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MERCADO
precisa se Brasil O nação tornar uma
Berço de incontáveis oportunidades, o Brasil precisa, entretanto, realizar mudanças profundas na sua postura e na sua atitude frente a si próprio e ante as maiores nações do planeta, a fim de ganhar o seu merecido lugar de destaque entre elas.
Marcus Frediani
FFormatada como um grupo que atua em diversos setores da economia brasileira, a Açotubo é, hoje, referência nacional no fornecimento de tubos de aços, e trabalha para garantir a excelência em seus produtos e processos. Fundada em 1974 por Luiz Bassi – que, pouco tempo depois, ganhou o apoio de seus irmãos Ribamar e Wilson, trio que permanece até hoje em sua direção –, a empresa possui reconhecimento do mercado, em função de sua postura constante de inovação, notadamente no que diz respeito à sua estrutura técnica operacional do ramo siderúrgico, aliando avan
çados princípios de administração e estratégias, com o suporte de valiosos fornecedores na distribuição de seus produtos.
No comando comercial da companhia há 43 anos, cuidando para que ela externe com precisão valores como inovação, sinergia, flexibilidade, comprometimento, transparência, credibilidade e foco no cliente Ribamar Bassi diz que a maior prova de que a Açotubo acredita no Brasil é a sua trajetória de trabalho, iniciada com muita seriedade e determinação na pequena instalação na Zona Norte da capital Paulista. Com muito esforço e merecimento, a empresa cresceu e, hoje, sua estrutura lhe permite atender clientes de todo o Brasil, a partir de sua matriz com mais de 120.000 metros quadrados, em Guarulhos/SP,
Fotos: Divulgação
onde se localizam todas as suas divisões: Tubos e Aços, Conexões, Aços Inoxidáveis, Trefilados e Peças, Serviços Industriais e Incotep Sistemas de Ancoragem. Complementarmente, a Açotubo conta com a assistência de seis filiais e representantes estrategicamente distribuídos ao longo do território nacional.
Ribamar, diretor comercial da Açotubo, gentilmente recebeu a reportagem da revista Siderurgia Brasil para falar do mercado de tubos, de sua empresa e muito, mas muito mesmo a respeito de seu amor pelo Brasil. Desse encontro surgiu esta entrevista exclusiva. Confira!
Siderurgia Brasil: Depois de anos em vetor de queda, parece que as vendas de tubo de aço começam a reagir no Brasil. Como anda a situação dos fabricantes?
Nos últimos anos, vimos atravessando momentos difíceis. E, por consequência, registramos algumas baixas. Além da quebra de algumas empresas, um dos sinais mais eloquentes dos problemas que nos afetaram está sendo o fato de que a produção de tubos de aço está encolhendo em termos de oferta de variedade ao mercado. Hoje, quando falamos em medidas, nossa operação vem se dando numa faixa entre 1/2 a 24 polegadas.
Muitos economistas e operadores do mercado, entretanto, estão falando de “sinais de recuperação”. Esses sinais são consistentes?
Sim, os sinais de recuperação são consistentes, e essa é a parte boa da história. Porém, eles vêm acontecendo muito mais por necessidade, não porque o governo e os políticos são bons ou estejam fazendo coisas boas. E sim, porque a infraestrutura do país está tão desgastada, que alguma coisa tem que voltar a acontecer. E tubos são uma
das principais bases do negócio. Eles entram de maneira proeminente, por exemplo, na fabricação das máquinas que vão tocar as novas e tão necessárias obras de infraestrutura.
De que forma você tem sentido essa retomada nos negócios da Açotubo?
Para nós, a reversão chegou sob a forma da parada da queda, mas não em termos de um grande crescimento. Hoje, contabilizando a compra de matéria-prima e o pagamento de impostos, salários e encargos, a Açotubo trabalha mais de 20 dias por mês para ganhar menos que dois dias. Num passado bem recente, quando os preços dos tubos estavam em baixa, a gente trabalhava 20 dias para não ganhar nada. Em outras palavras, paramos de cair e estamos começando a caminhar a passos lentos.
Atualmente, vocês têm atividade exportadora?
Bem pouco. Exportamos menos de 2% de nossa produção para os países da América do Sul, principalmente para países como Paraguai e Bolívia e, agora, mais recentemente, alguma coisa pequena para o Chile. Em renda, os valores talvez cheguem 2% de nosso faturamento.
E qual a previsão de vocês para a evolução do mercado de tubos em 2018?
