ANTi: A era das incertezas
Cinema baseado na literatura
BEYONCÉ CHAVE DA CONSCIÊNCIA COLETIVA?
PRINCE E TODO O SEU REINADO
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o ano de 2016, a cultura pop teve a sua segunda grande perda. Depois da morte de David Bowie em fevereiro, Prince tem sua morte anunciada no dia 21 de abril de 2016. O pop está abalado com a perda da sua última pilastra de representantes masculinos. Primeiro foi Michael Jackson, em 2009, aos 50 anos. Somente em 2016, em menos de 3 meses, as duas maiores lendas restantes da cultura pop foram embora, deixando os seus enormes legados para a música. David Bowie, aos 69 anos e Prince, aos 57. Michael recebeu e ainda recebe diversas homenagens vindas e fãs e outros artistas, já Bowie teve a oportunidade de ser homenageado em premiações, como o Grammy, na qual Lady Gaga fez uma performance em parceria com a Intel, fabricante de processadores e componentes de informática. Mas a morte de Prince pareceu ter sido abafada, artistas somente postaram imagens e curtas mensagens nas redes sociais. Apenas fãs “comuns” pareceram realmente se comover com a repentina ida do ídolo. Tamanha modéstia não condiz com o ícone que o artista foi e sempre será. Prince era um gênio, um artista completo, que não tinha medo de ousar e expandir sua arte e criatividade para qualquer tipo de mídia. O artista que fazia majestosamente tudo o que se propunha a fazer, sempre beirando a perfeição e recebendo sempre a reconhecimento por isso. Cheio de clássicos no currículo, o cantor teve vários álbuns importantes para a história da música, tais quais 1999, Around The World In A Day, Sign ‘O’ The Times e o mais conhecido, Purple Rain, um marco da cultura pop, premiado com 2 trofeus do Grammy e um Oscar de Melhor Canção Original por Purple Rain (single do álbum homônimo), em 1985, por ser trilha sonora do filme, também homônimo, que marcou a estreia do artista no cinema. Prince Rogers Nelson vendeu mais de 100 milhões de discos durante sua carreira de cerca de 40 anos. Sempre com o domínio total de sua carreira. O cantor não inovou tanto na presença de palco, mesmo sendo um intérprete brilhante e exímio dançarino, e na estética visual, como David Bowie. Mas em todo o processo de composição, instrumentação – ele era um multi-instrumentista impecável - e recursos artísticos na produção das músicas e dos discos, despejava todo o seu talento e superou facilmente o camaleão do pop. Mesmo com seu visual masculino andrógino, Prince não gostava de aparecer na mídia e valorizava suas raízes negras, as fazendo valer nas suas músicas. Além de fazer sua música maravilhosamente bem, ele ainda conseguia ser um hitmaker sem perder a qualidade de produção. Passeou por diversos estilos de música - como funk, R&B, soul, jazz, rock, hip hop e até eletrônica -, produzindo de forma competente em todos eles. Ele parecia ter a receita secreta de como fazer uma música se tornar memorável.Mais recentemente, ele lançou os discos HITnRUN Phase One e HITnRUN Phase Two, pelo seu selo NPC Records. Seja pela genialidade ou pela atitude, Prince mudou o cenário da música. Memorávél não descreve o que ele é e foi. Ele é mais do que isso. Sua arte e seu legado estarão sempre vivos na história da música, influenciando artistas de diversos gêneros. Um artista completo, um gênio, um popstar – Prince fará falta eternamente.
Uma homenagem da IT Magazine, Descanse em paz, Prince.
