sbc 08 JUL/AGO/SET
2013
SBC
infor mativo
Entrevista Roberto Sakamoto
Mens Sana
Pegar onda é o equilíbrio para um ortopedista de coluna mineiro.
Atualidade
Os próprios cirurgiões têm de se pronunciar e defender seu trabalho
Resenha
A perda da visão em cirurgia da coluna
Sociedade Brasileira de Coluna
Sociedade conquista mais visibilidade internacional
editorial
Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
A nossa pauta Carlos Henrique Ribeiro Presidente da Sociedade Brasileira de Coluna
Dentro da ebulição social que o nosso país está vivendo, diretamente somos atingidos pelas circunstâncias dos protestos que emergem da sociedade por um Brasil melhor na saúde, educação, segurança, e na política, entre outras pautas importantes e indispensáveis. Com a implantação do programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, foi adiada, temporariamente, a Reunião Conjunta da SBC/SBN/SBOT, em que a principal reivindicação a ser levada para o ministro Alexandre Padilha é a Tabela do SUS para a Coluna, com foco na Escoliose. Mas temos boas notícias para divulgar. Somamos pontos positivos na Consulta Pública da ANS, onde fomos beneficiados dentro do novo Rol, com novas codificações. Em outubro, vamos realizar a inauguração oficial da nova sede da SBC, projeto e execução iniciados na gestão do Dr. Luis Eduardo Munhoz da Rocha. Outra novidade é que a Sociedade está trabalhando ativamente para a conquista do Selo de Qualidade. Para que isso aconteça, é necessário que todos os associados se manifestem com sugestões para que possamos trabalhar em conjunto e com eficácia. Não poderia deixar de registrar a eleição da nova diretoria (20152016), ocorrida em Assembleia Geral, por ocasião do XIV Congresso Brasileiro de Coluna em Florianópolis. Duas chapas disputaram a eleição: Chapa 1, Integração e Consolidação, encabeçada pelo Dr. Mauro dos Santos Volpi; e Chapa 2, Trabalho e Inovação, liderada pelo Dr. Pil Sun Choi. Foi eleita a Chapa 1, ficando assim formada: presidente, Mauro dos Santos Volpi; vice-presidente, Aluízio Augusto Arantes Júnior; primeiro secretário, Alexandre Fogaça Cristante; segundo secretário, Marcelo F. de Campos; primeiro tesoureiro, Marcelo Wajchenberg; segundo tesoureiro, Cristiano Magalhães Menezes. O Conselho Fiscal será constituído por Waldemar de Souza Júnior, Enguer Beraldo Garcia e Raphael Martus Marcon, com Carlos Abreu de Aguiar, Adriano Scaff Garcia, Wilson Darctu na suplência.
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seu olhar
SBC
Sociedade Brasileira de Coluna
ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLUNA
Expediente Conselho Diretor: Presidente: Dr. Carlos Henrique Ribeiro Vice-Presidente: Dr. Mauro dos Santos Volpi 1º Secretário: Dr. Marcelo Wajchenberg 2º Secretário: Dr. Aluízio Augusto Arantes Júnior 1º Tesoureiro: Dr. Alexandre Fogaça Cristante 2º Tesoureiro: Dr. Cristiano Magalhães Menezes
Morei por dez anos no Rio de Janeiro (faculdade, residência de ortopedia e cirurgia de coluna) e pude retornar no começo de 2013 com toda a família, agora com dois filhos, para visitar as coisas belas do Rio. E livre da preocupação com o trânsito e das dificuldades vividas por quem fez toda a formação em serviços públicos do Rio de Janeiro com emergências abertas e serviços superlotados. Agora sou um turista apaixonado pelo Rio, pelos lugares em que vivi, os colegas que deixei, os professores que me guiaram... Esta imagem revela o olhar da minha família focado para a praia do Leme e Copacabana no alto do Bondinho do Rio, no Morro da Urca, com um belíssimo mar ao fundo e um pedacinho da Praia Vermelha no canto inferior. Fabricio Guedes Machado, ortopedista de coluna (Aracaju, SE). Participe deste espaço enviando uma foto para o e-mail coluna@coluna.com.br, colocando seu nome, a cidade onde atua profissionalmente e a data em que fez a imagem, acompanhada de um texto sobre a sua percepção do flagrante.
