da Ponte dos Ingleses, da implantação
Figura 454 - Estoril na década de 60. Fonte: Fortaleza Nobre.
Outra grande mudança no bairro foi a permissão da construção de prédios com mais de dez pavimentos em seu território, o que tornou a Praia de Iracema um local de grande especulação imobiliária (BEZERRA, 2008).
DIAGNÓSTICO 169
O bairro Meireles, bem como a Praia de Iracema, passou por investimentos voltados ao ramo de turismo a partir da década de 90, sofrendo especulação imobiliária com a instalação de hotéis, restaurantes e infraestrutura necessária para atrair turistas. Toda essa infraestrutura faz com que o Meireles tenha atualmente um dos IDH mais altos do país, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), correspondente a 0,995, em contraposição com o IDH de Fortaleza, terceiro pior do Brasil com 0,754. Atualmente, o bairro possui o metro quadrado mais caro de Fortaleza, com 99,5% dos domicílios atendidos por rede de esgoto e mais
Atualmente, Fortaleza possui vocação turística de extrema relevância na economia da cidade, estimulando o crescimento da rede hoteleira e dos equipamentos voltados para o entretenimento, como parques aquáticos, centro de eventos, casas de show, lojas de artesanato e barracas de praia, com a Praia de Iracema ocupando importante posição na rota turística.
de 96% das moradias com acesso a rede de água tratada (GARCIA, 2012).
4.2.3 MEIRELES
Mesmo com o metro quadrado tão caro (cerca de 15 mil reais), o Meireles ainda possui uma alta procura para aluguéis por temporada, graças à sua proximidade com o mar, um dos principais fatores que atrai os turistas para a região, além de sua proximidade com o centro da cidade e com o Mercado Central (DIÁRIO DO NORDESTE, 2015), fazendo com que Fortaleza seja a única cidade brasileira em um raking mundial dos alugueis mais procurados, realizado pelo site de aluguel de imóveis por temporada Airbnb, que reuniu 16 localidades ao redor do mundo (FOLHA DE SÃO PAULO, 2016).
para o aumento do número de turistas internacionais devido a parcerias com empresas marítimas e aéreas, que irão contribuir para o aumento do desembarque de turistas estrangeiros no Terminal Marítimo do Mucuripe e no Aeroporto Pinto Martins (DIÁRIO DO NORDESTE, 12 mai. 2018 e O POVO, 21 abr. 2018), além de tornar Fortaleza o principal ponto de partida com destino ao exterior para as regiões Norte e Nordeste.
Com o título de sétimo destino mais procurado pelos turistas brasileiros Graças a essa nova perspectiva no no primeiro trimestre de 2018, a cenário turístico da cidade, grandes capital cearense possui perspectivas investimentos estão sendo feitos
4.2.4 PROGRAMAS, PLANOS E PROJETOS PARA A PRAIA DE IRACEMA
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para aumentar a permanência dos visitantes na capital, dentre eles a construção da Roda Gigante na Beira Mar, a implementação do Double Deck (ônibus turístico de dois andares) e a requalificação do bairro Praia de Iracema (DIÁRIO DO NORDESTE, 03 mai. 2018). Segundo o prefeito Roberto Cláudio, as intervenções propostas para a região irão abranger oito áreas: comércio, ordenamento urbano, segurança, cultura e eventos, moradores, mobilidade urbana, meio ambiente e turismo. O projeto foi resultado de uma parceria entre poder público, moradores da região, ativistas da cultura e empreendedores, através das Operações Urbanas Consorciadas. O Plano de Requalificação da
Praia de Iracema irá envolver obras nos setores público e privado, reestruturação viária, implementação de novos equipamentos, criação de programação cultural e econômica e incentivos para a vinda das pessoas à região, com cerca de 40 ações a serem executadas em um período de três meses a um ano, abrangendo pintura e iluminação de fachadas, instalação de wi-fi gratuito, criação de estações de apoio ao banhista, reforma de ruas e calçadas, adoção de posto integrado, incentivos fiscais para novos empreendimentos e para formação profissional de pessoas em situação de rua e instalação de um galpão multifuncional de economia criativa, além de nova reforma e gestão da Ponte dos Ingleses, dentre outros (Figura 193) (PREFEITURA DE FORTALEZA, 2018). Outro projeto
Figura 455 - Melhorias propostas para a Praia de Iracema. Fonte: Focus.jor.
DIAGNÓSTICO
de vital importância para a área é o Distrito Criativo Iracema. O distrito criativo tem como objetivo planejar o desenvolvimento de uma cidade a partir de sua economia criativa, passando a promover o desenvolvimento sustentável e ter uma maior visibilidade internacional, revitalizando regiões da cidade e reorientando suas atividades econômicas (LEITÃO, 2017). A economia criativa tem como elemento principal diferentes tipos de criatividades, como científica, tecnológica, cultural e econômica, compreendendo áreas como arquitetura, moda, culinária, design, produção cultural, turismo, dentre outros, transformando ideias em dinheiro através da produção e distribuição de bens de serviços que geram vendas no comércio por meio do direito de propriedade intelectual e das características culturais e sociais de uma região. Dentre os benefícios gerados pela economia criativa, é possível citar a criação de empregos, a associação entre economia, cultura e aspectos sociais, o desenvolvimento da inovação através de políticas multidisciplinares, etc. (COSTA, 2011). No caso da Praia de Iracema, é possível encontrar um conjunto de eixos que a credenciam como polo potencial de economia criativa, sendo eles o eixo comercial de artesanato
e confecção na avenida Monsenhor Tabosa, o eixo de entretenimento com bares, restaurantes e casa de espetáculo na rua dos Tabajaras, e o eixo cultural que interliga os dois eixos anteriores, com cinemas, salas de exposições e planetário no Centro da cidade (CARTAXO, 2017). “O Distrito Criativo Iracema compreende 2,9 quilômetros quadrados de área (Centro e Praia de Iracema), com uma população de 15.286 habitantes. Ele é composto de 7% de sua área em Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, que incluem as comunidades do Poço da Draga, Morro do Ouro e Graviola; 17% da área de Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural – ZEPH; e mais da metade do território (55%) é Zona Especial de Dinamização Urbanística e Socioeconômica – ZEDUS. Esse misto de zonas de interesse contribui diretamente para os objetivos centrais do Distrito Criativo Iracema, que busca aliar o empreendedorismo criativo, com inclusão social, inovação e sustentabilidade.” (LEITÃO, 2018)
Em fevereiro de 2018, foram iniciadas atividades ligadas à economia criativa na Praia de Iracema, através de feiras de economia criativa com venda de antiguidades, livros, orgânicos, etc., que irão ocorrer semanalmente aos sábados, com cada semana retratando uma temática diferente (DIÁRIO DO NORDESTE, 2018).
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Já em junho de 2018, o projeto “Plural”, realizado pela Plataforma Vós, foi direcionado para a economia criativa com foco nas pessoas, promovendo discussões, debates, palestras e apresentações
4.3 ANÁLISE
DO
TERRENO
CONDICIONANTES DO ENTORNO
sobre moda, tecnologia, cultura e inovação em 14 espaços diferentes da Praia de Iracema, atraindo diferentes públicos para o local (TRIBUNA DO CEARÁ, 2018).
O terreno escolhido para a implantação do projeto possui aproximadamente 95 metros de comprimento por 90 metros de largura, tendo sua fachada principal voltada para o Norte, com vista privilegiada para o mar, a cerca de 500 metros de distância do local.
Recebendo ventos provenientes principalmente das direções Norte e Sudeste, o terreno tem a fachada Oeste protegida do Sol Poente por uma edificação de cerca de 30m de altura de cunho hoteleiro à sua esquerda, o Hotel Praia Centro, com cerca de 10 pavimentos de altura A proximidade com o mar e a praia (figura 194). e a constante ventilação presente no local, contudo, são as únicas As edificações de seu entorno fontes de contato com recursos são predominantemente de baixo naturais na região. Ao observar o gabarito, a maioria possuindo mapa de condicionantes do local apenas um ou dois pavimentos, o (mapa 14), nota-se que o entorno é que contribui para a construção de completamente carente de áreas visuais para o mar, fator também verdes ou espaços livres em sua beneficiado pela topografia do local. proximidade.
Figura 456 - Hotel Praia Centro à Oeste do terreno escolhido. Fonte: Google Earth.
Mapa 14 - Condicionantes do Entorno.
Fonte: Google Earth (editado pela autora).
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4.3.2 VISUAIS
Um estudo de visuais ao norte do terreno foi realizado a partir da altura da rua (figura 195) e dos três primeiros andares do Hotel Praia Centro, que se encontra em uma altura superior à do terreno em estudo (figura 196), analisando a visibilidade do mar a partir de sua distância em relação à área considerada (figuras 197, 198 e 199).
Figura 457 - Visual do mar na altura da rua. Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 458 - Diferença de nível entre hotel e terreno escolhido. Fonte: Google Earth.
Figura 459 - Visual do mar no primeiro andar do Hotel Praia Centro. Fonte: Acervo Pessoal.
A partir das imagens acima, observase a possibilidade da criação de visuais voltadas para o mar, principalmente a partir do terceiro andar do edifício a ser projetado, altura superior à do gabarito do edifício do SEBRAE, encontrado a frente do terreno analisado (figura 200).
DIAGNĂ“STICO
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Figura 460 - Visual do mar no segundo andar do Hotel Praia Centro. Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 461 - Visual do mar no terceiro andar do Hotel Praia Centro. Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 462 - EdifĂcio do SEBRAE em frente ao terreno escolhido. Fonte: Google Earth.
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4.3.3 TOPOGRAFIA
Ao fazer o Percurso Topográfico pela ferramenta do Google Earth no sentido Norte-Sul (figuras 201 e 202), é possível perceber que o terreno se encontra em um nível mais alto do que o do mar, com 24 metros de altura. A topografia do terreno, porém, não possui diferença entre os
níveis, como é possível ver na imagem do local (figura 203). A fachada sul, no entanto, apesar de não ser ofuscada por nenhuma edificação no próprio lote, é desvalorizada por estar 7 metros mais abaixo dos quarteirões construídos em direção ao Sul (figura 204).
Figura 463 - Primeiro ponto do percurso Topográfico sentido Norte-Sul. Fonte: Google Earth.
Figura 464 - Segundo ponto do percurso Topográfico sentido Norte-Sul. Fonte: Google Earth.
DIAGNÓSTICO
Figura 465 - Entorno do terreno em análise sem desnível. Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 466 - Diferença de nível entre quarteirões. Fonte: Google Earth.
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Ao realizar o Percurso Topográfico no sentido Oeste-Leste (figuras 205 e 206), percebe-se que o terreno possui um desnível de 2 metros de diferença, com o ponto à Oeste estando mais alto, sendo esse lado mais ofuscado por causa da contiguidade com o Hotel Praia Centro. Contudo,
o terreno possui fachada Leste privilegiada, por estar em ponto mais alto do que os quarteirões à sua direita, destacando-se assim na paisagem (figura 207), tendo visuais voltadas para os diversos prédios de diferentes gabaritos encontrados ao leste (figura 208).
Figura 467 - Primeiro ponto do percurso Topográfico sentido Oeste-Leste. Fonte: Google Earth.
Figura 468 - Segundo ponto do percurso Topográfico sentido Oeste-Leste. Fonte: Google Earth.
DIAGNÓSTICO
Figura 469 - Diferença de nível entre quarteirões. Fonte: Google Earth.
Figura 470 - Visual Leste. Fonte: Acervo Pessoal.
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4.3.4 USO DO SOLO
Ao observar o Mapa de Uso do Solo e Sistema Viário (mapa 15), nota-se que o entorno do terreno é bem assistido pelos usos institucional, representado pelo edifício do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) à sua frente, e de serviços, como o Hotel Praia Centro à sua esquerda. Os usos residencial e comercial predominam no entorno, conferindo a essa área a possibilidade de diversificação de usos. A
4.3.5 SISTEMA VIÁRIO
Em relação ao sistema viário, percebese que o terreno está situado no encontro de uma Via Arterial I, de uma Via Coletora e de uma Via Comercial, sendo esta caracterizada pelo corredor comercial da Avenida Monsenhor Tabosa. Tais vias contribuem para
predominância dos usos comercial e de serviços pode ser observada principalmente ao longo do eixo da Avenida Monsenhor Tabosa, atuando como continuidade do atual uso do centro da cidade. Os espaços livres, contudo, são escassos na região, sendo encontrados apenas na Avenida Beira Mar, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e no Parque Pajeú, com as duas últimas áreas localizadas no Centro.
um intenso fluxo de veículos na área, favorecendo a chegada de turistas e da própria população fortalezense no local, fator em potencial para a instalação de um equipamento cultural como um Museu.
Mapa 15 - Mapa de Uso do Solo e Sistema Viário.
Fonte: Google Earth (editado pela autora).
