TN Petróleo 72

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Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

opinião

Ano XII • mai/jun 2010 • Número 72 • www.tnpetroleo.com.br

A energia descriminada, de Antonio E. F. Muller, presidente da Abdan (Associação Brasileira do Desenvolvimento das Atividades Nucleares)

O outro Brasil do petróleo – Parte 3 Wärtsilä: com força total Lançado ao mar primeiro navio fluminense do Promef Primeiro porta-contêineres construído no Brasil

ESPECIAL: PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRAS 2010-2014

224 bilhões

de dólares em

investimentos A hora do pré-sal e dos pequenos produtores de petróleo e gás, por Haroldo Lima Modalidades de transporte e escoamento de óleos não convencionais, por Clenilson da Silva Sousa Junior A evolução do licenciamento ambiental das atividades de E&P, por Maria Alice Doria

CADERNO DE SUSTENTABILIDADE Michelin Challenge Bibendum: mobilidade sustentável Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade: diálogo necessário Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010 Mais de 2 milhões para Piatam V

Entrevista exclusiva

John Forman, vice-presidente da HRT Oil & Gas

De volta ao Eldorado


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sumário

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edição nº 72 maio/jun 2010

entrevista exclusiva

entrevista exclusiva John Forman Milne Albuquerque Forman, vice-presidente da HRT Oil & Gas

Eldorado De volta ao

com John Forman, vice-presidente da hrT oil & Gas

É negro e não dourado o ouro que a HRT Oil & Gas pretende explorar na região amazônica, que já foi chamada de Eldorado brasileiro em tempos politicamente mais obscuros. “A Bacia de Solimões tem um potencial muito bom”, afirma o geólogo paraense John Forman Milne Albuquerque Forman. “Sou de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Você não vê minha cara de índio?”, brinca o vicepresidente da mais jovem companhia petrolífera do país, ao falar sobre os 21 blocos na Bacia do Solimões, que somam cerca de 48 mil km², cujo controle foi adquirido pela HRT no segundo semestre do ano. por Beatriz Cardoso

“Por que o PoTeNcial é muiTo bom? Geologia é uma coisa curiosa, pois trabalha com correlações. Se refletirmos sobre a evolução geológica e lembrarmos que os continentes um dia foram conectados, vamos ver que essa bacia tem correlação com a região norte da África. e o que temos lá? Petróleo e gás em grandes quantidades”, diz o executivo, horas antes de começar o período de silêncio exigido pela comissão de Valores mobiliários (cVm) para qualquer empresa que vai abrir seu capital. o ex-diretor da agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e biocombustíveis (aNP) aposta em uma capitalização bem sucedida, a despeito de ocorrer na mesma época de processo similar na Petrobras. “Somos detentores da segunda maior área sob concessão no brasil. com apenas um terço das nossas reservas avaliadas, já temos mais de 2 bilhões de barris”, destaca Forman. “Sem falar no potencial dos três blocos em águas 14

profundas, no offshore da Namíbia”, acrescenta o geólogo especializado em geologia de mineração e mestre em ciências pela universidade de Stanford, califórnia (eua). estas primeiras concessões internacionais da HrT estão próximas ao campo de Kudu, onde já foi descoberto 1,3 trilhão de pés cúbicos (TcFs) de gás natural. e a empresa já assegurou mais dois blocos no país africano ao adquirir a lábrea Petróleo, que tem participação de 10% em quatro concessões em terra. reafirmando sua aposta em áreas nas quais, a despeito dos riscos, o potencial é inegável, a HrT pretende intensificar suas operações esse ano, a todo gás! TN Petróleo – Vai começar o período do silêncio exigido para a capitalização da HRT. Qual a expectativa da empresa? John Forman – quando a HrT o&G foi criada, no ano passado, já havia a

ideia de que ela deveria caminhar para um iPo (sigla para a expressão em inglês initial Public offering que significa a abertura do capital de uma empresa no mercado acionário, quando ela emite um volume de ações equivalentes ao seu valor de mercado ou parte do mesmo), em função do posicionamento de nossos investidores. Trabalhamos para estarmos prontos para essa capitalização em julho, quando vamos avaliar se o mercado está ou não com apetite para este iPo.

SomoS deTeNToreS da SeGuNda maior Área Sob coNceSSão No braSil. com aPeNaS um Terço daS NoSSaS

Quais os grandes atrativos da HRT O&G que favorecem essa abertura de capital praticamente na mesma época da capitalização da Petrobras? Temos importantes ativos na bacia de Solimões, a maior bacia produtora onshore do país (e a segunda maior em gás), e ativos offshore na costa da Namíbia. (A HRT tem 40% do controle das concessões adquiridas na Namíbia, sendo o restante dividido entre

reSerVaS aValiadaS, jÁ TemoS maiS de 2 bilHõeS de barriS.

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De volta ao Eldorado

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por Maria Fernanda Romero

Fotos: Agência Petrobras

como era de Se eSPerar, a área de exploração e produção (E&P) receberá mais da metade dos investimentos previstos pelo Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2010 a 2014 (PN 2010-2014): ficará com US$ 118,8 bilhões, que representa 53% do total de US$ 224 bilhões de recursos que serão alocados para projetos no Brasil e no exterior. O montante é 14% superior aos investimentos estimados no plano anterior (2009-2014). A segunda maior receita ficou com a área de abastecimento (que engloba, além de refino, transporte e comercialização), que vai receber US$ 73,6 bilhões, equivalentes a cerca de 33% do total. Os investimentos em novos projetos somam US$ 31,6 bilhões (pouco mais de 14% do total), sendo que o E&P vai receber 62% (US$ 19,7 bilhões), ficando a área de gás e energia com 21% (US$ 6,5 bilhões) e o abastecimento, com 16% (US$ 5,1 bilhões). No PN 2010-2014, houve uma redução de US$ 17 bilhões de re-

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tirada e redefinição de outros projetos e foram agregados 155 novos empreendimentos. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que, no total, 686 projetos de grande porte integram o planejamento atual, para o período de 2010 a 2014. No plano anterior, com investimentos para o período de 2009 a 2013, a previsão era executar 531 projetos do mesmo porte – cada um com mais de US$ 25 milhões.

Produção revista No PN 2010-2014, a meta de produção no Brasil e exterior para 2014 é de 3,907 milhões de barris

Plano de Negócios da Petrobras 2010-2014

Investimentos no Pré-sal Período 2010-2014 (US$ 33 bi)

Total do investimento: US$ 224 bilhões Distribuição (1%)

US$ 2,5 Petroquímica (5%)

US$ 5,1 G&E (8%)

Petrobras vai investir uS$ 224 bilhões até 2014

Biocombustíveis (2%)

Infraestrutura e suporte(2%)

US$ 3,5

US$ 0,8

Corporativo (1%)

US$ 2,8

Exploração (13%)

US$ 4,3

US$ 17,8

E&P (53%)

US$ 118,8* RTC (30%)

US$ 73,6

Desenvolvimento da produção (78%)

arte: TN Petróleo

Petrobras vai investir

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de óleo equivalente por dia, o que corresponde a um crescimento anual de 9,4% nesses quatro anos, tomando como base o projetado para 2010, de 2,723 milhões de barris. Do total previsto para 2014, no Brasil serão extraídos 2,980 milhões de barris de petróleo, sendo 152 mil barris de reservas do pré-sal. Outros 623 mil barris serão de gás extraído no país e os 304 mil barris restantes, de óleo e gás retirados de reservas no exterior. Para 2020, a estatal espera atingir uma produção de 5,382 milhões de barris de óleo equivalente por dia, o que corresponde a um avanço anual de 7,1% sobre a expectativa para 2010. Desse montante, o Brasil contribuirá com 3,950 milhões de barris de óleo (dos quais 1,183 milhão de barris do pré-sal) e o equivalente a 1,109 milhão de barris de gás natural. No exterior, a produção de óleo e gás deverá somar 323 mil barris no final dessa década. Segundo Gabrielli, a redução de 318 mil boe na projeção de produção total para 2020, em comparação com a do plano anterior, se deve à revisão das metas internacionais, em função da revisão dos investimentos futuros para adequação à atual estratégia de E&P da Petrobras. “As metas apresentadas levam em consideração apenas os atuais projetos da carteira e não consideram o potencial de produção proveniente da Cessão Onerosa,

A Petrobras manteve seu plano de investimentos bem próximo do volume que havia sido anunciado em março, sendo que projetos no Brasil consumirão a maior fatia – US$ 212,3 bilhões – do volume total de recursos, cabendo aos empreendimentos da estatal no exterior 5% – US$ 11,7 bilhões. O volume anunciado, em torno de 20% superior ao PN 2009-2013, representa uma média de investimentos de US$ 44,8 bilhões por ano.

US$ 224 bilhões até 2014

US$ 27,8

*US$ 33 bi no Pré-sal US$ 75,2 bi no Pós-sal

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28 Cessão onerosa e capitalização da Petrobras

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Produtores independentes – parte 3

independentes – parte 3

Produtores Independentes – Parte 3 (final)

o outrobrasil

do petróleo por Cassiano Viana

O pré-sal ronda a atividade petrolífera em Sergipe desde a descoberta, em 1963, do campo de Carmópolis, a 60 km ao norte da capital.

Fotos: Banco de Imagens TN Petróleo

ste campo, situado no pré-sal, embora terrestre, é o marco da indústria petroleira no estado, ainda que as pr imeiras descobertas de indícios de hidrocarbonetos tenham sido feitas dois anos antes, no campo terrestre de Riachuelo, a 40 km de Aracaju. Mas foi apenas com a descoberta, em 1968, do campo de Guaricema, localizado na foz do rio Vasa Barris, que Sergipe se consagraria como um estado pioneiro na exploração offshore de petróleo no Brasil. Trinta e nove anos depois, em 2007, com a instalação do poço de Piranema, no litoral sul, os sergipanos viram a produção local mais do que dobrar, passando de

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30 mil para quase 76 mil barris de petróleo por dia. Apesar da tradição no cultivo da cana-de-açúcar, laranja e coco, a exploração do petróleo é hoje uma das mais importantes atividades geradoras de recursos

e desenvolvimento, sendo responsável por cerca de 16% do Produto Interno Bruto (PIB) de Sergipe. Lá, também, a Petrobras – segunda maior geradora de ICSM (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercado-

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

E

Para chegar à ilha fluvial onde estão os poços de carapitanga, é preciso descer o canal do Pomonga, braço do São Francisco.

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O outro Brasil do petróleo 36 Vivendo no paraíso 38 Produção independente de óleo e gás beneficia economias regionais 39 Banho de água fria 40 A hora do pré-sal e dos pequenos produtores de petróleo e gás, por haroldo Lima

energia e indústria naval

mos a ser um player conhecido no mercado”, frisa. “Em decorrência dessa termelétrica, abrimos, em 1998, uma nova frente na região Norte, uma filial em Manaus que hoje é tão grande e importante quanto a sede, no Rio de Janeiro. Já é uma referência na região.” A Lei do Petróleo promoveu o aquecimento das atividades da empresa no Brasil. “O mercado da Wärtsilä foi durante muito tempo mais focado na indústria naval, mas está ocorrendo um shift (uma mudança de foco) para a área de petróleo e gás muito forte, visando atender as demandas offshore.”

Wärtsilä:

com força total

Energia para Suape

Wärtsilä: com força

TOTAl A empresa comemora duas décadas de Brasil anunciando dois grandes contratos, nas áreas offshore e de energia térmica, e por Cassiano Viana com um brasileiro no comando.

O

ano de 2010 está sendo especial para a Wärtsilä. Não só pelas comemorações dos 20 anos da empresa no Brasil, mas também pelos contratos de peso que já fechou até agora. Um deles, para

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a construção da maior usina termelétrica (UTE) de sua trajetória, na região de Suape (PE), onde está um dos maiores complexos industriais e portuários do país. O outro, para fornecimento dos módulos principais de potência para a P-63, unidade de produção que irá operar no campo de

Papaterra, no sul da Bacia de Campos. Além disso, a finlandesa renovou contratos de fornecimento de peças e manutenção de motores na UTE Santana da Eletronorte, na cidade de Santana (AP) e anunciou, no dia 10 de maio, seu primeiro presidente brasileiro,

Fotos: Cortesia Wärtsilä

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especial: PN 2010-2014

pn 2010-2014

Robson Campos. O executivo, de 39 anos, que está na Wärtsilä desde 1990, primeiro ano de operações da multinacional no Brasil, substitui Tomas Hakala, transferido para os Estados Unidos para assumir a vicepresidência de Serviços para as Américas. Logo, é com propriedade que Robson Campos aponta como marcos dos primeiros anos da companhia o fornecimento de motor para o porta-aviões Minas Gerais e a construção da Usina de Cogeração do Parque Gráfico do jornal O Globo, obra pioneira de engenharia e de geração, com uma planta extremamente sofisticada e que não existia similar no Brasil naquela época. “Ninguém pensava em gerar a

própria energia. Esse foi um dos primeiros projetos de cogeração no Brasil e um dos únicos que funcionam com a mesma eficiência desde o início”, afirma o executivo. “A empresa apostou no Brasil e bancou o risco durante sete anos, antes de obter os primeiros resultados positivos no país. As vendas maiores começaram apenas em 1997”, lembra. Segundo Campos, existe uma Wärtsilä antes e depois de 1998, quando a companhia assinou o contrato para a construção da termelétrica Rio Negro, em Manaus, a primeira de uma série de grandes e modernas unidades de geração térmica na época. “Foi o nosso primeiro contrato de turn key e de operação e manutenção integrada. A partir dele, passa-

Há muitas razões para comemorar essas duas décadas de Brasil. Com o início das operações das UTEs Viana (ES), Geramar I e Geramar II, localizadas em Miranda do Norte (MA), em janeiro, a empresa finlandesa ultrapassou a marca de 1,0 GW de potência instalada no âmbito de operações no Brasil. As UTEs Geramar I e II produzirão, juntas, um total de 330 megawatts de potência elétrica para a rede nacional, enquanto a UTE Viana ficará responsável por suprir 174 megawatts, energia suficiente para o abastecimento de 400 mil residências. Além da construção, a operação e manutenção das três UTEs também ficarão a cargo da Wärtsilä, que até o final de 2010 concluirá mais três unidades, uma em Campina Grande (PB) uma em Maracanaú (CE) e outra em Linhares (ES). O anúncio do contrato para a construção da termelétrica, para a Energética Suape II, com valor estimado em 200 milhões de euros (US$ 250 milhões), foi feito em maio. Localizada no municíTN Petróleo 72

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43 Trajetória de muita energia


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Liderança em Classificação e Certificação Offshore e-mail: absrio@eagle.org Tel: + 55 21 2276-3535

eventos

primeiro navio fluminense do Promef

eventos

CONSELHO EDITORIAL

lançado ao mar

O navio de produtos, para transporte de derivados claros de petróleo, que recebeu o nome do economista Celso Furtado, é o segundo do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) a ser por Maria Fernanda Romero lançado ao mar.

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Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Agência Petrobras

U

m duplo evento marcou o lançamento ao mar do navio-tanque Celso Furtado, no final de junho, construído no Estaleiro Mauá, em Niterói, no Rio de Janeiro, para a Transpetro, braço logístico da Petrobras. No mesmo dia em que a primeira embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) construída no Rio foi batizada, houve também o batimento de quilha do segundo dos quatro navios de produtos, para transporte de derivados de petróleo, encomendados ao Estaleiro Mauá pelo Promef, simbolizando o início da montagem. O navio tanque foi batizado de Celso Furtado em homenagem ao economista paraibano que participou da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e lançou os fundamentos do mais recente ciclo de desenvolvimento do país. A Transpetro resolveu homenagear sua força de trabalho

escolhendo como madrinha Giovana da Silva Almeida de Morais, funcionária do quadro de marítimos, que hoje é imediata do NT Pedreiras, também da companhia transportadora da Petrobras. “É uma honra ter sido escolhida madrinha para representar os marítimos. Meu sonho é ser, no futuro, comandante de um dos novos navios do Promef ”, declarou Giovana. A solenidade no Mauá segue o cronograma de lançamentos previsto para este ano, que se iniciou no dia 7 de maio, no Estaleiro Atlântico Sul (PE), com o lançamento do Suezmax NT João Cândido. “Este lançamento tem um significado histórico muito grande, já que foi aqui

CARACTERíSTICAS TéCNICAS Navio destinado ao transporte de produtos claros derivados de petróleo (diesel, gasolina, querosene de aviação, nafta, óleo lubrificante) Comprimento: 190 m Boca moldada: 32,2 m Calado de projeto máximo: 12,5 m Capacidade: 48.000 tbd, equivalente a 54.000 m³

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mesmo, na Ponta D’Areia, onde começou a ser consolidada a tradição brasileira de construir navios. Estamos retomando esta tradição”, frisou o presidente da Transpetro, Sergio Machado. Durante coletiva aos jornalistas, no dia anterior ao lançamento, o presidente do Estaleiro Mauá, Domingos D’Arco, informou que apesar do navio Celso Furtado já estar bem equipado, a embarcação só será entregue no dia 15 de dezembro. Os estaleiros do estado do Rio, maior e mais tradicional polo naval do país, já contam com 16 navios encomendados pelo Promef, que somarão R$ 2,2 bilhões em investimentos. O programa vai criar pelo menos 50 mil empregos no estado, sendo 10 mil diretos e 40 mil indiretos. Ele é o primeiro encomendado a um estaleiro fluminense pelo Sistema Petrobras a ser lançado em 13 anos: o último TN Petróleo 72

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Lançado ao mar primeiro navio fluminense do Promef

50 Primeiro porta-contêineres construído no Brasil 52 Rio debate o pré-sal 56 ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico – Gigante do aço 58 Gas Summit 2010 – O futuro do gás na América Latina 62 IAEE’S 2010 – Rio realiza conferência mundial do setor de energia Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade orgânicos; economizar água e energia, entre outros”, enumera Marta Rocha, da Atitude Brasil, organizadora do fórum.

Redes sociais

Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, promovido pela Atitude Brasil, reuniu cerca de 1,8 mil pessoas de diversas nacionalidades, das mais variadas áreas do conhecimento, para discutir a cultura da paz, o respeito social, ambiental, econômico e social. por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

E

scolhida para receber a terceira edição do III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, realizado entre os dias 19 e 20 de maio, a cidade do Rio de Janeiro não foi a única a ter acesso ao conteúdo desse importante evento, que reuniu 1.800 pessoas: os debates sobre temas das mais distintas áreas de co-

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nhecimento foram transmitidos, através da internet, gratuitamente, para universidades e instituições da América Latina, Europa, África e Ásia, em tempo real, via webcast. O fórum promoveu o debate entre os setores público, privado e a sociedade civil, sobre o conceito e a prática da sustentabilidade, tendo como ponto de partida os quatro princípios da Carta da Terra: Democracia, não violência e paz;

Integridade Ecológica; Respeitar e Cuidar da Comunidade da Vida e Justiça Social e Econômica. “A comunicação é fundamental para promover mudanças de conduta na sociedade e aproximar o discurso na prática. Para praticarmos a sustentabilidade, basta que todos adotem pequenas atitudes como não consumir mais do que precisa; praticar a carona solidária, consumir produtos

damental e importante para o desenvolvimento sustentável. (...) a consciência social é que mudará o mundo. a diferença não vai seguir sendo os espectadores, mas os construtores: é preciso arriscar! Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz de 1992

e orkut são formas de comunicação muito potentes”, assegurou Tarnowski, acrescentando que esse tipo de iniciativa facilita o acesso à informação e à educação. O inglês defendeu a capacidade dos meios sociais na hora de introduzir uma “mudança fundamental” na estrutura pouco sustentável do mundo atual e, assim, romper a brecha que divide países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Para ele, as redes sociais deram uma importância maior para as mobilizações da sociedade. “Comunicação é informação com uma relação. Podemos tornar nosso futuro diferente através da comunicação e do aumento do diálogo entre os povos”, finalizou ele, apontando a nova geração de jovens como a ‘geração da mudança’.

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O representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, o belga Vincent Defourny, apontou as redes sociais como fator de multiplicação de possibilidades de comunicação, que tem papel importante na mobilização social. “Podemos acreditar na força da comunicação, acreditando que podemos mudar e ter um mundo mais sustentável ‘contaminando’ outras pessoas”. Doutor em comunicação, Defourny também acredita que a internet e as redes sociais são fundamentais para a disseminação das ações de sustentabilidade. “Podemos tornar nosso futuro diferente através da comunicação e do aumento do diálogo entre os povos”, completou ele, pontuando que as redes sociais deram maior destaque às mobilizações da sociedade. O gerente de Relacionamento – Comunicação Institucional da TN Petróleo 72

Caderno de Sustentabilidade Diálogo necessário

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Ano XII • Número 72 • maio/jun 2010 Fotos: Agência Petrobras, com arte TN Petróleo

artigos

seções editorial hot news indicadores tn eventos perfil profissional caderno de sustentabilidade

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pessoas produtos e serviços fino gosto coffee break feiras e congressos opinião

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ESPECIAL PN PETROBRAS 2010-2014: 224 BILHÕES DE DÓL ARES EM INVESTIMENTOS

108 A evolução do licenciamento ambiental das atividades de E&P, por Maria Alice Doria

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102 Modalidades de transporte e escoamento de óleos não convencionais, por Clenilson da Silva Sousa Junior

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opinião

necessário

as empresas e os meios de comunicação têm um papel fun-

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Diálogo

As redes sociais da internet, e outras plataformas virtuais, foram apontadas ferramentas importantes no combate as desigualdades e como mecanismo de disseminação da sustentabilidade. Em um debate do qual participaram Lucian Tarnowski, do BraveNewTalent. com; Gilberto Puig, gerente de comunicação da Petrobras; Genival Oliveira (Gog), escritor e compositor; Débora Garcia, gerente de conteúdo e novas mídias da TV Futura; Vincent Defourny, representante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) no Brasil; e a Nobel da Paz, Rigoberta Menchú. Todos, por unanimidade, reafirmaram o poder gerado pela internet. Símbolo de uma nova geração e nomeado Jovem Líder Global, pelo Fórum Econômico Mundial, o inglês Lucian Tarnowski, de 26 anos, é o empreendedor por trás do Brave New Talent, plataforma na internet que conecta cerca de cem mil jovens de 140 países a potenciais empregadores através da rede social. Ele apontou a comunicação como uma das grandes promotoras de mudanças nesse novo cenário de urgência da sustentabilidade, ressaltando que os veículos voltados para essa questão estão principalmente nas redes sociais. “Os blogs e plataformas virtuais como twitter

Luiz B. rêgo Luiz eduardo Braga xavier marcelo Costa márcio Giannini márcio rocha melo marcius Ferrari marco Aurélio Latgé maria das Graças Silva mário jorge C. dos Santos maurício B. Figueiredo Nathan medeiros roberto Alfradique V. de macedo roberto Fainstein ronaldo j. Alves ronaldo Schubert Sampaio rubens Langer Samuel Barbosa

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suplemento especial

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Entrevista exclusiva

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editorial

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Sem mais desculpas A CoPA do muNdo ACABou para o Brasil, que tem pela frente outro desafio no setor de óleo e gás, com as mudanças que vêm sendo efetivadas no marco regulatório que ajudou a consolidar a indústria brasileira nessa área. o primeiro semestre de 2010 também acabou e somente agora a cadeia produtiva do petróleo e gás conhece as linhas gerais do plano de investimentos da Petrobras para o quinquênio 20102014, que prevê a alocação de uS$ 212,3 bilhões em recursos no país – e uS$ 11,7 bilhões em empreendimentos da estatal no exterior. o plano explicita um dos grandes pleitos da cadeia produtiva de petróleo, ao prever a colocação dos investimentos junto ao mercado fornecedor doméstico, com uma taxa de conteúdo local de 67%, com um nível de contratação anual interna em torno de uS$ 28,4 bilhões. o que se espera é que as encomendas sejam concretizadas e não mais postergadas e que esse conteúdo local permeie toda a cadeia produtiva, efetivamente, e não se restrinja a apenas determinados segmentos, que respondem por produtos e serviços de menor valor agregado. o plano da estatal foi anunciado entre a aprovação, pelo Senado Federal, do Projeto de Lei que autoriza a cessão onerosa e a capitalização da Petrobras (dia 10 de junho), e a sanção da mesma pelo presidente da república, Luiz inácio Lula da Silva – que até o fechamento dessa edição ainda não havia deliberado sobre o projeto de lei relacionado ao sistema de partilha e a distribuição dos royalties.

A cessão onerosa foi sancionada sem um artigo relacionado à licitação de áreas marginais, como era esperado pelos produtores independentes de petróleo, igualmente importantes para a consolidação e a diversificação de players nesse setor, como veremos na terceira e última reportagem da série sobre essas valentes empresas. A força dos independentes vem crescendo, como demonstram os novos players que surgiram nos últimos dois anos. É o caso da hrT óleo & Gas, gerida por ex-petroleiros, e que promete redescobrir petróleo na Amazônia – como o leitor vai conferir na entrevista exclusiva de john Forman, vice-presidente da jovem companhia, e que foi concedida algumas horas antes do início do período de silêncio exigido pela Comissão de Valores mobiliários (CVm) à empresa, que está abrindo seu capital. É com esse cenário que iniciamos o segundo semestre do ano, esperando ver acontecer muitos dos projetos e encomendas que já estavam programados, mas que não têm se materializado da forma como o mercado previa ou o cronograma da Petrobras estabelecia. esta, aliás, pode finalmente dar a arrancada final rumo a 2011, mesmo sem ainda ter feito sua capitalização, postergada para setembro em função de alguns aspectos técnicos relacionados à cessão onerosa – afinal, parte desses recursos são para pagar a conta dessa cessão, ainda que isso possa ser feito por meio de títulos públicos. o ano finalmente começou. Sem mais desculpas.

Benício Biz diretor executivo da TN Petróleo

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Itajaí, no litoral de Santa Catarina, sedia agora a mais nova unidade de negócios da Petrobras: a Unidade de Operações de Exploração e Produção do Sul (UO-SUL), criada em função do acréscimo do volume de atividades da UO-Bacia de Santos (UO-BS). Com o objetivo de distribuir melhor a responsabilidade pela gestão das operações de exploração e produção da Bacia de Santos, que se estende de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis (SC), a estatal instalou oficialmente a unidade no dia 2 de julho, em cerimônia discreta. A UO-SUL responderá pela produção das áreas de Tiro e Sídon, ainda em fase de teste de longa duração (TLD), produzindo atualmente 17 mil barris por dia de petróleo leve, e pelo desenvolvimento da produção dos campos marítimos de Cavalomarinho, Caravela, Estrela-do-mar e Tubarão. Atualmente, encontra-se em fase final de contratação um sistema definitivo de produção para Tiro e Sídon, com capacidade de produção

Foto SS11: Agência Petrobras

Petrobras cria nova unidade de E&P

de 80 mil barris por dia, com entrada em operação prevista para 2012. Em terra, na Bacia do Paraná, ela responderá pelo desenvolvimento da produção do campo de Barra Bonita. Na área de atuação da UO-SUL também estão sendo desenvolvidas atividades exploratórias, incluindo blocos localizados na Bacia de Pelotas, de onde são esperados resultados para permitir a continuidade e o crescimento da produção da área.

A criação da UO -SUL também per mitirá à UO -B S maior direcionamento aos projetos e à produção dos polos Uruguá-Tambaú, Mexilhão, Merluza e Centro (pré-sal) da Bacia de Santos, cuja coordenação das operações continuará a ser efetuada a partir de Santos (SP). A cerimônia contou com as participações do gerente executivo de Exploração e Produção Corporativo, José Jorge de Moraes Junior, representando o diretor de Exploração e Produção; Guilherme Estrella, do gerente geral da UO-BS; José Luiz Marcusso, além de outros executivos da companhia, autoridades e empresários da região. Na ocasião, foi apresentado o novo gerente geral da UO-BS, Nilson Rodrigues Cunha.

ITT compra a Canberra Pumps do Brasil Maior fornecedora de soluções de bombas para aplicações industriais, comerciais, municipais e residenciais em mais de 140 países, a ITT Corporation instala-se no Brasil por meio da aquisição da Canberra Pumps do Brasil, expandindo sua presença no setor de bombas na região da América Latina. Ela agora passa a ter uma base instalada de 20 mil bombas que atende a clientes dos setores de química, celulose e papel, e o mercado da indústria de bombas em geral. As condições financeiras da transação não foram reveladas. A aquisição tem como base a longa experiência da ITT Corporation no país, com produtos voltados para as necessidades da crescente base industrial, assim como as necessidades de água potável e tratamento de águas servidas. “A Canberra, com sua grande base instalada e sólida reputação no mercado de processos industriais, representa um grande complemento para nossa presen-

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ça atual no Brasil, e vai fortalecer nosso portfólio global de 3,4 bilhões de dólares em tecnologia de fluidos,” disse Gretchen McClain, presidente da ITT Fluid and Motion Control. “Esta aquisição é mais um exemplo da estratégia da ITT de se basear em nosso principal negócio e utilizar nossa sólida posição financeira para crescermos em economias globais como o Brasil.” “A aquisição da Canberra vai dar suporte à expansão da ITT nas indústrias de óleo, gás e mineração no Brasil, que exigem bombas e válvulas para serviços pesados. Além disso, vamos introduzir a tecnologia de ponta da ITT ao portfólio atual da Canberra para melhor atender nossa base de clientes brasileiros”, diz Bob Pagano, presidente de Processos

Industriais de IP da ITT. “Os produtos da ITT, Goulds, Flygt, Vogel, Lowara, Flowtronex e Sanitaire, estão instalados em muitas regiões do Brasil e da América Latina.” A Canberra opera uma fábrica em Salto (SP), e emprega 90 pessoas. Johnny Sepulveda, gerente geral da IP no Brasil, adiantou que a Canberra Pumps será integrada às operações da ITT no Brasil, incluindo as instalações administrativas e de produção existentes em São Paulo. “Nossas capacidades atuais e novas em termos de manufatura, engenharia, testes e montagem para nossos produtos no país vão nos permitir atender aos pedidos mais rapidamente e oferecer um serviço melhor aos clientes de toda a região. A ITT também vai introduzir um suporte pós-vendas, como reparos, reposição de peças, serviço e manutenção, assim como soluções adicionais que reduzem o custo total de propriedade dos equipamentos”, acrescentou.


Foto : Divulgação FMC

GNL da Petrobras está entre os principais projetos de infraestrutura do mundo

Mais P&D para o setor FMC e UFRJ assinam acordo para Centro de Tecnologia no Parque Tecnológico do Rio A FMC Technologies, líder em soluções tecnológicas para a indústria de petróleo e gás, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinaram, no dia 6 de junho, o termo para construção do Centro de Tecnologia da FMC no Parque Tecnológico do Rio, na Cidade Universitária. O tempo de contrato entre a companhia e a universidade será de 20 anos. A empresa possui três unidades industriais – duas no Rio de Janeiro e uma em Macaé. Esse será o primeiro centro de pesquisa da empresa no Brasil, que vai ocupar uma área de cerca de 20 mil m². A companhia tem ainda mais dois centros de tecnologia, em Houston (EUA) e na Noruega. A companhia irá investir cerca de R$ 70 milhões no projeto, que vai empregar perto de 300 engenheiros dedicados ao desenvolvimento de projetos e pesquisa de tecnologias submarinas para exploração de petróleo e gás no país, principalmente para o pré-sal e o pós-sal. A unidade contará com centros de pesquisa & desenvolvimento (P&D), laboratórios de testes e qualificações, instalações para testes de integração e protótipos em escala real.

“O posicionamento estratégico da UFRJ, próximo ao aeroporto, e a interação com os universitários foram pontos fundamentais para a escolha da universidade para a implantação do Centro de Tecnologia da FMC”, afirmou Paulo Couto, vice-presidente de Tecnologia da FMC Brasil. Já Maurício Guedes, diretor do Parque Tecnológico do Rio, disse que a entrada da FMC é mais um passo da UFRJ para se tornar um centro de excelência tecnológica. “Estamos desenvolvendo aqui um polo de criação de tecnologias para a exploração do pré-sal”, completou. O início das obras do Centro de Tecnologia está previsto para ainda este mês e, até o fim do primeiro semestre de 2011, o empreendimento deve estar em pleno funcionamento. Além da FMC, Schulmberger e Baker Hughes também terão centros de pesquisa no Parque Tecnológico. A cerimônia contou com as seguintes presenças: Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ; Maurício Guedes, diretor do Parque Tecnológico do Rio; John Gremp, presidente mundial da FMC Technologies; Nelson Leite, presidente da FMC Brasil; e Paulo Couto, vice-presidente de Tecnologia da FMC Brasil.

A partir de um projeto inovador, a Petrobras construiu dois terminais de regaseificação de GNL, um no Terminal de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), e outro na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. A regaseificação é realizada a bordo de navios. Em operação desde janeiro de 2009, os terminais têm, juntos, capacidade para processar 21 milhões de m³/dia de gás natural. A regaseificação é feita a bordo dos navios Golar Winter e Golar Spirit, afretados da multinacional Golar LNG. Os dois navios operavam como transportadores de GNL e foram adaptados, especialmente para os projetos da Petrobras, para, além de transportar, armazenar e regaseificar o gás na forma líquida. Na prática, os navios funcionam como reservatórios de gás natural e podem ser considerados o coração do projeto GNL Petrobras. A lista da KPMG cita o projeto como Golar/Petrobras FLNG. Uma das inovações do projeto GNL Petrobras é a transferência de gás natural liquefeito entre os navios - supridor e regaseificador - por meio de braços criogênicos, capazes de suportar temperatura de 162° C negativos. O potencial de replicação deste projeto, globalmente, foi a principal razão apontada pelos julgadores para incluí-lo nesta lista, divulgada no fim de junho, e que relaciona apenas um projeto por área da infraestrutura. Os cinco principais critérios para a escolha dos projetos foram sua replicação, viabilidade, complexidade, inovação e impacto na sociedade. “O projeto fornece uma alternativa viável economicamente para conectar facilidades de regaseificação ao mercado”, explica o documento da KPMG, informando que “a tecnologia frequentemente referenciada como Unidade de Regaseificação e Armazenamento Flutuante (FSRU) deverá ser desenvolvida globalmente”.

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Foto : Divulgação BP

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No fundo do poço British Petroleum (BP) não consegue fechar poço, que continua jorrando milhões de litros de petróleo no mar do Golfo do México há três meses, e amarga sua pior desvalorização e quebra de reputação. Com os seguidos fracassos da petrolífera britânica em tentar cessar o vazamento, fica cada vez mais claro que a empresa não estava preparada para uma tragédia dessa magnitude. Os números assustadores da quantidade de óleo despejado só aumentam. As últimas estimativas são de que estejam sendo jogados no mar cerca de 100 mil barris por dia, o que corresponde a 16 milhões de litros. Diversas tentativas foram feitas para fechar o poço, mas, até agora, a BP conseguiu realizar apenas medidas paliativas, que estão resultando em uma coleta de quase 20 mil barris por dia – muito pouco em relação ao que é liberado no mar. O desastre fez empresas do mundo todo se mobilizarem para

ajudar na contenção do óleo, como a Petrobras, que enviou uma equipe de especialistas em segurança e meio ambiente aos Estados Unidos. A equipe é formada por 20 pessoas, entre funcionários da companhia e profissionais da Marinha, Força Aérea e do Ministério do Meio Ambiente. No início deste mês, a empresa de Taiwan, TMT Group, enviou a embarcação Whale (baleia – foto), que possui 275 m de extensão e pode recuperar até 500 mil barris de petróleo por dia, equivalentes a 80 milhões de litros. O funcionamento do barco consiste em sugar a água com petróleo, filtrar o óleo e expelir a água. Porém, a solução definitiva para o caso deve ser uma nova perfuração ao lado do poço original, para este, enfim, ser lacrado.

Especialista brasileira em Direito Petrolífero participa de reunião em Londres Os membros da Associação Internacional dos Negociadores de Petróleo (AIPN) se reuniram em Londres, de 20 a 23 de junho, no 2010 Model Contracts Workshop, para discutir os modelos de contratos do setor de gás e petróleo no mundo. O contrato padrão da AIPN é, hoje, ferramenta indispensável para as companhias de petróleo que

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atuam em escala global, contribuindo para a celeridade e eficiência das negociações e as oportunidades de negócios. A advogada brasileira Marilda Rosado, diretora da entidade internacional e uma das mais importantes especialistas do setor de petróleo e gás no Brasil, foi co-chair do evento, além de conduzir as sessões nos três dias de seminários e debates, em parceria com Sam Dunkley, advogado da BG em Londres. Essas sessões ajudam a atualizar e revisar contratos para Acordo de

A BP pagou pelo desastre uma multa de US$ 75 milhões, máximo de indenização determinado pela legislação dos Estados Unidos, mas, após esse acidente, os parlamentares americanos querem que este valor seja aumentado. A companhia britânica já gastou mais de US$ 3 bilhões para reparar os danos ambientais causados pelo vazamento, o que corresponde ao pagamento aos estados afetados e aos custos pagos pelas autoridades federais. O desastre no Golfo do México acendeu o sinal vermelho para a questão do investimento cada vez maior em segurança e automação que as companhias petrolíferas devem fazer, sobretudo as empresas que vão explorar o óleo na camada pré-sal, no litoral sul e sudeste do Brasil. A distância de 300 km da costa e a extensão das reservas devem ser um alerta, para que a segurança nas plataformas seja a mais perfeita possível, e para que erros e acidentes como o que aconteceu em águas norte-americanas não ocorram por aqui. Mais do que uma questão econômica, o desastre da BP é uma questão ambiental, principalmente. Ainda não se tem um estudo para determinar como ficará a vida marinha e das aves daquela região, mas pelas imagens reveladas para todo o mundo, de animais agonizando, cobertos de petróleo, as perspectivas são as piores possíveis. Operações Conjuntas (JOAs); Contrato Internacional de Perfuração; contratos de aquisição sísmica; de compra e vendas de GNL; Acordo Internacional de Intercâmbio de Dados; e Acordo de Interesse Mútuo em Área Internacional, entre outros. Marilda Rosado – sócia do escritório Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados – acredita que uma oportunidade como essa, encontro de trabalho e troca de experiências, é essencial para a atualização em relação a algumas das grandes questões da indústria do petróleo, presentes nos inúmeros contratos que serão focalizados.


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Desempenho industrial não será exuberante A produção industrial, em maio, em comparação com o mês anterior, cresceu em seis dos 14 locais pesquisados pelo IBGE, de acordo com levantamento divulgado no dia 6 de junho

O Brasil será bem-vindo, diz diretor da Opep A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) confirmou, em seu relatório mensal divulgado no início de junho, que a demanda de petróleo crescerá 1,12% em 2010 na comparação com 2009. O cálculo da organização está estimado na fabricação de 85,37 milhões de barris diários (mbd) – os mesmos cálculos do mês passado. Segundo a Organização, não há espaço para aumento da oferta de petróleo devido ao forte crescimento das provisões de seus concorrentes, pelo alto nível das reservas nos países consumidores e a incerteza causada pela crise na zona do euro. A Opep prevê que a demanda europeia em 2010 retroceda 4%. As economias emergentes devem puxar os negócios, diante da contração das nações industrializadas.

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No Brasil para participar da Conferência da Associação Internacional de Economia da Energia, a IAEEs Rio 2010, o diretor-geral para a Arábia Saudita da Opep, Majid AlMoneef, afirmou que a entrada de nosso país na entidade é praticamente certa. “A decisão depende exclusivamente do Brasil”, disse. “Ainda não houve convite formal. O Brasil ainda não tem grande potencial de produção de óleo e gás, mas terá em alguns anos e será bem-vindo”, afirmou, em referência às descobertas das reservas na camada do pré-sal. Em Londres, o Brent para julho subia US$ 2,12, para US$ 74,42. O vencimento de agosto se encontrava em US$ 75,09, com incremento de US$ 2,09. Em Nova York, o WTI para julho aumentava US$ 74,59, ampliação de US$ 2,60. O contrato de agosto marcava US$ 75,54 – alta de US$ 2,48.

Petrobras adquire Gas Brasiliano Distribuidora Por meio da subsidiária Petrobras Gás S/A (Gaspetro), a Petrobras assinou contrato de aquisição de 100% da participação que a ENI detinha na Gas Brasiliano Distribuidora (GBD), que opera na região noroeste do estado de São Paulo e atende a consumidores industriais, comerciais, residenciais e de transporte. Com um mercado de 375 municípios, a entrada da Petrobras nesta região é fundamental nos planos da companhia, que agora passa a ter participação em 21 das 27 distribuidoras de gás natural do país. “Essa região é estratégica para a Petrobras porque está no caminho do Gasoduto Bolívia-Brasil e perto das estações de compressão de gás de Paulínia e Taubaté”, afirmou Graça Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras. O volume de gás vendido no ano passado pela GBD foi de 529 mil m³ por dia, mas o compromisso da empresa, que a Petrobras manterá, é de aumentar esse volume para 1,2 milhão de m³ por dia até 2012.

Brasil afeta estimativa da AIE Foto: Divulgação BP

De acordo com o professor de economia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Eaesp), Evaldo Alves, o desempenho do Paraná, que teve a maior alta (7,7%), pode ser explicado pelo fato de “estar próximo dos centros consumidores e por ter problemas de infraestrutura em menor escala do que outros estados do CentroSul, além de contar com empresas que investiram mais em produtividade, sobretudo aquelas que se instalaram na região mais recentemente”. Já São Paulo teve o desempenho negativo (-0,9%). “O estado de São Paulo sofre de um processo de esvaziamento há longo tempo. Este mecanismo provoca, frequentemente, a saída de empresas mais eficientes por conta dos custos de instalação, aluguel, gastos de deslocamento elevados e alta carga tributária”, ressalta o professor. Com relação ao desempenho da produção industrial para os próximos meses, Alves acredita que “apesar da crise sistêmica que atinge a maioria dos países, a economia brasileira vai manter um desempenho fora destes padrões, na medida que possui parceiros comerciais, como a China e a Índia, que estão enfrentando a crise de forma mais positiva. Neste contexto, o desempenho da indústria brasileira não será exuberante, mas nem por isso similar ao de um período de recessão.”