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Jornalista Responsável: Gilmara Gil – MTBRS 5439 e-mail: gilmara.gil@terra.com.br Coordenador Editorial: Dr. Eduardo Gil França Gomes e-mail: egfg@uol.com.br Editor: Dr. Sergio Zylbersztejn e-mail: sergiozyl@gmail.com Arte final e Editoração: Luciano Maciel Colaboram nesta edição: Alexandre Machado, Daniel Oliveira, Eduardo Gil, Fabricio Guedes Machado Periodicidade: Trimestral Impressão: Formato Editorial Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. Endereço: Sociedade Brasileira de Coluna – SBC Alameda Lorena, 1304 - sala 1406 CEP: 01424-001 - São Paulo - SP Telefax: (11) 3088.6615 e-mail: coluna@coluna.com.br www.coluna.com.br Secretária: Ana Maria Cella
Fale com o Informativo SBC enviando sugestões de assuntos para a próxima edição: coluna@coluna.com.br
Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
Mens Sana Ortopedista de coluna é fera nas ondas. Surfe é o ponto de equilíbrio entre a medicina e o prazer de realizar manobras radicais no mar.
Atualidade/8 Ato médico versus planos de saúde na ótica do Direito
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Resenha/14
nesta e d i ç ã o
A perda da visão em cirurgia na coluna
Atuação Enrique Izquierdo, novo presidente da SILACO, fala sobre o futuro da entidade e o crescimento da participação da SBC em nível mundial
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Artigo/16 Pesquisador italiano faz revelações interessantes sobre o comportamento cerebral de Dante Alighieri
fórum
agenda
i n t e r a t i v o
out/13 I Jornada da Sociedade Brasileira de Coluna do Rio de Janeiro Data: 25/26 de outubro Local: Sheraton Barra Hotel Realização: SBC Regional Rio de Janeiro Apoio: Sociedade de Neurocirurgia RJ (SNCRJ) Coordenação: Marcos Tadeu Ferreira Informações: jornadasbcrj@oitoeventos.com
Lombalgia crônica com claudicação neurogênica
nov/13
Paciente: feminino Comorbidades: Diabetes mellitus tipo1, hipotireoidismo, hipertensão arterial sistêmica, depressão Diagnóstico: Para criar hipótese diagnóstica, que exame de imagem você solicitaria?
Curso Técnicas Modernas e Avanços da Cirurgia da Coluna
Com estas imagens, qual o diagnóstico da paciente que não está de acordo com as imagens e quadro clínico?
Data: 22 e 23 de novembro Local: Hotel JP Ribeirão Preto (SP) Realização: Serviço de Coluna do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da FMRP- USP Coordenação: Helton Aparecido Defino Convidados: D. Korres (Grécia), Enrique Izquierdo (Espanha) e L. Papavero (Alemanha) Informações e inscrições: http://ral.fmrp.usp.br/ccoluna/new/
• Estenose de canal vertebral lombar
• Espondilolistese degenerativa L4L5 • Hérnia de disco degenerativa L4L5 • Artrose facetarial L4L5 • Escoliose lombar degenerativa Questões: Proponha tratamento para o caso descrito
Participe do fórum interativo. Veja mais imagens e envie sua resposta, acessando www.coluna.com.br
abr/14 ISASS14
O caso clínico desta edição é uma colaboração do Dr. Sérgio Zylbersztejn, Porto Alegre.
Data: 30 de abril a 02 de maio Local: Miami Beach, Florida (EUA) Informações: isass.org/index.html
jul/14 IV Cominco
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Data: 31 de julho a 02 de agosto Local: WTC São Paulo Realização: Comitê de Cirurgia Minimamente Invasiva SBC (CCMI) Informações: www.cominco2014.com.br Inscrições: contato@cseventos.net
opinião
Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
O povo quer saúde
Sergio Zylbersztejn Editor
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É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade.
