Diário do Rio Doce - Edição de 15/11/2015 by Diário do Rio Doce

ANO 58 Nº 18.589 Exemplar: R$ 1,00

DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015 - Esta edição: 16 páginas

Estamos de luto pelas vítimas de Mariana (MG), pelo assassinato do rio Doce e pelos milhares de peixes e vidas do rio que foram dizimados. Queremos mais que água! Queremos nosso rio de volta!

FOTO: Antônio Cota

Especial rio Doce

Exército não descarta

risco de epidemias Além de todos os problemas que a população enfrenta com o desabastecimento de água em Valadares, uma outra situação, considerada grave, preocupa os militares profissionais do Exército na cidade. Em trabalho que vai continuar ininterrupto, principalmente na organização e distribuição da água, os comandantes voltaram sua atenção agora para um provável risco de epidemia de várias doenças, como dengue, cólera, doenças diarreicas agudas, infecções intestinais, esquistossomose e leptospirose, causadas pela contaminação da água do rio Doce com a chegada da lama de rejeitos de minério da Samarco/Vale e com a morte dos peixes e outras espécies. PÁGINA 1B

Água pode ser tratada

normal das estações que atendem a cidade. A informação foi repassada pelo governador do Estado, Fernando Pimentel, durante coletiva de imprensa na tarde de sábado (14), e reafirmada pela prefeita Elisa Costa e pelo diretor do Saae, Omir Quintino. PÁGINA 3A

Chuva deve limpar o rio Uma frente fria e a chuva que caiu na cidade na noite dessa sextafeira trouxeram alívio para muitas pessoas, as quais aproveitaram para se banhar e reservar mais

água para as atividades domésticas. A chuva seria também uma das soluções divinas para que o lamaçal depositado no rio Doce diminua. PÁGINA 3A

para captar a chuva faz o momento. Eu desenvolvi esse projeto com a finalidade de captar a água da chuva, pois agora nós vamos entrar na época das chuvas. Como já choveu sexta-feira, captei 1.000 litros de água para usar no dia a dia da minha residência. O projeto é simples, de baixo custo e pode ser aderido por vários prédios, condomínios ou residências da nossa cidade”, comentou. PÁGINA 1B

FOTO: Diego Dunga

Com a previsão de mais chuvas para os próximos dias na cidade e com a falta de abastecimento de água devido à lama que caiu no rio Doce, um morador criou um sistema alternativo para utilizar a água da chuva em sua casa. De acordo com o cantor da banda Cambucá Ricardo De Lazari, o projeto é útil, especialmente, para locais de bastante consumo. “A necessidade é que

GV tem 8 postos de distribuição hoje Oito postos de distribuição de água mineral e potável começaram a atender a população ontem. Os postos foram definidos estrategicamente para chegar a vários bairros de regiões distintas. E ao longo da próxima semana deverão ser 30 postos na cidade, de acordo com o volume de água que chegar ao município. PÁGINA 8A

FOTO: Antônio Cota

Morador cria sistema

A população valadarense vem estocando água em baldes, galões, tambores, caixas d’água e diversos outros recipientes. É preciso lembrar, porém, que água armazenada sem a devida cobertura é um prato cheio para a proliferação do mosquito da dengue. Segundo o referente técnico em dengue do Centro de Controle de Zoonoses, José Batista dos Anjos Júnior, a população precisa ficar atenta e seguir algumas medidas de segurança. PÁGINA 2B

FOTO: Antônio Cota

Depois de nove longos dias sem água, os valadarenses poderão vê-la jorrando novamente de suas torneiras a partir desta segunda-feira. Um laudo emitido pela Copasa garante que a água tem condições de portabilidade para ser submetida ao tratamento

Recipientes podem se tornar focos da dengue

Índios crenaques interditam ferrovia Desde as 16 horas de sextafeira, índios da aldeia crenaque interditam a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), entre as cidades de Resplen-

dor e Conselheiro Pena. O protesto é devido aos graves problemas no rio Doce, após o rompimento das barragens em Mariana, as quais perten-

cem à Samarco Mineração, cujos acionistas são a Vale — proprietária da ferrovia interditada — e a anglo-australiana BHP Billiton. PÁGINA 2B

Entidades sofrem com a falta d’água Artistas e cidades da região se sensibilizam por Valadares Vários artistas abraçaram a campanha de doação de água mineral para Valadares. A ideia é ajudar as pessoas que estão sem água potável em virtude da interrupção na captação. Israel Novaes, Preta Gil, banda Psirico, Nicole Bahls, Evandro Mesquita e o cantor Eros Biondini são

alguns dos artistas que se sensibilizaram com a tragédia e pedem a todo o Brasil, através de suas redes sociais, ajuda para a cidade. E essa ajuda não para, graças a Deus. Diversas cidades da região também estão arrecadando água para ser enviada para Valadares. PÁGINA 3B

Com o abastecimento suspenso por causa da lama no rio Doce, muitas entidades têm sofrido com a falta de água. Principalmente hospitais, abrigos e as instituições mais carentes. Para piorar a situação, o primeiro carregamento de água trazido pela

Vale, na sexta-feira, 13, com 280 mil litros, não servia para o consumo. A água não pôde ser distribuída, pois continha alto teor de querosene. O DRD entrou em contato com algumas das entidades que mais necessitam de doação de água. PÁGINA 6A

política/opinião

DIÁRIO DO RIO DOCE

2A Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

DITORIAL

Negligência não é acidente, é crime A tragédia que abala Minas Gerais e toda a Bacia do Rio Doce poderia ter sido evitada. Vários especialistas, geólogos, biólogos e engenheiros civis já destacaram que o rompimento das barragens da Samarco em Mariana, que acabou com toda forma de vida no rio Doce, poderia não ter ocorrido se houvesse uma fiscalização mais intensa nas inúmeras barragens do Estado. Porém, as coisas por aqui parecem funcionar só quando não há mais nada que possa ser feito. Só quando tragédias acontecem e vidas são perdidas. Infelizmente, os muitos governantes que passaram pelo Estado não deram muita importância à questão ambiental ou não fiscalizaram como deveria ter sido feito. O resultado não poderia ser outro. Tragédia após tragédia. Tanto que em 2003 outra barragem já havia se rompido em Cataguases, causando grande destruição ambiental, afetando não apenas Minas, mas tam-

bém o Rio de Janeiro. Doze anos depois, o assunto já foi até esquecido. Nem a multa ambiental a empresa de papel de Cataguases pagou. As barragens de Mariana que se romperam eram da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela empresa australiana BHP Billiton. A Lei 12.334/10, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens, determina que toda a segurança e inspeção periódicas das barragens é de total responsabilidade das empresas que as utilizam. Assim, se houve negligência na inspeção e fiscalização da empresa, a tragédia deixa de ser um simples acidente para se tornar um crime. Um “homicídio” ambiental, no qual milhares de peixes foram dizimados em plena piracema, sem contar as vidas humanas ceifadas. Muitas vítimas nem foram encontradas para ser enterradas dignamente, tornando ainda mais doloroso o luto dos que ficaram.

A negligência do Estado e das empresas que utilizam barragens em pleno século XXI, quando outras formas de tratamento de rejeitos já existem, comprova a inércia do sistema. Infelizmente, como já mencionado várias vezes por este jornal, meio ambiente parece ser a última preocupação dos humanos. A prova disso é que o rio Doce já agonizava há anos, por falta de chuva e o desumano descarte de esgoto, como o realizado atualmente pela prefeitura de Valadares e vários outros municípios. Diante de toda essa desgraça, a vida humana corre risco no município. Todos correm risco de epidemias, das mais variadas. Todos já estão sem água e têm recebido, em vários casos, água barrenta (fato comprovado por várias fotos), da qual não se sabe a procedência, o que pode piorar mais o quadro da saúde dos valadarenses, com disenterias e outras doenças. E mais uma vez a negligência e a falta

de planejamento podem fazer mais vítimas, pois só agora, depois da tragédia e destruição do rio, as autoridades locais buscam formas alternativas de captação de água em Valadares. Só depois que a água acabou, que a lama chegou, o município tomou esta iniciativa. E o pior: alguns preferem simplesmente jogar a culpa no outro para não assumir as próprias incompetências. Negligência custa caro. Custa mais que dinheiro. Custa vidas que não podem ser indenizadas por valor nenhum. E o pior de tudo é que daqui a alguns meses o assunto nem será mais lembrado pelas empresas e autoridades governamentais. Grande parte da mídia já se esqueceu de Minas e passou a focar as lentes das câmeras em Paris. Em pouco tempo o assunto ficará apenas como um triste pesadelo e poderá até se tornar promessa de campanha política no próximo ano. Quanto desespero e desrespeito!