BP: prudência é a palavra-chave “Não viemos aqui para condenar a BP pelo incidente”, afirmou, no final de junho, o secretário-geral da Opep, Abdalla Salem El-Badri, no final da reunião anual da Organização com a União Europeia. “Não posso admitir que a BP nos tenha dado má reputação”, disse. “É preciso esperar pela conclusão das investigações para determinar as verdadeiras causas do derrame de crude. É preciso reconsiderar as ações legais e retirar a proibição para a instalação de novas plataformas na zona onde ocorreu o desastre”, ponderou.

Já a Administração de Informação de Energia, órgão dos Estados Unidos, reduziu a estimativa para o crescimento da produção de petróleo de países de fora da Opep neste ano em 160 mil barris por dia em relação à sua previsão anterior, em meio a um panorama pessimista para o Brasil. Em sua nova estimativa mensal, a AIE afirmou esperar agora que a produção de petróleo não Opep suba 500 mil bpd neste ano, para uma média de 50,86 milhões bpd. Segundo o órgão, “um panorama mais pessimista para o crescimento da oferta no Brasil e na Ásia Central é a fonte primária da revisão para baixo, embora essas duas áreas (junto com os EUA) ainda constituam a maior parte do crescimento da oferta esperada para os países de fora da Opep em 2010”. A menor produção brasileira é resultado de uma reavaliação da produção dos campos estabelecidos no país, explicou a agência. Os


Petrobras: produção de maio cresce O resultado ficou 2,1% acima do volume registrado no mesmo mês de 2009, quando foram produzidos 2.546.553 boed, e se manteve no mesmo nível do volume total extraído em abril de 2010 (2.598.463 boed). Considerando apenas os campos no Brasil, a produção média de petróleo e gás alcançou 2.351.993 boed. Esse volume representa um aumento de 1,8% em relação ao mesmo mês de 2009 e mantém-se estável em relação ao volume produzido em abril deste ano, de 2.356.843 boed. A produção exclusiva de petróleo dos campos nacionais chegou a 2.020.152 barris diários. Esse resultado reflete um crescimento de 1,5% em relação ao mesmo mês de 2009, quando foram produzidos 1.989.322, e foi 0,6% menor do que a do mês anterior (2.032.620 barris/dia), refletindo estabilidade nos níveis de produção. O volume de petróleo e gás natural dos campos situados nos países em que a Petrobras atua chegou a 247.138 boed em maio, indicando um crescimento de 4,5% sobre o aumentos projetados de produção neste ano serão compensados por mais declínios em campos maduros no México, Reino Unido e Noruega, considera a AIE. A AIE reduziu também a estimativa para o crescimento da demanda mundial por petróleo em 2010 em 70 mil barris por dia em relação à sua previsão anterior. Segundo a Agência, a previsão é que a demanda mundial suba 1,5 milhão de bpd neste ano, em relação a 2009.

Setor de aço mantém produção crescente

Foto: Geraldo Falcão, Agência Petrobras

A produção média de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil e no exterior em maio foi de 2.599.131 barris de óleo equivalente diários (boed).

mesmo período em 2009. Contribuíram para o resultado a entrada em produção de novos poços nos campos de Akpo e de Agbami, ambos na Nigéria. Quando comparado com abril de 2010, o volume apresentou um aumento de 2,3%, graças ao aumento da demanda pelo gás boliviano e ao incremento da eficiência operacional no campo de Agbami. A produção de gás natural dos campos nacionais atingiu 52 milhões 759 mil m³

diários em maio, ficando estável em relação ao mês anterior e ao mesmo mês de 2009. A produção de gás natural no exterior foi de 16 milhões 214 mil m³, registrando um decréscimo de 4,8%, quando comparado com maio de 2009, e um aumento de 5,8% em relação ao volume de abril deste ano. Contribuíram para o resultado positivo a maior demanda pelo gás boliviano.

56,9% e 64,5%, respectivamente, sobre o mesmo período de 2009. Quanto às vendas internas, o resultado de maio de 2010 foi de 2 milhões de toneladas de produtos – elevação de 12,7% sobre o mês anterior. Quando comparado com igual período de 2009, registra-se alta de 55,3%. As vendas acumuladas em 2010, de 8,8 milhões de toneladas, mostram crescimento

de 57,5% com relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações de produtos siderúrgicos em maio de 2010 atingiram 654,8 mil toneladas, no valor de 419,6 milhões de dólares. Com esse resultado as exportações em 2010 totalizaram 3,5 milhões de toneladas e 2 bilhões de dólares, representando aumento de 28,9% em volume e de 21,5 % em valor,

Produção de países-membros da Opep e não-membros – jun/08 a maio/10

A produção brasileira de aço bruto, em maio, foi de 2,9 milhões de toneladas, representando elevação de 5,5% em relação a abril e de 50,8% quando comparada com o mesmo mês em 2009. Em relação aos laminados, a produção de maio, de 2,3 milhões de toneladas, representou alta de 5,2 % na comparação com o mês anterior e de 42,4% quando comparada com maio do ano passado. Com esses resultados, a produção acumulada em 2010 totalizou 13,5 milhões de toneladas de aço bruto e 10,8 milhões de toneladas de laminados, o que significou aumento de

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Frases “Uma das premissas para ser membro da Opep é ser um grande exportador de petróleo. O Brasil ainda não é. Mas será em alguns anos, e será bem-vindo.” Majid Al-Moneef, diretor-geral para a Arábia Saudita da Opep, em entrevista após palestra no IAEEs Rio 2010 International Conference. – 08/06/2010 – Estadão

“Não contempla.” Sérgio Machado, presidente da Transpetro, sobre o fato de não haver previsão para a terceira fase do Programa de Modernização da Frota (Promef) no Plano de Negócios 2010-2014. – 23/06/2010 – O Globo

quando comparado ao mesmo período do ano anterior. No que se refere às importações, registrou-se em maio volume de 494,5 mil toneladas (US$ 433 milhões) totalizando, desse modo, 2,3 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos importados em 2010, 149,1% acima do mesmo período do ano anterior. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos em maio foi de 2,5 milhões de toneladas, totalizando 11 milhões de toneladas em 2010. Esses valores representaram elevação de 63,6% e 70,5%, respectivamente, em relação a igual período de 2009.

“A Petrobras não tem problema de caixa para realizar seus investimentos deste ano. Ela está anunciando a necessidade de capitalização por uma questão de estrutura de capital para aumentar sua alavancagem e a possibilidade de levantar novas dívidas no futuro.” José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. – 24/06/2010 – O Globo

“É preciso esperar pela conclusão das investigações para determinar as verdadeiras causas do derrame de petróleo. É preciso reconsiderar as ações legais e retirar a proibição para a instalação de novas plataformas na zona onde ocorreu o desastre.” Abdalla Salem El-Badri, secretário-geral da Opep, sobre o acidente com a BP, na reunião anual da Organização com a União Europeia. – 28/06/2010 – Agência EFE

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil (dezembro/2009 a maio/2010) Dez Jan Fev Mar Abr Maio Bacia de Campos 1.677,5 1.647,6 1.688,9 1.688,3 1.702,3 1.686,9 Outras (offshore) 89,7 109,3 85,7 93,6 117,8 120,1 Total offshore 1.761,1 1.756,9 1.774,6 1.781,9 1.820,1 1.807,0 Total onshore 220,0 215,9 212,9 211,9 212,5 213,1 Total Brasil 1.987,1 1.972,8 1.987,6 1.993,8 2.032,6 2.020,2 Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil (dezembro/2009 a maio/2010) Bacia de Campos Outras (offshore) Total offshore Total onshore Total Brasil

Dez 26.572,5 8.742,1 35.314,6 15.666,3 50.980,9

Jan Fev Mar Abr Maio 25.212,0 26.386,8 25.817,3 26.067,5 26.490,4 8.686,1 9.687,1 9.057,1 9.821,4 10.527,9 33.898,0 36.074,0 34.874,4 35.889,0 37.017,7 15.650,1 15.541,7 15.259,4 15.658,4 15.740,9 49.548,1 51.615,7 50.133,8 51.547,4 52.758,6

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional (dezembro/2009 a maio/2010) Exterior

Dez 50,3

Jan 147,7

Fev 151,4

Mar 149,6

Abr 151,4

Maio 151,7

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional (dezembro/2009 a maio/2010) Exterior

Dez Jan Fev Mar Abr Maio 15.859,0 15.912,4 16.454,7 16.530,5 15.323,9 16.214,5

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) (dezembro/2009 a maio/2010) Brasil+Exterior

Dez Jan Fev Mar Abr Maio 2.551,4 2.525,8 2.560,5 2.556,0 2.598,6 2.599,8

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

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TN Petróleo 72

Fonte: Petrobras

Preço do barril despenca No dia 30 de junho os preços do barril de petróleo despencaram no mercado internacional, quando a instituição de pesquisas Conference Board revisou para baixo o indicador de perspectivas para a economia chinesa, que aumentou 0,3% em abril, e não 1,7%, previsão anterior. Com isso, em Nova York, o barril do WTI para agosto terminou o dia valendo US$ 75,94 – uma queda de US$ 2,31. O contrato para setembro recuou US$ 2,33, a US$ 76,57. Em Londres, o barril do Brent de agosto fechou a US$ 75,44, baixa de US$ 2,15, enquanto o vencimento de setembro perdeu US$ 2,23, a US$ 75,78. Nada comparado ao início do mesmo mês, quando o barril de petróleo caiu mais de 4%, para US$ 71,51. A queda foi a maior em termos porcentuais desde 4 de fevereiro, quando o valor do barril recuou 5%. No início de julho, os preços futuros de petróleo caíram 3,5%, deslizando para a maior baixa de três semanas. O petróleo light e sweet para agosto na bolsa mercantil de Nova York foi estabelecido em R$ 2,68, para R$ 72,95 por barril, o menor preço desde 8 de junho, e a maior queda em um único dia desde 4 de junho. Para os analistas, essa é uma consequência da lentidão aparente da recuperação econômica dos Estados Unidos e da China, os grandes consumidores mundiais de petróleo. Com isso, é provável que a opinião no mercado continue a ser negativa, sem qualquer notícia econômica positiva.


13-16 de de Setembro Setembro 13-16 Riocentro -- Rio Rio de de Janeiro Janeiro -- Brasil Brasil Riocentro Do Petróleo Petróleo ao ao Biocombustível: Biocombustível: Integrando Integrando Do Conhecimento ee Ampliando Ampliando os os Limites Limites Conhecimento

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entrevista exclusiva John Forman Milne Albuquerque Forman, vice-presidente da HRT Oil & Gas

Eldorado De volta ao

É negro e não dourado o ouro que a HRT Oil & Gas pretende explorar na região amazônica, que já foi chamada de Eldorado brasileiro em tempos politicamente mais obscuros. “A Bacia de Solimões tem um potencial muito bom”, afirma o geólogo paraense John Forman Milne Albuquerque Forman. “Sou de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Você não vê minha cara de índio?”, brinca o vicepresidente da mais jovem companhia petrolífera do país, ao falar sobre os 21 blocos na Bacia do Solimões, que somam cerca de 48 mil km², cujo controle foi adquirido pela HRT no segundo semestre do ano. por Beatriz Cardoso

“Por que o potencial é muito bom? Geologia é uma coisa curiosa, pois trabalha com correlações. Se refletirmos sobre a evolução geológica e lembrarmos que os continentes um dia foram conectados, vamos ver que essa bacia tem correlação com a região norte da África. E o que temos lá? Petróleo e gás em grandes quantidades”, diz o executivo, horas antes de começar o período de silêncio exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para qualquer empresa que vai abrir seu capital. O ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aposta em uma capitalização bem sucedida, a despeito de ocorrer na mesma época de processo similar na Petrobras. “Somos detentores da segunda maior área sob concessão no Brasil. Com apenas um terço das nossas reservas avaliadas, já temos mais de 2 bilhões de barris”, destaca Forman. “Sem falar no potencial dos três blocos em águas 14

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profundas, no offshore da Namíbia”, acrescenta o geólogo especializado em geologia de mineração e mestre em ciências pela Universidade de Stanford, Califórnia (EUA). Estas primeiras concessões internacionais da HRT estão próximas ao campo de Kudu, onde já foi descoberto 1,3 trilhão de pés cúbicos (TCFs) de gás natural. E a empresa já assegurou mais dois blocos no país africano ao adquirir a Lábrea Petróleo, que tem participação de 10% em quatro concessões em terra. Reafirmando sua aposta em áreas nas quais, a despeito dos riscos, o potencial é inegável, a HRT pretende intensificar suas operações esse ano, a todo gás! TN Petróleo – Vai começar o período do silêncio exigido para a capitalização da HRT. Qual a expectativa da empresa? John Forman – Quando a HRT O&G foi criada, no ano passado, já havia a

ideia de que ela deveria caminhar para um IPO (sigla para a expressão em inglês Initial Public Offering que significa a abertura do capital de uma empresa no mercado acionário, quando ela emite um volume de ações equivalentes ao seu valor de mercado ou parte do mesmo), em função do posicionamento de nossos investidores. Trabalhamos para estarmos prontos para essa capitalização em julho, quando vamos avaliar se o mercado está ou não com apetite para este IPO. Quais os grandes atrativos da HRT O&G que favorecem essa abertura de capital praticamente na mesma época da capitalização da Petrobras? Temos importantes ativos na Bacia de Solimões, a maior bacia produtora onshore do país (e a segunda maior em gás), e ativos offshore na costa da Namíbia. (A HRT tem 40% do controle das concessões adquiridas na Namíbia, sendo o restante dividido entre


Somos detentores da segunda maior área sob concessão no Brasil. Com apenas um terço das nossas reservas avaliadas, já temos mais de 2 bilhões de barris.

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entrevista exclusiva

Universal Power, com 40%, e Acarus Investments, com 20%). Trabalhamos muito nesse primeiro período da criação da companhia e conseguimos identificar recursos e reservas em volumes bastante superiores àqueles que conhecíamos quando criamos a empresa. Significa dizer que temos um potencial, em termos de ativos, muito maior que há seis meses. Na realidade, estamos trabalhando com potenciais que são pelo menos cinco vezes maiores do que o que tínhamos no ano passado, considerando a Namíbia, uma aquisição recente. Os pontos ‘negativos’ ou de risco são os humores (ou rumores) de mercado (risos). Mas vá que os humores do mercado coincidam com os nossos e teremos um IPO bem sucedido. Temos a indicação de que existem muitos investidores interessados na companhia, em função do nosso potencial. Então, estamos razoavelmente confiantes de que vamos ter sucesso. Mas essa questão da capitalização de Petrobras, a reforma do marco regulatório, de alguma maneira não vai impactar esse processo? E as eleições? Claro que sempre há esta preocupação. A Petrobras vai fazer a colocação dela, de um volume expressivo de recursos, da ordem de US$ 25 bilhões. Somos bem mais modestos. Como va16

TN Petróleo 72

Fizemos um trabalho de geoquímica, que é o DNA da empresa. Ela fornece uma resposta que a sísmica não dá. A sísmica dá a estrutura, mas não diz exatamente se tem petróleo ou não. A geoquímica diz se tem petróleo.

mos fazer uma colocação de recursos bem inferiores, acreditamos que isso não será, necessariamente, um fator negativo. Quanto às eleições, hoje é muito mais tranquilo. Acho que não vamos ter maiores problemas. Com relação à conjuntura internacional, entendemos que há um cenário bastante preocupante, na Europa, sobretudo, onde alguns países estão tendo problemas. Mas os Estados Unidos estão sinalizando uma recuperação razoável. Penso que quando há um cenário negativo em regiões de grande importância, as áreas de investimentos iniciais, como nós, ficam muito mais favorecidas. Os emergentes, neste momento parecem ser a melhor opção... Sim, porque quem tem recursos precisa realocá-los em áreas com maior possibilidade de retorno, onde haja uma perspectiva de crescimento, e não onde há recessão ou baixo desempenho econômico. As mudanças no marco regulatório tampouco nos afetam... nossos ativos estão fora das áreas de interesse. Temos 51% de 21 blocos na Bacia do Solimões e esta-

mos em dia com nossos compromissos em relação à ANP. Como está a campanha exploratória? Qual o grande ativo da HRT? Sua capacidade técnica! Temos aqui um grupo de primeiríssimo nível, em âmbito nacional, mundial. Essa capacidade técnica de analisar os dados já existentes e avaliá-los da melhor maneira possível, reprocessando dados de sísmica, reinterpretando dados de perfurações, nos levou a uma perspectiva de recursos e reservas maiores do que as previstas. E essa não é simplesmente a nossa opinião, pois todas as nossas expectativas são certificadas pela DeGolyer & MacNaughton, que estima em 2,1 bilhões as nossas reservas potenciais (sendo 1 bilhão no Solimões). E a certificação se refere a apenas um terço dos blocos sob concessão. Por isso, digo que podemos chegar a cinco vezes mais esse volume com a Namíbia. Em função da nossa capacidade técnica e profissional, conseguimos melhorar muito o nível de dados e informações, e com isso, obtivemos a certificação positiva daquilo que estamos pretendendo. Vocês não fizeram novas aquisições sísmicas? Não, apenas reprocessamento: aplicamos processos mais modernos para reprocessar dados antigos. Com isso, obtivemos resultados muito melhores, as definições aparecem muito mais claras. Fizemos um trabalho de geoquímica, que é o DNA da empresa. Ela fornece uma resposta que a sísmica não dá. A sísmica dá a estrutura, mas não diz exatamente se tem petróleo ou não. A geoquímica diz se tem petróleo. Então, juntando os dois, conseguimos fazer um estudo muito mais eficaz do ponto de vista de identificação de prospectos. Vivemos hoje um dos mais graves acidentes ambientais offshore na área


de volta ao eldorado

de petróleo no Ocidente – o caso da BP no Golfo do México. No âmbito onshore, não é diferente. E sabemos que a preservação da Amazônia continua sendo um dos principais focos dos grupos ambientalistas do mundo inteiro. Vocês não temem arriscar todas as fichas em uma área que é um verdadeiro tabu? Não. E discordo disso, pois, felizmente, a Petrobras tem uma longa história de operação na Amazônia sem incidentes: ela opera o campo de Urucu há mais de 20 anos, com imenso sucesso e sem nenhum problema ambiental. Mas foi uma luta implantar os gasodutos que viabilizariam o escoamento de gás, não? Isso é outra questão, e não ambiental. No meu entender, a questão ambiental foi utilizada como forma de postergar a construção dos gasodutos. Mas não devido aos impactos ambien-

tais e sim porque não atendiam os interesses imediatos de certos grupos, naquela ocasião. Portanto, não acredito que vamos enfrentar grandes dificuldades. Problemas e restrições existem. Mas reitero que o histórico da Petrobras na região mostra que é possível fazer a exploração de óleo e gás com o devido respeito ao meio ambiente. Quando começam as atividades de perfuração? Elas dependem do resultado do IPO? Não. Levantamos recursos suficientes para trabalharmos até meados do ano que vem. Isso não nos aflige. O IPO é muito mais uma decisão que tem a ver com a vocação, o DNA da empresa. E o que dá para fazer até meados do ano que vem? Todos os trabalhos de superfície, geoquímica; estamos contratando exploração sísmica. Vamos

voltar um pouco, para começar do início. Fizemos o reprocessamento de todos os dados que existiam e identificamos novos dados – temos um volume bastante razoável de dados em alguns dos blocos, que só precisavam ser reprocessados. Em outros, estamos contratando a sísmica. Ou seja: uma vez identificada a presença do hidrocarboneto, precisamos da sísmica para ter um detalhamento das estruturas. Temos algumas áreas já identificadas. É importante lembrar que esta região foi intensivamente explorada pela Petrobras há 30 anos. Tanto que Urucu produz óleo há 20 anos. A produção atual de óleo e gás é em torno de 100 a 120 mil bpd. Antes do gasoduto, o gás era reinjetado no reservatório. Hoje, está suprindo a região de Manaus, ajudando a desenvolver o mercado de gás. Mas precisamos entender que, no século passado, o grande desafio da Petrobras era

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

Nesta edição.

TN Petróleo 72

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entrevista exclusiva

reduzir a dependência de petróleo e atingir o mais rápido possível a autossuficiência. Com a descoberta do primeiro campo gigante na Bacia de Campos, ela concentrou suas atividades lá. E com sucesso: atingimos a autossuficiência graças à Bacia de Campos, ainda que outras bacias tenham dado uma contribuição importante. Mas Campos é que fez a diferença. A HRT, desde o início, tem destacado o potencial de outras bacias, inclusive onshore, onde a Petrobras não foi adiante devido à concentração na Bacia de Campos... Exatamente. Essas bacias terrestres acabaram sendo deixadas de lado nesse processo exploratório. Quando houve a modificação da lei do petróleo, a Petrobras teve a opção de escolher áreas nas quais ela queria continuar explorando. E ela corretamente optou pelas áreas offshore, a despeito do grande potencial de outras, como a do Solimões. Dentro dos blocos controlados pela HRT e a Petra, com poços já perfurados. Isso porque, há 30 anos, perfurar e encontrar gás no meio da Amazônia não era um bom negócio. Era fechar e desistir. Hoje, temos outra leitura para diversas áreas onde já há até poços perfurados: há áreas com vocação para o óleo leve, óleo com gás associado e condensa18

TN Petróleo 72

Em 2014 teremos condição de ter uma produção mais significativa de óleo e gás. Mas o primeiro óleo pode acontecer já no próximo ano, em um bloco no ESpírito santo no qual temos participação, em parceria com a Cowan.

do, que é uma riqueza espetacular, e outras que são mais propensas a gás não associado. Ou seja: há muito mais por baixo da floresta amazônica, certo? A nossa visão é que a Bacia de Solimões tem um potencial muito bom. E por que muito bom? A geologia é uma coisa curiosa; ela trabalha com correlações. Se refletirmos sobre a evolução geológica e lembrarmos que os continentes um dia foram conectados, vamos ver que a Bacia do Solimões tem correlação direta com a região norte da África. E o que temos lá? Petróleo e gás em grandes quantidades! É uma região com grande produção e reservas consideráveis, que chegam à ordem de 200 bilhões de barris. Falando um ‘palavrão’ geológico, Solimões e norte da África são bacias paleozoicas com evoluções geológicas semelhantes. Da mesma maneira que se fala do pré-sal em Angola? Exatamente. Esse é um entendimento da geologia. E é o que nos

levou à Namíbia. A HRT, repito, é uma empresa com um conhecimento apurado do potencial de petróleo e gás nas bacias do Atlântico Sul. Angola vem sendo um sucesso imenso e, agora, Nigéria. Ocorre que a indústria petrolífera é conservadora: as empresas maiores preferem entrar onde há grandes volumes ou potencial de petróleo já identificado. Sendo uma empresa modesta, dentro dos padrões mundiais de oil companies, fomos onde não havia tanta competição: a Namíbia. Por quê? Por que acreditamos na interpretação que temos dos dados do pré-sal, com relação àquele país. Somos conscientes não só do nosso potencial, mas também da nossa capacidade financeira. Você falou que já existem áreas com poços. É possível recuperá-los? Sim. Mas faremos isso mais adiante, pois uma vez que são blocos exploratórios, temos compromisso com a ANP de fazer novos poços. Depois de cumprido o que está programado na primeira etapa, poderemos trabalhar no sentido de reativar poços. Qual a previsão de perfuração de poços no Solimões? Temos que perfurar pelo menos um poço em cada bloco. Dos 21 blocos que operamos, o período exploratório de 13 vai até janeiro de 2011. Os oito restantes já entraram no segundo período, em março desse ano. Então, temos atualmente o compromisso de fazer pelo menos oito perfurações nos próximos dois anos. No próximo ano, vamos analisar o que fazer com os outros 13 – se devolvemos ou assumimos o compromisso de perfurar poços. E na Namíbia? Como está este processo? Essas concessões de petróleo, no mundo, são semelhantes. Há um programa exploratório mínimo, dividido


de volta ao eldorado

em três fases: a fase inicial é geologia e geofísica, interpretação de dados existentes; a segunda é de coleta de novos dados; e a terceira fase é quando você tem o compromisso de perfurar. Estamos na primeira fase na Namíbia, interpretando os dados disponíveis, coletados no passado, e que nos permitem identificar o potencial daqueles campos. Vocês pretendem ir a novos leilões no Brasil? Uma das razões de fazermos o IPO, para levantar mais recursos, é justamente ter condições de participar de novos leilões.

mente adquiriu a Lábrea Petróleo, que era detentora de dois blocos na Namíbia, e participação de 10% em quatro blocos onshore no Brasil, nas bacias do Espírito Santo, Recôncavo e Rio do Peixe, em parceria com a Cowan, onde já foram notificadas descobertas de petróleo em dois poços, enquanto um terceiro está sendo perfurado. No bloco do Espírito Santo já constatamos a presença de hidrocarbonetos, existe um potencial de uma pequena produção dentro de um ano, ano e meio. Mas prefiro dizer, em 2014, pretendemos ter uma produção mais robusta, com mais significado, para termos um fluxo de caixa positivo.

Qual a previsão de produção do primeiro óleo da HRT O&G? Estamos imaginando que em 2014 teremos condição de ter uma produção mais significativa de óleo e gás. Mas isso pode acontecer já no próximo ano, se lembrarmos que a HRT recente-

E a aposentadoria? Foi adiada mais uma vez. Primeiro, quando estava fazendo consultoria e aceitei o convite para integrar a ANP, onde fiquei por quatro anos. Depois, voltei para a consultoria, e, nesta altura, percebi que queria me divertir

mais. Criar uma empresa de petróleo era uma boa opção. Ou seja: a aposentadoria não ia ser tão saudável, assim? O risco é que é bom? O risco é a possibilidade de criar coisas novas. Passei a vida criando coisas, inclusive a Nuclebrás, que era uma coisa nova na época em que assumi. Na petroquímica, trabalhei durante o período da privatização e na consequente expansão das plantas industriais, que iam sendo adquiridas pelo processo de privatização. Criar é trabalhar com um nível de motivação maior. Pelo menos para mim. Tem gente que adora rotina. Se me perguntar se eu queria ser uma pessoa envolvida em rotina eu sempre respondo que não. Não gosto de rotina. O bom para mim é este processo contínuo de desafios cada vez maiores... Afinal, ainda sou um menino, ainda que aos 72 anos (risos).

TN Petróleo 72

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pn 2010-2014

Petrobras vai investir

uS$ 224 bilhões por Maria Fernanda Romero

Fotos: Agência Petrobras

até 2014

20

TN Petróleo 72


A Petrobras manteve seu plano de investimentos bem próximo do volume que havia sido anunciado em março, sendo que projetos no Brasil consumirão a maior fatia – US$ 212,3 bilhões – do volume total de recursos, cabendo aos empreendimentos da estatal no exterior 5% – US$ 11,7 bilhões. O volume anunciado, em torno de 20% superior ao PN 2009-2013, representa uma média de investimentos de US$ 44,8 bilhões por ano. tirada e redefinição de outros projetos e foram agregados 155 novos empreendimentos. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que, no total, 686 projetos de grande porte integram o planejamento atual, para o período de 2010 a 2014. No plano anterior, com investimentos para o período de 2009 a 2013, a previsão era executar 531 projetos do mesmo porte – cada um com mais de US$ 25 milhões.

Produção revista No PN 2010-2014, a meta de produção no Brasil e exterior para 2014 é de 3,907 milhões de barris

Plano de Negócios da Petrobras 2010-2014 Total do investimento: US$ 224 bilhões Distribuição (1%)

US$ 2,5 Petroquímica (5%)

US$ 5,1 G&E (8%)

Biocombustíveis (2%)

Investimentos no Pré-sal Período 2010-2014 (US$ 33 bi) Infraestrutura e suporte(2%)

US$ 3,5

US$ 0,8

Corporativo (1%)

US$ 2,8

Exploração (13%)

US$ 4,3

US$ 17,8

E&P (53%)

US$ 118,8* RTC (30%)

US$ 73,6

Desenvolvimento da produção (78%)

Arte: TN Petróleo

Como era de se esperar, a área de exploração e produção (E&P) receberá mais da metade dos investimentos previstos pelo Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2010 a 2014 (PN 2010-2014): ficará com US$ 118,8 bilhões, que representa 53% do total de US$ 224 bilhões de recursos que serão alocados para projetos no Brasil e no exterior. O montante é 14% superior aos investimentos estimados no plano anterior (2009-2014). A segunda maior receita ficou com a área de abastecimento (que engloba, além de refino, transporte e comercialização), que vai receber US$ 73,6 bilhões, equivalentes a cerca de 33% do total. Os investimentos em novos projetos somam US$ 31,6 bilhões (pouco mais de 14% do total), sendo que o E&P vai receber 62% (US$ 19,7 bilhões), ficando a área de gás e energia com 21% (US$ 6,5 bilhões) e o abastecimento, com 16% (US$ 5,1 bilhões). No PN 2010-2014, houve uma redução de US$ 17 bilhões de re-

de óleo equivalente por dia, o que corresponde a um crescimento anual de 9,4% nesses quatro anos, tomando como base o projetado para 2010, de 2,723 milhões de barris. Do total previsto para 2014, no Brasil serão extraídos 2,980 milhões de barris de petróleo, sendo 152 mil barris de reservas do pré-sal. Outros 623 mil barris serão de gás extraído no país e os 304 mil barris restantes, de óleo e gás retirados de reservas no exterior. Para 2020, a estatal espera atingir uma produção de 5,382 milhões de barris de óleo equivalente por dia, o que corresponde a um avanço anual de 7,1% sobre a expectativa para 2010. Desse montante, o Brasil contribuirá com 3,950 milhões de barris de óleo (dos quais 1,183 milhão de barris do pré-sal) e o equivalente a 1,109 milhão de barris de gás natural. No exterior, a produção de óleo e gás deverá somar 323 mil barris no final dessa década. Segundo Gabrielli, a redução de 318 mil boe na projeção de produção total para 2020, em comparação com a do plano anterior, se deve à revisão das metas internacionais, em função da revisão dos investimentos futuros para adequação à atual estratégia de E&P da Petrobras. “As metas apresentadas levam em consideração apenas os atuais projetos da carteira e não consideram o potencial de produção proveniente da Cessão Onerosa,

US$ 27,8

*US$ 33 bi no Pré-sal US$ 75,2 bi no Pós-sal

TN Petróleo 72

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pn 2010-2014

nem outros projetos do novo marco regulatório”, complementa.

No âmbito do plano, a empresa destinou investimentos para a superação de desafios tecnológicos, segurança operacional e recursos humanos. Na área de segurança, meio ambiente e saúde (SMS) serão investidos US$ 3,3 bilhões, US$ 2,9 bilhões na área de tecnologia da informação e telecomunicações (TIC) e US$ 5,2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D), totalizando um investimento de US$ 11,4 bilhões A Petrobras anunciou também que dos US$ 224 bilhões de investimentos previstos no seu plano de negócios 2010-2014, US$ 58 bilhões terão que ser captados no mercado. Segundo o presidente da estatal, esse valor compreende o que a Petrobras espera obter no processo de capitalização com a oferta pública de ações em andamento. Gabrielli informou que a necessidade de captação aumentou em 152% em relação ao plano anterior, quando a Petrobras previa uma captação de US$ 23 bilhões. Mas pontuou que deverá ser mantida a alavancagem líquida, dentro da média de até 35%. “A realização de uma oferta pública de ações deverá manter a estrutura de capital e indicadores equilibrados; contudo a Petrobras deverá continuar buscando financiamento em várias fontes de recursos no Brasil e no exterior”, informa nota oficial da Petrobras. Segundo a companhia, para chegar a estes valores, foram con-

Foto: Agência Petrobras

Desafios tecnológicos

O presidente José Sergio Gabrielli e os diretores da Petrobras durante apresentação do PN 2010-2014.

siderados como premissa uma taxa cambial de R$ 1,78, ante os R$ 2,00 que serviam de base no plano anterior. O preço do barril para 2010 está na faixa de US$ 76, passando para US$ 78 em 2011 e US$ 82 nos anos seguintes. A geração operacional após dividendos, estimada no novo plano é de US$ 155 bilhões para o período, ante US$ 149 bilhões no plano anterior.

Exploração e refino De acordo com Gabrielli, os recursos previstos para a área de E&P serão para garantir a descoberta e apropriação de reservas, maximizar a recuperação de petróleo e gás nas concessões em produção, além de desenvolver a produção do pré-sal da Bacia de Santos e intensificar o esforço exploratório nas outras áreas do pré-sal e em novas fronteiras no Brasil e no exterior. “Temos muito que fazer aqui no país, com o aumento da exploração de petróleo, principalmente na área do pré-sal, além do aumento do nosso foco na área de biocom-

Metas Corporativas - Indicadores Produção de óleo e gás natural – Brasil

1

Produção de óleo e gás natural – Total 2 Carga Fresca Processada - Brasil (Mil bpd) 1– mil boe/dia

22

TN Petróleo 72

2– mil bbl/dia (Brasil + Exterior)

bustíveis, como o etanol”, afirmou Gabrielli. O incremento da produção será sustentado pelo desenvolvimento das áreas do pós-sal, através da instalação de grandes projetos nos ramos de atuação da empresa. Adicionalmente, contempla os investimentos nas áreas já concedidas do pré-sal, que devem ter maior participação na curva de produção no período pós-2014. Neste contexto, está planejada a entrada em operação de cerca de três sistemas de produção por ano, em média, além da média de realização de três testes de longa duração por ano nas áreas do pré-sal.

Abastecimento Gabrielli afirmou que foi mantida a estratégia da estatal em expandir a capacidade de refino, com o montante de US$ 73,6 bilhões até 2014 de investimentos previstos para a área de abastecimento (que abrange refino, transporte e comercialização). O executivo apontou que com os investimentos

Realizado 2009

Meta 2010

Previsão 2014

Previsão 2020

1.971

2.100

2.980

3.950

2.525 -

2.723 1.831

3.907 2.300

5.382 3.200


petrobras vai investir US$ 224 bilhões até 2014

Aumento da produção no período: novas unidades instaladas Mexilhão GNA

Mil bpd

2800

2400

2000

GNA/35.000bpd Uruguá/Tambaú Cidade de Santos Tupi Piloto FPSO Cidade de Angra dos Reis 100.000 bpd

2.100 mil bpd TLD Tupi NE -BW 30.000 bpd

Guará Piloto FPSO 120.000 bpd

TLD 5 - BW 30.000 bpd

TLD 9 - BW 30.000 bpd

TLD 2 Dynamic Producer 30.000 bpd

Tiro Piloto SS-11 30.000 bpd

TLD 3 Dynamic Producer 30.000 bpd

Aruanã TLD FPSO Cid. Rio das Ostras 15.000 bpd

TLD 4 Dynamic Producer 30.000 bpd

2.980 mil bpd TLD 10 - BW 30.000 bpd

TLD 7 - BW 30.000 bpd TLD 8 Dynamic Producer 30.000 bpd

Jubarte FPSO P-57 180.000 bpd

Tupi NE Piloto FPSO 120.000 bpd

TLD 6 Dynamic Producer 30.000 bpd

Roncador SS P-55 Módulo 3 180.000 bpd

TLD 10 - BW 30.000 bpd

TLD 11 Dynamic Producer 30.000 bpd

TLD 11 Dynamic Producer 30.000 bpd

Roncador FPSO P-62 Módulo 4 100.000 bpd

Papa-Terra TLWP P-61 FPSO P-63 150.000 bpd

Parque das Baleias FPSO P-58 180.000 bpd

Tiro/Sidon FPSO 100.000 bpd

Guaiamá FPSO 100.000 bpd

Aruanã FPSO 100.000 bpd Projetos de óleo pesado

Projetos do Pré-sal

Projetos de GNA

1200 2010

2011

2012

2013

2014

Obs.: duas plataformas (BW Cidade São Vicente e Dynamic Producer) de 30 mil bpd por unidade no Teste de Longa Duração (TLD) no pré-sal

a Petrobras terá uma capacidade de refino de 2,260 milhões de barris por dia em 2014, um aumento de 23,4% em relação à capacidade atual, de 1,831 milhão de barris por dia. No mesmo período, a demanda de combustíveis deverá crescer 21,9%, passando dos atuais 1,933 milhão de barris para 2,356 milhões de barris. “Estamos aumentando nossa participação em refino juntamente com a demanda doméstica”, afirma ele. O uso da capacidade instalada de refino da Petrobras passa de 92% no primeiro trimestre deste ano, com aumento expressivo no consumo de combustíveis do país. Além da ampliação de unidades existentes, estão previstas no plano a entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, das Refinarias Premium I e a primeira fase do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que teve seu projeto básico alterado com

ris em 2020, ante um consumo esperado de 2,8 milhões de barris.

Gás e energia

Foto: Agência Petrobras

Arte: TN Petróleo

TLD 1 BW Cid. São Vicente 30.000 bpd

Cachalote e Baleia Franca FPSO Capixaba 100.000 bpd

TLD Guará Dynamic Producer 30.000 bpd 1600

Marlim Sul SS P-56 Módulo 3 100.000 bpd

Antecipação de Baleia Azul FPSO Espadarte 100.000 bpd

a inclusão de uma refinaria com capacidade de processar 165 mil barris de petróleo por dia, para produção, principalmente, de diesel. Após 2014, estão previstas a segunda etapa do Comperj, com capacidade de 165 mil barris por dia para a produção de produtos petroquímicos básicos, e a refinaria Premium II. Com isso, a Petrobras espera processar 3,2 milhões de bar-

O segmento de gás-química será o foco dos investimentos em gás e energia da Petrobras até 2014. Essa é a grande novidade da área no PN 2010-2014. O setor de gás e energia da estatal ficará com 8% ou US$ 17,8 bilhões, dos quais US$ 2,7 bilhões serão destinados para o gás natural liquefeito (GNL), US$ 5,7 bilhões para o gás-químico e US$ 4,1 bilhões para geração de energia elétrica. Gabrielli informou que os investimentos na área serão direcionados para consolidar a liderança da Petrobras no mercado brasileiro de gás natural. Durante a citada coletiva, o executivo informou que a Petrobras pretende realizar investimentos para a transformação química do gás natural, estando prevista a construção de três fábriTN Petróleo 72

23


pn 2010-2014

cas de fertilizantes para a produção de nitrogenados (amônia e ureia) em sinergia com outros ativos da Petrobras no segmento. “O ciclo de investimento em infraestrutura na nossa carteira tende a diminuir até 2014, e tende a aumentar os investimentos em gás-química”, afirmou Gabrielli. Segundo o presidente da Petrobras, a mudança no perfil dos investimentos da estatal decorre do fato de a demanda de gás no Brasil depender fortemente do despacho das térmicas, o que é influenciado

pelo nível de água nos reservatórios das hidrelétricas. “A mudança reflete adequação da nossa carteira de investimento às características de flexibilidade do mercado brasileiro e que permitem maior valor adicionado para o gás”, disse. Com os investimentos no segmento gásquímico, Gabrielli destacou que o Brasil se tornará autossuficiente em amônia, no período, mas ainda dependerá da importação de ureia para atender a demanda interna.

Distribuição e petroquímica

Previstos para a área de Abastecimento: US$ 73,6 bi no PN 2010–2014 Ampliação da frota (6%)

Destinação do óleo nacional (3%)

Internacional (1%)

US$ 2,21

US$ 0,73

US$ 4,42 Melhoria operacional (11%)

US$ 8,1 Refino (50%)

US$ 36,8 Qualidade do combustível (29%)

Arte: TN Petróleo

US$ 21,3

O segmento de distribuição da estatal receberá US$ 2,5 bilhões, para garantir a liderança da Petrobras Distribuidora, com meta de 40% de participação no mercado nacional em 2014, e atuação na distribuição de derivados no exterior. Já os investimentos da estatal em petroquímica deverão somar US$ 5,1 bilhões (5%) nos próximos cinco anos. E o de distribuição receberá US$ 2,5

bilhões. Tais investimentos estão focados na ampliação da produção de petroquímicos e de biopolímeros, preferencialmente por meio de participações societárias, sobretudo no Brasil, de forma integrada com os outros segmentos da Petrobras.

Biocombustíveis O segmento de biocombustíveis (que abrange produção, logística e comercialização) receberá investimentos de US$ 3,5 bilhões, um aumento de mais de US$ 1 bilhão em relação ao plano anterior. A estratégia no segmento de etanol foi redirecionada para a aquisição de participações com o objetivo de se tornar um importante player no mercado, assegurando o domínio tecnológico para a produção sustentável de biocombustíveis, afirma a estatal. Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível, informou que a Companhia, juntamente com

Aumento da capacidade de refino para alcançar a maior demanda de derivados dentro do PN 2010-2014 – Valor previsto US$ 36,8 bi

Mil bpd

Clara Camarão 2010

Refinaria do Nordeste 230 mil bpd (2013)

Replan Revamp U200+PAM 33 mil bpd 2010

Comperj (1º trimestre) 165 mil bpd (2013)

3.000

Premium I (1ª fase) 300 mil bpd (2014)

Premium I (2ª fase) 300 mil bpd (2016)

3.196 2.794

2.356

2.260

Premium II 300 mil bpd (2017)

1.155 2.000

1.933

1.831

Comperj (2º trimestre) 165 mil bpd (2018)

1.016

826

1.187

1.000

937 769

TN Petróleo 72

Arte: TN Petróleo

Foto: Nelson Chinalia

24

452

403

338 0

2009 Gasolina

2014

2010 Diesel

Outros

Carga Processada

Obs.: Comperj passou a ser uma nova refinaria. Em 2014, a previsão é de exportar 966 mil bpd

2020


suas parceiras, tem atualmente capacidade de processamento de 24 milhões de toneladas de cana, com previsão de produção de 890 milhões de litros de etanol na safra 2010/11. Volume que deve mais que dobrar até 2014, para 2,6 bilhões de litros – e que deve posicionar a estatal como responsável por cerca de 5% da produção nacional. Ele lembrou o anúncio, feito na manhã do dia da coletiva, sobre a parceria estratégica com o Grupo São Martinho S/A para o incremento da produção de etanol em Goiás, região Centro-Oeste do Brasil. O acordo prevê a constituição de uma nova sociedade, denominada Nova Fronteira Bioenergia S/A, que controlará a Usina Boa Vista. Por meio de aporte de R$ 420,8 milhões, a Petrobras Biocombustível passará a deter 49% das ações da nova sociedade. Os recursos aportados serão destinados à expansão

Foto: Agência Petrobras

petrobras vai investir US$ 224 bilhões até 2014

PN 2010-2014 – os desafios da engenharia e da tecnologia • Simplificação e padronização – redução da complexidade dos projetos e uso de soluções padronizadas • Competitividade e sustentabilidade – utilizar padrões e métricas internacionais de engenharia nos projetos nas instalações industriais • Conteúdo Nacional – contribuir para a consolidação do Brasil como um polo fornecedor de bens e serviços de engenharia com padrões internacionais de competitividade

da produção da nova sociedade, em especial da Usina Boa Vista, localizada em Quirinópolis (GO). Com os investimentos já realizados e a realizar, ela terá sua capacidade de moagem ampliada dos atuais 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para 7 milhões de toneladas na safra 2014/15. Segundo o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, esta parceria representa mais uma aliança estratégica na consolidação da estatal como relevante produtor de etanol. “A parceria com a São Martinho é mais uma aliança para o desenvolvimento da produção em Goiás, apresentando importantes sinergias com outros ativos do Sistema Petrobras.”