”
Immanuel Kant
Esta edição exibe um conteúdo interessante e abrangente. A garimpagem de sugestões de pautas é um exercício constante para mantermos a unidade do foco da nossa revista informativa, visando proporcionar aos leitores uma visão das ações da SBC, mas, também, o universo da Coluna em nível nacional e mundial. Procuramos selecionar assuntos que representem, de uma forma ou outra, aquilo que vivenciamos no cotidiano nos consultórios, no ensino e nos hospitais. E, ainda, como cidadãos, onde mostramos nossos hobbies, nas histórias bem-contadas publicadas no ‘Mens Sana’. Embora estejamos unidos pela prática do bom associativismo que emerge da Sociedade, a nossa pauta maior é a questão que trata sobre a saúde do povo brasileiro. Existe um descompasso de números de médicos por habitante, valores de remuneração e planejamento de saúde no Brasil. A medicina da década de 40 foi se transformando na tecnologia do século XXI, enquanto que os investimentos do Setor foram sendo sucateados em uma matemática geométrica. Hoje, vivemos com a medicina da cirurgia robótica convivendo com a pajelança do século XV. É preciso estar atento e forte, como expressa o verso de uma canção popular, até para exercer uma profissão na época atual, pois é necessário nos identificarmos, sobremaneira, naquilo em que somos capazes de nos diferenciar de outras atividades afins na área da saúde. Na realidade, perdemos a boa convivência ou o “team”, em inglês. O acróstico, que em português corresponde à equipe, é traduzido por “Together everybody achievement more”. Numa tradução literal, todos juntos conseguimos mais. Cada um com a sua competência para o que estou e fui treinado nos meus estudos. Chega de discussões! Agora, o momento é para resolvermos o que esperamos há muito tempo: saúde, segurança e ensino. Os itens independem da sequência, mas esses são os primordiais e que devem ser recuperados com urgência pela população. A implantação do programa Mais Médicos por meio de medida provisória pelo Governo Federal significa mais enfermeiros, mais laboratórios, mais imagens, mais estrutura física, mais medicamentos, mais cirurgias e, por que não, mais competência, e mais consciência sobre a realidade política do país. Não sou contra a vinda de médicos do exterior. Quem estagiou fora do Brasil conhece médicos de todas as nacionalidades. Porém, o que os qualifica para trabalhar em lugares distantes de seus países é o seu preparo educacional e a confirmação de sua qualificação profissional, obtida por meio de um exame oficial. Entretanto, em que lugar existe o real programa básico de atenção à saúde do povo brasileiro? Esta é a pergunta que não quer calar, porque a resposta deve ser respondida pelos políticos brasileiros dos três níveis, incluindo o Senado com o seu alto e baixo clero. Existe um descompasso entre a ciência produzida e os investimentos em saúde pelos nossos governantes, independentemente de a que partido político eles possam pertencer. Pensem no assunto, afinal somos parte integrante de eficácia ou falência da saúde brasileira. Boa leitura!
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atualidade Planos de saúde versus cirurgias da coluna David B. Porter Diretor de Política Pública e Advocacia International Society for the Advancement of Spine Surgery (ISASS)
“
Os próprios cirurgiões têm de se pronunciar e defender seu trabalho.
