Diário do Rio Doce - Edição de 12/11/2015

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ANO 58 Nº 18.586 Exemplar: R$ 1,00

DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quinta-feira, 12 de novembro de 2015 - Esta edição: 12 páginas

Estamos de luto pelas vítimas de Mariana (MG), pelo assassinato do rio Doce e pelos milhares de peixes e vidas do rio que foram dizimados. Queremos mais que água! Queremos nosso rio de volta!

FOTO: Divulgação

Especial rio Doce

CIDADE NÃO TEM ‘PLANO B’ GUERRA POR ÁGUA

EM VALADARES lamacento rio Doce, para os valadarenses o impacto ambiental e econômico vai muito além do que alguns imaginam. Diante das previsões nada animadoras quanto ao abastecimento na cidade, comerciantes e empresas estão sofrendo com os prejuízos causados pela falta de água. A população tam-

bêm tem tentado encontrar maneiras para suprimir a necessidade de água mineral. A procura aumentou 100% nos estabelecimentos comerciais. Em alguns pontos, chega a faltar galões. Pessoas estão enfrentando filas enormes ou até mesmo deixando o nome na fila de espera. PÁGINA 8A

FOTO: Antônio Cota

Uma crise sem fim. Assim é o cenário em Valadares após a tragédia do rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela australiana BHB Billiton, em Mariana (MG). Sem água e muito menos previsão de quando poderão tê-la captada no agora

Os problemas que Valadares enfrenta com a chegada da lama de rejeitos de minério são, de longe, os piores por que a cidade já passou até hoje. Para alguns especialistas, a falta de água, que já existia, se agravou ainda mais, e não só por culpa de São Pedro. A falta de planejamento é apontada como um dos principais fato-

res que colocaram a cidade numa verdadeira “guerra” pela vida. A falta de chuva e a seca histórica já haviam sido anunciadas e, consequentemente, o agora evidente desabastecimento. O Ph.D. em geociência e professor de recursos hídricos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Alexandre Sylvio afir-

mou à equipe de reportagem do DIÁRIO DO RIO DOCE que é preciso meios alternativos de captação e que o Saae nunca se preparou para a chegada deste momento. Procurada no início da tarde de ontem para responder sobre planejamento, a prefeitura informou, às 18h, que não tinha como enviar resposta. PÁGINA 3A

Samarco terá que fornecer recursos O juiz Lupércio de Oliveira, da 7ª Vara Cível de Governador Valadares, deferiu liminar contra a empresa Samarco, na última terça-feira (10), em Ação Civil Pública Cautelar

impetrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), após a prefeitura ter decretado estado de calamidade pública. A liminar obriga a Samarco a oferecer todos os recur-

sos necessários solicitados pelo município para o abastecimento da população. Caso não atenda à decisão judicial, a empresa será multada em R$ 1 milhão por dia. PÁGINA 5A

População planeja protesto contra a Vale A indignação causada pelo desabastecimento de água em Valadares, provocado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, será motivo de uma manifestação na ferrovia Vitória a Minas, controlada pela Vale, a partir das 15 horas de hoje, em uma passagem de nível no bairro Sítio das Flores. A mineradora é uma das acionistas — ao lado da anglo-australiana BHP Billiton — da Samarco, empresa que provocou a maior devastação ambiental ao longo do rio Doce. PÁGINA 7A

RIO DOCE NÃO TEM ‘MAIS VIDA; ESTÁ MORTO’ A lama de rejeitos de minério que escorreu para o rio Doce, após o rompimento das duas barragens na cidade de Mariana, acabou com qualquer forma

de vida no rio. E a recuperação da bacia hidrográfica, bem como das suas matas ciliares, vai demorar. Além disso, espécies que antes da tragédia

podiam ser vistas serão extintas. A triste previsão é da professora da Univale Ivana Cristina Ferreira Santos, que é doutora em fisiologia vegetal. PÁGINA 6A

Pesca está interrompida por tempo indeterminado Devido à grande quantidade de lama e rejeitos sólidos no rio Doce, consequência do rompimento das barragens de duas mineradoras do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, as atividades de pesca no rio estão inter-

rompidas por tempo indeterminado. O que antes tinha refletida em sua água a imagem da Ibituruna, agora compõe um cenário desolador, com peixes e animais aquáticos mortos em suas margens. PÁGINA 6A

ÁGUA

BARRAGEM

AINDA HÁ LAMA NA USINA DE BAGUARI

LICENÇA VENCIDA HAVIA DOIS ANOS

PÁGINA 7A

PÁGINA 3A

Terceira barragem

pode se romper Após novos abalos sísmicos registrados na região de Mariana (MG) na terça-feira, o medo se espalhou diante de informações de que há

várias rachaduras em outra barragem da Samarco, a Germano, que seria maior que as outras que se romperam na última quinta-feira. A Polícia

TRAGÉDIA PODERIA TER SIDO EVITADA Segundo o engenheiro e geólogo Gilson Essenfelder, sim. “A barragem de rejeitos deveria ser tratada como usinas nucleares. PÁGINA 3A

Militar isolou o local e proíbe o retorno de moradores aos distritos afetados, para evitar mais mortes caso a barragem se rompa. PÁGINA 3A

COLÉGIO IBITURUNA VAI DOAR ÁGUA Buscando a autossustentabilidade na produção de água, o Colégio Ibituruna começou um trabalho para alcançar esse objetivo há três anos, escavando dois poços — um em Baguari, em uma propriedade do colégio, e outro dentro da própria escola. Com a situação de calamidade pública decretada na terça-feira à noite em Governador Valadares, o Ibituruna decidiu disponibilizar água para ajudar a suprir as necessidades da cidade. PÁGINA 8A


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