“

Investigar é para profissional, não é para amador

“

Cláudio Humberto

Ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF, sobre CPIs que nada investigam

BC MANDA A CPI, EM BRANCO, OS DADOS DE SIGILO Chamou atenção da CPI que tenta abrir a "caixa preta" do BNDES, a omissão de dados em documentos recebidos para análise de contratos desse banco de fomento investigado por financiamentos suspeitos. O Banco Central mandou em branco o resultado de quebras de sigilo, determinadas pela CPI, de agências de publicidade que participaram de campanhas petistas. Falta informações consideradas importantes. HOSTILIDADE É conhecida a arrogância do BNDES: o Tribunal de Contas da União teve de ameaçar o presidente com multas para ter acesso a contratos. BLINDAGEM Documentos mostram que não foi enviado qualquer contrato do BNDES na Argentina, por exemplo, onde as suspeitas se multiplicam. TOP-T TOP EM AÇÃO Também chegaram em branco à CPI do BNDES documentos que deveriam conter informações sobre o aspone Marco Aurélio Garcia. RETALIAÇÃO Eduardo Cunha deve "matar" a CPI do BNDES como parte do acordo com o governo e em retaliação à oposição, que retirou apoio a ele. GOVERNO ESTUDA IDADE MÍNIMA DE APOSENTADORIA O governo escalou o ministro Ricardo Berzoini (Governo) para negociar a aprovação da nova CPMF. A aliados, Berzoini sinaliza apoio a medidas de médio e longo prazos, para alavancar o ajuste fiscal. A proposta que surge agora com força é a definição de nova "idade mínima" para aposentadoria, a fim de "reduzir o rombo" na Previdência - alegação sempre

usada para recriar o imposto do cheque. AJUSTES O governo discute a nova idade mínima em nível interministerial. Tudo indica que a proposta será de uma idade mínima de 65 anos. FÓRMULA EM VIGOR Hoje não há idade mínima para aposentadoria, apenas para tempo de serviço: 30 anos de contribuição para mulheres e 35 para homens. PORTA-V VOZ O autor da ideia, que a equipe econômica adorou, foi o líder do PP na Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PE). A CENA SE REPETE Com a família enrolada em denúncias, o ex-presidente Lula não sai de Brasília. Há dias, ele deixava um hotel com o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) quando viu repetida uma cena: foi xingado de "ladrão". SOBRA DE ENERGIA A economia em queda ligou o alerta: o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) teme encerrar o ano com sobra de energia. E não tem linha de transmissão ou acordo internacional para exportar o excedente. TROCO O deputado Jean Wyllys (PsolRJ) quer dar o troco em João Rodrigues (PSD-SC). Ameaça representar contra ele no Conselho de Ética. Em outubro, os deputados quase se agrediram no plenário da Câmara. JOGO JOGADO O presidente da Câmara sempre retribui os elogios de Jaques Wagner na mesma medida. Mas, nas conversas com o novo velho amigo, jamais esquece de detonar seu antecessor Aloizio Mercadante.

DIÁRIO DO RIO DOCE Diário do Rio Doce Ltda. - EPP EM

MARÇO

1958

www.drd.com.br |

ilegais", diz Vanderlei Macris (SP).

desenvolver um aplicativo para que beneficiários verifiquem se o dinheiro do bolsa família caiu na conta. Como precisa de celular para isso, também banca a compra de iPhone.

NERVOSISMO Relator do processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética, Fausto Pinato (PRB-SP) se desculpou pelo nervosismo, na primeira entrevista. "É que eu estou acostumado a falar só com rádio AM".

SEM PUNIÇÃO Os tucanos afirmam que a repatriação de recursos irregulares do exterior representa a "extinção da punibilidade". "Ajuda o governo a fazer o ajuste fiscal com recursos

PERGUNTA NA LAVA JATO Lula não é chamado para depor, nem mesmo investigado, apesar das acusações contra ele e filhos, porque é considerado inimputável?

EM TEMPO DE CRISE O governo gastou R$ 160 mil para

PODER SEM PUDOR DESCULPAS SÓ PÚBLICAS O mineiro Magalhães Pinto, velha raposa política, não aceitava pedido de desculpas em particular de ataques feitos em público. E contou certa vez: "O Lacerda me atacou pela TV, depois foi lá em casa desculpar-se. Chegou, sentou-se, tomou cafezinho, e entrou no assunto: - Magalhães, fui agressivo com você, ontem. Vim pedir-lhe desculpas. - Nada disso, Carlos. Aqui em casa, só nós dois, não aceito. Você atacou pela TV, conserte na TV."

UNE NÃO É A MESMA Bastante rodado, o deputado CarCOLABORARAM:

FUNDADO

los Cadoca (PCdoB-PE) lamenta no que se transformou a União Nacional dos Estudantes (UNE), que combateu a ditadura. "Não é a mesma que ajudamos a criar", recorda.

e-mail:

diario@drd.com.br

DIRETOR RESPONSÁVEL: Edison Gualberto de Souza DIRETOR ADMINISTRATIVO: Getúlio Miranda Primo

Ana Paula Leitão e Teresa Barros - w w w . c l a u d i o h u m b e r t o . c o m . b r

FALE CONOSCO AGÊNCIA NOTICIOSA CartaZ Notícias Agência Estado Agência Graffo REPRESENTANTES: Central de Comunicação (ADI-Brasil) — Brasília: (61) 3323-4701 — Florianópolis/SC: (48) 3216-0600 — Rio de Janeiro: (21) 2246-8121 — São Paulo: (11) 3887-2193 Midia Brasil - (31) 3048-2310

PREÇO DE ASSINATURAS: TRIMESTRAL À vista: R$ 55,00 A prazo: 2 pagtos de R$ 30,00

VIA POSTAL (SEMESTRAL) À vista: R$ 267,00 A prazo: 3 pagtos de R$ 90,00 4 pagtos de R$ 70,00

SEMESTRAL À vista: R$ 100,00 A prazo: 2 pagtos de R$ 55,00 3 pagtos de R$ 38,00 4 pagtos de R$ 30,00

VIA POSTAL (ANUAL) À vista: R$ 530,00 A prazo: 2 pagtos de R$ 267,00 3 pagtos de R$ 180,00 4 pagtos de R$ 134,50

ANUAL À vista: R$ 200,00 A prazo: 2 pagtos de R$ 107,00 3 pagtos de R$ 72,00 4 pagtos de R$ 55,00

Formas de Pagamento: À vista, boleto bancário e cartão de crédito

PABX GERAL: 0

XX (33) 2101-2101

REDAÇÃO E GRÁFICA Fone: 0 XX (33) 2101-2100 Fax: 0 XX (33) 2101-2143

DEPTO. COMERCIAL: Telefax: 0 XX (33) 2101-2101 E-mail: comercial@drd.com.br

ASSINATURAS: 0 XX (33) 2101-2111 - Rua Marechal Deodoro, 715 CEP 35010-280 - Gov. Valadares - MG E-mail: assinaturas@drd.com.br EDITOR-CHEFE . . . . . . . . fred@drd.com.br politicadrd@drd.com.br economia@drd.com.br