”
Talvez, dado o emergente foco em fatores de custo em nosso atual ambiente de saúde, é inevitável que o alto custo médico de intervenções como das cirurgias da coluna esteja na mira dos pagadores. Nos Estados Unidos, por exemplo, os planos de saúde estão agora fazendo determinações de cobertura baseadas não apenas sobre o dado procedimento, mas também sobre o dispositivo específico escolhido e na abordagem planejada. Para que saibam, muitas abordagens minimamente invasivas, vistas como o próximo grande avanço na cirurgia da coluna vertebral devido às reduções de trauma do tecido, tempo de hospitalização, perda sanguínea e tempo de operação, estão sob recente escrutínio dos pagadores. Isto pode ser devido à sua associação com recentes tecnologias ainda não comprovadas (experimentais), e estão lutando para fazê-lo em um ambiente apertado de cobertura/reembolso. É de suma importância que as organizações profissionais como a ISASS desenvolvam pronunciamentos políticos baseados em evidências que deem base à utilização de técnicas, dispositivos e abordagens que podem melhorar vidas. De igual importância, os próprios cirurgiões têm de se pronunciar e defender seu trabalho; se os próprios cirurgiões não defenderem o que eles fazem, ninguém mais o fará. Nós nos esforçamos para ser uma organização que apoia as necessidades profissionais dos cirurgiões de coluna, proporcionando fóruns para as mais recentes informações científicas e clínicas, criando um ambiente de interação entre os melhores cirurgiões e os defendendo em nome de nossos membros e seus pacientes. As discussões sobre o custo de aquisição de tais dispositivos e reembolso para os hospitais e centros cirúrgicos são secundárias à meta do cirurgião de melhoria de resultados e ajuda aos pacientes.
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entrevista
Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
Gestão promoveu o ingresso dos neurocirurgiões Formado em 1965, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Sakamoto iniciou sua formação na cirurgia da coluna em 1972, no Minneapolis Hospital (EUA) onde fez fellowship com os doutores Moe, Winter, Lonstein e Bradford. Com estes decanos da ortopedia da coluna, aprendeu as técnicas desenvolvidas na época, como uso correto do colete Milwaukee, aplicação da Tração Halo-Femoral, o colete gessado de Risser-Cotrel e a instrumentação de Harrington e a correta artrodese de John Moe na correção das deformidades. Em 1983, o ortopedista retornou a Minneapolis para completar seus estudos em cirurgia da coluna, principalmente no aprendizado das técnicas de Luque, HarriLuque e a instrumentação de Dwayer. O ex-presidente da SBC no período 2001-2002 coordenou o Serviço de Coluna do Hospital da Baleia, de Belo Horizonte (MG), durante 40 anos. Atualmente, Sakamoto é chefe do Serviço de Coluna do Hospital Lifecenter - Ortopédico, que oferece vaga para três residentes R4, envolvendo uma equipe de oito membros da SBC na formação de ortopedistas de coluna. Informativo – Qual a motivação que o senhor teve para ser presidente da Sociedade Brasileira de Coluna? Roberto Sakamoto - Era o momento de Minas Gerais dar a sua contribuição à SBC, a qual estava em fase de reorganização. Informativo – Quais as realizações do seu mandado que ficaram marcadas na história da nossa Sociedade? Sakamoto - Primeiramente a aprovação do ingresso dos neurocirurgiões na Sociedade, mobiliar a sede nova adquirida na gestão anterior e promover o funcionamento administrativo. Também a organização do Congresso Brasileiro da SBC em Belo Horizonte, pois na época não havia as Comissões que existem atualmente. Informativo - Como era a cirurgia da coluna no início do século XXI e como observa os procedimentos na atualidade? Sakamoto - Naquele período passávamos por uma transição da segunda para a terceira geração de implantes da coluna. Atualmente, acompanho todas as novas tecnologias, que mostram melhores resultados para os nossos pacientes. Informativo – Como o senhor avalia o momento atual da SBC? Sakamoto - A SBC hoje é uma entidade madura, reconhecida e respeitada por todos, graças aos esforços da diretoria e de seus associados. Informativo – Que mensagem seria importante para o jovem cirurgião de coluna que ingressa na Sociedade? Sakamoto - Enfrentar os desafios que, com certeza, virão sem desanimar. E, em caso de dúvidas, buscar ajuda de colegas mais experientes, inclusive os seus preceptores de residência.
