Revista Siderurgia Brasil

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CONGRESSO AÇO BRASIL 2022: COMO AUMENTAR O CONSUMO DE AÇO NO BRASIL A EQUAÇÃO INVESTIMENTOS x AUTOMAÇÃO x MÃO DE OBRA, TEM DE SER RESOLVIDA GRIPS EDITORA – ANO 23 – Nº 160 – SETEMBRO DE 2022 A REVISTA DE NEGÓCIOS DO AÇO

Os implementos estão mais práticos e inovadores.

O aço Usiminas também.

Aço que liga máquinas pesadas mais confiáveis e modernas a um dia a dia mais eficiente para todos. A indústria se transforma todos os dias. E a Usiminas segue junto nessa evolução, junto com o que você quer para o seu mundo, para colocar a vida em movimento.

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EQUIPAMENTOS ESPECIAIS Aços de alta resistência e baixa liga são as exigências do momento (Parte 1) FEIRA DE MÁQUINAS Demanda reprimida gera recorde de público EVENTOS O balanço positivo de um grande evento Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022 4EDITORIAL Olhando para o futuro 6 60ANUNCIANTES 58 VITRINE 42 52 50 46 ESTATÍSTICAS 30 20 34 TÉCNICO Automação e Manuseio de Materiais FORMAÇÃO PROFISSIONAL Investimento x Automação MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS A indústria de máquinas brasileira tem a força ESTRATÉGIA As vantagens do retrofit industrial ÍNDICE 3

OLHANDO PARA O FUTURO

No momento em que eu escrevia estas linhas, estávamos entrando em uma semana em que o futuro de nossa ge ração e das próximas estava em jogo.

Isso porque quando esta edição da re vista estiver circulando, já teremos os resultados das eleições majoritárias para a Presidência da República e para os governos estaduais no maior país da Amé rica Latina, um pleito cujo final, antes da apuração total dos votos, era absolutamente imprevisível.

Mas independentemente de quem ganhou ou perdeu, este texto que você está lendo agora re presenta apenas um preâmbulo para falarmos do momento em que estamos vivendo. E, nele, vamos tratar de nossa especialidade, que é a Siderurgia, começando pelo registro do Congresso Aço Brasil 2022, realizado em São Paulo nos dias 23 e 24 de agosto. Promovido pela primeira vez em formato híbrido – presencial e pela internet –, o encontro reuniu grandes autoridades e personalidades bra sileiras e internacionais da cadeia mundial do setor.

A nosso ver, entre os vários painéis da programa ção do bem-sucedido evento, o mais destacado, sem dúvida alguma, foi o que deu oportunidade aos CEOs e dirigentes das grandes corporações pro dutoras de aço debaterem e darem suas opiniões a respeito do futuro da siderurgia. E o ponto de con vergência da argumentação de todos os participan tes recaiu sobre a discussão de soluções para viabi lizar o aumento do consumo do aço em nosso país.

E tal preocupação, além de genuína, é basea

da em estatísticas irrecorríveis: no Brasil, ao longo dos últimos dez anos, esse volume por habitan te evoluiu apenas 20%, ou seja, a menor taxa de crescimento entre os 20 maiores produtores de aço mundiais. Confira na reportagem especial de cobertura do Congresso que trazemos em nossas páginas tudo que aconteceu no evento, e quais serão as medidas a serem tomadas, os investimen tos que estão sendo feitos e as expectativas da indústria siderúrgica para reverter esse quadro, e acelerar o seu desenvolvimento no país.

Voltando para a pauta central desta edição, va mos falar de Máquinas e Equipamentos. Apresen tamos vários conteúdos que ilustram a pujança e importância desse segmento no momento atual, como o relato do êxito da recente Feira Intermach 2022, realizada na cidade de Joinville/SC. No mes mo tema, trazemos também uma entrevista exclu siva com o novo e recém-empossado presidente do Conselho de Administração da Abimaq, enti dade que representa no Brasil a indústria de má quinas e equipamentos, para a gestão 2022-2026, Gino Paulucci Junior.

Outro conteúdo exclusivo de destaque que apresentamos na edição, é a esclarecedora en trevista com o engenheiro de Automação Ricar do Krombauer, falando e dando dicas preciosas sobre o retrofit industrial de máquinas e equi pamentos, prática que é uma das alternativas utilizada entre os empresários, principalmente em face dos investimentos envolvidos, mas que

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EDITORIAL 4

Ano 23 – nº 160 –

Siderurgia

FUTURO

ainda provoca muitas dúvidas sobre sua eficá cia entre os profissionais da cadeia siderúrgica.

Complementarmente, confira também nas pá ginas desta revista as sugestões de um de nossos mais assíduos leitores e colaboradores, Claudio Flor, diretor-presidente da Divimec, empresa-líder no mercado nacional na fabricação de máquinas para processamento de aço, levantando a discus são de um problema que já estamos vivendo nos dias atuais de como se pode unir, no âmbito de uma equação tangível e eficiente, a tríade ”Inves timentos/Automação/Mão de Obra”, que teremos que, cada vez mais, abraçar e solucionar para con seguir gerar avanços em nossos negócios.

E não deixe de ler os artigos técnicos sobre equipamentos para processamento de aços de alta dureza, além do que fala sobre equipamentos de movimentação e manuseio de aços. E confira também as estatísticas atualizadas do setor, para ficar a par de tudo o que está acontecendo no rol dos grandes consumidores de aço, além de todas as novidades na nossa seção “Vitrine”.

Esperamos mais uma vez ter alcançado a nossa meta, que é a de apresentar um produto de qualida de e interesse para nossos leitores, que, é claro, con tinuam sempre convidados a manifestar suas opini ões por meio de todos os nossos canais de interação.

Boa leitura!

Henrique Patria

de 2022

junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob nº 823.755.339.

Diretoria:

Henrique Isliker Patria Maria da Glória Bernardo Isliker

Coordenação de TI: Versão Digital Vicente Bernardo vicente@grips.com.br

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Produção: Editor Responsável Henrique Isliker Pátria - MTb-SP

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Setembro
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EDITOR RESPONSÁVEL EXPEDIENTE Foto: Divulgação 5

O

BALANÇO POSITIVO

EVENTOS
Fotos: Divulgação Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 20226

POSITIVO DE UM

GRANDE EVENTO

Com investimentos acima de R$ 50 bilhões previstos para os próximos quatro anos, a siderurgia brasileira intensifica sua atenção com a preservação do meio ambiente e com o aumento da produtividade em suas unidades.

HENRIQUE PATRIA

Cerimônia de abertura do Congresso Aço Brasil 2022

Cercado de muitas expectativas, foi realizado, nos dias 23 e 24 de agos to, o Congresso Aço Brasil 2022, pela primeira vez na sua história de forma hibrida (presencial e online), no Hotel Unique, em São Paulo/SP. No evento, estiveram reunidos os principais players e stakeholders da indústria do aço, tanto nacionais quanto estran geiros, avaliando seu papel nesse cenário e dis cutindo os próximos passos do setor.

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EVENTOS

O início dos trabalhos foi marcado pela passagem da Presidência do Conselho Di retor do Instituto Aço Brasil de Marcos Fara co – vice-presidente da Gerdau Aços Brasil, Argentina e Uruguai –, para Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mine ração LATAM. Com a mudança, Faraco pas sa agora a ocupar o cargo de conselheiro da entidade. Já Sérgio Leite de Andrade, conselheiro do Aço Brasil e presidente do Board Usiminas assumiu o cargo de vice -presidente do Conselho Diretor do Institu to Aço Brasil (2022-2024).

BOLSONARO, GUEDES E A

ECONOMIA BRASILEIRA

Em sua abertura, o Congresso contou com a presença do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que enalteceu a indús tria siderúrgica nacional e manifestou sua sa tisfação de estar mais uma vez presente ao encontro, como já fizera no evento anterior realizado em Brasília. “Um dos grandes indica dores do desenvolvimento de uma nação é o consumo de aço do país, o que faz com que o trabalho exercido pelo Instituto Aço Brasil seja de fundamental importância para a na ção brasileira”, afirmou na ocasião.

Complementarmente, o presidente da Re pública fez menção às enormes dificuldades que seu governo enfrentou com o advento da pandemia da COVID-19, que resultou na paralisação da maior parte das atividades econômicas. Mas citou que os últimos nú meros da economia mostram que o Brasil, apesar de tudo, vem conseguindo conter os

Presidente Jair Messias Bolsonaro
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índices da inflação, situando-os entre as dez menores do mundo, na frente de nações mais tradicionais e desenvolvidas, trazendo como exemplos os Estados Unidos e vários países da União Europeia.

“Ao mesmo tempo, reconheço também que o empresariado brasileiro enfrenta mui tas dificuldades em gerir seus negócios com o emaranhado de leis e decretos existentes, que atrapalham o gerenciamento dos negó cios. Contudo, para mudar essa cena, várias iniciativas já foram tomadas por nossos Mi nistérios. E muitas ainda estão por vir. Tenho muita confiança no futuro, pois o Brasil é um país de grandes oportunidades, e não pode mos deixar passar este momento de cresci mento. E, para isso, contamos com o apoio do setor siderúrgico, tão importante para a economia nacional”, fez questão de registrar Bolsonaro, sob aplausos da plateia.

Na sequência, o ministro da Economia, Pau

lo Guedes, através o presidente do INMETRO, seu porta voz, destacou que uma parte dos processos vitais para a tão necessária desbu rocratização da economia brasileira já foram feitos pelo atual governo, principalmente por meio do INMETRO, e que tais iniciativas estão em linha para proporcionar a não menos ur gente redução do famigerado “Custo Brasil”.

Complementarmente, citou ainda a excelen te convivência que o atual governo tem com todo os dirigentes da Aço Brasil, o que vem ajudando em muito o processo de retomada da aceleração econômica que estamos viven ciando.

