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A vida nos internatos

Fim da vida familiar

O governo do Canadá acreditava que as crianças indígenas deviam ser tiradas de suas mães e pais antes de “aprenderem a ser selvagens como os pais”. Após um tempo, não havia mais nenhuma criança onde os indígenas viviam, que eles pudessem abraçar e cuidar.

Enviadas para a morte

Já em 1907, jornais no Canadá escreveram que as crianças “morriam como moscas” nos internatos. Elas morriam de tudo, desde doenças pulmonares até desnutrição e acidentes no local de trabalho e incêndios. Muitas pessoas sabiam o que estava acontecendo, mas quase ninguém, nem políticos nem pessoas comuns, fez algo para impedir.

Alex

Muitos dos professores eram padres, monges e freiras, que cristianizavam as crianças e as faziam esquecer sua fé tradicional. Nos últimos anos, o Papa, a Igreja Católica em geral e muitos outros líderes religiosos pediram desculpas por todo o mal que causaram. Nem todos aceitaram as desculpas

Muitas crianças foram forçadas a trabalhar duro, pois as escolas não tinham dinheiro.

Tentou fugir

Chanie Wenjack tinha doze anos quando fugiu de seu internato com dois amigos, em 1966. Alguns diziam que Chanie queria encontrar seu pai. Que ele se sentia sozinho. Acredita-se que a irmã de Chanie tenha fugido após ser agredida sexualmente.

Era comum as crianças fugirem dos difíceis internatos. Fugir era perigoso. Os capturados eram severamente punidos. Aqueles que conseguiam escapar, muitas vezes se feriam em acidentes ou sofriam queimaduras de frio, o que cau- sava a perda dos dedos das mãos e dos pés. Muitos morriam.

Chanie e seus amigos caminharam durante oito horas no primeiro dia. Eles dormiram na cabana da floresta do tio de um dos seus amigos. No dia seguinte, eles continuariam em direções diferentes. O tio aconselhou Chanie a seguir os trilhos do trem e pedir comida aos trabalhadores ferroviários ao longo do caminho.

Após algum tempo, a temperatura caiu ainda mais, e começou a nevar. Chanie congelava numa jaqueta de tecido fino e não tinha comida, apenas

O médico protestou

Peter Henderson Bryce era um médico que, em 1907, foi enviado pelo governo para inspecionar os famigerados internatos para crianças indígenas. Ele ficou chocado, e escreveu um relatório sobre os edifícios superlotados que causavam doenças mortais, as quais se espalhavam na velocidade da luz entre as crianças magras e esgotadas. O médico também fez uma lista de tudo que devia ser feito para salvar vidas. Mas o governo não quis ouvir. Em vez disso, deu ainda menos dinheiro às escolas. O médico foi proibi- do de falar sobre o que viu e, mais tarde, foi forçado a deixar o emprego. Então, o médico escreveu um livro, “Um crime contra a nação”, no qual provava que a morte das crianças era culpa do governo e das igrejas. No entanto, por várias décadas, o governo continuou a enviar crianças para as escolas insalubres. Hoje, Peter Henderson Bryce é visto como um herói. Ele defendeu os direitos da criança quando quase ninguém mais queria ou ousava fazê-lo. alguns fósforos em uma jarra de vidro. Ele sobreviveu por 36 horas. Quando o corpo de Chanie foi encontrado, próximo aos trilhos do trem, isso atraiu muita atenção no Canadá. Pela primeira vez, os políticos foram obrigados a fazer uma investigação adequada sobre a forma como os internatos tratam as crianças indígenas.

Tentativa de extinção

Peter Hederson Bryce é um exemplo importante para Cindy. Ela costuma visitar seu memorial e túmulo. Na caixa de correio laranja, as crianças podem deixar recados e desenhos para o médico

Depois que o país Canadá foi criado, em 1867, o governo estabeleceu uma “Lei Indígena” e um “Departamento Indígena” para controlar os povos originários. A partir de 1920, as escolas eram obrigatórias para crianças indígenas com idades entre 5 e 15 anos, e muitas comunidades indígenas ficaram quase completamente sem crianças. Por mais de 100 anos, 150.000 crianças foram enviadas a internatos administrados por igrejas, em nome do governo. Aqui, as crianças deviam aprender “o jeito de ser e pensar do homem branco”. As crianças recebiam nomes ingleses ou franceses. Elas não tinham permissão para falar seu próprio idioma ou ter orgulho de sua cultura. Como os internatos recebiam muito menos dinheiro do que outras escolas no Canadá, havia escassez de tudo, desde comida até remédios e livros escolares. Muitas crianças adoeciam e morriam. Deste modo, o Canadá tentava acabar com a cultura indígena, ou erradicá-la. Porém, apesar de toda a mágoa e tristeza que causaram, eles não tiveram sucesso. Os povos indígenas permanecem e lutam por seus direitos e por um futuro melhor.

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