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Perfil Time do coração: Clube Atlético Mineiro Comida preferida: Uma boa lasanha Uma frase que marcou: “Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos seus bens que possui. O verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas ideias e a nobreza dos seus ideais.” (Charles Chaplin) A maior virtude: Honestidade e humildade O pior defeito de alguém: Orgulho O que o emociona: A gratidão de um paciente Um hobby: Tocar órgão eletrônico Um lugar para viajar: Paris Música inesquecível: New York - Frank Sinatra O que gostaria de ouvir de Deus quando chegar à porta do céu? “Você cumpriu a sua missão na Terra.”
mens sana
Na crista da onda O surfe é uma paixão para o ortopedista de coluna Daniel de Abreu Oliveira, de Belo Horizonte. O hobby pode até soar estranho já que em Minas Gerais não tem mar, mas a relação de Daniel com a prática de deslizar de pé sobre as ondas vem desde 2008, quando ele fez o seu fellow nos Estados Unidos. “Eu recentemente havia chegado ao Serviço do Prof. Behooz Akbarnia, em San Diego, Califórnia, e um amigo me convidou para pegar ondas.” O cirurgião conta que ao vislumbrar a praia notou algo bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. “O surfe era a grande terapia daquela população, sem distinção de idade, sexo ou porte físico. Havia desde crianças, a senhoras dividindo as mesmas ondas. Minha empatia com o esporte foi imediata. E uma semana depois daquele primeiro contato com o espírito que envolvia o surfe, eu comprei a minha própria prancha”, explica. Ao sabor das ondas, Daniel Oliveira faz
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Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
o contraponto com o bisturi, levando a vida ao estilo natureba incorporado à cultura do surfe, de respeito à natureza e gentileza nas águas. Formado em 2003, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, atua no Núcleo de Ortopedia e Traumatologia (NOT) em cirurgia minimamente invasiva. Para Daniel Oliveira, a sensação de estar em pleno contato com a natureza curtindo o visual do mar é indescritível. “É realmente uma terapia para o corpo e para a alma”; mas adverte: como em qualquer esporte, o surfe não está isento de riscos. “Eu já surfava há uns dez dias quando ocorreu um ataque mortal de um tubarão branco a um surfista, duas praias ao norte de onde eu pegava onda. As praias foram interditadas por cinco dias.” Depois deste episódio, ele conta que pensou em desistir do esporte, mas o gosto pelo surfe foi mais forte, e com muita cautela voltou às ondas. Passado algum tempo do acontecimento, um novo alerta. Dessa vez, mais próximo da praia em que ele costumava surfar. “Estava nas águas do La Jolla Shore, quando avistei duas barbatanas subindo e descendo rapidamente a cerca de 10 metros de onde eu estava. Tentando manter um mínimo de calma, deitei sobre a prancha e remei suavemente em direção à praia. Corri até o posto de salva-vidas para avisá-los quanto à retirada dos banhistas da água. Porém, para minha tranquilidade, o salva-vidas me informou tratar-se de golfinhos, que frequentemente brincavam por ali.” Após a temporada de estudos na Califórnia, Daniel continua seguindo o caminho das ondas. Retornando a Belo Horizonte, conta que não abandonou o surfe, e não perde oportunidades de viajar para alguma região litorânea do país para surfar, como Maceió, Salvador, Fortaleza, Jericoacoara, Búzios, Cabo Frio e Vila Velha. Porém, o destino mais frequente, pela proximidade geográfica, onde ele pratica as manobras arrojadas e audaciosas sobre as águas, é o Rio de Janeiro.
