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“Release” Comunicados de imprensa Releases são documentos divulgados para informar, anunciar, esclarecer ou responder à mídia sobre algum fato. É, na prática, uma declaração pública oficial. O texto do release deve conter uma linguagem clara, concisa e explicativa. Além disso, deve ter outro objetivo: servir como sugestão para matérias jornalísticas. Os resultados de um release bem escrito são variados, indo desde solicitações de informações para uma matéria jornalística, até uma entrevista com um membro ou representante da igreja. De acordo com Koppling e Ferrareto (2001)¹ “o release deve chamar a atenção pela sua qualidade, o que engloba o valor das informações, do texto e da sua apresentação visual. Dados ou opiniões irrelevantes, erros gramaticais ou rasuras são, portanto, erros que devem ser evitados”.

Como escrever um release para mídia impressa O texto precisa conter um vocabulário simples, conciso e apresentar frases curtas para facilitar o entendimento. Caso o texto apresente sigla, é necessário explicar o seu significado. Segue abaixo um exemplo de release para a mídia impressa:

Mão solidária A ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) estará promovendo o curso “Como deixar de fumar em cinco dias”. O evento irá ocorrer no dia 22 de abril, às 20 horas, no auditório do colégio Unasp - Centro Universitário Adventista, em Engenheiro Coelho,SP. O evento contará com a presença do cardiologista Geovani da Silva, que explicará os malefícios do cigarro para o organismo, e da psicóloga Sandra Augusta de Lima. Os organizadores do evento são: Marlene Dias, responsável pela ADRA de Engenheiro

1. KOPPLING, Elisa e FERRARETO, Arthur. Assessoria de imprensa – teoria e prática. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto, 2001.

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Redação de texto | 183 Coelho, Gerson Viana, responsável por convocar os palestrantes, e Lilian Junqueira, secretária de Saúde de Engenheiro Coelho. O objetivo do curso é alertar as pessoas que sofrem os malefícios físicos, emocionais e sociais que o hábito de fumar causa.

Para mais informações entrar em contato com: Assessora de imprensa: Miguelli Lalalala, telefone (00) 0000 0000. E-mail: migui.lalala@gmail.com Site: www.mimimimimimi.com

Cuidado com os jargões adventistas Tome cuidado com as palavras “igrejeiras”. A maioria dos jornalistas não faz parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Não utilize palavras e expressões como “irmão”, “sábado do Senhor”, “culto divino”, “pastor departamental”, “pena inspirada”, “JA”, “foram batizadas 20 almas”, “DSA”, “campo”, etc. Evite utilizar frases como “minha igreja está promovendo um evento”. Como exemplo, troque esta frase por “vai ocorrer um evento onde cerca de mil jovens irão buscar formas de ajudar os moradores de rua”. Busque passar a informação fazendo uso da linguagem que já é comum ao jornalista.

“Lead” – mostrando o caminho O lead ou lide, aportuguesado, é o relato inicial da notícia. Vem da frase “to lead the way”, ou seja, “mostrar o caminho”. E é justamente o lead que abre o caminho para a leitura do texto; é através dele que a atenção e o interesse do leitor são despertados. Pode-se dizer que o Lead é a introdução da notícia; uma síntese inicial que procura responder às cinco perguntas básicas: O quê? Quem? Como? Quando? Onde? Redigido o lead, deve-se colocar os pormenores em ordem decrescente de importância, de tal maneira que, mesmo que se corte os últimos pormenores, o entendimento do fato não será comprometido. Portanto, o desenvolvimento da notícia depende da importância dos pormenores (em alguns casos, em fatos especiais, a notícia pode começar com o pormenor de maior surpresa).

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Procure usar parágrafos de quatro a, no máximo, oito linhas. A frase não deve ul-

trapassar três linhas. Desenvolva apenas uma idéia por parágrafo. Schopenhauer disse, certa vez, que “não pode alguém pensar, nitidamente, de cada vez, senão um pensamento”, e Edivaldo Boaventura arremata: “A arte de bem exprimir o pensamento consiste em saber ordenar as idéias.”