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4.3.6 U R
MOBILIDADE B A N A
Quando se analisa o Mapa de Mobilidade Urbana do Entorno (mapa 16), nota-se que o terreno se encontra localizado com sua fachada principal no trajeto da Linha Leste do Metrô, ainda não implementada, mas que trará grande movimento para a região através do transporte público em detrimento do transporte privado, podendo contribuir para a solução do engarrafamento existente na área em horários de pico. O terreno também é bem assistido em relação à linhas de ônibus, com duas paradas próximas (menos de 300 metros) do local. Em relação ao sistema de ciclofaixas, contudo, a área deixa a desejar. Apesar de possuir um bicicletário à sua frente no terreno do SEBRAE e uma estação do bicicletar a 200 metros de distância, o terreno não é assistido por ciclofaixas em seu entorno, com estas existentes apenas na Avenida Beira Mar e na Avenida Rui Barbosa.
Mapa 16 - Mapa de Mobilidade Urbana. Fonte: Google Earth (editado pela autora).
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4.3.7 EQUIPAMENTOS R E L E V A N T E S
Em relação ao mapa de Equipamentos Relevantes (mapa 17), é possível observar a predominância de equipamentos culturais, principalmente no bairro Centro, e comerciais, a exemplo da Avenida Monsenhor Tabosa, nas imediações. A presença de equipamentos tão próximos ao terreno contribui para a atração de pessoas à Biblioteca-Museu a ser projetada, com importantes eixos, como os das grandes Av. Dom Manuel, Av. Rui Barbosa, Av. Beira Mar e Av. Monsenhor Tabosa podendo conduzir o seu deslocamento até o equipamento cultural.
Mapa 17 - Mapa de Equipamentos Relevantes. Fonte: Google Earth (editado pela autora).
186
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4.3.8 PATRIMÔNIO E D I F I C A D O
Em relação patrimônio edificado da cidade (mapa 18), o terreno se encontra próximo a um grande número de bens tombados, tanto em âmbito federal como em âmbito estadual e municipal, sendo muitos deles utilizados atualmente como equipamentos culturais que contribuem para a preservação da história da cidade. Por sua proximidade a esses equipamentos, o terreno escolhido apresenta forte potencial cultural como meio para contribuir para a preservação e divulgação da história da cidade, seja para os turistas ou para a população local.
Mapa 18 - Mapa do Patrimônio do Entorno.
Fonte: Google Earth (editado pela autora).
188
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4.4
L E G I S L A Ç Ã O
Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza (LUOS) (2017), o terreno escolhido para a implantação da Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo se encontra localizado em uma Zona de Ocupação Consolidada, que tem como características
a “predominância da ocupação consolidada, com focos de saturação da infraestrutura; destinando-se à contenção do processo de ocupação intensiva do solo” (LUOS, 2007, p. 5) (figura 209).
De acordo com a LUOS (2017) e o Plano Diretor Participativo (PDPFOR – 2009), são parâmetros da ZOC: 1.
Índice de aproveitamento básico: 2,5;
2.
Índice de aproveitamento máximo: 2,5;
3.
Índice de aproveitamento mínimo: 0,2;
4.
Taxa de permeabilidade: 30%;
5.
Taxa de ocupação: 60%;
6.
Taxa de ocupação de subsolo: 60%;
7.
Altura máxima da edificação: 72m;
8.
Área mínima de lote: 125m²;
9.
Testada mínima de lote: 5m;
10.
Profundidade mínima do lote: 25m
Sendo assim, os valores permitidos para o terreno, que possui 8.011,33m², são: 1.
Índice de aproveitamento básico: 20.028,32;
2.
Índice de aproveitamento máximo: 20.028,32;
3.
Índice de aproveitamento mínimo: 1.602,26;
4.
Área permeável: 2.403,39;
5.
Área de ocupação: 4.800,67;
6.
Área de ocupação de subsolo: 4.800,67.
DIAGNÓSTICO
Alguns parâmetros do PDP (2009) suportam a construção de um equipamento cultural no terreno em questão. Dentre eles, tem-se o inciso XVIII, artigo 43, do Capítulo VII (Da Política de Proteção do Patrimônio Cultural), que cita como ação estratégica para a proteção do patrimônio cultural a construção de um Museu da Cidade de Fortaleza; e os incisos II, IV e VIII, artigo 53, e VI, artigo 54, do Capítulo
IX (Da Política de Turismo), que citam como diretrizes da política de desenvolvimento turístico da cidade a promoção e formatação de produtos e serviços turísticos, a ampliação de sua infraestrutura e o incentivo ao turismo através da promoção da cultura, sendo a Praia de Iracema um dos bairros prioritários para investimentos de infraestrutura turística.
Figura 471 - Terreno escolhido. Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza (editado pela autora).
189
190 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
05
P R O P O S T A
PARTIDO CONCEITUAL E PROJETUAL
A partir do diagnóstico realizado, que apontou características e potencialidades relevantes do público, do terreno e da área em estudo, foram estabelecidas as diretrizes a serem adotadas para o projeto da Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo:
1. Conceber uma volumetria diferenciada em relação às de seu entorno, de modo que o projeto seja um novo marco na paisagem, priorizando a escala humana e promovendo um contraste na conformação urbano do entorno, possibilitando um impacto espacial positivo para o entorno ao qualifica-lo; 2.
Criar percursos didáticos que conduzam o visitante pela história da cidade;
3. Promover tratamento adequado nas interfaces entre o espaço interior e exterior através de transparências e aberturas, para estimular a curiosidade de transeuntes e direcioná-los ao interior do equipamento; 4. Criar bibliotecas pessoais com acervos já existentes para homenagear colecionadores da memória fortalezense; 5. Implantar ambientes internos e externos de acolhimento aos turistas, a exemplo de cafés, lojas, etc., a fim de que o equipamento seja ponto de referência para os turistas ao se integrar na rota de percursos turísticos já existentes no centro da cidade e na Praia de Iracema; 6. Utilizar materiais que permitam a entrada de luz natural no ambiente, mas que, simultaneamente, bloqueiem a incidência direta de raios solares, contribuindo para a preservação e conservação das obras; 7.
Obter espaços cuja atmosfera envolva a atenção do usuário em seu interior, segregando-o
Projeto Proposto. Fonte: Autoral, 2018.
192
BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
do ambiente externo;
9. Propor estratégias espaciais interativas através de tecnologias 8. Usar novas tecnologias para dispostas pelos percursos para auxiliar na exposição dos acervos instigar a curiosidade, promover e na obtenção de conhecimentos e experiências marcantes e estimular a informações dos usuários; aprendizagem dos usuários.
5.2
P R O G R A M A DE
NECESSIDADES
E
SETORIZAÇÃO
A partir das diretrizes apresentadas, elaborou-se um programa de necessidades ordenado em cinco setores (figura 210), sendo eles: Setor de Pesquisa, caracterizado pela biblioteca geral e bibliotecas pessoais; Setor de Informação, que abrange os programas do auditório, da sala de exposições temporárias e das oficinas; Setor da Memória, contendo
o museu e seu programa; o Setor de Lazer, compreendendo lanchonetes, lojas, pátio central, galeria aberta, pocket park e jardins; e Setor de Apoio , englobando administração, reserva técnica e infraestrutura necessária para o funcionamento do equipamento.
Figura 472 - Programa de necessidades proposto.
Fonte: Autoral, 2018.
194 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
5.3
Os usos propostos no Programa de Necessidades foram categorizados em setores que foram conectados de forma a proporcionar diferentes prestações de serviços para os usuários que os procurem, como pode ser observados nos fluxogramas a seguir.
No fluxograma geral, é possível observar que o pátio central é a principal fonte de acesso para os diversos ambientes presentes no programa, tanto no setor de lazer, como nos setores de informação, memória, pesquisa e apoio (figura 211).
F L U X O G R A M A S
Figura 473 - Fluxograma Geral.
Fonte: Autoral, 2018.
A Proposta
O Setor de Lazer do projeto é caracterizado por seis espaços, sendo eles o pátio central de acesso, os jardins para alunos e para público, lojas, lanchonetes e pocket park. A área de acesso público da lanchonete é caracterizada apenas pelo espaço das mesas, com as áreas de cozinha
e despensa possuindo apenas acesso privado. Já as lojas possuem acesso apenas para o espaço destinado à exposição dos objetos, com área de depósito e carga e descarga ficando restritos aos funcionários (figura 212).
Figura 474 - Fluxograma do Setor de Lazer. Fonte: Autoral, 2018.
195
196 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
A parte do Setor de Pesquisa caracterizada pela Biblioteca Geral possui dois tipos de acessos, sendo um deles para funcionários e público e o outro exclusivo para funcionários. A entrada exclusiva para funcionários possibilita o acesso a ambientes de caráter mais privativo, como sala de descanso e vestiários, além de ser usado para atividades de carga e descarga. Já a entrada para o público
Figura 475 - F l u x o g r a m a Biblioteca Geral. Fonte: Autoral, 2018.
Figura 476 - F l u x o g r a m a Bibliotecas Pessoais. Fonte: Autoral, 2018.
permite o acesso à ambientes de caráter mais coletivos, como o acervo de livros, a sala multimídia, o espaço infantil, etc (figura 213). A segunda parte do Setor de Pesquisa, caracterizado pelas bibliotecas pessoais, possui um fluxo mais simples, com o Hall de Entrada permitido acesso para todos os ambientes (figura 214).
A Proposta
Semelhante ao fluxograma da Biblioteca Geral, o auditório também possui dois tipos de acesso, com o acesso aberto ao público levando ao foyer e à plateia, enquanto a entrada para funcionários dá acesso aos camarins e ao espaço multiuso. Já a Sala de Exposições Temporárias possui acesso público apenas para o
espaço educativo e do da exposição em si, com o acesso de funcionários levando a área de reserva temporária e pré-montagem das exposições. Por último, o fluxograma da área de oficinas permite o acesso às salas de aula, sala de apoio e departamento de restauro de mídias (figura 215). O Setor da Memória, caracterizado
Figura 477 - Fluxograma do Setor de Informação. Fonte: Autoral, 2018.
197
198
BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
inteiramente pelo museu, possui duas entradas de acesso público para auxiliar os diferentes espaços do ambiente, já as salas estão organizadas de modo a contar a história dos fortalezenses no passado (indígenas, escravos, abolicionistas, etc.) e no presente (cordelistas,
artesãos, etc.), podendo ser visitadas separadamente. Já o acesso privado, caracterizado pela Carga e Descarga, dá acesso à área de reserva temporária e pré-montagem das exposições e à copa e sala de descanso dos funcionários (figura 216).
Figura 478 - Fluxograma do Setor de Memória. Fonte: Autoral, 2018.
A Proposta 199
Por fim, o Setor de Apoio, apesar de possuir um caráter principalmente privativo, também possui entradas de acesso geral, além das entradas de uso exclusivo para funcionários. As entradas de caráter mais amplo
dão acesso apenas às secretarias de apoio e a sala de consulta da reserva técnica, com os outros ambientes do setor sendo acessados apenas por funcionários (figura 217).
Figura 479 - Fluxograma do Setor de Apoio. Fonte: Autoral, 2018.
200 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
5.4
ESTUDOS DAS MANCHAS
Após analisar o terreno, determinar os partidos e criar o programa de necessidades adequado para o projeto, foram feitos alguns estudos de manchas no terreno para definir a disposição de cada setor nos respectivos andares e locais do terreno.
como lojas e lanchonete, dispondo logo no andar seguinte a biblioteca geral com temas relacionados à Fortaleza e o museu com exposição fixa sobre a história de diferentes grupos que formam a cidade. As bibliotecas pessoais, a sala de exposições temporárias e as salas de oficina se encontram no segundo Após testar diferentes tipos de andar, com o setor de apoio no último composições, decidiu-se por localizar andar (figura 218). o auditório no pavimento térreo, em conjunto com outras áreas de lazer,
Figura 480 - Estudo de Manchas. Fonte: Autoral, 2018.
A Proposta
Em concomitância ao estudo de manchas, começou-se a definir a forma inicial do edifício a partir do terreno escolhido e das condicionantes locais. Inicialmente, um prédio em formato de U, com todos os lados com ângulos retos, foi criado, com faces principais voltadas para a Avenida Monsenhor Tabosa, objetivando instigar os transeuntes a se aproximarem, além de criar para as pessoas dentro do edifício visuais voltadas para o mar. Contudo, por se trata de um terreno irregular quanto
à forma, a escolha dos ângulos retos no edifício causou certa falta de conexão entre o lado leste do terreno e o prédio. Por causa disso, foi testada a possibilidade da alteração dos ângulos para 60º, que solucionou o inconveniente encontrado no lado leste, mas criou outro no lado oposto. Dessa forma, optou-se por uma forma final que adota lados paralelos com seus respectivos lados do terreno, criando uma grande área livre na parte central (figura 219).
Figura 481 - Evolução do Partido Arquitetônico. Fonte: Autoral, 2018.