Além de Jair Bolsonaro e Guedes, partici param da cerimônia o ministro do Meio Am biente, Joaquim Leite, o ex-ministro de Infra estrutura, Tarcísio de Freitas, e diversas outras autoridades do governo, além de dirigentes do setor siderúrgico e especialistas do Brasil e exterior.

Painel 3 – Coordenação Marcos Faraco – Conselheiro Aço Brasil/ Gerdau
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A NOVA ORDEM ECONÔMICA

MUNDIAL

A eficiente forma encontrada pelos orga nizadores do Congresso Aço Brasil 2022 para discutir os principais assuntos que impactam o setor, foi por meio da realização de diversos painéis contando com a participação de de batedores nacionais e internacionais.

O primeiro deles girou sobre o tema “A Nova Ordem Econômica Mundial: Impactos nas Cadeias Globais”, tendo como modera dor André B. Gerdau Johannpeter, conselhei

ro do Instituto Aço Brasil e vice-presidente executivo do Conselho de Administração da Gerdau. Participaram do painel, Edwin Basson, diretor-geral do World Steel Asso ciation; Stephen Dover, estrategista-chefe de Mercado e Head do Franklin Templeton

Investment Institute; Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea; e Erik Hedborg, ana lista da área de matérias-primas e insumos da Custom Resolution Utility (CRU).

André Johannpeter deu o tom do que se riam as apresentações do painel, assinalan

EVENTOS
Marcio de Lima Leite – Presidente da Anfavea
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do a existência da migração de um mundo antes globalizado, para a nova realidade da regionalização. “Nessa virada de chave, mui tas indústrias precisam lidar cada vez mais com o custo da produtividade. Passamos de um mundo com abundância de insumos para outro com a imposição de diversas li mitações, tais como os aspectos da seguran ça alimentar, da segurança energética e da segurança tecnológica. E o Brasil tem tudo isso, e pode se tornar o maior líder mundial em vários deles. Então, nosso foco a partir de agora será vencer o grande desafio da re dução dos custos”, enfatizou.

Em linha com as notas de Johannpeter, em sua participação no painel, o diretor-geral do World Steel Association, destacou a impor tância do aço no processo de mudança da filosofia da globalização para a da regionali zação: “O aço é o grande impulsionador da atividade econômica. E o caminho para con solidar nossa atividade nesse processo passa obrigatoriamente pela intensificação da ca pacitação dos colaboradores e pelo desen volvimento de novos sistemas”, sublinhou.

Outro grande destaque nesse primeiro pai nel foi a participação de Márcio Leite, presi dente da Anfavea, que lembrou que o Brasil

é nono país na produção de aço, e o oitavo país na produção de veículos. “Entretanto, há ainda um longo caminho a percorrer”, afirmou ele. Apesar da competitividade dos nossos produtos ter aumentado significati vamente, os problemas relacionados à des carbonização e à melhoria da produtividade continuam sendo desafios permanentes. E, atualmente, o maior deles é, sem dúvida, o da falta de componentes, notadamente os microchips , que já fez com que, mundialmen te, deixassem de ser produzidos mais de 11 milhões de veículos em 2021”, pontuou. Entretanto, embora enumerando empe cilhos como esses, o presidente da Anfavea fez questão de ressaltar que existem enor mes oportunidades no Brasil, que poderão ser muito bem aproveitadas com a conti nuidade do programa governamental e da iniciativa privada para renovação da frota de caminhões. “Acredito que os bons resulta dos dele já poderão ser vistos no médio pra zo na categoria de veículos mais leves, uma vez que o envelhecimento da frota só cau sa dissabores e poluição. Vivemos um mo mento importante de nossa história e não podemos deixar esta oportunidade passar”, destacou na ocasião.

EVENTOS
Joaquim Leite – Ministro do Meio Ambiente André Johannpeter Gerdau – Conselheiro Aço Brasil/Gerdau
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A REVISTA DE NEGÓCIOS DO AÇO

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O MEIO AMBIENTE E A INDÚSTRIA DO AÇO

Dando continuidade à programação do Congresso Brasil 2022, tivemos o painel, in titulado “As mudanças climáticas e a indús tria do aço”, que foi realizado sob a condu ção da jornalista Juliana Rosa, e contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; da deputada federal, Carla Zambelli, integrante da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal; do conselheiro do Instituto Aço Brasil e presidente-executi vo da Ternium, Marcelo Chara; e do sócio sê

nior da McKinsey & Company, Wieland Gurlit.

Abrindo o debate, Juliana Rosa ressaltou a forma como as mudanças climáticas têm pautado os parâmetros relacionados com a discussão econômica, lembrando os desafios que se apresentam a partir das metas de re dução das emissões de gases de efeito estu fa, em linha com o Acordo de Paris. “É preciso que haja uma contemplação totalizada dos emissores de carbono para que tais objetivos sejam alcançados. E isso implica um esforço concentrado de toda a sociedade para que possamos chegar a 2050 com a totalidade do carbono neutralizado”, argumentou.

Acerca do tema, o ministro Joaquim Leite trouxe informações de que o Brasil tem uma posição privilegiada em relação à siderurgia mundial uma vez que possui várias fontes al ternativas de energia entre as quais destacou o gás natural a geração de nitrogênio e as energias eólicas e solar para as quais o Bra

EVENTOS
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sil possui plenas condições de implantação e uso. “Estamos em fase final de regulamenta ção a instalação de torres eólicas no mar ( of f-shore ) o que será um avanço fantástico em nossa geração de energia”, exemplificou.

Já Carla Zambelli comentou sobre a im portância do mercado de crédito de carbono para o Brasil por meio do mecanismo de fle xibilização “ cap-and-trade ” – por meio do qual os países compromissados com a redução de emissões de gases do efeito estufa podem negociar o excedente das metas de emissões entre si –, e sobre os avanços que estão sen do feitos no Congresso Nacional com a regu lamentação: “Basicamente, quem emite mais que o permitido precisa recorrer ao mercado para comprar créditos daqueles que emitem menos do que poderiam. É o caso do Brasil, que gera muito crédito e com isso pode se tornar o maior vendedor mundial de créditos de carbono”, ilustrou.

O PAPEL ESTRATÉGICO DA SIDERURGIA NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Em outro painel, o ex-presidente do Institu to Aço Brasil e atual conselheiro da entidade, Marcos Faraco, presidiu o painel sobre o tema

“O papel estratégico da indústria do aço no de senvolvimento econômico”, contando como convidados o secretário especial de Assuntos Estratégicos, almirante de esquadra Flávio Au gusto Viana Rocha; o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Ale xandre Ywata; a presidente da Caixa Econômi ca Federal, Daniella Marques Consentino; e o conselheiro emérito da Confederação Nacio nal da Indústria (CNI), Armando Monteiro.

Iniciando a apresentação, Faraco fez uma breve explanação apoiada em gráficos na qual demostrou que o consumo brasileiro de aço, computado em 2021, ainda permanece na casa dos 120 quilos/ano por habitante, ci fra muito parecida àquela dos 100 quilos apu rados há cerca de dez anos. “Somente esses 20% de crescimento nesta última década re presentam muito pouco para o que a siderur gia nacional necessita para alcançar um de sempenho sustentável. E isso demonstra que, embora a nossa indústria esteja preparada, o que falta é demanda interna”, deduziu.

Com o intuito de implementá-la, os repre sentantes do governo detalharam os esfor ços e o planejamento para os próximos anos e o que já foi feito, principalmente na gestão do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestru

Jefferson de Paula – Presidente do Instituto Aço Brasil?ArcelorMittal Frederico Ayres Lima – Conselheiro Aço Brasil/Aperan
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tura, tais como a recente aprovação do “Novo Marco do Saneamento”, que já está injetando bilhões de dólares nesse setor, que é grande consumidor de aço, e ainda a conclusão de várias obras que estavam paradas, os leilões de ferrovias e aeroportos, entre outras inicia tivas. Por sua vez, a presidente da Caixa Eco nômica falou sobre os créditos disponíveis para a construção civil, e sobre os planos de habitação – principalmente no âmbito das moradias populares – que são também gran des demandadores de aço.

O IMPACTO DO ESG NO VALOR DE MERCADO DAS EMPRESAS

Já o segundo dia do Congresso Aço Brasil 2022, um dos destaques foi a realização do painel “ESG – Impacto no valor de merca do das empresas”, tendo como moderador o conselheiro do Instituto Aço Brasil e dire tor-presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima, tendo como debate dores convidados a head de ESG do banco BTG Pactual, Rafaella Dortas; a professora da Ruhr Wet University of Applied Sciences na

EVENTOS Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 202216

Alemanha, Karla Ohler-Martins; e o professor de Finanças & ESG da Fundação Dom Cabral, Carlos Braga.

Ayres Lima abriu o painel explicando como sua empresa e a indústria do aço estão cui dando da gestão ESG, visando a se aproxi mar dos parâmetros mundiais de sustenta bilidade tanto no campo do meio ambiente como nos campos sociais e de governança corporativa. “Hoje, diante desse cenário, as empresas em nível mundial perceberam que mais do que manter uma marca ativa, elas precisam se identificar com a comunidade em que atuam, e demonstrar que estão pra ticando uma gestão saudável em relação ao meio ambiente”, ressaltou, evidenciando ainda a questão dos créditos de carbono, que representam uma nova modalidade de negócio na qual o Brasil está plenamente apto a atuar com muito sucesso.

Acerca do tema, Rafaella Dortas informou que todos as novas liberações de financia mentos do BTG Pactual passam necessaria mente pela análise da boa prática da ESG. A seu turno, a professora Karla Ohler-Martins, discorreu sobre a preparação dos jovens para uma nova profissão que está se formando, a de especialistas em controles ambientais. “Na Alemanha, onde estou atualmente radicada, os adolescentes de 16 anos já são conduzi dos a fazerem testes vocacionais, visando a identificar tal vocação. Assim, por lá já exis te uma geração nova de futuros profissionais antenados com as mais atuais práticas da ESG”, comentou.