7 de Junho, 1958 21 de Abril, 2016
ANTi: A era das incertezas Por Andrew Lucas Quando Rihanna lançou What Now, último single do seu penúltimo álbum, Unapologetic, jamais se esperou que ela fosse demorar tanto a lançar algo novo. Acostumada a lançar seus álbuns anuais – geralmente, tinha um espaço de um pouco mais de um mês entre o lançamento do último single do álbum anterior e o primeiro do seguinte-, provavelmente para cumprir contrato, Rihanna deixou todos os seus fãs e admiradores surpresos com a pausa sem precedentes. Quem quisesse ouvir algo dela, deveria ouvir seus 7 álbuns, lançados ao longo de mais ou menos 7 anos, ou ouvir The Monster, música do Eminem com participação da cantora lançada na época. A música deu um pontapé para a The Monster Tour, em que Rihanna e Eminem revezavam o palco. A cada passo que a cantora dava, se especulava algo sobre o futuro dela na música. Ao anunciar o seu envolvimento na trilha sonora de Home (Cada Um na Sua Casa, no Brasil), esperou-se que ela lançaria algo próprio na mesma época. Em novembro de 2014, Rihanna reativou sua conta no Instagram, de onde havia sido advertida por postar fotos que infringiam as regras do site. Parecia um sinal, ela reativou sua rede justamente em novembro, mês que ela costumava lançar seus álbuns para alcançar a Black Friday e garantir uma boa primeira semana. Em dezembro, ainda em 2014, a cantora barbadense convidou fãs para gravar um vídeo em Paris. A gravação ocorreu normalmente, mas o vídeo jamais foi visto. Porém, já se sabia que algo estava por vir. Ainda mais que ela já havia postado trechos de músicas no seu Instagram em sessões no estúdio. Chega 2015, um pouco mais de dois anos após o lançamento do seu último álbum. Muitos rumores borbulhavam pela internet e havia a dúvida: seria um novo álbum de estúdio ou uma coletânea em comemoração aos 10 anos de carreira? Não se sabia. No dia 26 de março de 2015, Bitch Better Have My Money viu a luz do dia e agradou os fãs e o público geral, mesmo não sendo o que se espera de Rihanna. Mas, como nem tudo é perfeito, a divulgação da música foi escassa e ela não conseguiu se segurar nos charts. Em 5 de abril, American Oxygen chegou a internet, o terceiro single do disco chegou antes mesmo de se saber o nome do álbum. A música trata de temas sociais e a imigração, com um clipe que mostra imagens tocantes ao fundo.
O resto do ano de 2015 resumiu-se em cobranças, expectativas, desistências e silêncio. Rumores indicavam que Rihanna e Kanye West se desentenderam e o rapper deixou de ser diretor artístico do álbum, fazendo com que a cantora descartasse as músicas prontas em que ele estava envolvido. Em meio aos rumores, misteriosamente cancelarem a turnê conjunta que já estava nos últimos ajustes, faz sentido. Quando Rihanna veio ao Rock in Rio 2015, era pra estar fazendo a turnê de divulgação do disco que já deveria ter sido lançado na época e não foi, acabou trazendo um fiasco em forma de show e passando vergonha em rede nacional com tamanha falta de produção e amadorismo. O retorno de Rihanna aos palcos ocorreu de forma tenebrosa, com iluminação somente baseada em uma luz vermelha que acabava com qualquer chance de ver a cantora no palco, sem contar os outros erros primários, lamentável. Em outubro, a contora marcou um evento na Galeria Mama, em Los Angeles, na qual revelou a capa feita por Roy Nachum e o título do álbum: ANTi. Ao ser perguntada o motivo da escolha do titulo, ela explicou: "Anti: uma pessoa que se opõe a uma determinada política, atividade, ou ideia.”. A data de lançamento não foi anunciada, mas como já era característico, esperavam o lançamento na semana da Black Friday, não foi dessa vez. Em novembro, Rihanna liberou o site ANTIdiaRy, que lançaria vídeos promocionais sobre o álbum em parceria com a SAMSUNG. A parceria custou U$25 milhões aos cofres da marca e renderia patrocínio para o disco e sua respectiva turnê, que viria a ser anunciada em novembro, antes mesmo do anúncio do lançamento do CD. O ANTIdiaRy foi composto por 8 vídeos e era baseado em uma espécie de casa com 8 cômodos, que supostamente significavam cada uma dos 7 albuns lançados e o oitavo que estava por vir. O suposto conceito foi decifrado por fãs, mas jamais houve confirmação por parte da cantora e sua equipe. Depois de tantos anúncios de capas de revistas, linhas de roupas, desfiles e afins, chega ao fim a mais desastrosa campanha de marketing de um disco. No dia 28 de janeiro de 2016, depois de varias datas especuladas que jamais se concretizavam, ANTi chega à internet. O “lançamento” se deu por meio de um suposto vazamento acidental no TIDAL, plataforma de streamings de Jay-z, em que Rihanna é acionista. Como primeiro single foi escolhido Work, uma parceria de Rihanna e Drake, este ultimo estava em alta devido ao sucesso de Hotline Bling nas paradas americanas. A música é cantada com o sotaque barbadense/caribenho e tem como ritmo o dancehall, utilizado bastantes em albuns anteriores da mesma.