201
5.5
EVOLUÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO
202 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
5.6
ESQUEMA DE IMPLANTAÇÃO
Assim como a forma em planta, a volumetria também foi concebida a partir das condicionantes locais (figura 220). Sendo um dos partidos fundamentais do projeto a criação de uma volumetria que se destacasse em relação aos prédios do entorno, foram feitos testes com a criação de cheios e vazios nos diferentes pavimentos do edifício. Inicialmente, foram criadas áreas de pilotis no térreo nos lados leste e oeste, proporcionando uma maior permeabilidade ao edifício, com transeuntes podendo acessá-lo facilmente em diferentes fachadas. Em seguida, aberturas foram criadas nos pavimentos superiores do edifício para a criação de novas áreas de lazer, com um jardim maior de cunho público no lado oeste e um menor e de caráter mais privativo no lado leste, acessado principalmente pelos alunos das salas de oficinas. No terceiro pavimento, um rasgo na parte central do edifício foi realizado para a criação de um lounge, com visuais para o mar (já que se encontra em nível superior ao prédio da SEBRAE), para os jardins nos pavimentos inferiores e para o pátio central no térreo. Por fim, para criar uma barreira permeável ao leste, lado de onde provem a maior parte dos ventos na região, foi colocado a área
da reserva técnica nessa fachada, diminuindo a intensidade dos ventos que chegam em todo o edifício, mas não o barrando por completo, garantindo assim conforto térmico para todos os espaços. Para a circulação vertical, foram projetadas duas escadas à prova de fumaça, segundo à norma técnica nº005/2008 – Saídas de Emergência, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará. Enquanto uma das escadas foi posicionada de forma a penetrar todos os pavimentos do edifício, a outra foi implantada de forma externa, com passarelas que proporcionam o acesso a diferentes ambientes do prédio. Além da escada externa, foi projetado um bloco exterior ao edifício apenas para os banheiros, criando uma grande torre acessada por passarelas e deixando a maior parte do projeto hidráulico concentrado em um único local. Por fim, brises verticais de madeira foram fixadas no segundo e quarto pavimentos, garantindo maior uniformidade nas fachadas e contribuindo para o conforto vertical em relação a entrada de iluminação natural e ventilação nos ambientes.
Figura 482 - Esquema de Implantação do edifício.
Fonte: Autoral, 2018.
A Proposta 203
204 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
5.7 PARTIDO
ESTRUTURAL
Para o partido estrutural, foi usado como referência o projeto do arquiteto Carlos Bratke para o Edifício Padre Antônio, em São Paulo. Neste projeto, o arquiteto utilizou pilares em forma de V nas áreas abertas do primeiro pavimento, transformandoos em pilares retangulares nos pavimentos superiores, totalmente vedados (figuras 221 e 222). Tal estrutura foi obtida graças ao uso de vigas protendidas com 55cm de altura que proporcionaram vãos de até 14 metros, com lajes de concreto armado com 14cm de espessura e pé direito de 3,4m. A protensão da viga, e não da laje, garantiu ao projeto espaços mais flexíveis, permitindo que os pisos possam ser perfurados para reorganizar os espaços interiores (MAPA DA OBRA, 2014). A partir do observado no Edifício de Bratke, foi desenvolvido um partido estrutural com pilares de concreto em forma de V de 0,6 x 0,8m nas áreas abertas do prédio e retangulares de 0,8x1,00m nas áreas cobertas, tendo
o pilar em V dimensões menores por se comportar como dois. Com vãos variando entre 13,10m a 14,25m e pé direito de 4,08m, foi adotado para o projeto vigas de 50cm de altura e 0,8m de comprimento de concreto protendido, com laje maciça com 15 cm de espessura. Dessa forma, a estrutura foi projetada de forma a dividir uniformemente as cargas do edifício pelos pilares, iniciando-se com pilares retangulares no subsolo, com alguns destes se fundindo e se transformando em pilares em V no pavimento térreo para em seguida se dividir novamente nos pavimentos superiores. No caso dos pilares que aparecem na parte externa onde se localiza o jardim dos alunos no terceiro andar, é feita outra fusão, agora com os pilares se transformando em V invertidos, assumindo um formato triangular para, no último pavimento, subirem como um único pilar (figura 223).
A Proposta 205
Figura 483 - Pilares em V no pavimento térreo do Edifício Figura 484 - Pilares em I nos pavimentos superiores do Padre Antônio, São Paulo. Edifício Padre Antônio, São Paulo. Fonte: Aluizio D’Ávila
Figura 485 - Esquema eletrônico do partido estrutural. Fonte: Autoral, 2018.
Fonte: Aluizio D’Ávila
206 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
5.8 P
L
A
N
T
A
S
- SITUAÇÃO E COBERTA
LEGENDA PLANTA COBERTA - 16,42 01 | Laje Impermeabilizada | 1000m² 02 | Casa de Máquinas | 15,80m² 03 | Platô | 7,40m² | +1,60m 04 | Casa de Máquinas | 14,45m² 05 | Platô | 21m² | +1,60m 06 | Casa de Máquinas | 16,30m² 07 | Platô | 16,13m² | +1,60m
Como é possível observar na planta de situação e coberta (figura 224), a Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo está localizada na Avenida Monsenhor Tabosa, caracterizada por ser uma via arterial I, por onde é realizado seu acesso principal. A solução utilizada nas cobertas foi o uso de telhas termoacusticas, formadas por camadas duplas de telhas metálicas com núcleo constituído por lã de rocha, lã de vidro, poliestireno, poliuretano ou poliisocianurato, contribuindo para o equilíbrio da temperatura e para o combate ao barulho no ambiente. Todos os parâmetros estabelecidos pela LUOS para a ZOC onde está localizada a Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo foram devidamente respeitados (figura 225).
Figura 487 - Parâmetros Adotados
Fonte: Autoral, 2018.
Quadro de Esquadrias
Figura 486 - Planta de Situação e Coberta.
Fonte: Autoral, 2018.
208 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
PLANTA PAVIMENTO TÉRREO | 0,10 01 | Entrada de Funcionários | 16,90m² 02 | Livraria | 51,55m² 03 | Loja de Souvenirs | 46,58m² 04 | Depósito | 5,35m²
5.8.2 PLANTA DE IMPLANTAÇÃO – PRIMEIRO PAVIMENTO
05 | Depósito | 5,05m² 06 | Pocket Park | 128,70m² 07 | Área de Alimentação Aberta | 516,80m² 08 | Banheiro Feminino | 12,30m²
Acessos Graças a criação de áreas livres no pavimento térreo, há diversos acessos à Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo (figura 226 e 227). O acesso principal de pedestre é realizado pela avenida Monsenhor Tabosa, com procedimentos de embarque e desembarque, acesso a estacionamento no subsolo e carga e descarga ocorrendo na Rua Antônio Augusto. O acesso para carga e descarga no edifício se encontra no final do terreno, logo após a rampa de saída do estacionamento no subsolo. Esse acesso possui contato imediato com o elevador de carga e descarga que se comunica com todos os andares do edifício, além de possibilitar contato direto com as lanchonetes encontradas na área sudoeste do terreno a partir de uma ampla área aberta de serviço.
Já o embarque e desembarque ocorre em frente à Galeria Aberta que se encontra nos pilotis do lado leste. A galeria possui um amplo espaço com cerca de 600m², com acesso direto à circulação vertical acoplada no prédio. Por seu tamanho exacerbado, o espaço possibilita a instalação de exposições interativas, com esculturas de diferentes tipos que possibilitem o ato de exploração por parte de crianças e adultos. Já por ser uma área permeável e protegida de intempéries, a Galeria Aberta também viabiliza a inserção de Feiras Criativas em seu espaço com determinada frequência, proporcionando incentivo à economia local enquanto atrai um público maior para os outros ambientes existentes no programa do edifício.
Indicação de materiais
Indicação de espécies
Asfalto Pedra Portuguesa Cimento Queimado Carpete Vermelho Palco de Madeira Porcelanato Pedriscos amarelo-ouro
09 | Banheiro Masculino | 12,30m² 10 | Á. de Aliment. Condicionada | 56,55m² 11 | DML | 3,65m² 12 | Depósito | 11,55m² 13 | Cozinha | 22,00 m² 14 | Foyer | 280,00m² 15 | Depósito | 5,60m² 16 | Sala de Apoio | 14,20m² 17 | Bilheteria | 14,70m² 18 | Plateia (111 lugares) | 232,60m² 19 | Plateia | -1,16 20 | Palco | 29,65m² | -0,44 21 | Coxia | 5,70m² | -0,44 22 | Entrada Funcionários | 30,00m² 23 | Camarim Feminino | 12,00m² 24 | Camarim Masculino | 12,00m² 25 | Banheiro | 2,15m² 26 | DML | 2,15m² 27 | Espaço Multiuso | 7,70m² 28 | Galeria Aberta | 604,62m² 29 | Circulação | 85,40m²
Grama-Esmeralda
30 | DML | 10,35m²
Grama-Preta anã
31 | Banheiro Masculino | 21,40m²
Pau-Branco Pau-Ferro Agave desmettiana, Cacto Barril Dourado e Mandacaru
32 | Banheiro Feminino | 21,40m² 33 | Depósito de Gás (80 botijões) | 5,45m² 34 | Dep. Lixo (3 containers de 2,40l) | 2,50m² 35 | Acesso Embarque/Desembarque 36 | Acesso Carga/Descargas | 1293,30m² Figura 488 - Planta de Implantação.
Fonte: Autoral, 2018.
210
BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Ambientes O lado oeste é caracterizado por um amplo espaço aberto mobiliado com mesas para os clientes das lanchonetes e das lojas no local, estendendo-se ao Pocket Park encontrado ao seu lado e que é sombreado por uma árvore de pau-branco. Já as lanchonetes, além de abastecerem os visitantes que vão para o espaço aberto do pavimento térreo, também atendem aos visitantes que vão para eventos e reuniões no auditório ao lado. Tal auditório conta com espaço para 111 pessoas, com elevador acessível e palco com plataforma elevatória para pessoas com deficiência física. A plateia, distribuída em oito fileiras, foi aterrada em um metro para garantir a visibilidade
adequada ao público durante os diferentes eventos que ocorrem no espaço. O acesso dos visitantes se dá a partir de um amplo floyer presente na entrada central do edifício, enquanto a entrada dos funcionários ocorre pela Rua Antônio Augusto. Circulação Vertical Para a circulação vertical foram projetadas duas escadas à prova de fumaça conforme à norma técnica nº005/2008 – Saídas de Emergência, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará exige. Considerando as notas dessa norma, que afirma que, caso haja a “necessidade de duas ou mais escadas de segurança, uma delas poderá ser do tipo Aberta Externa (AE)” (CORPO DE BOMBEIROS
MILITAR - COORDENADORIA DE ATIVIDADES TÉCNICAS, 2008, p. 26), uma das escadas foi posicionada na parte externa do edifício, próxima ao acesso ao foyer, enquanto a outra se encontrada na parte leste do edifício. Na escada externa, foi adotada uma fachada com transparência, voltada para a Avenida Monsenhor Tabosa, que possibilita ao visitante que utilizá-la acesso a visuais no terreno através de uma parede feita com chapa de aço corten perfurada. Também contribuindo para os visuais, foram utilizados dois elevadores panorâmicos Schindler 5500, com painéis laterais e porta de vidro e molduras de aço inoxidável escovado na cor vermelha, garantindo integração entre ambientes internos e externos.
Quadro de Esquadrias
Figura 489 - Primeiro Pavimento - Planta de Esquadrias. Fonte: Autoral, 2018.
212
BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Materiais e sua função visual Em relação aos materiais utilizados nas fachadas (figura 228), todo o edifício principal possui estrutura e alvenaria de concreto aparente, com apenas as brises verticais de madeira fixadas nas fachadas do segundo e quarto pavimentos quebrando tal uniformidade na escolha do material. Os prédios externos de escada e banheiros, por se tratarem de construções separadas, possuem acabamento texturizado colorido na cor vermelha, com chapa de aço corten da escada e estrutura metálica aparente dos elevadores na mesma cor, visando o destaque do edifício em relação às construções do entorno.
Fachada Norte
Fachada Sul
Indicação dos Materiais 01 | Paredes e estrutura em concreto aparente 02 | Brises verticais de madeira 03 | Prédio de banheiros em concreto com acabamento texturizado na cor vermelha 04 | Guarda-corpo de vidro de segurança temperado 05 | Pergolado metálico com proteção de vidro insulado
Fachada Leste
06 | Elevador com estrutura metálica na cor vermelha com vedação de vidro 07 | Chapa de aço corten na cor vermelha 08 | Caixa de escada de concreto com acabamento texturizado na cor vermelha Figura 490 - Fachadas. Fonte: Autoral, 2018.