Fred Seixas

CIDADES policia@drd.com.br. . . . cidade@drd.com.br

EDITORA Paula Magali

CULTURA. . . . . . . . . . . virginia@drd.com.br

EDITORA Virgínia Ferreira

especial rio doce

Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

Valadares voltará a ter captação de água A Copasa, depois de análise, emitiu um laudo informando que a água do rio Doce pode ser captada novamente com um elemento coagulante chamado polímero de acácia-negra por PAULA MAGALI paulamagali@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES — Depois de nove longos dias sem água, os valadarenses poderão vêla jorrando novamente de suas torneiras a partir da próxima semana. Um laudo emitido pela Copasa garante que a água tem condições de portabilidade para ser submetida ao tratamento normal das estações que atendem a cidade. A informação foi repassada pelo governador do Estado, Fernando Pimentel, durante coletiva de imprensa na tarde de ontem (14), e reafirmada pela prefeita Elisa Costa e pelo diretor do Saae, Omir Quintino. A retomada da captação incluirá vários tratamentos para fazer uma espécie de retrolavagem das ETAs, as quais ainda estão com muitos resíduos. Antes de chegar ao tratamen-

to, a água será submetida a uma reação com um elemento coagulante chamado polímero de acácia-negra. É um produto retirado de uma planta 100% orgânica e produzido no Sul do País. Ele acelera o processo de decantação e em cerca de 30 a 40 segundos já consegue separar os resíduos. Segundo a prefeita Elisa Costa, na sexta-feira foi captada uma água já tratada de amostra e encaminhada à Copasa. “Buscamos experiências, especialistas de outros lugares e até de outros países. Os técnicos da Copasa, juntamente com os do Saae, da Agência Nacional das Águas e da Samarco analisaram todos os dados e, neste sábado, veio a confirmação”, disse. Somente depois da análise e da retrolavagem a água poderá ser distribuída. “A água chegará a todas as casas num prazo de aproximadamente quatro dias”, afirmou.

FOTO: Antônio Cota

O GOVERNADOR Fernando Pimentel esteve em Valadares e informou que a água poderá ser tratada

CAPTAÇÃO ALTERNATIVA

NÃO HÁ METAIS PESADOS Segundo o diretor do Saae, Omir Quintino, o laudo constatou metais na água, mas todos se encontravam dentro dos padrões estabelecidos pela portaria do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) para fins de tratamento. “O manganês teve pequena alteração, a qual pode provocar uma coloração na água. Por isso vamos fazer quantas retrolavagens forem necessárias, porque agora o laboratório do Saae tem condições de analisar o ferro, manganês, alumínio, porque quanto aos metais pesados já estamos tranquilos, porque não existem”,

disse, acrescentando que será feita análise de cada água tratada para ser solta na hora que tiverem certeza de que não terá problema. “A turbidez neste momento está em 2.500 uT, muito próximo daquilo que tratamos independentemente de qualquer produto. Portanto, estamos utilizando um coagulante mais eficaz para um tratamento rápido. Em torno de 30 a 40 segundos ele está processando os metais existentes e permitindo fazer o tratamento. A lama fica retida no reservatório, onde é preciso fazer a limpeza com maior velocidade”, explicou. (P.M.)

LAUDO DIFERENTE DO DE BAIXO GUANDU O laudo da Copasa rebate outro apresentado pela Prefeitura de Baixo Guandu, que indicava a presença de metais pesados. Questionado sobre a divergência, Omir explicou que pode ser

devido à coleta de água bruta do rio. Nesse momento, porém, foi cortado pela secretária de Comunicação, Nagel Medeiros, que disse não responder por Baixo Guandu. (P.M.)

MEDIDAS EMERGENCIAIS CONTINUAM Segundo o governador do Estado, Fernando Pimentel, as medidas emergenciais já foram tomadas e vão continuar. “As medidas já estão surtindo efeitos e estamos com a empresa Samarco providenciando o início de uma obra de emergência de captação alternativa no rio Suaçuí. Não vamos abrir mão de nenhuma medida emergencial, para não corrermos o risco de acontecer algo e a cidade voltar a ficar desabrigada de uma solução deste porte”, garantiu, informando que os caminhões-pipa, a distribuição de água, dentre outras alternativas irão continuar. (P.M.)

ETA MÓVEL A Samarco está encaminhando para Valadares uma ETA móvel, a qual se junta a outra estação que está sendo reativada. Essa ETA é para o abastecimento dos caminhões-pipa que estão em Valadares. (P.M.)

A captação de uma adutora que já estava sendo prevista está mantida e, futuramente, Valadares terá uma captação alternativa. “Fizemos um acerto, um compromisso, e vamos ter uma nova captação definitiva de um novo manancial para o futuro, para dar segurança à cidade. Então, independentemente do rio Doce, vamos ter uma nova captação para o futuro da cidade”, garantiu Elisa Costa. (P.M.)

TURBIDEZ DA ÁGUA CAI Ainda existem rejeitos ao longo do rio Doce, o que poderá afetar futuramente o tratamento da água. “A lama ainda está presente nas hidrelétricas ao longo do rio. Não temos segurança quanto ao que vai acontecer ao longo do rio Doce”, explicou a prefeita Elisa Costa. Porém, segundo boletim do Saae divulgado na noite de sexta-feira, o nível de turbidez da água tem caído desde quarta-feira, quando atingiu o ápice de 131 mil uT. Na última sexta-feira, por exemplo, o nível já havia caído para 11 mil uT, e ontem, durante a coletiva, Omir Quintino afirmou que já estava em 2.500 uT, o que possibilitará que o tratamento seja retomado brevemente. (P.M.)

Chuva pode ajudar a limpar o rio Doce por FERNANDA MARTINI fernanda@drd.com.br

OVERNADOR VALADARES — Uma frente fria e a chuva que caiu na cidade na noite dessa sexta-feira trouxeram alívio para muitas pessoas, as quais aproveitaram para se banhar e reservar mais água para as atividades domésticas. A chuva seria também uma das soluções divinas para que o lamaçal depositado no rio Doce diminua. Segundo o site Climatempo, a previsão é que deste fim de semana até a próxima quarta-feira o clima na cidade não esteja tão quente quanto nos últimos dias. A probabilidade de chuva é maior. O gerente da Defesa Civil de Governador Valadares, Wilde Nonato da Silva Filho, confirma a chegada da frente fria e da chuva à cidade. “Estamos acompanhando os gráficos da CPTEC INPE, e eles nos mostram que entrou uma parte de chuva, mas lógico que são previsões. Já choveu na região, em Guanhães, Ipatinga. Isso quer dizer que entrou a chuva. A previsão era de que em novembro chovesse nesta parte do mês, e em dezembro também. Esperamos que essa frente fria entre de uma vez e venha trazer mais chuvas consistentes para nós, principalmente na nossa região. Antes víamos [tendência] de chuva e parava, mas agora a chuva está se desenhando mais e esperamos que ela persista e fique aqui”, afirmou. O gerente da Defesa Civil ressaltou que se a chuva persistir na cidade poderá ajudar a desobstruir o rio Doce. “A chuva vai acarretar uma água melhor. Poderá ajudar a defluir essa lama e a eliminar até mesmo o barro. Chuva para nós é importante, principalmente em Guanhães, Ipatinga, Coronel Fabriciano, onde é o rio Piracicaba. E no rio Santo Antônio, no Naque. Isso é importante para o nosso rio Doce, para essa lama passar o mais rápido possível para resolver a questão da água”, disse.

DIÁRIO DO RIO DOCE

sociedade

4A Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

FOTOS: Marquinho Silveira

Cheios de amor Os noivos do dia 21 de novembro são os lindíssimos Ana Carolina Dias Santos e Daniel Bridges Venturini. Eles se casam na Igreja Santa Rosa de Lima, às 20h45. Eternizando o momento estará o fotógrafo Marquinho Silveira.

Por dentro das novidades

Mestre

do barroco Entre os dias 16 e 21 de novembro, Ouro Preto relembra o aniversário da morte do mestre da arte barroca no Brasil, Antônio Francisco Lisboa. Com o tema “Escultura, arquitetura e pintura nos caminhos das Minas: aparência e realidade”, a 38ª Semana de Aleijadinho tem como objetivo a difusão e o fomento de pesquisas que promovam a preservação do acervo histórico brasileiro. O evento, gratuito, é uma realização da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e do Museu Aleijadinho. Saindo de Valadares estará a belíssima Kely Andrade.