A ANTi Tour iniciou-se dia 12 de março de 2016 e está com lotação e arrecadação abaixo do esperado. De acordo com dados do Boxscore da Billboard, Rihanna não conseguiu lotar nenhum show. A produção é minimalista e sem muitos adereços. Seu palco tem o branco como cor predominante e os figurinos são em tons de preto, cinza e branco. A surpresa fica pela passarela flutuante em que Rihanna passa por cima do público para chegar no palco principal. A setlist foi feita priorizando o álbum que intitula a tour e musicas antigas como Whats My Name e Only Girl foram deixadas de fora.
| Impressões sobre o ANTi: O álbum tão esperado pelos fãs de Rihanna chegou a internet de repente e a surpresa causou uma euforia e tanto nas redes sociais. As opiniões divergiam: uns consideravam o melhor álbum da cantora e outros consideravam o pior da carreira. O fato é que o disco não é fácil de engolir, principalmente pelo que Rihanna costumava lançar, hit atrás de hit. O CD foi considerado por fãs fervorosos como uma obra prima e todos eram obrigados a terem a mesma opinião, a não ser que quisessem ser chamados de pessoas com gosto musical ruim. A principal surpresa foi a falta de FourFiveSeconds, Bitch Better Have My Money e American Oxygen, que mesmo sendo lançadas como single, não entraram no álbum, ficando somente como singles avulsos. Além disso, um ponto forte percebido no CD foi a suposta descrição de personalidade da intérprete, sendo considerado um álbum pessoal, que mostra a todos quem é a verdadeira Rihanna. Musicalmente? Talvez, mesmo que haja um batalhão de compositores e produtores pop envolvidos, enquanto Rihanna aparece sempre nos últimos lugares nos crédito. Visualmente? Provavelmente não. A capa feita por Roy Nachum lembra bastante a estética conceitual que o inicial parceiro de Rihanna no álbum, Kanye West, costumava fazer. De cara, nenhuma música parece ser acessível, com exceção de Work. As temáticas das músicas parecem ser somente 4: homens, sexo, bebidas e drogas. Todas as músicas citam pelo menos 3 desses temas, as composições parecem as mesmas, são totalmente rasas e não condiz com a suposta qualidade e título de obra prima que tentam enfiar a todo custo. O disco possui 13 faixas, entre interlúdios e músicas. Algumas conseguem se destacar entre as outras, são elas: Kiss It Better, Desperado, Same Ol’ Mistakes e Never Ending. Consideration dá o primeiro passo da experiência do ANTi, onde a cantora parece mandar um recado para alguém em “Tenho que fazer as coisas do meu jeito, meu bem”. Com participação de SZA, uma cantora negra norte-americana, a faixa é interessante e o refrão cantado pela parceira deixa a música agradável de ouvir, talvez não funcionasse tão bem se fosse uma música solo de Rihanna. O destaque vem nos versos “Me deixe cobrir sua merda com glitter / Posso transformá-la em ouro”, que temporariamente dão o ápice e uma diferenciação na música, mas logo volta ao normal. Em seguida vem James Joint... Próxima. Depois de um interlúdio sem sentido, vem a primeira surpresa do CD, Kiss It Better. Uma deliciosa experiência musical, com leves riffs de guitarra ao fundo, a música é totalmente suave e agradável de ouvir, sem precisar de um grande refrão. Rihanna mostra que não quer se livrar do rótulo de popstar, mesmo não apostando em uma música com o óbvio, é possível notar a intenção de hit para a música. A suavidade da música anterior é quebrada com sua sucessora, Work, que de cara já mostra as raízes caribenhas, ainda mais com o sotaque carregado da intérprete. Mesmo com a suposta personalização das raízes de Rihanna na música, não dá pra sentir personalidade dela na canção, parece algo moldado por produtores ou a utilização de demos que passam de mão em mão até serem aceitas por alguém. A música não tem um ápice e se destoa no meio das outras músicas, porém, cumpre bem sua função: fazer dançar.