Fachada Oeste
A Proposta
Paisagismo
grama e precisando de adubações semestrais e irrigações regulares Para o projeto de paisagismo (figuras (PATRO, 2013). 226 e 229), foram escolhidas espécies com boa adaptação ao Já a grama preta anã apresenta clima quente e úmido da região e uma tonalidade mais escura, com que remetessem a vegetação da folhas mais curtas que a grama caatinga, vegetação típica do Ceará, preta comum, não necessitando ser com destaque para espécies de aparada e podendo ser cultivada a cactáceas e suculentas. sol pleno ou meia sombra, tornandose uma excelente forração para A distinção feita entre caminhos e áreas sombreadas, devendo passar canteiros se deu a partir de desenhos por adubações semestrais e regas geométricos retos, que “conversam” regulares (PATRO, 2015). com a geometria existente na própria volumetria do prédio, com Em conjunto com os diferentes tipos canteiros adotando formatos de de forração, foram usados pedriscos losangos e triângulos, com esse com tonalidade amarelo ouro de último remetendo ao desenho dos tamanho médio para contrastar com pilares aparentes. Para os passeios as tonalidades verdes das gramas. de acesso ao prédio, foi determinada Nos canteiros onde se encontram a utilização de pedras portuguesas pedriscos, foram plantados para se assemelhar às calçadas já diferentes tipos de cactáceas, existentes no lote. tais como o mandacaru (Cereus jamacaru), a Agave desmettiana e Já para as áreas não pavimentadas cacto barril dourado (Echinocactus do terreno foram utilizados dois grusonii) tipos de forração para proporcionar tonalidades diferentes no ambiente: De porte médio, possuindo entre a grama preta anã (Ophiopogon 60 a 90cm de altura, a Agave japonicus) e a grama esmeralda desmettiana é uma espécie perene, (Zoysia japonica). suculenta, com folhas verde-claro em forma de lança, disposta em Amplamente utilizada, a grama espiral com formato de roseta, esmeralda possui pequenas com seus espinhos podendo ser folhas de coloração verde intensa, retirados quando cultivada em áreas apresentando resistência contra de alto tráfego. Pode ser plantada aridez e sombra e pode ser cultivada em ambientes de clima semiárido, a sol pleno, necessitando de menos equatorial, tropical e subtropical, aparo do que outros tipos de tolerando pleno sol e necessitando
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de regas regulares durante as e na fachada traseira ao lado do estações quentes (BRAGA, s.d). bloco de banheiros, contribuindo para camuflar a área de carga e Também com porte mediano, o descarga encontrada na parte inferior Cacto Barril Dourado (Echinocactus que pode ser visualizada a partir do grusonii) possui uma altura variando lounge e das passarelas de acesso ao entre 60 a 90cm, com espinhos banheiro. longos retos ou levemente curvados e amarelados que seguem orientação No Pocket Park, foi radial, apresentando pequenas plantado um exemplar de pauflores amarelas no verão após vinte branco (Auxemma oncocalyx), anos de idade. Essa espécie pode espécie amplamente encontrada ser cultivada em regiões de clima no território cearense, endêmica da equatorial, semiárido, subtropical e caatinga, também sendo encontrada tropical, a pleno sol ou meia sombra, em pontos da região litorânea. De com regas periódicas (PATRO, 2013). porte médio a alto, essas árvores atingem cerca de 12 metros de altura Para a vegetação de porte alto, e possuem flores de tonalidade foi usado o mandacaru (Cereus esbranquiçada e suavemente jamacaru), espécie nativa brasileira perfumadas (CARVALHO, 2006). encontrada principalmente no semiárido nordestino. Com vegetação Já para a parte traseira do edifício arbustiva, essa espécie é adaptada foram utilizadas árvores de paupara o clima seco, com plantio ferro (Caesalpinia leiostachya), simples, podendo chegar até a seis árvore de grande porte, com altura metros de altura e produzindo flores podendo atingir até 30 metros e brancas e frutos violetas comestíveis copa arredondada com cerca de (CERRATINGA, s.d.). 6 a 12 metros de diâmetro, sendo altamente adequado para espaços Para não ofuscar a percepção do que exigem maior sombreamento, prédio, árvores não foram usadas podendo ser cultivada sob sol pleno e em frente à fachada voltada para a necessitando de irrigações regulares Avenida Monsenhor Tabosa, sendo (PATRO, 2013). plantadas apenas no Pocket Park
Figura 491 - Indicação das espécies. Fonte: Autoral, 2018.
A Proposta
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5.8.3
PLANTA
DE
S U B S O L O Por estar localizado em um entorno que incentiva o uso de diferentes modais além do carro (como ônibus, bicicleta e, futuramente, o metrô), optou-se pela criação de apenas um andar no subsolo destinado a um estacionamento com capacidade total para 118 veículos, com 108 vagas comuns, 4 vagas especiais e 6 vagas para idosos, número inferior ao exigido pela LUOS de 2017 em 49 vagas, número suficientemente
comportado pelo estacionamento instalado no terreno posterior ao da Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo, que possui cerca de 60 vagas (figura 230). Tanto o acesso quanto a saída do estacionamento se dão pela Rua Antônio Augusto, com o acesso para o edifício ocorrendo através de escada e elevadores encontradas no meio do ambiente.
PLANTA SUBSOLO | -4,98 01 | Estacionamento | 3936,75m² 02 | Jardim Subterrâneo | 52,50m² | -5,08
Figura 492 - Planta de Subsolo.
Fonte: Autoral, 2018.
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Sistema de exaustão
Paisagismo
Para garantir a circulação de ar no subsolo, tornando-o um ambiente salubre para circulação e de fácil saída de fumaça em casos de incêndio, aberturas para exaustão natural foram criadas no ambiente, conforme determinado na norma técnica 15/2014 – controle de fumaça do Corpo de Bombeiros Militar.
O paisagismo do sistema de exaustão foi realizado a partir da escolha de plantas que possuem boa adaptação para ambientes de meia sombra (figura 232).
Em uma das aberturas, por estar localizada em ambiente próximo à circulação intensa de pessoas no térreo, foi criado um jardim com vegetação adaptada para ambientes de meia sombra que, além de ser utilizado como proposta paisagística, é responsável pela diminuição da temperatura ambiente, aumentando o conforto técnico existente no entorno (figura 231). Tal abertura é cercada no pavimento térreo por jardineiras que funcionam como proteção para os transeuntes e a camuflam na paisagem total.
Para a forração foi utilizada a espadade-são-jorge (Sansevieria trifasciata), herbácea com altura entre 40 a 60cm que é apropriada para cultivo em meia sombra, sendo encontrada nos climas equatorial, subtropical e tropical (PRATO, 2013). Para arborização, era necessária uma árvore de pequeno porte e com copa pouco cheia, garantindo a não ultrapassagem do limite do canteiro criado em conformidade com a abertura para a exaustão. Sendo assim, foi utilizado o Pinheiro-de-buda (Podocarpus macrophyllus), arbusto com altura variando entre 4,7 e 6m e folhagem perene e compacta, de
coloração verde escura. Essa espécie pode ser cultivada em locais de clima oceânico, subtropical, temperado e tropical, tanto a meia sombra como em sol pleno, e pode ser topiado para adquirir diferentes formas (PATRO, 2013). Por fim, foram utilizados exemplares de bálsamo (Sedum dendroideum) para ornamentar as jardineiras usadas como barreira de proteção nos arredores da abertura do exaustor. Essa espécie se adapta em locais com clima equatorial, oceânico, semiárido, subtropical e tropical, podendo ser plantada em ambientes com meia sombra e sol pleno, obtendo altura entre 30 a 90cm. Suas folhas são carnosas, de formato espatulado e coloração verde a bronzeada, exigindo baixa manutenção (PATRO, 2013).
Figura 494 - Indicação das espécies para o sistema de exaustão. Fonte: Autoral, 2018.
Figura 493 - Corte com detalhe do Sistema de Exaustão.
Fonte: Autoral, 2018.
LEGENDA DO DETALHAMENTO DO SISTEMA DE EXAUSTÃO 01 | Guarda-corpo de proteção
03 | Banco
02 | Jardineira
04 | Canteiro
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No segundo pavimento (figura 234 e 235), foram dispostos os ambientes do museu e da biblioteca geral, com a área do museu ficando à leste, mesmo lado em que a reserva técnica está localizada, no último
andar, garantindo assim uma maior eficiência para transportar obras do espaço para a reserva técnica, e vice-versa, em caso de necessidade de restauro ou higienização.
Museu A organização do museu (números 29 a 42) foi criada de modo a formar um trajeto que ajude a contar a história da cidade de Fortaleza a partir dos diferentes grupos sociais que a formaram no passado e que a formam na atualidade, com essa distinção entre períodos sendo dividida em percursos diferentes. O primeiro percurso, caracterizado pela retratação da formação da cidade no passado, possui quatro salas, iniciandose pela sala dos “Indígenas” e seguindo de forma cronológica pelas salas “Jangadeiros, Escravos e Abolicionistas”,
5.8.4 PLANTA SEGUNDO P A V I M E N T O
“Sertanejos e Refugiados” e “Padaria aberturas de acesso, e possui paredes Espiritual”. internas que direcionam o visitante a caminhar tanto para a biblioteca Já o segundo percurso é formado pelos quanto para o museu. Tal acesso leva grupos sociais que são formadores à recepção principal, que direciona o da cultura fortalezense atual, sendo visitante ao início do percurso. dividido em três salas, iniciando-se pela sala “Cordelistas” e prosseguindo pelas Já a segunda entrada é acessada pela salas “música e danças populares” e circulação vertical interna, conduzindo o “rendeiras e artesãos”. visitante para a recepção intermediária. Nessa recepção, o visitante pode optar O espaço do museu pode ser acessado por qual percurso iniciar a vista. No final por duas entradas distintas. A primeira do segundo percurso, o visitante pode entrada é acessada pela circulação retornar às entradas por um comprido vertical externa que leva o visitante para corredor iluminado naturalmente por um túnel de transição entre biblioteca diversas aberturas de diferentes alturas, e museu. Esse túnel é fechado quase semelhantes às encontradas no Museu completamente, com exceção das Casa de La Memoria (figura 233).
Figura 495 - Esquadrias com alturas distintas no Museu Casa de La Memoria, Colombia. Fonte: Archdaily.
PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO | 4,18 01 | Entrada de Funcionários | 17,60m² 02 | Depósito | 2,74m² 03 | DML | 1,14m² 04 | Circulação | 50,00m² 05 | Banheiro/Vestiário Feminino | 16,50m² 06 | Banheiro/Vestiário Masculino | 15,00m² 07 | Sala Bibliotecários | 13,20m² 08 | Sala de Descanso Funcionários | 13,25m² 09 | Copa | 8,10m² 10 | Sala Direção | 12,05m² 11 | Sala Conservação e Restauro | 22,80m² 12 | Sala Acessível | 46,50m² 13 | Banheiro PNE | 8,50m² 14 | Sala Infantil | 23,90m² 15 | Sala Multimídia | 32,85m² 16 | Videoteca/ Oficina de Tecnologia | 14,20m² 17 | Circulação | 267,10m² 18 | Controle de Ret./Dev. dos Livros | 23,60m² 19 | Pesquisa de acervo | 23,50m² 20 | Recepção/Guarda-volumes | 24,35m² 21 | Sala de Documentação, Arq. e Pesq. | 23,90m² 22 | Sala de Estudos Individuais | 24,20m² 23 | Seção “História de Fortaleza” | 22,90m² 24 | Seção “Miscelâneas de Fortaleza” | 47,80m² 25 | Seção “Biografias de fortalezenses” | 23,15m² 26 | Seção “Literatura fortalezense” | 267,10m² 27 | Acesso Museu | 23,50m² 28 | Túnel de transição | 357,25m² 29 | Recepção Principal | 6,80m² 30 | Recepção Intermediária | 11,55m² 31 | Circulação | 447m² 32 | Sala de Descanso dos Funcionários | 11,00m² 33 | Copa | 11,60m² 34 | DML | 4,10m²
39 | Sala “Padaria Espiritual” | 36,30m²
35 | Reserva/Pré-montagem | 33,80m²
40 | Sala “Cordelistas” | 31,20m²
36 | Sala “Indígenas” | 36,35m²
41 | Sala “Músicas e danças populares” | 35,75m²
37 | S. “Jangadeiros, escravos e abolic.” | 37,00m²
42 | Sala “Rendeiras e artesãos” | 30,55m²
38 | Sala “Sertanejos e refugiados” | 36,35m²
43 | Circulação | 85,50m²
44 | DML | 10,35m² 45 | Banheiro Masculino | 21,40m² 46 | Banheiro Feminino | 21,40m² 47 | Passarela | 70,10m²
Figura 496 - Planta do Segundo Pavimento. Fonte: Autoral, 2018.
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Biblioteca
Acessibilidade
A biblioteca possui três acessos distintos, sendo um exclusivo para entrada de funcionários e carga e descarga, localizado próximo à Avenida Monsenhor Tabosa e os outros dois, de caráter público, realizados pela circulação vertical externa, com um deles passando pelo túnel de transição.
Além da utilização dos quatro elevadores encontrados nas caixas de escada que garantem acesso a todos os pavimentos e da instalação de um elevador especial no auditório, foi-se pensado na determinação dos espaços e de seus acervos para garantir maior acessibilidade a todos.
O acervo da biblioteca é todo organizado em ilhas de leituras no interior de cubículos temáticos (números 23 a 26), com cada um tratando de um assunto diferente relacionado à Fortaleza, semelhantes aos encontrados na Biblioteca São Paulo (figura 236).