O proprietário da Ótica Vedere, Nelson Azevedo, acabou de chegar de São Paulo, onde participou da Feira Internacional de Bijoias, maior evento do setor de bijuterias, acessórios e semijoias da América Latina. E, claro, trouxe muita novidade! São brincos, colares, gargantilhas e diversos acessórios para o Alto Verão 2016. Fique por dentro das novidades! A Ótica Vedere fica na rua Israel Pinheiro, 2.480, telefone: 32712434.

FOTO: Reprodução/Facebook

Nos encantos de Dubai Uma viagem dos sonhos em um lugar que é puro luxo. Juliana Procopio passa férias na encantadora Dubai. A foto foi tirada dentro do aeroporto internacional, assim que ela chegou ao país.

Aniversariantes

PARA ILUMINAR O SEU DIA

Hoje é dia de brindar com o queridíssimo diretor-presidente do Sicoob AC Credi, Ivinho de Tassis Filho. Amanhã é a vez da maravilhosa empresária Ceci Sendas. Felicidades!

“Nada é mais simples do que a nobreza; na verdade, ser simples é ser nobre.” (Ralph Waldo Emerson)

agendadrd@drd.com.br

especial rio doce

DIÁRIO DO RIO DOCE

5A Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

Cemig descarta possibilidade de apagão no Leste de Minas Mesmo com hidrelétricas com atividades suspensas, Cemig garante que não faltará energia na cidade e rebate informações de redes sociais

por FERNANDA MARTINI fernanda@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES — Embora a suspensão temporária de geração de energia nas Usinas de Baguari e Aimorés, em virtude do lamaçal de rejeitos de minério que descem pelo rio Doce, o fornecimento de energia na cidade não será paralisado, conforme se comenta nas redes sociais. Em nota de esclarecimento, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) descartou a possibilidade de a cidade ficar “no escuro”. “Não existe a possibilidade de desligamento de enerFOTOS: Antônio Cota

APÓS A chegada de um caminhão-pipa, a Polícia Militar negociou a liberação da via com os moradores

Moradores fazem ato por água por DIEGO DUNGA diego@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES — Moradores dos bairros Santa Helena, Santa Efigênia e do Carapina fizeram uma pequena manifestação na avenida Tancredo Neves, na manhã de ontem. A interdição da via teve início às 8 horas da manhã, mas foi interrompida depois da chegada de caminhõespipa no local para atender os moradores daquelas localidades. Porém, segundo os populares, a água que estava no veículo apresentava cor turva e, por isso, não poderia ser utilizada para beber. Revoltados, eles chegaram a fechar a via novamente, mas a Polícia Militar, que estava no local para garantir a segurança dos caminhões carregados de água, negociaram com os manifestantes e a rua acabou liberada no fim da manhã. Os manifestantes prometeram fechar a via caso não chegasse água mineral para aquela região.

POPULAÇÃO RECLAMOU da cor da água que estava sendo distribuída e reivindicou água mineral

gia elétrica na cidade de Governador Valadares e região devido às manobras nas usinas do rio Doce”, informou. A Cemig destacou ainda que a paralisação das atividades das Usinas de Baguari e de Aimorés, não afeta o fornecimento, já que o sistema elétrico brasileiro é interligado, ou seja, nesse momento, por exemplo, Valadares está recebendo energia da Usina de Itaipu. “A suspensão de geração de energia nas Usinas de Baguari e Aimorés não afeta o fornecimento de energia na região, pois o sistema elétrico brasileiro é interligado e está sob gestão do Operador Nacio-

nal do Sistema (ONS)”, diz a nota. O gerente-geral do Consórcio da UHE Baguari, Walter Guimarães Leite, em entrevista ao DRD, havia afirmado que embora a usina esteja próximo ao município, ela não é responsável pela energia da cidade. “É uma usina do Sistema Interligado Nacional, não tem um abastecimento específico. Ela joga no sistema interligado e dali a energia é distribuída para vários lugares. Inclusive, agora, a usina está parada, mas todas as cidades da região estão recebendo energia de outras usinas por meio da interligação”, ressaltou.

FOTO: Antônio Cota

USINAS DE Baguari e de Aimorés tiveram que ser desligadas por causa da lama no rio Doce

especial rio doce

DIÁRIO DO RIO DOCE

6A Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

ENTIDADES SOFREM COM A FALTA D’ÁGUA SAIBA QUEM ESTÁ PRECISANDO E COMO AJUDAR. SEGUNDO O SAAE, NEM TODOS OS CAMINHÕES QUE ESTÃO FORNECENDO ÁGUA NA CIDADE SÃO DA PREFEITURA por EDUARDO LIMA eduardolima@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES — Com o abastecimento suspenso por causa da lama no rio Doce, muitas entidades têm sofrido com a falta de água. Principalmente hospitais, abrigos e as instituições mais carentes. Para piorar a situação, o primeiro carregamento de água trazido pela Vale, na sexta-feira, 13, com 280 mil litros, não servia para o consumo. A água não pôde ser distribuída, pois continha alto teor de querosene. O DRD entrou em contato com algumas das entidades que mais necessitam de doação de água. O Hospital Nossa Senhora Das Graças passou por dificuldades ao longo da semana. O hospital precisa de 60 mil de litros de água, mas recebeu apenas 10 mil litros, na última quinta-feira, 12. O hospital aguarda mais um abastecimento. Ao todo, são 150 pacientes que fazem hemodiálise lá. Boatos de que um paciente teria morrido devido à falta de água foram desmentidos pelo hospital. “Isso foi apenas um boato. É preciso

tomar cuidado com certas informações nas redes sociais, pois nem sempre falam a verdade. Passamos por dificuldades, como a maioria dos hospitais e das entidades em Valadares, mas estamos conseguindo supri-las, por enquanto”, informou a coordenadora de enfermagem do hospital, Renata Soares. Quem quiser ajudar pode ligar para (33) 3271-7429. O hospital fica na rua São Paulo, 1.125 ,Centro. O Abrigo Esperança, que dá moradia a pacientes oncológicos (radioterapia e quimioterapia e hemodiálise) de Valadares e cidades vizinhas, também está precisando de ajuda. Na última sexta-feira, o abrigo recebeu o primeiro abastecimento. Entretanto, a água que foi despejada nas caixas estava suja e impossível de ser utilizada. De acordo com a fundadora do abrigo, Zélia Gláucia, a água estava com mau cheiro. “O primeiro caminhão-pipa chegou na sexta, mas a água estava suja e fedorenta. Uma água impossível de ser consumida. Foram dois mil litros jogados fora. A água acabou descartada e

jogada nas plantas e no gramado do abrigo. A minha mão ficou com um cheiro muito forte de óleo quando tive contato com a água. Alguns moradores disseram que esse mesmo caminhão abasteceu uma escola no bairro Ipê. Mas, graças a Deus, no fim da tarde outro caminhão-pipa do Saae abasteceu o abrigo”, explicou. Não se sabe ainda de onde veio o caminhão que abasteceu o abrigo com água suja e contaminada. Mas Zélia Gláucia acredita que a prefeitura deveria ficar responsável pelo abastecimento na cidade. “Não posso afirmar que esse caminhão era do Saae, mas a prefeitura deveria monitorar quem está fazendo realmente o abastecimento e fazer a reposição de água nos hospitais e entidades que mais precisam.” O Saae informou que nenhum dos caminhões-pipa forneceu água ao Abrigo Esperança na sexta-feira. A prefeitura acrescentou que há muitos caminhões rodando por Valadares, mas nem todos prestam serviço a ela. Os caminhões a serviço do Saae estão identificados com adesivos, numeração e logotipo

FOTO: Antônio Cota

SEGUNDO O Saae, caminhões do município podem ser identificados por adesivos e numeração. A água fornecida pela autarquia é limpa e potável da autarquia. “O abastecimento em Valadares está sendo feito por 38 caminhõespipa com capacidade entre 10 mil e 40 mil litros de água; estão devidamente identificados com adesivos no parabrisa, e vão e voltam num

raio de 100 km em cidades da região. Eles enchem os tanques e retornam a Valadares para, prioritariamente, abastecer hospitais e estabelecimentos como laboratórios, clínicas de internação, abrigos, unidades de saúde,

escolas, creches, asilos e a cadeia pública.” Quem quiser ajudar o Abrigo Esperança pode ligar para (33) 3272-2593 ou 991201940. O abrigo fica na rua Nízio Peçanha, 1.384, bairro Vila Isa.