Projetos internacionais A estatal reduzirá os investimentos da área internacional, pois continuará dando ênfase ao

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pn 2010-2014

aumento da produção de petróleo no país e à descoberta de novas reservas. Apesar do maior direcionamento dos investimentos no mercado doméstico, o presidente da Petrobras informou que na área internacional serão investidos US$ 11,5 bilhões, com foco no desenvolvimento da exploração e produção no Golfo do México (Cascade, Chinook, Saint Malo e Tiber), Costa Oeste da África (Nigéria) e no Peru. Os investimentos na área internacional foram reduzidos de US$ 16 bilhões para US$ 11 bilhões.

Cadeia produtiva Para o gerente de novos investimentos e infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Cristiano Prado, os enormes investimentos da Petrobras representam uma oportunidade única de desenvolvimento para o Brasil e não pode ser desperdiçada. “Nesse sentido, é preciso que redobremos nossos esforços, em termos de política industrial, para garantir que a cadeia produtiva que atende o setor possa participar de forma competitiva nesse processo. Com isso, maximizaremos os empregos e a renda gerados a partir deles, ampliando o seu efeito multiplicador e seu impacto”, afirma Prado. “Os mais de 600 projetos previstos no plano de investimentos da 26

TN Petróleo 72

Petrobras, válido para o período de 2010 até 2014, com investimentos de US$ 212,3 bilhões no Brasil, darão um impulso significativo para o desenvolvimento da infraestrutura, para o crescimento da economia e para o fortalecimento da capacidade tecnológica e fabril da indústria brasileira”, afirmou Paulo Godoy, presidente da Abdib. “Vale registrar o desafio que será um plano de investimento desse porte, e por isso é fundamental agir para angariar o funding necessário” (ou seja, a consolidação financeira das dívidas de curto prazo num período adequado à maturação do investimento e sua amortização). O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, vê com otimismo a divulgação dos números de investimentos do Plano de Negócios da Petrobras. “A construção de navios e plataformas é um setor de ciclo longo de produção e trabalha antecipando a demanda”, destaca. “O setor esperava com atenção o novo Plano de Negócios e constatou que os projetos de construção de navios petroleiros, navios de apoio marítimo, plataformas de produção de

petróleo e sondas de perfuração prosseguem conforme planejado”, complementa Rocha. Para o diretor executivo da área de petróleo, gás, bioenergia e petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado Neto, o PN apresenta um nível de investimentos inédito para uma companhia de petróleo: US$ 212 bilhões em um único país, em cinco anos. O dirigente da Abimaq destaca que um dos pontos mais importantes é a obrigatoriedade de conteúdo local mínimo. “Fato que a indústria de bens de capital vê com bons olhos. Entretanto, para que os números apresentados venham a retratar a real situação da participação da indústria nacional, cabem algumas considerações”, pontua Machado. Segundo ele, os números que vêm sendo divulgados pela Petrobras relativos a contratações efetuadas no mercado interno (em torno de 75%) não perpassam, efetivamente, toda a cadeia de suprimento. “O valor apurado pela indústria representa um patamar bem mais baixo, inferior a 30%”, pontua. “Não é que os 75% estejam errados, mas uma coisa é o investimento que a Petrobras faz no Brasil – que pode ser na aquisição de um produto importado já internado, serviços, obras civis,


Foto: Cortesia Wilson,Sons

materiais etc. – e outra coisa, bem diferente, é o que as fábricas locais de equipamentos estão produzindo aqui e fornecendo.” Alberto Machado frisa que, se não forem devidamente explicados, os percentuais divulgados (75%) podem dar a impressão de que está tudo resolvido e de que nada mais precisa ser feito, uma vez que já estaríamos com 75% e o plano novo requer menos que isso. “A realidade é bem diferente: estamos até mesmo correndo um sério risco de desindustrialização do país devido, principalmente, a fatores fora do poder de decisão da indústria e da própria Petrobras, tais como: apreciação do Real, tributos e taxas de juros muito acima dos praticados em outros países, que acabam por reduzir a competitividade do produto nacional.” Ele pondera que uma dificuldade adicional é a terceirização das compras, ou seja, quando a Petrobras contrata pacotes fechados com uma empresa e essa empresa fica encarregada das compras das partes desses pacotes. “Nas compras que ela executa diretamente, o conteúdo local alcança percentuais mais elevados que nas terceirizadas. É preciso que sejam criados mecanismos que permitam

Foto: Agência Petrobras

petrobras vai investir US$ 224 bilhões até 2014

à Petrobras exigir dos principais contratantes terceirizados os mesmos percentuais que pratica em suas compras diretas.” O diretor da Abimaq salienta que para a Petrobras atingir os ob-

jetivos explicitados em seu plano de negócios é preciso que a estatal, a indústria e, sobretudo, o governo, adotem medidas urgentes que possibilitem a real inclusão da indústria local de bens de capital nesses investimentos. “O Brasil não pode perder a oportunidade de alavancar seu desenvolvimento. O petróleo pode promover um desenvolvimento maior por meio da instalação de um parque fabril de alto nível tecnológico do que, simplesmente, posicionar o país como um exportador de petróleo ou mesmo de combustíveis, matérias-primas de baixo valor agregado”, conclui.


pn 2010-2014

Cessão onerosa e capitalização da Petrobras

A proposta autoriza a União a ceder onerosamente à Petrobras o exercício das atividades de pesquisa, exploração e produção de petróleo e gás natural em determinadas áreas do pré-sal, limitado ao volume máximo de 5 bilhões de barris de óleo equivalente, além de autorizar que a União possa subscrever ações do capital social da Petrobras. O projeto de lei foi aceito sem alterações em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados e, por isso, foi encaminhado para sanção presidencial para depois ser convertido em lei. Também foi aprovado o novo regime de partilha de produção que regulará a exploração e produção em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas. Esse regime foi aprovado através do projeto que unificou os projetos de lei referentes à criação do Fundo Social e do regime de partilha de produção. O regime aprovado garante à Petrobras o papel de operador único, com parcela mínima de 30%, podendo ainda a estatal participar dos processos licitatórios visando aumentar sua participação nas áreas. O novo regime contempla ainda a possibilidade de cessão direta à Petrobras de até 100% de novas áreas, sem licitação. Do Projeto de Lei aprovado pelo Congresso Nacional foi vetado pelo Presidente da República o § 4º do Art. 1º, que previa a possibilidade do pagamento da Cessão Onerosa devido pela Petrobras com áreas sob contratos de concessão relativos a campos terrestres em desenvolvimento ou em produção. P re o c u p a ç ã o – C o m re l a ç ã o à c a p i t a l i z a ç ã o d a Pe t ro b ra s , o s investidores estrangeiros se mostram preocupados. De acordo com

28

TN Petróleo 72

Foto: Agência Brasil

No dia 10 de junho, foram aprovados o projeto de lei referente à cessão onerosa e à capitalização da Petrobras no Senado Federal.

para exploração e produção. Diante de reservas limitadas e poucas perspectivas de ampliá-las, as independentes estão impossibilitadas de implementar logística própria ou consorciada de tratamento, escoamento e comercialização de hidrocarboneto. “Dessa forma, o sucesso financeiro do negócio fica comprometido. Esvai-se também a oportunidade de desenvolvimento regional por meio da atuação de petroleiras de pequeno e médio portes”, apontou o presidente da Abpip, Oswaldo Pedrosa.

Cessão Onerosa reportagem publicada no The New York Times, o mercado internacional e s t á re t i c e n t e e m re l a ç ã o a o s planos do governo brasileiro em transformar a gigante do petróleo em um instrumento para a construção de uma política social. Segundo o periódico, desde que o governo lançou a notícia da capitalização da Petrobras, há cerca de um ano, as ações têm caído bastante no Ibovespa (30% somente este ano, mais que o dobro das rivais Exxon Mobil e Shell). Insatisfação – Em nota à imprensa, a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip) lamentou o veto do presidente da República ao dispositivo de apoio ao segmento independente, incluído no projeto de capitalização da Petrobras. Segundo o dispositivo, a Petrobras teria a alternativa, e não a obrigatoriedade, de utilizar os seus campos marginais para compensar a União por parte da cessão de reservas no pré-sal. Para isto, poderia utilizar até 100 milhões de barris de reservas de campos terrestres, que correspondem apenas a 2% do volume da cessão onerosa. De acordo com a Abpip, a manutenção do segmento independente esbarra na escassez de oferta de áreas

Impactos no curto prazo (2010-2016) • Investimentos em avaliação – da ordem de alguns bilhões de dólares. • Processos de unitização com as concessões. • Inclusão das áreas da cessão onerosa nos projeto de desenvolvimento do pré-sal. • Elevação da necessidade de recursos críticos: financeiros, materiais e humanos. Impactos no longo prazo (após 2016) • Investimentos em desenvolvimento das áreas da cessão onerosa – da ordem de dezenas de bilhões de dólares. • Desafios tecnológicos e logísticos semelhantes aos projetos em andamento.

Capitalização • Desalavancagem – Permitirá a Petrobras buscar novos financiamentos sem comprometer o Grau de Investimento (investment grade). • Entrada de recursos na estatal – Montante advindo do exercício de preferência dos minoritários.


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Fotos: Banco de Imagens TN Petróleo

independentes – parte 3

30

TN Petróleo 72


Produtores Independentes – Parte 3 (final)

o outroBrasil

do petróleo por Cassiano Viana

O pré-sal ronda a atividade petrolífera em Sergipe desde a descoberta, em 1963, do campo de Carmópolis, a 60 km ao norte da capital. 30 mil para quase 76 mil barris de petróleo por dia. apesar da tradição no cultivo da cana-de-açúcar, laranja e coco, a exploração do petróleo é hoje uma das mais importantes atividades geradoras de recursos

e desenvolvimento, sendo responsável por cerca de 16% do Produto interno Bruto (PiB) de Sergipe. Lá, também, a Petrobras – segunda maior geradora de icSM (imposto sobre operações relativas à circulação de Mercado-

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

E

ste campo, situado no pré-sal, embora terrestre, é o marco da indústria petroleira no estado, ainda que as pr imeiras descobertas de indícios de hidrocarbonetos tenham sido feitas dois anos antes, no campo terrestre de riachuelo, a 40 km de aracaju. Mas foi apenas com a descoberta, em 1968, do campo de Guaricema, localizado na foz do rio Vasa Barris, que Sergipe se consagraria como um estado pioneiro na exploração offshore de petróleo no Brasil. Trinta e nove anos depois, em 2007, com a instalação do poço de Piranema, no litoral sul, os sergipanos viram a produção local mais do que dobrar, passando de

Para chegar à ilha fluvial onde estão os poços de Carapitanga, é preciso descer o canal do Pomonga, braço do São Francisco.

TN Petróleo 72

31


independentes – parte 3

Campos marginais reativados Campo

UF

Contrato

Produção (m³)

Operadora

Total

Média/Mês

Tigre

SE

2005

Severo Villares

8917

297

Vaza Barris

SE

2005

Ral Engenharia

1375

115

Carapitanga

SE

2005

Silver Marlin/Engepet

238

26

Cidade de Aracaju

BA

2005

Pioneira/Alvorada

1843

66

Bom Lugar

BA

2005

Pioneira/Alvorada

4723

169

Araçás Leste

BA

2005

Egesa Engenharia

756

34

Jiribatuba

BA

2005

Pioneira/Alvorada

935

67

Sempre Viva

BA

2005

Orteng Equip/Delp/Logos

753

42

Morro do Barro

BA

2005

ERG/Panergy

874

42

Riacho Velho

RN

2006

Genesis 2000

485

40

Chauá

RN

2006

Sóllita Eng. e Construção

97

24

Rio Ipiranga

ES

2006

Cheim Transportes

4297

269

Crejoá

ES

2006

Koch Petróleo do Brasil

1127

63

rias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) – explora campos de petróleo e gás natural em terra como no mar. A menor das unidades federativas brasileiras posiciona-se 32

TN Petróleo 72

hoje como o terceiro maior produtor independente de petróleo no país (excluindo a Petrobras), com dez campos em atividade nas mãos de companhias privadas: BT-Seal-13, BT-Seal-16, BTSeal-18, BT-Seal-20, BT-Seal-22,

Carapitanga, Cidade de Aracaju, Foz do Vaza Barris, Harpia e Tigre. E tem ainda a maior mina de potássio da América Latina, localizada no município de Rosário do Catete, explorada pela Vale.

Grandes expectativas Descoberto pela Petrobras em 1983, o campo de Carapitanga fica no município de Brejo Grande, distante 145 km de Aracaju. Os poços ficam na Ilha da Cruz, uma ilha fluvial próxima (10 a 12 km) da Reserva Biológica de Santa Izabel. Para chegar à ilha é preciso descer o canal do Pomonga, braço do São Francisco. O campo – que ent rou em operação no mesmo ano de sua descoberta e teve, até 1989, uma produção acumulada de 48 mil m³ (301,9 mil barris) de óleo de 36° API e 8,2 milhões m³ de gás. Os reservatórios, a 1.500 m de


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profundidade, tem volumes originais in situ de 197 mil m³ (1,239 milhão de barris) de petróleo e 21,1 milhões m³ de gás natural, estimados pela Petrobras quando ela detinha essas áreas. Os blocos foram arrematados em 2007 pela Silver Marlin. No entanto, quem opera a área é a sergipana Engepet, que participa do prospecto desde o início, ainda na fase de construção e estruturação do empreendimento. A empresa ficou conhecida inicialmente pelo seu Sistema Pneumático de Elevação tipo BPZ, sistema de bombeamento desenvolvido em parceria com a Petrobras, com características semelhantes ao processo de gaslift e com capacidade de realizar operações em grandes profundidades. A produção atual, feita por surgência intermitente (afloramento natural), é de cerca de 12 a 15 bbl/dia e 200 Nm³/dia de gás que é ventilado em um dispersor na estação de produção. “Estamos em fase final da manutenção do compressor que fornecerá gás comprimido para o sistema de elevação artificial BPZ. Após a entrada do sistema a expectativa é produzir em torno de 60 bbl/dia de óleo e 2.000 Nm³/dia de gás, que será aproveitado pela Brasil GNC”, revela Francisco Bezerra, coordenador de Engenharia da Engepet. Segundo ele, o aumento da produção irá depender da facilidade da venda do óleo (Petrobras,

Univen ou Daxoil) e da solução técnica e economicamente do descarte de água. Toda produção da Engepet é hoje transportada para a Univen, em São Paulo. “Gastamos cerca de R$ 40 mil por ano só em frete para comercializar nossa produção. Se entregássemos em Recife, por exemplo, esse custo cairia para mil reais. A rentabilidade do campo seria outra”, avalia. Outra alternativa para solucionar o problema da comercialização da produção seria através da criação de uma EPE que viabilizasse uma estação de tratamento cujo investimento entre R$ 500 mil a R$ 1 milhão. “Isso criaria a possibilidade de vender para Petrobras, pois estaríamos com o óleo adequado às exigências da mesma e reduziria custo de frete. Para a venda a outras empresas, possibilita termos um preço melhor por bbl”, afirma. O ca mp o de C a r apit a nga será operado pela EPG Brasil Ltda, quando da autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para transferência do campo. E no Maranhão, o consórcio que será responsável pelo campo é a Oeste de Canoas Petróleo e Gás Ltda. Os dois consórcios têm como sócios a Engepet e a Perícia Engenharia.

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Tartaruga Outro campo em produção em Sergipe é Tartaruga. Descoberto pela Petrobras em outubro de 1994, Tartaruga está localizado no povoado Lagoa Redonda, município de Pirambu, cerca de 70 km ao norte de Aracaju. O primeiro poço do campo foi perfurado nos anos 1970. Existem sete poços perfurados dentro do campo, sendo um no mar e seis em terra, destes, cinco estão

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independentes – parte 3

em zona de transição, avançando por um trecho de mar. estar tão próximo de uma área de proteção ambiental como uma rebio (reserva Biológica) faz com que se passe por muita burocracia para se conseguir licenças, bem como suas condicionantes. “a última licença para perfuração de dois poços levou cinco anos para ser emitida. isso atrasa bastante nosso projeto de explorar o campo”, diz. “Mas estamos atuando a mais de dez anos na localidade e nunca tivemos nenhum acidente ambiental. a UP Petróleo é uma empresa que sempre prezou pelo meio ambiente e segurança, mas mesmo assim a burocracia é bastante grande.”

em Tartaruga os poços são direcionais. A cabeça do poço está em terra, mas o objetivo (fundo do poço) está no mar.

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Reservatório quase intacto

abandonados e um com tampão temporário. Um deles é produtor e outro está aguardando licença ambiental para começar a produzir. ambos são poços direcionais. a cabeça do poço está em terra, mas o objetivo (fundo do poço) está no mar. o bloco foi ar rematado na rodada Zero. Tartaruga foi um campo antes pertencente à Petrobras que passou o direito de exploração à UP Petróleo, operadora desde 1999. a companhia foi a primeira petroleira estrangeira a produzir petróleo no Brasil. o campo possui apenas um poço produtor no momento e está produzindo em média 360m³/mês de petróleo com um BSW de 2%. 34

TN Petróleo 72

o óleo produzido é de 41º aPi. “a reserva é grande e como só existe um poço produzindo não temos certeza o seu tamanho, mas o poço hoje produtor (1-SeS-107d) produz desde 1994 e continua surgente”, conta oscar aumari, diretor de operações da UP Petróleo. a UP Petróleo tem interesse em desenvolver o campo perfurando mais poços, mas conseguir licenças em uma área tão próxima a uma reserva Biológica não é fácil. o campo está localizado em uma região de alta sensibilidade, próximo à reserva ambiental de Santa isabel, área de desova de tartarugas marinhas, e também

arrematado na Sétima rodada de Licitações da anP, pela paulista Severo Villares, o Bloco Tigre está situado na porção emersa da Bacia de Sergipe-alagoas, no município de Pacatuba, litoral norte de Sergipe, a 70 km da capital aracaju. o polígono do Bloco Tigre totaliza 20,03 km². dois campos petrolíferos contíguos, denominados Tigre (TG) e Ponta dos Mangues (PdM), integram o bloco de concessão, onde foram perfurados 20 poços: dez deles na área do antigo campo de Ponta dos Mangues (cinco poços produtores) e dez no antigo campo de Tigre (seis poços produtores). em 1969 foi descoberto o campo de Ponta dos Mangues, e, em 1971, o Tigre. a área produziu de 1969 até 1989, e registra uma produção acumulada, em ambos os campos, de 66,7 mil m³ (420 mil barris) de óleo de 21º aPi a 41º aPi e 9,7 milhões m³ de gás. os volumes originais in situ de óleo e gás estimados são da ordem de 648 mil m³ (cerca de 4,0


milhões barris) e 28,3 milhões m³, respectivamente. A Severo Villares iniciou suas atividades como concessionária e operadora em janeiro de 2006. Durante a fase de avaliação, que teve duração de dois anos, foram reabilitados e equipados dez poços para produção e um preparado para injeção/descarte da água produzida. Resultados preliminares dos Testes de Longa Duração apontaram para a viabilidade técnicoeconômica do Bloco Tigre. Para desenvolver o projeto de reativação do campo foram construídas duas estações (Tigre e Ponta dos Mangues) e implantados os respectivos sistemas de coleta, separação, armazenamento, medição e transferência do óleo, tratamento e descarte da água produzida. A retomada da produção pela Severo Villares teve início em

outubro de 2007 e já foram produzidos cerca de 9.500 m³ (cerca de 60 mil barris) de óleo leve com API médio de 35º. A produção média diária é de 60 a 70 barris. A empresa possui contrato de comercialização com a Petrobras desde janeiro de 2008. Com a certeza de que os reservatórios da região estão vivos e passando muito bem, obrigado, a petroleira vem desenvolvendo novos estudos objetivando aumentar as possibilidades do campo, dentre os quais se inclui

a aquisição, reprocessamento e reinterpretação de dados geofísicos (sísmica 3D e gravimetria), análise e controle estratigráfico/ estrutural e modelagem geológica dos reservatórios. Os resultados da interpretação sísmica 3D indicam alto potencial geológico para perfuração de novos poços e expansão das reser vas. “Trabalhamos com a possibilidade de perfuração de no mínimo seis novos poços”, afirma Claudio Goraieb, da Severo Villares. Segundo Goraieb, a existência de 20 poços já perfurados no bloco (11 produtores) com respectivos dados geológicos e geoquímicos, além da boa resolução sísmica 3D, são fatores que contribuem para a melhor avaliação do prospecto, reduzindo assim o risco exploratório e aumentando a chance de sucesso.


paraíso Vivendo no

É

impossível, visitando os campos em Sergipe – todos eles emoldurados em um magnífico cartão-postal natural –, escapar ao questionamento: qual o nível de comprometimento e preocupação das petroleiras com o meio ambiente? afinal, além da ocorrência de tartarugas marinhas, esta é uma região de proteção de outras importantes classes de animais e vegetais. no litoral norte de Sergipe, a costa dos Manguezais abriga uma região de praias inexploradas, como a de Ponta dos Mangues, no município de Pacatuba. o pantanal de Pacatuba, o pantanal nordestino, tem 40 km², sendo a maior área alagada do nordeste. a região abriga mais de cem espécies de aves e animais ameaçados de extinção, como o jacaré-de-papoamarelo. outra praia, a de Pirambu, distante 76 km da capital, com 45 km 36

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abriga uma das bases do Projeto Tamar – um dos principais centros de estudos das tartarugas marinhas e de recuperação e manutenção das espécies – e a reserva ecológica de Santa isabel. com uma área de 2.776 hectares, a reserva foi criada em 1988 com o objetivo de proteger ecossistemas costeiros compostos de dunas fixas e/ou móveis, manguezais e lagoas temporárias e permanentes. Segundo francisco Bezerra, da engepet, durante a operação do campo de carapitanga não existirá descarte na área do campo. os fluidos (óleo e água) serão enviados para nossa estação de carregamento e colocados em caminhões próprios para envio do petróleo a uma refinaria, e a água produzida ou contaminada com óleo, para empresa autorizada em descarte de efluentes líquidos. os resíduos sólidos comuns (comida, papel, etc.) serão enca-

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

independentes – parte 3

minhados em invólucro próprio para a coleta de lixo do município e os resíduos sólidos contaminados com óleo serão armazenados em embalagens próprias e encaminhados para o mesmo destino da água produzida. “Temos um contrato com empresa especializada que faz o monitoramento ambiental da área em volta do campo, fazendo análises da água dos rios e canais, bem como inspeção para identificar qualquer resíduo de óleo e identificar se tem origem em nossa atividade ou não”, explica. Segundo Bezerra, toda a instalação (estação de produção e estação de carregamento) é monitorada por um sistema supervisório, que recebe dados dos diversos instrumentos e sensores instalados, permitindo identificar com rapidez qualquer anomalia nas instalações, possibilitando ação dos operadores para que não ocorra qualquer incidente. “operamos desde 2008 sem


Foto: Cortesia Severo Villares

qualquer incidente. Todas as nossas atividades são acompanhadas pelo órgão ambiental estadual. assim, é plenamente possível termos a atividade de exploração de petróleo e gás convivendo com áreas de proteção ambiental”, frisa.

Benefício para todos

A Associação de Artesanato e Apicultura do povoado de Tigre contou com o apoio da Severo Villares para a construção da sede própria.

os comerciantes também ampliaram seus negócios para atender as demandas da empresa e seus prestadores de serviços. a associação de artesanato e apicultura do povoado contou com o apoio da empresa para a construção da sede própria. a empresa também mantém uma artesã profissional para dar aulas para pessoas da comunidade, agregando valor ao produto e facilitando a divulgação e a comercialização das peças. engenheiros ambientais, psicólogos e

pedagogos qualificados e treinados realizam palestras periódicas de conscientização e apoio às comunidades locais. “É possível compatibilizar a atividade produtiva com o meio ambiente. o fato de a área estar localizada no entorno de uma reserva biológica, obrigatoriamente, implica maior responsabilidade e cuidados redobrados por parte da empresa, mas não é um fator impeditivo”, avalia. “Por outro lado, a atividade em si passa a ser uma forma de aliviar a pressão sobre a área da reserva, uma vez que são criadas novas possibilidades de trabalho e emprego para as comunidades locais que, muitas vezes, se veem obrigados a buscar seu sustento dentro da reserva.”

Carmópolis – 47 anos em produção reSuLTAdo de SuCeSSiVAS pesquisas iniciadas em 1955 pelo corpo técnico da recém-criada Petrobras, em 1963, foi descoberto, na Fazenda mercês, em Carmópolis, o maior campo terrestre do país em volume recuperável de óleo do Brasil. estão em operação, hoje, 47 anos depois, em Carmópolis, mais de mil poços, responsáveis por 80% da produção da unidade de Produção em Sergipe. Sua produção atual é de 42 mil barris por dia e com os investimentos previstos para os próximos anos – a Petrobras

Foto: Agência Petrobras

outrora operados pela Petrobras, Tigre e Ponta dos Mangues são campos contíguos e considerados como um único campo, para efeito de bloco de concessão e licenciamento ambiental. a área tem uma densidade populacional relativamente alta, sobretudo ao longo dos acessos, incluindo os povoados de Tigre e junça. os dois campos abrangem áreas de coqueirais, pastagens nativas, campos de dunas e áreas alagadiças, em parte situadas no entorno da reserva Biológica de Santa isabel, administrada pelo instituto chico Mendes. Por tratar-se de uma região de grande suscetibilidade ambiental, os aspectos ligados ao meio ambiente e à segurança operacional são considerados prioritários no desenvolvimento das atividades de exploração e produção de petróleo. “a retomada das atividades de produção foram realizadas com a adoção de todas as medidas necessárias para prevenir a ocorrência de acidentes e minimizar os impactos decorrentes das operações”, comenta claudio Goraieb. como forma de controle, prevenção e mitigação dos impactos aos recursos naturais, e também proporcionando melhorias do ponto de vista socioeconômico, a petroleira vem desenvolvendo programas ambientais de educação e comunicação social, controle de poluição e monitoramento da qualidade da água e do solo, com impactos muito positivos sobre a comunidade local.

planeja alocar uS$ 700 milhões na modernização das estações e revitalização do campo –, a produção alcançará a marca de 54 mil barris por dia. TN Petróleo 72

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independentes – parte 3

Produção independente de óleo e gás beneficia economias regionais Estudo elaborado pelo Instituto de Geociências (Igeo) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) demonstra que a atividade independente de petróleo e gás natural, destinada exclusivamente ao segmento de exploração e produção, vem gerando impacto positivo na região Nordeste do país. Nos próximos meses, a pesquisa será estendida até onde atuam as independentes, no Nordeste e Espírito Santo.

O

trabalho utiliza o município baiano de Mata de São João, como estudo de caso, já que naquela área o petróleo é produzido por um único pequeno operador. E revela que a produção em pequenos campos com acumulações marginais no município responde por cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade. Segundo o responsável pelo estudo, o professor Doneivan Ferreira, doutor em economia do petróleo, os dados são preliminares e ainda não é possível quantificar o benefício da atuação desse grupo de petroleiras além do registrado em Mata de São João. Mas, um modelo conceitual já permite ensaios que apontam para resultados ainda mais expressivos em outros municípios, como em Catu e São Sebastião do Passé, no Recôncavo Baiano. “A participação de produtores independentes nesse nascente nicho de mercado faz algumas pequenas economias girarem.

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por Maria Fernanda Romero

Os indicadores sociais ainda estão sendo trabalhados e apontam para correlações interessantes. No momento, estamos estabelecendo correlações com emprego e renda municipal”, diz o especialista. A atuação da PetroRecôncavo em Mata de São João sozinha respondeu por 14,4% do total de Imposto sobre Serviço (ISS) arrecadado pelo município em 2009, enquanto as empresas fornecedoras contratadas por ela movimentaram 3,4% do ISS. Dessa forma, ao todo, a atuação da petroleira foi capaz de responder por 18% da tributação, cerca de R$ 3 milhões. Entre as contratações diretas e indiretas de um independente, é possível destacar os serviços de transporte, básicos (como energia), comércio varejista, construção civil, hospedagem, alimentação, além da compra de produtos industrializados. A chegada das petroleiras de pequeno e médio portes ainda geram investimento em infraestrutura e serviços públicos, a exemplo da construção e reforma de estradas, acesso à telefonia,

ampliação das instalações e da capacidade da rede de energia elétrica e saneamento básico. Em alguns casos, a perspectiva de firmar contratos de longo prazo promoveu a formalização de algumas atividades. A pesquisa da Ufba identificou, particularmente, em Mata de São João, a presença de 20 segmentos fornecedores: diretamente para a exploração e produção de óleo e gás (20 empresas); materiais de construção (cinco); materiais e acessórios industriais (45); outros metalúrgicos (oito); informática (18); material elétrico (12); consultorias e assessorias (seis); construção civil (oito); equipamento eletroeletrônico (seis); veículos e peças (22); produtos químicos (nove); artigos plásticos (três); treinamentos empresariais (sete); comércio e serviços básicos (29); transporte (17); instituições financeiras (cinco); serviços de saúde (quatro); outros serviços técnicos (oito); máquinas e equipamentos (15); e outros (32). Ainda segundo a Ufba, as pequenas petroleiras apresentam vantagem socioeconômica sobre


o outro brasil do petróleo

Abpip em números • 18 associadas • Produção média de 1,5 mil bpd • Atuação em bacias terrestres dos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte • De 2005 a 2009, já investiram R$ 2 bilhões, além do comprometido com a ANP na assinatura do contrato de concessão

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

as empresas de maior porte por vários aspectos, como a contratação de bens e serviços localmente, próximo do local de atuação, e o incentivo à cadeia produtiva. Devido à escala de seus negócios, as grandes operadoras promovem concorrências globais ou contratam nos grandes centros urbanos, onde estão suas sedes, enquanto as independentes são obrigadas a desenvolver uma rede de fornecimento regional. A presença de petroleiras de pequeno e médio porte em bacias terrestres brasileiras foi idealizada pelo governo exatamente como um fator de desenvolvimento regional, a partir da abertura de mercado, em 1997, tomando como exemplo o sucesso de outros países. No entanto, a manutenção do segmento esbarra na escassez de oferta de áreas para exploração e produção. Este tem sido tema de intenso debate, estimulado pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás

(Abpip) no Congresso. Aproveitando a discussão sobre um novo marco regulatório para o setor, esse grupo de petroleiras espera garantir o desenvolvimento de políticas públicas que permitam ampliar seus investimentos. Os gestores municipais

Banho de água fria Esta reportagem já estava diagramada, quando, no dia 30 de junho, era sancionado o projeto de lei para a capitalização da Petrobras. Ocorria, ali, o veto ao artigo que permitiria à estatal entregar à União campos marginais como compensação de parte da cessão onerosa de reservas no pré-sal. O veto foi solicitado pelo Ministério de Minas e Energia, sob o argumento de que o uso desses campos deveria fazer parte de uma política energética a ser estabelecida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), e não de um projeto de lei.

“Essa atitude contraria a trajetória de estímulo ao investimento e diversificação do setor, que vinha sendo perseguida desde 1997, a partir da abertura do mercado. O veto não se alinha, também, com a Resolução n. 10/2008 do CNPE, que prevê o desenvolvimento da pequena indústria petrolífera em áreas fora do pré-sal”, diz a nota divulgada pela Associação Brasileira dos Produtores de Petróleo e Gás (Abpip), instituição que reúne os pequenos produtores de petróleo no Brasil. Se o artigo fosse sancionado, os campos marginais liberados pela Petrobras poderiam ser novamente

começam a perceber que poços parados e campos subutilizados representam oportunidades latentes ou desperdiçadas para suas economias locais. “Apenas a iniciativa política permitirá que áreas cujas reservas condizem com o perfil do segmento independente sejam repassadas para as petroleiras de menor porte, seja via contratação das independentes como operadoras, seja pela liberação direta dessas áreas para que sejam leiloadas”, afirma o presidente da Abpip, Oswaldo Pedrosa. leiloados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No documento divulgado pela Abpip, os produtores independentes frisam que a manutenção do segmento tem esbarrado na escassez de oferta de áreas para exploração e produção, o que, na visão das pequenas companhias, limita a implementação de logística própria ou consorciada para tratamento, escoamento e comercialização do petróleo produzido. “Dessa forma, o sucesso financeiro do negócio fica comprometido. Esvai-se também a oportunidade de desenvolvimento regional por meio da atuação de petroleiras de pequeno e médio porte”, diz a nota. TN Petróleo 72

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independentes – parte 3

A hora do pré-sal e dos pequenos produtores de petróleo e gás Com a maior parte do marco regulatório do pré-sal já aprovado pelo Congresso, o Brasil está prestes a entrar de vez em uma nova era de sua história econômica.

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Haroldo Lima é diretor geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP.

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ão tenho dúvidas de que o nosso país será muito beneficiado com a exploração dessas novas reservas, acelerando seu crescimento, investindo em setores estratégicos como educação, ciência e tecnologia, desenvolvimento sustentável e combate à pobreza. Nos próximos anos, tenho certeza, veremos o Brasil se transformar em grande produtor de petróleo e gás e grande exportador de produtos derivados dessa produção, fortalecendo ainda mais sua indústria. Sem dúvida, estamos na hora do pré-sal, mas também no momento decisivo para a consolidação do segmento de pequenos e médios produtores de petróleo e gás. Como a TN Petróleo mostrou em suas últimas edições, um punhado de empresas vem lutando nos últimos anos para manter e ampliar sua produção de petróleo e gás. Seja na Bahia, em Sergipe, Alagoas ou no Rio Grande do Norte, essas companhias representam a oportunidade de emprego e melhorias para algumas das regiões mais pobres do país e, ao mesmo tempo, são muito importantes para a indústria nacional, em especial a focada em fornecer equipamentos para o setor de petróleo e gás, que encontram nessas pequenas e médias empresas uma chance de diversificar sua atuação. As vendas da indústria para essas empresas, segundo levantamento da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip) já somam R$ 2 bilhões desde 2003. Desde essa época venho alertando para a importância de termos no Brasil um segmento de pequenas e médias empresas no setor de petróleo e gás. Em 2005 e 2006, a ANP realizou as duas rodadas de Áreas com Acumulações Marginais. Novas rodadinhas não foram realizadas porque a ANP não dispõe de novas áreas, contudo elas existem. Na Bahia, segundo pesquisa feita pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), elas somam entre 1,6 mil e 1,8 mil poços subutilizados ou praticamente parados. Não podemos desperdiçar o petróleo e o gás que ainda se encontram nesses campos onde a exploração já não é economicamente atrativa para as grandes empresas. Estados Unidos e Canadá têm, respectivamente, 7 mil e 1.500 empresas de pequeno porte, que são responsáveis pela criação de mais de 300 mil postos de trabalho e uma produção de 2 milhões de barris de petróleo por dia.


No Brasil ainda estamos longe disso. Em janeiro de 2010, 23 pequenas e médias empresas produziram juntas cerca de 1,7 mil barris por dia. É menos de 1% da produção nacional, hoje. No entanto, está comprovado que cada emprego criado em uma dessas empresas de petróleo e gás corresponde a criação de dez novos postos de trabalho de prestadores de serviço na área. Repito, os campos marginais estão localizados, em sua maioria, em áreas pobres do Nordeste brasileiro. Atualmente, todo o esforço feito para criar o segmento de pequenas e médias empresas está ameaçado. As empresas enfrentam dificuldades imensas, como por exemplo, a Engepet, em Sergipe, que é obrigada a mandar o seu petróleo para a Univen, em São Paulo, a mais de 3.000 km de distância, já que a unidade da Petrobras que fica a pouco mais de 200 km não o compra, argumentando falta de capacidade, embora opere com ociosidade. Em vez de gastar cerca de R$ 4 mil por ano com frete, a Engepet gasta R$ 40 mil. A falta de novas áreas impede que essas empresas ampliem sua produção e façam novos investimentos. A continuar assim, no médio prazo, a falta

de horizonte vai sufocar a maioria delas, fazendo aumentar o número de poços e campos marginais ociosos. Outra empresa tem planos para perfurar novos poços em seu campo, mas tem adiado o investimento diante da falta de definição sobre o futuro para o segmento. Não podemos desperdiçar essa oportunidade. Caso as pequenas e médias empresas não consigam se firmar, quem vai perder serão os moradores de Mata do São João, na Bahia, ou da cidade de Brejo, em Sergipe. Nessas cidades já foram abertos restaurantes, pousadas e outros prestadores de serviço que ali se instalaram para atender a necessidade da empresa que explora o campo marginal. Muitas outras cidades ainda não tiveram essa chance porque os poços lá existentes continuam fechados. Como disse no início deste artigo, estamos na hora do pré-sal, que vai modificar a realidade brasileira. Mas também estamos no momento decisivo para os menores produtores de petróleo e gás, que já estão melhorando a vida de muitos brasileiros no interior do Nordeste. O Brasil precisa dos dois: do macro em petróleo – o pré-sal; e do micro – os pequenos e médios produtores de óleo.


energia e indústria naval

Wärtsilä: com força

TOTAL A empresa comemora duas décadas de Brasil anunciando dois grandes contratos, nas áreas offshore e de energia térmica, e por Cassiano Viana com um brasileiro no comando.

O

ano de 2010 está sendo especial para a Wärtsilä. não só pelas comemorações dos 20 anos da empresa no Brasil, mas também pelos contratos de peso que já fechou até agora. Um deles, para

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a construção da maior usina termelétrica (UTe) de sua trajetória, na região de Suape (Pe), onde está um dos maiores complexos industriais e portuários do país. o outro, para fornecimento dos módulos principais de potência para a P-63, unidade de produção que irá operar no campo de

Papaterra, no sul da Bacia de campos. além disso, a finlandesa renovou contratos de fornecimento de peças e manutenção de motores na UTe Santana da eletronorte, na cidade de Santana (aP) e anunciou, no dia 10 de maio, seu primeiro presidente brasileiro,


mos a ser um player conhecido no mercado”, frisa. “Em decorrência dessa termelétrica, abrimos, em 1998, uma nova frente na região Norte, uma filial em Manaus que hoje é tão grande e importante quanto a sede, no Rio de Janeiro. Já é uma referência na região.” A Lei do Petróleo promoveu o aquecimento das atividades da empresa no Brasil. “O mercado da Wärtsilä foi durante muito tempo mais focado na indústria naval, mas está ocorrendo um shift (uma mudança de foco) para a área de petróleo e gás muito forte, visando atender as demandas offshore.”

Fotos: Cortesia Wärtsilä

Energia para Suape

Robson Campos. O executivo, de 39 anos, que está na Wärtsilä desde 1990, primeiro ano de operações da multinacional no Brasil, substitui Tomas Hakala, transferido para os Estados Unidos para assumir a vicepresidência de Serviços para as Américas. Logo, é com propriedade que Robson Campos aponta como marcos dos primeiros anos da companhia o fornecimento de motor para o porta-aviões Minas Gerais e a construção da Usina de Cogeração do Parque Gráfico do jornal O Globo, obra pioneira de engenharia e de geração, com uma planta extremamente sofisticada e que não existia similar no Brasil naquela época. “Ninguém pensava em gerar a

própria energia. Esse foi um dos primeiros projetos de cogeração no Brasil e um dos únicos que funcionam com a mesma eficiência desde o início”, afirma o executivo. “A empresa apostou no Brasil e bancou o risco durante sete anos, antes de obter os primeiros resultados positivos no país. As vendas maiores começaram apenas em 1997”, lembra. Segundo Campos, existe uma Wärtsilä antes e depois de 1998, quando a companhia assinou o contrato para a construção da termelétrica Rio Negro, em Manaus, a primeira de uma série de grandes e modernas unidades de geração térmica na época. “Foi o nosso primeiro contrato de turn key e de operação e manutenção integrada. A partir dele, passa-

Há muitas razões para comemorar essas duas décadas de Brasil. Com o início das operações das UTEs Viana (ES), Geramar I e Geramar II, localizadas em Miranda do Norte (MA), em janeiro, a empresa finlandesa ultrapassou a marca de 1,0 GW de potência instalada no âmbito de operações no Brasil. As UTEs Geramar I e II produzirão, juntas, um total de 330 megawatts de potência elétrica para a rede nacional, enquanto a UTE Viana ficará responsável por suprir 174 megawatts, energia suficiente para o abastecimento de 400 mil residências. Além da construção, a operação e manutenção das três UTEs também ficarão a cargo da Wärtsilä, que até o final de 2010 concluirá mais três unidades, uma em Campina Grande (PB) uma em Maracanaú (CE) e outra em Linhares (ES). O anúncio do contrato para a construção da termelétrica, para a Energética Suape II, com valor estimado em 200 milhões de euros (US$ 250 milhões), foi feito em maio. Localizada no municíTN Petróleo 72

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energia e indústria naval

O Brasil passa por uma fase de crescimento real. Temos uma área considerável, um PIB robusto e uma massa de habitantes muito grande. Quem se posiciona na interseção desses três componentes são Brasil, Estados Unidos e China. Por isso mesmo, o país é hoje um dos focos da Wärtsilä. Robson Campos, presidente da Wärtsilä Brasil

pio pernambucano de Cabo de Santo Agostinho, a nova planta será alimentada com combustível derivado do petróleo e terá capacidade de 380 megawatts. “Este será o maior empreendimento do mundo na história da Wärtsilä.” Com previsão de início das operações para janeiro de 2012, a unidade fará parte do becape das grandes usinas hidrelétricas no sistema interligado nacional, compensando as oscilações da geração hidrelétrica. O contrato para construção em regime turn key está avaliado em 200 milhões de euros. “Esse não foi um projeto fácil de conquistar, mas a credibilidade que construímos dentro do Brasil nesses últimos anos torna a Wärtsilä uma referência na área de energia”, comenta Jorge Alcaide, gerente da área de Energia da empresa. Em 20 anos, a companhia vendeu a 44

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similares brasileiras um total de 22 plantas elétricas, com uma capacidade conjunta superior a 2 mil megawatts.