Dessa forma, é possível se deparar com uma sala acessível no espaço da biblioteca, com um banheiro adaptado ao lado, evitando grandes deslocamentos de pessoas cadeirantes ou com pouca mobilidade (número 13).
Quadro de Esquadrias
na Biblioteca São Paulo, a sala Acessível (número 12) conta com acervos de livros em braile e áudio-livros, máquinas ampliadoras de visão e aparelhos que convertem automaticamente livros físicos em arquivos de áudio para quem tem pouca ou nenhuma visão. Além disso, todo o acervo é distribuído em estantes baixas, com 1,40m de altura, facilitando o alcance de livros por cadeirantes.
Já o espaço do museu conta banco com reprodutores de som que descrevem o que é encontrado em cada sala, proporcionando às pessoas com deficiência visual a possibilidade de Aliando os princípios de acessibilidade compreensão do espaço. com as novas tecnologias e se inspirando
Figura 498 - Ilhas de leitura na Biblioteca SĂŁo Paulo, Brasil. Fonte: Flickr.
Figura 497 - Segundo Pavimento - Planta de Esquadrias. Fonte: Autoral, 2018.
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Conservação e Restauro Dentre os ambientes existentes na biblioteca, merece destaque a Sala de Conservação e Restauro dos livros (número 11), espaço de extrema importância para garantir que os livros disponibilizados estejam em boas condições para utilização dos usuários.
Segundo Francisco Gomes (2018), encarregado pelo setor de restauro da UNIFOR, é importante para uma biblioteca ter um recinto especializado na preservação dos livros, de modo a evitar grandes despesas no futuro com processos de restauração, técnica mais agressiva para o livro (figura 237).
largas para posicionamento das ferramentas necessárias para realização de higienização e diagnóstico das obras (figuras 238 e 239).
Além de espaços adequados, é preciso ainda que seja realizada a higienização das obras in loco em curtos períodos de tempo como forma de prevenção, ação Já segundo Luis Gerônimo (2018), que também contribui para a inspeção Para projetar esse espaço de forma restaurador do departamento, é do estado das obras (FONTENELE; SILVA, adequada, foram realizadas entrevista necessário um ambiente com espaço 2018) (figura 240). com a equipe do Departamento de amplo para acomodação de mesas Restauro e Higienização da UNIFOR.
Figura 499 - Cuidados realizados com os livros na Sala de Restauração.
Figura 500 - Espaços ferramentas.
Fonte: Acervo Pessoal.
Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 501 - Espaços equipamentos. Fonte: Acervo Pessoal.
amplos
para
acomodação
de
amplos
para
acomodação
de
Figura 502 - Processo de higienização realizado na Biblioteca Acervos Especiais. Fonte: Acervo Pessoal.
Uso de novas tecnologias Com o advento de novas tecnologias e mídias digitais, é possível tornar ambientes de bibliotecas e museus mais convidativos e interativos para diferentes faixas etárias. Pensando nisso, foi adicionado ao programa de necessidades da biblioteca uma Sala Multimídia com acervos de CDs e DVDs e acesso a dispositivos para os reproduzir prontamente, contando ainda com uma sala de Videoteca, para reprodução de vídeos e promoção de oficinas voltadas para o ensino do uso dessas tecnologias para todos (números 15 e 16). Já na área do museu, dispositivos eletrônicos, como TV’s, totens retangulares e bancos com reprodutores de áudios são disponibilizados nas diferentes salas da exposição, tornando-a mais interativa (figura 241).
Estratégia de conforto térmico: brises Tanto no segundo como no terceiro pavimento, brises verticais de madeira envolvem o edifício por inteiro, funcionando como esquadrias externas que o protegem da incidência solar direta e permitem ventilação nos diversos ambientes do prédio (figura 242). Tais esquadrias também contribuem para uma maior uniformidade nas fachadas, escondendo as aberturas criadas para as esquadrias internas existentes em diversos ambientes do projeto. As brises verticais de madeira são fixadas ao prédio por meio de suportes de fixação metálicos que, junto com os perfis de aço organizados horizontal e verticalmente, sustentam o grande painel de madeira.
LEGENDA DO DETALHAMENTO DOS BRISES
Figura 503 - Usos de novas tecnologias nas salas de exposição. Fonte: Autoral, 2018.
01 | Perfil de aço na vertical
03 | Painéis verticais de madeira
02 | Perfil de aço na horizontal
04 | Suporte de fixação de aço dos painéis verticais de madeira
Figura 504 - Detalhamento dos brise. Fonte: Autoral, 2018.
226 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
O terceiro pavimento do edifício é caracterizado pelas bibliotecas pessoais, pela sala de exposição temporária, pelas salas de oficinas e pelos jardins (figuras 244 e 245). A circulação vertical externa possibilita ao visitante duas rotas horizontais, com a oeste levando para um jardim contemporâneo e a sul o conduzindo para um lounge
aberto que permite ao observador desfrutar de visuais voltadas para o mar, para ambos os jardins existentes no mesmo nível e para os diversos edifícios existentes ao sul.
Indicação de materiais
Indicação de espécies
A partir do lounge (figuras 243), o visitante pode ter acesso à sala de exposição temporária com espaço educativo, às salas de oficinas e as bibliotecas pessoais.
Cimento Queimado
Grama-Esmeralda
Deck de Madeira
Grama-Preta anã
Pedriscos amarelo-ouro
Agave desmettiana, Cacto Barril Dourado e Mandacaru
Figura 505 - Lounge - Espaço para contemplação. Fonte: Autoral, 2018.
5.8.5 PLANTA TERCEIRO P A V I M E N T O
PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO | 8,26 01 | Jardim Contemporâneo | 675,00m² 02 | Ac. Pessoal – Christiano Câmara | 121,35m² 03 | Ac. Pessoal – Nirez | 121,35m² 04 | Recepção/Guarda-volumes | 16,00m² 05 | DML | 5,10m² 06 | Lounge | 294,70m² 07 | Recepção | 12,00m² 08 | Sala de Exposição Temporária | 200,40m² 09 | Copa | 5,40m² 10 | Reserva/Pré-montagem | 48,10m² 11 | Espaço Educativo | 22,90m² 12 | Dep. de Restauro de Mídias | 24,25m² 13 | Depósito/DML | 7,40m² 14 | Banheiro | 1,50m² 15 | Sala de Apoio | 12,70m² 16 | Sala de Oficina 01 | 22,15m² 17 | Sala de Oficina 02 | 23,15m² 18 | Sala de Oficina 03 | 18,80m² 19 | Circulação | 106,55m² 20 | Jardim Alunos | 375,83m² 21 | Circulação | 70,70m² 22 | DML | 10,35m² 23 | Banheiro Masculino | 21,40m² 24 | Banheiro Feminino | 21,40m² 25 | Passarela | 70,10m²
Figura 506 - Planta do Terceiro Pavimento. Fonte: Autoral, 2018.
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Uso de novas tecnologias
escultor da estátua José de Alencar, Humberto Cozzo, e antigas cadeiras Os espaços das bibliotecas do Teatro São José (CÂMARA, 2018) pessoais possuem acervos de dois (figuras 246 e 247). colecionadores fortalezenses: Christiano Câmara e Miguel Já no acervo do Nirez, é possível Ângelo de Azevedo, o Nirez. Para encontrar diversos toca discos, poder concebê-los de forma discos de vinil, vitrola, livros, precisa, foram realizadas visitas e cartões postais, fotos de músicos, entrevistas em ambos os acervos, fotografias antigas de Fortaleza, analisando tamanho e conteúdo de rádios antigos, televisão em preto cada coleção e suas respectivas e branco, diversas máquinas formas de conservação. No acervo fotográficas de várias épocas, do Christiano Câmara é possível relógios, máquina de CD, telégrafo, encontrar livros regionais, de música taxímetro, filmadoras, telefones, e de cinema, fotografias de artistas, projetores cinematográficos, álbuns recortes de jornal, LPs, cerca de de coleção de estampa Eucalol, etc. 30 mil discos de cera, vitrolas, (AZEVEDO, 2018) (figuras 248 e uma escultura de gesso feita pelo 249).
Quadro de Esquadrias
Figura 508 - Acervo Christiano Câmara. Fonte: Acervo Pessoal
Figura 509 - Acervo Christiano Câmara. Fonte: Acervo Pessoal
Figura 510 - Acervo Miguel Ângelo de Azevedo. Fonte: Acervo Pessoal
Figura 511 - Acervo Miguel Ângelo de Azevedo. Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 507 - Terceiro Pavimento - Planta de Esquadrias. Fonte: Autoral, 2018.
230 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
A partir do levantamento das coleções, foram criadas salas de tamanhos semelhantes, mas personalizadas para o acervo de cada colecionador (figura 250).
Bancos com dispositivos sonoros acoplados permitem ao visitante ouvirem seleções de músicas presentes nas coleções de LPs e discos de ceras dos colecionadores.
Por ambos os acervos serem prioritariamente de caráter audiovisual, foram criados mobiliários e dispositivos para que os usuários pudessem melhor aproveitá-los, a semelhança dos encontrados no museu do pavimento inferior.
Na parede mais afastada do acesso, foram dispostas as imagens de artistas existente no acervo do Christiano Câmara e, no caso do Nirez, imagens antigas de Fortaleza. Em ambos os ambientes, painéis interativos foram fixados ao lado das imagens para os
visitantes aprenderem mais sobre os lugares e as pessoas representadas nas fotografias (figura 251). Por dispor de vasta coleção de DVDs, a Biblioteca Pessoal de Christiano Câmara possui estantes personalizadas, com rasgos em sua configuração que permitem a anexação de televisões nas paredes, possibilitando ao visitante a visualização dos diversos filmes abrigados no espaço (figura 252).
Figura 513 - Parede com fotografias e tela interativa. Fonte: Autoral, 2018.
Figura 514 - Estantes com televisores anexados. Fonte: Autoral, 2018.
Figura 512 - Layout personalizado para bibliotecas pessoais. Fonte: Autoral, 2018.
232 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Estratégia de conforto térmico: iluminação zenital
Graças à ausência de pavimentos superiores aos espaços das bibliotecas pessoais, estratégias de iluminação zenital puderam ser adotadas no espaço. Dessa forma, ambas as salas possuem lanternins, com aberturas que se sobressaem em relação à laje, criando pequenas muretas que recebem fixação de esquadrias do tipo basculante, permitindo a entrada de luz natural por todos os lados e a renovação do ar no ambiente, em horários pré-determinados, com acesso realizado pelo pavimento da coberta (figura 253).
Figura 515 - Detalhamento da iluminação zenital. Fonte: Autoral, 2018.
LEGENDA DO DETALHAMENTO DA ILUMINAÇÃO ZENITAL 01 | Platibanda
04 | Mureta de concreto para apoio das esquadrias
02 | Laje dos lanternins
05 | Laje do pavimento
03 | Esquadrias de vidro do tipo basculante
06 | Fendas de abertura na laje com 40cm de espessura para entrada de iluminação zenital
234 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Jardins
com caráter decorativo. Decks de prédio, contando também com decks de madeira também foram fixados a laje, madeira nos locais de permanência. Embora tenham conceitos funcionando como área de permanência parecidos, caracterizando-se por Ambos os jardins estão para quem visita o jardim. jardins contemporâneos, os jardins protegidos por guarda-corpos com encontrados no terceiro pavimento Já o jardim a leste possui caráter mais vidro de segurança temperados e com possuem propostas diferentes. privativo (figura 255). Com 375m² de barras de aço para apoio, fixados a área, este jardim é formado por desenhos uma mureta de concreto de 15cm de Com 675m² de área, o jardim acessado geométricos similares aos do pavimento altura, que reforça a segurança de pela caixa de escada externa possui térreo, com o traçado triangular sendo todos os usuários (figura 256). Tais caráter mais coletivo, com desenhos novamente evocado pela presença guarda-corpos também são usados nas formados por linhas retas que remetem do pilar utilizado neste formato, que passarelas que ligam o edifício, tanto ao aos traços do próprio prédio (figura aparece somente nesse jardim em bloco de escadas quando ao bloco de 254). Quanto ao seu paisagismo, este relação aos pavimentos superiores. Este banheiros. Nos casos em que o guardaé formado pelas mesmas espécies jardim, apesar de ser mais voltado para corpo é fixado em áreas diretamente arbustivas encontradas no pavimento os alunos das oficinas, que o acessam expostas aos canteiros com vegetação, térreo, com as grama-preta anã e facilmente a partir do hall de acesso estacas de madeiras são fixadas na grama-esmeralda sendo utilizadas para às salas, não é exclusivo, podendo parte interna do guarda-corpo, criando criar diferentes tonalidades de forração ser acessado também por visitantes a maior ritmo do ambiente na fachada. e as espécies suculentas e cactáceas partir da caixa de escada integrada ao
LEGENDA DO DETALHAMENTO DO GUARDA-CORPO 01 | Barra de aço Ø = 2”
04 | Perfil de alumínio em “U”
02 | Guarda-corpo com vidro de segurança temperado 05 | Borracha Amortecedora 03 | Perfil de alumínio para vedação
06 | Mureta de concreto
Figura 516 - Jardim com carรกter mais coletivo. Fonte: Autoral, 2018.