Curiosidades O surfe é conhecido como o esporte dos reis. Isso porque na Polinésia somente os reis podiam pegar as ondas de pé. Aos súditos, restava praticar o surfe deitado, uma espécie de bodyboard. Talvez tenha começado aí toda a rivalidade entre as duas práticas nas águas oceânicas O Ocidente moderno tomou conhecimento do surfe por intermédio do explorador britânico James Cook (1728-1779), que se deparou com a incrível cena de homens flutuando sobre as águas A difusão do esporte se concretizou a partir do início do século 20, quando apareceram os primeiros clubes de surfe na Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos No Brasil, o surfe começou nos anos 50, no Rio de Janeiro. O material improvisado para deslizar nas ondas era feito de madeira, as tábuas eram construídas pelos próprios jovens e ficaram conhecidas como “portas de igreja” devido ao seu formato Em janeiro de 1964, a revista O Cruzeiro publicava a “sensação” daquele verão: “Há algo de novo sob o sol do Arpoador – que, neste ano, toma feições de praias havaianas, com rapazes deslizando na crista das ondas equilibrados sobre pranchas. E o esporte tem nome inglês: ‘surfing’” Na passagem dos anos 1960 para os 70, uma nova revolução cultural ficaria marcada no universo do surfe: o movimento hippie. No Brasil, esta associação foi denominada de geração surfe. Nesse período surgiram os termos “surfistas ripongas” e, mais tarde “geração cocota”. Também é dessa época o título de “feras” aos surfistas mais radicais
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atuação
Começa uma nova era na SILACO Enrique Izqierdo é o novo presidente da SILACO (Sociedad Iberolatinoamericana de Columna). Formado em Medicina e Ciurgia, em 1970, pela Universidad Completense de Madrid, é especialista em Traumatologia e Cirurgia Ortopédica desde 1975. Doutor em Medicina e Cirurgia, em 1983, pela Universidad Complutense de Madrid, onde foi laureado por sua tese “Estudio Electromiográfico e histoquímico y morfométrico de la musculatura paravertebral en escoliosis idopática”, atua como Chefe da Unidade de Coluna do Hospital Universitário de Getafe (Madrid). Nesta entrevista concedida por e-mail, o Prof. Izquierdo fala sobre a vitalidade da SILACO e de sua participação especial no Curso de Ribeirão Preto, em novembro, sob a coordenação do Prof. Helton Aparecido Defino.
Informativo – Cuál será su participación en el Curso de Ribeirão Preto en noviembre 2013? Izquierdo - He tenido el honor de haber sido invitado por el Dr. Defino como Faculty de Eurospine los días 22 y 23 de Noviembre a participar en un Curso de Técnicas e Avanços da Cirugia da Coluna Vertebral. Voy a presentar dos ponencias: Modulo 2- Escoliosis: Corrección de curvas torácicas graves por vía posterior. Modulo 4-Tratamiento quirúrgico de la espondilolistesis de alto grado. También hay otros módulos sobre columna cervical, cirugía endoscópica para hernia de disco etc. Seguro que será un Curso muy interesante y con gran participación y alta calidad de trabajos y discusión de casos clínicos. El día anterior 21 de noviembre aprovechando la asistencia de varios miembros de la Junta Directiva SILACO, celebraremos una reunión para la toma de decisiones sobre asuntos actuales y nuevas propuestas para el desarrollo y mejora de la Sociedad. Informativo - Como SILACO desarrolla sus actividades científicas? Enrique Izquierdo - SILACO realiza un Congreso cada 2 años. En el último Congreso celebrado en Valencia se ha realizado un Curso pre-Congreso el 29/5/2013 en conjunto con las Sociedades SRSSILACO-GEER. El tema elegido fue: deformidades en el Adolescente y Deformidades del Adulto. La participación fue muy numerosa. El número de asistentes ascendió a 314 procedentes de 17 paises. Los ponentes pertenecían las tres sociedades organizadoras. Se cumplimentaron 52 encuestas de la SRS sobre la evaluación del Curso mostrando una alta satisfacción con los ponentes. El 100% de los encuestados afirmó que los temas elegidos fueron de gran interés científico y que volverían a asistir al Curso. En el Congreso SILACO-GEER celebrado los días 30,31 de Mayo y 1 de Junio se presentaron 60 trabajos procedentes del GEER y 25 de SILACO y 75 Posters con un aumento considerable en el número de asistentes 503 (374 de España, 118 de SILACO, 2 de USA, 2 de Francia, 5 de Portugal, 1 del Reino Unido y 1 de Turquia). Otra participación importante de SILACO tuvo lugar en el Congreso SpineWeek celebrado en Amsterdam los días 28 de Mayo al 1 de Junio de 2012. El número de asistentes de IberoAmérica se elevó a 357 (Brasil 203, Argentina 58, Méjico 52, Venezuela 18, Colombia 15, Peru 4, Costa Rica 4, Uruguay 2, Panama 1 y Ecuador 1) muy superior a la participación de las dos ediciones anteriores. En el apartado SILACO se presentaron 52 comunicaciones repartidas en: 3 mesas de deformidad, 3 de dolor lumbar, 1 de trauma,1 de columna cervical, 1 misceláneo y 1 de misceláneo y columna lumbar. Por otra parte, la revista ColunaColumna cuyo editor es el Dr, Helton Delfino realiza una edición extraordinaria sobre los trabajos presentados en el último Congreso
