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Thích Nu Minh Tú
Minh Tú é nomeada por sua luta de quase 40 anos pelas crianças órfãs e crianças que não podem crescer com suas famílias.
O DESAFIO
No Vietname, as pessoas ainda sofrem as consequências de várias décadas de guerra. Muitos perderam tudo que possuíam e ficaram feridos e adoeceram por bombas e armas químicas. Minh Tú cresceu durante a guerra, e viu como a violência causou grande miséria, fome e milhões de crianças órfãs. Hoje, a pobreza, as inundações, os acidentes e as decisões dos pais, fazem com quem as crianças fiquem órfãs ou sejam abandonadas.
O TRABALHO
Minh Tú apoia as crianças que vivem no pagode Duc Son com segurança, amor, remédios e brincar. Muitas recebem ajuda com certidões de nascimento e nomes para poder começar a estudar. Elas recebem material escolar, uniformes e auxílio para estudos superiores. Crianças com deficiências recebem apoio especial. Quando possível, recebem auxílio para se reunir com suas famílias. Minh Tú quer que todas as crianças aprendam a respeitar umas às outras e a serem elas mesmas.
Resultados E Vis O
Por 40 anos o pagode Duc Son cuidou de 150 a 250 crianças anualmente. Todas podem ficar até que sejam adultas e possam se defender sozinhas. Elas são vistas como plantas que, se pegarem sol e água todos os dias, podem se transformar em árvores que fornecem sombra e nutrição para os outros e entre si.
– As crianças são minhas plantas, às quais dou sol e rego todos os dias, para que se transformem em árvores que deem sombra e alimento para outras pessoas. Tenho mais de 70 anos, mas ainda me sinto uma criança. Deve ser por isso que as amo tanto, diz Minh Tú. As experiências terríveis durante a guerra do Vietname fizeram com que ela se tornasse uma monja budista e dedicasse sua vida a ajudar crianças vulneráveis.
Minh Tú cresceu durante uma guerra no Vietname, que durou várias décadas. Primeiro, muitos no Vietname do Norte haviam lutado por quase dez anos contra a França. Depois disso, o país foi dividido em Vietname do Norte e Vietname do Sul, e teve início uma guerra de 20 anos na qual os Estados Unidos ajudaram o Vietname do Sul. No final, a guerra foi vencida pelos norte-vietnamitas.
NOSSOS DIREITOS!
Consegue se tornar monja
A cada duas semanas, a família de Minh Tú ia a um mosteiro budista, um pagode, para rezar. Minh Tú adorava o lugar por ser tão pacífico. Caso contrário, todos só falavam sobre guerra.
Um dia, Minh Tú disse aos pais que queria ser monja.
– Não, não pode, disse o pai.
– Por que não? Eu gosto tanto de estar lá, disse Minh Tú.
– Você sabe que é preciso estudar muito para ser monja, respondeu a mãe.
– Sim, mas gosto de ler, afirmou Minh Tú.
Ela continuou insistindo e estudando muito em casa. No final, os pais disseram que ela devia abandonar a escola por-
Minh Tú contribui como agente de mudança para cumprir os direitos da criança e atingir as metas globais, como: que ela só estudava o tempo todo.
Meta 2: Sem fome. Meta 3: Boa saúde e bem-estar.
Meta 4: Boa educação. Meta 10: Direitos iguais.
Minh Tú não desistiu. Ela pegava livros emprestados e continuava a ler e estudar em casa.
Após algum tempo, sua mãe disse que ela podia voltar a estudar.
– Seu pai e eu queríamos testá-la, se você estava falando sério, disse a mãe.
Minh Tú ficou muito feliz. Ela apostou tudo para tornar-se monja. Em breve, suas duas irmãs mais novas conta- ram que também queriam ser monjas.
As crianças órfãs
A guerra agora se aproximava da cidade natal de Minh Tú, Hué, que ficava bem na fronteira entre Vietname do Norte e Vietname do Sul. Quando a luta pela cidade começou, em 31 de janeiro de 1968, Minh Tú, então com 21 anos, se ofereceu para ajudar pessoas feridas e afectadas. Ela aprendeu sobre saúde e a conversar com aqueles que perderam suas famílias.