Naval e offshore Já o segundo grande contrato desse ano, com o consórcio Quip – formado pelas empresas Queiroz Galvão e Ultratec-Iesa – inclui o fornecimento de três módulos principais de potência para a P-63, primeira unidade FPSO a utilizar motores a gás para produzir mais de 100 megawatts de potência (suficiente para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes). A Wärtsilä será responsável também pelo comissionamento, startup e supervisão operacional do equipamento.

“Sempre fornecemos motores e geradores. Esse é um contrato muito mais abrangente: não estamos mais fornecendo equipamentos e sim módulos”, destaca Helionidas Pires, diretor da área de Ship Power da Wärtsilä. Os módulos de potência estarão prontos para a instalação em julho de 2011 e a produção de petróleo está prevista para começar em 2013. A unidade irá operar no novo campo de Papaterra, localizado a cerca de 110 km da costa do Rio de Janeiro, no sul da Bacia de Campos. A companhia conquistou ainda o contrato para fornecimento de 12 motores principais e 16 auxiliares para 12 navios da Vale, em construção na China, no estaleiro Rongsheng. Cada graneleiro, considerado o de maior porte entre os existentes atualmente, terá capacidade de carga para 400 mil toneladas. O primeiro dos 12 navios tem entrega prevista para o início de 2011, sendo o restante previsto para ser entregue até o final de 2012.

Futuro promissor “O Brasil passa por uma fase de crescimento real. Temos uma área considerável, um PIB robusto e uma massa de habitantes muito grande. Quem se posiciona na interseção desses três componentes são Brasil, Estados Unidos e China”, avalia Robson Campos. “Um país de dimensões continentais como o nosso precisa de infraestrutura. Esse é hoje o nosso negócio, se levarmos em consideração que para tudo é preciso energia.” Por


wärtsilä: com força total

isso mesmo, o Brasil é hoje um dos focos da Wärtsilä. “A Finlândia vê hoje o Brasil como um dos mercados mais importantes do mundo”, destaca. E como se posiciona a subsidiária brasileira dentro dos negócios do grupo? “A Wärtsilä no Brasil posiciona-se como a segunda maior em número de pessoas e a primeira em volume de negócios. Respondemos hoje por 10% do faturamento global do grupo. Levando em consideração que estamos em 70 países, se imaginarmos que um país corresponde a 10% desse número, esse é um patamar bem significativo.” O executivo brasileiro destaca que até bem pouco tempo as operações da multinacional no Brasil eram avaliadas junto com as operações em outros países da América Latina. “Hoje o foco no país é tão grande que somos analisados em separado.” “O potencial de investimentos e de oportunidades não tem fim”,

Trajetória de muita energia

diz o presidente da subsidiária. “Não conseguimos hoje, vislumbrar um sinal de que o mercado vai deixar de crescer nos próximos dez anos, por exemplo. Acreditamos no Brasil. Queremos comemorar os cem anos. Vamos continuar investindo”, reitera, frisando que dois investimentos demonstram o comprometimento e a aposta no país. “Vamos dobrar de tamanho no Rio de Janeiro no ano que vem e abrir um novo hub no Nordeste, na região de Suape”, informa. “E, mais importante, somos uma das 25 melhores empresas para se trabalhar no Brasil”, comemora.

Linha do Tempo – A Wärtsilä no Brasil 1987 – Assinatura de contrato com a Ishibras Shipyard para a fabricação dos motores Wärtsilä Vasa 22 no Brasil. O acordo com a Ishibras foi cancelado em 1990. 1990 – Fundação da Wärtsilä Diesel do Brasil. 1991 – A empresa consegue seu primeiro pedido na área naval, o fornecimento de conjuntos geradores para a Marinha. 1996 – Venda de sua primeira usina no Brasil, a Hermasa. 1997 – Assinatura de seu primeiro contrato de Operação & Manutenção para o jornal O Globo. 1997 – A empresa se torna Wärtsilä NSD, depois da aquisição da New Sulzer Diesel, e o nome da empresa no país passa a ser Wärtsilä NSD do Brasil. 1998 – Abertura da filial em Manaus, AM.

1998 – Venda de maior usina baseada em HFO, até aquele momento, da história da Corporação: a Rio Negro. 2000 – O nome da empresa passa a ser Wärtsilä Brasil Ltda. 2000 – Inauguração da primeira oficina no Brasil no Rio de Janeiro. 2001 – Realocação das operações de Service e Ship Power em São Cristóvão (RJ). 2003 – Concentração das operações de Power Plants, Service e Ship Power no mesmo prédio em São Cristóvão. 2003 – Inauguração da segunda oficina no Brasil, desta vez em Manaus. 2005 – Venda de três usinas em Manaus: Gera, Manauara e Rio Amazonas. 2005 – Assinatura de contrato com a Nuclep para início da produção do motor 2-stroke no Brasil, 15 anos

Um dos principais fabricantes mundiais de equipamentos para a produção de energia elétrica e de maquinaria de propulsão naval, fundada em 1834 no município de Tohmajärvi, leste da Finlândia, e com sua sede na capital Helsinque, a Wärtsilä chegou ao Brasil em 1990. A companhia, que nos últimos cinco anos passou de 150 para 500 funcionários, opera, além da matriz e do centro de serviços no Rio de Janeiro, um outro centro de serviços em Manaus. A empresa projetou e construiu 22 usinas no país, as quais, juntas, geram mais de 1500 MW para 14 cidades brasileiras. Na área naval, a companhia tem base instalada aqui com capacidade superior a 800 MW em mais de 200 navios e embarcações. No ramo de Serviços, a empresa está presente na operação e manutenção de 15 usinas, além de atuar diretamente nos navios que operam com motores Wärtsilä.

após a última grande produção brasileira de motor a diesel. 2006 – Inauguradas as três usinas vendidas em 2005 para Manaus. 2007 – A área de Power Plants se muda para um novo escritório no Centro do Rio de Janeiro devido ao aumento de pessoal, o que impossibilitou a acomodação de todos em São Cristóvão. 2008 – Assinatura de contrato para a construção de usinas no Maranhão, Ceará, Paraíba e Espírito Santo. 2008 – Inauguração da Wärtsilä Land & Sea Academy, em Manaus. 2009 – Wärtsilä assina contrato para aconstrução da UTE Linhares (ES) primeira Usina Termoelétrica a Gás Natural do país 2010 – Assinatura dos contratos para a construção de Suape e do FPSO P-63 e comemoração dos 20 anos da empresa no Brasil.

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Foto: Agência Petrobras

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primeiro navio fluminense do Promef Lançado ao mar

O navio de produtos, para transporte de derivados claros de petróleo, que recebeu o nome do economista Celso Furtado, é o segundo do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) a ser por Maria Fernanda Romero lançado ao mar.

U

m duplo evento marcou o lançamento ao mar do navio-tanque Celso Furtado, no final de junho, construído no Estaleiro Mauá, em Niterói, no Rio de Janeiro, para a Transpetro, braço logístico da Petrobras. No mesmo dia em que a primeira embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) construída no Rio foi batizada, houve também o batimento de quilha do segundo dos quatro navios de produtos, para transporte de derivados de petróleo, encomendados ao Estaleiro Mauá pelo Promef, simbolizando o início da montagem. O navio tanque foi batizado de Celso Furtado em homenagem ao economista paraibano que participou da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e lançou os fundamentos do mais recente ciclo de desenvolvimento do país. A Transpetro resolveu homenagear sua força de trabalho

escolhendo como madrinha Giovana da Silva Almeida de Morais, funcionária do quadro de marítimos, que hoje é imediata do NT Pedreiras, também da companhia transportadora da Petrobras. “É uma honra ter sido escolhida madrinha para representar os marítimos. Meu sonho é ser, no futuro, comandante de um dos novos navios do Promef ”, declarou Giovana. A solenidade no Mauá segue o cronograma de lançamentos previsto para este ano, que se iniciou no dia 7 de maio, no Estaleiro Atlântico Sul (PE), com o lançamento do Suezmax NT João Cândido. “Este lançamento tem um significado histórico muito grande, já que foi aqui

características técnicas Navio destinado ao transporte de produtos claros derivados de petróleo (diesel, gasolina, querosene de aviação, nafta, óleo lubrificante) Comprimento: 190 m Boca moldada: 32,2 m Calado de projeto máximo: 12,5 m Capacidade: 48.000 tbd, equivalente a 54.000 m³

mesmo, na Ponta D’Areia, onde começou a ser consolidada a tradição brasileira de construir navios. Estamos retomando esta tradição”, frisou o presidente da Transpetro, Sergio Machado. Durante coletiva aos jornalistas, no dia anterior ao lançamento, o presidente do Estaleiro Mauá, Domingos D’Arco, informou que apesar do navio Celso Furtado já estar bem equipado, a embarcação só será entregue no dia 15 de dezembro. Os estaleiros do estado do Rio, maior e mais tradicional polo naval do país, já contam com 16 navios encomendados pelo Promef, que somarão R$ 2,2 bilhões em investimentos. O programa vai criar pelo menos 50 mil empregos no estado, sendo 10 mil diretos e 40 mil indiretos. Ele é o primeiro encomendado a um estaleiro fluminense pelo Sistema Petrobras a ser lançado em 13 anos: o último TN Petróleo 72

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Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Agência Petrobras

eventos

havia sido o NT Livramento, finalizado em 1997 pelo Estaleiro Eisa, e que levou dez anos para ser concluído, em meio a uma grave crise do setor. A indústria naval brasileira, que havia sido a segunda maior fabricante mundial nos anos 1970, praticamente desapareceu dos radares a partir dos anos 1980. A presidente em exercício da Petrobras, Graça Foster, destacou a decisão governamental de investir na indústria nacional. “Não posso deixar de lembrar o quanto a decisão de ampliar o conteúdo nacional foi fundamental para que a indústria de bens e serviços, especialmente na cadeia de petróleo e gás, resgatasse sua posição. O Rio de Janeiro precisava retomar sua tradição.”

Nova era Com a encomenda de 49 navios do Promef, um dos principais projetos do PAC (Programa 48

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de Aceleração do Crescimento), os estaleiros foram modernizados e surgiram novas unidades, como o Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Hoje, cinco anos após o lançamento da fase I do Promef, o Brasil já possui a quarta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros. Em todo o país, a construção dos 49 novos navios da Transpetro previstos na primeira fase vai gerar cerca de 200 mil empregos, entre diretos e indiretos. Já foram licitadas 46 embarcações, das quais 38 foram contratadas, e as três últimas estão em fase final de licitação. Com o Promef, a expectativa é de que a frota da Transpetro, hoje de 52 navios, chegue a mais de cem embarcações em 2014. Dos 49 navios contratados, pelo menos 16 serão construídos no Rio de Janeiro. A indústria naval fluminense tem fortalecido sua posição no cenário nacional,

impulsionada pelo Promef, com demanda e oferta equilibradas, mão de obra qualificada e competitividade. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparo Naval e Offshore (Sinaval), o Rio de Janeiro concentra mais de 50% da capacidade produtiva do país, em condições de processar 288 mil toneladas de aço por ano. Mais de 40% do total de empregos diretos gerados no setor estão no estado, que conta hoje com quase 25 mil trabalhadores. Antes da criação do Promef, a indústria brasileira de construção naval empregava cerca de dois mil trabalhadores em todo o Brasil. Hoje, esse número já supera 46 mil. “O parque naval que estamos inaugurando neste país tem que estar preparado para competir com o mundo inteiro. Não tenho dúvidas de que a decisão do presidente Lula nos conduzirá por este caminho”, declarou Pedro Brito, ministro da Secretaria Especial de Portos, destacando o restabelecimento da indústria naval brasileira em bases mais competitivas.


O mais antigo estaleiro do Brasil O Estaleiro Mauá, que construirá quatro navios de produtos do Promef, está localizado em Ponta D’Areia, em Niterói, região onde nasceu a indústria naval brasileira no século XIX pelas mãos do Barão de Mauá. Considerado o empreendimento pioneiro na industrialização do Brasil, o atual Estaleiro Mauá foi o primeiro a ser aberto na América Latina. Pertencente a Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, o estaleiro era chamado de Ponta D’Areia, graças à sua localização em Niterói, localização esta mantida no município até os dias de hoje. O estaleiro chegou a construir mais de 70 navios a vapor e a vela para navegação de cabotagem no país. Em 1890, no entanto, suas atividades foram praticamente encerradas, e a frota que operava no Brasil era estrangeira em quase sua totalidade. Embora a atividade principal fosse o estaleiro de construção naval, o estabelecimento produziu grande quantidade e variedade de máquinas e equipamentos, tais como caldeiras, máquinas a vapor, engenhos, bombas, tubos, máquinas e peças fundidas em geral, postes de iluminação, estruturas de pontes e de galpões etc., e também veículos ferroviários. Ponta D’Areia era o maior estaleiro da América do Sul, com uma força de trabalho que chegou a mil operários em 1857. Em 2000, o grupo Jurong, Cingapura, assumiu o arrendamento do estaleiro Mauá, sob a razão social Mauá-Jurong S/A. As linhas de produção foram retomadas com a construção de módulos para plataformas e mantendo a atividade de reparo naval. No ano passado, foram construídas no estaleiro a jaqueta e os módulos da plataforma de Mexilhão, que já está instalada na Bacia de Santos, prestes a entrar em operação. Durante coletiva do lançamento do Celso Furtado, o atual presidente do estaleiro, Domingos D’Arco indicou que já fo-

ram investidos cerca de R$ 23 milhões na modernização do Mauá. Segundo ele, nenhuma modernização foi necessária para executar a construção dos quatro navios do Promef, destacando que os investimentos foram feitos na aquisição de novos equipamentos e em uma linha de panelização (junção das placas de aço a estruturas internas e reforços na construção de embarcações), abrindo espaço para o estaleiro receber encomendas do exterior. D’Arco adiantou que os novos equipamentos já estarão disponíveis para as obras do terceiro e quarto navios do Promef. O executivo informou, ainda, que a segunda embarcação do Promef já está com 70 dos 204 blocos prontos, e o lançamento deve ocorrer em abril do ano que vem. Estabelecimento de Fundição e Estaleiro de Ponta D’Areia, em 1846

facilidades do Estaleiro mauá, hoje Área total: 180.377 m² Área coberta: 69.140 m² Carreira longitudinal: 1 de 223 m x 41 m, atendida por 2 guindastes de 100 ton Dique seco: 167 m x 22,50 m Cábrea: capacidade de içamento de 2.050 ton e altura de lança de 100 m Cais: 2 (Cais I, 350 m; Cais II, de 306 m), atendidos por 4 guindastes de 15, 20 e 30 ton Porte máximo: 70.000 TPB Capacidade de processamento de aço/ano: 36.000 ton


eventos

PRIMEIRO PORTA-CONTÊINERES

construído no Brasil

Encomendado pela empresa de logística Log-In, o primeiro navio porta-contêineres construído no Brasil foi feito pelo Estaleiro Eisa, com verbas do Fundo da Marinha Mercante (FMM), e entrará em operação no primeiro trimestre de 2011.

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características técnicas Comprimento total: 218,45 m Comprimento entre perpendiculares: 207,50 m Boca: 29,80 m Calado de verão: 11,60 m Altura total acima da quilha: 51,50 m Peso: 10.000 ton Capacidade de transporte: 2.800 contêineres de 20 pés (cerca de 38 mil toneladas) Substitui 2.800 caminhões O navio emite até 80% menos gases do efeito estufa na atmosfera Porte bruto No calado de verão: 37.800 TPB Arqueação bruta: 28.400 TAB Classificação ABS Classe: A1, Contêiner Carrier, E, MAS, ACCU, APS, SHCM, NIBS.

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Foto: Cortesia EISA

Classificadora: ABS (American Bureau of Shipping)

acarandá é o nome do primeiro portacontêineres brasileiro, lançado ao mar no dia 27 de maio, no Rio de Janeiro. Trata-se do primeiro do lote de cinco navios porta-contêineres e dois graneleiros que estão sendo construídos pela Eisa para a Log-

In, integralmente financiados com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e tendo como agente financeiro o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ocasião, foi realizado também o batimento de quilha do primeiro graneleiro da LogIn, que investiu cerca de R$ 1 bilhão na construção de navios. De acordo com a empresa, o último navio-contêiner brasileiro havia sido construído em 1995. “Após concluída a entrega da encomenda pelo estaleiro, a capacidade final da Log-In saltará dos atuais 10.000 TEUs (contêineres de 20 pés ou equivalente) para 13.500 TEUs”, informa o diretor-presidente da empresa, Mauro Dias. A cerimônia de lançamento contou com as presenças do vice-presidente da República, José Alencar, do governador carioca Sérgio Cabral, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, representantes dos governos estaduais e municipais, além de empresários e executivos do setor. A madrinha da embarcação, uma tradição no setor naval, é D. Mariza Campos Gomes da Silva, esposa de José Alencar. No lançamento, Alencar disse que a inauguração do Jacarandá marca mais um passo no renascimento da indústria naval brasileira. Segundo o vice-presidente da República, a reativação da in-

dústria naval é importante não só pela geração de empregos, mas também para estimular o transporte de cargas por via aquática dentro do território nacional. “A navegação de cabotagem no Brasil é de uma importância muito grande para a economia como um todo. O transporte marítimo é muito mais econômico e o Brasil possui, de graça, essa estrada maravilhosa, que são quase 8 mil km de costa atlântica. O Brasil deveria ter, há mais tempo, desenvolvido a indústria naval”, constatou o político. De acordo com o ministro dos transportes, Paulo Sérgio Passos, a indústria naval empregava 30 mil pessoas antes da crise do setor, entre a década de 1990 e o início desta. “No auge da crise, a indústria passou a empregar apenas duas mil pessoas. Hoje empregamos mais de 45 mil”, apontou Passos.

Log-In registra alta de 35% na movimentação de cargas Durante o lançamento do Jacarandá, o diretor-presidente da Log-In, Mauro Dias, registrou que a empresa teve crescimento de 35% na movimentação de cargas por navegação de cabotagem no primeiro trimestre deste ano, comparando o igual período de 2009. De acordo com Dias, tendo em vista a estimativa de crescimento da economia brasileira em 2010, o mercado está aquecido e tem boas perspectivas de crescimento. “O mercado de cabotagem no Brasil ainda tem muito a crescer, já que funciona como um eficiente substituto do transporte rodoviário de longa distância”, complementa. Carteira de embarcações da Log-In 4 navios de operação regular de cabotagem; 2 navios de operação eventual afretados (mas com acréscimo na capacidade); 3 navios construídos, mas atualmente operados pelo grupo TBS.

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eventos Pré-Sal Brasil 2010

Rio debate o pré-sal Os desafios do pré-sal, as novas tecnologias e os investimentos que serão feitos para a exploração do petróleo desta região foram o foco do primeiro congresso Pré-Sal Brasil 2010, realizado no Rio de Janeiro, reunindo empresas e organizações do setor de óleo e gás.

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egundo Heller Redo Barroso, do escritório Heller Redo Barroso Advogados, que presidiu a mesa do primeiro congresso Pré-Sal Brasil 2010, muitas companhias estão investindo no Brasil e a tendência é que esse número cresça ainda mais. “Com a descoberta do petróleo na camada pré-sal, empresas de todo o mundo estão se instalando no país, inclusive companhias de países que nunca investiram no Brasil”, afirmou o advogado. Para se ter uma ideia do volume de investimentos, a Petrobras já 52

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por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

tem em sua programação para atender à indústria a compra de 500 árvores de natal molhadas (ANM), 30 manifolds, além de 23 outros projetos que estão em desenvolvimento pela empresa. Além da Petrobras, a National Oilwell Varco (NOV) anunciou que vai construir uma fábrica no Nordeste. Durante a mesa de abertura do evento, o secretário de estado de Desenvolvimento do Espírito Santo (Sedes), Márcio Félix, falou da gui-

nada que o estado deu nos últimos anos, passando a ser o segundo maior exportador de petróleo do país, com expectativa de chegar a 300 mil barris por dia ainda este ano. Ele lembrou ainda que a primeira produção do pré-sal foi feita em 2008, no campo de Jubarte, no litoral sul do Espírito Santo. Além disso, o estado produz 15 milhões de m³ de gás por dia, fornecendo o produto por meio do Gasoduto da Integração Nordeste-Sudeste (Gasene) para


estas regiões do país. Dentre os investimentos que estão sendo feitos no setor estão o terminal de apoio às atividades offshore da Petrobras em Anchieta, no valor de R$ 800 milhões, e a base de apoio multicliente para o setor metalmecânico marítimo em Vila Velha, onde serão desembolsados R$ 300 milhões. Além disso, Félix salientou a questão dos royalties do pré-sal no Espírito Santo, dizendo que o desenvolvimento capixaba não é lastreado pelas participações go-

vernamentais. Ele apresentou aos participantes do evento o Fundo para Redução das Desigualdades Regionais e o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fundágua). “Essas formas pioneiras de aplicação dos recursos distribuem a riqueza e disseminam o desenvolvimento, fazendo com que todos os municípios capixabas se sintam produtores”, explicou. O secretário explicou que o Fundo para Redução das Desigualdades Regionais transfere aos mu-

nicípios 30% do produto da arrecadação proveniente da compensação financeira dos royalties do petróleo e gás natural. Já o Fundágua inclui um programa de pagamento por serviços ambientais, com recursos provenientes dos royalties do petróleo e compensações do setor hidrelétrico. O episódio do desastre ambiental no Golfo do México, quando foram despejados no mar milhões de litros de petróleo após a explosão de uma plataforma da British

Para tratar da questão do financiamento na camada pré-sal, representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal (CEF) estiveram presentes no evento e indicaram que serão os principais canais federais de financiamento da cadeia produtiva do pré-sal. Os bancos devem mapear as necessidades dos fornecedores da Petrobras e propor soluções financeiras. Ao apresentar o apoio do BNDES ao segmento de petróleo e gás, Wagner Bittencourt, diretor de Infraestrutura do banco, apontou R$ 340 bilhões em investimentos só no setor, e lembrou a criação de um núcleo específico para óleo e gás, unificando as operações do banco para o segmento. Bittencourt destacou que a capacidade de produção do setor precisa realmente aumentar, mas não se pode esquecer da competitividade e do conteúdo nacional, que, segundo ele, são questões importantíssimas para a indústria brasileira. Mas, o que surpreendeu, de fato, foi a entrada da Caixa, financiadora de pessoas físicas, na estratégia financeira para o pré-sal. Apesar do crédito habitacional ser um dos focos da CEF, pouco se fala de sua atuação em cadeias de valores como financiamento a empresas da constru-

Ilustração: Agência Petrobras

BNDES e CEF serão os principais canais federais de financiamento do pré-sal

ção civil e do setor de saneamento. “A partir de um pedido do ministro Guido Mantega, começamos a estruturar uma ideia que já havia circulado internamente, que era a de criar uma superintendência para Petróleo e Gás”, revelou Julio Cesar Costa, gerente de negócios da CEF. Segundo o executivo, a recémcriada divisão da Caixa ganhou o nome de Superintendência Petrobras/BNDES e terá como função adotar parcerias estratégicas que viabilizem a cadeia produtiva. “Criamos um grupo de trabalho em conjunto com Petrobras e BNDES para mapear as necessidades dos fornecedores da estatal e propor soluções financeiras”, afirmou Costa.

Dentre elas, a busca por financiamento no mercado de capitais (nacional e internacional), o estreitamento de parcerias com entidades como Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) ou Sinaval (Sindicato da Construção Naval), um convênio com o Fundo de Marinha Mercante (FMM) e até mesmo a utilização de Fundos de Investimentos de terceiros. Em parceria com o banco Modal, a CEF administrará um Fundo de Investimento e Participação (FIP) – uma espécie de private equity – para alavancar companhias do setor. A ideia é investir uma média de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões por empresa, adquirindo de 20% a 35% de participação nas empresas que estejam dentro do perfil para o private equity. Outra medida da Caixa é um novo modelo de aprovação de crédito baseado no cadastro que a Petrobras faz de potenciais fornecedores. “Para que uma empresa preste serviço à Petrobras, ela precisa cumprir uma série de exigências. Nos utilizaremos deste cadastro e aplicaremos um rating, com o objetivo de dar maior flexibilidade e agilidade na aprovação de crédito”, explicou Costa. O setor deve investir R$ 340 bilhões somente no triênio 20102013. O BNDES deve financiar ou estruturar 60% disto.

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eventos

Petroleum (BP), foi muito lembrado por todos os participantes. a segurança nas plataformas que irão explorar os campos do pré-sal é fundamental, principalmente devido à distância de 300 km da costa onde estão localizadas as reservas, o que dificulta ações preventivas em caso de acidente. o deputado Brizola neto ressaltou a importância de o Brasil ter mecanismos de segurança para evitar desastres como esse. já Armando Guedes, presidente do conselho empresarial de energia da federação das indústrias do rio de janeiro (firjan), lembrou que o investimento em treinamento é essencial. “É muito importante que haja programas de treinamento constantes, pois nessa área de óleo e gás não pode ter erros”, afirmou. Presente no Brasil há quase um ano, a aveva, um dos principais fornecedores mundiais de engenharia de projeto e soluções de ge-

renciamento de informações para plantas de energia, indústria naval e marítima, também participou do evento e afirmou que pretende abrir outros escritórios no país até o final deste ano. Segundo o consultor de negócios da empresa, dennis coli, a aveva veio ao país não só pela descoberta do pré-sal, mas também por interesses estratégicos em mineração e plantas de refino. o executivo revelou que a empresa, que possui escritório no rio de janeiro há quase um ano, pretende abrir outros até o final de 2010. “Queremos abrir outros escritórios em São Paulo e um no nordeste. não definimos ainda em que lugar do nordeste, mas provavelmente em recife, natal ou Salvador ”, apontou.

Também atenta a toda movimentação de óleo e gás no Brasil, a Ge oil & Gas, fornecedora de equipamentos e serviços de alta tecnologia para a indústria do setor, que planeja expandir sua rede de pesquisa global, revelou que irá investir cerca de US$ 200 milhões em um centro de tecnologia e pesquisa, focado inicialmente em óleo e gás, no Brasil. a unidade será a primeira da empresa na américa Latina, que já conta com quatro centros ao redor do mundo (Global research center, Grc, em inglês) nos estados Unidos, alemanha, índia e china. de acordo com fernando Martins, vice-presidente da Ge oil & Gas para a américa Latina, o novo centro, que contará com aproximadamente 300 engenheiros, ainda não tem local definido, mas indicou Minas Gerais, campinas (SP) e rio de janeiro como algumas possibilidades para a instalação.

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Call for papers starts April 2010. Visit www.world-petroleum.org for more information.

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eventos ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico

GIGANTE DO AçO

Com investimentos de US$ 8,2 bilhões e geração de mais de 30 mil empregos, a ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico é inaugurada no Rio de Janeiro.

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aior investimento privado nos últimos 15 anos no Brasil, a siderúrgica da ThyssenKrupp em parceria com a Vale, que detém 26,87% do empreendimento, irá incrementar em 40% as exportações brasileiras de aço. ao todo, 5 milhões de toneladas de placas de aço serão vendidos e enviados para outros países anualmente. o projeto do complexo siderúrgico, que ocupa uma área de 9 km², equivalente ao dobro da área ocupada pelos bairros de ipanema e Leblon, 56

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Foto: Cortesia ThyssenKrupp

por Rodrigo Miguez

engloba ainda dois alto-fornos, aciaria, um porto, uma coqueria e uma térmica. o ceo da ThyssenKrupp, ekkehard Schulz, ressaltou a importância da fábrica para o crescimento da economia do rio de janeiro e da região de Santa

cruz, que já começa a se desenvolver, com a abertura de pequenas e médias empresas. além disso, estão sendo contratados 3.500 trabalhadores para essa fase inicial de operações, com preferência para os moradores da região próxima à indústria.


“A economia local continuará sendo prioridade nas aquisições de produtos e serviços durante esta etapa, estimadas em R$ 250 milhões anuais”, disse Schultz. A capacitação profissional de moradores de Santa Cruz e municípios vizinhos está sendo realizada pela empresa em parceria com o Senai, que capacita cerca de 1.800 alunos. Além disso, a ThyssenKrupp CSA está construindo o Centro de Formação Profissional de Itaguaí, que poderá atender 2.864 alunos e oferecerá cursos voltados para processos industriais e, de forma complementar, as áreas de administração, comércio e serviços. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, afirmou que desde o início do projeto, em setembro de 2004, vem fazendo um grande esforço tributário, através de incentivos e isenções fiscais, para que a siderúrgica fosse viabilizada. Ele ressaltou ainda que o estado vive um momento único de investimentos no setor, com o Porto do Açu, na região de Itaboraí, que vem inclusive atraindo a atenção de investidores chineses e italianos para também construírem indústrias no local.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, lembrou que o relacionamento da empresa, com a companhia alemã vem desde 1952. A empresa será a responsável pelo fornecimento do minério de ferro utilizado pela ThyssenKrupp CSA, por meio de um contrato de 15 anos. “O nosso papel é fomentar o crescimento da produção siderúrgica no Brasil, gerando riqueza e desenvolvimento sustentável. A TKCSA é a concretização disso”, afirmou Agnelli. O empreendimento conta ainda com tecnologia que

garante níveis mínimos de impacto ao meio ambiente, com a redução de emissões que totalizam 1,7 milhão de toneladas anuais de CO 2. Além disso, a siderúrgica será autossustentável energeticamente, já que foi construída uma usina termelétrica com capacidade instalada de 490 MW e acionada a partir dos gases produzidos durante o processo de produção. O excedente dessa produção de energia, cerca de 200 MW, será vendido para o Sistema Interligado Nacional a partir de 2011.

ThyssenKrupp CSA em números Fase de construção Investimento: 5,2 bilhões de euros Empregos: 30 mil diretos e 140 mil indiretos Equipamentos e serviços: R$ 10 bi Aquisições e contratações: mais de R$ 5 bilhões no estado do Rio de Janeiro Conteúdo local: 60% a 70% Fase de operação Empregos: 3.500 diretos e 14 mil indiretos Equipamentos e serviços: R$ 250 milhões em compras anuais Exportação: 40% de aumento nas exportações brasileiras de aço

Instalações Área: 9 milhões de m², com acesso direto à baía de Sepetiba Capacidade instalada: 5 milhões de toneladas de placas de aço/ano Coqueria: 1,9 milhão de toneladas/ano de coque Terminal portuário: próprio para escoamento de 5 milhões de toneladas anuais de placas de aço e recebimento de 4 milhões de toneladas anuais de carvão Geração de energia: usina termelétrica própria com capacidade instalada de 490 MW, movida com gases e vapor produzidos durante a fabricação do aço

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eventos Gas Summit 2010

O futuro do gás na América Latina

A importância e o crescimento da indústria e do consumo de gás natural na América Latina, onde há importantes reservas de gás, incluindo as descobertas na camada do pré-sal no Brasil, foram os temas centrais do Gas Summit Latin America 2010, realizado no Rio de Janeiro.

aior produtor de gás no país, o Rio de Janeiro tem a previsão de investimentos de cerca de US$ 70 bilhões nos próximos dois anos. A estimativa é do secretário de Desenvolvimento Econômico e Energia do Estado do Rio de Janeiro, Julio Bueno, o qual afirmou que a infraestrutura do estado está sendo melhorada e ampliada para atender a crescente demanda dos setores de óleo e gás natural. Júlio Bueno abriu a sétima edição do Gas Summit Latin America, realizado pela primeira vez no Rio de Janeiro, entre os dias 24 e 26 de maio. O evento reuniu especialistas de toda a América Latina para debater questões importantes sobre o mercado, configurando-se ainda como um ambiente muito favorável à troca de informações e novos negócios em toda a cadeia produtiva do gás natural. O secretário reconheceu que a participação do gás nas cidades do estado ainda é pequena: dos 92 municípios, apenas 32 têm rede pública de distribuição de gás natural, mostrando que a expansão da infraestrutura é essencial para que o produto chegue 58

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Foto: Divulgação

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por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

a outras regiões. “O gás natural é muito importante para a economia do Rio de Janeiro”, afirmou Julio Bueno, lembrando o grande número de veículos que utilizam o Gás Natural Veicular (GNV) no Rio: 600 mil carros, principalmente táxis. “Tivemos uma escassez, quando inclusive o Rio foi bastante atingido, mas agora retomamos à abundância do setor ”, observou ele, ao fazer uma breve retrospectiva do setor de gás no país nos últimos anos. Segundo Bueno, as questões mais

importantes e pertinentes no momento quanto ao mercado de gás são: a gestão do mercado frente ao cenário de abundância, que já está surgindo também diante das descobertas do pré-sal; a infraestrutura que será demandada devido a essa abundância e que facilitará os processos de gás; e principalmente a questão dos preços do mercado, que são muito influenciados pelo fato de o Brasil ter um agente econômico dominante – a Petrobras. Mesmo não sendo um grande produtor, São Paulo tem papel significativo no cenário de gás do Brasil. O estado tem o segundo maior mercado da América do Sul, sendo o principal


consumidor do insumo no país, especialmente o setor industrial, que necessita usar o gás boliviano. O consumo da indústria paulista aumentou a partir desse ano, com a melhora na economia dos Estados Unidos, que estimulou o crescimento da produção de equipamentos. Um fator interessante em São Paulo refere-se ao setor químico, que substituiu quase que em sua totalidade o consumo de óleo combustível, muito poluidor, pelo gás natural.

A importância do mercado secundário O mercado secundário de gás no Brasil, que reúne os leilões de

curto prazo, é ferramenta importante para a comercialização de gás natural no país, na opinião do gerente executivo de marketing e comercialização da área de Gás e Energia da Petrobras, Antonio Eduardo Monteiro de Castro. Ele frisou que a iniciativa dos leilões não é uma opção da estatal, mas uma necessidade do mercado. Segundo ele, a criação do mercado secundário de gás natural no país foi possível devido aos inves-

timentos realizados pela Petrobras para aumentar a produção nacional de gás natural, diversificar as fontes de suprimento a partir dos terminais de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) em Pecém, no Ceará, e na Baía de Guanabara, no Rio, e ampliar a infraestrutura de transporte. “Os investimentos nesse mercado secundário aumentam a oferta de gás natural e a flexibilidade no atendimento aos segmentos termelétrico e não termelétrico. Os leilões recuperam a competitividade do gás”, indica Antonio. O gerente diz ainda que o mercado secundário é uma consequência

GNV em veículos pesados como substituto do diesel O terceiro e último dia do Gas Summit Latin America 2010 contou com um grande debate sobre o uso do gás natural veicular (GNV) em veículos pesados como substituto do diesel. De acordo com os participantes, a substituição reduz as emissões de gases poluentes e é uma alternativa viável, tecnológica e econômica. Por conta do crescente aumento da frota de veículos utilizando o óleo diesel como combustível, e as implicações de natureza ambiental e de dependência da importação desse combustível, têm surgido diversas iniciativas para sua substituição. Segundo Rosalino Fernandes, presidente da Associação Latinoamericana de GNV (ALGNV), neste cenário a principal alternativa ao diesel tem sido o gás natural. “O gás natural é utilizado de forma comercial há mais de 20 anos, embora no Brasil as tentativas de sua utilização tenham enfrentado barreiras, de natureza operacional e financeira”, aponta o executivo. Entretanto, ele explica que a partir de experiências realizadas no exterior, o uso do gás natural em veículos

pesados já vem sendo empregado há mais de 20 anos, especialmente por conta dos benefícios resultantes do seu uso, como a redução em 40% das emissões poluentes causadas pelo diesel, causando especial impacto na saúde da população exposta aos seus efeitos. “O ruído causado também a partir dos motores a diesel pode ser reduzido em até 50%, como tem sido comprovado em experiências no exterior e testes de laboratórios feitos no Brasil”, complementa. De acordo com Fernandes, esses benefícios têm importante amplitude social e econômica, especialmente do ponto de vista da saúde pública, para motivar uma profunda reflexão, seguida de discussões sobre o tema. O executivo apontou ainda como principais benefícios dessa substituição: o aumento da segurança energética nacional e a redução de ruídos e riscos ambientais. “Consideramos o gás natural como grande alternativa para a redução das

emissões. No caso brasileiro, o aumento da oferta de gás vai trazer grandes oportunidades para esse mercado, mas será necessário criar políticas de estímulo eficientes do governo para se expandir e aproveitar isso”, diz Alessandro Depetris, responsável pela homologação de veículos da Iveco. Fernandes indica ainda que, na América Latina como um todo, o panorama do GNV é positivo: na capital peruana, Lima, a construção de um sistema exclusivo de circulação de ônibus para transporte urbano, totalmente a gás, conhecido como BRT (Bus Rapid Transit) está em fase final. Na Colômbia, o sistema de ônibus a gás já funciona há cerca de três anos em Bogotá. “Há esforços também na Argentina e no Chile. Então, podemos dizer que está indo bem o desenvolvimento do GNV na América Latina”, afirma. Entre os temas que foram abordados estiveram as experiências na América Latina sobre o uso em GNV de veículos pesados, apresentação do kit de conversão diesel-gás em desenvolvimento pela indústria e a sua performance, e a visão da fabricante de motores sobre a nova tecnologia, análise de normatização do GNV em veículos pesados no Brasil. TN Petróleo 72

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Foto: Divulgação

eventos

racional da estrutura do mercado de gás brasileiro, e não uma opção da Petrobras. O primeiro leilão eletrônico de gás natural do ano, da Petrobras, teve venda de 6,87 milhões de m³/ dia. A oferta total foi de 22 milhões de m³/dia por um prazo de seis meses. O início de entrega aconteceu no dia 1º de abril, quando 16 distribuidoras de gás natural participaram e arremataram volumes. Antonio comentou que este ano o uso das usinas termelétricas de gás natural foram grandes devido ao alto consumo de energia no início do ano, por causa das altas temperaturas no país. Ele lembrou que no primeiro trimestre de 2009 houve maior retração no mercado de gás.

Bolívia: perspectivas positivas O diretor nacional de Gás Natural da Yacimentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Sosa, afirmou que a companhia tem investimentos previstos de US$ 8,5 bilhões até 2015, sendo 61% da empresa estatal boliviana e 39% de capital privado. A perspectiva de ampliação do mercado boliviano para os países vizinhos é positivo. Segundo ele, a expectativa é aumentar o volume cedido à Argentina de 5 para 27 milhões de m³ por dia, de forma 60

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progressiva. Há ainda um compromisso com a Petrobras de exportação de 31,5 milhões de m³. Pelo fato de o gás ser uma fonte de energia finita, a produção do produto nos campos do présal será importante para o país. “A produção de gás do pré-sal irá repor a atual que encontrará o seu declínio natural”, afirmou Antonio Eduardo Monteiro de Castro, gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras. Segundo o executivo da empresa, o consumo de térmicas não é elevado no país, tanto que no ano passado houve excedente na oferta de gás natural. De acordo com ele, o uso das térmicas varia muito de um ano para o outro, dependendo do cenário nacional. Antonio de Castro afirmou que este ano foi atípico, com temperaturas muito elevadas e que resultaram na necessidade do uso das usinas térmicas por causa do alto consumo de energia. De olho no GNL (Gás Natural Liquefeito) brasileiro, a Gas Transboliviano (GTB), responsável pelo lado boliviano do gasoduto BolíviaBrasil (Gasbol), estuda entrar no mercado brasileiro de processamento de gás natural, como parte de uma estratégia de diversificação na atuação, contou, durante o evento, o presidente da transportadora, Christian Inchauste. A ideia é atuar em conjunto com a Petrobras na exportação de GNL

para o mercado europeu. A liquefação do gás natural seria feita no Sudeste brasileiro, podendo ser tanto numa planta de liquefação em terra como em um navio com capacidade para processar o gás, informa o gerente de comercialização da GTB, Alfonso Canedo. A empresa informou que planeja também entrar com força nos mercados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, cujas economias cresceram entre 20% e 30% na última década. O foco seria fornecer gás para a UTE Cuiabá (580 MW) e os mercados petroquímico e veicular. A empresa boliviana olha com interesse para UTEs de São Paulo. A ideia é entrar como sócia nos projetos, incluindo futuros gasodutos na região Centro-Oeste. No setor petroquímico, a empresa está em fase de conversas preliminares com a Braskem para entrar como sócia da empresa brasileira no projeto de US$ 2 bilhões na fronteira entre Porto Suarez e Cuiabá. Com capacidade para produzir 30 milhões de m³/dia de polietilenos, o projeto demandaria 700 mil t/ano de gás natural, que seriam fornecidas via Gasbol. O executivo espera que o contrato de venda de gás entre o Brasil e a Bolívia seja revisto em 2019, quando termina o atual. A GTB confia que o volume acertado seja de 24 milhões de m³/dia, contra os 30 milhões de m³/dia atuais. A ideia é que a Bolívia destine 6 milhões de m³/dia ao mercado interno e o restante ao mercado internacional. “A oferta de gás natural no Brasil deverá crescer muito nos próximos anos com o início das atividades no pré-sal. Vamos ter que ser mais agressivos”, conta o executivo.