O ano que vem vai estar melhor, porque, como eu já disse, nós paramos de dar ré e, finalmente, engatamos a primeira marcha. E empresas como a nossa, de distribuição, vão ser muito importantes para o mercado, porque sempre mantemos pulmão para a indústria, tanto para atender aos grandes quanto os pequenos clientes, com um grande mix de produtos. Com a Petrobrás mais aberta em sua politica de participação nos novos preços, a agricultura batendo novos recordes de grãos e a pequena reação da indústria, estamos prevendo um crescimento do mercado em torno de 15%.
O nível de ociosidade desse mercado continua muito grande?
Hoje, estamos com um nível de atividade, em termos de consumo aparente, em torno de 60%, o que já demonstra uma recuperação, porque havíamos chegado a apenas 48%. E eu acredito que em 2018 o nível de atividade/consumo aparente deverá chegar a 75%. Os pontos de equilíbrio de todas as companhias vão subir, porque vamos vender um pouco mais. Até as margens, que estão péssimas, devem melhorar. Então, com
uma pequena recuperação de margem, alinhada a uma expectativa de crescimento em torno de 15% no consumo aparente, o astral da nossa indústria tem tudo para mudar.
De que maneira você acredita que esse “bom astral” vai se distribuir ao longo do ano de 2018?
Com certeza, o segundo semestre vai ser melhor do que o primeiro semestre. O primeiro trimestre será apático, o segundo trimestre será bom, e o segundo semestre será bem melhor. Recentemente, a Petrobras licitou uma unidade para produção de gás, que nos traz boas expectativas. Só esperamos que não aconteça o mesmo que aconteceu com as refinarias Premium 1 e 2, lá no Maranhão, cuja construção foi abortada. Acreditamos que os leilões que ainda estão para acontecer, somados aos que já se concretizaram poderão, sim, deslanchar um pouco mais este mercado com a entrada de mais capital externo, principalmente nas linhas de transmissões de energia.
A Açotubo se preparou para suportar esse provável aumento de consumo?
Sim, a estrutura de nossa empresa é bem robusta e bem distribuída. Além da nossa matriz e fábrica aqui em Guarulhos, na Grande São Paulo, temos uma filial em prédio próprio em Contagem/ MG, Curitiba/PR, Duque de Caxias/RJ, Sertãozinho/SP, Caxias do Sul/RS e em Canoas/RS, dimensionadas para atender à demanda regional e proporcionar rápido atendimento, que é o diferencial da Açotubo. Veja, nós vendemos uma commodity, e se o cliente for atrás de uma commodity e o fornecedor atrasa, pode esquecer.
Quais essas unidades trabalham com inox?
Inox nós temos em Canoas/RS, em Sertãozinho/SP e no Duque de Caxias/ RJ, além da matriz em São Paulo. E, num furo de reportagem para a revista Siderurgia Brasil, informamos ao mercado que, em breve, vão ser criadas mais duas unidades de inox: uma em Contagem e outra no Paraná ou em Santa Catarina, ainda estamos decidindo.
E existe algum setor, entre aqueles que a Açotubo atende, no qual essa retomada esteja se manifestando de forma mais proeminente?
Hoje, no Brasil, só existe um setor, para o qual fornecemos, que podemos falar que está bem, que é o agronegócio. E a gente fornece para ele, desde tubos para as cabines de comando até para a mecânica e o comando das máquinas. Já o setor de óleo e gás anda meio quieto, embora a Petrobras já esteja fazendo algumas licitações na área do gás, na qual o Brasil tem uma riqueza muito grande. É um processo que também está querendo começar a caminhar, mas o nosso caixa ainda não está recebendo dinheiro. O mercado de tubos sofreu um solavanco muito forte depois da confusão toda envolvendo a Petrobras e a Lava Jato. Foi um baque muito grande. Agora, nosso mercado se estabilizou em cerca de 50%, o que é muito baixo. Para se ter uma ideia melhor disso, basta dizer que, hoje em dia, 60% dos tubos consumidos no Brasil dependem do óleo e gás, e esse consumo caiu 50%.
Contudo, com a chegada de Pedro Parente à Presidência da Petrobras, a estatal, inegavelmente, está ganhando moral. Ele é um administrador competente e já conseguiu estabilizar um pouco os processos e, aparentemente, fazer a Petrobras retomar o fôlego. Até o Pré-sal tem evoluído, embora não em ritmo forte, não é mesmo?