Perguntas do lead O quê? - O que aconteceu? O que foi dito? Quais são os fatos? É a pergunta mais importante. Sem ela, não há notícia e nada aconteceu. Quem? - Quem fez isso? Quem veio? Quem disse isso? Quem está nessa situação? Aqui se pergunta pelo protagonista, o autor do fato noticioso.

É preciso distingüir entre o protagonista ativo (o que faz) e o protagonista passivo (para

quem se faz). Exemplo: “A Divisão Sul Americana homenageou...”(ativo); “A Divisão Sul-Americana foi homenageada...” (passivo).

Obs.: A Divisão Sul Americana só tem relevância como “gancho” quando a notícia é des-

tinada ao público interno da Igreja. Quando se vai noticiar algo para o público externo, deve-se buscar um “gancho” que diga respeito às pessoas em geral e lhes chame a atenção.

Um bom exemplo de “gancho” ocorreu na cobertura da reunião mundial da Igreja Adven-

tista, realizada em Foz do Iguaçu, PR, em setembro de 1998.

Uma matéria veiculada na “Gazeta do Povo”, em sua edição de 29 de setembro daquele

ano, trazia como título: “Supercobertor pode ser usado em enchentes”. E o lead era o seguinte: “O Brasil vai ter mais um aliado para atender vítimas de enchentes, vendavais e catástrofes: o cobertor espacial. Feito com plástico, que conserva o calor e isola a umidade, o supercobertor pesa apenas 60 gramas, cabe na palma da mão e pode ser usado como maca, já que suporta o peso de uma pessoa. O produto está sendo adotado no país pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistencias, ADRA.” Depois de falar um pouco mais sobre o supercobertor, o repórter passa a descrever as atividades sociais da Igreja Adventista e menciona a reunião mundial. Difi-

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Redação de texto | 185 cilmente uma reunião de igreja evangélica despertaria tanto interesse, por mais importante que fosse tal encontro. Como? - Como se desenvolveu o fato? Em que circunstâncias? Com que meios? O como engloba dados mais detalhados, fala do processo, põe as “cores” no fato, coloca “carne nos ossos”. Quando? - Em que dia? Em que hora? Antes ou depois de quê? Para o leitor ou ouvinte popular é mais fácil entender quando a notícia se relaciona com uma data conhecida. Ex.: Ontem, amanhã, semana passada, após o culto... Onde? - Em que lugar? Aqui também é melhor buscar um “onde” que se relaciona com um lugar conhecido (especialmente quando for uma notícia para veiculação local). Exemplo: Nessa mesma região, na cidade vizinha, a três quadras da prefeitura...

Exemplo: Título: “Obama pede união acima de raças, religião e sexualidade para enfrentar desafios” Lead: Diante do memorial de Lincoln, e no mesmo local em que Martin Luther King fez o famoso discurso sobre a superação das diferenças raciais nos Estados Unidos em 1968, o presidente eleito Barack Obama fez neste domingo, em Washington, um apelo pela união dos americanos para superar os desafios, deixando de lado as diferenças raciais, religiosas e de sexualidade. Ele saudou a multidão, dizendo que todos eram bem-vindos à celebração da “renovação da América”, e afirmou que poucas gerações enfrentaram tantos desafios ao mesmo tempo, com a crise econômica e as guerras no exterior, mas disse que, juntos, os americanos poderão superar os problemas e manter vivo o “sonho dos fundadores do país” (Folha de S. Paulo, 18/1/2009). Como o lead aparece: O quê? – O presidente eleito Barack Obama fez um apelo pela união dos americanos para superar desafios, deixando de lado as diferenças raciais, religiosas e de sexualidade.