Equador e Colômbia: gás como complementação O segundo dia do Gas Summit foi dedicado a workshops, nos


quais os representantes das companhias de gás latinoamericanas falaram sobre o papel deste insumo na economia do continente, em tempos de fontes renováveis de energia. Na opinião de Pablo Cisneros, gerente-geral da Petroenap, empresa mista que reúne a Petroecuador e a chilena Enap (Empresa Nacional del Petróleo), a função do gás natural é de complementar a matriz de energia, sendo mais uma opção energética. Ele afirmou ainda que o GLP foi um grande erro no Equador. Para Pablo Cisneros, o Gás Natural Liquefeito (GNL) é uma opção melhor do que o Gás Natural Concentrado (GNC), pois a logística de transporte é mais simples e o armazenamento ocupa menos espaço. Para suprir a demanda de gás no Equador, a Petrocomercial está

construindo uma planta de liquefação de 200 toneladas por dia em Manchala, na Costa do Pacífico, onde as operações irão começar em novembro deste ano. “É necessário gerar políticas que promovam o uso do gás, através de incentivos tributários para equipamentos e máquinas. Isso é importante para a produção de energia renovável, aumentando, assim, a eficiência energética”, disse Cisneros. Sobre o cenário colombiano, o gerente de novos negócios da Promigas, Jairo Castro, informou que o consumo de gás natural no país é muito bom, apesar das poucas reservas existentes. “Embora nossas reservas sejam limitadas temos uma boa penetração no país, onde temos cinco milhões de usuários”, afirmou. Jairo Castro disse que o país está investindo no incremento da exploração. Em 2008, este volume

chegou a mais de US$ 400 milhões. Do total de 6 mil km de gasodutos na Colômbia, a empresa possui 2.200 km. De acordo com os dados apresentados no workshop, mais de 45% dos habitantes têm acesso ao gás natural. Além disso, assim como no Rio de Janeiro, houve um boom na conversão de veículos da gasolina para o gás. As conversões começaram com os ônibus, mas, hoje, os táxis também rodam com GNV. Mas para que o setor energético evolua da forma como os governos desejam, é necessário investir, e muito. Segundo Maurício Garron, executivo principal de Energia da Corporación Andina de Fomento (CAF), até 2030 será preciso realizar gastos de US$ 1,4 trilhões, ou aproximadamente US$ 70 bilhões anuais. Dentro destes números consideráveis, o setor gasífero precisará de US$ 26 bilhões.


eventos

Foto: Divulgação

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

IAEE’S 2010

Rio realiza conferência mundial do

setor de energia A urgência por definições de um novo perfil de produção e consumo de energia em todo o planeta motivou o debate entre renomados especialistas nacionais e internacionais durante a 33ª edição do IAEE International Conference. O evento reuniu mais de 500 especialistas de 49 países nos segmentos de economia e política da energia. Foram 12 mesas temáticas, 68 sessões paralelas, durante as quais foram apresentadas 325 pesquisas de ponta.

O

s desafios do setor de energia foram debatidos durante a iaee’S rio 2010 international conference, que foi realizada em junho, no rio de janeiro. organizada anualmente pela international association for energy economics (iaee), a conferência, na sua 33ª edição, reuniu os mais influentes representantes

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TN Petróleo 72

por Maria Fernanda Romero

governamentais, corporativos e acadêmicos envolvidos com o tema. o objetivo do evento foi o avanço na aplicação da economia na esfera da energia e no conhecimento das propostas internacionais. Berlim, Wellington, istambul e São francisco foram as últimas sedes da conferência, que recebeu delegações de todo o mundo. no rio de janeiro, cidade que venceu cingapura na disputa para sediar

o evento, estiveram reunidos tomadores de decisões em meio a uma ampla discussão em torno do tema central “futuro da energia: desafios globais, soluções diversas”. o encontro foi considerado uma oportunidade única de encontrar no Brasil representantes de governo e da indústria, técnicos e acadêmicos com o poder de influenciar as decisões mundiais nos segmentos de petróleo, gás,


eletricidade e fontes alternativas de energia. A sustentabilidade socioambiental também foi um assunto predominante nas discussões sobre o futuro do setor. Segundo Edmar Almeida, professor do Instituto de Economia da UFRJ, um dos organizadores do IAEE´s Rio 2010 International Conference, o tema do seminário reflete a nova agenda de pesquisa e reflexão da comunidade de economia da energia. “Neste seminário, especialistas nas mais diversas questões de energia se dedicaram a refletir sobre a necessária transição do setor energético para um novo cenário de baixo nível de emissões de carbono”, revela. Foram 12 mesas temáticas e 68 sessões paralelas, com a apresentação de 325 pesquisas de ponta em economia da energia. As palestras foram realizadas por representantes do governo brasileiro, dos EUA e de outros países, dirigentes da Opep, da International Energy Agency (IEA) e da International Energy Associates, especialistas das universidades de Oxford, Stanford, American, Rice, Vienna, Bergen, Sherbrooke, Montpellier, Grenoble, Berlim, USP e Unicamp, e dirigentes de companhias de energia e petróleo, a exemplo da Petrobras e da norueguesa Statoil. O evento contou com 30 conferencistas internacionais e 250 outros especialistas de 49 países, que vieram ao Brasil para mostrar os seus trabalhos. “O evento aconteceu em um momento em que o setor de energia está em evidência com acontecimentos que estão repercutindo em todo o planeta. Durante as discussões, foi possível perceber a diversidade de análises, o que ajudou a enriquecer o debate internacional”,

afirmou Helder Queiroz, pesquisador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do programa da Conferência. No Brasil, a organização da conferência contou com a parceria do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP) e da Associação Brasileira de Estudos em Energia (AB3E), além do apoio do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Núcleo Interdisciplinar

de Planejamento Energético da Unicamp (Nipe), do Ministério de Minas e Energia e da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). Durante o evento, o diretor geral da Energy Information Administration (EIA), a agência americana de planejamento energético, apresentou projeções, com uma das principais promessas de crescimento da produção de petróleo até 2035, e indicou que o Brasil figura como destaque em produção de petróleo em relatório dos Estados Unidos. O país apareceu pela primeira vez no relatório de longo prazo da US.

Golfo do México em discussão A discussão sobre o acidente da petrolífera britânica British Petroleum (BP), de gigantes proporções no Golfo do México, não passou no IAEE’s Rio 2010 International Conference. O presidente do United States Association for Energy Economics (USAEE), Joseph Dukert, opinou que o acidente provavelmente não poderia ser evitado. “Este evento abre a possibilidade de um novo futuro para a exploração em águas profundas no mundo todo.” Para Dukert, tecnologia e regulação irão merecer atenção especial dos governos daqui para a frente. Na opinião do presidente do International Energy Associates (IEA), Herm Franssen, caso não haja um aumento na taxa de investimentos em inovações tecnológicas, a produção mundial de petróleo terá uma severa redução em 2020. “O desenvolvimento de novas tecnologias é o ponto chave no setor energético, tanto para encontrar maneiras de reduzir a demanda quanto para aumentar a produção”, afirmou o executivo.

Durante a palestra “Especulações no Mercado de Petróleo, a vice-presidente do Federal Reserve Bank (Banco Central dos EUA) em Dallas, Mine Yücel, apontou que o vazamento poderá afetar o preço da commodity no futuro. A especialista em mercado futuro de petróleo afirma que o efeito do acidente nos preços dependerá da resolução do governo americano sobre o tempo de suspensão de novas perfurações na região do Golfo do México. “O acidente, com certeza, tornará o custo de produção mais caro e a regulação mais rigorosa.” Mine destacou também os efeitos da crise europeia no mercado de petróleo e derivados. A avaliação da economista do FED é de que, enquanto durar a crise, o consumo será afetado. Esse pode ser um dos fatores que estão contribuindo para manter a cotação do barril do tipo WTI na casa dos US$ 70. Em compensação, o crescimento da economia de países como China e Índia estaria influenciando o preço para cima, avalia Mine. TN Petróleo 72

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eventos

O Brasil figura ao lado do Cazaquistão e da Rússia liderando o crescimento da produção no grupo de países que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com uma produção de cerca de 6 milhões de barris por dia (bpd) em 2035, um incremento de 4 milhões de bpd sobre a produção atual. Esse volume aproxima-se do adicional proveniente da Arábia Saudita (5 milhões de bpd), cuja produção passará de cerca de 10 milhões de bpd para em torno de 15 milhões de bpd. Além do aumento da produção de petróleo, Newell destacou também o etanol e o biodiesel como responsáveis por elevar o país a um patamar de destaque no cenário energético mundial. Com relação à regulação mundial do setor de energia, o presidente do IAEE, Einar Hope, criticou a influência política na área de regulação, observada nos governos mundiais atualmente. “Este é o principal erro que um país pode cometer no estabelecimento de normas para o setor energético”, afirmou o economista norueguês, que participou do painel Desafios da Regulação de Energia no Futuro, no IAEE’s Rio 2010 International Conference, no Rio de Janeiro. Segundo ele, a regulação tem se concentrado erroneamente nos ministérios e não nas agências mundo afora, o que pode pôr em risco a independência do setor, necessária para balizar a relação entre consumidor, governo e empreendedor. “O foco precisa estar nas necessidades da sociedade para evitar monopólios e a exposição das normas às revisões governamentais”, salientou. Durante debate sobre inovação e economia da indústria nuclear, o presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, revelou que as regiões 64

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Sul e Centro-Oeste poderão receber centrais nucleares. Segundo ele, a Eletronuclear está avaliando a possibilidade de construir centrais nucleares nas regiões. O estudo foi encomendado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), que pretende estender o projeto de construção de quatro a oito usinas por todas as regiões do país, com exceção do Norte, informou o executivo. A Eletronuclear ainda está analisando onde serão construídas duas usinas na região Nordeste e deve apresentar as opções entre quatro estados (Alagoas, Bahia, Sergipe e Pernambuco) para o ministério em até três meses. O MME, por sua vez, encaminhará as propostas para o Congresso, ao qual caberá aprovar o local. “Em minha opinião, a escolha deve seguir critérios sociais. Uma central como essa é um fator de desenvolvimento”, disse Pinheiro. A definição sobre o número de centrais nucleares que serão instaladas depende do crescimento do país, segundo o presidente da Eletronuclear. Ele acredita que se a economia crescer acima de 4,5% ao ano, até 2030, será necessária a construção das oito usinas. O projeto prevê que cada central poderá comportar até seis usinas no futuro. No que se refere à energia elétrica, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, defendeu a exploração da bacia hidrográfica da Amazônia como forma de garantir o acesso à energia. Apesar de concentrar 59% do potencial de geração hidrelétrica no Brasil, a Amazônia só teria 0,5% de seu bioma afetado caso sejam construídas as usinas que estão em projeto na região, segundo Tolmasquim. A preocupação com o desmatamento da Amazônia foi uma das

questões levantadas por especialistas estrangeiros que participaram do primeiro painel do evento, no qual foi debatido o tema “O futuro da energia: novas políticas energéticas e tecnologias.” “O argumento da destruição da Floresta Amazônica não é verdadeiro, pois as políticas governamentais estão acompanhando a conscientização sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente”, disse Tolmasquim. Prova disso, de acordo com ele, é a redução da área desmatada para a construção dos reservatórios de usinas e a obrigatoriedade de reflorestamento de áreas afetadas. Tolmasquim citou a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, e de usinas no rio Tapajós, ainda em análise, como alternativas de geração elétrica de baixo impacto socioambiental. O executivo lembrou que o reservatório de Belo Monte foi reduzido de 1,1 mil km², previsto no projeto original, para 550 km². A energia proveniente de fonte hídrica é a espinha dorsal da matriz brasileira, que corresponde a 78% da capacidade instalada total de 103.6 gigawatts. Em entrevista a jornalistas, Tolmasquim informou sobre a possibilidade de o governo realizar leilões para a construção de redes de gasodutos. A EPE irá mapear neste ano a demanda por gás para avaliar a necessidade de ampliação da atual rede de transporte. O estudo deve ser concluído no ano que vem. O presidente da EPE destacou ainda a necessidade de redução da carga tributária no setor energético para melhorar a competitividade da indústria nacional, embora tenha ressaltado que qualquer transformação depende da aprovação da reforma tributária no Congresso.


Arte: Divulgação

Guia para revendedor de combustíveis por Maria Fernanda Romero

A Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps), que representa mais de 500 empresas ativas do setor em todo o país, lançou um guia de referência para que empreendedores possam montar um posto-modelo de combustíveis. A publicação traz todas as regras para que os empreendedores possam fazer instalação de qualidade e de acordo com as leis vigentes. Com 50 páginas, a publicação Informações gerais e Boas Práticas Abieps, traz relações de normas técnicas da ABNT e das portarias do Inmetro, que os fabricantes, prestadores de serviços e donos de estabelecimentos precisam conhecer para promover instalação segura e de acordo com a legislação em vigor. “Queremos orientar empreendedores e prestadores de serviços a fazer escolhas seguras e conscientes na

hora de montar um estabelecimento, fornecendo informações sobre o funcionamento e uso dos equipamentos, e as regras pertinentes para cada um dos processos de instalação nos estabelecimentos”, explica Volnei Pereira, presidente da Abieps. Os fatores que devem ser observados na hora de montar um posto de multisserviços e como se dá a instalação de equipamentos básicos de abastecimento de combustíveis de acordo com legislação, são os principais tópicos abordados no livro. Respondendo às principais questões relacionadas à montagem e funcionamento de um estabelecimento, e

orientando fabricantes e instaladores do setor a adequarem seus produtos e serviços, a obra celebra os nove anos de atuação da Abieps e sua consolidação no mercado de combustíveis, que hoje conta com 125 associados em todo o território nacional, além de participar ativamente na discussão e elaboração de normas técnicas que regulam o setor e capacitação de profissionais para o mercado com regras cada vez mais exigentes. O guia será distribuído gratuitamente aos associados da Abieps e aos profissionais do setor que solicitarem o material à instituição. Segundo Volnei Pereira, presidente da instituição, o livro é um guia técnico de boas práticas para o setor de combustíveis, que serve de referência para o varejo e a indústria. Durante a cerimônia de lançamento do livro, no Rio de Janeiro, que reuniu representantes de sindicatos do setor de varejo e da distribuição de combustíveis, de órgãos públicos e profissionais do segmento, Volnei apontou que a Abieps pretende lançar outras edições do guia nos próximos anos. TN Petróleo 72

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perfil profissional

Maurício Fragoso

Fascínio

pelo mar por Cassiano Viana

Carioca, 36 anos, Maurício da Rocha Fragoso sempre teve profundo fascínio pelo mar. O que explica sua profissão: é oceanógrafo formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com mestrado em Oceanografia Física pelo Instituto Oceanográfico de Universidade de São Paulo (Iousp).

E ele conseguiu ver um elo importante entre o mar e as ciências exatas, que o levou a fazer um doutorado em Modelagem Computacional em Engenharia Ambiental pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Um passo importante para criar seu próprio negócio: ele é um dos fundadores da Prooceano, empresa brasileira que atua na área de planejamento, monitoramento, soluções para emergências em operações offshore e licenciamento ambiental –, onde trabalha principalmente com modelagem numérica hidrodinâmica e previsão oceanográfica. Trocando em miúdos: modelagem numérica hidrodinâmica é a simulação das correntes, ondas, marés dos oceanos, rios ou lagos, utilizando programas de computador especialmente desenvolvidos para isso. Já a previsão oceanográfica é o análogo à previsão de tempo, mas para o oceano, ou seja, é prever como irão se comportar as correntes, ondas e marés no oceano, assim como se faz para a atmosfera. “A oceanografia é uma ciência bastante ampla, nela são estudados aspectos diversos sobre o oceano, desde os organismos que habitam o mar, até os mecanismos físicos que o influenciam, como ondas, marés e correntes”, explica. “Desta forma, para um jovem que se interessa por ciência e pretende manter abertas as possibilidades de atuação, a oceanografia é bastante atraente”, avalia. “Além disso, sempre tive uma relação 66

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de proximidade e fascínio com o mar, portanto, como oceanógrafo, pude aliar o aspecto profissional ao pessoal.”

previsão numérica das correntes das praias cariocas. Para a Petrobras, estudou as correntes na Baía de Guanabara.

Vocação para P&D – Nos últimos 13 anos, Maurício Fragoso trabalhou em projetos de pesquisa e desenvolvimento em cooperação com instituições como Coppe/UFRJ, Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) da Marinha do Brasil, e no Laboratório de Modelagem de Processos Marinhos e Atmosféricos (Lamma). Em 1996, depois da graduação e pouco antes de ingressar no mestrado, Fragoso trabalhou em uma empresa que presta serviço a Petrobras como terceirizado, no setor de oceanografia do Cenpes. Após a conclusão do mestrado, atuou em dois laboratórios de pesquisa da UFRJ, o Lamma, e o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe. “Nesse período, tive a oportunidade de me envolver em diversos projetos, entre eles o Centro de Monitoramento de Derramamento de Óleo no Mar (Cemom) no qual fui o responsável pelo setor de modelagem oceânica e previsão do transporte de óleo no oceano.” Financiado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o projeto tinha como objetivo a detecção e a previsão de manchas de óleo no mar, com foco na Bacia de Campos. Nos projetos dos quais participou no IEAPM da Marinha do Brasil, estudou as correntes no entorno das instalações portuárias da Marinha. E para a Prefeitura do Rio realizou a

Na onda – Na UFRJ, o oceanógrafo trabalhou em diversos laboratórios, sendo procurado por muitas empresas para consultoria na área de modelagem numérica, principalmente de transporte de óleo. A partir de então, ele e alguns pesquisadores perceberam que havia uma carência de serviços nessa área e que uma empresa nesse setor poderia suprir tal demanda.

“Em 2004, defendi minha tese de doutorado e outros pesquisadores estavam terminando seus compromissos acadêmicos”, conta. “Achamos então que era a oportunidade de tentar nos lançar no meio empresarial e abrimos a Prooceano.” No início, o foco da empresa era somente modelagem numérica para atender as demandas de licenciamento ambiental. “Nesses seis anos conseguimos aumentar o escopo de serviços, a carteira de clientes e consequentemente o faturamento da empresa de forma exponencial”, destaca. Dentre as áreas de serviço em que a companhia passou a atuar, ele destaca a modelagem numérica para emergência, medição de correntes com boias de

deriva, tanto para situações de emergência, como vazamentos de óleo e ações de busca e resgate no mar, o monitoramento das correntes durante atividades oceânicas e a análise de condições extremas para subsídio às operações offshore. Projetos de ponta – Hoje, a Prooceano está envolvida em diversos projetos, mas dois deles em especial podem ser mencionados. O primeiro é o Projeto Baía de Guanabara, desenvolvido em conjunto com a BG Brasil, o Projeto Grael e o Lamce/UFRJ. Nele, a cada semana cinco derivadores oceânicos monitorados por satélite são lançados na água para estudar as correntes e seus parâmetros físico-químicos. Os dados oceanográficos gerados podem ser acompanhados em tempo real na internet e livremente utilizados por quem se interessar, tanto para fins científicos, quanto práticos. Além disso, um modelo numérico de previsão de correntes será implementado e irá, com o auxílio dos dados coletados pelos derivadores, antecipar as condições da circulação das correntes da Baía de Guanabara. As informações sobre as correntes auxiliarão ainda os trabalhos de coleta de lixo flutuante na baía, já que os resíduos tendem a seguir as suas trajetórias, além do combate às emergências, como um possível vazamento de óleo, e à poluição. Outro projeto interessante, com envolvimento da Prooceano, é o Interception, realizado em conjunto com várias instituições de pesquisa (Inpe, UFPR, UFSM, Furg e USP) com fomento do CNPq. Seu objetivo principal é estudar as interações entre o oceano, a zona costeira TN Petróleo 72

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perfil profissional

e a atmosfera em microescala na região da Ilha Decepção, Arquipélago das Shetland do Sul, Antártica. Sustentabilidade na prática – Segundo o oceanógrafo, uma das principais virtudes em se trabalhar com o meio ambiente é poder elaborar e, muitas vezes, colocar em prática ações que de alguma forma podem ajudar na sua preservação e no seu uso de maneira responsável e sustentável. “Esse desafio de equilibrar crescimento industrial e preservação ambiental é um grande motivador ”, afirma. “É claro que quero, por exemplo, que meu filho possa desfrutar das praias brasileiras, assim como tive oportunidade de fazer até hoje, mas também desejo que o Brasil tenha uma indústria cada vez mais forte para que ele possa

viver em um país com maiores oportunidades”, avalia. “Saber que meu trabalho pode de alguma forma contribuir para que esse equilíbrio seja alcançado, é bastante gratificante.” Mas, aponta ele, é claro que esse é um desafio constante e que algumas vezes acontecem alguns revezes, como o que está ocorrendo agora no Golfo do México. “Catástrofes como esta, em um primeiro momento, trazem desânimo e sen-

sação de derrota, mas após o choque inicial, aumenta ainda mais a certeza de que as ações em relação ao ambiente devem ser cada vez mais responsáveis e criteriosas e o impulso tanto da opinião pública, quanto dos órgãos reguladores acabam resultando em melhorias e evidenciam que as pesquisas em relação ao ambiente são fundamentais para evitar essas catástrofes e mitigar suas consequências.” Longe do mar, o oceanógrafo dedica o tempo livre à família, ao futebol e à música. “Procuro me divertir com os ensinamentos que meu filho Rafael de 4 anos (e já um vascaíno roxo) me proporciona. As peladas de quinta à noite são sagradas. E quando posso, ainda abuso dos ouvidos alheios tocando bateria ou outros instrumentos de percussão.”

Indústria naval brasileira. Um setor em expansão.

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Com um mar de oportunidades em sua proa e após anos de estagnação, o mercado naval brasileiro volta a ser uma realidade. De 2000 para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe! 68

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ESPECIAL RETROSPECTIVA 2009

2009? Brasil: País do Futuro!, por Marilda Rosado ‘Vaga’ de investimentos, por Heller Redo Barroso Prominp, PNQP e formação de mão de obra especializada, por Joaquim Passos Maia Pré-sal e ‘áreas estratégicas’, por Alexandre R. Chequer e Bruno Triani Belchior Geração eólica: contornos jurídico-regulatórios devem ser aprimorados, por Ana Karina Esteves de Souza e Hilton Silva Alonso Junior

Entrevista exclusiva

Paulo Mendonça, diretor geral da OGX

O x do Oil & Gas Nesta edição: Canadá e Brasil

Canadá: cada dia mais próximo

Cobertura

SMS: a indústria já entende essa mensagem Forship: gestão regulatória FMC: produção submersa

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES

O outro Brasil do petróleo Bahia: onde tudo começou Cadeia produtiva baiana Inovação para campos maduros Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes esperanças, por Doneivan F. Ferreira A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia, por Nicolás Honorato Cavadas Campos maduros e o governemnt take, por Thereza Aquino e Mauricio Aquino

Entrevista exclusiva

Armando Comparato Jr, presidente da Prysmian América do Sul

O Brasil é ótimo

Sustentabilidade acontece quando se olha para o futuro, por Otavio Pontes A importância da logística enxuta nas corporações, por Aldo Albieri Demanda e produção de petróleo: a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro As oportunidades do mercado internacional de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira, Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado

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nº 70

nº 69

Ano XII • mar/abr 2010 • Número 71 • www.tnpetroleo.com.br

opinião

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E o tombo não foi tão grande assim

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

O ano em que superamos a crise

Indústria naval: os próximos passos

de Alceu Mariano, presidente da Sobena – Sociedade Brasileira de Engenharia Naval

ESPECIAL TECNOLOGIA SÍSMICA: BRASIL, UM TERRITÓRIO INEXPLORADO

Tempo de descobertas Eventos refletem expansão do setor Independentes se articulam

Ano XII • jan/fev 2010 • Número 70 • www.tnpetroleo.com.br

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

CNaval: de olho no futuro Unicamp: polo inovador de tecnologia para exploração do pré-sal

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES – O OUTRO BRASIL DO PETRÓLEO

ESPECIAL RETROSPECTIVA 2009: O ANO EM QUE SUPERAMOS A CRISE

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

Os bons ventos da energia

TN PETRÓLEO

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Ano XI • nov/dez 2009 • Número 69 • www.tnpetroleo.com.br

O Brasil acerta ao investir em infraestrutura de Eurimilson João Daniel, vice-presidente da Sobratema.

O futuro do aço brasileiro

de Gabriel Aidar Abouchar, diretor de Mineração e Siderurgia da Abemi

O outro Brasil do petróleo – Parte 2 Festa para o Almirante Negro Golfo do México: horizonte sombrio Licença ambiental para o Estaleiro do Paraguaçu

ESPECIAL: TECNOLOGIA SÍSMICA

Brasil:

um território inexplorado Entrevista exclusiva

Novos desafios à regulação: a sobrevivência dos independentes, por Marilda Rosado

Tomaso Garzia Neto, presidente da Projemar

O marco brasileiro, por Marcio Silva Pereira

Engenharia é o nosso negócio

Acidente ambiental, por Maurício Green e Carlos Boeckh O contrato de partilha de produção: considerações sobre o regime tributário, por Gonçalo Falcão A economia brasileira e o apagão de talentos, por Alfredo José Assumpção Sistema óptico aprimora medição de tensões residuais em dutos enterrados, por Armando Albertazzi Gonçalves Jr. e Cesar Kanda Royalties do petróleo e tributação: ou um ou o outro, por Danny Warchavsky Guedes e Caroline Floriani Bruhn Mercado de biocombustíveis carece de regulação, por Liliam Fernanda Yoshikawa e Hilton Silva Alonso Junior C O B E R T U R A

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Ano 2 • nº 10 • julho de 2010 • www.tnsustentavel.com.br

Editorial

Liberdade e comunicação

Poder ter a liberdade de ir e vir sem causar danos ao meio ambiente e às pessoas e ter a capacidade de falar e ser compreendido são dois bens muito importantes conquistados pela humanidade, porém... A partir do momento que o homem ancestral passou de nômade para sedentário talvez ele tenha dado o primeiro passo para tornar o mundo insustentável. Foi o sedentarismo que trouxe para esse homem o sentido de acumulação e de propriedade. A partir do momento que começou a plantar e produzir seus excedentes, criou também a necessidade de fincar o pé num lugar que pudesse chamar de seu. A locomoção precisou ser cada vez mais rápida para dar conta desse ir e vir, encurtando o período de distanciamento da propriedade e ao mesmo tempo demandando a melhoria na comunicação, pois quando falhava o entendimento, nada como algumas boas pedradas para resolver o impasse! Mudou muita coisa hoje? A 10ª edição do Michelin Challenge Bibendum, realizado pela primeira vez na América Latina, trouxe para o centro do foco uma discussão que já se ouvia em pontos isolados ao redor do planeta. Questões como o fornecimento de energia, emissões de gases de efeito estufa, segurança rodoviária e poluição urbana. Vejam onde conseguimos chegar! Ainda bem que na mesma velocidade com que criamos tudo isso, temos mentes brilhantes de pensadores e pesquisadores que nos ajudarão a minimizar esses impactos e recriar um modelo com o uso de tecnologia e inovação, no qual evoluir sem destruir será normal! E toda essa evolução só é capaz de acontecer porque as formas de comunicar e disseminar as boas novas crescem a cada dia mais e mais. Foi o que pudemos constatar no evento Diálogo Necessário, que reuniu cerca de 1,8 mil pessoas de diversas nacionalidades, das mais variadas áreas do conhecimento, para discutir a cultura da paz, o respeito social, ambiental e econômico. O caderno, que traz também a cobertura da Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010 e outras matérias de interesse, nos mantém juntos, interligados e hiperconectados para que não percamos mais nada do que vem acontecendo nesse setor. Um abraço a todos e até a próxima conexão! Lia Medeiros Diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

Sumário

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Michelin Challenge Bibendum

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Mobilidade sustentável

Diálogo necessário

Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010

Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade

Ethos

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M osustentável bilidade

Foto : Divulgação

suplemento especial

Os desafios da mobilidade rodoviária para se tornar mais segura, mais eficiente e acessível à população foram o foco das discussões da 10ª edição do Michelin Challenge Bibendum, realizado pela primeira vez na América Latina. O evento internacional, que ocorreu no Riocentro (RJ), tratou das questões de fornecimento de energia, emissões de gases de efeito estufa, segurança rodoviária e poluição urbana.

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por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

erca de cinco mil participantes, entre montadoras, fornecedores de energia, universidades, instituições governamentais e ONGs, e 450 jornalistas de 40 países estiveram presentes na 10ª edição do Michelin Challenge Bibendum, evento realizado no Rio de Janeiro, pela primeira vez no conti72

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nente sul-americano. O Michelin foi criado em 1998 para comemorar o centenário do Bibendum – mascote e símbolo da marca. O objetivo do Michelin Challenge Bibendum é conquistar mais apoio para que sejam colocadam em prática soluções de uma mobilidade rodoviária sustentável. Essa primeira edição latina, realizada entre 30 de maio e 2 de junho, foi

a oportunidade para a indústria automotiva e diversos outros setores vinculados ao transporte no Brasil mostrarem seus esforços em prol de uma mobilidade sustentável, inserida em novas realidades econômicas e de mercado pós-crise. De acordo com a Michelin, o objetivo é promover o encontro e a discussão dos desafios enfrentados no mundo dos transportes. “A


Foto Peugeot BB1: Divulgação

filosofia do Challenge Bibendum é identificar os problemas atuais e apontar as possíveis soluções, a fim de colocá-las em prática”, explica Patrick Oliva, vice-presidente corporativo de Desenvolvimento Sustentável do Grupo Michelin, reafirmando que a empresa se compromete a reduzir em 50% a resistência à rodagem dos pneus. De acordo com o executivo, em 2030, quando a frota mundial deve dobrar, segundo expectativa do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), os pneus Michelin terão seu impacto no meio ambiente reduzido à metade. Para atingir tais metas, o grupo investe 4% do seu faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento, sempre focados na mobilidade sustentável. A necessidade de renovar o transporte rodoviário após a crise que afetou o mundo, a preparação

para um avanço significativo no segmento da mobilidade rodoviária e agir de maneira coerente para enfrentar o desafio de limitar as emissões de CO2 até o ano de 2015 foram os destaques dentre os vários assuntos debatidos nessa edição.

Veículos limpos Diferente de todos os Salões de Automóvel do mundo, nos quais o

A ‘mobilidade mais inteligente’ “Como um dos maiores fornecedores mundiais de combustíveis e lubrificantes para os transportes, estamos fazendo o possível para ajudar nossos clientes a usarem menos combustível e a emitirem menos gás carbônico. Chamamos a nossa resposta estratégica para o desafio do transporte sustentável de ‘Mobilidade mais inteligente’”, explicou o vice-presidente executivo de B2B e Lubrificantes da Shell, Tan Chong Meng, reconhecendo que a indústria exerce papel fundamental para a redução das emissões no transporte.

Como parte dessa proposta, a Shell investe em inovações em três áreas chaves: produtos mais inteligentes, uso mais inteligente e infraestrutura mais inteligente. Entre as inovações da Mobilidade mais inteligente, há o Shell FuelSave, uma nova fórmula de combustível lançada recentemente pela Shell, que ajuda os motoristas a economizarem até um litro de combustível por tanque, com base num tanque cheio de 50 litros. A Shell também lançou este ano o programa FuelSave Partner, uma nova solução de gerenciamento de combustível para frotas de transporte comercial que ajuda as empresas a gerenciarem o consumo e permite que economizem

público apenas observa os veículos expostos, no Challenge Bibendum os convidados puderam observar e testar diversas novidades do setor automobilístico, em carros ecologicamete corretos e sem nada a dever em termos de desempenho aos veículos a gasolina. Ao todo foram expostos 30 protótipos de automóveis movidos a diferentes tipos de energia: até 10% de combustível e emitam menos CO2. Durante o evento, Chong Meng anunciou ainda a última inovação na carteira de soluções de ‘Mobilidade mais inteligente’ da empresa, a Shell Ecobox®. A novidade é uma alternativa às embalagens tradicionais de plástico, permitindo levar óleo até os clientes de forma mais eficiente, ao mesmo tempo que reduz o desperdício de plástico em 80%. “Dando ênfase ao fornecimento de combustíveis e lubrificantes mais inteligentes para nossos clientes e promovendo o uso mais eficiente de recursos, podemos alcançar melhorias cada vez mais expressivas que resultarão num impacto em escala significativa a longo prazo”, concluiu o executivo. TN Petróleo 72

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Eletroposto BR Líder isolada no mercado de combustíveis do Brasil, a Petrobras Distribuidora também vem buscando se posicionar como empresa sustentável. Sua imensa rede de postos de serviços – nos quais comercializa, além de derivados de petróleo e gás natural veicular (GNV), etanol e biodiesel – tem sido diversificada em função da sustentabilidade no transporte. Daí sua participação no Challenge Bibendum, durante o qual forneceu 20 mil litros de combustíveis como etanol, gasolina Podium, diesel Podium e diesel B100, além de abastecer caminhões com o biodiesel B30. Além disso, todos os veículos movidos a eletricidade presentes no evento foram abastecidos no Eletroposto da BR montado na parte externa do centro de convenções. O Eletroposto vem atender uma demanda de veículos elétricos que, segundo pesquisas, registra um crescimento estimado em 50% ao ano. Atualmente, as motos elétricas já formam uma frota de 300 unidades no país, das quais 180 no Rio de Janeiro, onde circulam duas

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dezenas de automóveis com a mesma característica ou híbridos. O empreendimento foi projetado exclusivamente para o abastecimento de veículos elétricos a partir da energia solar, que é captada por um conjunto de 28 módulos reunidos em painéis fotovoltaicos que gera 184 volts em corrente contínua,

cuja potência é convertida por um inversor em energia trifásica alternada de 220 volts. A energia resultante deste processo é oferecida nos pontos de recarga de motos e carros em tomadas de 110 ou 220 volts. Em geral, uma recarga completa permite uma autonomia média de 40 km para a moto e 60 km para um carro elétrico, sendo que o consumo gira em torno dos 1,2 kWh. Dentre as novidades divulgadas no evento pelo gerente de Tecnologia e GNV da Petrobras Distribuidora, Paulo da Luz Costa, está o projeto pioneiro de aquecimento da água da lavagem de veículos por meio de energia solar em um posto da BR na Barra da Tijuca. A água aquecida fica armazenada em um reservatório térmico para 2,5 mil litros e sai a uma temperatura de 45o, produzindo um efeito desengordurante, o que reduz pela metade o uso de detergente. Ele mostrou também a bomba com mídia, uma novidade que a BR está lançando em dois postos no Rio de Janeiro e que pretende implantar em mais 180 postos pelo país. Nela, além de abastecer, o cliente pode visualizar as principais notícias do dia, informações úteis ao usuário a respeito do combustível e de como economizar na hora de abastecer. “Este projeto é uma evolução no segmento e um diferencial competitivo da companhia, que tem o pioneirismo como marca principal”, afirmou o gerente da BR Distribuidora. A BR participou do estande da Petrobras, que era totalmente sustentável, com revestimento de papel reciclado e iluminação com lâmpadas de led, que gastam menos energia.


Tecnologia nacional A abertura da 10ª edição do Michelin Challenge Bibendum contou com a presença de diversas autoridades nacionais e estrangeiras, entre os quais o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito e o governador do Rio de Janeiro, Eduardo Paes e Sérgio Cabral, respectivamente, além do CEO da Michelin, Michel Rollier. O presidente chegou ao evento no ônibus a hidrogênio desenvolvido pelo laboratório de hidrogênio da Coppe/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o primeiro deste tipo no país, com tecnologia 100% nacional. Com autonomia de 300 km, o veículo coletivo é perfeito para rodar nas grandes cidades, o que deverá acontecer no segundo semestre deste ano, na Zona Sul do Rio e no campus da UFRJ na Cidade Universitária. Rollier afirmou que a escolha do Brasil para sediar esta edição do evento deveu-se ao histórico de pioneirismo do país em novos combustíveis, mais sustentáveis, como o etanol e o biodiesel. Para ele, a união de construtoras e montadoras por uma mobilidade urbana limpa e segura é fundamental para o desenvolvimento sustentável das cidades.

Eduardo Paes pontuou os investimentos que começam a ser feitos pela prefeitura carioca para a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 na cidade. Dentre as obras de mobilidade por ele destacadas estão os corredores exclusivos para ônibus, o Transcarioca e o Transoeste, além do que servirá ao Bus Rapid Transit (BRT). Paes afirmou ainda que o Rio sempre foi centro de debates relacionados à sustentabilidade e ao meio ambiente, como a ECO-92, e que daqui a três anos sediará a Rio+20.

Carros elétricos dão o primeiro passo A produção de carros elétricos é um sinal do surgimento da consciência mundial quanto à importância da mobilidade sustentável. A afirmação foi feita pelo presidente Lula, que indicou a utilização de motores flex como o grande precursor das mu-

danças do cenário automobilístico brasileiro. Lula apontou que 100% dos carros produzidos no país já têm o motor, e cerca de 60% destes têm preferência quanto ao uso de etanol. Lula informou que o Brasil está trabalhando para a renovação de sua frota de caminhões e que já encontra grandes resultados devido ao Finame, agência de financiamento a máquinas e equipamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Quanto à situação brasileira em mobilidade urbana sustentável, ele afirmou que nunca o país esteve numa situação tão favorável quanto a que vive agora. “Há muitas décadas não se investia numa política de mobilidade urbana, mas a realidade e a necessidade de sediarmos a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 nos motivaram a isso”, apontou.

Abastecendo com hidrogênio A gigante francesa Air Liquide aposta no uso do hidrogênio como combustível sustentável e limpo voltado para a mobilidade rodoviária. No Michelin Challenge Bibendum 2010, a multinacional foi a única fornecedora de hidrogênio, com duas estações de abastecimento do gás que atenderam os quatro veículos movidos por hidrogênio que participaram do rali e dos testes realizados no local. “O evento foi uma boa oportunidade para aumentar a conscientização dos cidadãos sobre o uso de hidrogênio como portador de energia mais limpa e preservador do meio ambiente”, afirmou Marcelo Fioronelli, diretor geral da Air Liquide no Brasil. Há 50 anos pesquisando hidrogênio para o desenvolvimento de tecnologias limpas para a ‘mobilidade urbana’, a empresa possui

Foto: Paulo Cartolano

hidrogênio, eletricidade, energia solar, álcool e híbridos. Os que mais chamaram a atenção foram o Audi R8 vermelho, com ‘jeito’ de Ferrari, e o Peugeot BB1, tido como o futuro dos carros urbanos, compacto, moderno e limpo. Além do test drive, todos os automóveis, com suas diferentes tecnologias voltadas para a mobilidade sustentável, participaram de um rali de regularidade para comprovar suas performances. Pensando na diversidade da mobilidade urbana, também estavam expostas bicicletas elétricas, a grande sensação do evento.

grandes projetos, como o programa francês Horizon Hydrogène Energie (H2E), no desenvolvimento de células de combustível através de sua subsidiária, Axane; e o projeto europeu HyChain-Minitrans. Apesar de o hidrogênio ainda ser uma tecnologia cara ao país e ainda depender de fontes não renováveis, Fioronelli conta que a Air Liquide já possui 40 postos experimentais, instalados em centros de pesquisas e universidades, e já comercializa baterias a hidrogênio. TN Petróleo 72

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Em busca de soluções sustentáveis para o tráfego e o meio ambiente no Brasil, a CPFL Energia está engajada atualmente em projetos de veículos elétricos, que permitirão à empresa contribuir para a popularização do uso desses carros em larga escala nas ruas, reduzindo consideravelmente a emissão de CO2 nas cidades brasileiras. São quatro as iniciativas viáveis da empresa para a nossa realidade no segmento: Palio Weekend (parceria com Fiat e Itaipu), moto elétrica (em conjunto com a Unicamp), Aris (veículo elétrico projetado pela Edra em parceria com a CPFL) e Th!Nk City (carro de passeio produzido na Noruega). Com essas soluções, to-

das expostas no evento, a eficiência energética é três vezes maior em relação às que utilizam combustíveis tradicionais e a emissão de gases poluentes é zero. Empenhada, nos últimos anos, no desenvolvimento de energias alternativas aos veículos de combustão interna, a Light apresentou também no Challenge Bibendum, o carro híbrido, modelo Toyota Prius, que gasta apenas 4,3 litros a cada 100 km rodados na cidade, sendo considerado um dos automóveis mais econômicos do mercado. Além disso, o mix de consumo da energia da bateria e do motor à combustão permite reduzir em 89% as emissões de gases na atmosfera.