Nesta questão, acredito que a Açotubo e o Brasil esperam que exista uma nova gestão, mais eficaz e eficiente, que possibilite a retomada nos investimentos e uma verificação de melhoria em seus processos. E, claro, que à frente disso estejam pessoas que possam gerar tais mudanças da melhor forma possível. Isso é essencial para o mercado. Na linha do Pré-sal, em seu início de projeto, a realidade era outra comparada à de hoje. Os preços do barril do petróleo mudaram, surgiram novas tecnologias e novas soluções. Enfim, o Pré-sal é tão importante para o Brasil quanto saber o melhor momento para usufruirmos essas reservas.
E a construção civil? Toda hora temos visto novos lançamentos imobiliários Eles podem ser uma saída para o setor de aço e, mais especificamente, para o de tubos?
Olha, alguns de nossos fornecedores que produzem muito aço para as construções, esperam que 2018 seja um ano não esplêndido, mas um bom ano para a construção civil. Agora, o que é essa construção civil que estamos falando? Nada mais de Serra da Raposa, com 40.000, 50.000, 80.000 toneladas de aço, para fazer uma barragem daquelas para a construção da hidrelétrica. Estamos falando de construção civil para habitação, que, realmente, anda aí um déficit muito forte. Porém, nossas soluções no mercado para construção civil vão além do fornecimento de tubos e aço: elas são pautadas em combinações de diversos produtos, que passam por uma aplicação desde engenharia mecânica até soluções geológicas para fundações, pontes, túneis entre outros.
Atualmente, a entrada de tubos chineses continua sendo um problema para vocês?
Não mais. Hoje, ainda entra alguma coisa em termos de tubos com costura, mas é pouco. O mesmo com os tubos sem costura, em função de um processo de antidumping que impetramos junto ao governo federal. A entrada de tubos chineses criou uma situação de prática desleal de preços, até que as empresas nacionais entraram no governo federal e expuseram a situação, que era inadmissível. Ora, um tubo que em qualquer lugar do mundo se produz a US$ 2.000 a tonelada, os chineses estavam vendendo aqui por US$ 1.200. Não tinha jeito. Dessa forma, o governo, vendo que o prejuízo que a indústria nacional estava sofrendo era muito grande, com risco até de pararmos a atividade, reverteu a situação. Assim, foi criada uma taxação de importação de algo em torno de US$
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Você está confiante de que seu material vai continuar plano depois que seu cliente cortar a laser, na guilhotina ou puncionar? Só porque o material parece plano, não significa que ficará assim. Devido a tensões internas contidas no aço, uma vez que o material é cortado, pode apresentar o efeito mola (memória da bobina). O Sistema de Nivelamento por Estiramento produz o material mais plano e mais estável possível, independentemente da forma da tira que é processada. Em uma comparação de resultados, o estiramento será sempre muito superior a qualquer outro tipo de processo de nivelamento. O desafio da Red Bud – Envie-nos uma bobina que não consegue deixar plana com seu equipamento atual, e vamos nivelar de graça. Além de obter seu material plano, nós garantiremos que permanecerá plano. Material de primeira ou desclassificado, nós transformaremos práticamente qualquer material em “qualidade laser”. Venha ver e comprovar!
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Produzindo material plano que permanece plano.
700 a US$ 900, o que, praticamente, dobrou o preço do produto deles, o que tornou mais difícil sua entrada no Brasil.
Criou-se, então, uma reserva de mercado para os tubos nacionais?
Não. Essa expressão “reserva de mercado” não se aplica a essa situação. O que se criou foi uma homogeneidade de preços, em outras palavras, equilibrou o processo e ampliou nossa competitividade. Lá nos Estados Unidos, um fabricante produz um tubo por US$ 2.000 a tonelada. O mesmo acontece na Europa, no México e na Argentina também. Agora, competir com alguém que vende tubos no seu país por US$ 1.200 a tonelada, não tem jeito de competir. Então, por meio de um processo antidumping o preço dos tubos chineses se equiparou, simplesmente, aos preços praticados em todos os mercados internacionais. Só isso. Os tubos deles chegam aqui por US$ 1.200, acrescenta-se os US$ 700 a US$ 900 de taxa de importação, bate nos US$ 1.950 a tonelada e pronto: não tem problema. Estabeleceu-se, simplesmente, uma situação de equilíbrio. Mas, apesar disso, há uma coisa que poderá desequilibrar essa conquista, que se chama “moeda”. Se, de repente, o dólar cai para patamares inferiores aos que temos hoje, o chinês volta a vender, porque mesmo com esses US$ 700 a US$ 900 de taxa de entrada, mais o que ele consegue reduzir lá no custo dele, ainda vai dar para ele vender os tubos deles aqui. E com lucro, embora não acreditando nessa flutuação, jamais.