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Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
SILACO que ayuda a la difusión científica. Informativo - La Organización promueve el intercambio de formación continuada? Izquierdo - Como novedad en esta nueva era, SILACO cuenta con un Comité Científico compuesto por Eugenio Galilea de Chile, Jaime Moyano de Ecuador y Eduardo Galaretto de Argentina que aportarán su gran experiencia en el diseño de cursos de formación, redacción de un reglamento de Congresos SILACO, calificación y selección de los trabajos a presentar en el próximo Congreso de Perú, entre otras actividades. También como parte del programa científico de la actual Directiva de SILACO existe la disposición de hacer cursos regionales de difusión de la patología de columna especialmente en lugares más remotos. En estos últimos años, y propiciados por las anteriores Juntas Directivas de SILACO, y potenciado por el ex-Presidente Dr. Horacio Sarramea se han realizado cursos y simposios auspiciados por SILACO en distintos países donde se está desarrollando la especialidad (Paraguay, Guatemala, Bolivia, Ecuador etc). Además tenemos en proyecto realizar cursos de técnicas quirúrgicas en cadáver con profesorado SILACO para formación de médicos jóvenes. La página Web está cada vez más activa como medio de comunicación, se informa de los diferentes Congresos que se realizan en los países que componen SILACO. Informativo - Cuál es el papel de SILACO en su Sociedad con SBC? Izquierdo - El idioma oficial de SILACO hasta la última Asamblea era el español. Con la integración de Portugal y esperemos que en un futuro próximo esté Brasil el idioma oficial es el español y portugués. SILACO está haciendo un
gran esfuerzo en integrar a Brasil y de esta forma hacer una Sociedad más potente, de hecho el futuro Presidente de la Sociedad el Dr. Helton Defino es una persona muy valiosa y emprendedora y va a apoyar esta integración. Informativo - Cuál debería ser el papel de SILACO en defensa del acto médico del cirujano de columna? Izquierdo - Cada país tiene su legislación vigente en cuanto al acto médico. Mi idea es publicar en la Web un consentimiento informado que recomienda SILACO para cada acto médico a realizar en Patología de Columna. Informativo - Como é la relación SILACO con otras Sociedades? Izquierdo - En el próximo congreso Scoliosis Research Society (SRS), que se celebrará en Lyon (Francia) entre el 17 y 21 de Septiembre próximo, el Presidente de SILACO ha sido invitado a “The 2013 Leadership Dinner at the 48th Annual Meeting & Course” y a la “Welcome Ceremony”, en esta última hay un apartado donde los presidentes de las principales Sociedades de Columna harán una presentación como Visiting Presidents en la que tendré el honor y orgullo de comunicar el importante crecimiento que está teniendo nuestra sociedad en los últimos años, integrada por las Sociedades o capítulos de columna de 19 paises a las que están adheridos más de dos mil cirujanos de columna. También en el Congreso Europeo (EUROSPINE) que se va a celebrar en Liverpool en el mes de Octubre SILACO va a participar y contará con la asistencia del Presidente y del Vicepresidente y se estrecharán relaciones a nivel Europeo e Internacional para potenciar las colaboraciones científicas; de hecho contaremos contaremos con un Stand en el Spine Village en la sede del Congreso. Todo ello corrobora la presencia y participación activa de SILACO a nivel de las más importantes Sociedades de Columna del mundo. Aprovecho esta oportunidad para agradecer la labor realizada por las pasadas Juntas Directivas y últimamente en especial por el gran esfuerzo y dedicación del Dr. Horacio Sarramea. Para mí ha sido un privilegio tenerle de Presidente y ahora poder seguir contando con su experiencia como past-President. También ha sido una persona muy valiosa y emprendedora al que doy las gracias, Helton Defino de Brasil ex Secretario y ahora Vicepresidente y próximo Presidente de SILACO. Es una suerte tenerle en la Junta Directiva y esta Sociedad se beneficiará de su aportación.