A vida fora dos trilhos Acho que pouco se tem a dizer após tanto falatório sobre a celeuma de águas e a morte do rio. O disse me disse é grande, muito maior que a eficácia em resolver o problema, que à primeira vista não parece de tão difícil solução. As megacompanhias envolvidas no crime têm não só recursos técnicos e econômicos, mas fartura de pessoal para resolver o abastecimento com uma imediata logística. Por que não o fazem, não sei. Mas, estou abismado com a falta de respeito dessa turma para com a sociedade do vale e, por que não, brasileira. Já lá se vai mais de semana da ocorrência e nada foi começado, a não ser tolos paliativos que não equacionam os serviços de distribuição do precioso líquido. Agravando mais, a demora é prejudicial para nós e outras cidades a jusante da descarga dada. A essa altura não só limpeza a proceder, como a possibilidade de chuvas fortes naquelas paragens, podem nos trazer toda lama remanescente que lá e pelo

caminho ainda se encontra. Tudo isso deverá estar caindo diretamente na calha e bacia de nosso rio, pois que nenhum cuidado foi tomado ainda para barrar a eventualidade da nova corrida desses “dejetos”. Os senhores executivos de tais companhias parecem tontos, doidos ou estão aterrorizados pela perda financeira, com possibilidade de se considerarem inatingíveis. Incrível o desrespeito demonstrado a todos que nada têm ou devem à ambição desmedida deles! Como é possível que possa ter sido realizado em nosso Estado, aos olhos e cuidados complacentes de nossas autoridades, uma obra desta envergadura com todo o jeitão de armadilha! Se chance mínima havia da “coisa” estourar, com danos previsíveis desta dimensão, jamais deveria ou poderia ter sido executada. Não se compreende mesmo como foi obtida uma autorização para a elaboração de tal projeto. E, logo nós, que, aqui ao longo do Vale do Rio Doce, temos

assistido vezes e vezes comandos ambientais percorrerem pequenas mineradoras e humildes garimpeiros, que apenas furam o chão tal qual tatu da própria natureza à procura de minérios valiosos, serem paralisados, multados e levados à vara da lei. Os tiram do honesto trabalho na maior, jogando-os nas esquinas dos aflitos. Pescadores, então, coitados... A turma vai pela margem do rio sempre destruindo seus equipamentos e os aprisionando ao buscar pôr cobro às suas atividades. Algumas vezes com razões, diga-se, mas aquele rigor, agora mostra-se diferenciado e escolhendo a quem castigar. Será mesmo que nenhum órgão de engenharia oficial, trabalho, segurança pública, sanitário jamais visitou essas minerações? Se não foram, será que nenhum sargento de polícia ambiental por lá passou? Começo a acreditar sinceramente que, além das pessoas revestidas de “otoridade”, também a lei escolhe sobre quem cai os seus mais severos desíg-

nios. Sacana a lei e a doença ambientalista que torta, avassala o país, sendo só mesmo para o mais simples; para os grandes, nada... E como praga não é solteira uma menor nos chega junto à grande e muito imprópria ao momento: a política. É de estarrecer o proveito que cada um procura tirar da situação. A vida em chamas e os “profissionais” disputando para mostrar quem foi que chamou o socorro “que não veio”. E nenhum fala coisa com coisa, nem traz uma mínima ideia visível ou crível que seja, para minorar os efeitos da tragédia. Chegam dizendo e ofertando entrevistas que conversaram com Deus e o diabo da terra, já dando solução geral para todos e aumentando a confusão ao tecerem críticas ácidas, ou inverdades àqueles que têm sobre os ombros os encargos na apresentação dos trabalhos e das soluções. Tais políticos bem poderiam ir dar uma voltinha pelas praias do oceano com aquele mundão de água e por lá dormirem um pouco para, com

JOSÉ ALTINO MACHADO - aviador - e.mail:zealtino@uol.com.br As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

por José Altino Machado (*)

seu silêncio e ausência, deixarem quem tem responsabilidades com o serviço público resolver a secura da carência social. Ao moverem discórdias, em um grave momento desse, tornam-se extremamente destrutivos. Será esta uma lição única que todos nós estamos a receber pelo resto de nossos tempos: agora aprendemos bem o grande valor que tem este bem precioso líquido e o que ele representa para a vida. Interessante, é que ainda não chegou a faltar tanto, mas só de se pensar em seu possível desaparecimento para a necessidade, já dá um torturante desespero. Salvai-nos dos homens, Senhor, que da natureza nós haveremos de cuidar.

especial rio doce

DIÁRIO DO RIO DOCE

7A Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

De nossos leitores FOTO: Antônio Cota

Vale manda água contaminada com querosene Ricardo Vidal: O povo brasileiro é feito de palhaço por essas empresas que pensam ser donas de tudo. Yara Rodrigues: AVale está agindo com total descaso e falta de respeito com a população, mandando água suja de querosene. Sandra Cristina Siqueira: Essa Vale é um rio de lama. Marcos Dias Silva: Falta de respeito, falta de sensibilidade com quem precisa e necessita. Frederson Freire: A Vale acha que pode levar qualquer água, que o povo vai beber. Estão achando que o povo de Valadares é animal para beber água com querosene. Falta de respeito com as pessoas. Wanderson Walquiria: Essa Vale vale nada. Miranda Souza Santos: Pisaram na bola de novo. Agora querem nos matar com querosene, já não bastasse o mercúrio, o arsênio, etc. Quézia Cristina: Cambada de incompetentes! Fazendo o povo de palhaço, todos esperando por água. Eliano Gonçalves: Estava na cara que estaria contaminada. Na hora que vi entregando água naqueles vagões, falei: Não dá para beber. Quem foi o artista que fez isso? Põe pra ele beber. Renata Lanna: Acabou de passar no Jornal Nacional que a Vale negou isso! Quanto a Globo ganha para pro-

MAIS DE 5 mil pessoas fizeram fila na Praça de Esportes para receber galão de 5 litros. Distribuição durou o dia todo teger a Samarco? Claret Costa: Será impressão minha ou a incompetência virou moda no Brasil? Virou moda o descaso com o ser humano? Um absurdo! Di Rocha: Leva essa água para o presidente da Samarco tomar! Quem sabe ele não sinta o gosto de querosene. Prefeitura: A própria Vale, por meio do responsável pelas Relações Institucionais da empresa, Henrique Lobo, admitiu que os quatro primeiros vagões foram enviados por equívoco e que novos quatro vagões chegam ainda esta noite [sexta-

feira]. A água com alto teor de querosene já foi descartada. Vale: A Vale esclarece que coletou a água no local indicado pela Copasa, em Ipatinga, e a transportou em vagões-tanque usados para combates a incêndios florestais. Esses vagões só transportam água e nunca transportaram querosene. A Vale entregou a água em Governador Valadares esta manhã, em local acordado com a prefeitura. Esta, por sua vez, se responsabilizou pelo transporte da água em caminhões-pipa, que não são de responsabilidade da

Vale. Representantes da empresa estão entrando em contato com a administração municipal para esclarecer o ocorrido.

Cerca de 5 mil pessoas buscam água na Praça Maria de Melo Santos: Enquanto nossos governantes ficam deitados em berço esplêndido, o povo de Valadares tem que passar por uma humilhação dessas! Leiliane Duarte Rodrigues: E as pessoas mais velhas, que não têm como ir buscar?