No debate desse tema importantíssimo,

o professor Carlos Braga, da Fundação Dom Cabral – uma das mais conceituadas univer sidades nacionais –, aproveitou a oportuni dade para enfatizar a mudança do mind set da comunidade empresarial, tanto no mundo quanto no Brasil: “Atualmente, mais do que a marca de uma empresa, sua reputação no meio em que atua é fundamental e a chave para o seu sucesso.”

O FUTURO DA INDÚSTRIA DO AÇO

Finalizando a programação do Congresso Aço Brasil 2022, foi promovido o instigante painel intitulado “O futuro da Indústria Brasi leira do Aço – A visão dos CEOs”. Coordenado por Marco Polo de Melo Lopes, presidente -executivo do Instituto Aço Brasil, participa ram do debate o diretor-presidente e CEO da Gerdau, Gustavo Werneck; o presidente do Board Usiminas, Sergio Leite; o presidente da Companhia Siderúrgica do Pecém, Marcelo Botelho; e o presidente recém-empossado do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, pre sidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da Ar celorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, Jefferson De Paula.

Na discussão do tema, novamente foram apresentados dados sobre a indústria siderúr

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gica nacional, com destaque para os investi mentos já realizados e os previstos pela indús tria siderúrgica nacional e, no revés, o ainda baixo consumo de aço que ainda persiste no Brasil. O principal desafio destacado no início dos trabalhos é que tem de haver um esforço concentrado, envolvendo a iniciativa privada e o governo, no sentido de se alcançar rapi damente a meta de consumo de 200 quilos/ ano por habitante.

Para a conquista desse objetivo, durante o painel, os CEOs abordaram, sob vários ângu los, questões relacionadas ao perfil da indús tria brasileira do aço, à evolução tecnológica e ao consumo interno. Em pauta, também, a análise das tendências dos indicadores eco nômicos tais como o PIB, a taxa de juros, os investimentos, a competitividade, o “Custo Brasil”, a guerra internacional de mercado e, ainda, os impactos sobre a cadeia de supri mentos do aço causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. “A maior urgência neste mo mento é a reforma tributária que tem de ser resolvida, para diminuirmos ou acabarmos com o ‘Custo Brasil’, que sufoca nossas em presas”, ressaltou Jefferson de Paula, em seu pronunciamento.

No encontro, os debatedores enfatizaram

que os empresários da indústria siderúrgica nacional estão, efetivamente, fazendo a sua parte, citando como exemplo a robusta pro gramação de investimentos, da ordem de R$ 52,5 bilhões, a ser feita por ela até o ano de 2026, visando à modernização de suas insta lações, à redução na emissão de gases e ao aumento da produtividade do setor.

Especificamente no que tange à ques tão ambiental, todos os painelistas fizeram questão de destacar o compromisso assu mido no que diz respeito à descarbonização. “No Brasil, a siderurgia já tem um diferencial em relação à siderurgia dos demais países, em função de algo que nenhum deles têm: a rota do carvão vegetal biorredutor, com ações de curto e médio prazos. E nesse con texto, vamos precisar de investimentos para lançar tecnologias que sejam cada vez mais disruptivas”, enfatizou Marco Polo de Melo Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.

Ao final desse painel, o novo presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jef ferson de Paula, conduziu a seção de encer ramento do Congresso Aço Brasil 2022, cum primentando seu antecessor Marcos Faraco pelo brilhante trabalho realizado. “Neste novo cargo que tenho a honra de assumir agora na entidade, tudo farei para implementar novas conquistas para o nosso setor siderúrgico. E estou muito otimista com o futuro, porque o vejo como muito promissor para nós, apesar de todos os desafios que iremos enfrentar”, concluiu.

EVENTOS
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A INDÚSTRIA

BRASILEIRA TEM

Novo presidente do Conselho da ABIMAQ projeta cenário otimista para o setor de máquinas e equipamentos no Brasil.

De acordo com o balanço da As sociação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), as vendas do setor ca íram 5,6% em junho em relação a maio, deixando o setor no vermelho no 1º Semestre deste ano, com queda acumulada de 3,7% na comparação com o mesmo perío do do ano passado.

Mesmo assim, em valores, no acumulado do 1SM22, a receita líquida total atingiu ex pressivos R$ 150,6 bilhões, com a receita in terna somando R$ 121,2 bilhões, e o consumo aparente batendo R$ 187,5 bilhões. Destaque também foi a performance positiva das ex

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INDÚSTRIA DE MÁQUINAS

TEM A FORÇA Foto: Divulgação Abimaq

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portações, que registraram um crescimento de 29,2% ante ao semestre anterior: os em barques somaram US$ 5,6 bilhões no período. No sentido inverso, as importações somaram US$ 11,6 bilhões, crescimento de 10,7%. O sal do do setor ficou negativo em US$ 6 bilhões.

O desempenho do setor continua hete rogêneo, com crescimento dos segmentos ligados ao agronegócio e construção civil; estabilidade nos setores fornecedores para a indústria de transformação e queda nos fornecedores de componentes, máquinas para bens de consumo e para infraestrutu ra. Com a continuidade dos problemas na economia brasileira, e ainda sem uma políti ca industrial bem delineada para o país, ele parece moldar-se ao que está ao alcance, só que nem sempre isso é possível.

Contudo, embora tal cenário não seja ob viamente o ideal, fato inquestionável é a for ça da indústria de máquinas e equipamen tos, que de 2018 a 2021 cresceu 37%, ante avanço de apenas 3,6% do PIB agregado, ou seja, dez vezes mais do que o Produto Interno Bruto Brasileiro. E é notadamente essa força, entre outros aspectos bastante relevantes, que o novo presidente do Con selho da ABIMAQ, Gino Paulucci, faz questão

de destacar nesta entrevista exclusiva con cedida à revista Siderurgia Brasil. Confira!

Siderurgia Brasil: Paulucci, apesar do resultado negativo da venda de máqui nas no 1º Semestre de 2022 de 3,7% a menos em relação ao 1SM do ano passado divulgado no final de julho pela ABIMAQ – relativamente minimizado, entretanto, pelo crescimento das exportações –, o setor mantém a previsão de crescimento na faixa de 10% a 15% para 2022. O que anima essa perspectiva? A continuidade do aumento das exportações?

Gino Paulucci: As expectativas da ABIMAQ para o desempenho do faturamento líquido da indústria de máquinas e equipamentos em 2022 é de crescimento de 3,4%. Para as ex portações a expectativa é de crescimento de 15% em dólares, mas com impacto na receita em reais de máquinas negativo em razão da variação cambial e de preços no período.

A que elementos vocês atribuem esse desempenho otimista projetado da re ceita para o final de 2022?

Acreditamos na conjunção favorável de al guns fatores importantes. O primeiro deles, é o tradicional comportamento sazonal do se tor no 2º Semestre do ano, que, em 2022 cujo crescimento é hoje projetado pela ABIMAQ em torno de 10%. Outro, bastante significativo, é o elevado nível de emprego no setor: atual mente, ele possui um quadro de pessoal 8% superior ao do ano anterior. Além disso, temos

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a elevada carteira de pedidos na indústria de máquinas e equipamentos. Mesmo tendo re cuado em relação ao do ano de 2021, ela con tinua superior àquela do período pré-crise da pandemia da COVID-19. Complementarmen te, como vem sendo observado, temos a nor malização do setor de serviços, que é o maior setor da economia, e tende a manter a geração de emprego, renda e consumo no 2º semestre, bem como o elevado nível de utilização da ca pacidade instalada na indústria de transforma ção, que hoje é de 82%, adicionada à tendência de retomada da política de investimentos. Por outro lado, entretanto, vemos com preocupa ção os impactos da política de aperto monetá rio, que deverá impactar negativamente os se tores mais sensíveis a crédito, fato que deverá merecer nossa especial atenção.

Falando especificamente da empregabilidade, estatísticas recentemente divulgadas pela ABIMAQ dão conta de que o indicador de emprego do 1TS22 também ficou positivo, registrando crescimento de 8,4% no 1SM21, e alta de 12,1% no total de funcionários do setor no acumu lado de 12 meses. Quais as perspectivas dessa dinâmica para o final deste ano?

As perspectivas são boas. Os índices de confiança da indústria de máquinas e equi pamentos divulgados há alguns dias pela FGV, indicam a continuidade das contrata ções, ao menos ao longo deste 3º Trimestre, período de maior atividade no setor. Preve mos, no entanto, desaceleração no último trimestre do ano, quando, ainda assim, o ní vel de emprego do setor poderá chegar a 390 mil pessoas, registrando um crescimen to de 2% em relação a 2021.

Embora os segmentos de máquinas agrícolas e daquelas destinadas à construção civil estejam performando resul tados positivos, isso parece não estar acontecendo com alguns outros atendi dos pela entidade, como é o caso do automotivo, notadamente em função do aumento dos preços das matérias-primas – entre elas, o aço – e a continuidade do problema com o fornecimento de mi crocomponentes eletrônicos. Como você avalia essa questão?

De fato, os investimentos em máquinas e equipamentos neste ano de 2022 ocorrem de forma heterogênea. Setores relaciona dos ao agronegócio, à construção civil, e

Gino Paulucci Junior – Presidente da Abimaq
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à geração de energia se destacaram entre os com maior crescimento na aquisição de máquinas e equipamentos, ocorreram in vestimentos ainda nas áreas de celulose, sa neamento básico, plásticos entre outras. Por outro lado, na indústria de transformação, ocorreu queda em diversas atividades, en tre elas a citada indústria automotiva, que no início do ano sofreu a falta de insumos necessários ao processo produtivo e exigiu a paralisação de algumas empresas do se tor que têm peso importante na economia. E outros setores mais sensíveis à renda das famílias – como aqueles dos fabricantes de cosméticos, vestuários e calçados – tam bém registraram quedas nos investimentos.

E com quais perspectivas vocês traba lham para cada um dos setores atendidos pelos fabricantes de máquinas no 2º Semestre de 2022?