O segundo acerto do ANTi vem na quinta faixa e ele se chama Desperado. A canção é sombria e tem um lado agressivo, a letra consegue mostrar isso perfeitamente bem em união com o instrumental. A experiência com a música nos faz perceber que a personagem da música está em um relacionamento com um criminoso do velho oeste. Não é preciso o uso de elementos específicos para remeter à cena. O refrão é grudento e deixa uma boa impressão. Woo... Desagradável, não funciona bem e não dá para entender o que está fazendo ali. A música não funciona e é barulhenta, tornando-a profundamente insuportável. Poderia ser substituída por Bitch Better Have My Money sem pensar duas vezes. Já Needed Me é uma boa música, mas não chega a ser um ponto forte no meio das outras, é uma música que poderia ser gravada por qualquer outra cantora. É bem produzida e agradável, diferente da anterior, tendo mais letra do que parece. Funciona bem no álbum e não quebra a fluidez. Yeah, I Said It foi produzida por Timbaland e é uma boa faixa R&B, que remete a algumas outras músicas do estilo. Olá, Tinashe! Same Ol’ Mistakes... Incrível! A atmosfera da música combinou totalmente com Rihanna. A canção é um remake/cover de New Person, Same Ol’ Mistakes e foi elogiada por Tame Impala, compositores e intérpretes da versão original. É um pouco longa com seus 6:37, mas consegue segurar o álbum. A canção mostra o viés artístico do ANTi e sua presença nele é completamente Never Ending é uma linda canção, possui um frescor incrível com o seu instrumental leve e acústico, remete a um belo e tranquilo dia, mesmo que a letra não retrate isso. “Caí em um perigo que eu nunca vou entender / Este sentimento sempre vai embora / Desejando que eu pudesse aguentar por mais tempo”, definitivamente não retrata. A música possui sample de Thank You da Dido e mostra uma Rihanna mais vulnerável. Love On The Brain traz de volta a lembrança de Amy Winehouse com seu viés soul e é mais uma delícia de música, merece estar onde está. Já Higher, com seus 2:00, mostra Rihanna arriscando seus vocais sem medo de ser feliz. Close To You, a última música do disco, é onde a cantora abre seu coração de forma um pouco mais vulnerável que Never Ending. Uma bela música que encerra a experiência do disco e deixa um gostinho de quero mais. O CD pode ser considerado incrível, mesmo com seus altos e baixos. Algumas músicas poderiam ser consideradas fillers em outros álbuns, é verdade, mas no ANTi elas funcionam bem. ANTi é desafiador, é preciso mastigá-lo com calma para entendê-lo, cativa sem precisar do óbvio. A cantora mostrou que faz o que quer e se atreveu a fazer, além disso, deixa exposta a vontade de seguir caminhos diferentes. As falhas da era não tiram o seu mérito e é totalmente compreensível dizer que a espera valeu a pena.