Pessoas com alguma deficiência? Que trabalham o dia todo e não podem ficar na fila esperando? Juliana Gonçalves: Absurdo ficar 3 horas para pegar 5 litros de água. Sol tão quente, que quando conseguirem irão tomar ali mesmo. Wallacy Martins: Fritando no sol. Sentia dor por cada hora que passava lá... Donizete Custódio Rodrigues: Só milagre do vinho para a água resolverá esse problema. Juliana Lucide: Isso é uma vergonha nacional! Gisele Pego: Não merecemos isso.

Opiniões podem ser enviadas para o email opiniao@drd.com.br Há também a opção de deixar seu comentário na nossa página na internet ou na nossa fanpage no Facebook

Captação só no rio Doce precisa ser revista Simone Petronilho: Poços artesianos. Eu não entendo e me desculpem se falo bobagem. Nem sei quanto tempo leva para construir. Mas em médio prazo não seria viável? Que Deus tenha misericórdia! Abigail Gonçalves: Pois bem, na minha ignorância, e como “procuradora de justiça” voluntária, sei que não podemos ter uma única alternativa para atender o público. Mas aqui na minha querida cidade sempre foi assim. Nasci aqui. Temos uma única passagem para a região da Ibituruna, que é a ponte do São Raimundo. Já foi música de carnaval, já foi tema de palanque eleitoral, e estamos esperando ela cair para depois pensarmos numa alternativa “B”, para transitar... E olha que do lado de lá temos um hospital e uma UPA. Todas as tardes um engarrafamento intenso é visto por lá. Quanto à única forma de captação de água no querido ex-rio Doce, quero não acreditar que órgãos conceituados, entendedores do assunto água (e olha que existem várias siglas...) não deram conta disso, e se deram, por que não cobraram providências do poder público em todas as esferas? Tô procurando justiça e resposta. Fábio Ribeiro: No Brasil é assim: nunca se pensa nem se planeja para o futuro, em nada. Será que vamos aprender desta vez? Salvação para o nosso rio Doce já não sei se é mais possível.

especial rio doce

DIÁRIO DO RIO DOCE

Cidade tem oito postos de distribuição de água GOVERNADOR VALADARES — Oito postos de distribuição de água mineral e potável começaram a atender a população ontem. Os postos foram definidos estrategicamente para chegar a vários bairros de regiões distintas. E ao longo da próxima semana deverão ser 30 postos na cidade, de acordo com o volume de água que chegar ao município. Para o controle e garantia de que o maior número de famílias sejam assistidas, é indispensável que cada família leve aos postos a conta de água mais recente — mesmo que ainda não tenha sido paga. Esta conta será carimbada para o controle. Serão distribuídos galões de 20 litros de água mineral e disponibilizadas caixas d’água com água potável para que as famílias que levarem seus vasilhames possam também enchê-las. Não serão distribuídos vasilhames nesses locais. Pela manhã, o atendimento será apenas na Praça de Esportes, a partir das 9 horas. Nos demais sete pontos, os trabalhos começam às 13 horas, e nos oito pontos devem se encerrar às 17 horas. 1. Local de distribuição: Praça de Esportes (rua Afonso Pena, 2.270, Centro). Horário de atendimento: 9h às 17h. Bairros de abrangência: Centro, Esplanada, São Tarcísio e Ilha dos Araújos. 2. Local de distribuição: Escola Pe. Pedro Crisólogo (rua Jacarandá, 18, Cardo). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairros de abrangência: Sir (lado esquerdo da linha férrea), Cardo, Vila Mariquita, Jother Peres, Sítio das Flores, Alto Esplanada, Belvedere, Chácaras Braúnas.

3. Local de distribuição: Escola Municipal Chico Mendes (rua Trinta, 102, Santos Dumont). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairros de abrangência: Capim, Universitário, Santos Dumont, Santos Dumont II. 4. Local de distribuição: Escola Estadual Adelaide Malzone Hugo (rua Pe. Leonardo Senne, Altinópolis). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairro de abrangência: Altinópolis. 5. Local de distribuição: Creche Criança Sorriso (rua Darcy Martins dos Santos, 389, Santa Paula). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairro de abrangência: Santa Paula. 6. Local de distribuição: Escola Municipal Vereador João Dornelas (rua 5, Jardim da Penha). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairros de abrangência: Vitória, Figueira, Novo Horizonte, Penha. 7. Local de distribuição: Escola Estadual Professora Theolinda de Souza Carmo (rua Joaquim Costa, s/n, Santa Rita). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairro de abrangência: Santa Rita. 8. Local de distribuição: Cras São Raimundo (rua Ametista, 390, São Raimundo). Horário de atendimento: 13h às 17h. Bairros de abrangência: Vera Cruz, Conquista, São Raimundo, Vila dos Montes.

Governo tem amparo legal para intervir na Samarco Exma. presidente Dilma Rousseff, Respeitosamente, vimos perante V. Exa. expor e solicitar o que se segue: V. Exa. veio a Governador Valadares para visualizar o maior dano ambiental e quiçá humanitário de que se tem notícia em nosso Estado, provocado pelo rompimento de por Saulo Mansur (*) duas barragens da mineradora Samarco. Milhões de pessoas no “Leste de Minas” e Espírito Santo foram atingidas pela falta de água, dezenas de mortes, riscos sérios de epidemia de toda natureza, sem mencionar o extermínio do já famigerado rio Doce e toda a fauna e flora que o circundam. Como é notório, a Samarco Mineração é uma Sociedade Anônima, joint venture, de capital fechado, onde a Vale detém 50% (cinquenta por cento) de seu capital social. Apesar de a Vale ser uma empresa privada, é do conhecimento de todos que o Governo Federal, quando de sua privatização, também se manteve como acionista “especial”, detendo as chamadas “ações douradas” (golden shares). As “ações douradas são de titularidade do Governo Federal exatamente devido a importância social, econômica e ambiental da atividade da Vale. A Vale é a maior mineradora do Brasil, e está entre as 5 maiores do mundo. Seu valor de mercado gira entorno de R$ 1 trilhão. Essas “golden shares” conferem ao Governo Federal enorme poder de controle sobre a Vale e, por conseguinte, genericamente falando, suas “subsidiárias”. Como a Samarco pertence à Vale e o Governo Federal pode controlar a Vale em situações de emergência, logo o Governo Federal também controla a Samarco. Assim, imediatamente se faz necessária uma interferência do Governo Federal na Samarco, para que a mineradora monte comissões de conciliação em todas as cidades atingidas pelo “mar de lama” e comece a minimizar os danos, restabelecendo as condições mínimas das pessoas, sem prejuízo de posterior indenização, caso a caso, e evitando assim processos judiciais que congestionarão ainda mais a Justiça e levarão anos para serem julgados. Seria um belo exemplo do Estado Brasileiro para colocar em prática a conciliação, instrumento tão propagado pelo Governo Federal na mídia a toda a população. Em síntese: o Governo Federal não negocia com a Samarco. O Governo Federal, como acionista “especial”, com amplos poderes, poderia intervir na referida Empresa em prol da população imediatamente. Respeitosamente, Saulo Mansur. (*) Delegado da Polícia Civil e professor de Direito Penal e Processual na Fadivale As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

8A Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

Produtores rurais são afetados pelo lamaçal Animais sem água e plantações sem irrigação. Sindicato Rural ainda não sabe o tamanho do prejuízo, mas diz que será grande. Cooperativa passa a fornecer água para o Saae FOTO: Antônio Cota

por FERNANDA MARTINI fernanda@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES — Muito além da água para o consumo e os afazeres domésticos, os produtores rurais de Valadares que dependem exclusivamente do rio Doce estão passando aperto para dar água aos animais, bem como para irrigar as plantações. E, com isso, o que fica são prejuízos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Governador Valadares, Afonso Bretas, ainda não há como estimar a perda da produção e de dinheiro. “Os produtores, principalmente os ribeirinhos, estão sendo afetados com relação à dessedentação dos seus animais. Inclusive, aconselhamos via rádio e e-mail para que eles retirem os animais do uso dessa água até segunda ordem”, disse. Além disso, o presidente do Sindicato Rural destacou que a vacinação do gado também deve ser feita, tendo em vista a putrefação dos peixes, os quais podem provocar doenças, como o botulismo. “Preventivamente pedimos que fizessem a vacinação