Michelin mais forte no Brasil O presidente mundial da multinacional francesa Michelin, Michel Rollier, indicou no evento, que com a nova fábrica no município de Itatiaia (RJ), o Brasil será a nova plataforma de exportações da Michelin para a América do Sul. Há mais de 30 anos instalados no país, a Michelin pretende, com a nova fábrica, dobrar suas vendas da América do Sul e multiplicar seus pontos de venda no Brasil. A unidade será uma das mais modernas do grupo e fabricará pneus de última geração com altos desempenhos e baixo consumo de combustíveis. Rollier revelou que o empreendimento já está em construção no país e o primeiro pneu fabricado deverá estar pronto em 2012. De acordo com Jean-Philippe Ollier, presidente da companhia na América do Sul, a nova fábrica conta com investimentos de cerca de 76

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R$ 400 milhões. Ollier afirmou que esse projeto faz parte da estratégia do Grupo Michelin de se desenvolver em países com grande potencial, sobretudo, ele é uma demonstração da confiança da Michelin no estado e no país. O executivo francês disse que a produção de pneus para caminhões da Michelin no Brasil já está no mesmo nível de 2008, com aumento de 50% sobre o mesmo período de 2009, ano de forte redução, nos contratos de fornecimento às montadoras e de 20% a 25% nas vendas para o mercado de reposição. Para o ano de 2010, a empresa prevê um faturamento no Brasil 20% a 25% maior do que o de 2009. O CEO Michel Rollier apontou o Brasil como prioridade estratégica do grupo, juntamente com China e Índia. De acordo com ele, tais países têm potencial de crescimento impensável em mercados mais

Quem também apresentou novidades foi a Scania, com seu ônibus urbano K270, de piso baixo, movido a etanol. O Brasil é o primeiro país das Américas a ter um ônibus rodando com este combustível. O objetivo do projeto é sensibilizar a sociedade para a importância do uso do etanol no transporte público, capaz de reduzir em até 90% a emissão de gases do efeito estufa. Para o abastecimento de todos esses veículos, a Petrobras montou postos na parte externa do centro de convenções, onde foram disponibilizados 20 mil litros de combustíveis como etanol, gasolina Podium, diesel Podium e diesel B100. Além disso, os veículos movidos a amadurecidos, como o europeu e o americano, não só pelo volume populacional em si, mas pela quantidade de consumidores ainda desprovidos de veículos. “No Brasil, há uma relação de 120 veículos para cada mil habitantes. Na Europa Ocidental, essa relação é cinco vezes maior. Por essa comparação, é possível entender o potencial desse mercado. Com a nova fábrica, poderemos alcançar a liderança no segmento de pneus de turismo (passeio). Essa meta nunca foi atingida porque não tínhamos justamente capacidade instalada para isso”, indicou Rollier. Em razão da crise econômica do ano passado, a produção da fábrica da Michelin em Campo Grande (RJ) teve os desembolsos previstos para expansão da capacidade no Brasil suspensos. Entretanto, segundo Jean-Philippe Ollier, a fábrica já começará a produzir este ano. Mesmo com a aceleração dos projetos, a Michelin não alterou o valor dos seus investimentos previstos para o mercado brasileiro, um programa que prevê desembolso total de US$ 1 bilhão no período de 2006 a 2012.


eletricidade foram abastecidos no Eletroposto da estatal. De acordo com o gerente de Tecnologia e GNV da rede de postos da Petrobras Distribuidora, Paulo da Luz Costa, a subsidiária está desenvolvendo o projeto pioneiro de aquecimento da água da lavagem de veículos por meio de energia solar no posto da BR na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Países desenvolvidos devem ter emissão zero em transporte até 2050 Durante o painel ‘Cenários de energia, clima e transporte’, o vice-presidente executivo de B2B e Lubrificantes da Shell, Tan Chong Meng, disse que os países desenvolvidos devem avançar em direção a sistemas de transportes com emissão zero até 2050. Segundo ele, o consenso alcançado no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em Copenhague foi que para que o limite para as mudanças climáticas se torne insuportável é preciso alcançar dois graus acima dos níveis pré-industriais. E, para ele, estar abaixo desse patamar deve se tornar o objetivo da sociedade. Ainda de acordo com o executivo, o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias se mostram como importante etapa do desa-

fio. “Nossas pesquisas mostraram que no século XX os novos tipos de energia levavam 30 anos para captar 1% do mercado, devido ao tempo necessário para aperfeiçoar métodos de produção e desenvolver capacidade humana e industrial suficiente. A princípio, seria possível acelerar o processo de adoção de novas tecnologias, no entanto seria necessário o apoio dos governos. Com o objetivo de dois graus em mente, os países devem usar todas as ferramentas que têm a seu dispor em termos de economia, regulamentação e educação.” O diretor geral da ExxonMobil Química, Elcio A. Giusti, afirmou que nos últimos cinco anos, a ExxonMobil investiu mais de US$ 1,5 bilhão em atividades que au-

mentam a eficiência energética e reduzem as emissões de gases do efeito estufa. As iniciativas incluem tecnologias que aumentam a eficiência dos automóveis, tais como revestimentos internos de pneus que os mantêm cheios por mais tempo, óleo para motores com novas tecnologias que visam economia de combustível e plásticos mais leves para uso em autopeças. “Além disso, a empresa pesquisa o aprimoramento dos motores de combustão interna, já desenvolveu um filme separador avançado para baterias de lítio em veículos elétricos híbridos e financia pesquisas inovadoras referentes ao aperfeiçoamento do uso da energia solar, dos biocombustíveis e da captura e armazenamento de carbono”, destacou o executivo.

27 a 29 – Brasil FIBOPS – I Congresso Internacional de Boas Práticas Socioambientais Local: São Paulo Tel.: (55 11 3257-9660) www.fibops.com.br

Setembro

Feiras e Congressos

Julho

11 a 15 – Suiça 20ª Conferência Mundial da Saúde da UIPES Local: Genebra Tel.: 41 (0)21 345 15 15 Fax: 41 (0)21 345 15 45 www.iuhpeconference.net info@iuhpeconference.net

Agosto

18 a 21 – Brasil Expo Energia Renovável 2010 Local: São Paulo Tel.: (55 11) 2509-2199 Fax: (55 11) 5666-3051 claudia.alves@apsfeiras.com.br www.expoenergia.com.br

19 a 22 – Portugal 13th International IEEE Conference Local: Ilha da Madeira Tel.: +1 732 981 0060 Fax: +1 732 562 6380 itsc2010@isr.uc.pt http://itsc2010.isr.uc.pt/site/

Novembro

9 a 11 – Brasil FIMAI/SIMAI 2010 Local: São Paulo Tel/Fax: 55 (11) 3917-2878 rmai@rmai.com.br • www.fimai.com TN Petróleo 72

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suplemento especial Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade

Diálogo

necessário

Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, promovido pela Atitude Brasil, reuniu cerca de 1,8 mil pessoas de diversas nacionalidades, das mais variadas áreas do conhecimento, para discutir a cultura da paz, o respeito social, ambiental, econômico e social. por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

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scolhida para receber a terceira edição do iii fórum internacional de comunicação e Sustentabilidade, realizado entre os dias 19 e 20 de maio, a cidade do rio de janeiro não foi a única a ter acesso ao conteúdo desse importante evento, que reuniu 1.800 pessoas: os debates sobre temas das mais distintas áreas de co-

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nhecimento foram transmitidos, através da internet, gratuitamente, para universidades e instituições da américa Latina, europa, África e Ásia, em tempo real, via webcast. o fórum promoveu o debate entre os setores público, privado e a sociedade civil, sobre o conceito e a prática da sustentabilidade, tendo como ponto de partida os quatro princípios da carta da Terra: democracia, não violência e paz;

integridade ecológica; respeitar e cuidar da comunidade da Vida e justiça Social e econômica. “a comunicação é fundamental para promover mudanças de conduta na sociedade e aproximar o discurso na prática. Para praticarmos a sustentabilidade, basta que todos adotem pequenas atitudes como não consumir mais do que precisa; praticar a carona solidária, consumir produtos


orgânicos; economizar água e energia, entre outros”, enumera Marta Rocha, da Atitude Brasil, organizadora do fórum.

Redes sociais As redes sociais da internet, e outras plataformas virtuais, foram apontadas ferramentas importantes no combate as desigualdades e como mecanismo de disseminação da sustentabilidade. Em um debate do qual participaram Lucian Tarnowski, do BraveNewTalent. com; Gilberto Puig, gerente de comunicação da Petrobras; Genival Oliveira (Gog), escritor e compositor; Débora Garcia, gerente de conteúdo e novas mídias da TV Futura; Vincent Defourny, representante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) no Brasil; e a Nobel da Paz, Rigoberta Menchú. Todos, por unanimidade, reafirmaram o poder gerado pela internet. Símbolo de uma nova geração e nomeado Jovem Líder Global, pelo Fórum Econômico Mundial, o inglês Lucian Tarnowski, de 26 anos, é o empreendedor por trás do Brave New Talent, plataforma na internet que conecta cerca de cem mil jovens de 140 países a potenciais empregadores através da rede social. Ele apontou a comunicação como uma das grandes promotoras de mudanças nesse novo cenário de urgência da sustentabilidade, ressaltando que os veículos voltados para essa questão estão principalmente nas redes sociais. “Os blogs e plataformas virtuais como twitter

As empresas e os meios de comunicação têm um papel fundamental e importante para o desenvolvimento sustentável. (...) A consciência social é que mudará o mundo. A diferença não vai seguir sendo os espectadores, mas os construtores: é preciso arriscar! Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz de 1992

e orkut são formas de comunicação muito potentes”, assegurou Tarnowski, acrescentando que esse tipo de iniciativa facilita o acesso à informação e à educação. O inglês defendeu a capacidade dos meios sociais na hora de introduzir uma “mudança fundamental” na estrutura pouco sustentável do mundo atual e, assim, romper a brecha que divide países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Para ele, as redes sociais deram uma importância maior para as mobilizações da sociedade. “Comunicação é informação com uma relação. Podemos tornar nosso futuro diferente através da comunicação e do aumento do diálogo entre os povos”, finalizou ele, apontando a nova geração de jovens como a ‘geração da mudança’.

O representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, o belga Vincent Defourny, apontou as redes sociais como fator de multiplicação de possibilidades de comunicação, que tem papel importante na mobilização social. “Podemos acreditar na força da comunicação, acreditando que podemos mudar e ter um mundo mais sustentável ‘contaminando’ outras pessoas”. Doutor em comunicação, Defourny também acredita que a internet e as redes sociais são fundamentais para a disseminação das ações de sustentabilidade. “Podemos tornar nosso futuro diferente através da comunicação e do aumento do diálogo entre os povos”, completou ele, pontuando que as redes sociais deram maior destaque às mobilizações da sociedade. O gerente de Relacionamento – Comunicação Institucional da TN Petróleo 72

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Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz 2006, também esteve presente em um dos debates do Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade

Petrobras, Gilberto Puig (foto de abertura), também reconheceu a importância das novas plataformas de comunicação nas empresas. “A falta de comunicação é a origem da falta de sustentabilidade”, assegurou Puig, acrescentando que sociedades e empresas “devem migrar para as redes sociais porque a comunicação bilateral tradicional já não serve”. O segundo dia do Fórum foi marcado por palestrantes com opiniões fortes com relação à comunicação e sustentabilidade. Tia Dag, a fundadora da Casa do Zezinho, instituição paulista de assistência a crianças carentes, afirmou que o caminho da sustentabilidade passa pelo cuidado com as crianças, que são os futuros adultos que irão sustentar o mundo. Na ocasião, foram abordados ainda aspectos socialmente críticos da comunicação e a necessidade de democratizar os meios. O escritor e compositor, Genival Oliveira, o Gog, falou sobre o movimento hip-hop e fez um questionamento: atualmente há comunicação entre as teias sociais? Segundo ele, a ética e a percepção têm de ser os 80

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principais fundamentos da comunicação e, para tanto, é essencial discutir o que é informação e o que é notícia. “Acredito que hoje em dia a comunicação está voltada para o que é notícia, esquecendo-se da informação – que é o que vai, efetivamente, instruir as pessoas, contribuindo para a mudança de fato no nosso cenário insustentável”. O rapper carioca MV Bill falou da importância do hip-hop como veículo de comunicação e transmissor de informação. Ele lembrou que iniciou sua vida musical quando percebeu que poderia passar uma mensagem, uma informação para milhares de pessoas ao mesmo tempo. “O hiphop foi muito importante para a minha formação como comunicador”, afirmou. MV Bill disse ainda que os livros são outra forma primordial para a disseminação de conteúdo e que, ao cuidar do meio ambiente, as pessoas e o governo estão tomando conta também das pessoas que moram nele. Uma das palestrantes mais aguardadas do Fórum, a prêmio Nobel da Paz de 1992, Rigoberta

Menchú, destacou a importância da participação das instituições privadas na formação de um mundo melhor. “As empresas e os meios de comunicação têm um papel fundamental e importante para o desenvolvimento sustentável”, lembrou a líder indígena da Guatemala. Rigoberta criticou a perda da “dimensão social” nas atividades dos governos, empresas e meios de comunicação. Ativista pelos direitos humanos, ela advertiu sobre a necessidade de reagir diante dos efeitos da crise global. “Há um excesso de materialismo que devemos combater. E os meios de comunicação podem fazer muito por isso”, assegurou ela, defendendo, ainda, a comunicação “a serviço do espírito humano, da sociedade e das pessoas”. Para Menchú, é necessário que haja mais reflexão, individual e coletiva, pois sustentabilidade é mudança de consciência (social, material e espiritual). E concluiu: “A consciência social é que mudará o mundo. A diferença não vai seguir sendo os espectadores, mas os construtores: é preciso arriscar!” O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e um dos autores da Carta da Terra, Leonardo Boff, afirmou que é possível produzir itens desde que se respeite os ecossistemas. Para ele, a sustentabilidade tem força para manter um novo mundo por muitos anos. “O modelo atual de mundo que estamos vivendo foi construído com a devastação da natureza, mas a sociedade já está buscando soluções para que tenhamos uma relação melhor e sustentável com a natureza”, disse Boff.


Projeto Limpa Brasil Um dos pontos altos do fórum foi a participação do ambientalista e empreendedor estoniano Rainer Nolvak, empresário estoniano protetor da natureza, ideólogo do Clean Up Day (Dia da Limpeza) e presidente do conselho do Nature Fund Ferréz, na Estônia. Foi um dos organizadores do Let’s do it 2008, ação cívica com 50 mil voluntários que praticaram a limpeza da Estônia – país com menos de 1,5 milhão de habitantes – em apenas um dia. Em função do projeto Clean Up Day, Rainer foi o ganhador do prêmio de Voluntário do Ano na Estônia. Nolvak anunciou oficialmente que um projeto intitulado Limpa Brasil, em parceria com a Atitude Brasil, pretende fazer uma faxina geral do Rio de Janeiro em 24 horas, com a ajuda de 150 mil voluntários, 50 empresas, 12 instituições públicas e um financiamento de parceiros em torno de R$ 3,8 milhões. O Limpa Brasil tem como objetivo limpar o Rio de Janeiro, com 6 milhões de habitantes, também em apenas um dia.

De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a quantidade diária de lixo urbano coletado no Brasil é de 228.413 toneladas, o que representa 1,25 kg diários por cada um dos cerca de 183 milhões de habitantes. Nolvak frisou que é necessário conscientizar os cidadãos sobre a importância de manter um consumo responsável e a necessidade de reduzir a produção de resíduos, especialmente no Brasil. “Esperamos que o Limpa Brasil seja itinerante e que atue em diferentes cidades brasileiras. A proposta não é só limpar a cidade, mas criar uma cultura comportamental em relação ao lixo”, informou Rainer. No mundo moderno, a produção de lixo aumentou numa escala considerável, causando graves problemas ao ambiente e à saúde pública. Todas as etapas desse processo, que englobam desde a formação do lixo até sua destinação final, exigem soluções conjuntas entre os governos e a sociedade. As cidades cresceram desordenadamente

nas últimas décadas, prejudicando os ecossistemas naturais e gerando importantes danos ecológicos. “Precisamos, com urgência, de um plano de ação e gestão ambiental para salvarmos nossas cidades. Educar a população, criar uma coleta seletiva de lixo, de reciclagem, implantar políticas públicas e econômicas são indispensáveis para mudarmos esta triste realidade e caminharmos para uma cidade sustentável, que respeite a biodiversidade e o direito à vida do planeta”, explica Marta Rocha, do Atitute Brasil.

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Gaia completa 20 anos e muda sua sede A premiada organização não governamental, sem fins lucrativos, o Gaia (Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem), que atua no desenvolvimento sustentável, comemorou seus 20 anos de atuação com um evento sobre ‘Parcerias para a sustentabilidade’ e anunciou que o atual local de funcionamento já não comporta a equipe toda reunida – em julho, a instituição terá nova sede. por Maria Fernanda Romero

A

ONG Gaia decidiu inovar e mais uma vez contribuir para um mundo sustentável. A instituição, que tem entre seus parceiros Petrobras, Shell, Grupo Votorantim, Braskem, Eletrobrás Furnas, Citi, diversas ONGs, universidades e Governo em suas instâncias municipal, estadual e federal, promoveu no mês de maio, em São Paulo, um evento comemorativo aos seus 20 anos de atividade. Denominado ‘Parcerias para a sustentabilidade’, o encontro proporcionou aos participantes e parceiros uma oportunidade para a reflexão sobre

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os papéis dos diversos setores para o desenvolvimento sustentável. Durante o encontro, os gestores da instituição abordaram o histórico dos últimos anos, cenários e expectativas para o futuro, gerando um importante momento de reflexão. “Instituímos o Gaia com o desejo de construir uma instituição feliz, que consiga integrar a missão pessoal de cada colaborador com a missão da entidade, pois acreditamos que isso se reflete no trabalho externo, oferecendo melhores serviços aos projetos e assim contribuindo para uma sociedade melhor”, explicou o superintendente executivo do Gaia, Edison Carvalho.

Segundo Carvalho, no encontro os participantes foram divididos em grupos e convidados a refletir sobre questões acerca da atuação dos três setores da economia (governamental, privado e não governamental) e quais os desafios e oportunidades enfrentados por cada um. Também foi sugerido um debate sobre sustentabilidade, apontando prós e contras de se agir local e/ou globalmente. Cada grupo elegeu um representante para apresentar aos demais resumidamente as considerações. Vale citar que todas as anotações apresentadas foram sistematizadas pelo Gaia, gerando um documento enviado a todos os participantes e disponibilizado para consulta pública. “Se nós pensarmos em todas as demandas sociais e conseguirmos estabelecer uma estratégia para um plano de ação intersetorial, nossa possibilidade de sucesso será muito maior”, concluiu Edison Carvalho, que disse, no final do evento, ter ficado com a sensação de missão cumprida e objetivos alcançados. Satisfeita com sua participação no encontro, a coordenadora


Fotos: João Prudente

de relacionamento institucional da Braskem, Érica Machado, afirmou ter sido um momento especial. “Nós, como empresa, temos essa busca constante de estar integrando com o terceiro setor e influenciando o primeiro setor em busca de solução para melhorar a qualidade de vida das pessoas no planeta. Esse momento de parada para refletir, para mim e os demais

representantes da Braskem foi muito importante”, frisou. Com um quadro de colaboradores que ultrapassa o número de cem profissionais, a atual sede no bairro de Jardim Chapadão, em Campinas (SP) já não

comporta a equipe toda reunida. Prevista para o início de julho, a mudança da sede do Gaia para um novo endereço marca mais um avanço na história da ONG. O novo local – uma casa no bairro Taquaral em Campinas – é bem mais amplo e contemplará toda a reestruturação de TI e implementação da área de gestão do conhecimento. “Este é um momento para o qual vínhamos nos preparando nos últimos anos. A ida para um espaço maior sela nossa busca constante pela profissionalização dos processos e, ainda, nosso ideal de futuro, que é a internacionalização dos serviços oferecidos pela instituição”, explica Maíra Souza, gerente executiva do Gaia.

Alguns projetos do Gaia Promover/Programa de Mobilização e Viabilização Socioambiental – capacita representantes da pesca artesanal, de organizações governamentais e não governamentais, para elaborarem e captarem recursos para projetos socioambientais. O programa é uma iniciativa da Shell Brasil em parceria com o Gaia e também auxilia na identificação dos potenciais da comunidade, apoia a atuação em rede e promove o desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira. Desde 2007, quando teve início, o Promover já capacitou mais de 120 pessoas em municípios do Rio de Janeiro e Espírito Santo, resultando em cerca de 30 projetos elaborados. Futuro em Nossas Mãos – promove a inclusão produtiva de jovens, em sintonia com seu interesse e necessidade de desenvolvimento, por meio de capacitação profissional. A ação é uma iniciativa da Votorantim Metais e do Instituto Votorantim e coordenada pelo Gaia. O monitoramento das ações comprova que, em algumas regiões de atuação do projeto, o índice de empregabi-

lidade chega a 50% do total de jovens formados. Esse dado mostra a efetividade do projeto, que em menos de seis anos já formou mais de oito mil jovens, em cerca de 70 municípios brasileiros, se consolidando como prática de sucesso no estímulo ao empreendedorismo e formação profissional juvenil. Parque da Amizade – marca um avanço no conceito de áreas verdes de lazer no Brasil. São 300 mil m² trabalhados em Paulínia (SP), desde sua concepção até seu funcionamento, sob o tema desenvolvimento sustentável. O projeto é iniciativa da Braskem em parceria com a Prefeitura de Paulínia, e coordenado pelo Gaia. O projeto tem como proposta promover o equilíbrio e harmonia nos desempenhos econômico, social e ambiental, desde a construção sustentável e o atendimento aos padrões internacionais de acessibilidade para idosos e pessoas com deficiência locomotora e/ou visual, até as atividades de formação e desenvolvimento da comunidade do entorno, atuando nos campos da cultura, inclusão social, meio ambiente e lazer. TN Petróleo 72

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Foto: Fernando Manuel

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Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010 Um olhar para o futuro com a esperança de que a atual geração consiga resolver alguns dos problemas urgentes que ameaçam a qualidade de vida na Terra. Este foi o clima de uma das mais importantes reuniões sobre sustentabilidade realizadas anualmente em São Paulo, a Conferência Internacional do Instituto Ethos, ocorrida em maio. Um dos pontos altos do evento foi o debate sobre o pré-sal e sua relação com a sustentabilidade. por Maria Fernanda Romero

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conferência deste ano trouxe depoimentos emocionados sobre a necessidade de se ter um olhar generoso em relação aos direitos das próximas gerações. Com o tema ‘O mundo sob nova direção’, o evento buscou mostrar alternativas viáveis para a construção de uma economia mais solidária e inclusiva. Para Oded Grajew, presidente do Ethos, existem sinais claros de que estão ocorrendo mudanças indesejáveis no mundo, e estas precisam ser percebidas e incor poradas na busca de novos

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caminhos, o que significa trabalhar para fortalecer os conhecimentos e caminhos para uma nova etapa do processo civilizatório. “Na Polônia do pré-guerra os sinais da tragédia estavam no ar. Alguns souberam ler estes sinais e buscaram caminhos para sobreviver. Outros não acreditaram que as pessoas poderiam ser tão cruéis e não sobreviveram”, contou Oded. Durante a abertura do evento, Simon Zadek, membro do conselho internacional do Ethos e executivo da AccountAbility, disse que o Brasil tem uma posição importante no cenário global da sustentabi l idade por sua capacidade

inovadora, principalmente em setores estratégicos como biocombustíveis, e por estar na vanguarda em temas como o combate às mudanças climáticas. Para ele, o Brasil tem vantagens que precisam ser aproveitadas na construção de uma economia de baixo carbono, como o perfil renovável de boa parte da energia utilizada no país. Ideias simples para um futuro melhor, foi o que se percebeu na terceira edição da Mostra de Tecnologias Sustentáveis, realizada paralelamente à conferência. Projetos como o lixo que vira energia, a terra retirada de rios assoreados se transformando em pavimento, os resíduos orgânicos da alimentação que passam a existir como adubo na composteira eram algumas das ideias expostas nos estandes.


A exposição retratou ideias que em vez de criar, refazem laços, dando outras destinações e trazendo benefícios para toda a cadeia.

Sustentabilidade no pré-sal Pré-sal, royalties, investimentos na cadeia de valor da Petrobras e visão de sustentabilidade. Estes foram os temas mais requisitados durante as mais de duas horas de debates entre o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e jornalistas durante a Conferência Internacional Ethos 2010. Gabrielli participou do debate ‘Como o pré-sal pode contribuir para a sustentabilidade’ e mostrou o quanto o Brasil está à frente do resto do mundo em relação à renovabilidade de sua matriz energética. “Enquanto o mundo ainda usa 87% de energias fósseis, a matriz brasileira já usa 46% de energias vindas de fontes renováveis”, disse o presidente da Petrobras. O executivo esclareceu as vantagens energéticas do Brasil, único país no mundo a ter 5% de biodiesel em todo o diesel que consome recurso renovável – com meta de atingir 7% em 2013, 51% da frota interna dos carros movidos a etanol – e ampla oferta de energia hidrelétrica, bem menos impactante do que as termelétricas a carvão. Segundo Gabrielli, a estatal está investindo no desenvolvimento de fontes alternativas, mas, sobretudo, os estilos de vida é que precisam ser modificados. Desta forma, será possível reduzir e utilizar energia e produtos derivados do petróleo com mais eficácia e inteligência. Ele explicou que, nos próximos 20 anos, a empresa deverá dobrar a oferta de petróleo no Brasil, o que

significará grandes investimentos em infraestrutura e equipamentos para prospecção, transporte e refino de petróleo, o que vai gerar um importante movimento na economia do país, uma vez que é opção da empresa que 65% de todos as compras para suprir essas necessidades sejam feitas aqui. O presidente da Petrobras ressaltou que ainda não existe uma fonte de energia com todas as vantagens do petróleo e que o pré-sal permitirá ao país aumentar sua produção de 1,8 milhão de barris diários para quase 4 milhões em 2020. Os recursos gerados ficarão em um Fundo Social, gerido por dois conselhos, incluindo representação da sociedade civil, do qual

se investirá apenas o rendimento, mantendo-se o principal acumulado. A utilização deste Fundo para benefício dos brasileiros será de responsabilidade de seus gestores, sob supervisão de toda a sociedade. Além disso, a empresa priorizará fornecedores nacionais para toda a cadeia de suprimentos envolvidos na refinação do petróleo, estando previstos a construção de cinco novas refinarias no país e o repasse de tecnologia para empresas nacionais. Isto, na sua visão, fortalecerá a competitividade brasileira neste campo. Em resposta a todos os questionamentos feitos, ele ressaltou os amplos programas sociais, ambientais e culturais que

Ethos quer criar novo índice de sustentabilidade empresarial Durante o evento, foi lançado o desafio de orientar mudanças empresariais direcionadas para uma nova economia inclusiva, verde e responsável, por meio da criação e aplicação de um novo índice. Abrindo as apresentações, Simon Zadek, sênior fellow na Harvard University e também colaborador deste projeto, levantou pontos importantes ainda não contemplados pelos indicadores. De acordo com ele, atualmente não existem avaliações que deem conta do impacto da cadeia de suprimentos, nem que apontem o melhor modelo de negócios alinhados com a sustentabilidade. “A maior parte dos índices se concentra em empresas listadas em bolsa e deixa de captar iniciativas que não aparecem, de empresas menores e não listadas.” Ainda assim, os índices de sustentabilidade estão se aperfeiçoando e se multiplicando, desde a criação do primeiro, em 1999, o

Dow Jones Sustainability Indexes. “Os índices são provocativos, no sentido de mostrar direções de mudanças e quais os próximos passos. Além disso, são inclusivos porque são elaborados com participação pública”, afirmou Sonia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&F Bovespa. Da mesma maneira, utilizandose de construção em conjunto, o Instituto Ethos está dando início à elaboração de um novo indicador, que carrega em seu cerne a preocupação de ser objetivo e mostrar de fato quais empresas estão sendo importantes em termos éticos, ambientais e sociais. “Esta conversa de hoje já está trazendo reflexões que nos ajudarão neste processo”, concluiu Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Ethos. TN Petróleo 72

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suplemento especial

a Petrobras apoia e desenvolve ao mesmo tempo que gera empregos, recolhe impostos e traz divisas para o país, sendo responsável por 22% de toda a exploração de petróleo em águas profundas. Uma das preocupações dos jornalistas e da plateia foi o aumento das emissões de gases estufa, tanto pelo uso como pela exploração dos 4,5 bilhões de barris que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) diz ser o potencial das novas reservas. Gabrielli explicou que a Petrobras está trabalhando para neutralizar as emissões de parte desse processo com a injeção de CO2 nos poços para aumentar a pressão e facilitar a exploração de óleo e gás. Alertou, no entanto, que as questões relacionadas ao uso dessa energia devem ser respondidas pela sociedade, que faz uso intensivo de petróleo e que ainda não conseguiu desenvolver

alternativas capazes de substituir plenamente essa matéria-prima. “A Petrobras produz petróleo; não é responsável pela demanda”, explicou. Outra questão importante é o uso das riquezas geradas pela exploração das reservas do présal. Para ele, esses recursos devem ser investidos em educação, saúde, ciência e tecnologia, e não utilizados para o pagamento de despesas correntes do governo. “É um recurso finito, deve ser empregado para elevar o patamar de desenvolvimento do Brasil”, disse. Perguntado sobre a qualidade dos combustíveis oferecidos ao mercado nacional, Gabrielli explicou que a empresa está investindo US$ 13,2 bilhões até 2013 para atender à melhora nas especificações de seus produtos. Mas lembrou que a qualidade do combustível é apenas parte do problema da poluição urbana e

da emissão de particulados. “Em torno de 44% da frota de carga circulante no Brasil tem mais de 20 anos, e um motor antigo polui cerca de dez vezes mais do que um novo”, explicou. O debate com Gabrielli estabeleceu as bases de um novo diálogo sobre o uso de petróleo e a sustentabilidade no Brasil. Ele conta que a empresa é uma das maiores apoiadoras de projetos sociais, ambientais e culturais no país. No entanto, é uma empresa que produz petróleo e que, apesar de todos os investimentos que realiza na pesquisa e produção de energias alternativas, não vê como a sociedade possa prescindir nem desta energia nem das riquezas que os novos campos vão proporcionar. “A questão da sustentabilidade não passa apenas pela produção, mas tem uma vertente fundamental nos usos que a sociedade faz dessa energia”, explica.

Fórum reúne empresas pelo desenvolvimento social As empresas da cidade de São Paulo contam, a partir de agora, com uma iniciativa que vai tornar ainda mais articulados e eficientes os investimentos sociais e ações desenvolvidos por essas organizações no município. O Movimento Nossa São Paulo e o Instituto Ethos lançaram o Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo, no último dia da Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos. O Fórum tem como objetivos sensibilizar, mobilizar e assessorar as empresas para que atuem pelo desenvolvimento justo e sustentável da capital paulista. A iniciativa já conta com a participação de 21 empresas. “Nosso problema é desperdiçar esforços, é atuar de forma isolada, e o Fórum busca uma forma inteligente de agir”, destacou o

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vice-presidente executivo do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi. “O poder público certamente não tem orçamento infinito para realizar tudo o que precisa em São Paulo” e o Fórum oferece a oportunidade para as empresas saberem o que “já realizam e o que pode ser feito (pela cidade)”, destacou Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo e presidente do Ethos. Maurício Broinizi, secretário executivo do Nossa São Paulo, explicou que o Fórum permitirá às empresas planejar as ações com base no que já está previsto no plano de metas da Prefeitura de São Paulo (Agenda 2012), ao mesmo tempo que vão contar com indicadores e pesquisas sobre a cidade já elaborados pelo Nossa São Paulo e por outras organizações. “A ideia é que, com indica-

dores e dados de orçamento, a gente visualize as necessidades, as prioridades”, acrescentou. Para apoiar a articulação dessa rede empresarial de apoio a São Paulo e potencializar as ações das empresas participantes, as duas organizações lançaram também um site do Fórum, que reúne as boas práticas já desenvolvidas e também permitirá a troca de experiências de forma virtual. No mesmo evento, o Ethos lançou o Grupo de Trabalho Empresas e Desenvolvimento Territorial Sustentável, que tem como objetivo criar ações coordenadas entre empresas, sociedade civil e governos para promover o desenvolvimento sustentável das cidades. Nove empresas já assinaram a agenda de compromissos que vai nortear o GT.


Braskem

Selo para produtos de

fontes renováveis Desenvolvido para atender ao mercado mundial, o selo I’m green nasce para distinguir os produtos que levam em sua composição o plástico verde da Braskem.

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Braskem está prestes a tornar-se líder mundial na produção de biopolímeros ao colocar em operação em meados do próximo semestre sua primeira planta industrial de eteno verde, possibilitando a produção de 200 mil t/ano de polietileno a partir do etanol de cana-de-açúcar. agora a companhia dá mais um passo no seu compromisso com a sustentabilidade ao lançar o selo I´m green. o objetivo é criar valor e identificar todos os seus polímeros produzidos a partir de matériasprimas renováveis. o selo foi elaborado para ser simples e direto na comunicação com os diversos públicos e concebido para proporcionar aos clientes mais valor ao seu produto. “com a criação do selo estamos estendendo os benefícios da aplicação de uma resina de fonte renovável para o consumidor final, que enxerga e valoriza os produtos com componentes renováveis”, explica rui cham-

mas, vice-presidente da Unidade de Polímeros. esta iniciativa reforça o compromisso da Braskem com a criação de valor por meio do desenvolvimento sustentável para a cadeia produtiva do setor, seus clientes e a sociedade, cada vez mais exigentes em adotar práticas que visem contribuir para a redução dos gases do efeito estufa. “Para cada tonelada de polietileno verde produzido são sequestradas até 2,5 toneladas de co2”, destaca jorge Soto, diretor de desenvolvimento Sustentável da Braskem. “o plástico de fonte renovável é parte do compromisso da Braskem com a cadeia produtiva e toda a sociedade na busca por soluções sustentáveis.” o desenvolvimento do selo, que é autorreferenciável e não apresenta barreiras culturais, vem para realçar a identidade de produtos que têm em sua essência a relação com a natureza, além de transferir valor para a

marca e para o consumidor que busca inserir em seu dia a dia a prática do consumo sustentável. além do polietileno verde o selo I´m green identificará outras resinas que a Braskem venha a desenvolver a partir de fontes predominantemente renováveis. até o início de operação da nova planta de eteno utilizando etanol como matéria-prima, a companhia definirá junto a seus clientes as condições para que eles também possam estampar o selo em seus produtos, especialmente o conteúdo mínimo de resina verde em sua composição.

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suplemento especial

Piatam V Mais de 2 milhões para

Fotos: Bia Cardoso

Piatam V

O Projeto Piatam (Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia) acaba de ter seu quinto ciclo de financiamento aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com o novo aporte de R$ 2.005.587,78, o projeto dará continuidade às pesquisas científicas com o objetivo de monitorar os impactos socioambientais do transporte do petróleo e gás, no rio Solimões, entre Manaus e Coari.

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esta nova fase, o projeto será executado pela Universidade federal do amazonas (Ufam) e coexecutado pela Universidade do estado da amazonas (Uea), pelo instituto de Pesquisa nacional da amazônia (inpa) e pelo instituto Piatam. Para a finep, a escolha do Piatam se justifica diante dos excelentes resultados do Projeto ao longo de dez anos de atuação na amazônia: seis teses de doutorado e 28 dissertações de mestrado foram publicadas com resultados das pesquisas realizadas nas nove comunidades ribeirinhas nas quais o projeto atua. com o início do novo ciclo, o Piatam vai funcionar como

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uma rede, garantindo maior integração entre as diferentes áreas da pesquisa. o maior aporte foi dado ao subprojeto ‘desenvolvimento humano e relações ambientais no médio rio Solimões’, que irá desenvolver pesquisas voltadas para a implementação de tecnologias sociais que induzam a melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas. Segundo o coordenador do Piatam V, o professor carlos edwar, atividades desse tipo já vinham sendo desenvolvidas. ele cita como exemplo as máquinas de desfibrilar malva e juta: “as máquinas foram desenvolvidas em conjunto com os ribeirinhos

e o modelo deu tão certo que a Secretaria de Produção rural do amazonas resolveu replicar a máquina para outros locais do estado.” além dos estudos socioeconômicos, o Piatam V também desenvolverá os subprojetos: aperfeiçoamento dos sistemas de informações e indicadores Piatam; espacialização e visualização georreferenciada dos sistemas de informação visual; Qualidade de água e recursos aquáticos; Gestão e relações institucionais da rede Piatam. nesta fase, que irá durar cerca de dois anos, estarão envolvidos 67 profissionais, entre pesquisadores, alunos e técnicos.


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pessoas

Luisangelo Costa: Nelson Narciso Filho deixa diretoria da ANP da Chemtech para a APóS quATro ANoS como diretor Com anos de experiência no setor Aker Solutions da Agência Nacional do Petróleo, Gás de óleo e gás, o engenheiro mecânico LuiSANGeLo CoSTA ACABA de ingressar na Aker Solutions como o novo gerente de desenvolvimento de Negócios da divisão Process Systems, onde será responsável pelo relacionamento com os clientes e prospecção de novos negócios da divisão no Brasil. Com dez anos de experiência no setor de óleo & gás, Luisangelo atuou nos últimos anos como gerente comercial sênior da Chemtech. “estou muito entusiasmado em fazer parte de um grupo de grande reconhecimento internacional e atuação consolidada no mercado. No Brasil, a Aker Solutions está em franco crescimento e possui ótimas perspectivas comerciais. espero poder contribuir com essa nova fase da empresa no Brasil”, disse Luisangelo. o setor de Process Systems da Aker Solutions sofreu outra importante mudança. ronaldo ribeiro, presidente da área no Brasil se desligou da empresa, indo para seu lugar, André Andriolo, que ocupava a função de Gerente de Projetos da companhia. A área de Process Systems é responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de processo top side, como sistemas de remoção de sulfato, reclamação de meG, entre outras.

Natural e Biocombustíveis (ANP), Nelson Narciso Filho deixou o cargo no último dia 21 de junho, quando expirou seu mandato na instituição. Sem a renovação do contrato com a agência, Nelson parte novamente rumo à iniciativa privada. enquanto esteve na ANP, Narciso comandou as superintendências de desenvolvimento e Produção, Gestão e obtenção de dados Técnicos e refino e Processamento de Gás Natural, entre outras importantes áreas da agência.

com pós-graduação em Administração industrial e engenharia econômica já esteve diretamente envolvido durante sua carreira em negociações de alto nível técnico e comercial com a criação de unidades de negócios e formação de equipes em empresas como halliburton, ABB, Vetco Gray and hughes WKm no Brasil e no exterior.

Novo CEO da Apolo Tubulars em 2010, A APoLo TuBuLArS inaugura uma nova fase. Com a complementação da sua planta industrial em 2008 e a entrada de seus produtos no mercado de oCTG, a empresa está hoje muito mais madura e pronta para atender os mercados nacional e internacional. Carlos Eduardo de Sá Baptista, renomado executivo do setor de tubos de aço, na presidência da Apolo Tubulars desde sua inauguração, foi chamado ao Conselho do Grupo Peixoto de Castro para assumir a área Aço. em seu lugar, entra Eduardo Valle, para alavancar esta nova fase. depois de atuar na Brasco Logística offshore e White martins, eduardo traz sua expertise à Apolo Tubulars para garantir ainda mais confiabilidade aos produtos, investindo sempre em qualidade, segurança e tecnologia de ponta. o novo Ceo destaca o atendimento aos clientes como importante ponto a ser trabalhado e já planeja ações que projetam ainda mais a Apolo Tubulars no segmento de petróleo e gás, visando sua consolidação no mercado como fabricante de produtos de alta qualidade e pronta para atender aos mais rigorosos requerimentos da indústria. A Apolo Tubulars foi criada a partir de uma joint venture entre Apolo Tubos e equipamentos, subsidiária do Grupo Peixoto de Castro e a u.S.Steel, provedora de tecnologia e produtos tubulares com mais de cem anos de experiência. É uma empresa focada na produção de tubos de aço de alta qualidade, soldados por indução de alta frequência (hiFW), para a indústria de petróleo e gás.