Cinema baseado na literatura Por Alexssandro Souza Não é de hoje que a literatura serve como base para a sétima arte, e que personagens como Harry Potter e Gandalf se tornaram inspiração para seu público, pensando nisso, fizemos um breve resumo sobre as duas obras. Harry Potter surgiu de um antigo sonho de J. K. Rowlink, divorciada e desempregada viu no seu fracasso uma oportunidade, durante uma viagem longa de trem em 1990. O primeiro livro da saga do menino bruxo foi lançado em 1997, assim, mudando totalmente a vida de Rowlink e de milhares de jovens espalhados pelo mundo. O mesmo aconteceu com os filmes, de 2001 até 2011 o público pôde acompanhar o crescimento e as transformações dos jovens atores e de cada personagem nas telas do cinema e isso foi algo muito incomum. Até hoje Harry Potter consegue somar fãs numerosos que não param de crescer ao redor do globo. Senhor do Anéis foi encomendando como uma continuação de O Hobbit, J. R. R. Tolkien transformou Senhor dos Anéis em algo épico. Com 150 milhões de cópias o livro, volume único, com base na mitologia e fantasia foi transformando em trilogia para encantamento dos fãs. O livro é o segundo Best-seller mais vendido do mundo. Vários outros autores tiveram seus livros adaptados como por exemplo: John Green com A culpa é das estrelas, Cidades de papel e burburinhos de que “Quem é você Alaska? ” está pra surgir nas telonas em breve; Cressida Cowell com a sua série juvenil de 12 livros “Como treinar o seu dragão”; Nicholas Sparks que teve 11 dos seus livros adaptados para o cinema entre tantos outros. Na real, o público gosta das adaptações? Você gosta de adaptações? Thalita Lima, estudante de Jornalismo gosta de assistir, fica animada, mas, critica sempre e ainda questiona: ” isso não tinha no livro, o livro foi melhor”. A estudante gosta quando
é investido nos detalhes, para ela ali está a essência do filme ” as vezes sem os detalhes o filme fica muito superficial, o livro tem uma profundidade e o filme fica raso. ” Apontou. A adaptação que Thalita mais aprovou foi o Senhor dos anéis. Já para Mariana Madeiro, estudante de Relações Públicas poucas adaptações lhe agradaram “meu problema é quando mudam muito a história”, salientou a estudante. A adaptação que Mariana aprovou foi Noites de Tormenta, por achar fiel ao livro. Thyeres de Medeiro, estudante de jornalismo, concorda com Mariana e geralmente não gosta das adaptações por alteram detalhes importantes do filme “algumas vezes são detalhes não relevantes para história. Outras, grandes mudanças de roteiro são feitas e isso não me agrada”, pontuo o estudante. A adaptação que mais agradou Thyeres foi A culpa é das estrelas, apesar de alguns detalhes alterados. Filipe Lima, estudante de administração também não gosta das adaptações, mas entende que é impossível em um curto espaço de tempo passar os detalhes que o autor colocou no livro, “não tem como você pegar tudo que tem no livro colocar no filme e agradar todo mundo” salientou. Para Filipe a adaptação que mais agradou foi Harry Potter.
Mahriana Figo, estudante de Relações Públicas acha que o problema não são as adaptações, mas a expectativa de quem consome esse tipo de produto, “a maioria das adaptações não tem intenção de seguir à risca todos os detalhes de um livro, porquê dessa forma não surpreenderia ninguém” o único quesito que a estudante cobra é a coerência. A adaptação que agradou Mahriana foi Harry Potter “porque HP é vida”, confirmou. Percebemos nos comentários dos entrevistados que seja fiel ou não eles vão, com certeza, conferir as adaptações. (ou tentar)
Adaptações que estão chegando: A Cabana de William P. Young. Livro da editora arqueiro que fala sobre um homem que teve sua filha sequestrada e que entrou em conflito consigo mesmo por nunca ter encontrado o corpo da sua caçula, que sinais apontam que ela teria sido assassinada e violentada em uma Cabana nas montanhas, o pai afirma ter passado um final de semana com Deus e teve uma linda lição de vida. O filme já tem ano de lançamento (2016) e elenco preparado para dar vida a Papai, Sarayu, Mack e Jesus e vários outros personagens.
Extraordinário de R. J. Palácio. Livro da editora intrínseca que fala sobre um garoto que nasceu com uma síndrome cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe fez passar por diversas cirurgias e complicações médicas. August nunca frequentou a escola e o livro fala sobre as dificuldades de aceitação e adaptação que o garoto passa. O filme ainda não tem ano para o lançamento mas o elenco já começou a ser separado, principalmente que interpretará Auggie.