A expectativa é de que a normalização no setor de serviços e também na cadeia de su primentos de insumos possa aquecer a in dústria de transformação, e anular a queda observada nos investimentos em máquinas e equipamentos no início deste ano. A dúvi da, entretanto, está relacionada aos efeitos da

política monetária sobre o consumo de bens mais sensíveis ao crédito. Por sua vez, nos se tores relacionados ao agronegócio, o cenário já está dado: o setor tem carteira para atuar fortemente durante este ano, assim como o setor de máquinas para construção civil.

Apesar das previsões positivas de queda da inflação e do crescimento do PIB em 2022, as atuais projeções do Banco Central apontam uma evolução mais modesta dos dois índices em 2023 e 2024. Como isso impacta a evolução do setor de máquinas e equipamentos?

Todo ciclo de aperto monetário é danoso à economia, porque é um exercício que tem como objetivo controlar a inflação reduzin do a atividade econômica. Neste último ci clo, o quadro foi significativamente pior, por que tratava-se de uma inflação causada não pelo aumento da demanda, como nas crises tradicionais, mas, sim, pela desestruturação das cadeias de abastecimento, restringindo as ações do Banco Central aos efeitos secun dários da inflação relacionados à ancoragem das expectativas. Assim, o Copom atuou exercendo aperto intenso e rápido, e seus impactos no setor produtivo serão sentidos ao longo dos próximos meses. Mas, conco mitantemente, o governo exerceu política de redução da tributação de combustíveis, energia e outros bens e no mercado interna cional, em razão da desaceleração da ativi dade em diversas economias, com a redução dos preços das commodities . E o resultado de tudo isso foi observado nos últimos dias,

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a inflação vem recuando e deverá chegar a pouco menos de 7% ainda este ano. Ato contínuo, a paridade cambial também tem se mostrado estável nas últimas semanas, o que, em conjunto com a moderação obser vada nos preços, deve ter ajudado a conter novas pressões de custos nas cadeias produ tivas. Assim, acreditamos que esse quadro

poderá abrir espaço para afrouxamentos mo netários em 2023. Por outro lado, no caso de um cenário adverso que exija a manutenção dos juros em patamares elevados por muito tempo, certamente haverá consequências danosas para o nível de atividade, não só para o setor de máquinas e equipamentos, como também para toda a economia nacional. Por

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isso, a importância de outros mecanismos como reformas para reestruturar a parte fis cal do estado, focados na continuidade da agenda de reformas estruturantes, a fim de conduzir o Brasil ao crescimento sustentado.

Em meados do ano passado, a ABIMAQ foi bastante enfática em relatar a existência de um cenário de desabastecimen to de aço no Brasil, o que fez a entidade dar início a uma série de estudos e reuniões com fabricantes de máquinas para concorrência na importação da liga, bem como com representantes de uma side rúrgica internacional e com uma agência de trading de importação para viabilizá -la. Na ocasião, o fato foi veementemente refutado pela indústria nacional e pelas entidades do setor siderúrgico e, hoje, parece que a situação encontra-se positivamente equacionada. Isso é verdade?

Por outro lado, as tratativas para aquisição de aço importado tiveram seguimen to, e, eventualmente continuam em andamento? Por quê? E, em caso positivo, qual o estágio atual dessas negociações?

De fato, observamos uma indisponibili dade física do aço para entrega para a in

dústria no momento e na retomada após as paralisações do início da pandemia no ano de 2020. E foi nesse período que uma série de ações da ABIMAQ foram implementadas para aumentar as oportunidades de abas tecimento do setor. De 2020 a 2021 tam bém observamos um acelerado aumento de preços e um descolamento dos padrões dos preços internacionais. Em decorrência disso, houve um aumento das importações especialmente no ano de 2021. Foram essas ações nos últimos dois anos que levaram a uma integração maior do setor como alter nativas de aço internacional. E esse reposi cionamento estratégico de alternativas de fornecimento permitiu um maior entendi mento dos preços mundiais do aços pelo setor, que ainda se observa em 2022 no que diz respeito às importações. Então podemos dizer que algumas empresas que não eram afeitas ao comércio internacional de impor tação de aço, agora o fazem rotineiramente.

Em seu pronunciamento de posse à Presidência do Conselho de Administração da ABIMAQ, você destacou a necessidade de os bancos públicos se voltarem de manei ra mais consistente à oferta de linhas de financiamento em melhores condições para as pequenas e médias empresas, uma vez que o acesso ao crédito é evidentemente mais fácil para as grandes. Por que você fez questão de mencionar isso na ocasião? E qual é, atualmente, a importância das PMEs em termos de participação/share, e do desenvolvimento delas para o setor nacional de máquinas e equipamentos?

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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

A indústria de máquinas e equipamentos é um segmento da indústria de transfor mação bastante heterogêneo, que agrega empresas de todos os portes que atendem às mais diversas atividades econômicas, en tre elas, a indústria siderúrgica, como tam bém a de fabricantes de bens de consumo duráveis, não duráveis, produtos agrícolas, construção civil e infraestrutura. Segundo a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, a in dústria de máquinas e equipamentos é re presentada por mais de 8.000 empresas, na sua maior parte (cerca de 60%), de peque no ou médio porte, com grande importân cia na geração de empregos, renda e tribu tos no país.

A alta carga tributária que incide na operação de todos os setores produti vos da economia brasileira – incluindo o de máquinas e equipamentos – con tinua sendo um sério problema para o desenvolvimento dela. Como você analisa as recentes movimentações do atual governo no sentido de melhorar esse quadro?

Sim, a elevada carga tributária é um sé rio problema no país, porque torna prin

cipalmente os bens industrializados mais caros. Por conta disso, aplaudimos as de cisões recentes de redução de alíquotas de impostos. Mas tão importante quanto a redução da carga tributária é a reforma do atual sistema tributário, hoje um dos principais entraves à competitividade da indústria nacional em razão de diversos fatores, tais como a complexidade do sis tema, que resulta em altos custos de con formidade e alta litigiosidade, e o formato de tributação na origem, que abre espa ço para Guerra Fiscal entre estados, o que acaba distorcendo as decisões de inves timentos. Além disso, ela onera exporta ções e investimentos por conta dos resídu os que ficam presentes em todos os elos da cadeia produtiva, e causam problemas em função da cumulatividade. E como eu já disse, todos esses fatores levam à per da de competitividade da indústria nacio nal, à redução da taxa de investimento, de produtividade, de exportações e conse quentemente do crescimento econômico.

E quais são os pleitos da ABIMAQ nes se sentido, e como eles vêm sendo encaminhados? Há perspectiva de êxito?

Há anos temos trabalhado em favor de uma reforma tributária focada na criação do imposto sobre valor agregado, que é um modelo de tributação adotado por di versos países do mundo, e tem o potencial de modernizar e simplificar o atual sistema tributário brasileiro, com cobrança nas di versas etapas do processo de produção e

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comercialização e, em todas, garantindo o direito ao crédito correspondente ao im posto pago na etapa anterior. Nesse mode lo de tributação, as exportações e os inves timentos serão totalmente desonerados e as importações tributadas de forma equi valente à produção nacional, garantindo ganhos importantes de competitividade

ao produto nacional. O debate em torno de uma reforma aos moldes da nossa de manda evoluiu bastante durante este ano. Assim, temos a expectativa de que este seja um dos temas a serem encaminhados du rante os primeiros dias de gestão do pró ximo mandato do governo. E vamos lutar para que isto ocorra

INVESTIMENTO

FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Foto: Montagem com fotos da PhotDisc Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 202230

X AUTOMAÇÃO

É o momento de planejarmos para não perdermos o bonde da história. Devemos realizar já um estudo considerando a diversidade de pessoas que habitam nosso Brasil, levando em conta suas etnias, sua faixa etária e as várias nuances de clima que enfrentamos de norte a sul.

CLAUDIO PEREIRA FLOR*

Os investidores estrangeiros sempre conside ram a nossa mão de obra barata em relação ao primeiro mundo (Europa, EUA, Japão), entretanto esta mão de obra sem conheci mento técnico para assimilar o grau de “au tomação” está se tornando inviável economicamente.

O investidor não consegue fazer um planejamento de médio e longo prazo consistente. A capacitação de nossa mão de obra foi esquecida ao longo de décadas pelos governantes. A prova contundente e visível, se comprova pela quantidade de escolas técnicas existen tes, ou abertas nestes últimos tempos. A mão de obra barata e de qualificação nível médio sumiu, e estamos

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sendo atropelados pela automação e robótica.

O SENAI é a única instituição que investe no ensino voltado a qualificação a nível médio para a indústria. A lentidão na tomada de atitude dos governantes, está sendo um dos motivos da nossa desindustrialização.

Eles, na sua competição política, não conse guem elaborar políticas de desenvolvimento que são realizáveis a longo prazo, enquanto os incentivos as commodities são mais fáceis e de respostas rápidas à curto prazo.

A minha sugestão seria o investimento consi derando Gerações, Etnias e Clima.

Minha proposta:

GERAÇÕES

• “Z” → 12 a 27 anos (nascidos entre 1995 e 2010) → adaptados ao mundo 4.0;

• “Y” → 28 a 40 anos (nascidos entre 1966 e 1980) → nativos digitais (viveram analógico e migraram para o digital);

• “X” → 41 a 57 anos (nascidos entre 1965 e 1981) → tem a filosofia de vida e trabalhar e produzir workaholic ;

• “Baby-Boomers” → 58 a 75 anos (nascidos en tre 1945 e 1964) → viveram épocas áureas e quando na ativa são fontes de grandes experi ência e conhecimento.