ANIMAIS ESTÃO ficando sem água para beber em propriedades à margem do rio Doce. Sindicato diz que prejuízos serão grandes contra o Clostridium [botulismo], causado pela putrefação dos peixes”, alertou. Quanto aos produtores de hortaliças e demais tipos de plantio, Bretas pontua que esses são os mais prejudicados com o lamaçal no rio Doce. “Os produtores que dependem do uso da água para irrigação, principalmente os que têm pivô central e plantio programado sequencialmente, estão no prejuízo. Ninguém tra-

balha sem água. Todos são afetados. O prejuízo não será pequeno”, comentou. O vice-presidente da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, João Marques, reforça que a catástrofe abalou e chocou o município, além de trazer problemas para a produção de leite, a qual depende do rio Doce. “Nós estamos sem informação direta sobre o que vai acontecer para que isso seja sanado. Não esta-

mos vendo solução, nada de concreto, e isso traz pânico à Cooperativa, seus associados e colaboradores”, ressaltou. João Marques afirmou ainda que a fábrica Ibituruna está fornecendo água ao Saae. “Nós, da fábrica Ibituruna, onde se produz o leite, temos uma estação de tratamento que capta na calha do rio Figueira. E temos capacidade para 2 milhões de litros de água por dia. Mas, em função da seca, o fluxo de água não permite essa captação. Estamos captando em torno de 700 a 800 mil litros por dia. Além disso, estamos fornecendo água para a população de Valadares por meio do Saae. Em torno de 300 mil litros diariamente. A ajuda está sendo feita desde o primeiro dia da catástrofe”, disse. João Marques acrescenta que os integrantes das unidades ruralistas, bem como o Sindicato Rural, União Ruralista Rio Doce (URRD), Cooperativa Agropecuária e demais produtores estiveram reunidos com representantes da Defesa Civil e colocaram toda a estrutura do Parque de Exposições à disposição para a distribuição de água.

especial rio doce

DIÁRIO DO RIO DOCE

1B Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

MILITARES DO EXÉRCITO NÃO DESCARTAM RISCO DE EPIDEMIA O COMANDO DO TIRO DE GUERRA EM VALADARES LEVOU O ASSUNTO A REUNIÃO COM A SECRETARIA DE SAÚDE, PARA QUE SEJA FEITO UM TRABALHO PREVENTIVO PARA EVITAR UM PROVÁVEL PLANO DE EVACUAÇÃO. PREFEITURA NÃO RESPONDEU AOS QUESTIONAMENTOS por ROSANE SANTIAGO rosane@drd.com.br

taria Municipal de Saúde já vai fazer uma preparação para evitar esta situação. Agora, naturalmente, vai cair o padrão de higiene, e com a baixa oxigenação do rio e a vida que está morta lá dentro, as possibilidades aumentam. Todo o trabalho preventivo será feito pela Secretaria de Saúde”, informou Mayrink. Antes do retorno que o DRD teve do resultado da reunião na noite de sexta-feira, na parte da tarde do mesmo dia o sargento Jeovane, também militar profissional do Exército, quando questionado sobre essa possibilidade de haver um plano de evacuação e do risco de epidemia, foi mais contido. “Eu não posso responder por isso. O melhor é você procurar alguém da prefeitura”, disse, sem negar a possibilidade. A prefeitura foi questionada pelo DRD para responder sobre o assunto no início da tarde de sexta-feira, mas até o final da edição deste sábado nenhum retorno foi dado.

FOTO: Virgínia Ferreira

GOVERNADOR VALADARES — Além de todos os problemas que a população enfrenta com o desabastecimento de água em Valadares, uma outra situação, considerada grave, preocupa os militares profissionais do Exército na cidade. Em trabalho que vai continuar ininterrupto, principalmente na organização e distribuição da água, os comandantes voltaram sua atenção agora para um provável risco de epidemia de várias doenças, como dengue, cólera, doenças diarreicas agudas, infecções intestinais, esquistossomose e leptospirose, causadas pela contaminação da água do rio Doce com a chegada da lama de rejeitos de minério da Samarco/Vale e com a morte dos peixes e outras espécies. Após a equipe de reportagem do DIÁRIO DO RIO DOCE abordar a veracidade de informações sobre um possível

plano de evacuação, principalmente de crianças e idosos, com o militar do Exército que comanda o Tiro de Guerra em Valadares, subtenente Mayrink, o assunto foi levado por ele a uma reunião na noite de sexta-feira com vários órgãos responsáveis. Na manhã deste sábado, o subtenente respondeu ao DRD, afirmando que durante a reunião o risco da epidemia foi levantado e a Secretaria de Saúde ficará encarregada de fazer trabalho de preparação. O militar esclareceu que um plano de evacuação não será necessário, mas não descartou o risco da epidemia e que, por isso, a Secretaria Municipal de Saúde já estaria encarregada de fazer a prevenção. “Foi a primeira vez que eu tinha ouvido falar sobre esse assunto quando vocês conversaram comigo, então, levei o assunto para a nossa reunião, e o risco de epidemia existe, sim. Mas não será preciso um plano de evacuação, pois a Secre-

FOTO: Diego Dunga

RICARDO CRIOU um sistema alternativo para utilizar a água da chuva em sua casa

Morador cria sistema para captar água da chuva por DIEGO DUNGA diegodunga@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES — Com a previsão de mais chuvas para os próximos dias na cidade e com a falta de abastecimento de água devido à lama que caiu no rio Doce, um morador criou um sistema alternativo para utilizar a água da chuva em sua casa. De acordo com o cantor da banda Cambucá Ricardo De Lazari, o projeto é útil, especialmente, para locais de bastante consumo. “A necessidade é que faz o momento. Eu desenvolvi esse projeto com a finalidade de captar a água da chuva, pois agora nós vamos entrar na época das chuvas. Como já choveu sexta-feira, captei 1.000 litros de água para usar no dia a dia da minha residência. O projeto é simples, de baixo custo e pode ser aderido por vários prédios, condomínios ou residências da nossa cidade”, comentou. Ele explicou como é o processo de captura da água da chuva para ser distribuída em sua casa. “A princípio, o processo é captar a água das calhas dos telhados. Existe um cano, no qual fiz uma adaptação. Como antes a água ia embora para a rua, adaptei o cano e o joguei para uma

EXÉRCITO CHEGOU à cidade na última sexta-feira para auxiliar na distribuição de água e cooperar com a Defesa Civil

Vereador quer que a Câmara ajude no repasse de informações oficiais GOVERNADOR VALADARES — A cada instante uma informação diferente é divulgada em rodas de conversas, pelas ruas da cidade e também em redes sociais, sobre a situação em que a cidade se encontra com o desabastecimento de água. Quem mais sofre com isso é a população, que fica perdida e sem saber o que vai acontecer e onde buscar informações corretas e ajuda. Direcionar isso poderá não ser difícil de acontecer, se um requerimento do vereador Geovanne Honório (PT), protocolado na Câmara, for acatado pelo presidente da Casa, vereador Adauto Carteiro (PROS). O pedido é para que a Câmara se faça mais presente neste momento, para ajudar a comunidade, buscando informações oficiais, divulgando-as nas mídias em curto e médio prazos, além de usar uma infraestrutura para o repasse de informações concretas. Geovanne Honório disse que o povo está perdido com esse “bombardeio” de informações e que muita gente tem procurado ajuda. “A verdade é que a população está

perdida, não há nenhuma informação concreta sobre as medidas que vão ser feitas de imediato, e a curto, médio e longo prazos. Cada um diz uma coisa diferente, e isso causa tumulto e desinformação. Estou achando a Câmara muito ausente. Fiz um requerimento e protocolei com o Adauto pedindo que providências sejam tomadas. Pedi que ele, enquanto presidente da Casa, busque informações oficiais e concretas e divulgue-as nas mídias, junto com as medidas que vão tomar para resolver a situação. O povo quer respostas agora, muita gente está sem saber em que acreditar. A Câmara está fazendo rodízio de funcionários e com redução do horário de trabalho, mas é preciso ajudar. Solicitei que seja montada uma infraestrutura com rede telefônica, das 7h às 18h, com pessoal, para informações que forem captadas oficialmente, principalmente sobre os locais de distribuição de água e quem quiser solicitar ajuda.” O pedido está sendo analisado pela Câmara.

