benicio biz
reinventando o cotidiano editora
Coletânea de trabalhos realizados durante a quarentena Apresentação
editora
Priscilla Porto Nascimento Fasani Beatriz Cardoso Beth Serpa
Edição atualizada Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 1
Agradecimentos Agradeço a Lia, minha esposa, aos meus filhos Sanny, Pablo, Vitor, Mariana e Luiza, aos meus netos Thiago, Benjamin, Betania e Olivia, e a todos os amigos que me ajudam e me apoiam nessa jornada pelo mundo afora. Beijo a todos!
ANO 2021 - © Todos os direitos desta edição reservados a Benicio Biz Editores Associados Lida. Contatos: benciobiz@tnpetroleo.com.br ou bizbeni5@gmail.com Todas informações acesse beniciobiz.carrd.co
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reinventando o cotidiano Coletânea de trabalhos realizados durante a quarentena Apresentação Priscilla Porto Nascimento Fasani Beatriz Cardoso Beth Serpa
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Sumário 7 Benicio Biz: reinventando o cotidiano por Priscilla Porto Nascimento Fasani 13 É preciso pedir bis, por Beatriz Cardoso 19 Com talento e boas vibrações, por Beth Serpa 20 produção recente 38 série orgânicos 48 série pin-ups 66 série artistas que eu adoro 84 série casas 92 série surreal 106 série fotos e outros elementos 142 série beijo 148 série do jardim da minha casa 168 série geométricos 178 série pinturas, desenhos e escultura 189 currículo Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 5
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Benicio Biz: reinventando o cotidiano Priscilla Porto Nascimento Fasani*
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urante a quarentena imposta pela pandemia do corona vírus, o artista Antonio Benício Bizerra, pernambucano de origem e carioca de coração, vem redescobrindo os sons dos cantos dos pássaros, a beleza e as cores da natureza, o cheiro das flores, o sabor de cozinhar e degustar os alimentos, o prazer que os sentidos nos proporcionam. A sua casa em Niterói tem sido fonte de constante inspiração para sua criação, por estar repleta do que o poeta Manoel de Barros denominava de coisas “desimportantes”, “desúteis”. A sua renovação como artista tem sido feita com elogios às “insignificâncias”. Durante esse processo de transmutação, Biz tem compartilhado em seu Instagram fotografias do pôr do sol, de flores de diversas espécies e cores, de bolos caseiros, de barcos de pesca vazios em Charitas, do Rio visto do Caminho Niemeyer, de pratos coloridos e nutritivos, de pássaros em sua piscina, nas árvores, da lua da tarde. Essas imagens animam a vida de quem as vê. São também contagiantes: a vontade de comer essas iguarias, de contemplar essas paisagens, de ouvir músicas calmas e românticas e se encantar com a cor lilás como Djavan, de ter a dádiva de ouvir o canto dos pássaros do seu quintal. Em meio a esse convite à liberdade, no entanto, há um alerta de que o mundo mudou, através da postagem de uma imagem da Monalisa de Da Vinci vestindo uma máscara cirúrgica. A mensagem que o artista nos passa é de que o medo de perder a vida não deve nos paralisar, Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 7
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mas nos indicar a necessidade de preservar a natureza e de cuidar do nosso corpo-espírito. O conatus spinozista, o esforço de permanecer existindo, que é uma potência ativa do nosso ser, é realizado através dos afetos, ou seja, afetamos e somos afetados pelas pessoas, pelas coisas, pela natureza, pelos acontecimentos da vida, pela arte. Então vamos navegar pelas obras da quarentena de Benício Biz! O Rio por um fio (acrílico e colagem, 2020), mostra o paradoxo da cidade dentro de uma caixa enquanto o céu e o mar estão em plena liberdade. Em Nu na janela (pastel oleoso, 2020), uma mulher nua e cabisbaixa dá as costas para a paisagem do Rio e para o MAC. A colagem Os meninos de Charitas (2021) exibe alguns jovens surfistas no fim da tarde. Na tela Abstrato+gato (2021), o gato preto tem destaque. A retomada da vida vai sendo celebrada também em Icaraí: a festa do verão (2021), com a praia cheia de gaivotas e bicicletas. Em uma composição vemos um cachorro em evidência junto a belos objetos de decoração, noutra, em Composição em flor (2021), Biz utiliza a imagem da flor do seu jardim. Biz homenageia artistas da Arte Moderna como em Magritte surreal (2021), o artista pop Roy Lichtenstein é celebrado em O choro (2021), Hopper em A solidão de Edward Hopper (2021), Andy Warhol é citado com a reprodução das imagens de Marilyn Monroe, o escultor suíço Alberto Giacometti é exaltado em Para Giacometti (2021) e em Para Gustav Klimt (2021), Biz destaca as lágrimas de ouro da obra originalmente feita por Anne-Marie Zilberman, influenciada pelo trabalho de Klimt. A influência da pop art nos trabalhos de Biz realizados em 2020 e 2021 são evidentes como podemos ver em Chiclets, O beijo, Cotidiano, Outro beijo, Não me deixe! e Adoro seu beijo. O charme das voluptuosas modelos pin-ups dos anos 60 pode ser encontrado em O charme e a cor do verão, Blue jeans, Flores e cores e Hoje é sexta-feira me liga. Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 9
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Com temáticas existenciais encontramos Caminhada, Pegada, O céu é de todos, Um pouco surreal, Cidade louca e Voar é preciso. A série Casas I, II e III tangencia essa situação de isolamento social, de cada um na sua casa, mas sempre trazendo pássaros ou árvores como elementos de destaque da paisagem exterior. Os afetos que alimentam o artista podem ser representados pelas obras Esse seu olhar, rosto feminino feito em aquarela em tons de cinza, com destaque para uma borboleta colorida no lugar da boca, e pelo retrato Minha neta Olívia, desenhado a lápis Caran d’Ache. Esse bloco de sensações tão presente nesta fase de Biz nos remete ao Sensacionismo de Fernando Pessoa, que através do personagem Alberto Caeiro, declara sua predileção pelos sentidos em detrimento do pensar intelectual e filosófico. “Penso com os olhos e os ouvidos, com as mãos e os pés e com o nariz e a boca”. A criança eterna sempre o acompanhava. Utilizando as palavras do filósofo Edgar Morin, é através da poesia que sabemos que não habitamos este planeta apenas por questões utilitárias e funcionais, mas também pelo deslumbramento do amor, das sensações, do indizível. A delicadeza do trabalho de Biz pode ser sintetizada pela obra Composição azul do mar (2021), com nuvens, gaivota, o mar, um barquinho de papel e como ponto focal temos um borrão de tinta que escorre e cai em direção a um vaso de cerâmica marajoara, trabalho feito pelas tribos indígenas que habitavam a ilha de Marajó, no norte do Brasil. Essa memória ancestral citada com tanta sutileza pelo artista nos remete ao fato de que o nosso fazer no presente cai em nossas origens, está relacionada a nossa cultura, aquilo que nos tornou o que somos. Mesmo nos sentindo frágeis no nosso barquinho de papel, Biz afirma que navegar é preciso. * Doutora em Cultura e Sociedade (UFBA) e mestre em Ciência da Arte (UFF). Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 11
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É preciso pedir bis Sopra o vento – o Sertão incendiário! Andam monstros sombrios pela Estrada e, pela Estrada, entre esses Monstros, ando! Ariano Suassuna
Cortesia Fundação Joaquim Nabuco - PE
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Beatriz Cardoso*
ercorrendo a estrada dessa quarentena inglória, que tende a tornar-se bianual – não como a planta que completa o ciclo evolutivo em dois anos, pois não queremos que ela, a peste do século XXI, viceje – parece quase impossível extrair da paisagem o belo, a luz, o riso. Mas é no detalhe que se encontra o que pensávamos inexistente. Com olhos de Suassuna, que a ele ensinou que ‘O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso’, Benício Biz reinventa o cotidiano. Não apenas dele e da mus(a)eterna Lia. Mas o de todos os que anseiam por um novo horizonte – seja uma visão do lado de lá da ponte, em Niterói, onde mora, seja aqui do alto de Santa Teresa, onde coabita minha quarentena (que perambula pelo Centro do Rio três vezes por semana). O horizonte está à nossa frente, ainda que não o vejamos. Benício Biz mostra que há muitos horizontes, na sua Coletânea de trabalhos realizados durante a quarentena – Reinventando o cotidiano – título (invertido) do livro que ele nos lega em plena quarentena. Inverti o título porque considero a quarentena produtiva de Benício tão importante quanto sua reinvenção. Ele confirma o que afiançava o Suassuna: “a tarefa de viver é dura, mas fascinante”. Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 13