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186 | Pontes de Esperança Quando? – Neste domingo (ou seja, no dia em que a matéria foi publicada). Onde? – Em Washington, diante do memorial de Lincoln, e no mesmo local em que Martin Luther King fez o famoso discurso sobre a superação das diferenças raciais nos Estados Unidos em 1968. Quem? – O presidente eleito Barack Obama.

Resumindo: O lead deve, em outras palavras, fornecer as respostas às perguntas que o leitor faria (ou mesmo as que ele nem imaginou), dando a ele um vislumbre inicial e conciso do assunto em pauta.

1.

Que aconteceu de significativo?

2.

Por que aconteceu?

3.

Qual era o objetivo?

4.

Quem estava envolvido? Deve-se dar a identificação completa. Não há notícia

sem nomes. É preciso identificar a pessoa pelo seu nome completo na primeira vez em que

aparece no texto. Daí em diante, pode-se identificá-la pelo sobrenome, ou título/cargo.

5.

espectadores?

6.

Citações diretas e indiretas dão vida à reportagem.

7.

Quando o evento teve lugar?

8.

Como se desenvolveu o fato?

9.

Quais foram os resultados?

10. Que efeitos esse evento terá sobre a igreja, a comunidade, seus leitores?

11. Que houve de diferente, novo ou incomum? Deve-se tentar descobrir a razão

e o significado das coisas. Dar prioridade ao por quê.

Que foi dito – oficialmente e extra-oficialmente – pelos participantes e

Qualidades de um texto jornalístico

Um bom texto deve ter clareza, concisão, correção, conteúdo, conhecimento, compreen-

são, coerência, criatividade, coesão e, para sair do “c”, harmonia.

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Clareza - Sem frases intercaladas que complicam o entendimento:

Exemplo 1: (a) “Matar um rei não é pecado.” (b) “Matar um rei não, é pecado.”

Exemplo 2: “O homem estava embaixo da mesa que tinha a perna quebrada.” Quem ti-

nha a perna quebrada? Que tal assim: “O homem que tinha a perna quebrada estava embaixo da mesa.” Desde que a perna quebrada seja mesmo a do homem.

Linguagem direta - Sujeito, verbo e complemento, sem explicações ou opiniões. Além dis-

so, jamais se deve usar adjetivos na notícia, porque a adjetivação torna a informação tendenciosa; relate apenas o fato, sem cometários.

Exemplo 1: Ao invés de “belo vestido”, diga “o vestido de seda vermelho” (o leitor é quem

deve achar o vestido bonito ou não).

Exemplo 2: Em lugar de “prédio alto” ou “muitas pessoas compareceram à reunião”, diga

“o prédio de quinze andares”; “noventa pessoas compareceram à reunião”.

Para contribuir com a objetividade, deve-se, também, evitar frases intercaladas

que, além de dificultar o entendimento, tornam o período muito longo. Em casos como este, divida em duas frases.

Exemplo 1: “Judas, que não sabia se amava mais a Jesus ou ao dinheiro, acabou

traindo seu Mestre.”

Exemplo 2: “Judas não sabia se amava mais a Jesus ou ao dinheiro. Acabou

traindo seu Mestre.”

Objetividade - Evite pormenores que nada trazem de novo ao fato. Deve ser rápida, sin-

tética, sem enfeites. O mais “enxuta” possível.

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■ Imparcialidade (tanto quanto possível);

■ Simplicidade;

■ Atualidade;

■ Proximidade no espaço;

■ Universalidade (interesse geral);

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■ Correção gramatical;

■ Precisão (denotativa e não conotativa);

■ Organização.

Quando aparecerem “siglas” pela primeira vez no texto, escrever por extenso o significa-

do, logo após a sigla. Exemplo: “A DSA (Divisão Sul-Americana)...”

Usar “aspas” quando as palavras forem exatamente aquelas pronunciadas pelo entrevistado.

A boa notícia começa com a apuração dos fatos. Se você fizer uma boa reportagem (ob-

tiver respostas satisfatórias às cinco perguntas fundamentais), será mais fácil, depois, redigir a notícia. Utilizar gravador e bloco de anotações facilitam bastante o trabalho.