E com relação aos graus de investimentos? Voltamos a ter condições de atrair capital estrangeiro?
Bem, oportunidades para os investidores é o que não faltam. O Brasil tem muitas oportunidades para se ganhar dinheiro. Só que se coloque na posição de um investidor internacional, que tem muito dinheiro aplicado no Canadá, onde não tem crise há mais de 80 anos, na Finlândia, onde não tem crise faz 200 anos, na Dinamarca, na Noruega, na Austrália, na Áustria: eles não vão tirar o dinheiro deles desses países para colocá-los no Brasil, ainda mais com toda essa confusão na política e na economia.
Nem a possibilidade de ganhos maiores aqui consegue estimular esse pessoal a investir aqui?
Por hora, penso que não, porque não há garantia de retorno de capital. Temos que dar um pouquinho mais segurança para eles. Se você fizer uma rápida pesquisa no âmbito das multinacionais, vai constatar que as unidades que mais dão lucro para elas estão no Brasil. O Brasil é uma façanha. Os estrangeiros ganham muito dinheiro aqui, porque lá fora está muito difícil ganhar dinheiro. Lá fora está tudo pronto e envelhecendo. Não há muita oportunidade em termos de aumentos de rentabilidade. Então, eles têm que sair de lá para fazer investimento em outro lugar, que poderia ser aqui. Só que falta organização e, também, nós termos mais respeito por nós mesmos. Então, só quando o nosso país virar nação que isso poderá mudar.
Como assim “virar nação”? O
Brasil já não “é” uma nação?
Infelizmente, ainda não. Por enquanto, o Brasil é apenas um país. Virar nação não é apenas um país ter um território delimitado por referências geográficas, uma língua e uma população. É muito mais. Esse processo envolve questões outras e mais relevantes, relacionadas á cultura e à civilidade do povo. Vou dar um exemplo: tenho alguns amigos que moram nos Estados Unidos, na região onde agora há pouco passou o furacão. No dia seguinte, tinha filas para doar sangue, vizinhos, nem muito próximos daqueles que perderam suas casas, oferecendo lugar em suas próprias residências para as famílias desabrigadas. Isso é
povo, isso é nação. E o exemplo vem de cima, dos políticos e governantes, que, vamos combinar, andam muito mais preocupados em se manter no poder do que em reestruturar a política e a economia brasileiras.
OK! Mas, no seu entendimento, como (e quando) é que o Brasil vai virar uma nação?
Isso só vai acontecer quando todos que aqui nascerem que têm identidade brasileira, passarem a torcer verdadeiramente pelo país e a adotar um único rumo de conduta, o rumo do bem. Veja bem, meu pai, que viveu quase 84 anos, nunca foi a uma delegacia, a não ser para tirar uma cédula de identidade ou um atestado de bons antecedentes. Ele nunca precisou de juiz, de carcereiro ou de um advogado para resolver questões criminais, a não ser para ver documentação para compra ou venda de um imóvel. Nem ninguém da minha família. As estruturas da minha família permitiram que ninguém precisasse de nada disso. Então, temos que promover por uma mudança profunda em nós mesmo. E não vai ser em dois dias que o Brasil vai conseguir fazer isso. Para virar verdadeiramente uma nação precisamos ser independentes, financeira e tecnicamente falando. Hoje, aplicamos muito pouco em investimento do nosso PIB em escolas e em bom ensino.
“Sem rumo” e “à deriva” também parecem ser os sentimentos que melhor descrevem a situação dos brasileiros em relação à obrigatoriedade de escolher o novo presidente da República e os novos parlamentares nas eleições de 2018. Há uma nítida aversão aos partidos de centro-esquerda e até uma grita orquestrada que pede a volta dos militares ao poder, como se isso fosse a saída. Como você analisa essa situação?