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Não sou crítica, senão de mim mesma. Portanto, não me cabe analisar cada obra, sejam pinturas, foto-colagens ou fotografias, que já puderam ser apreciadas na ‘galeria’ do perfil de Benício Biz no Facebook. Como visitante bissexta que sou das redes sociais, onde inexplicavelmente ainda tenho centenas de amigos (!!!), podem até pensar que não acompanhei essa reinvenção. É que não preciso ‘seguir’ Benício, pois há mais de 20 anos caminhamos juntos: compartilho um ‘projeto de vida’ dele e Lia – a revista TN Petróleo, da editora que carrega seu nome. Sou uma companheira de ‘viagem’, honrada pela amizade-cúmplice que nos manteve unidos, mesmo nos piores momentos. Duplamente honrada por ser convidada a escrever sobre essa reinvenção. Mesmo em tempos digitais, foi incrível receber, de um ‘golpe só’, parte (tem mais, acreditem!) da criativa quarentena de Benício Biz reproduzida em uma centena de páginas. Obra ´tramada’ com a mesma delicadeza dos bordados de Passira (PE), nos quais, utilizando a técnica herdada dos portugueses, ‘cada bordadeira imprime personalidade aos padrões, na íntima relação cotidiana com o trabalho’ (Associação Mulheres Artesãs de Passira). Um patrimônio cultural da terra natal desse ‘artista de nossa época’, como definiu o jornalista Orlando Santos, saudoso companheiro de aventuras gastronômicas e culturais de Benício (que nunca trocou a máquina de escrever por um computador e me fez, algumas vezes, digitar seus textos!). “O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado”, sopra Ariano Suassuna. Benício não se aquieta...e se incomoda com a restrição, a imobilidade. Por isso, talvez relembrando a travessia diária da baía da Guanabara, na barca Niterói-Rio-Niterói (proibitiva em tempos de pandemia), nos presenteie com esse livro. Uma obra que possibilita àqueles que estão em isolamento, ‘navegar’ por múltiplos horizontes, capturados pelo olhar e a alma sensível desse pernambucano, que de grande não tem somente o tamanho, mas também o talento. Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 15
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A arte de Benício Biz é como o sal da terra, ‘retemperando’ o cotidiano, dispensando maiores formalidades. O que me leva de volta ao mestre Suassuna, que afirmava: ‘a arte para mim não é produto de mercado... Arte pra mim é missão, vocação e festa.” Só pode ser isso, pois é difícil nos reinventarmos na tristeza. Benício cumpriu essa difícil missão. Por isso, eu peço bis! *Jornalista, editora da TN Petróleo
Com o jornalista Orlando Santos e o marchand Jean Boghici
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Com talento e boas vibrações Beth Serpa*
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ada estanca a inquietação intelectual de Benicio Biz. Nem a pandemia do covid-19 iniciada em março 2020. Isso por que ele sempre está mergulhando e vivenciando diferentes momentos do seu trabalho como artista. E ainda consegue que muitas criações se modifiquem. Quem acompanha sua trajetória ou passa a conhecer Benicio Biz agora vai apreciar este Reinventando o cotidiano – coletânea de trabalhos realizados durante a quarentena. O livro/catálogo está organizado em 9 séries: “Orgânicos”, “Pin-ups”, “Foto colagem”, “Casas, “Surreal”, “Do meu quintal”, “Geométricos”, “Artistas que eu gosto” e “Pinturas, desenhos e escultura”. Cada obra apresentada aqui é uma narrativa ilustrada, que enche os nossos olhos com boas vibrações. Em uma época que precisamos tanto! Benicio Biz tem consciência perfeita das necessidades da sua arte. Com talento e determinação, se insere plenamente na diversidade dos campos da visualidade. *da Mundipress Comunicação
Os editores Gustavo Barbosa, Benicio Biz e Paul Christoph e a divulgadora Beth Serpa. Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, 1982. Foto de Edinalva Tavares. Benicio Biz • Reinventando o contidiano I 19
produção recente
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série pin-ups
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