Figura 518 - Detalhamento do guarda-corpo Fonte: Autoral, 2018.
Figura 517 - Jardim com carรกter mais privativo. Fonte: Autoral, 2018.
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Estratégia de conforto térmico nas do edifício (figura 257). passarelas Tais pergolados são constituídos por Com clima local caracterizado por vários pilares e vigas metálicos, com essas dias do ano com incidências fortes vigas sendo fixadas diretamente nos de raios solares e alguns meses de blocos em alguns momentos, com a chuva intensa, foram fixados, além dos coberta possuindo inclinação de 5% guarda-corpos de proteção, pergolados para garantir o escoamento das águas com coberturas de vidro insulado nas pluviais nas viga-calhas. passarelas de acesso aos jardins e aos A proteção utilizada para o pergolado banheiros para a proteção dos visitantes é formada por duas camadas de vidro
Figura 519 - Passarelas com pergolado para acesso aos banheiros Fonte: Autoral, 2018.
com uma câmara de ar entre ambas, garantindo isolamento termo acústico, com vidro reflexivo na parte externa e vidro laminado na parte interna, proporcionando maior bloqueio do calor e da luz solar. Tais lâminas de vidro são fixadas na estrutura do pergolado através de perfis estruturantes de alumínio PC5550, com perfis metálicos com formato em “F” sendo utilizados no arremate da estrutura (figura 258).
LEGENDA DO DETALHAMENTO DA COBERTA DO PERGOLADO
Figura 520 - Detalhamento da coberta do pergolado
Fonte: Autoral, 2018.
01 | Perfil Rufo de Alumínio com Gaxeta
04 | Perfil “U” arremate – formato “F”
02 | Vidro Laminado
05 | Travessa Metálica
03 | Perfil Estrutural de Alumínio PC5550 para fixação de vidro com gaxeta
06 | Perfil viga-calha ajustável PC 4412_12
238 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
O quarto e último pavimento da Biblioteca-Museu Miguel Ângelo de Azevedo é composto pela área administrativa e pela reserva técnica (figuras 259 e 260). Neste pavimento, o bloco de banheiro externo que funcionou como banheiro de uso dos funcionários e visitantes nos pavimentos inferiores, passa a funcionar como banheiro e vestiário dos funcionários, sendo criado banheiros individuais para visitantes próximos à entrada do setor administrativo, realizada pela circulação vertical externa.
reserva. Após especificar a obra desejada para análise, o pesquisador pode estudá-la na sala de pesquisa próxima à recepção, não tendo acesso direto à reserva técnica em si.
Inspiradas nas passarelas do SESC Pompeia de Lina Bo Bardi, as passarelas de acesso ao prédio dos banheiros, diferente das usadas para circulação vertical, possuem angulações diferenciadas entre si e os próprios pavimentos, criando maior dinamismo no local Esse pavimento é majoritariamente e proporcionando assimilação por para acesso de funcionários, parte dos observadores de um andar com exceção das pessoas que para o outro. queiram entrar em contato com o diretor ou curador do espaço e de pesquisadores que desejam estudar as obras presentes na reserva técnica. A reserva técnica possui dois acessos, sendo o primeiro para entrada de obras, localizado diretamente a frente do elevador de carga e descarga e próximo a sala de conservação e restauro. Quando a obra chega por esse acesso, ela é disposta em uma sala de quarentena, onde é analisada, entrando na área da reserva apenas após essa análise. Já o outro acesso é utilizado pelos pesquisadores, que utilizam a circulação vertical integrada ao prédio para chegarem em uma das recepções de atendimento da
5.8.6 PLANTA QUARTO P A V I M E N T O
PLANTA QUARTO PAVIMENTO | 12,34 01 | Banheiro | 3,10m² 02 | Banheiro PNE | 4,80m² 03 | DML | 3,65m² 04 | Secretaria do Apoio Adm. | 14,60m² 05 | Sala de Registros | 13,10m² 06 | Sala de T.I. | 22,80m² 07 | Sala Marketing | 40,00m² 08 | R.H/Setor Financeiro/Adm. | 56,35m² 09 | Recepção | 17,55m² 10 | Depósito | 13,45m² 11 | Sala Curadoria | 13,45m² 12 | Secretaria da Direção | 14,60m² 13 | Sala Direção | 23,50m² 14 | Sala de Reuniões | 23,15m² 15 | Sala de Manutenção | 13,05m² 16 | Sala de Restauração de Obras | 55,60m² 17 | Circulação | 297,75m² 18 | Sala de Descanso dos Func. | 20,45m² 19 | Copa | 20,45m² 20 | Sala de Segurança | 18,50m² 21 | Rec./Controle de Ac. de Obras | 22,25m² 22 | Quarentena | 46,50m² 23 | Reserva Técnica | 198m² 24 | Sala de Consulta | 25,60m² 25 | DML | 4,30m² 26 | Rec./Controle de Ac. de Público | 51,70m² 27 | Circulação | 37m² 28 | Banheiro/Vestiário Masculino | 41,80m² 29 | Banheiro/Vestiário Feminino | 41,80m² 30 | Passarela | 36,40m²
Figura 521 - Planta do Quarto Pavimento.
Fonte: Autoral, 2018.
240 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Quadro de Esquadrias
Figura 522 - Quarto Pavimento - Planta de Esquadrias. Fonte: Autoral, 2018.
LEGENDA - CORTE 01 01 | Estacionamento
12 | Passarela
02 | Jardim Subterrâneo
13 | Recepção/Guarda-volumes
03 | Poço do Elevador
14 | Pesquisa de acervo
04 | Galeria Aberta
15 | Sala de Oficina 03
05 | Pátio Central
16 | Sala de Oficina 02
06 | Área de Alimentação Aberta
17 | Lounge
07 | Pocket Park
18 | Jardim Contemporâneo
08 | Sala “Padaria Espiritual”
19 | Reserva Técnica
09 Sala “Jangadeiros, escravos e abolicionistas”
20 | Platô
10 | Sala “Sertanejos e refugiados”
21 | Casa de Máquinas
11 | Circulação
Figura 523 - Corte Transversal Fonte: Autoral, 2018.
LEGENDA - CORTE 02
12 | Lounge
01 | Estacionamento
13 | Dep. de Restauro de Mídias
02 | Auditório | - 1,16
14 | Sala de Oficina 02
03 | Coxia | -0,44
15 | Jardim Alunos
04 | Galeria Aberta
16 | Sala de Segurança
05 | Circulação
17 | Copa
06 | Copa
18 | Sala de Desc. dos Funcionários
07 | Sala de Descanso dos Funcionários 08 | Sala “Indígenas”
19 | Recepção/Controle de Acesso de Obras
09 | Sala “Sertanejos e refugiados”
20 | Reserva Técnica
10 | Sala “Músicas e danças populares”
21 | Casa de Máquinas
11 | Sala de Exposições Temporárias
22 | Platô
Figura 524 - Corte Longitudinal Fonte: Autoral, 2018.
A Proposta 243
Para melhor entendimento do projeto, foram realizados cortes gerais longitudinais e transversais do edifício. No corte transversal (corte 01, figura 261), é possível visualizar em destaque a aplicação das brises em andares alternados, a abertura para exaustão no subsolo, o espaço reservado para o pocket park, a entrada para os blocos a partir das passarelas e o prédio de banheiros ao fundo. Já no corte longitudinal (corte 02, figura 262), destacam-se principalmente as passarelas de acesso ao prédio do banheiro, os pilares em formato triangular e o jardim com caráter mais privatido para os alunos da oficina.
5.8.7 C O R T E S
244 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
06
CONSIDERAÇÕES F I N A I S
Conhecer e compreender a história do espaço em que se habita contribui para a formação do pensamento crítico e da percepção da sociedade com o qual se convive. Através desse conhecimento, é possível se estabelecer um sentimento de pertencimento ao espaço, considerando as raízes históricas provenientes de antepassados como fonte de formação do que se encontra estabelecido no presente, aprendendo com os erros do passado para não os cometer no futuro.
Dessa forma, o projeto de uma biblioteca-museu é um grande veículo de acesso à cultura e ao conhecimento para toda a população. Contudo, este não funciona de forma exclusiva, precisando da criação de integração com a rede de equipamentos culturais já estabelecida no município, funcionando como divulgador de outros projetos e equipamentos existentes no entorno com o objetivo de disseminar informações para o maior número possível de pessoas.
Projeto Proposto. Fonte: Autoral, 2018.
246 BIBLIOTECA-MUSEU MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
6.2
R E F E R Ê N C I A S BIBLIOGRÁFICAS
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6.3
O estado disponibiliza algum recurso para ajudar o senhor na conservação do acervo?
Nirez: Não, às vezes dá uns prejuízos, né?
O senhor consegue alguma renda com o acervo?
A P Ê N D I C E S APÊNDICE 1 – ENTREVISTA CONCEDIDA POR MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO
Nirez: Alguma coisa. Quando a pessoa quer explorar comercialmente alguma coisa, foto por exemplo, eu vendo.
(sobre a coleção de discos, vinis e LPs)
Por que foi que o senhor começou a montar essa coleção?
Nirez: Foi o seguinte, eu sempre gostei muito de música. Quando eu tinha 20 anos de idade eu fazia serenata e se reunia com os meus amigos da minha cidade, e um vizinho meu, que era um pouco mais velho que eu, vendo que eu gostava de música, no dia 15 de maio de 54, foi o dia que eu completei 20 anos, ele me deu de presente um toca disco, aí eu saí no comercio atrás de disco para ouvir, né? Aí foi quando eu notei que eu não gostava da música da minha época, 1954, eu comprei uns 5 ou 6 discos e fui atrás de discos de reedição, né? Aí comecei a comprar no comércio discos de reedição, discos anteriores. Quando esgotou tudo que era reedição, aí um dos vendedores me recomendou procurar casa de família onde tinha discos que tinham sido vendidos antes, que não existia mais, e assim eu foi crescendo, né? Quando eu comecei a fazer, a comprar discos, só existia esse tipo de disco, não tinha chegado nem o LP. Nirez: Isso aqui também é um vitrola, isso aqui é de 1903, toca a mesma coisa, dá-se a corda, toca aqui e o som sai aqui. Nirez: Aqui, 99% é Ceará, cearense sobre o Ceará, ou então cantor cearense. Agora, a exceção são essas 3 estantes aqui que tem alguma coisa que não é cearense, né? Por exemplo, isso é de Rodrigo Carvalho, isso é nacional, né? Não é Ceará.
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Nirez: Aqui é o estúdio onde meu filho trabalha, é digitalizando os discos.
Acabou virando um negócio de família, né?
Nirez: É. Aqui ele inventou essa máquina que ele lava o disco, seca aqui, como se fosse prato, né? Depois, sequinho, ele vai para aí para gravar, aqui é a filtragem para sair sem ruído e ali ele fotografa o álbum.
(sobre armários com fichas catalográficas)
Nirez: Antes do computador, quando eu queria ouvir tal música, eu vinha aqui, olhava o número, ia lá na prateleira e pegava. Depois eu passei tudo isso pro computador, mas eu guardo as fichas para uma emergência, né?
Caso dê algum problema.
Nirez: Depois vem um vírus, aí acaba com tudo.
(sobre a coleção de livros)
Nirez: Aqui, por exemplo, é a história de Fortaleza, aqui e aqui. Isso aqui é do interior do estado, aqui são biografias de pessoas do Ceará.
O senhor faz alguma coisa para manter os livros conservados?
Nirez: Eu tenho uma filha minha que é bibliotecária, ela toma conta da biblioteca.
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Tem mais ou menos quantos livros?
Nirez: Não sei lhe dizer não. Aqui é o gabinete da minha filha, é aqui que ela normatiza os livros, ela trabalha ali. Tem isso “tudim” ainda para normalizar.
E aí ela vai catalogando?
Nirez: É.
O público não tem acesso a esse catalogo? Online ou em alguma plataforma?
Nirez: Não, só local mesmo.
(sobre a coleção de fotografias)
Como é que o senhor começou a colecionar fotografias?
Nirez: Quando eu comecei a colecionar disco, cartões postais... Quando eu comecei a colecionar disco, eu tive a curiosidade de saber quem eram os artistas, os autores, os intérpretes, os acompanhantes, aí comecei uma pequena biblioteca especializada em música. Junto com isso, eu tive a curiosidade de saber como era a cara dos músicos, dos cantores, então comecei a buscar as fotografias, aí fui para revistas, livros e tal, para pegar as fotografias. Em busca dessas fotografias, começou a me cair nas mãos umas postagens antigas de Fortaleza, aí eu comecei a colecionar postagens antigas de Fortaleza. Uma coisa vai puxando a outra, né?