ETNIAS

A composição étnica do Brasil é de brancos, par dos, pretos, amarelos e indígenas. No Brasil, você encontra pessoas de todas as raças e de várias na cionalidades. Dentro da etnia dos brancos temos uma diversidade relevante de origem como: asiá ticos (japoneses e chineses), europeus (italianos, alemães, espanhóis, portugueses e originários de vários outros países). Considerando as informa ções acima e ainda nessa imensidão geográfica que é o nosso país, com suas diferenças denota -se que para promover o “Desenvolvimento”, há de se considerar a “criatividade” desta “miscigenação de raças” que é ordeira e dedicada quando bem orientada, além da característica do “bom humor” que se faz presente na maioria das vezes.

CLIMA

O Clima do Brasil é diversificado em conse quência de fatores variados, como a fisionomia geográfica, a extensão territorial, o relevo e a dinâmica das massas de ar. Temos regiões com clima equatorial, tropical, semiárido, tropical de altitude, tropical atlântico e subtropical. Na agenda socioambiental temos ainda o contro le de desmatamento, queimadas, exploração de petróleo, avanço do agronegócio de grande impacto nas crises climáticas mundiais que cla mam por projetos sustentáveis. Brasil – “País do Futuro”. Acredito que o nos so país do “Milagre Econômico” necessita de um “grupo de estudo” que deverá observar os três itens acima, para então dirigir os investimentos em automação (com ou sem robótica), o que certamente irá promover um aumento de ren da da classe trabalhadora, melhoria da infraes trutura (transporte, moradia e assistência social).

FORMAÇÃO PROFISSIONAL Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022
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Finalizo dando a minha opinião de que o SEBRAE é a entidade mais próxima para dirigir um trabalho desta natureza, avaliando todos os pontos sugeri dos e montando uma proposta para sugerir aos políticos as reais demandas de nossa nação.

*Claudio Pereira Flor é diretor-presidente da Divimec Tecnologia Industrial Ltda., fabricante de linhas de corte longitudinal, transversal en tre outros. cflor@divimec.com.br

AS VANTAGENS INDUSTRIAL

Sistema inteligente de atualização de máquinas responde à pergunta que todo empresário da indústria siderúrgica vive se fazendo: “Preciso me modernizar: e agora?”

Ultimamente, muito se tem fa lado sobre os benefícios e as vantagens da utilização do re trofit no processo de moderni zação de máquinas. E além de transitar por várias áreas – tais como a cons trução civil, a arquitetura e a engenharia –, o processo, em sua versão industrial, vem chamando cada vez mais a atenção do setor siderúrgico ao longo de toda a sua cadeia, compreendendo nesse espectro desde usi nas até os processadores, distribuidores e transformadores da liga.

ESTRATÉGIA
Foto: Divulgação Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022
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DO RETROFIT

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O retrofit industrial é o sistema de atualização das máquinas, substituindo ou modernizando peças e softwares por modelos com versões mais recentes. O método implementa correções e no vas funcionalidades a partir das características básicas do produto.

Ele surgiu em função do fato de que a velo cidade frenética com que a tecnologia evolui e lança no mercado novas ferramentas produtivas acaba rapidamente tornando os equipamentos ultrapassados. E como a obsolescência fabril pre judica a competitividade e, consequentemente, a lucratividade das empresas, fazer uso do retrofit

é uma solução extremamente viável para evitar o alto custo para a indústria que vive o dilema: “Preciso me modernizar: e agora?”

Para responder essa e outras perguntas, a re vista Siderurgia Brasil foi conversar com o en genheiro de Automação Ricardo Krombauer, responsável pela área na TECNICON, um dos pro fissionais envolvidos nos projetos de inovação da empresa gaúcha especializada na oferta de soluções completas quando o assunto é retrofit. Boa leitura!

Siderurgia Brasil: No que consiste, efetivamente, o processo de retrofit industrial de equipamentos?

Ricardo Krombauer: O retrofit industrial é uma estratégia aplicada na atualização das má quinas e equipamentos industriais de um ne gócio e tem por objetivo modernizar a infraes trutura e permitir uma integração digital com softwares de gestão, como é o caso do TECNI CON Business Suite, por meio do sistema ERP.

ESTRATÉGIA Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022
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Ricardo Krombauer, engenheiro de Automação responsável pela área na TECNICON

Essa integração permite aos gestores a automa ção e a otimização de processos de produção. A equipe pode eliminar todo e qualquer gargalo que impede a produtividade, agilidade, padro nização de produção e redução de custos. Com o retrofit industrial, é possível aplicar correções e novas funcionalidades que, sem a conectividade da linha de produção, não seriam possíveis. Esse é o processo ideal para os gestores que buscam um caminho mais rápido para entrar na Indústria 4.0. No final, os dados gerados em tempo real pe las máquinas e equipamentos vão permitir que decisões mais conscientes sejam tomadas.

Existe diferença entre o processo de re trofit e aquilo que podemos chamar de uma simples reforma da máquina?

O retrofit é um processo feito para moderni zar uma máquina industrial, exatamente quan do a empresa sente necessidade. Ele é exequí vel, por exemplo, devido a eventuais mudanças de produtos a serem fabricados, em função de, eventualmente, a máquina não apresentar mais uma boa capacidade de realizar tal operação, ou pela necessidade de a linha de produção au mentar sua eficiência e agilidade, entre outros motivos, porque empresas realmente inova doras buscam sempre a melhoria contínua, ali

nhando uma boa gestão com um sistema ERP integrado e boa funcionalidade das máquinas.

Então, trata-se de um processo mais complexo?

É verdade. Realizar o processo de retrofit é muito mais complexo do que apenas o de uma reforma, porque ele exige maior aprofundamen to para entender as principais necessidades do maquinário e da indústria. Reformar um maqui nário consiste em reconstruir ou corrigir algo que não está funcionando, ou até mesmo, fazer as devidas correções para que uma máquina vol te a funcionar. Já o retrofit consiste em melhorar a qualidade da máquina, mesmo que ela esteja funcionando perfeitamente, pois seu estado não irá impactar tanto, é muito mais uma mudança feita para colher resultados melhores ou supe riores do que os já são entregues. Assim, quando o processo de retrofit é realizado, os benefícios resultam em melhorar as condições e os proces sos do ambiente de trabalho da empresa.

Com o retrofit é possível, por exemplo, substituir ou modernizar peças e softwares por modelos com versões mais recentes, notadamente no que diz respeito à atuali zação do equipamento para atender às no -

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vas legislações de segurança? E, ainda nesse sentido, de que forma o método pode, além de correções, implementar novas funcionalidades à máquina a partir de suas caracte rísticas básicas?

Sim. Com o retrofit é possível fazer tais subs tituições, sempre pensando em alavancar resul tados e potencializar o maquinário. É claro que algumas modificações podem ser mais certeiras que outras, e que nem sempre o retrofit possa ser a melhor opção. Em outras palavras, pode ser que, às vezes, a compra de uma nova máquina seja efetivamente necessária. Mas, em todo pro cesso no qual o objetivo é implementar novas funcionalidades, as oportunidades são inúmeras. E é válido lembrar que o processo pode trazer um avanço em um maquinário e seu setor ou empresa. Porém, o acelerador para ver os resul tados é a análise de dados e a eficiência da má quina. E, para isso, é importante ver inovações que visam a apresentar essas informações. Em nossa empresa temos o TecMiner, uma das ferra mentas que vem ajudando as indústrias a darem o passo certo em direção a Indústria 4.0 e auto matizarem todo seu chão de fábrica.

Dentro do segmento de siderurgia e de transformação de aço, que tipos de máqui-

nas ou equipamentos são “elegíveis” a passar por ele? Em outras palavras, toda máquina pode ser “retrofitada”?

Todos os tipos de máquinas ou equipamen tos podem passar pelo processo de retrofit, uma vez que um de seus principais objetivos consiste em ser a porta de entrada para a indústria 4.0. Os gestores podem fazer um levantamento das má quinas e, a partir disso, adicionar melhorias que tornam os dispositivos inteligentes, sem neces sariamente comprar novas máquinas. Mas isso só pode acontecer com planejamento. Estudar e depois aplicar o plano do jeito certo, vai evitar trabalho em excesso. Então, é importante ter um propósito estratégico para o retrofit, que envolve segurança, custos, qualidade e rendimento.

Como saber quando, e se é possível “retrofitar” uma máquina, para abrir a possibilidade de não ter que comprar uma máquina nova? Ainda nesse sentido, que pontos uma empresa deve analisar antes de atualizar suas máquinas por meio desse proces so?

A palavra retrofit e suas variações podem ser entendidas como aperfeiçoamento, atualização, modernização e revitalização. Ou seja, esse con ceito significa que o objeto, no caso a máquina ou equipamento, recebe algo que lhe confere uma nova funcionalidade ou o aperfeiçoamento de suas funções atuais. Portanto, o retrofit é uma excelente opção para quando a máquina não está com muitos problemas e precisa somente de pequenas adequações. Claro, é possível re formar uma máquina ou peça, mas o objetivo principal do retrofit é melhorar a performance de produção.

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Assim, para uma empresa analisar a possibili dade de realizar o processo, é importante levar em conta o ROI e o payback que o processo irá envolver. E quando falamos sobre as vantagens do retrofit vale ressaltar aspectos como o ganho de produtividade, o baixo investimento compa rado ao adquirir uma nova máquina, a redução de riscos, a manutenção facilitada e a maior se gurança. Dessa forma, o processo estruturado so bre quando aplicar o retrofit é vantajoso, porque permite a avaliação do equipamento, o desen volvimento do projeto, a compra de materiais, a implementação do projeto e os testes.

Em síntese, então, o retrofit para a atualização de máquinas é a solução ideal para empresas manterem a produtividade alta sem ter que arcar com grandes investimen tos. Mas qual o prazo para colher esses frutos quando a empresa opta por adotá-lo, principalmente no que diz respeito ao retorno financeiro?

O retorno financeiro acontece no curto e mé dio prazos é um dos principais motivadores para optar pelo retrofit de máquinas industriais. Além disso, os benefícios desse processo são muitos, tais como os já mencionados aumento da pro

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dutividade e da complexidade de uma máquina, a atualização da performance que ela pode ofe recer, o aumento de segurança para os funcio nários e a possibilidade que o maquinário esteja conectado a um sistema como o ERP e à funcio nalidade TecMiner. Isso, sem falar de outras van tagens bastante tangíveis, como a redução de período de inatividade, a disponibilização de so bressalentes para longos períodos de atividade, e a facilidade para a manutenção e para supervi sionar os equipamentos.