caixa que tinha de 5.000 litros. A primeira água da chuva, deixei correr fora, porque lavou o telhado, onde tinha muita sujeira. Depois de meia hora, a água foi captada para a caixa d’água. O processo é ter cano, as curvas, uma caixa d’água para servir como reservatório e uma bomba com um cano para levar a água à caixa principal.” Ricardo destacou que já utiliza a água para certas atividades domésticas. “A água da chuva é considerada limpa e pura. No meu caso, depois que eu jogo a água para a caixa d’água, estamos utilizando para lavar roupas, dar descarga, tomar banho e pode até ser consumida para beber, desde que tomadas as devidas precauções. É necessário filtrar em carvão ativado e ferver a água para depois ser consumida tranquilamente. Ela ficará isenta de qualquer tipo de bactéria.” O criador do sistema alternativo disse ainda que é necessário jogar 1/2 copo americano de cloro para cada 1.000 litros na caixa que recebe a água da chuva, para evitar algum tipo de bactéria. O morador que desejar implantar o projeto alternativo pode comprar uma bomba que custa entre R$ 400 e R$ 500. A caixa d’água pode ser de qualquer capacidade.

especial rio doce

DIÁRIO DO RIO DOCE

2B Governador Valadares, domingo, 15 de novembro de 2015

Recipientes com água podem se tornar focos da dengue POPULAÇÃO PRECISA FICAR ATENTA E SEGUIR ALGUMAS MEDIDAS DE SEGURANÇA FOTO: Antônio Cota

por LORENA BITTENCOURT lorena@drd.com.br

GOVERNADOR VALADARES - A população valadarense vem estocando água em baldes, galões, tambores, caixas d’água e diversos outros recipientes. É preciso lembrar, porém, que água armazenada sem a devida cobertura é um prato cheio para a proliferação do mosquito da dengue. O último Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LirAa) em Valadares apontou um índice de infestação superior a 4%, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que o número não pode ser superior a 1%. Isso significa que existe um alto risco de epidemia na cidade. Segundo o referente técnico em dengue do Centro de Controle de Zoonoses, José Batista dos Anjos Júnior, a população precisa ficar atenta e seguir algumas medidas de segurança. “Todos os recipientes de água devem ser vedados, pois podem se tornar focos do mosquito

T ELEFONES Ú TEIS PREFEITURA DE GOVERNADOR VALADARES ..3279-7400 APAE ..............................................................................3221-3664 MUSEU ..........................................................................3271-8560 BIBLIOTECA .................................................................3271-2871 HOSPITAIS Hospital Municipal..........................................................3271-2578 Policlínica Central (DST/Aids, hanseníase, tuberculose) ........................................................................................3272-2244 Hospital Samaritano......................................................2101-6100 Maternidade S Terezinha..............................................3277-2200 VIG. SANITÁRIA...........................................................3271-6520 PROCON - Defesa do Consumidor Av. Brasil, 3.487 - Centro, Gov. Valadares ..................3276-7699 APOIO POLÍCIA .....................................................................................190 DISK-DENÚNCIA......................................................................181 8º RPM ...........................................................................3202-7205 6º BPM ...........................................................................3201-0100 43º BPM .........................................................................3201-0200 POLÍCIA CIVIL...............................................................3277-4000 PM - 8ª Cia. de Missões Especiais..............................3201-0175 8ª COMPANHIA DE POLÍCIA MILITAR INDEPENDENTE DE MEIO AMBIENTE E TRÂNSITO.............3279-4250 / 3279-4285 IEF ..................................................................................3277-8686 IBAMA ............................................................................3277-5522 SAMU .........................................................................................192 CORPO DE BOMBEIROS.......................................................193 CEMIG........................................................................................116 P R F...............................................................................3272-1590 POLÍCIA FEDERAL ......................................................3212-9100 AEROPORTO (Administração) ...................................3277-3935 AEROPORTO (Azul) ...............................3272-8538 / 4003-1118 EST. FERROVIÁRIA.....................................................3279-4471 HEMOMINAS ................................................................3212-5800 MG Transplantes...........................................................3271-1909 FUSOBRAS...................................................................3277-9300 SEMOV ..........................................................................3225-3187 DISQUE LIMPEZA........................................................3275-7562 SAAE..........................................................................................115

Ó BITOS

ÁGUA ARMAZENADA sem a devida cobertura é um prato cheio para a proliferação do mosquito da dengue

Aedes aegypti. A população também pode fazer o uso de cloro, mas o ideal é vedar, pois o cloro se evapora e é preciso repô-lo. O recomendado é vedar com tela, pano preso com elástico ou papel alumínio”, explicou.

Com relação à água suja que corre pelo rio Doce, repleta de lama e peixes mortos, José Batista ressalta que é importante que a população evite qualquer tipo de contato com ela, para não ser infectada. “As pessoas devem evitar contato com água parada

próximo ao rio ou lagoas, pois há risco de se contrair leptospirose. Quanto às moscas que pousam nos animais mortos e depois nas pessoas, elas podem causar verminoses, e suas larvas podem levar bernes e miíase à população”, destacou.

Samarco tem 30% de desconto se pagar multas em 20 dias

Corpo é resgatado em Santa Cruz do Escalvado

Índios crenaques interditam ferrovia

MARIANA — A empresa Samarco poderá ter uma economia de R$ 75 milhões ou recorrer administrativamente da multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na tentativa de reduzir os valores ou até mesmo cancelar os cinco autos de infração, de R$ 50 milhões cada um, aplicados com base na Lei de Crimes Ambientais. De acordo com o Ibama, os dirigentes da mineradora foram notificados e têm prazo de 20 dias para recorrer ou pagar a multa preliminar pelos danos ambientais, com desconto de 30%. A empresa ainda não se manifestou sobre a multa que, dos R$ 100 milhões iniciais, sofreu acréscimo de R$ 150 milhões desde a quarta-feira.

MARIANA — Mais um corpo foi resgatado na região onde ocorreu o rompimento das duas barragens da mineradora Samarco. O corpo, ainda não identificado, foi encontrado nesta sexta-feira, em Santa Cruz do Escalvado. No momento são 18 desaparecidos, sendo 9 funcionários da empresa e 9 moradores. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) de Mariana, onde será periciado e identificado. Com o resgate, o número de corpos localizados subiu para nove. Sete foram identificados e tiveram as causas do óbito confirmadas, em decorrência da tragédia. Três cadáveres permanecem no IML.

RESPLENDOR — Desde as 16 horas de sexta-feira, índios da aldeia crenaque interditam a Estrada de Ferro Vitória a Minas FOTO: Divulgação (EFVM), entre as cidades de Resplendor e Conselheiro Pena. O protesto é devido aos graves problemas no rio Doce, após o rompimento das barragens em Mariana, as quais pertencem à Samarco Mineração, cujos acionistas são a Vale — proprieÍNDIOS DA aldeia crenaque interditaram a tária da ferrovia interditaEstrada de Ferro Vitória a Minas entre as da — e a anglo-australiacidades de Resplendor e Conselheiro Pena na BHP Billiton. Com a interdição, a circulação de trens de carga e de sárias para liberar o tráfego ferpassageiros está interrompida roviário o quanto antes e garanpor tempo indeterminado, prejutir o embarque dos passageiros dicando o apoio à distribuição que estão com viagens agendade água ao longo da EFVM. Os das para os próximos dias. Inforpassageiros que já haviam adquimações podem ser obtidas pelo rido seus bilhetes poderão se Alô Ferrovias (08002857000).

por DIEGO DUNGA diego@drd.com.br

dirigir às estações ao longo do trecho para remarcar sua passagem ou solicitar reembolso no prazo de 30 dias. Em nota, a Vale disse lamentar o ocorrido e informa que já está tomando as medidas neces-