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produtos e serviços

AkzoNobel

Importância da manutenção no mercado de óleo e gás Os colossais investimentos feitos na exploração e produção de petróleo e gás são concebidos para produzir energia por muitos anos e não podem ser comprometidos por uma manutenção inadequada dos ativos de infraestrutura, que pode gerar um encurtamento inaceitável de sua vida útil tolerantes a superfícies seguidas por acabamentos polissiloxanos (dependendo da situação). Alguns produtos da International Paint para situações de manutenção e reparos em um dos ambientes mais inóspitos: Interseal® 670HS – Epóxi Low VOC Tolerante a Superfícies – Anticorrosivo para manutenção versátil: primer-acabamento, altos sólidos, baixo VOC, alta espessura, tolerante a superfícies (inclusive hidrojateadas), indicado para serviços de imersão ou exposição atmosférica e possui certificação para tanques de água potável. Tal produto pode ser aplicado com praticamente qualquer método, desde uma simples trincha até uma sofisticada máquina airless 80:1. Interzone® 954 – Epóxi de Extraordinária Resistência e Proteção – Especialmente desenvolvido para suportar as condições extremas características dos ambientes offshore. Voltado para as zonas de variação de maré, áreas com elevado grau de corrosividade, áreas sujeitas à imersão permanente, convés principal/rotas de fuga. Pode ser aplicado em demãos de até 500 micrômetros de espessura,

inclusive sobre substratos hidrojateados ainda úmidos e continua seu processo de cura mesmo depois de imerso em água doce ou salgada. Interzone® 485 – Epóxi Ultra Alta Espessura de Excepcional Resistência a Danos Mecânicos – Revestimento epóxi de resistência excepcional ao impacto e à abrasão, praticamente imune aos danos mecânicos e à corrosão. É aplicado em espessuras ultra elevadas de até 3.000 micrômetros de espessura (3mm) sobre substratos preparados por Jateamento Abrasivo ou Hidrojateamento a Ultra Alta Pressão. O Interzone® 485 é usado quando se necessita de proteção duradoura em estruturas submersas ou enterradas (com ou sem proteção catódica) além, obviamente, das áreas sujeitas à intensa abrasão e desgaste, tais como carga e descarga, manuseio de ferramentas pesadas, helidecks, convés principal, etc. Interfine® 878 e 979 – Polisiloxanos Acrílicos com Excepcional Retenção de Brilho e Cor – Os acabamentos de alto desempenho Interfine® também fazem parte do pacote de produtos para manutenção offshore de Intern a t i o n a l Pa i n t . A estrutura química com características inorgânicas dos acabamentos é altamente resistente aos raios ultravioleta, o que propicia um desempenho bem maior do que os acabamentos poliuretano convencionais no que se refere à retenção de brilho e cor. Fotos: Divulgação

Ocorre que o ambiente offshore no qual esta infraestrutura está localizada é altamente corrosivo e agressivo para os sistemas de pintura utilizados na proteção das estruturas e equipamentos de aço carbono. Adicione-se a isso a grande dificuldade e o custo bastante elevado da manutenção nestas condições e teremos como resultado a grande preocupação dos profissionais de manutenção com o desempenho em longo prazo dos sistemas de pintura anticorrosiva de equipamentos e estruturas de aço que operam nestes ambientes inóspitos. O substrato comumente encontrado em instalações costa afora e regiões costeiras é aço carbono preparado por hidrojateamento a uma ultra alta pressão devido à quase impossibilidade de se efetuar jateamento abrasivo em equipamentos que não podem parar. Apoiada por testes acelerados de laboratório, a International Paint, marca de revestimentos e tintas industriais de alta performance da divisão Marine & Protective Coatings da AkzoNobel, concluiu que os esquemas de pintura que apresentam melhor desempenho nestas condições são os à base de tintas epóxi

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Instituto Mauá

Excelência certificada O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) teve, recentemente, mais um credenciamento pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Dessa vez, foi a Divisão de Motores e Veículos do Centro de Pesquisas da Mauá que, com mais de 20 anos de experiência na área de motores de combustão, está formalmente apta a realizar Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de energia. Com o credenciamento, essa Divisão da Mauá está habilitada a obter recursos da Petrobras para o financiamento de projetos de pesquisas tecnológicas. De acordo com o gerente da qualidade da Divisão de Motores e Veículos do Centro de Pesquisas da Mauá, engenheiro Cláudio Luiz Foltran Rodrigues, o credenciamento representa mais um objetivo alcançado pela Divisão para agregar mais qualidade aos inúmeros serviços prestados e ampliar aind a mais seus projetos na área de motores. “Com esta conquista, poderemos efetuar pesquisas tecnológicas, na área de atuação da Divisão de Motores e Veículos, em conjunto com as concessionárias, que realizam prospecção em campos de petróleo e gás natural no território nacional, para desenvolver produtos ou soluções na área energética”, afirma. Os serviços credenciados referem-se basicamente a pesquisas e desenvolvimento de motores de combustão e seus componentes em bancos dinamométricos, desenvolvimento de equipamentos de motores a pistão para biocombustíveis e outros combustíveis alternativos, além de avaliações do desempenho de veículos automotores e seus componentes. A busca do credenciamento pela ANP surgiu quando a própria Petrobras procurou a instituição para realizar o desenvolvimento de combustíveis. “Em

Foto: Divulgação

Instituto Mauá tem o quarto laboratório credenciado pela ANP Pesquisa & Desenvolvimento – A Mauá possui outros três laboratórios credenciados pela ANP, cada um aprovado para serviços específicos: o Laboratório de Engenharia Química e Alimentos e o Laboratório de Micro-ondas são certificados em serviços tecnológicos para o desenvolvimento de produtos e processos, respectivamente para as áreas de energia e refino. Já o Laboratório de Engenharia Bioquímica também está habilitado para atuar na área de energia, mas, além disso, poderá realizar serviços voltados para o desenvolvimento de produtos e processos para monitoração, manejo e conservação do meio ambiente.

50 anos de geração de conhecimento função dessa consulta, verificamos que iríamos necessitar de um investimento inicial para a execução do projeto, e os recursos para o desenvolvimento em pesquisas só poderiam ser liberados pela Agência após o credenciamento”, relembra o gerente. Após meses com uma série de avaliações técnicas e auditorias, a Divisão está formalmente apta a desenvolver projetos de pesquisa para a Petrobras – desde que estejam de acordo com seus interesses tecnológicos e com a qualidade técnica exigida –, podendo vir a financiar totalmente o desenvolvimento dessas pesquisas. Depois de obter o credenciamento, a Divisão volta suas atenções para projetos que contribuam para o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional de gás, petróleo e biocombustíveis e já está acertando os detalhes para a realização de uma pesquisa tecnológica com combustíveis ‘alternativos’ para a Petrobras. “Estamos em negociações com a estatal para a realização de pesquisas na área de combustíveis. As conversas já estão adiantadas e em breve teremos boas notícias”, pontua Rodrigues.

O Instituto Mauá de Tecnologia é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é promover o ensino técnico-científico, visando a formação de recursos humanos altamente qualificados, que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico do país. Fundado em dezembro de 1961, o IMT, com campi em São Paulo e São Caetano do Sul, mantém duas unidades: Centro Universitário e Centro de Pesquisas. O Centro Universitário oferece cursos de graduação em Administração, Design do Produto e Engenharia, além de cursos superiores de tecnologia em Gestão Ambiental e em Gestão da Tecnologia da Informação. Na pós-graduação são oferecidos cursos de aperfeiçoamento, especialização e MBA nas áreas de Administração, Gestão e Engenharia, e desenvolve-se um programa de mestrado em processos químicos e bioquímicos. O Centro de Pesquisas dispõe de um quadro de técnicos e engenheiros e, há mais de 40 anos, desenvolve tecnologia para atendimento de necessidades da indústria, além de proporcionar estágios aos alunos do Centro Universitário, que assim complementam sua formação profissional.

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produtos e serviços

Expansão de aço

Neolider

O crescimento dos mercados de aço inox e de aço carbono está dando impulso a novas estratégias expansionistas. Depois de passar dois anos reavaliando sua posição no mercado e seus novos rumos, a empresa Inoxforte, no mercado de aço inox e aço carbono há quase 30 anos, iniciou o ano passado com planos ambiciosos. Uniu-se a outro grande concorrente, a Inbranox, dando origem à Neolider, que surge posicionada entre as dez maiores empresas de aço carbono e aço inox do país. Com um faturamento de R$ 200 milhões e muito apetite para alcançar a liderança absoluta do setor, a empresa iniciará este ano a construção de um moderno centro de distribuição de 111 mil m² em uma área estratégica de São Paulo, próxima ao rodoanel. “A nova estrutura facilitará não somente a distribuição interna dos produtos manufaturados, como perfis, tubos, chapas, barras e conexões de aço carbono e aço inox, mas também a logística de importação, uma vez que se encontra a 30 minutos do porto de Santos”, diz Antonio Carlos Ferreira (foto), presidente da Neolider. Atualmente, a empresa dispõe de uma central de 45 mil m² no município paulista de São Bernardo do Campo, às margens da rodovia dos Imigrantes, além de uma planta de 8 mil m² próxima ao Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, e uma no Recife, de 3 mil m². “O Nordeste cresceu muito no ano passado, algo em torno de 7,5%, sobretudo por conta da indústria petroquímica. Já o Sudeste registrou alta de 4,5% e agora estamos ainda mais preparados para atender às demandas”, afirma o executivo. Finalizada no último mês de fevereiro, a consolidação das estruturas física e humana da empresa, que agora conta com 300 funcionários, sendo 70 somente da

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Foto: Cortesia Neolider

Com faturamento de R$ 200 milhões e meta de crescer 15% em volume de transações em 2010, a Neolider anuncia startup para disputar mercado de aço inox e aço carbono.

equipe comercial, trouxe como principais benefícios a redução de custo operacional, atendimento especializado e mais inteligência e agilidade na logística. E, segundo o presidente da empresa, outras novidades virão por aí. “Em breve, lançaremos um diferencial estratégico e exclusivo no mercado, que garantirá aos nossos clientes um nível ainda maior de satisfação”, garante.

Combustível do desenvolvimento – Considerado estratégico para a economia e o desenvolvimento do Brasil, o aço é utilizado na cadeia de processos produtivos de diversas indústrias de base. No setor de papel e celulose, por exemplo, no qual o país vem registrando bom nível de produtividade e, no mundo, já ocupa o sétimo lugar entre os maiores produtores desta comoditie, sendo o primeiro em celulose de fibra curta, o aço está presente em todas as fases de produção, proporcionando alta resistência mecânica e química, além de contribuir para elevar a produtividade nas indústrias. Na área de medicamentos, na qual o Brasil se posiciona como um dos cinco maiores consumidores do mundo, a utilização do aço inox contribui de forma abrangente, pois não permite nenhum tipo de contaminação, favorecendo assim a melhor relação custo/benefício. Em razão da versatilidade do mercado siderúrgico, o aço está presente, ainda, nos setores automotivo, da construção civil, engenharia, equipamentos e outros. O Brasil é uma das principais potências mundiais em minério, além de ser dono de uma das maiores reservas desse produto, fundamental para o desenvolvimento interno de sua economia. Com forte atuação nos estados de São Paulo, Pernambuco e Bahia, a Neolider faturou R$ 200 milhões em 2009, apostando na expansão de suas atividades nos mercados do Sudeste e Nordeste, onde cresceu 4,5% e 7,5%, respectivamente. A companhia é uma das maiores empresas de aço carbono e aço inox do país, focada na distribuição de produtos manufaturados, como tubos, chapas, barras e conexões de aço carbono e aço inox, utilizados em diversas aplicações das indústrias química e siderúrgica.


Contrato inédito

Protubo fecha contrato de quatro anos com a Cameron para fornecimento de produtos e serviços, incluindo o cladeamento, tecnologia inédita no Brasil A Protubo finalizou com êxito a negociação de um contrato de quatro anos com a Cameron para fornecimento de matéria-prima (tubos), serviço de cladeamento e fabricação de curvas para atender, inicialmente, ao projeto denominado ANM Global, que tem uma encomenda da Petrobras de 138 árvores de natal molhada (ANM). A Cameron assinou com a Petrobras em setembro de 2009 um contrato no valor de US$ 480 milhões para o fornecimento dessas peças. “Este contrato nos enche de orgulho e responsabilidade, pois se trata do primeiro em que efetuaremos o cladeamento dos tubos nas instalações da Protubo com a tecnologia Cladtek, produzido e inspecionado por brasileiros”, explica o diretor de operações e planejamento, Carlos Tavares. O cladeamento, que é uma tecnologia inédita no Brasil, consiste no revestimento de tubos de aço com ligas metálicas resistentes à corrosão.

O executivo informou que a Cameron efetuou uma auditoria técnica aprovando os processos e as instalações da empresa. “Atualmente, estamos na fase de compra dos tubos para atender este grande projeto que esperamos seja o primeiro de muitos nesta nova modalidade de fornecimento”, finaliza. Tal fornecimento da Cameron corresponde ao primeiro de três lotes colocados em concorrência pela Petrobras, totalizando 306 ANMs. A fase das qualificações ocorreu no final de junho, quando a Protubo havia qualificado o seu primeiro EPS (Especificação de Procedimento de Soldagem) para revestimento de tubos por soldagem com Inconel (Weld Cladding Overlay). “O EPS foi criado e qualificado para atender o nosso cliente Cameron, em seu contra-

Fotos: Kita Pedroza

Protubo

to com a Petrobras. O EPS qualificou a faixa de metal de base entre API 5L Gr. B e API 5L Gr. X52, espessura nominal a partir 15,88 e diâmetro a partir de 5”, para aplicação de Inconel 625”, explica o engenheiro Eduardo Menezes, coordenador da Engenharia da Qualidade. “Também tivemos sucesso na qualificação de seis operadores, depois de um longo treinamento que incluiu aulas práticas e teóricas sobre o processo de soldagem e ainda aulas de inglês.”

ADP Expert

Controle de embarcados

Novo módulo da ADP Expert atende à demanda das empresas do segmento offshore

Os usuários da solução ADP Expert que atuam no setor offshore contam agora com mais uma funcionalidade. Trata-se do Controle de Embarcados, novo módulo que permite ao departamento de Recursos Humanos administrar com mais precisão e agilidade o embarque e desembarque de funcionários que trabalham nas operações em alto-mar. Com o uso da inovadora ferramenta, parametrizada com exclusividade pela ADP – um dos maiores fornecedores de serviços de recursos humanos do mundo, com 60 anos de experiência, – é possível, por meio do registro das datas de embarque e desembarque, contabilizar automaticamente os dias de trabalho e de folga de cada empregado, de forma a gerar subsídios para o cálculo da folha de pagamento.

A ferramenta dispõe de outros recursos referentes à movimentação da força de trabalho, como o registro da transferência do funcionário de uma embarcação para outra e alerta para desembarque de empregado com período de férias vencido. A integração com outro módulo do ADP Expert, o WebReport, permite ao usuário gerar relatórios por movimentações de embarque e desembarque, tipo de movimentação e tipo de embarcação. “O Controle de Embarcados é resultado da constante preocupação da ADP em desenvolver ferramentas que atendam às demandas específicas de nossos clientes.

Cada setor da economia tem sua peculiaridade e nossas soluções devem sempre ir ao encontro dessas necessidades, contribuindo efetivamente para a gestão dos recursos humanos”, declara Daniel de Abreu, diretor de Tecnologia e Produtos da ADP (Automatic Data Processing, Inc.), presente no Brasil desde 1966. Sediada em Nova Jersey (EUA), a empresa atende a cerca de 570 mil organizações em mais de 50 países e, por meio de suas soluções, perto de 31 milhões de pessoas recebem seus salários. A companhia emprega 45 mil funcionários e é líder de mercado na América do Norte, Europa, América Latina e países da costa do Pacífico. Também é uma das poucas empresas americanas a receber a classificação AAA da Standard & Poor’s e da Moody’s. Seu faturamento no ano fiscal de 2009 foi de quase US$ 9 bilhões.

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produtos e serviços

PhDsoft

Solução preventiva Estudos mostram que, tal como aconteceu com a plataforma americana Deepwater Horizon, mais de 50% dos acidentes ocorridos em instalações offshore fixas são causados por incêndio (33%) e explosão (28%) (Ver Mendes, F.M., “Uma metodologia para análise computacional de incêndios em instalações offshore”, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coppe). Falhas estruturais nas plataformas, decorrentes de problemas na manutenção, são muitas vezes as causas iniciais de incêndios e explosões que podem ser evitadas por uma tecnologia desenvolvida no Brasil. O C4D, software desenvolvido pela PhDsoft, disponibiliza uma nova tecnologia aplicada à gestão de integridade, e permite visualizar a estrutura de plataformas offshore e acompanhar o histórico dos reparos realizados e fazer projeções de degradação e reparos com base nas inspeções efetuadas ao longo do tempo, reduzindo custos e riscos de acidentes como o ocorrido na plataforma operada pela BP. “Falhas estruturais são responsáveis por grande parte dos megavazamentos de petróleo e o uso do C4D permite que a manutenção preventiva seja eficaz, e que a estrutura não chegue a apresentar problemas que levem a desastres como o do Golfo do México, ou ainda como a que causou a poluição da costa da França e Espanha há alguns anos”, diz Duperron Marangon, CEO da PhDsoft. Controle – Ao permitir o acompanhamento da integridade do ativo através de informações reunidas em um único modelo numérico, o C4D desenvolveu um novo conceito para controle, que

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Foto: Cortesia TransOcean

Tecnologia brasileira pode reduzir riscos de acidentes com a plataforma Deepwater Horizon

vem sendo aperfeiçoado há 15 anos em parceria com a Petrobras e Transpetro. Na Deepwater Horizon, as primeiras investigações apontam que o acidente foi provocado exatamente por falta de controle no processo de documentação da manutenção. O C4D reúne informações como localização e a data das degradações observadas e dos reparos executados, bem como apresenta a simulação de sua progressão e, assim, torna possível avaliar, ao longo dos anos, a qualidade e as consequências de serviços realizados e a adequação dos procedimentos e materiais aplicados. Sem o uso do C4D, estes dados estariam dispersos em um número muito grande de planos, croquis e relatórios em papel. Simulador – Em outra frente de atuação que também poderia ter ajudado a evitar o acidente com a Deepwater Horizon, a PhDsoft foi responsável pela construção do simulador de lastro e plataformas de petróleo MPMS (Multi Purpose Marine Simulator), único no Brasil, em uma joint venture com a escocesa Pisys, ficando também responsável pela manutenção e assistência técnica.

Com 12 toneladas, o MPMS reproduz, com exatidão, a cabine de comando de uma plataforma de petróleo, e simula os movimentos e ruídos de inúmeras situações, desde ações cotidianas como a limpeza de um tanque até acidentes e operações emergenciais, como no caso ocorrido no Golfo do México. Centenas de funcionários já participaram do treinamento que dura uma semana. Em geral, a turma é dividida em dois grupos e enquanto uns estão dentro do simulador, os outros ficam na sala de observação, acompanhando o desempenho e analisando as estratégias e ações tomadas frente aos comandos dos instrutores. Instalado no Núcleo de Treinamento Offshore (NTO) Engenheiro Nelson Stavale Malheiro, no Centro de Tecnologia Euvaldo Lodi, do Senai-RJ, o MPMS é fruto de um acordo entre o Sistema Firjan com a Aset (Aberdeen Skills and Enterprise Training Limited), instituição escocesa de treinamento especializado para as indústrias de petróleo, gás e naval, entre outras.


Senai-RJ – Núcleo de Treinamento Offshore

Treinamento de excelência Fotos: Geraldo Viola

Núcleo de Treinamento Offshore completa três anos e se destaca no apoio e qualificação de profissionais do setor de petróleo e gás.

Para aTender ÀS neceSSidadeS das empresas de petróleo e gás no Brasil, o Serviço nacional de aprendizado industrial (Senai), em parceria com a Petrobras, inaugurou há três anos o núcleo de Treinamento offshore (nTo). além da parceria com a Petrobras, o projeto conta com a participação da aset (aberdeen Skills & enterprise Training), importante centro de treinamento, localizado em aberdeen, na escócia, e a empresa de Ti Pisys, responsável pela transferência de tecnologia e o know-how para o desenvolvimento dos treinamentos. com uma área de 650 m², o nTo está instalado no centro de Tecnologia euvaldo Lodi, no rio de janeiro, e possui três importantes e modernos simuladores, nos quais técnicos, engenheiros e gerentes de operação offshore podem realizar treinamentos de situações cotidianas à área. as três áreas de treinamento vêm assegurando a melhoria na qualidade do serviço prestado pelas empresas que

estão no país, além de baratear o custo desse curso, que sempre foi feito fora – sendo que os instrutores são treinados em aberdeen. o primeiro simulador que se vê na entrada do nTo é o MPMS (Multi Purpose Maritime Simulador), um Simulador Marítimo Multifuncional que permite testar a estabilidade de uma plataforma e todos os contratempos que podem nela acontecer. Para se ter uma ideia do que representa este aparelho para a indústria offshore brasileira, só existem dois desses no mundo – o outro fica na escócia. dos quatro simuladores similares no mundo, o centro de Treinamento em atmosferas explosivas (centro ex), do núcleo de Treinamento offshore, é o mais moderno. alinhado com as normas e programas de Segurança, Meio ambiente e Saúde (SMS) das empresas e de normas internacionais, o local oferece cursos de treinamento para instalação, manutenção e inspeção de equipamentos elétricos e de instrumen-

tação em áreas classificadas, ou seja, com possibilidade de explosões. o grande objetivo é capacitar os profissionais das plataformas de petróleo, para que estejam preparados para enfrentar possíveis problemas que possam acontecer em alto-mar, já que são locais com alto risco devido ao óleo e o gás, produtos inflamáveis. já o simulador de processo ambtrei tem foco no treinamento individual do profissional, que irá solucionar problemas de operação da planta, como o processamento do petróleo e a separação de óleo e gás. exatamente como um centro de controle de plataformas, o sucesso do simulador foi tanto, que desde a plataforma P-43 os centros de comando possuem as mesmas características do ambtrei. além de funcionar como um centro de referência de treinamento no setor offshore, o nTo é também um local de reciclagem dos funcionários, não apenas da Petrobras, como de outras empresas. a estatal brasileira tem contrato de sete anos renováveis por mais sete para os simuladores MPMS e ambtrei e de cinco anos e meio para o centro ex. Segundo Guilherme Garcia, coordenador do núcleo de petróleo do núcleo de Treinamento offshore, há a previsão da chegada de um novo simulador, de software, em agosto.

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produtos e serviços

Renner Herrmann

Tintas de alta performance Especializada em desenvolvimento e produção de tintas de alta performance para manutenção industrial e marítima, a Renner Protective Coatings apresenta tecnologia de ponta voltada para a produção de torres eólicas durante a All About Energy, realizada em Fortaleza entre os dias 30 de junho e 2 de julho. Com conceito inovador e sistema de secagem rápida, os produtos da linha Eólicas oferecem, além de alto nível de proteção anticorrosiva, possibilidade de finalização do trabalho em até oito ou 11horas. Com isso, proporciona otimização de custos e prazos mais curtos para a disponibilização do equipamento. Durante a feira, uma equipe técnica especializada neste mercado estará disponível para apresentar soluções compatíveis e personalizadas para cada tipo específico de projeto. Produtos – O Rezinc PEZ 870 é um primer epóxi rico em zinco que oferece elevado

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

A Renner Protective Coatings, empresa do grupo Renner Herrmann, apresenta produtos direcionados à otimização da produção e proteção anticorrosiva de torres eólicas na feira All About Energy, em Fortaleza (CE).

grau de proteção catódica. É indicado para as partes interna e externa de estruturas e de outros equipamentos que necessitam alta proteção anticorrosiva. Possui rápida secagem, o que permite dar continuidade ao trabalho com outras demãos de produtos e manuseio em menor prazo. Para a demão intermediária, a Renner Protective Coatings recomenda o Oxibar DFC 707 ou o Oxibar PFC 533. O Oxibar DFC 707 é um epóxi dupla função de alta espessura formulado

com fosfato de zinco de rápida secagem e acabamento semibrilho, recomendado para finalizar o sistema interno das torres. O Oxibar PFC 533 é um epóxi de alta espessura que contém fosfato de zinco e óxido de ferro micáceo na sua formulação. Para uma proteção completa, recomenda-se o Rethane FHS 651, que é um poliuretano de altíssima durabilidade e excelente retenção de brilho e cor, indicado para o acabamento da parte externa de estruturas, já que também possui alta resistência à abrasão. Além destes produtos atenderem às normas ISO 12944, possuem diferenciais exclusivos da marca Renner Protective Coatings – referência internacional na produção de anticorrosivos e tintas de manutenção. Em um processo tradicional de preparo destas torres, a aplicação de tintas e anticorrosivos pode demorar alguns dias. Com o sistema de pintura sugerido, este trabalho pode ser finalizado em até 11 horas com o uso do Oxibar DFC 707, e oito horas com o uso do Oxibar PFC 533, minimizando custos de estocagem e secagem. Desta forma, disponibiliza o equipamento em um curtíssimo prazo de tempo.

Romi

A Romi, empresa brasileira do setor de máquinas-ferramenta e máquinas para processamento de plásticos, acaba de atingir a marca de 150 mil máquinas produzidas nas suas unidades fabris. Para comemorar o fato, a empresa, que este ano completa 80 anos de atuação, realizou evento na Unidade Fabril 16, em Santa Bárbara d’Oeste, para a entrega simbólica do equipamento. Trata-se de um Centro de Usinagem Vertical Romi D 800, entregue na presença de diretores e colaboradores, aos representantes da empresa ZHS Indústria e Comércio Ltda, compradora, bem como do BNDES, que financiou a compra do equipamento. Durante a cerimônia, o diretor-presidente da Romi, Livaldo Aguiar dos Santos, destacou que “o crescimento

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Foto: Divulgação

Romi atinge a marca de 150 mil máquinas produzidas

da Romi está diretamente relacionado a um sólido e ético conjunto de valores, baseado em princípios empresariais que se aliam à criatividade e à inovação para formar conceitos fundamentais que regem nosso dia a dia”. Santos ressalta ainda a importância das pessoas, que, como fonte constante de geração de ideias, motivam investimentos permanentes em capacitação, treinamento e qualificação profissional.

“Nestes 80 anos, passaram pela Romi mais de 25 mil colaboradores, muitos dos quais com 30, 40 e 50 anos de dedicação, e hoje nos transformamos em 2.800 colaboradores, atuando no Brasil, Itália, Alemanha, Inglaterra, França, Espanha e Estados Unidos, compartilhando uma única cultura voltada para a inovação e qualidade”, completa Santos. Presente no mercado internacional desde 1944, a Romi é a maior fabricante brasileira de máquinas-ferramenta (tornos e centros de usinagem) e máquinas para plásticos (injetoras e sopradoras). Suas instalações totalizam mais de 140 mil m² de área construída, distribuídos em nove plantas localizadas nas cidades de Santa Bárbara d’Oeste – sede da empresa –, Grugliasco e Pont Canavese, na região de Turim, Itália.


Rolls-Royce

modelo da Rolls Royce, Nova turbina a gás Novo que utiliza tecnologia de motores

aeronáuticos, proporciona mais benefícios operacionais devido à sua potência. a projetar que haverá um amplo suprimento de gás natural a preços razoáveis por um bom tempo. Aliado ao fato de que esse combustível emite menos dióxido de carbono do que outros combustíveis fósseis, isso significa que operadores de energia elétrica num ambiente com limitações de carbono deverão levar em consideração estações de geração que utilizem gás. A Rolls-Royce é um importante fornecedor da estatal brasileira Petrobras, particularmente no setor de petróleo e gás. Desde 2001, a Petrobrás encomendou 27 pacotes de geração de energia acionados por turbinas a gás RB211 para serviço offshore. Quando todos os 27 pacotes estiverem operacionais em 2010, os motores Rolls-Royce instalados nas plataformas estarão fornecendo energia para produzir mais de 40% de todo o petróleo no Brasil. Ilustração: Cortesia Rolls-Royce

A Rolls-Royce, empresa global de sistemas de energia, está lançando o mais recente modelo de sua família de turbinas industriais RB211, a H63. Trata-se de uma turbina de 44MW que gerará pelo menos mais 30% de potência, de forma mais eficiente que os modelos anteriores. Desenvolvida e fabricada utilizando tecnologia dos motores aeronáuticos do Grupo, a H63 proporcionará significativos benefícios operacionais e ambientais para os clientes. A H63 dará a seus operadores 11MW de potência adicional, maior eficiência quanto a combustível e flexibilidade operacional. Combinadas, essas três características gerarão para seus proprietários um lucro de US$ 2 milhões, proveniente da renda adicional de US$ 7 milhões derivada da maior geração. Além disto, a H63 fornecerá mais potência e benefícios para os clientes, tanto na geração de energia elétrica quanto na indústria de petróleo e gás, permitindo melhorias que incluem um aumento da potência acima de 13%. Anunciando o novo desenvolvimento na feira e conferência Power-Gen Europe, em Amsterdam, Steve Richards, diretor do Produto RB211 da Rolls-Royce, declarou: “O RB211-H63 integra a confiabilidade e robustez de nossas atuais turbinas a gás RB211 com a comprovada tecnologia dos motores aeronáuticos Rolls-Royce Trent para criar a próxima evolução da família de turbinas industriais a gás RB211. Combinando as melhores características dos motores RB211 e Trent, podemos entregar um motor projetado para operação confiável, facilidade de manutenção e instalação rápida, que ao mesmo tempo possui maiores níveis de eficiência e potência.” E acrescentou: “Com versões do RB211 agora disponíveis numa faixa de potência de 29MW a possíveis 50MW e modelos industriais do Trent gerando de 51MW a 64MW em ciclo simples e até 107MW em ciclo combinado, a Rolls-Royce dispõe de uma ampla linha de turbinas a gás de alta eficiência para atender aos requisitos operacionais dos clientes em situações de pico ou de carga básica normal.” Os recentes avanços na produção de gás natural levam a maioria dos analistas

Maior potência – Ocupando o mesmo espaço dos modelos atuais RB211-GT61 e RB211-G62, a nova turbina a gás, quando operando com o sistema de combustão tipo Wet Low Emissions (WLE), terá uma potência de 44MW em condições ISO, o que representa um aumento de 11 MW. Usando um sistema Dry Low Emissions (DLE), a potência é de 38MW. Combine-se a isso uma nova turbina RT63 de alta velocidade e alta eficiência, e os operadores se beneficiarão de uma turbina a gás com eficiência de 41,5% em ciclo simples, a melhor na faixa de potência de 35MW a 45MW. Introduzindo a tecnologia do comprovado Trent aeronáutico, a H63 tem a capacidade de melhoramentos adicionais, incluindo aumento de até 13% na potência. O melhor desempenho desse motor é tornado possível pelo uso da engenharia comprovada do RB211 somado à tecnologia do Trent 60. Essa tecnologia inclui pás de

rotor da turbina de alta pressão e stators e rotores do compressor intermediário. Para aplicações de acionamento mecânico, a Rolls-Royce está também desenvolvendo um novo compressor de gasodutos de alta velocidade, com pressão máxima de 3.220 psig. O RFBB-30 será capaz de abrigar até cinco estágios com uma eficiência de 88%, e será combinado com a nova turbina RT63. A nova turbina a gás H63 chegará ao estágio de carga total em dez minutos a partir de uma partida a frio, e será capaz de mudar de combustível líquido para gás e vice-versa em todos os níveis de potência, sem qualquer interrupção na carga. Além disso, seu baixo peso, projeto compacto e pequeno espaço ocupado a tornam uma máquina ideal para estruturas offshore como embarcações FPSO (Floating Production, Storage and Offloading), nas quais pode ser usada para aplicações tanto de geração de energia como de acionamento mecânico. O gerador de gás do RB211-H63 está sendo desenvolvido por engenheiros da Rolls-Royce em Montreal (Canadá), Mount Vernon (Ohio, EUA) e no Reino Unido, em Ansty, próximo a Coventry. A montagem final e os ensaios do primeiro motor acontecerão em Montreal, em novembro do ano corrente. O desenvolvimento da turbina RT63 de dois estágios está correndo em paralelo com o programa do motor. O pacote resultante será fabricado, montado e testado nas instalações da empresa em Mount Vernon (Ohio, EUA). Os ensaios do pacote deverão ser completados no início de 2011.

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produtos e serviços

Líder Aviação

Helicópteros para o pré-sal O início das operações está previsto para este mês. Este é o terceiro helicóptero de grande porte que compõe a frota própria da Líder, a maior da América Latina. O S-92 é o maior do segmento executivo, com quase 20 m de comprimento e capacidade para atender a 21 passageiros, incluindo dois pilotos e um comissário de bordo. Possui autonomia de voo de cinco horas, a melhor dentre os helicópteros da categoria. Seu valor de mercado é US$ 27 milhões. As aeronaves estão equipadas com aviônicos de última geração, que atendem às exigências específicas para operação em plataformas pré-sal. Em março deste ano, a empresa assinou contrato com a Petrobras para operação em plataformas do pré-sal, para operar com três Sikorsky S-92. As duas são parceiras desde 1972, quando houve o início dos trabalhos de suporte de óleo e gás (offshore) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A exploração do pré-sal apresenta exigências específicas, em função da distância das plataformas, principalmente as localizadas na Bacia de Santos. “Quando falamos sobre o alcance das aeronaves, as exigências nunca foram tão extremas, chegando até a 220 milhas náuticas (396 km). A Líder Aviação é a única empresa no Brasil, com infraestrutura implantada para viabilizar uma operação deste porte”, afirma o presidente da Líder, Eduardo Vaz. As operações se darão a partir do Aeroporto de Jacarepaguá, onde a Líder mantém o maior e mais bem equipado hangar do estado do Rio de Janeiro, capaz de acomodar até seis helicópteros S-92 conjuntamente, proporcionando um ganho em produtividade e segurança único no mercado. Fundada em Belo Horizonte (MG) há 51 anos, a Líder Aviação é hoje a maior empresa de aviação executiva da América

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Fotos: Divulgação

A Líder Aviação acaba de receber mais dois helicópteros Sikorsky S-92, para operação em plataformas do pré-sal da Petrobras.

Latina. Com cerca de 1.600 colaboradores, ela está presente em 21 aeroportos em todo o país, com 23 hangares e 22 bases de atendimento aeroportuário. A empresa é líder de mercado em todos os segmentos em que atua, e possui uma frota de 53 helicópteros e 30 aviões. A companhia é a única da América Latina certificada com o IS-BAO International Standard for Business Aircraft Operations e foi ainda a primeira empresa no mundo a ser certificada com ISO 9001:2000 na área de atendimento aeroportuário. Possui cinco Unidades de Negócios: Operações de Helicópteros, Fretamento e Gerenciamento de Aeronaves, Manutenção de Aeronaves, Vendas de Aeronaves e Atendimento Aeroportuário; além de oferecer um completo portfólio de produtos e serviços, que inclui venda de seguros aeronáuticos e treinamento em simula-

dores de voo na empresa CAE Simuflite, e um Centro de Treinamento de Pilotos e Mecânicos. É representante exclusiva no Brasil da Hawker Beechcraft Corporation (HBC), líder mundial em fabricação, design, vendas e suporte de produtos e serviços para aviação executiva e missões especiais. Sediada em Wichita, Kansas (EUA), com 75 anos de experiência, possui uma rede mundial com mais de cem centros de serviços próprios e autorizados. Esta sólida parceria entre a Líder Aviação e a HBC oferece ao mercado brasileiro a mais completa e moderna linha de aeronaves executivas, com modelos a jato (Hawker 4000, Hawker 900XP, Hawker 750, Hawker 450XP, Hawker 400XP, Premier II e Premier IA), turboélices (King Air 350ER, King Air 350i, King Air B200GT e King Air C90GTx) e a pistão (Baron G58 e Bonanza G36).


Expansão de qualidade

Edra

A Edra, desde 1974, é pioneira na fabricação de materiais em plástico reforçado em fibra de vidro/PRFV. Investe na construção de uma nova unidade fabril com 6.000 m² numa área de total de 141.000 m² em Ipeúna/ SP; atualmente fabrica tubos e conexões para água, esgoto e produtos químicos, reservatórios, tanques de transporte para água e produtos químicos, estações de tratamento ETE/ ETA; peças especiais para estações de tratamento de afluentes; e tubos Pead. “Esta nova Unidade atenderá, dentro dos prazos estabelecidos, toda a demanda do mercado interno e externo” afirma o diretor comercial Ciro Zanatta. Com capacidade de fabricação de 1.200 km/ano de tubos, a Edra vem crescendo continuamente e investindo cerca de 12 milhões na nova unidade, para transformar, em média, 6.000 ton/ano de matériaprima; tem como objetivo atender as exigências do mercado sucroalcooleiro,

Fotos: Divulgação

Edra investe em nova unidade de fabricação de tubos

saneamento básico, industrias, plataformas e navios. Pioneira na fabricação de tubos, a empresa se destaca como a primeira

neste setor a adquirir a Certificação de Qualidade ISO 9001. As tubulações Edra são fabricadas conforme as Normas AWWA, ASTM, NBS e NBR, acompanhando com melhor custo-benefício, aliando qualidade, leveza, confiabilidade e tradição

American Bureau of Shipping – ABS

A Sociedade Classificadora ABS assinou um convênio com a Coppe (UFRJ), criando o Centro Brasileiro de Tecnologia Offshore. Em evento realizado no Rio de Janeiro, os representantes das duas entidades informaram que a pesquisa a ser desenvolvida será conduzida com o intuito de estudar uma gama variada de assuntos na área da indústria de óleo e gás. Engenheiros do ABS irão trabalhar em parceria com a indústria local, estudantes e pesquisadores da Universidade, bem como representantes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), e outras entidades de importância na indústria de óleo e gás. Com a criação deste Centro, a ABS se compromete na formação de estudantes e pós-graduandos de engenharia naval e no programa de

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

ABS e Coppe criam Centro Brasileiro de Tecnologia Offshore

engenharia oceânica por meio do custeio de bolsas de estudo e pesquisa no Brasil e, especificamente, financiando

alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro na pesquisa de engenharia para a área de energia.

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logística

Modalidades de transporte e escoamento de

óleos não convencionais A ocorrência de óleos não convencionais vem aumentando sensivelmente e caminha para a necessidade de maiores investimentos na exploração das jazidas e, consequentemente, para o desenvolvimento de novas tecnologias. Por mais que se tenham feito esforços para a produção de petróleo a mais de 2.000 m de profundidade, as empresas também precisam encontrar formas de aproveitar o óleo viscoso jacente.

E

xistem previsões econômicas de que, para o ano 2025, o óleo pesado seja a principal fonte de energia fóssil no mundo. A busca da sonhada autonomia no setor petrolífero no Brasil passa por encontrar métodos para explotar, produzir, transportar, escoar e refinar esses óleos. Para isso, é essencial entender que a maior dificuldade de manuseio e processamento dos óleos ultrapesados leve à necessidade de se estabelecer uma integração de ações e tecnologias, que vão desde a movimentação desses óleos no reservatório, transporte rumo à refinaria, e por fim seu tratamento e refino. O termo ‘ultrapesado’ ou ‘extrapesado’ é utilizado junto com o óleo pesado, embora seu uso não tenha tanta importância atualmente. O óleo ultrapesado é definido como tendo uma viscosidade maior de 10.000 cP e grau API abaixo de 10 (em média), ou seja, mais pesado que a água. Outra definição de óleo ultrapesado é a de uma mistura viscosa que ocorre naturalmente, rica em hidrocarbonetos de cadeia mais longa que o pentano, que pode conter compostos de enxofre e que, no estado natural não é recuperável numa taxa econômica pelo poço produtor. Este tipo de petróleo flui nas condições naturais de afloramento na superfície, à temperatura ambiente e sob pressão atmosférica (Trevisan, 2003).

Transporte de petróleo

Clenilson da Silva Sousa Junior é professor de Química Analítica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) e do Programa de Mobilização da Indústria do Petróleo e Gás (Prominp) dos cursos da área de Gestão da Qualidade. Especialista em Qualidade, é químico industrial (2005) pela Universidade Federal Fluminense (UFF); mestre em Ciências (2008); doutorando do Programa de Pós-graduação em Processos Químicos e Bioquímicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Os campos petrolíferos, por serem localizados distantes dos terminais e refinarias de óleo e gás, tornam necessário o transporte da produção por meio de embarcações, caminhões, trem e tubulações (oleodutos e gasodutos). Desse modo, o transporte do óleo cru se torna um aspecto fundamental da indústria do petróleo e exige um grande investimento financeiro e tecnológico do setor. No Brasil, o transporte e a logística de óleo, gás e derivados é feito pela Petrobras Transporte S/A (Transpetro), que atua desde o armazenamento até o transporte marítimo e dutoviário. Atualmente existem no país 47 terminais e cerca de 11,5 mil km de dutos (oleodutos e gasodutos) que são administrados pela Transpetro (Transpetro, 2008). Modal hidroviário – Entende-se por transporte hidroviário ou aquaviário aquele que se utiliza de uma via aquática para a navegação, seja essa interior, costeira (cabotagem) ou destinada a percursos de longo curso cruzando os oceanos.


Classificação

Quantidade

Navios aliviadores, para escoamento da produção de petróleo em alto-mar

09

Navios para o transporte de petróleo e produtos escuros

10

Navios para produtos escuros e claros (óleo diesel e gasolina)

07

Navios para produtos

18

Navios gaseiros, para transporte de gás liquefeito de petróleo

06

Unidade flutuante de transferência e estocagem de petróleo

01

Embarcação de apoio marítimo

01

Total

52 Fonte: Transpetro, 2008.

O transporte de cabotagem é realizado pelas embarcações ao longo da faixa costeira. É comum para o transporte de petróleo e derivados a utilização de navios de grande capacidade, conhecidos como naviostanque, chegando a transportar cargas de 35, 45, 60 e até 90 mil toneladas. Um navio-tanque ou petroleiro é um tipo particular de graneleiro, utilizado para o transporte de petróleo bruto e derivados. O navio-tanque pode movimentar em uma única operação grandes quantidades de derivados e óleo bruto, o que faz com que o custo do metro cúbico

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

Foto: Agência Petrobras

Foto: Agência Petrobras

Tabela 1 – Distribuição da frota marítima utilizada no transporte de petróleo e derivados no Brasil

transportado seja bem inferior ao dos demais tipos de transporte (ferroviário, rodoviário e dutoviários). Quando se fala em um petroleiro de 500 mil toneladas, tem-se a falsa ideia de que essa embarcação tenha esse peso. No entanto tal indicação refere-se ao porte, ao peso máximo de carga que o navio suporta antes de ser posta em risco a sua flutuabilidade. O peso em si do navio é determinado, entre os profissionais, por deslocamento, uma vez que, segundo o princípio de Arquimedes, qualquer corpo imerso em água desloca um volume de água correspondente ao seu próprio peso. A maioria dos petroleiros de grande porte é incapaz de atracar em portos convencionais, tendo que utilizar terminais específicos construídos em alto-mar ou efetuar transferências para navios menores, denominados lifters. Atualmente, a frota brasileira é composta por 52 navios, de acordo com a Tabela 1. Modal ferroviário – Dentre as características do transporte ferroviário, destaca-se a capacidade para a movimentação de grandes volumes com elevada eficiência energética, principalmente a médias e grandes distâncias. Além disso, quando comparado ao transporte rodoviário, apresenta maior segurança, registrando menor índice de acidentes, e também de furtos e roubos (ANTT, 2003). De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT, 2008), a malha ferroviária brasileira, composta de 29,7 mil km de extensão, é a maior da América Latina em termos de carga transportada, chegando a 162,2 bilhões de toneladas. No ano de 2000, havia um total de 15 ferrovias operando e, em 2002, somavam apenas 11. Ao longo dos anos, a maior atuação das ferrovias no transporte de derivados de petróleo tem sido nas regiões Sul (ALL), Sudeste (Ferroban e FCA), Nordeste (FCA) e Centro-Oeste (FCA). Em 2002, TN Petróleo 72

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logística

Figura 1 – Número de oleodutos no Brasil, por décadas Número de oleodutos

50 45 40 35 30 25

47

20

36

15 19

10 5 0 Ano

9

10

50

60

10 70

80

90

2000

Figura 2 – Evolução do transporte via oleodutos nos anos de 2001 a 2007 Mil ton

253.879

251.257

249.053

255 250

240.613

240.143

245 240 235

228.406

230 221.212

225 220 215 210 205 200

Ano 2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Fonte: Agência Nacional de Transportes Terrestres, 2009.

a maior quantidade de derivados de petróleo transportada por ferrovias foi por meio da ALL, que atende a região Sul do país. Modal dutoviário – A estrutura de abastecimento de petróleo e derivados interliga através de várias modalidades de transporte três pontos distintos: fontes de produção, refinarias e centros de consumo. Destes três pontos apenas as refinarias podem ter a sua posição definida por estudos estratégicos. Os oleodutos tornaram-se um meio de transporte preferencial tanto para atender ao abastecimento das refinarias como suprir a necessidade dos grandes centros consumidores. Dentre os meios de transporte terrestre, rodoviário, ferroviário e dutoviário, têm-se este último como o mais econômico para grandes volumes e de alta eficiência energética, pois somente a carga se move (Ribeiro et al., 1996). Duto é a designação genérica de instalação constituída por tubos ligados entre si, destinada à movimentação de petróleo e seus derivados (oleodutos), e gás natural (gasodutos). Quando um oleoduto é utilizado para transporte de diversos tipos de produtos ele também pode ser chamado de poliduto (ANP, 2004). A capacidade de transporte dos oleodutos varia e depende do diâmetro do tubo, que oscila entre 10 cm e 104

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um metro. Os oleodutos de petróleo cru comunicam os depósitos de armazenamento dos campos de extração com os depósitos litorais ou, diretamente, com os depósitos das refinarias. Os dutos são considerados um dos meios de transporte de petróleo e derivados mais seguros do mundo, levando o petróleo aos navios petroleiros, terminais e refinarias. Podem ser classificados como dutos de transferência ou transporte de acordo com a função desempenhada nas operações. Sendo assim, dutos de transporte têm vários clientes como destino, e dutos de transferência interessam somente a uma mesma entidade, ou, eventualmente, a duas entidades distintas (Da Silva, 2004). Os dutos de escuros, principalmente de petróleo, são em geral de bitolas (diâmetros) maiores, devido a alta viscosidade destes produtos, ao fato de quase sempre interligarem terminais diretamente a refinarias, tendo um fluxo bastante grande e constante. Alguns dutos de petróleo chegam a ser aquecidos para diminuir a viscosidade e minimizar a deposição de parafina (integrante do petróleo) em sua parede interna. Na atualidade há no mundo mais de 1.500.000 km de dutos dedicados ao transporte de cru e de produtos acabados, dos quais 70% são usados para gás natural, 20% para cru e os 10% restantes para produtos acabados (Opep, 2005). Segundo Mingueis et al. (2006), os Estados Unidos têm a rede mais densa de oleodutos no mundo. Na Europa existem cinco grandes linhas de transporte de petróleo que, partindo dos terminais marinhos de Trieste e Gênova no litoral norte da Itália, Lavera no litoral sul da França, Rotterdam na Holanda (Países Baixos) e Wilhelnshaven na costa da Alemanha, levam o petróleo às refinarias do interior. Esta rede é de 3.700 km, uma extensão pequena se comparada aos 5.500 km do oleoduto da Amizade que parte da bacia do Volga-Urales (600 km para o leste de Moscou) e que fornece petróleo para a Polônia, Alemanha, Hungria e outros países da Europa central.