E qual a garantia ou duração média conferida a uma máquina que passa pelo proces so de retrofit? Ou seja, qual é, em termos de média, o aumento da vida útil que ele pode proporcionar a um equipamento utilizado na indústria siderúrgica?

Aí, temos que considerar algumas coisas. O processo de incluir novas funcionalidades, ou soluções tecnológicas, em máquinas antigas aos padrões de indústria 4.0 garante aos gestores mais tempo para economizar e trocar por dis positivos modernos. Além do viés econômico, os equipamentos não precisam ser substituídos, sendo necessário apenas a adição de sensores que podem melhorar sua qualidade, produtivi dade e eficiência. Dessa forma, as indústrias do

setor siderúrgico que optarem pelo processo, podem se manter competitivas no mercado. E, voltando ao que também já foi dito, as máquinas com ciclos de vida longos são compradas para operar durante décadas. No entanto, os equipa mentos antigos não são compatíveis com as tec nologias recentes. Então, o retrofit faz com que esses equipamentos “defasados” possam conti nuar operando.

Você tem exemplos de sucesso nesse tipo de operação?

Sim, temos muitos. Um grande exemplo que vale a pena citar é o da digitalização de um equi pamento histórico da Robert Bosch, empresa fundada há mais de 100 anos na Alemanha, em seu salto para a Indústria 4.0. O dispositivo passou por uma implementação de sensores, softwares, controladores industriais e IoT. Apesar dessa atu alização, entretanto, o equipamento não voltou a operar, porém, foi usado como exemplo de que é possível implementar tecnologias modernas às máquinas antigas para melhorar seu processo.

Com relação à manutenção, uma máquina “retrofitada” exige atenção ou cuidados especiais diferenciados em relação a uma má quina nova ou simplesmente reformada?

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A máquina “retrofitada” deve ser monitorada, assim como qualquer equipamento. A diferença é que esses dispositivos não foram originalmente projetados para desempenhar essas funcionalida des adicionais. Assim, o TecMiner é uma solução que executa a função de monitoramento e acom panhamento dos processos e dados gerados pela máquina, atualizando o gestor em tempo real so bre o seu funcionamento e possíveis manutenções, o que garante maior segurança para a produção.

E uma máquina “retrofitada” pode, eventualmente, passar por um novo processo de retrofit? Ou há um limite técnico (e, possivelmente, econômico) para que esse tipo de atualização continue sendo viável?

Enquanto o maquinário for capaz de receber os upgrades, é possível fazê-lo. É papel da gestão da empresa levar em consideração que o equi pamento não foi desenvolvido para desempe nhar essas novas funcionalidades. E é bom frisar mais uma vez que, além de muitas outras coisas, o objetivo do retrofit é melhorar seu custo-bene fício, durabilidade do equipamento, confiabili dade dos dispositivos e capacidade de conexão. E nosso histórico demonstra que os sensores modernos e sistemas de controle eletrônico co nectados às máquinas antigas podem, sim, me lhorar o processo de produção e sua eficiência.

Finalmente, caso uma empresa, após fa zer a análise criteriosa das eventuais vanta-

gens do retrofit, opte por realizá-lo em uma de suas máquinas, quais são, em termos gerais, as etapas técnicas do processo?

As fases de implementação do retrofit podem variar de uma empresa para outra. Tudo vai de pender das suas necessidades, recursos e tempo. Porém, é possível seguir um processo simples, com apenas quatro etapas: 1) Avaliação da linha de base, na qual é feito o levantamento e análise das máquinas que precisam passar por um pro cesso de atualização; 2) Planejamento de retrofit, na qual é desenvolvido o plano de melhoria para que a produção possa melhorar seu desempenho e integração à indústria 4.0; 3) Execução de retrofit, com implementação de sistemas e sensores para integração ao novo software ou outras platafor mas de gestão; e 4) Monitoramento, para acom panhar todo o processo de implementação das máquinas ao processo de produção novamente, e realizar os ajustes necessários para que elas não apresentem falhas na operação. Em suma, é um processo relativamente simples, que pode ser re alizado, naturalmente, com o devido critério.

AÇOS DE ALTA RESISTÊNCIA

LIGA SÃO AS EXIGÊNCIAS

Desde a espada viking “Ulfberht”, a primeira peça de aço conhecida, até os aços de alta resistência e baixa liga, que são os produtos do futuro, muitos caminhos foram percorridos. Conheçam alguns.

CLAUDIO PEREIRA FLOR *

Oadvento da nanociência tem fei to o aço avançar muito nas suas propriedades como aumentar a sua resistência quanto aos as pectos mecânicos, ao desgaste, ao impacto e à corrosão. O aço transforma do em produtos siderúrgicos é consumido em alta escala, representa aproximadamen te 90% dos metais consumidos pela civi lização humana e está presente em todos os lugares. O Aço além do carbono e ferro

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RESISTÊNCIA E BAIXA EXIGÊNCIAS DO MOMENTO

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Foto:
Divulgação
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adicionado a outras ligas assume caracterís ticas parecidas ou semelhantes com outros elementos (metais) de alto custo, encontra dos na natureza como o Cobre, Ouro, Prata, Alumínio, Níquel e outros metais específicos utilizados para determinadas aplicações.

EVOLUÇÃO DO AÇO

As primeiras necessidades foram bélicas e foi a espada viking “Ulfberht” cujo segre do ainda não é conhecido observou-se uma concentração de aditivos como Arsênico e Manganês que foram aquecidos à tempera tura de 1650°C (inimaginável para época). Em seguida o “Aço Damasco” foi conhecido e di fundido. A evolução do aço passou e deixou de ser somente para a função dos armamen tos bélicos até 1919, quando Ford começou a montar o automóvel modelo “T” ou “Ford Bi gode” na forma seriada. Entre meios tempos, elementos de algumas tentativas houveram como o Alumínio (elemento leve) foram con siderados, entretanto seu custo elevado não impulsionou sua fabricação.

CRISE ENÉRGICA

O alto custo de obtenção da “matriz enérgi ca” em geral levou a humanidade a repensar novamente no peso específico do aço. Coube então, novamente aos nórdicos europeus o

desenvolvimento do Aço de Alta Resistência e Baixa Liga: “Steel HSLA: High-strength, low -alloy”. Os Aços de Alta Resistencia e Alta liga até então (meados da década passada) eram dominados tecnicamente havendo ainda neste interregno, ligas aditivas que aumenta ram a resistência a corrosão e mecânica, en tretanto a alteração da microestrutura do aço pela adição (pequenos percentuais) de ele mentos liga, como Zircônio, Cério (elementos das terras raras), Vanádio, Titânio, Cálcio, Boro e Nióbio, além dos outros elementos já co nhecidos proporcionou um salto tecnológico para o desenvolvimento dos Aços de Alta Re sistência e Baixa Liga. Exemplo: aço AISI A 36 com resistência à ruptura de 250 Mpa quan do micro aditivado atinge 550 Mpa com cus to acrescido de 15 a 20%. Outro exemplo, o aço SAE 1008 normal com alongamento de 20% quando aditivado chega entre 44 e 48%. Observo que com acréscimos de aproximada mente 30% dos custos, alguns aços de baixa liga, já atingem normalmente 700 a 900 Mpa de resistência à ruptura ou ainda 1600 Mpa.

AÇOS ARBL (ALTA RESISTÊNCIA E BAIXA LIGA)

Com as evoluções das tecnologias de Cor te do Aço por “plasma” ou “laser”, ou mesmo os custos dos chamados “retrabalhos” encon traram uma forte necessidade de avaliação do percentual das “Tensões Residuais”.

Os aços ARBL possuem uma elevada “Tensão Residual” e são difíceis de Corte ou Conformação. Novamente os nórdicos europeus desenvolve

EQUIPAMENTOS ESPECIAIS (PARTE 1) Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022
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ram o processo “Temper-Mill” que foi aprimora do pelos norte-americanos com o processo de “Stretch-levelling” cuja eficiência é maior, porém de custo e produtividade em desenvolvimento ainda questionáveis. Os sulistas europeus ainda através de limitações de processamento com Pré e Endireitamento específico chegaram também ao ideal de 80% de alívio das tensões residuais.

A figura abaixo ilustra os três diferentes métodos de alívio das “Tensões Residuais”.

Os aços de Alta Resistência e Baixa Liga irão proporcionar avanços e sustentabilidade em algumas inovações como:

O carro popular muito econômico presen te ou futuro carro elétrico.

Implementos agrícolas com dimensões de eficiente produtividade sem agressão do solo (compactação).

A viabilidade econômica das estruturas em aço das construções civis.

Implementos rodoviários mais leves, ou seja, de menor consumo de combustível.

Outras aplicações que proporcionaram o avanço tecnológico com custos reduzidos.

*Claudio Pereira Flor é diretor-presidente da Divimec Tecnologia Industrial Ltda., fabri cante de linhas de corte longitudinal, trans versal entre outros. cflor@divimec.com.br

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Foto: Divulgação
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AUTOMAÇÃO

TÉCNICO Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022
Fotos: Divulgação 46

E MANUSEIO DE MATERIAIS

Os sistemas de pontes rolantes automatizadas e os sistemas de linhas de embalagem também automatizadas, reduzem os custos e aumentam o ganho de produtividade.

RED BUD INDUSTRIES*

Na busca constante por meios de cortar custos, muitos cen tros de serviço estão desco brindo a automação. Quando o tema da automação é levan tado, logo pensamos em máquinas utiliza das para a produção tais como, slitters , linhas de corte longitudinal e/ou lasers. Hoje em dia, essa ideia vem sendo bastante ampliada para englobar também o manuseio de ma teriais, tanto na chegada quanto na saída, bem como a ocupação de espaços.