Quando a batalha termi- nou, em 3 de março de 1968, a cidade de Hué estava em ruínas. Dezenas de milhares de pessoas foram mortas, e muitas crianças perderam os pais. No ano seguinte, Minh Tú passou no exame para tornar-se monja. Ela foi colocada em um dos maiores pagodes da cidade, no subúrbio. Uma de suas primeiras tarefas foi ajudar a cuidar das centenas de crianças que viviam no orfanato do pagode e que perderam os pais durante os combates. Fora do pagode, a guerra continuou por mais seis anos.
É assim que Minh Tú trabalha pelas crianças
• Acolhe crianças órfãs e cujos pais não podem cuidar delas.
• Dá às crianças amor, comida, roupas, remédios e a oportunidade de brincar.
• Garante que as crianças recebam certidões de nascimento, nomes e uma oportunidade de frequentar a escola.
• Ajuda crianças com deficiências a obter os auxílios e apoio de que precisam.
• Paga a educação das crianças até a universidade, inclusive.
• Distribui material escolar e uniforme escolar para as crianças.
• Ensina todas as crianças a nadar.
• Compra uma moto para as crianças que têm que trabalhar ou fazer faculdade longe do pagode.
• Ajuda as crianças cujos pais desapareceram a tentar encontrá-los.
As monjas ajudavam no hospital da cidade e visitavam pessoas em bairros e aldeias bombardeadas. Elas lhes davam comida, água e cuidados médicos. Elas ajudavam as pessoas que fugiam de combates em outros lugares. Muitas pessoas haviam perdido tudo. Minh Tú rezava todos os dias pelo fim da guerra. Ela não queria ver mais guerra e miséria.
Fim da guerra
Quando a guerra terminou, em 1975, o país foi unido. Muitas bombas e minas foram deixadas em campos e plantações de arroz. Muitos agricultores e crianças foram mortos ou gravemente feridos em explosões.
Como as crianças recebem seus nomes Muitas das crianças que chegam ao orfanato do Pagode Duc Son não têm nome. Ao solicitar certidões de nascimento e documentos de identidade junto às autoridades locais, as monjas escolhem o nome de cada criança de acordo com sua personalidade. Por exemplo, Thien significa “Boa pessoa”.
Durante a guerra, os EUA pulverizaram grandes partes do país com um pesticida chamado Agente Laranja. Esse veneno fez muitas pessoas adoecerem ou morrerem. Crianças nasciam com deficiências graves em decorrência do veneno, mesmo muito depois do fim da guerra.
Para Minh Tú, o fim da guerra significou que ela teve que se mudar. A monja superior de seu pagode queria que Minh Tú seguisse seus passos.
– Está na hora de você liderar outras monjas em outro pagode, disse a monja superior.
– Com prazer, quero continuar o trabalho que temos feito aqui, respondeu Minh Tú.
Foi assim que Minh Tú chegou ao pagode Duc Son, ao sul da cidade de Hué. Nos primeiros anos, Minh Tú trabalhou com as monjas do Duc Son visitando pessoas pobres nas aldeias vizinhas. As monjas davam alimentos e remédios aos aldeões. Elas ajudavam agricultores que se feriam em explosões de bombas nos campos e, quando o grande rio Perfume inundou, as monjas apoiaram aqueles que perderam casas e colheitas.
Minh Tú frequentemente passava fome, porque dava quase tudo que tinha a outras pessoas que ela achava que precisavam mais de comida e dinheiro do que ela. A notícia de sua bondade e trabalho com os pobres se espalhou.
O orfanato é inaugurado
O orfanato que ficava no pagode onde Minh Tú havia morado foi fechado. O governo do Vietname declarou que não havia necessidade de um orfanato, o demoliu e construiu uma escola.
No campo, Minh Tú ainda encontrava muitas crianças órfãs. Às vezes, os parentes das crianças pediam que ela cuidasse das crianças.
– Não adianta, não temos