Malha dutoviária brasileira No Brasil, a primeira linha de que se tem registro foi construída na Bahia, com diâmetro de 5 cm e 1 km de extensão, ligando a Refinaria Experimental de Aratu ao Porto de Santa Luzia e que recebia o petróleo dos saveiros-tanques vindos dos campos de Itaparica e Joanes, com início de operação em maio de 1942. A história oficial dos oleodutos no Brasil teve seu início com o Conselho Nacional do Petróleo, que, em 1946, teve a atribuição de analisar o projeto dos oleodutos entre as cidades de Santos e São Paulo, com possibilidade de seguir até Campinas. Em outubro de 1953, com a edição da Lei 2.004, a criação da Petrobras foi autorizada pela União com o objetivo de executar as atividades do setor de petróleo no Brasil. A partir des-


modalidades de transporte e escoamento de óleos não convencionais

Ilustração: Agência Petrobras

Figura 3 – Presença da Petrobras no Brasil e América do Sul

sa data, toda atividade de movimentação de petróleo e derivados ficou a cargo desta empresa. Na década de 60, entrou em operação o primeiro duto de grande extensão no país, o oleoduto Rio/Belo Horizonte, transferindo produtos refinados provenientes da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) para Belo Horizonte, com diâmetro de 18” e 365 km de extensão. A década de 70, período do chamado “milagre brasileiro” no âmbito da economia, caracterizou-se pela execução de importantes obras na área de dutos, dentre as quais a construção dos oleodutos São Sebastião/Paulínia, São Sebastião/Guararema/Paulínia, Paulínia/Barueri e Guararema/São José dos Campos, além do oleoduto Angra dos Reis/Caxias. Uma grande obra da década foi a do oleoduto São Sebastião/ Paulínia, com diâmetro de 24” e 226 km de extensão. O oleoduto Opasa, responsável pelo escoamento

dos derivados da Refinaria de Paulínia (Replan) para a Grande São Paulo entrou em funcionamento em 1972 (Petrobras, 2007). A década de 1980 caracterizou-se pela construção de um grande número de gasodutos, ampliando o aproveitamento do gás natural produzido no Espírito Santo e principalmente na Bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro. Em 1986 entrou em operação o gasoduto Guamaré/Cabo, denominado “Nordestão”, com um diâmetro de 12”, e uma extensão de 423 km, suprindo os estados da Paraíba e de Pernambuco de gás produzido no Rio Grande do Norte. Nos anos 90, os rápidos avanços de informática deram um grande impulso nos sistemas de controle e de aquisição de dados nos oleodutos e gasodutos, tais como o sistema Scada (Supervisory Control and Data Aquisition), permitindo o acompanhamento e a superTN Petróleo 72

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logística

visão das operações em tempo real. Nos projetos dos novos dutos, foram utilizados ainda outros equipamentos e sistemas avançados da informática como o GPS (Global Positioning System) e o GIS (Geographic Information System), permitindo levantamentos e mapeamentos com a ajuda de satélites. Na Figura 1, é possível observar que 121 oleodutos iniciaram operação nas décadas de 1950 (9), 1960 (10), 1970 (47), 1980 (19) e 1990 (36). O ano de 2004 apresentou o recorde de material transportado por oleodutos, de acordo com a Figura 2. Segundo dados da Petrobras, referentes ao ano de 2008, sua produção média de 1,8 milhões de barris por dia (aproximadamente 83% em alto-mar) e 44 milhões de m³ de gás natural. Conta com uma malha de 15.772 km de dutos, sendo 50% de oleodutos e 50% gasodutos. Desse total, a Transpetro opera 9.067 km de dutos (70% oleodutos), dos quais aproximadamente 4.550 km são dutos de transporte e representam uma capacidade nominal de 302.559.260 m³/ano – dados referentes ao início de 2010. O presidente da República Federativa do Brasil, excelentíssimo senhor Luiz Inácio Lula da Silva, inaugurou no dia 26/03/2010, em Itabuna (BA) o Gasoduto da Integração Sudeste Nordeste (Gasene), o maior em extensão construído no Brasil nos últimos dez anos e o principal empreendimento para expansão da malha de transporte de gás do país entre 2003 e 2010, período em que a rede de gasodutos passou de 5.451 km para 9.129 km. Construído pela Petrobras, os 1.373 km do Gasene serão operados remotamente pela Transpetro, por meio do Centro Nacional de Controle Operacional. O gasoduto tem a capacidade de transportar 20 milhões de m³/dia de gás natural e cumpre a função estratégica de integrar as malhas de transporte de gás natural das regiões Sudeste e Nordeste. O gasoduto SudesteNordeste supre o déficit na oferta de gás para a região Nordeste e aumenta a possibilidade de distribuição do gás da Bolívia e das áreas produtoras – bacias de Campos, Santos e Espírito Santo (Transpetro, 2010). Em 2006, a Transpetro movimentou 328 milhões de m³ através dos seus oleodutos de transporte e de transferência. A movimentação apresenta concentração nas regiões Sudeste e São Paulo/Centro-Oeste, com um volume nacional de 24,1% e 58,8% respectivamente. No Brasil, as instalações de refino e, consequentemente, a malha de dutos, encontram-se principalmente próximas à linha da costa, onde se localizam os portos e há maior concentração populacional, nos grandes centros consumidores. Pela proximidade com o oceano Atlântico, tratam-se das regiões nas quais há maior exploração. A Figura 3 apresenta as instalações da Petrobras na América do Sul, nas quais se nota também a participação em atividades nos países vizinhos, como Argentina e Bolívia. A mesma figura também apresenta os dutos operados pela Transpetro, as quatro regiões de sua gestão, e expressa sua representatividade na malha dutoviária de 106

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transporte da Petrobras. Pela observação do mapa Presença da Petrobras no Brasil e América do Sul, constatase a grande participação da Transpetro na malha dutoviária de transporte da Petrobras. A Transpetro é hoje responsável por grande parte dos dutos da Petrobras, e sua gestão subdivide-se em quatro grandes regiões geográficas abrangendo todo o território nacional.

Transporte dutoviário de óleos ultraviscosos Por suas características desfavoráveis, o transporte dos óleos pesados e ultrapesados, desde os campos de produção até as plantas de processamento e refino, encontra maior dificuldade. Há dificuldades também para a viabilização da exploração desses óleos. Dentre as alternativas mais utilizadas, estão o transporte por caminhões ou tubulações com aquecimento; porém, esses métodos são de alto custo e aplicáveis somente para curtas distâncias. Para o deslocamento eficiente por distâncias consideráveis, é necessário o uso de oleodutos. Entretanto, a maioria desses dutos tem especificações de viscosidade menor que 100cP, o que não condiz com a natureza dos óleos pesados e ultrapesados, que exigem dutos com maior espessura ou diâmetro interno (AL-ROOMI et al., 2004). Dentre as técnicas principais de transporte por dutos, tanto para campos petrolíferos offshore quanto onshore, se destacam: a) Preaquecimento do óleo a uma temperatura que permita que o fluido chegue ao seu destino sem a necessidade de altas pressões de bombeio isolando termicamente a tubulação; b) Aquecimento do óleo pela injeção de um fluido aquecido por uma linha concêntrica ao oleoduto ou por aquecimento elétrico; c) Geração de emulsões de óleo em água; d) Redução da viscosidade pela diluição em frações mais leves de óleo; e) Injeção de água formando um anel envolvendo o óleo (core flow). A. Preaquecimento e isolamento térmico – Este método foi pouco aplicado em campos offshore no mundo. Muitas destas linhas são utilizadas para evitar a formação de hidratos ou para facilitar o bombeio de óleos excessivamente viscosos. O isolamento térmico é obtido ao se aplicar um material isolante externamente à tubulação e revestindo-o como uma luva metálica ou plástica, mantendo sua integridade (Trevisan, 2003). B. Aquecimento externo – Os motivos pelos quais se utiliza o método de aquecimento externo são a manutenção da temperatura do óleo em situações de baixa vazão e o reaquecimento da tubulação em caso de resfriamento. Uma técnica para a aplicação deste método é a instalação de uma linha concêntrica ao duto. Em uma das seções, interna ou anular, escoa-se o óleo, enquanto na


modalidades de transporte e escoamento de óleos não convencionais

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

ralmente. As frações de mistura podem variar de acordo com a necessidade ou com as características do óleo.

outra injeta-se um fluido aquecido. Outra técnica seria o aquecimento elétrico, que é aplicado de diversas formas. Porém, os métodos de aquecimento externo, por seu alto preço, são aplicados geralmente em linhas curtas; segundo Visser (1989), as únicas aplicações offshore se encontram na Indonésia, para o transporte de óleos muito viscosos. A foto acima apresenta um exemplo de duto com aquecimento externo, existente no Alasca para movimentação de óleo, pertencente à malha Trans-Alaska. C. Emulsões de óleo em água – A formação de uma emulsão de óleo em água também tem a intenção de reduzir a viscosidade do fluido, para transportá-lo mais facilmente. Esta técnica consiste em misturar os dois fluidos com a ajuda de um surfactante, que tem a principal função de garantir a estabilidade da emulsão, já que os dois fluidos têm a tendência de se separarem natu-

D. Diluição em frações mais leves – Esse método, que consiste na diluição do óleo pesado em óleos mais leves reduzindo sua viscosidade, apenas se torna economicamente viável quando existe um campo produtor de óleo leve próximo ao de óleo pesado, já que o preço do primeiro é maior e, dependendo da quantidade necessária, não justifica a utilização do método (Oliemans, 1985). A Petrobras vem adotando esta técnica no Campo de Fazenda Alegre, Rio Grande do Norte, onde se dilui o óleo produzido de 13ºAPI com frações mais leves, provenientes de outros campos próximos de sua central. A PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, também adota esta técnica com o óleo ultrapesado de grau API 8 extraído da bacia do Orenoco, diminuindo a viscosidade do petróleo para obter, ao final, um óleo com grau API 16 (PDVSA, 2006). E. Core Flow – Esse método consiste na injeção de água junto ao escoamento de óleo, de forma a criar uma seção anular de água que permanece em contato com as paredes da tubulação. Isso faz com que a queda da pressão seja reduzida drasticamente, pois a viscosidade do óleo pesado é alta (Trevisan, 2003). Esta técnica foi estudada por Vanegas (1998), a fim de verificar o escoamento bifásico óleo pesado-água, dando ênfase ao padrão anular, verificando sua eficiência do ponto de vista do gradiente de pressão. A redução da perda de carga foi de até 93 vezes em relação ao escoamento monofásico de óleo, sendo estimada uma correlação para prever a queda de pressão a partir das vazões, das propriedades e das frações volumétricas dos líquidos.

Referências Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Disponível em: http://www.antt.gov.br. Acesso em março de 2010. Agência Nacional do Petróleo (ANP). Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em março de 2010. Al-Roomi, Y.; George, R.; Elgibaly, A.; Elkamel, A. Use of a novel surfactant for improving the transportability/transportation of heavy/viscous crude oils. Journal of Petroleum Science and Engineering, n. 42, p. 235-243, 2004. Da Silva, R.P. Geração e Caracterização reológica de Emulsões de água em Óleo Pesado para aplicação em projeto de Separadores Gravitacionais. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia) Faculdade de Engenharia Mecânica/Departamento de Engenharia do Petróleo. Universidade Estadual de Campinas, Campinas / SP. Mingueis, R.; Pinto, A.; Barrinha, A.; Reis, B.; Henriques, M.; Rodrigues, P.C.; Cravo, T. Europa, Estados Unidos e a gestão de Conflitos. Fundação Friedrich Ebert, Lisboa, 2006. Oliemans, R. V. A. et al., Core-Annular Oil/Water Flow: The Turbulent-Lubricating-Film Model and Measurements in a 2-in Pipe Loop, SPE 13725, [s.d.], pp. 365-370, 1985. Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Disponível em: http://www.opec.org. Acesso em fevereiro de 2010. Petróleo Brasileiro S/A. Disponível em: http://www.petrobras.com.br. Acesso em fevereiro de 2010. Petróleo de Venezuela S/A (PDVSA). Disponível em: http://www.pdvsa.com/. Acesso em fevereiro de 2010. Ribeiro, G.S.; Arney, M.S.; Bai, R., Guevara, E.; Joseph, D.D; Cemented lined pipes for water lubricated transport of heavy oil. Journal Multiphase Flow, p. 207221, 1996. Transpetro. Disponível em: http://www.transpetro.com.br. Acesso em março de 2010. Trevisan, Francisco Exaltação, Padrões de fluxo e perda de carga em escoamento trifásico horizontal de óleo pesado, água e ar. Campinas, SP. 2003, Dissertação de mestrado. Vanegas, Prada Josá Walter. Estudo Experimental do “Core Flow” na Elevação de Óleos Ultraviscosos, Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 1998, 184 p. Dissertação (mestrado). Visser, Robert C. Offshore Production of Heavy Oil, Journal of Petroleum Technology, Estados Unidos, v. 41, n.1, pp. 67-70, 1989.

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meio ambiente

A evolução do licenciamento ambiental das atividades de E&P Há aproximadamente uma década foi verificado aumento significativo na conscientização social quanto à preservação do meio ambiente. Foi então, que em 1999 o TCU (Tribunal de Contas da União) realizou uma auditoria para analisar a possível omissão da ANP (então Agência Nacional do Petróleo) no tocante à matéria ambiental.

A

Maria Alice Doria é sócia responsável pela área ambiental do escritório Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados.

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pós audiências com a ANP, o TCU, por sua vez, propôs uma auditoria conjunta na ANP e no Ibama (Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para apurar o relacionamento entre a indústria do petróleo, representada pela ANP, e o órgão ambiental, representado pelo Ibama, na busca de um planejamento conjunto em nível regulatório e da implementação de políticas públicas. Pouco tempo depois, chamou a atenção dos players da indústria petrolífera a impossibilidade de duas empresas, vencedoras da licitação realizada pela ANP, em que arremataram dois blocos na bacia Sergipe-Alagoas, perfurarem poços para início da execução do Programa Exploratório Mínimo (PEM). Tal impossibilidade decorreu da alta sensibilidade ambiental da área, o que ensejou o órgão ambiental a negar a licença de perfuração necessária ao início das operações. O problema daí decorrente não foi apenas o prejuízo com o valor do bônus de assinatura e das garantias ofertadas para a concessão dos blocos, o que mais tarde foi devolvido, mas, também, todo o investimento prévio realizado pela empresa para a participação na licitação e aquisição dos blocos. Diante da complicada situação que emergia, no ano de 2002, a Quarta Rodada, a ANP firmou parceria com o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) para adoção de um critério ambiental no momento da definição dos blocos a serem ofertados, considerando a sensibilidade da área. Em etapas posteriores foram aperfeiçoadas a relação entre a ANP e o Ibama. Entretanto, identificou-se outro problema: o prazo para início da execução do PEM ficava prejudicado em razão da demora na obtenção das licenças ambientais necessárias, o que, em alguns casos, poderia inviabilizar a pesquisa do potencial das áreas licitadas. Seguindo a tendência e em razão da problemática que surgia, a Procuradoria da ANP (Proge), a partir da Reunião n. 340 de março de 2005 passou a aceitar o embasamento da cláusula de força maior quando demonstrado nexo causal entre a demora na obtenção das licenças ambientais e o atraso da execução do programa exploratório mínimo. É, portanto, nesse breve contexto, na atuação conjunta do órgão ambiental com a agência reguladora da atividade, que se situa o licenciamento ambiental das atividades de E&P offshore, o qual, em razão de suas peculiaridades, se diferencia do licenciamento ambiental tradicional em que existem somente as licenças prévia, de instalação e de operação. No caso de E&P offshore, as licenças ambientais demandarão estudos específicos.


Foto: Agência Petrobras

O Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) editou a Resolução n. 23/94 para tratar especialmente do licenciamento ambiental de atividades de exploração de Petróleo e Gás. E, dez anos depois, editou a Resolução Conama n. 350/04, a qual regulamenta o licenciamento ambiental específico das atividades de aquisição de dados sísmicos marítimos e em zonas de transição. Desta feita, toda atividade de exploração e produção em que haja sísmica, deve ser submetida ao licenciamento ambiental prévio, junto ao órgão competente para tal, de acordo com a localização dos blocos a serem licenciados, observado o que determina as Resoluções ns. 23/94 e 350/04. Em matéria de competência para proceder ao licenciamento ambiental, a Resolução do Conama n. 237/97 regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental e prevê que no caso das atividades a serem desenvolvidas no mar territorial, a competência para o licenciamento será do Ibama. Portanto, a regra é a competência ambiental do Ibama para o licenciamento das atividades de E&P offshore no Brasil. Vale destacar a título de exemplificação que, conforme previsto na Resolução 350/04, a atividade de aquisição de dados sísmicos deve ser precedida de licenciamento próprio, exigindo o Estudo Ambiental de Sísmica (EAS) e o Relatório Ambiental de Sísmica (RAS), que basicamente é a síntese do EAS. Chama-se Licença de Pesquisa Sísmica (LPS) a licença para a realização dos estudos sísmicos de determinada área. Seguindo-se a obtenção da LPS, poderá, então, o concessionário requerer a licença prévia para perfuração (LPper), e seguindo-se, após o atendimento dos requisitos necessários, deverá ser obtida a Licença prévia de produção para pesquisa (LPpro), autorizando a pesquisa da viabilidade econômica da jazida. Por fim, para o início efetivo da produção, será necessária a licença de instalação seguida da licença de operação. Com efeito, a cada rodada de licitações, o Ibama, em conjunto com a ANP, revisa e atualiza as diretrizes ambientais a orientar a atividade. Ocorre que, com o significativo aumento da demanda por licenças na atividade de E&P de Petróleo e Gás e,

diante da impossibilidade logística de atendimento eficiente por parte do órgão ambiental federal, o Ibama, no intuito de diminuir o prazo para a outorga das licenças ambientais, em 2006 introduziu alterações no procedimento de licenciamento para facilitá-lo, tais como: • implementação do licenciamento por área, o que por óbvio torna o processo de licenciamento mais ágil e eficiente com a avaliação do impacto conjunto da atividade; • licenciamento conjunto das atividades de perfuração de poços de desenvolvimento com a atividade de produção; • estabelecimento de normas e diretrizes para implantação de novos campos; • agenda de trabalho estabelecida no final do ano entre o Ibama e o IBP, possibilitando um melhor conhecimento dos processos produtivos, logísticos, analíticos e administrativos; entre outras. Essa reestrutura possibilitou o aumento no número de pareceres emitidos e na concessão das licenças. Em conclusão, ainda que a indústria do petróleo esteja se desenvolvendo, é forçoso notar uma preocupação constante tanto do órgão ambiental, no caso o Ibama, como da ANP e da sociedade, de um aprimoramento dos métodos para o licenciamento das atividades de E&P offshore, especialmente considerando os desafios ambientais que advirão com o pré-sal e o crescimento da indústria do petróleo no Brasil, de modo a compatibilizar maior segurança aos investidores estrangeiros e a proteção e preservação do meio ambiente, na incansável busca pelo desenvolvimento sustentável. Há que se ter em conta que a exploração no présal representa um grande desafio não apenas para a indústria como também para os órgãos licenciadores e fiscalizadores, pois estamos falando de perfurações a serem feitas numa profundidade de cerca de 5.000 m (o poço da BP que desde abril está despejando óleo na costa dos EUA está a uma profundidade de cerca de 1.800 m), e todas as dificuldades e eventuais problemas deverão ser previstos e estimados nos Planos Individuais de Emergência (PEI), exigidos por lei em cada fase de licenciamento. TN Petróleo 72

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Fotos: Divulgação

fino gosto

O bom e velho

MOSTEIRO por Orlando Santos

RESTAURANTE MOSTEIRO Rua São Bento, 13 – Centro, Rio de Janeiro Tels.: (55 21) 2233-6478 / (55 21) 8162-2242

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O restaurante continua o mesmo, no mesmo endereço, resistindo ao tempo, perto de completar meio século. E a clientela permanece fiel, porque o ambiente é agradável, a comida é bem feita e o serviço impecável. Bons restaurantes, aliás, seguem à risca a combinação desses três fatores, responsáveis pela sua presença em edificações até centenárias, que ainda hoje estão de portas abertas na cidade. O Mosteiro não é exceção. Plantado no Centro do Rio, defronte ao Mosteiro de São Bento, a casa é uma honrosa referência gastronômica da boa e tradicional culinária lusitana, com pratos brasileiros mesclando o seu cardápio. Por isso, continua sendo o preferido por empresários, executivos e personalidades que trabalham em suas imediações. O bom gosto predomina em todo o espaço, com as paredes tal qual uma galeria de arte, exibindo quadros de artistas contemporâneos. Foi nesse ambiente clássico e confortável que o Mosteiro recebeu pela segunda vez, recentemente, uma visita ilustre: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convidado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Assim, ele foi rever o restaurante criado pelo pai do ministro


no ano de 1964. Um dos pratos de resistência do cardápio – lascas de bacalhau, camarão VG guisado com arroz e brócolis – é o de preferência do presidente Lula e que acabou sendo aprovado por toda a sua comitiva. No cardápio, outro prato requisitado é o lombo de bacalhau à moda do Porto (grelhado, com brócolis, batatas cozidas, azeitonas, pimentões e cebolas grelhadas). Mas a lista de sugestões assinadas pelo baiano Vanildo Jesus Machado, há 30 anos como chef do Mosteiro, é bem ampla, e para agradar ao paladar de quem gosta da comida de sua terra, a moqueca de bacalhau à Mosteiro (com azeite de dendê, tomate, cebola, pimentão e leite de coco) não deixa a menor dúvida de que é um prato português com ingredientes da boa terra. Figura ainda, com destaque, o prato com o nome da casa, o Mosteiro: bacalhau grelhado com brócolis, cebola, ovo e batatas cozidas. A lista de peixes e frutos do mar (em anexo) completam o cardápio, enriquecido ainda com as sugestões de arroz de pato à Mosteiro, com carne de ave desfiada com azeitona e paio. A espaçosa e elegante casa, de ambiente clássico, abriga, confortavelmente, perto de 200 clientes. Hoje, aos 87 anos, José Temporão, pai do ministro da Saúde, todo dia comparece ao Mosteiro para acompanhar de perto todas as providências relacionadas à atividade da casa. Há dois anos

ele conta com o auxílio do neto, Marcelo Temporão, sobrinho do ministro, que largou a advocacia para ajudar o avô. Os dois comandam a casa desde as primeiras horas da manhã, negociando com os fornecedores (três peixarias de confiança) e outros. A casa tem uma brigada de mais de 20 empregados, entre o pessoal da cozinha, maîtres e garçons – o chef Vanildo, que com os demais posou na foto com o presidente Lula, é o mais antigo funcionário da casa. A visita do presidente Lula ao Mosteiro serviu para relembrar que todos os presidentes da República já estiveram ali, além de governadores de estado. O que mais frequentava era Carlos Lacerda, responsável, aliás, por um fato curioso envolvendo outro restaurante português, o Antiquarius, com menos anos de vida que o Mosteiro. Segundo conta um dos sócios do Antiquarius, Carlos Perico, foi o governador Carlos Lacerda quem o convenceu a mudar-se de mala e cuia de Portugal para o Rio, deixando para trás a pousada Santa Luzia na cidade de Elvas, no Alentejo, e que abrigava um misto de antiquário e restaurante. Qualquer semelhança com o Antiquarius do Leblon é mais que coincidência. Assim como todos os restaurantes do Centro do Rio próximos a zona portuária, o Mosteiro teve

Polvo grelhado com arroz e açafrão

Chorizo Mosteiro

entre os seus primeiros clientes e durante muito tempo os diretores de empresas marítimas, muitas delas já desaparecidas. O restaurante Berlin, na Visconde de Inhaúma, já extinto, e também dessa época, abrigava clientes com este perfil, assim como os demais.

O legado lusitano – que está em toda parte do Rio, seja no futebol, no comércio, no nome dos bairros e de forma marcante na culinária, com a enorme variedade de restaurantes portugueses com forte referência na arquitetura, ganha uma exposição, que conta com o apoio do restaurante português Casual Retrô, do chef Santos. A exposição está no Espaço Cultural Correios e mostra bem isso. Com o título de Cidade Brasileira: Portuguesa com Certeza, a exposição reúne um rico material iconográfico, confirmando a relação e as influências entre Brasil e Portugal, com suas transformações e semelhanças urbanas, arquitetônicas e comportamentais. No terceiro andar dos Correios, esta história comum entre os dois países está bem documentada e leva o visitante a percorrer essas mudanças com a inspiração dos poemas de Fernando Pessoa, Camões e Chico Buarque de Holanda, projetados numa tela gigante. Centro Cultural Correios • Rua Visconde de Itaboraí, 20 • Centro • Até o dia 18 de julho

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Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

coffee break

Theatro Municipal

O novo

por Orlando Santos

Valeu a pena esperar. Depois de dois anos e meio de obras, tendo sido 19 meses fechado ao público, o Theatro Municipal no Centro do Rio reabriu as portas, exibindo a beleza e o esplendor do seu projeto original, após passar por uma minuciosa restauração.

A

s obras estavam inicialmente previstas para terminar no dia 14 de julho do ano passado, data do centenário do teatro (1909), mas só agora foi possível entregá-lo à cidade em toda sua plenitude.

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A reabertura ocorreu com a vanguarda da ópera Il Trovatore, do italiano Giuseppe Verdi, assinada pela diretora Bia Lessa, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades. Agora, no mês de julho, quando faz 101 anos, o Theatro será aberto durante todo o dia 14 com espetáculos gratuitos e apre-

sentações dos corpos artísticos e de artistas convidados. Para cumprir a tarefa de recuperar a edificação, confiada à Secretaria de Cultura do Estado, foi montada uma verdadeira orquestra de especialistas nas mais diversas áreas: douramento, madeira, restauração de pinturas artísticas, vitrais, mosaicos, cerâ-


Foto: Agência Petrobras

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

micas, cobertura de cobre, infraestrutura, acústica, iluminação e procedimento de prevenção e combate a incêndio. Ao todo, 915 profissionais (350 restauradores e 565 da construção civil) trabalharam sob a coordenação da presidente da Fundação do Theatro Municipal, Carla Camurati. Segundo especialistas, trabalho de tal envergadura só encontra similar nos países mais desenvolvidos do mundo. Todo este processo contou com a participação e o acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). O teatro ganhou 219 mil folhas de ouro de 23 quilates vindas

Linha do tempo Theatro Municipal do Rio de Janeiro 1894 – O autor teatral Arthur Azevedo lança campanha para a construção de um espaço para ser sede de uma companhia municipal, a ser criada nos moldes da Comédie Française. 1903 – O prefeito do Rio Pereira Passos lança o edital do concurso para a apresentação de projetos para a construção do Theatro Municipal. 1905 – O prédio começa a ser erguido, com a colocação da primeira das 1.180 estacas de madeira de lei sobre as quais se assenta o edifício. A decoração do edifício foi feita por importantes pintores e escultores da época, como Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e os irmãos Bernardelli. Já os vitrais e mosaicos ficaram a cargo de artesãos europeus.

1909 – Após quatro anos e meio de obras, tempo recorde, é inaugurado pelo presidente Nilo Peçanha, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que tinha capacidade para 1.739 espectadores. 1934 – A capacidade da sala é aumentada para 2.205 lugares. Posteriormente, com algumas modificações, chegou-se ao número atual de 2.361 assentos. 1975 – Acontece a primeira obra de restauração e modernização de suas instalações, que foram concluídas em 15 de março de 1978. No mesmo ano foi criada a Central Técnica de Produção, responsável pela execução dos espetáculos da casa. 1996 – Inicia-se a construção do edifício Anexo, com objetivo de desafogar o teatro dos ensaios para os espetá-

da Alemanha, que renovaram o brilho do teto, e 57 toneladas de cobre. Mais de 600 luminárias foram restauradas, assim como 36 pinturas murais artísticas. O douramento externo e parte do interno ficou sob a responsabilidade da empresa francesa Ateliers Gohard, a mesma que realizou douramentos no Palácio de Versailles, na Cúpula Les Invalides e na cobertura da Ópera de Paris. Em 1909 foram os artífices franceses que fizeram o douramento da edificação. A campanha de mobilização empreendida pelo Governo do Estado para recuperar, restaurar e modernizar todo o acervo e dependências do Theatro contou com apoio de empresas de porte como a Petrobras, Eletrobras, BNDES, TV Globo, Vale e Embratel. A cidade voltou a exibir em toda a sua beleza um dos seus monumentos mais amados. culos, que, com a atividade intensa da programação ficou pequeno para abrigar os corpos artísticos. Com a inauguração do prédio, o Coro, a Orquestra e o Ballet ganharam novas salas de ensaio e mais espaço. 2008 – É iniciada a segunda e mais completa obra de restauração e modernização do Theatro Municipal, para as comemorações do seu centenário. O monumento contou com a recuperação do telhado, da arquitetura externa e interna e das instalações prediais. 2010 – Com um ano de atraso, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é reinaugurado, com a fachada totalmente recuperada, com destaque para a águia no topo do monumento, toda folheada a ouro. TN Petróleo 72

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feiras e congressos

Julho

20 a 22 – Canadá Oil Sands and Heavy Oil Technologies Local: Calgary Tel.: +1 713 963 6251 Fax: +1 713 963 6201 www.oilsandstechnologies.com gailk@pennwell.com 7 a 9 – EUA COGA Rocky Mountain Energy Epicenter Conference Local: Denver, Colorado Tel.: 303 861 0362 Fax: 303 861 0373 conference@coga.org 13 a 14 – EUA IADC Lifiting & Mechanical Handling Conference & Exhibition Local: Houston, Texas Tel.: 713 292 1945 Fax: 713 292 1946 info@iadc.org

Agosto

3 a 05 – Brasil Postos & Conveniência 2010 Local: Brasília Tel.: 55 21 3035-3100 expopostos@fagga.com.br www.expopostos.com.br

22 a 26 – Austrália ASEG/PESA Conference & Exhibition Local: Sydney Tel.: +08 9427 0838 Fax: +08 9427 0839 secretary@aseg.org.au

20 a 21 – EUA NPRA Environmental Conference Local: San Antonio, Texas Tel.: 202 457 0480 Fax: 202 457 0486 info@npra.org www.npra.org

24 a 27 – Noruega Offshore Northern Seas (ONS) Local: Stavanger Tel.: +47 51 849040 • info@ons.no

27 de set a 1o de out – Itália IPLOCA Conference Local: Veneza Tel.: +41 22 306 02 30 Fax: +41 22 306 02 39 info@iploca.com www.iploca.com

24 a 25 – EUA NPRA Cat Cracker Seminar Local: Houston, Texas Tel.: 202 457 0480 Fax: 202 457 0486 www.npra.org 25 a 28– Lituânia IAEE European Conference Local: Vilnius Tel.: +370 37 401 952 Fax: +370 37 351 271 iaee2010@mail.lei.lt www.iaee2010.org 31 de agosto a 2 de setembro – EUA OGMT – Oil & Gas Maintenance Local: Nova Orleans Tel.: (918) 831-9523 Fax: : (918) 831-9729 www.ogmtna.com cstevinson@pennwell.com

Outubro

4 a 6 – Qatar Power-Gen Middle East Local: Doha Tel.: +44 (0)1992 656 610 Fax: : +44 (0)1992 656 700 www.power-gen-middleeast.com kelvinm@pennwell.com 5 a 7 – Brasil Usinagem 2010 Local: São Paulo Tel.: +55 11 3824-5300 Fax: +55 11 3666-9585 info@arandanet.com.br www.arandanet.com.br/eventos2010/ usinagem/index.html 5 a 8 – Casaquistão Kazakhstan International Oil & Gas Local: Almaty Tel.: +44 0 207 596 5000 Fax: +44 0 207 596 5106 oilgas@ite-exhibitions.com www.kioge.com/2010/

3 a 05 – Nigéria SPE Nigerian Annual Conference Local: Abuja Tel.: 972 952 9393 Fax: 972 952 9435 spedal@spe.org

Setembro

19 a 20 – EUA Summer NAPE Expo Local: Houston, Texas Tel.: 817 306 7171 Fax: 817 847 7703 www.napeexpo.com info@napeexpo.com

13 a 16 – Brasil Rio Oil & Gas Expo Local: Rio de Janeiro Tel.: 55 21 2112-900 Fax: 55 21 2220-1596 congresso@ibp.org.br

10 a 13 – EUA NPRA Q&A and Technology Forum Local: Baltimore Tel.: +1 (202) 457 0480 Fax+1 (202) 457 0486 info@npra.org • www.npra.org

19 a 22 – Itália SPE Annual Technical Local: Florença Tel.: 972 952 9393 Fax: 972 952 9435 spedal@spe.org www.napeexpo.com

11 a 14 – Barém Petchem Arabia Annual Meeting Local: Manama Tel.: +44 0 1242 529 090 Fax: +44 0 1242 529 060 wra@theenergyexchange.co.uk

22 a 26 – EUA The Oil & Gas Conference Local: Denver, Colorado Tel.: 303 296 8834 Fax: 303 293 9904 kgrover@enercominc.com

12 a 16 – Canadá WEC – World Energy Congress Local: Montreal Tel.: + 1 (514) 397-1474 Fax: : +1 (514) 397-9114 www.wecmontreal2010.ca

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

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opinião

de Antonio E. F. Muller, presidente da Abdan (Associação Brasileira do Desenvolvimento das Atividades Nucleares).

A energia

descriminada

É

o país que mais utiliza a energia renovável através de geração de origem hidro e biomassa. Investe em usinas eólicas e térmicas convencionais. É um país líder mundial de energia limpa, porém, hoje, infelizmente, inicia um processo de utilização de energia que irá impactar esta liderança: geração elétrica utilizando como combustível hidrocarbonetos. Fator este que poderá ser atenuado com a tecnologia discriminada no Plano Decenal de 2019, recentemente colocado para avaliação pública, “a tecnologia nuclear”. Como é de conhecimento dos órgãos de planejamento do setor elétrico, e frequentemente mencionado pelo Ministério de Minas e Energia, a partir de 2025/2030 não existirá mais disponibilidade de aproveitamentos hídricos de porte para geração de energia elétrica, pois, pela avaliação das autoridades existem disponíveis hoje 260.000 MW hídricos, com cerca de 90.000 MW já aproveitados, 90.000 MW em desenvolvimento e os restantes em terra indígenas de impossível aproveitamento. Portanto, para o atendimento de energia elétrica de base existem duas possibilidades: a geração de energia elétrica através de usinas termelétricas utilizando como combustível urânio ou carvão. A tecnologia de geração de energia utilizando carvão é altamente poluente, acrescentando grande quantidade de CO2 ao meio ambiente e, sem dúvida, com as pesquisas que estão sendo desenvolvidas para queima limpa, no futuro poderá ser uma solução. A solução do Brasil para atender o Sistema Integrado Nacional, com energia de base, em futuro

próximo é a geração nucleoelétrica, utilizando combustível nacional, que é o urânio, não necessitando de importação de qualquer outro combustível, e sem depender de oscilações no preço do mesmo. O Brasil possui a sétima reserva mundial de urânio, equivalente conforme mencionado recentemente, a 7 bilhões de barris equivalentes de petróleo, significando, segundo dados da ANP, em torno de 50% da reserva de petróleo brasileiro conhecida nesta presente data. Quando o Brasil iniciou a implantação de geração nucleoelétrica com a construção da Usina de Angra dos Reis, Unidade I, a Coreia também iniciou com Kori 1 o seu programa nuclear – este país possui 20 usinas em operação, gerando 18.400 MW, seis usinas em construção de 6.800 MW, exportou há pouco quatro usinas com tecnologia própria – e o Brasil, que possui urânio e tecnologia completa do ciclo, só agora inicia sua terceira usina. No mundo, apenas três países possuem tecnologia completa do ciclo e urânio. São eles: Rússia, Estados Unidos e Brasil. Acorda Brasil! Vamos utilizar energia brasileira que atenda o seu crescimento sustentável e ambientalmente amigável. Existem 12 mil anos-reator sem nenhum acidente e, como mostrado no estudo apresentado pelo Paul Scherrer, do Instituto da Suíça, com base TN Petróleo 72

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Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

O Brasil é um país abençoado, pois possui oportunidade de utilizar todos os tipos de tecnologias para geração de energia elétrica, garantindo a sustentabilidade de maneira ecologicamente correta.


opinião

em análise de todos os acidentes na indústria no período de 1969 a 1996 que inclui os acidentes de Three Mile Island e Chernobyl, contemplando 13.914 acidentes industriais severos, incluindo 4.290 da indústria de geração elétrica, foi constatado que para cada Terawatt/ano de geração de eletricidade ocorre o seguinte: • fatalidades mundiais por tecnologia: oito para nuclear, 85 para gás natural, 342 para carvão, 418 para óleo, 884 para hidro e 3.289 para gás liquefeito. É importante ressaltar que o fator de disponibilidade mundial médio de uma usina nuclear é superior a 90%. No Brasil, Angra II atingiu em 2009 o fator de 92%, enquanto as outras tecnologias de usinas térmicas possuem um fator médio inferior, como mencionado no Plano 2019: • óleo diesel e combustível: de 5% a 8%; • usinas a gás: 27%; • carvão mineral: 50%; • eólica: 30%. São também ressaltados no Plano 2019 que os reduzidos fatores de capacidade, em especial para as termelétricas a óleo diesel e combustível, contribuirão para as baixas emissões de gases de efeito estufa, efeitos estes que mostram mais um fator positivo para as nucleares, pois estas não emitem gases poluentes. Então, mais uma vez, por que não considerar uma energia brasileira, segura e amigável do ponto de vista ambiental? O que alegam os opositores a esta energia é o gerenciamento do combustível queimado e dos rejeitos de média e baixa atividade. Não pretendo aqui abordar em detalhe este tema, porém, no

mundo o tratamento de rejeitos vem ocorrendo de maneira muito profissional e competente; e além destes fatores as quantidades são pequenas, bem como o combustível queimado em alguns países (por exemplo, o Japão) estão sendo processados e aumentando assim a disponibilidade de combustível para as usinas. Por exemplo, os Estados Unidos, que possuem em operação 103 reatores de geração elétrica, gerando cerca de 2.000 t de rejeitos por ano que podem ser armazenados em almoxarifados de porte médio, tais como os de Angra dos Reis (RJ). É um rejeito que não polui e é totalmente controlado. O Plano 2030 contempla quatro, seis ou oito unidades nucleoelétricas de 1.000 MW, porém para o Brasil ter sucesso na implantação destas unidades é mandatório ser considerada a solução nucleoelétrica no Plano 2019, apresentando de modo claro as atividades a serem consideradas no Plano no período, para atender os requisitos necessários ao Sistema Integrado Nacional, em 2025/2030. Em recente publicação, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ressaltou a necessidade de pelo menos 1.000 MW térmicos no período de 2014-2018. Esta demanda poderia ser atendida em 2018 através de uma usina nuclear e, para tanto, são necessárias providências imediatas. Se desejarmos ter, no futuro, uma solução sustentável e ambientalmente correta para o Brasil, temos que incluir no Plano 2019 todas as ações necessárias, para conseguirmos, após Angra III, que uma outra usina esteja em operação no período de 2018-2020, atendendo assim as necessidades de energia elétrica de base para o Sistema Interligado Nacional a partir de 2025/2030.

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