(sobre coleções diversas)
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Nirez: Por cima ali tem uns rádios antigos, televisão preto e branco. Aqui é a primeira máquina fotográfica da Abafilm, 1954, ela fez 60 anos aí saiu essa, aí fizeram essa edição de 1970. Aqui são várias máquinas fotográficas de várias épocas, tipo caixão, tipo reflexo, de vários tipos. Esses relógios de parede, tem esse, tem esse, tem esse. Aqui tem mais alguns rádios, máquina de CD, aqui é de telégrafo. Esse aqui é o (rádio) mais antigo que eu tenho, de 1926, esse eu não consegui recuperar. Os outros todos tocam. Esse aqui não deu, porque não existe mais as peças para ele. Aqui é um taxímetro. Aqui são filmadoras diversas, de diversos tipos, de 16mm, de 8mm, 9000mm, super 8. Nirez: E aqui é a última sala com mais rádios, telefones. Antigamente, quando fazia a foto na câmara escura, para ampliar tinha um ampliador. Aqui são projetores cinematográficos, 16mm, 9,5mm, 8mm e super 8. Nirez: Aqui é estampa Eucalol, tinha um sabonete Eucalol que distribuía. Ele vinha nessa caixa, vinham três sabonetes, e aqui tem de duas épocas, então dentro dessa caixinha vinha três figurinhas. As figurinhas era para colecionar e elas eram instrutivas. Aqui eram os álbuns, aqui as figuras. Esse é sobre o fardamento antigo. Tinham vários motivos. Aí esses álbuns vinham para a pessoa colecionar.
Eles davam os álbuns?
Nirez: É, então as pessoas colecionavam as estampas nos próprios álbuns. Era interessante porque eles tinham o álbum tinha um corte para pessoa botar e o outro lado tinha dois cortes que era para pessoa também botar, então servia para um lado e pro outro. As pessoas botavam aqui, aí tem vários motivos. Esses álbuns aqui foram os primeiros álbuns, que foi de 1927 a 50, esses aqui foi a era depois de 50 que veio esses. Isso aí é uma coleção muito procurada, viu? Tem muitos colecionadores que colecionam.
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6.3.2 APÊNDICE 2 – ENTREVISTA CONCEDIDA POR WANDA ANDRADE CÂMARA E THAÍS CÂMARA
Quando foi que o acervo surgiu? Começou quando?
Wanda Andrade Câmara: Ele (Christiano) quando era rapazinho novo, com 16 anos, ele disse que gostava muito de música importada, como hoje muita gente gosta, né? E ele gostava muito de jazz e rock and roll daquela época, Elvis Presley e não sei o que. Depois ele começou a ver que no Brasil também existia muita música boa, que ele não tava sendo influenciado como todo jovem da idade dele é, e ele começou a escutar as músicas e começou a gostar. Então, com 19 anos já começou a comprar os discos dele e aí foi a vida toda, a vida toda até morrer, com 80 anos.
E o que tem no acervo dele?
Wanda Andrade Câmara: Aqui ele começou a juntar tudo, colecionar o que ele gostava de música, todo tipo de música da década de 30, 40 e 50, mais até 60 e começou a estudar, ler. Aí começou a estudar muito a influência do ambiente, da época, da sociologia, da própria arquitetura, da própria filosofia.
Thaís Câmara Tavares: Política também, né?
Wanda Andrade Câmara: Da política, tudo mesclado com a música.
E isso tanto internacional como nacional?
Wanda Andrade Câmara: Sim, sim. Aí ele começou a sempre ler. Ele nunca se formou, terminou o segundo grau, né? Como chama? E trabalhou no Banco do Brasil, porque foi um emprego... Ele dizia às vezes que o pai dele não gostava dele não, porque botou ele para trabalhar no Banco do Brasil, porque ele gostava muito de arte e de música, mas na época era o emprego que era melhor que existia, né? E o pai dele botou ele lá e ele trabalhou lá e se aposentou por lá, mas ele ia assim, trabalhava no banco para ganhar aquele dinheiro e a vida dele foi aqui.
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Gastava adquirindo mais coisas?
Wanda Andrade Câmara: É. Aí nasceu nessa casa, morou nessa casa a vida toda, só se ausentou durante os 6 meses que alugou uma casa em frente quando casou, aí foi quando eu nasci e quando eu tinha perto de um ano, eles vieram morar aqui de novo que a mãe dele foi embora e deixou a casa, a casa é da família. A casa começou a ser feita, mais ou menos em 1917, 18.
E com o tempo ele foi transformando a casa em acervo?
Wanda Andrade Câmara: Pois é, aí ele foi colecionando assim, colando as fotos que ele gostava dos artistas, tudo que ele gostava, botava na parede. Aqui por exemplo era a galeria de maestros (...), mas tudo que ele achava interessante ele colocava numa foto, né?
Thaís Câmara Tavares: Ele foi muito pro cinema depois, né?
Wanda Andrade Câmara: Cinema, também demais, né? Essa estante aqui é só cinema, só livros de cinema. Ali para cima que é outras coisas. Ele herdou também muito livro do pai dele que foi um grande jornalista aqui de Fortaleza, fundador da associação cearense de imprensa, ACI, né. O pai dele foi crítico musical e literário também, dava muita palestra. Ele conviveu pouco com o pai, quando o pai morreu ele tinha 18 anos. Muita coisa aqui era de coleção antiquíssima do pai.
E além do pai ele, como ele adquiria as coleções?
Wanda Andrade Câmara: A maioria comprando.
Ele tinha pessoas que ele conhecia de quem ele ia comprando?
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Wanda Andrade Câmara: Não, tinha no centro, né? Nas lojas e tal... Assim, que quando começou a surgir o CD foi que as pessoas foram se desfazendo muito dos LPs, aí foram dando a ele, mas só mais novos. E também alguns ele também pegou muito disco de cera de coleções antigas que doavam para ele, família.
Tem muita coisa, né? Tem catalogado em algum local?
Wanda Andrade Câmara: Nada! Estava catalogado na cabeça dele.
E vocês tem noção mais ou menos de quantas coisas tem?
Wanda Andrade Câmara: Não, mas assim
Uma estimativa?
Wanda Andrade Câmara: Uns 30 mil discos de cera. Os discos de cera são todos esses aqui. Cera foi o primeiro tipo de disco que surgiu, né? É feito de cera de carnaúba. Os primeiros discos foram esses e depois passou pro LP, né? Então, isso aqui tudo é cera, ó.
Bastante.
Wanda Andrade Câmara: Deve ter uns 30 mil discos de cera. Aí ele colocava os artistas, os cantores, os compositores, ele começou a fazer o espaço dele, né? Do jeito que ele morreu, as coisas ficaram.
Ele tinha outros amigos colecionadores?
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Wanda Andrade Câmara: Tinha. Tem o Nirez, né? Que é um colecionador, muito conhecido. Tinha o Grácio Barbalho em Natal, que era a mesma coisa. Tem o Ramos Tinhorão, um de São Paulo. Tem várias pessoas que colecionam. Aí aqui tudo, tudo, tudo, tudo é disco.
Wanda Andrade Câmara: Tá tudo muito assim porque a gente tá sem muita manutenção, ele que mantinha tudo, escutava todo dia e via um e pegava outro, pegava outro, passava o tempo todo fazendo.
E vocês já tentaram falar com o estado para receber incentivo, algum apoio para conservar?
Wanda Andrade Câmara: Uma época aí a gente recebeu da prefeitura, aí parou e a gente já... Antes ele não queria muito relacionamento muito com o estado não, mas agora a gente tá resolvendo como é que vai ser, sabe?
Wanda Andrade Câmara: Aqui tinha agulha própria, tem agulha que toca cera.
Ah, tem que ter uma agulha diferente para cada tipo?
Wanda Andrade Câmara: Tem uma agulha própria que toca cera que você coloca aqui, ela só pode tocar uns 2 ou 3 discos, porque senão ela estrompa a fissura.
Aí tem que ficar trocando?
Wanda Andrade Câmara: Tem que ficar trocando. Ele mandava buscar nos Estados Unidos porque lá é o único canto que fabrica as agulhas ainda para cera, é só para colecionador. Tem uma fábrica nos Estados Unidos que faz só
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para colecionador agulha de cera.
Aí tinha vários tocadores.
Wanda Andrade Câmara: Esse Ícaro é feito de gesso, foi feito em 29, olha, tá ali a data, e o escultor que fez foi o mesmo que fez a estátua do José de Alencar.
Ah, foi? E fez para ele?
Wanda Andrade Câmara: Porque ele ficou hospedado aqui quando foi fazer a estátua. Meu avô era muito intelectual e o pessoal todo da alta vinha muito para cá, era uma reunião da intelectualidade de Fortaleza, e ele hospedou o Humberto Cozzo, o nome dele. Aí ele fazia a estátua lá e de noite ele veio aqui, disse que ia deixar uma coisa na casa para ele, e construiu aí mesmo de gesso. Ele que fez, foi na própria parede, né? Aí ele deixou isso aí para ele de presente e botou a data ali. 1921.
Wanda Andrade Câmara: Porque a estátua de José de Alencar foi o meu avô que juntou dinheiro em Fortaleza, no comercio todinho, para juntar dinheiro para fazer a estátua para homenagear o José de Alencar lá da praça.
Qual era o nome do seu avô?
Wanda Andrade Câmara: Gilberto Câmara
Então todo mundo que era ligado a essa parte cultural da cidade sempre vinha para cá?
Wanda Andrade Câmara: Sim, sim.
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Quem é que vinha?
Wanda Andrade Câmara: Os poetas do Rio de Janeiro, São Paulo, vinham muito para cá.
Wanda Andrade Câmara: Tudo que ele via de interessante, ele recortava, pregava nas paredes para mostrar o povo.
E essas imagens dos artistas, ele pegava em jornal?
Wanda Andrade Câmara: ele xerocava das revistas, de vários cantos, né? Da revista tinha demais, é porque nós estamos vivendo na era quase sem revista, digital, mas antigamente só o que tinha era revista, né? Revista e livro e revista de todo jeito, de cinema. Ah, ele escreveu durante muitos anos uma coluninha pro jornal o povo, né? Sobre música erudita. Ele fez programa de rádio...
Tudo que ele achava legal, ele xerocava e plastificava.
Wanda Andrade Câmara: Aqui na época, nos Estados Unidos. “Estados Unidos, este é o país que o Brasil quer imitar”, o racismo enorme, né? E fazia o comentário. Manual do cinismo eleitoral, ó. Aqui foi depois que ele morreu, botaram isso aqui, foi uma perda grande demais.
Foi em 2016?
Wanda Andrade Câmara: Foi em 2016, fez dois anos agora.
É. Ele era o que mais cuidava do acervo, né?
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Wanda Andrade Câmara: Só ele, só ele e a mamãe, a mamãe cuidava muito. A mamãe ficava mais cuidando, mas ele era que sabia onde tava tudo.
O que é que tem, né?
Wanda Andrade Câmara: O que é que tem, o que é que não tem, onde é que tá as coisas. Aí ficou ele aqui sozinho fazendo as coisas e ele não queria botar nada no computador
Ele não gostava, né?
Wanda Andrade Câmara: Não, ele tem um computador ali que o amigo dele deu a ele, mas pouquíssimas vezes ele usou, usava só para gravar um CD para outro CD, música e não sei o que
Aprendeu só para continuar a coleção?
Wanda Andrade Câmara: É, mas usou a internet nunca, internet a gente colocou depois que ele morreu
Thaís Câmara Tavares: Essas cadeiras aqui foram do teatro São José.
Wanda Andrade Câmara: Perto da Praça do Dragão do Mar, está até em reforma de novo. Aí jogaram fora isso aqui, aí o amigo do papai chegou dizendo que tinha um bocado de cadeirinha lá do lado de fora, aí ele “você traz para mim?” E ele disse “eu trago, tá tudo lá no meio, jogado” e ele trouxe um bocado para cá.
Thaís Câmara Tavares: Aí ele reformou, pintou.
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Wanda Andrade Câmara: Ajeitou, pintou, aí tem um bocado, todo canto tem as cadeirinhas que ele pegou e trouxe.
Thaís Câmara Tavares: A gente usa que só essas cadeirinhas.
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6.3.3 ENTREVISTA CONCEDIDA POR FRANCISCO GOMES DO NASCIMENTO E LUIS GERÔNIMO PEREIRA
O que vocês fazem aqui? Qual é o trabalho de vocês com os livros?
Francisco Gomes do Nascimento: Primeiro esse livro quando chega aqui eles passam por uma higienização, essa higienização é em todas as obras que chegam e a gente vai saber qual é a carência que está passando a obra, né? Se ela está com fungo, se ela vem com mofo, se ela vem com algum tipo de algum inseto como a traça, o cupim, a bronca, né? Essa higienização é um laudo, a partir dele a gente vai entender o que a gente vai fazer com essa obra... Qual é a danificação dessa obra, se é simplesmente o mofo ou se essa obra está comprometida, certo?
E quais são as ferramentas que vocês usam?