Um pouco de “faro” jornalístico sempre ajuda na escolha do ângulo mais importante do

fato, aquele que servirá de “gancho” para sua matéria e prenderá a atenção do leitor.

É bom ter em sua biblioteca o manual de redação de um grande jornal para sanar dúvidas técnicas.

Finalmente, traçando um paralelo com a estrutura de um texto noticioso, vale a pena

mencionar Jean Guitton, para quem, o segredo de toda arte de exprimir consiste em dizer a mesma coisa três vezes: anuncia-se; desenvolve-se; e, finalmente, resume-se em poucas palavras.

Exercício Leia o relato de Mateus 14:22-34 e transforme-o em notícia (atenção especial às cinco perguntasdo lead). No máximo 10 linhas.

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ASN (Agência Adventista Sul-Americana de Notícias)

Agências são distribuidoras de notícias que alimentam os meios de comunicação (bole-

tins, jornais, informes, emissoras de rádio, revistas e televisões). É uma estrada de duas mãos: as notícias vêm e vão.

A ASN (Agência Adventista Sul-Americana de Notícias), como as outras agências interna-

cionais: REUTERS, Associate Press, DPA, Agência Estado, etc, vai aparecendo nos mais variados veículos de comunicação, como fonte de notícia de credibilidade.

ASN tem como meta, distribuir notícias nas igrejas, nos campos, e instituições da América

do Sul e mundo adventista, outra meta mais audaciosa é distribuir para imprensa externa release dos grandes movimentos e ações da Igreja Adventista.

Necessitamos ampliar nossa visão de comunicação, porque a comunicação é o maior dos

recursos para as organizações. Na visão de alguns anos atrás, comunicação era sinônimo de promoções eventuais (publicidade, propaganda, etc) e nada mais. Hoje, o pessoal de comunicação precisa ter uma rotina de trabalho e tarefas e estar à disposição da administração, da diretoria ou da presidência da organização. Além disso, deve prestar assessoria a todas as áreas da igreja, ou de qualquer estrutura organizacional.

Temos que ter em mente que existe notícias de interesse da igreja local, da associação ou

missão, da união ou para toda divisão. Alguns lembretes sobre o funcionamento da ASN: a. O departamento de Comunicação da igreja abastece com notícias a associação ou missão; b. A associação ou missão (sucursal) devem enviar notícias para ASN e união; c. A união (sucursal) envia suas notícias para a DSA (seda da ASN); d. A divisão mantém o portal adventista para toda América do Sul, em portuguës e espanhol, no endereço: www.portaladventista.org. A ASN tem parte de destaque no portal adventista;

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e. Endereço eletrônico da ASN: asn@portaladventista.org.

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Cada campo, união e instituição deve ter o seu cadastro de nomes da imprensa local ou

regional para enviar as notícias de interesse público local, tais como: 1. Jornal Regional Redator do caderno Local; Redator do caderno Nacional; Nome, telefone, e-mail. 2. Rádio Regional Redator de notícias; Chefe de reportagem; Nome, telefone, e-mail. 3. Televisão Regional Chefe de reportagem; Pauteiro e produtor de programas de entrevistas; Nome, telefone, e-mail.

As notícias devem ter redação jornalística, dentro do possível. Deve-se dar mais espaço

para “o quê” e em segundo lugar para “como” e o “porque”. Onde, quando e quem necessita de um mínimo de espaço.

Procure divulgar os fatos (notícias) antes e depois de ocorridos. Nossos pastores e irmãos

nas igrejas realizam grandes coisas. Nossos líderes nas associações, uniões e instituições estão trabalhando para o engrandecimento da obra do Mestre.

A missão dos comunicadores é divulgar as realizações, as notícias. Esta atitude significa

reconhecimento e funciona como fator de multiplicação das boas coisas.

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