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Além de reduzir o número de funcionários e, como consequência, os custos de mão de obra direta, ao automatizar o manuseio de materiais também se reduz, de modo signi ficativo, o impacto ambiental das constru ções. Mesmo que o preço da automação possa impactar os custos de implantação, a redução no tamanho da instalação sem pre superará em muitas vezes esta despesa. Com o tempo, a redução nos custos de mão de obra direta certamente também irá su perar em muito o investimento feito. A au tomação ainda reduz erros e traz mais segu rança ao ambiente de trabalho, o que libera funcionários que poderão ser mais produti vos em outras áreas.

PONTES ROLANTES

AUTOMATIZADAS

Embora os sistemas automatizados de ar mazenamento e recuperação de bobinas já existam há algum tempo, só agora estão conquistando popularidade entre os centros de serviço. Esses sistemas são capazes de ar mazenar bobinas de modo muito mais com pacto, permitindo que o mesmo peso seja armazenado em uma área muito menor. Em muitos casos, o espaço necessário pode ser reduzido em até 50% ou mais. As pontes ro

lantes automatizadas operam em áreas limi tadas e específicas, de modo que oferecem um nível de segurança inigualável se com parado ao de pontes rolantes tradicionais. Essas pontes também podem funcionar em modo manual e operar como uma ponte ro lante tradicional. O operador ainda precisa retirar as bobinas de um caminhão ou vagão e posicioná-las na área de preparação; po rém, a partir deste ponto, as bobinas podem ser armazenadas, recuperadas e, em alguns casos, carregadas até a linha de processa mento de modo totalmente automatizado, sem qualquer intervenção do operador.

LINHAS DE EMBALAGEM

A embalagem do produto finalizado tem seus próprios e singulares desafios. As linhas de embalagem de bobinas existem há mui tos anos, mas também esses sistemas estão se tornando mais automatizados. Rotula doras totalmente automatizadas já são co muns. Também já existem sistemas capazes de identificar automaticamente os ODs (di âmetros externos) das bobinas. Atualmente, é possível comprar uma Linha de Embala gem para bobinas totalmente automática, que não necessita da intervenção de opera dor. Assim que as bobinas são colocadas na

TÉCNICO Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022
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saída, o material não será mais tocado até estar empilhado e pronto para ser retirado do equipamento.

ARMAZENAMENTO

AUTOMATIZADO DE BOBINAS E CHAPAS/BLANKS

Uma das soluções mais inovadoras no ma nuseio de materiais é o sistema de armaze namento de bobinas e chapas/ blanks . Este sistema aproveita o espaço vertical da sua instalação. Embora os sistemas por rack ou estantes já estejam em uso há algum tempo, em geral, é necessário que o material seja posicionado manualmente. Como consequ ência, embora ocupem um espaço peque no, não há economia em relação à mão de obra direta. Além disso, o material também pode ser facilmente danificado.

Estes sistemas totalmente automatizados não necessitam de operador. Eles incluem uma exclusiva ponte rolante embutida, con trolada por computador, que movimenta o material dentro do sistema. Assim como as pontes rolantes automatizadas, os sistemas operam como unidades independentes. Há também algumas opções disponíveis para

carregar produtos finalizados no sistema. Isso inclui a possibilidade de alimentar o sistema diretamente a partir de uma linha de corte longitudinal ou slitter . Uma vez car regado, o computador rastreia automatica mente as bobinas até que sejam removidas do sistema. Quando o produto está pronto para ser enviado, ele é automaticamente recuperado e enviado para o local pré-de signado. Ao chegar nesta posição, em geral, uma ponte rolante ou empilhadeira é usada para transferir o material para um caminhão. Estes sistemas também têm conexão com sistemas ERP e as informações podem ser compartilhadas entre todos os sistemas.

No passado, esses sistemas tinham que ser comprados individualmente de várias empresas. E a integração entre eles era, no mínimo, complicada, para não dizer impos sível. Agora, a Red Bud Industries oferece uma ou todas as opções acima em um pa cote completo.

*Material Elaborado e fornecido pela Divisão Técnica da Red Bud Industries. https://redbudindustries.com

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No Brasil: mader@vpeconsultoria.com.br 49

DEMANDA REPRIMIDA GERA RECORDE

Com um cardápio recheado de atrações, a feira realizada em Joinville conseguiu mobilizar grande público interessado em se antenar com as novidades que estão aparecendo no mercado.

HENRIQUE PATRIA

Aespera pela 13ª Intermach vem des de 2019, quando aconteceu a última edição. De lá para cá os participan tes da tradicional feira catarinense, aguardaram a mostra que neste ano bateu todos os recordes pois reuniu nos pavi lhões da Expoville em Joinville-SC mais de 24 mil participantes que representa cerca de 20% a mais do que a anterior.

A feira aconteceu entre os dias 13 e 16 de se tembro e reuniu cerca de 300 marcas e segun do seus organizadores gerou negócios na casa dos R$ 300 milhões que irão se concretizar nos próximos meses.

Foram contabilizados visitantes de 508 cidades e 20 estados, com destaque para os públicos de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul e teve ampla cobertura do Portal e revista Siderurgia Brasil, que passaram pela feira e regis traram seus principais momentos.

Pudemos notar uma tendência bem acen tuada por produtos ligados à automação e ro bótica. A busca do aumento de produtividade nas empresas é a preocupação de onze entre dez empresários com os quais tivemos a opor tunidade de conversar. Muitos dos expositores se preocuparam em mostrar a conectivida de de seus produtos e sistemas avançados de

FEIRA DE MÁQUINAS
Fotos: Alexandre Silvino/Intermach Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 202250

REPRIMIDA RECORDE DE PÚBLICO

controle e processos e gestão empresarial uti lizando sistemas modernos como ERP e outras ferramentas de gestão.

Chamou também bastante a atenção a Roda da de Negócios, onde os organizadores aproxi maram os produtores, fornecedores, fabricantes e comerciantes dos possíveis compradores.

Com a participação de 24 empresas compra doras e 80 fornecedoras, a Rodada de Negócios registrou o equivalente a 770 horas de reuniões realizadas, com estimativa de R$ 12 milhões gera dos nas negociações.

Ainda foram realizados no mesmo pavilhão uma ampla grade de 27 workshops e palestras, todos eventos gratuitos, que destacaram te mas atuais e inovadores, apresentados por es pecialistas em suas áreas de atuação. Entre os temas abordados destacamos a Indústria 4.0 e a inovação de fabricação de peças utilizando a impressora 3D.

Finalizando, também houve o Congresso Me

cânica e Automação, organizado pelo Instituto SENAI de Inovação, em parceria com a Messe Brasil, que apresentou através de painéis assun tos como robótica, transformação digital, proces samento de materiais a laser, tecnologia dos ma teriais e processos de usinagem.

E ainda o tema “Metrologia e Controle da Quali dade para a Indústria Metalmecânica” foi o centro das apresentações realizadas pela Câmara Seto rial para Máquinas, Equipamentos e Instrumen tos para Controle da Qualidade, Ensaio e Medi ção (CSQI), da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Para Richard Spirandelli, diretor da Feira e da Messe Brasil, realizadora do evento: “Tivemos corredores cheios durante todos os dias do evento, com número de público que superou todas as edições anteriores. Isso mostra que o mercado da indústria está aquecido e o seu pú blico buscando novidades em automação, ro bótica e novas tecnologias”.

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INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BATE RECORDES

Os números apresentados pela Anfa vea, entidade que reúne os montadores de veículos no Brasil mostraram que pela primeira vez em 2022, o volume acumu lado de produção superou os mesmos 8 meses do ano passado. Foram 1,549 milhão, de veículos produzidos contra 1.479 milhão, com crescimento de 4,7%. A produção de veículos leves neste mês de agosto também bateu recorde com 238 mil unidades, alta de 8,7% sobre ju

lho e de 43,9% sobre agosto de 2021. O otimista presidente Marcio de Lima Lei te, lembrou que no ano passado o mês de agosto, foi um mês que haviam inúmeras unidades paradas por falta dos micropro cessadores e microchips. Citou ainda que neste ano, pela primeira vez, não houve em agosto, paradas de fábricas por falta de in sumos. Parece que está se regularizando o fornecimento deste essencial componente para as montadoras de veículos.

ESTATÍSTICAS
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Grande destaque também foi o segmen to de ônibus que apresentou produção acumulada de 20 mil unidades produzi das no ano, que corresponde a 50% a mais do que nos oito primeiros meses de 2021. Existem programas de incentivo como “Ca minho da Escola” que absorveu 33% dessa produção. Foi citado também o retorno do crescimento do turismo como um fator po sitivo para o setor. E continua em grande crescimento o setor de máquinas agrícolas, e sobretudo as máquinas rodoviárias, tam bém com o melhor resultado histórico nos últimos meses.

“Em agosto, pela primeira vez em um ano e meio, conseguimos operar sem nenhuma fábrica completamente parada. O fluxo de semicondutores finalmente começa a me lhorar, embora ainda estejamos passando por um período de restrições de oferta”, co memorou o Presidente da Anfavea.

Outro número muito comemorado pelo presidente foi o volume de vendas regis trado. O total de vendas divulgado chegou à casa dos 209 mil veículos no mês que é o melhor resultado dos últimos 19 meses. Foi a primeira vez no ano que esse indica dor superou a barreira das 200 mil unida

des vendidas em um único mês. Com isso a média diária de 9,1 mil emplacamentos representou um crescimento de 14,6% so bre o mês passado e 20,7% em relação ao mesmo mês no ano passado.

Mais um item em crescimento foi o rela tivo à exportação que se manteve em alta também em agosto quando foram embar cadas quase 47 mil unidades enviadas a vários mercados, principalmente na Amé rica do Sul, que representaram crescimen to de 11,7% sobre junho e de 59% sobre agosto de 2021. No acumulado do ano, o volume de 335 mil autoveículos exporta dos supera com folga a dos anos anterio res, inclusive o de 2019, último ano antes da pandemia.