O problema é que, atualmente, todas as instituições brasileiras e até mesmo as grandes empresas estão desmoralizadas frente à opinião pública. Enquanto isso, os empresários honestos, que constituem a grande maioria, continuam sempre expostos, desempenhando o papel de “cristo”, pagando sempre a conta. As coisas aqui simplesmente não se resolvem. Tudo é procrastinado, improvisado e mal feito. E quando as coisas não se resolvem, é que se buscam mudanças, essas guinadas direcionadas para a extrema direita, como essas que você mencionou, porque as pessoas querem saídas. Só que não temos referências. O Brasil, como está, está sem rumo. As pessoas de nações genuínas, nas quais o país virou nação, conseguem ouvir opiniões divergentes e dizem “OK! Sua opinião é boa. Mas eu prefiro a minha opinião.” Ou, então, admitir: “Realmente, a sua opinião é melhor.” Mas nós não con
seguimos fazer isso ainda. Então, para muita gente, o exercício da democracia acaba se tornando uma coisa irreal e difícil. Então, voltando àquilo que eu falei há pouco, não tem jeito: o Brasil precisa virar nação. Precisamos mudar esse conceito. E o presidente que a gente colocar lá no Planalto em 2018, seja ele quem for, tem que ter plena consciência, e mais, convicção disso. Ele tem que ir para a cama de noite dizendo “Tenho orgulho de ser Presidente da República Federativa do Brasil e uma grande, enorme responsabilidade por isso!”.
Você acredita que as reformas vão contribuir para isso?
Bem, sem dúvida o Brasil está se modernizando. Mas não porque nós estamos querendo e, sim, porque o mundo quis e quer assim. Porque o mundo está precisando das nossas reformas hoje em dia. O mundo não está querendo mais um Brasil – que é quase uma América inteira, com quase 70% de alguns dos mercados da América do Sul – vivendo uma realidade retrógrada. Primeiro, precisávamos da trabalhista, que foi minimamente realizada. E a segunda é a reforma política. Não tem jeito, enquanto existirem 30 e tan
tos partidos, o Brasil vai continuar na mesma. Essas reformas têm que existir. Porque em qualquer país do mundo – o Canadá, por exemplo, faz mais de 80 anos que não tem crise – as reformas são feitas todos os dias. É interesse do país, da nação e do povo? Então, que se faça a reforma.
Falando especificamente da reforma trabalhista, como você avalia a qualidade do texto que foi aprovado?
Olha, costumo dizer que, na reforma trabalhista, nós necessitávamos de um avanço da largura do rio Amazonas, só que paramos no meio. E quem quiser chegar à outra margem, vai ter que ir a nado – se conseguir chegar, tudo bem; senão, morre. Ela foi feita de forma improvisada, como quase tudo que se faz no Brasil. Ela precisava ter sido feita de maneira mais integral, só que acabará “desnatada”, magra, pequenina, miúda. Sim, a reforma trabalhista, sem dúvida, trouxe um grande avanço no sentido de facilitar a relação entre empregado e empregador e, com certeza, criará novas vagas de empregos. Mas ela deveria ter criado mais autonomia nas relações e menos envolvimento dos sindicatos e estados.
Mas você se alinha ao pensamento de muita gente de que, pelo menos, alguma reforma foi feita?
De modo algum. Esse é o problema, a “filosofia” do brasileiro: ele nivela tudo por baixo e se contenta com pouco. O problema é que a próxima reforma trabalhista só vai acontecer daqui a 50 anos. E, enquanto isso, vamos ficando para trás em termos de desenvolvimento na escala de competitividade. Segundo o Fórum Econômico Mundial, em 2012 ocupávamos o 48º lugar e, agora, ocupamos a 57ª posição – perdemos até para o Panamá, Costa Rica e Barbados. Junto com a reforma da trabalhista, se a reforma da previdência for aprovada, poderemos, sim, conseguir avançar um pouco. Mas, se falarmos em reforma política, estamos regredindo. E a tributária inexiste.
Como você analisa alguns pontos da nova legislação trabalhista, que entra em vigor agora em novembro, relacionados ao papel dos sindicatos, que, ao que tudo indica, vai diminuir bastante?
Veja bem, eu sou empresário, com 43 anos de empresa, mas tenho que dizer uma coisa: os sindicatos têm que existir, para proteger e representar os trabalhadores. Porque, senão, tem muita gente mal intencionada, que vai prejudicar seus funcionários. Mas tem que ter uma vigilância perfeita, séria, que diga “não” o peleguismo. Sim, temos que ter sindicatos, mas não esse excesso de entidades, confederações e centrais sindicais que temos hoje. Das 14.000 entidades desse tipo que existem hoje no Brasil, quando muito existem 1.000 que trabalham em prol dos trabalhadores. O mesmo acontece com o excesso de número de partidos: existem uns três ou quatro sérios e os outros existem só para criar problemas e atrapalhar a vida de todos. Tudo isso tem que mudar. E para ontem.
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