Luis Gerônimo Pereira: A princípio, quando a obra entra nesse setor nós usamos a mesa de higienização e usamos lá a trincha e o tipo de higienização é por varredura ou aspiração, dependendo da condição da fibra da obra, mas o primeiro passo é de acesso ao setor... Toda e qualquer obra no setor passa por isso, higienização e o diagnóstico da obra, certo? Com relação a outras ferramentas, é bisturi, espátula de ovo, espátula de teflon, pincéis, ferramentas, tesoura, pinças, cola metil celulose, papel japonês, etc.
E quais são os cuidados que é preciso ter com os livros para não aparecer nenhuma praga?
Francisco Gomes do Nascimento: A gente sempre aconselha a prevenção, certo? Se você tem uma prevenção no acervo, claro que você não vai ter uma grande despesa no futuro, né? Então muitas vezes você tenta defender o livro. (...) Se você não vai abrir esse livro ele vai criar um o mofo nele, uma sujidade. Nessa sujidade vai criar um inseto que se chama piolho de livro. Depois entra uma baratinha, aí começa a destruição na fibra do papel. O melhor conselho é você fazer a prevenção disso, é cuidar do seu livro, manusear o seu livro, você tem que tirar ele do local, você tem que dar uma higienizada com uma trincha macia (...) Sempre usando da maneira correta, porque muitas vezes você vai tirar uma sujidade do dorso do livro, da lombada do livro, se você não
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tirar aquela sujidade, você consegue penetrar ela para dentro da matéria do livro. Você vira obra um pouco de cabeça para baixo e você passa essa trincha vertical para poeirinha cair sobre o chão ou sobre o algodão ou um papel que a gente chama de mata-borrão. Essa poeira vai ficar lá e enquanto você não lavar ou botar fora, vão ficar grudado sobre esse material.
E com relação à conservação no espaço? Quais são os cuidados necessários?
Luis Gerônimo Pereira: Nós entendemos que a conservação compreende dois passos, é a conservação preventiva e a corretiva, ou seja, para reparos. O que nós usamos para prevenir esse trabalho é a questão da umidade do ar. Lembramos que essas obras devem estar em um espaço com a umidade do ar em torno de 60, e a temperatura em torno de 20 a 25, para poder essas obras terem uma vida longa e evitar a contaminação pelos insetos, como já foi citada pelo Gomes, para poder evitar o dano na obra.
E qual é a maior dificuldade de restaurar um livro? Existe algum material que é mais difícil de restaurar que outro?
Francisco Gomes do Nascimento: Quando você tem um livro, você move esse livro de 10 ou 5 anos aí esse livro tem sua fibra danificada, certo? O que é que acontece, você pode pegar uma obra de talvez menos de 300 anos, 200 anos, por aí assim, 100 anos, até 60 anos esse papel está se desmanchando, a fibra dele ressecou, vira tipo um carvão ou coisa queimada. Isso é a maior dificuldade que a gente tem. Aí tem que reafibrar toda essa obra, se for o caso, é uma das mais nossas maiores dificuldades.
Luis Gerônimo Pereira: Nós trabalhamos de acordo com o suporte, o papel jornal ou papel de trapo. Nós usamos três tipos de intervenções, a obturação, o remendo e o enxerto.
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Francisco Gomes do Nascimento: Para pequenos reparos, né?
Luis Gerônimo Pereira: Pequenos reparos, mas entre a parte de obturação, a iluminação é a parte da obturação, nós fazemos o rasgo, o remendo e o enxerto, que nem cárie, entre a iluminação e a refibragem. E com relação ao passo de encadernação, nós utilizamos a linha, linha de algodão ou linha de linho, ou a linha de nylon, agulhas de vários tamanhos para fazer a parte de encadernação ou reencadernação. A conservação que é a encadernação e restauro, então a parte da encadernação é essa parte que nós usamos a linha e o papel, mas também se essa obra, suporte, for pele, couro, a gente utiliza as colas que já foram mencionadas pra poder fazer esse trabalho.
Francisco Gomes do Nascimento: Nós não trabalhamos só com um tipo de material, nós iniciamos o desmonte da encadernação, tanto nós trabalhamos com encadernação nova, com a encadernação saída da gráfica. O papel, a gente faz a encadernação, o reparo, prevenção e restauração, que quando a gente fala em restauração a voz é mais pesada, o negócio pesa mais, porque é uma coisa que tá se destruindo e tem que refazer, procurar os mesmos detalhes que era a obra, tá entendendo? Aí quando a gente fala em restauração, que eu espero que nenhum acervo chegue a esse ponto de restaurar, todos os acervos, só a conservação, né? Nós trabalhamos também se for o caso, com tratamento de imagem. Nós temos a equipe boa e nós temos material para trabalhar com isso, então trabalhamos desde lá da encadernação até o restauro, como a tratamento de imagem, trabalhamos com papel alcalino, que é um papel que é bom, mas não é tão bom como o papel de trapo e como o papel de linho. Trabalhamos com esse papel do passado até hoje com papel do presente.
O que vocês acham da importância da conservação e do restauro? Como isso é importante principalmente para preservar esses livros e passar suas histórias adiante?
Francisco Gomes do Nascimento: Sempre eu converso aqui com o Gerônimo, meu parceiro aqui, sempre a gente conversa com isso. De um certo tempo para cá, nós que trabalhamos nessa área, o que a gente vê é que teve um
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tempo meio adormecido, tá entendendo? Ninguém ligava para isso, ninguém ligava para isso e esses acervos... não é todos os acervos, tem acervo que é bem cuidado, esses acervos, tem muitas que estavam escondidos. E agora eles estão vindo à tona... se eles tiveram uma grande despesa agora é por quê? Porque eles não tiveram uma preservação no início e agora provavelmente eles vão ter uma grande despesa, porque um restauro não é uma preservação, se você não tiver uma boa preservação, você vai passar a vida toda de uma obra, ela sadia, ela bem, mas se você não tiver essa preservação, ela vai passar por uma restauração e quando ela passar por essa restauração você vai ter uma despesa bem elevada com isso, né?
Luis Gerônimo Pereira: É, a parte da conservação, você conserva e aí depois nós temos que fazer a preservação, né? Porque senão vai ter que restaurar e vai ter mais trabalho e uma obra rara, especial, ela fica com custo muito elevado, devido aos materiais e sua própria mão de obra que é utilizada para restaurar essa obra. Com relação a importância, né, o valor, a gente ressuscita uma obra que estava quase morta, dá uma nova vida, e sempre trata a obra, o livro especial, raro, mas o livro que é fonte de informação e a cultura, e é o fato também do valor sentimental, sempre importante essa parte, do valor sentimental, histórico-cultural, dado com dignidade nessa obra com algo especial, que tem vida, como transmite vida e conhecimento. Então, a alegria e o prazer de tratar essas obras com todo cuidado, zelo e amor, para mim é importante, trazer de volta, né, releitura da história.
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6.3.4 APÊNDICE 4 – ENTREVISTA CONCEDIDA POR GERLANE SANTOS FONTENELE E MARIA JUSSARA DA SILVA
O que é esse processo que vocês estão fazendo agora na Biblioteca Acervos Especiais?
Gerlane Santos Fontenele: De seis em seis meses a gente vem para fazer a higienização.
Maria Jussara da Silva: É, a higienização é o que? A gente vai limpar os cortes do livro, fazer higienização com a trincha, essa trincha também é especial porque ela é macia para não danificar as folhas, não é um pincel comum, próprio para higienização de livros e aí ele é feito, como disse a Gerlane, de seis em seis meses para evitar o acúmulo de pó.
E quando vocês pegam algum livro que está com alguma praga ou precisando mais do que dessa limpeza, qual o procedimento adotado?
Gerlane Santos Fontenele: Aí a gente passa para o laboratório para o Gomes e seu Gerônimo fazerem a restauração, colocar um produto lá pra matar algum bichinho que é encontrado. Broca, barata, essas coisinhas assim que acabou com o livro, aí vai pra lá pra fazer a restauração e o serviço completo. Lá colocamos numa caixa, aí ele coloca um remédio lá e chama de quarentena para matar se tiver algum inseto, se não vai para máquina de higienização para higienizar folha por folha e as folhas que estão manchadas, passa um pó da borracha, essas coisas assim.
Maria Jussara da Silva: A gente encontrou aqui na biblioteca alguns que estavam com mofo, aí também é outro agente que danifica o livro. Aí o mofo a gente leva para máquina higienizadora, como disse a Gerlane, e lá a gente higieniza com bicarbonato de sódio pra poder tirar o mofo.
Gerlane Santos Fontenele: E coloca na máquina porque prejudica também muito a saúde da gente, né?
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Maria Jussara da Silva: E prejudica o livro porque aquele mofo vai comendo as partes do livro e ele acaba, rasga, fica frágil, perde partes dele, perde suporte...
Qual é a importância de ter essa frequência tão grande de 6 em 6 meses?
Gerlane Santos Fontenele: Pra prevenir. De 6 em 6 meses é a data certa para você fazer a higienização, se passar acontece isso de ter mofo, dos fungos, essas coisas assim nos livros.
Maria Jussara da Silva: Esses livros precisam ter essa higienização, aí você fala assim “como é que vai mofar se não tem humidade, né?” Mas eles precisam ser feitos para arejar o livro, abrir, e aí essa higienização, a gente sempre faz isso com todos os livros, a gente abre para arejar as páginas. Isso já dá uma vida nova ao livro, mais tempo de vida ao livro.
Gerlane Santos Fontenele: E sem contar que esses livros, onde eles foram comprados talvez não tinha essa higienização que está tendo aqui na UNIFOR de seis em seis meses, compraram de um lugar aí que talvez não tinha, aí tudo que a gente vai fazendo... a gente for encontrando, foi botando na quarentena para matar os bichinhos, que agora é difícil a gente encontrar um que tem broca, que tem barata, cupim, essas coisas que destroem um livro, é mais difícil justamente por isso.
Então quer dizer que mesmo se tiver um espaço organizado apropriadamente com tudo feito para os livros ficarem conservados, eles acabam sofrendo broca ou algo do tipo?
Gerlane Santos Fontenele: Aqui tudo eles usaram da maneira correta, a estante é de vidro, tem espaço... Talvez do lugar que eles vieram tinham estante de madeira que tem cupim e aqui não, aqui tá tudo bem, com ar condicionado.
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Tem empresa por aí que tem obras raras que não tem ar condicionado, como no Instituto do Ceará. Eles ligam o ar condicionado dia sim, outro não, porque eles não têm condição, eles vivem de serviço voluntário, de doação, tudo lá é de doação, aí tem um acervo enorme, mas sempre quando tem curso quem vai restaurar, fazer uma coisinha são os alunos porque não tem verba.
Maria Jussara da Silva: O maior problema dos livros daqui é que eles já vieram com algum tipo de infestação, ou com fungos, ou com broca... eles já vieram com isso e aí como o acervo é muito grande, não teve como tratar todo o acervo antes de colocar aqui, entendeu? Abrir. Então a biblioteca foi inaugurada, porém alguns ainda precisam ser tratados, e aí essa higienização é importante para que esse livro que está infectado não venha infectar os demais e é por isso que a higienização acontece. É um monitoramento, enquanto que ele não vai para o hospital lá, ele vai sendo monitorado pela higienização que é feita pela gente para que ele não infeste outro, entendeu? Aqui é correto, como disse a Gerlane, as estantes estão no padrão certo, se esses livros fossem todos livros em bom estado talvez não tivesse nenhum outro que viesse com problema novo, entendeu? Mas a importância de continuar também aqui é porque você nunca sabe quando pode surgir alguma infestação por inseto ou por algum fungo que tem em um e passar para o outro.
Quais os procedimentos realizados durante a higienização?
Gerlane Santos Fontenele: A gente tira da estante, aí usa o aspirador aqui nas bordas do livro, mas o correto mesmo é porque aqui é um acervo com muitos livros, aí a gente só tem um mês para fazer isso, né? Que é o mês das férias, que sempre tem visita, mas o correto é mandar para o laboratório e lá ser higienizado com a trincha folha por folha aí a gente faz isso porque como a quantidade é alta para fazer essa higienização, para descobrir alguma coisa assim.
Essa é como se fosse uma limpeza mais superficial, né?
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Gerlane Santos Fontenele: É, é uma coisa assim mais simples como abrir o livro. A gente está fazendo agora com as trincas, abrindo. Já lá no restauro, tem vezes que a gente leva que precisa lixar e a gente usa a lixazinha nos que estão mais encardidos.
Quando vocês passam a lixa é só para tirar o encardido ou também é para tirar algum mofo, bactéria?
Gerlane Santos Fontenele: Não, a lixa é mais no dorso. Porque assim, o livro antigo, uma obra rara, ela não pode ser refinada que nem o livro novo que é da biblioteca que vai para nós. Nós refinamos todos, troca a capa, vai uma capa velha e a gente troca por outra nova. Nesses aqui não, a gente tem que manter a original e aí usa só a lixa que não prejudica em nada e o livro quanto mais velho mais a lixazinha é leve para não prejudicar.
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