Beyoncé: Chave da consciência coletiva? Por Angélica Reis 24 horas antes da apresentação na quinquagésima edição do Super Bowl, o mundo foi arrebatado por Beyoncé: com o clipe de Formation, ela agregou empoderamento feminino, homenagem às raízes negras e crítica à misoginia na indústria musical. Tudo de uma só vez. O recado foi incisivo o bastante para que críticos captassem “Formation” como extensão da mensagem do álbum anterior, Beyoncé (2013), alcançando um nível maior, mais sério. A bandeira foi fixada e cravada. Logo após, veio o espetáculo no intervalo que possui a maior audiência televisiva nos Estados Unidos. O momento que deveria ser de Coldplay voltou-se para uma performance inesquecível de Formation: dançarinas fantasiadas de Panteras Negras (que completa 50 anos de existência) e a movimentação em X como referência ao ativista negro Malcolm X, arrematando com participação especial de Bruno Mars, culminou em um destaque que talvez nem ela presumisse. Opositores não tardaram a aparecer: há, até mesmo, uma organização anônima requisitando que, ao longo da transmissão da final da NFL, as pessoas mostrem resistência ao racismo
de Beyoncé – como se o enaltecimento de uma cultura desde sempre oprimida pudesse ser utilizada como argumento para um irreal racismo contra brancos, ou racismo reverso. Beyoncé não é a primeira nem será a última a levantar de modo crítico o legado e a fragilidade de ser negro numa sociedade que protege e prioriza os brancos. Uma das representações mais marcantes do clipe de Formation, na qual uma viatura policial se imerge, tem seus contemporâneos hodiernos – como os clipes de “Alright”, de Kendrick Lamar; “Close Your Eyes (And Count to Fuck)”, de Run the Jewels e Zach de La Rocha; e “Baltimore”, de Prince. Todos eles referem-se à violência policial que canalizou as discussões acerca do preconceito racial nos Estados Unidos. A rebelião do comunicado/revolta de uma artista da relevância de Beyoncé é algo com que iremos nos deparar voluntariamente, tanto nas redes sociais quanto nas notas de jornal nas semanas posteriores. Nos dois últimos álbuns, Beyoncé inseriu orgulhosamente as mensagens sobre o padrão que representa: mulher, mãe, negra, que trabalha com a beleza, bem-sucedida e com o saber debatido a todo momento.
LEMONADE
vem com toda essa questão na bagagem. Expressa que o progresso de Beyoncé vai além de cifras, visto que ela concebeu hits pops pegajosos cujas batidas de synths promovem a importância do que ela tem a dizer, com saturações, repetições, silêncios e arpeggios. O que mais surpreende em LEMONADE, contudo, é notar como o álbum está paulatinamente atrelado à obra dela. Não há nada inédito ou muito incomum: o conteúdo promocional porventura crie um produto de relevância que poucos observariam se o álbum fosse lançado à parte, sem clipes (que ela dirige) e sem show no Super Bowl. Surge a questão: seria LEMONADE uma mensagem ativista, ou apenas um proveito no assunto do momento? Quando se menciona música, artista e obra se mesclam, são uma combinação. É um raciocínio simples de compreender: não tem como lembrar de Beyoncé e esquecer de sua trajetória que vai do megahit Crazy in Love, passando pelas coreografias atrevidas de I Am… Sasha Fierce (2008), o upgrade em seu estilo musical, de 4 (2011), e os múltiplos aspectos de sua persona, detalhada em Beyoncé. Nesse contexto, para quem não acompanha ou não é fã da superstar, ver Beyoncé e ativismo na mesma sentença soa contraditório, porque sua carreira também inclui canções frívolas e rimas previsíveis, justificativas utilizadas para anular a força de seu recado. Do mesmo modo que a natureza humana, a obra artística evolui. Separar atos bobos, estratégias de marketing e produções rasas comprovam a falta de maturidade da nossa lógica, não da cantora. O fundamento de LEMONADE é discutível, mas apoiar-se em pressupostos que liguem a imagem da artista a estereótipos, como tentativa de diminuir o mérito de seu trabalho, mostra uma certa obstinação em admitir que aquela artista que você censura toda vez que passa na TV seja mais inteligente do que se julgava. Ou, em outras palavras, achar que é simples para uma artista como ela dizer o que disse em LEMONADE. Algo que também é preciso, mas que não serve como contra-argumentação. A mensagem é a mensagem, e ela não concerne ao indivíduo; após divulgada, a música torna-se do mundo. Em LEMONADE, assim como em outros períodos de sua carreira, Beyoncé fez com que a dimensão do broadcasting parasse pra pensar e compreender o ofício de uma verdadeira estrela do pop. Pouco interessa se ela está certa ou errada – ela moveu a discussão à frente, e isso é mais importante que os milhões que certamente virão depois.