E continua com excelente desempenho o setor de máquinas agrícolas e de máquinas rodoviárias. Em julho (último dado apura do) foram 9.130 unidades vendidas, ligeira queda de 3,4% sobre junho, mas com alta de 16,4% sobre julho de 2021.

Já no acumulado do ano, o total de 59 mil máquinas agrícolas e rodoviárias vendi das supera em 26,5% o volume dos primei ros sete meses do ano anterior.

Fonte: Anfavea

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PRODUÇÃO DE AÇO: CRESCIMENTO NA PRODUÇÃO

Conforme divulgado pelo Instituto Aço Brasil, no mês de agosto a produção per maneceu praticamente estável com cresci mento de 0,6% em relação ao mês passado (2.841 mil toneladas contra 2.823 mil tone ladas em julho). No entanto, se considerar mos a relação com agosto do ano passado a queda registrada foi de 11,3% (2.841 mil toneladas contra 3.203 em agosto de 2021).

Já a produção de laminados foi de 2.062 milhões de toneladas, contra 2.131 do mês passado e 11,6% a menor do que a registra

da em agosto de 2021. A produção de se miacabados para vendas foi de 574 mil to neladas, uma queda de 23,3% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2021¹.

As vendas no mercado doméstico (inter nas) mostraram crescimento de 3,6% em re lação ao mês passado (1.745 mil toneladas contra 1.684 mil toneladas) mas em relação ao ano anterior recuaram 6,8% em compa ração com o apurado em agosto de 2021 e atingiram 1,7 milhão de toneladas. O con sumo aparente de produtos siderúrgicos foi

ESTATÍSTICAS
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de 2,1 milhões de toneladas, 8,3% inferior ao apurado no mesmo período de 2021.

O destaque positivo fica para as exporta ções² de agosto foram num montante de 924 mil de toneladas, ou US$ 898 milhões, o que resultou em aumento de 7% e de 3,5%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2021.

Também recuaram as importações de agosto de 2022 com um montante de 319 mil toneladas e de US$ 462 milhões, uma queda de 30,9% em quantum e de 0,2% em valor na comparação com o registrado em agosto de 2021.

NOTAS EXPLICATIVAS DO AÇO BRASIL:

(1) Devido a uma perda que ocorre durante o processo produtivo do aço, a soma da produção de laminados e semiacabados para vendas não equivale ao total da pro dução de aço bruto.

(2) Em agosto/22, o Ministério da Economia revisou as informações de exportações de janeiro/22 a julho/22 di vulgadas através do Portal Comex. Portanto, o Aço Brasil atualizou os dados de exportações siderúrgicas relativos aos meses de janeiro/22 a julho/22 que traz impactos nos volumes exportados do acumulado do ano.

Nos dados de agosto/22, foram registrados volumes de exportações através de operações com embarque ante cipado, que geralmente registram volumes acima do ex portado efetivamente. A correção dessas exportações, possivelmente, ocorrerá nas próximas divulgações dos dados do Comex.

Nota: Compreende os dados da laminadora SILAT a partir de dezembro de 2020, adquirida pela Gerdau.

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VENDA DE AÇOS PLANOS SEGUE EM ALTA EM AGOSTO

O crescimento nas vendas neste mês esteve acima dos 6%, quando comparado com o mês anterior. Este é o resultado dos dados divul gados pelo Inda, entidade que reúne os prin cipais distribuidores de aços planos no país, e que confirmaram a sequência de altas que o setor vem registrando neste ano.

Foram 6,2% nas vendas quando comparadas a julho, atingindo um total de 334,9 mil tone ladas contra 315,3 mil do mês passado. Estes números são mais expressivos ainda se com pararmos com o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 274,5 mil toneladas. Portanto uma alta de 22%.

As compras junto as usinas produtoras tam bém cresceram e registraram alta de 5,6% em relação a julho, com volume total de 350,9 mil toneladas contra 332,3 mil de julho. Em rela

ção ao mês de agosto do ano passado a alta foi de 16%.(302,5 mil ton.).

Os estoques em números absolutos fecha ram em alta de 2% em relação ao mês ante rior, atingindo um total de 822,2 mil tonela das contra 806,2 mil. O giro de estoque está em 2,5 meses.

Já as importações também registraram alta em relação ao mês anterior, pois foram impor tadas 147,7 mil toneladas contra 110,2 mil em julho, o que representa uma alta de 34% em re lação ao mês anterior. No entanto, em relação ao mesmo mês do ano anterior (189,7 mil ton.), as importações mostraram queda de 22,1%.

Com esta performance o setor caminha para atingir a meta proposta no início do ano que era de crescer perto de 10% no ano de 2022. Fonte: Inda

ESTATÍSTICAS
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ESTATÍSTICAS 57Siderurgia Brasil 160 - Setembro - 2022 DOE POR TELEFONE FIXO OU PÓS*: 0500 12345 05 - doe R$ 5* 0500 12345 20 - doe R$ 20* 0500 12345 40 - doe R$ 40* *Telefone xo: R$ 0,39/minuto + impostos Telefone móvel: R$ 0,71/minuto + impostos Nathália Lopes, primeira paciente símbolo da campanha Teleton, em 1998. Sua doação espalha o bem a cada movimento! Doe e faça parte da nossa história de 25 anos. Teleton25anos Foto: Sergio Luiz Jorge Ou acesse teleton.org.br DOE AGORA, FAÇA UM PIX PARA : doeteleton@aacd.org.br

USO DE GÁS NATURAL PELA ARCELORMITTAL

A ArcelorMittal Tubarão fechou con trato para utilização de gás natural em seu Alto-Forno 3. A parceria foi firma da com a Companhia de Gás do Es pírito Santo (ES Gás), que começou a fornecer 250 mil m³/dia em 12 de se tembro último.

“Este terceiro Alto-Forno da usina, inaugurado em 2007, já é adaptado para receber esse tipo de combustível. A nos sa expectativa, agora, é adaptarmos os dois outros equipamentos para, assim que possível, também fazerem a transi

ção energética”, afirmou Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aço Planos Améri ca Latina. Juntos, os três Altos-Fornos re presentam a maior produção de aço das Américas, responsáveis pela produção de 7,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano.

O Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor ao lançar a meta de ser carbono neutro até 2050 e, como passo interme diário, reduzir em 25% suas emissões es pecíficas até 2030.

Fonte: Assessoria Imprensa

VITRINE
Foto: Divulgação
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PROGRAMA DE CASAS POPULARES

Com R$7,2 bilhões contratados, a CAIXA, líder de mercado no crédito imobiliário, fe chou o mês de agosto de 2022 com o melhor desempenho registrado no ano para o programa Casa Verde e Amarela.

Este é um resultado 45,6% superior ao mes mo período de 2021. Ao todo, o banco empres tou para o segmento de Habitação, em agosto deste ano, R$16,6 bilhões, superando o resultado histórico

obtido em julho, que foi de R$16,3 bilhões. No Casa Verde e Amarela, foram contrata dos no mês de agosto de 2022, R$5,8 bilhões no crédito para pessoas físicas, um aumento de 41,4% em relação ao mês de julho de 2022.

Para mais informações sobre o crédito imobiliá rio na CAIXA, os clientes podem consultar o site do banco, ou o aplicativo Habitação CAIXA.

Fonte: Assessoria de imprensa Caixa

CERÂMICA COM REJEITOS DA SIDERURGIA

A Exposibram, maior feira de negócios e congresso do setor de mineração do país, exibiu 480 peças produzidas no ateliê-escola Cerâmica Santana.

O ceramista Alex Santana e seus alunos do ateliê-escola Cerâmica Santana, projeto social localizado no Aglomerado da Serra, a maior favela de Belo Horizonte produziram 480 peças com os 500 quilos de rejeitos ge rados pela Mina do Andrade e doadas pela ArcelorMittal. A Cerâmica Santana é o pri meiro ateliê-escola de cerâmica em funcio namento dentro de uma vila de periferia do

país e segundo Alex Santana, seu objetivo é trazer de volta a prática da cerâmica nas co munidades tradicionais, produzir arte cultu ralmente afirmativa e trabalhar para a gera ção de trabalho e renda em vilas e favelas.

Fonte: Livia Figueiredo – Assessoria da ArcelorMittal

Foto: Divulgação Foto: Divulgação
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CAMINHÕES ELÉTRICOS PESADOS

A Volvo Trucks está iniciando, na Suécia, a produção em série das versões elétricas de seus veículos Volvo FH, FM e FMX, mo delos com capacidade total de 44 tonela das. Com isso, a marca torna-se a primeira a fabricar caminhões elétricos pesados em escala industrial de forma regular .

A produção em série dos caminhões elé tricos pesados Volvo começa agora na fá brica de Tuve, em Gotemburgo, na Suécia, e no próximo ano chega à planta de Ghent, na Bélgica. Os pesados elétricos são fabri

cados na mesma linha de montagem dos veículos com motor a combustão, o que traz alta flexibilidade de produção, ganhos e eficiência. As baterias são fornecidas pela nova unidade de montagem de baterias da Volvo Trucks em Ghent.

A demanda por caminhões elétricos está crescendo rapidamente em muitos merca dos, por conta da necessidade dos embarca dores por um transporte livre de combustí veis fósseis, com metas de sustentabilidade. Fonte: marco.greiffo@volvo.com

ANUNCIANTES DESTA EDIÇÃO

Empresa Página

AACD - Assoc. de Assist. à Criança Deficiente

Associacao Latino-Americana do Aco - ALACERO

Benafer S/A - Comércio e Indústria

Divimec Tecnologia Industrial Ltda.

JLM Negócios e Soluções Ltda. - Mercosistem

Larzinho Casa Jesus, Amor e Caridade

Red Bud Industries

Revista Siderurgia Brasil

Tec Tor Indústria e Comércio Ltda.

Tetraferro Ltda.

Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A.

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