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resenha
c i e n t í f i c a
A perda da visão em cirurgia da coluna Alexandre Machado Cirurgião de coluna, professor e chefe da Clínica Ortopédica na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco lonmac@ig.com.br
A cirurgia da coluna, em especial a da escoliose, é sempre envolvida por uma atmosfera de apreensão e gravidade por parte dos pacientes. Isso requer do médico assistente um amplo esclarecimento sobre a sua real necessidade e uma detalhada explicação das possibilidades de êxito, bem como das possibilidades de eventuais complicações. Embora rara, 0,094% no conjunto de todas as cirurgias da coluna e 0,28% nos casos de escoliose (1), a perda da visão constitui-se numa catastrófica complicação que deve ser melhor conhecida dos cirurgiões. A sua real etiologia ainda é desconhecida, considerando-se, atualmente, como sendo decorrente de causas multifatoriais (1,2). São relacionados como fatores de risco o tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, anemia, glaucoma, insuficiência renal e doenças do colágeno (2). No entanto, são registrados casos em pacientes jovens, em crianças e, em adultos, sem nenhum dos fatores predisponentes citados (3). Esta complicação é provocada por quatro situações: isquemia do nervo ótico, oclusão da ateria central da retina, lesão ocular externa e cegueira de origem cortical. A isquemia do nervo ótico é responsável pela maioria dos casos e é dividida em anterior ou posterior dependendo da parte afetada do nervo. De etiologia desconhecida, cerca de 72% dessa ocorrência está associada com cirurgia em posição prona (1, 4,5,6 ). Nesta posição, há um aumento da pressão intraocular com sofrimento do nervo, provavelmente por um ingurgitamento venoso (1,4). O fluxo sanguíneo do nervo ótico é sensível ao aumento da pressão venosa. Existe a possibilidade de que esta isquemia esteja também relacionada a fatores transoperatórios como longo tempo cirúrgico, hipotensão arterial prolongada, grandes perdas sanguíneas, hemotranfusões e queda do hematócrito e hemoglobina (1,4,6).
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Informativo SBC • JUL/AGO/SET 2013
No entanto, são relatados casos de isquemia do nervo em cirurgias realizadas em decúbito dorsal, de curta duração, com pouco sangramento e sem nenhuma alteração do hematócrito (1,4). Em relação ao apoio cefálico não há relato de algum tipo especial de suporte na sua prevenção (4,6). Recentemente, Deniz et alii (5) demonstraram que a colocação da cabeça em 45o de rotação lateral diminui significativamente a pressão intraocular, enquanto há um aumento da mesma quando a cabeça está em posição neutra no decúbito ventral. A oclusão da artéria central da retina é a segunda causa mais comum desta complicação e parece estar relacionada com o aumento da pressão intraocular, inclusive compressão externa, embolia e diminuição de perfusão da retina (4, 6). A presença de edema e equimose periorbitária pode ser observada no globo ocular, em casos de lesão externa. O envolvimento é quase sempre unilateral (4). A lesão ocular externa pode ser decorrente de traumatismo da córnea, provocando abrasão, laceração ou irritação. Geralmente, é decorrente de um mau posicionamento da cabeça provocando pressão externa, ou falta de proteção da córnea com lubrificantes e uma correta oclusão do olho. (4.1) A cegueira cortical decorre de grandes déficits de perfusão sanguínea no trato ou córtex cerebral. Este distúrbio neurológico surge devido a eventos tromboembólicos causados por hipoperfusão, hipotensão arterial ou arritmia cardíaca durante o ato cirúrgico (6). Embora existam vários pontos obscuros e contraditórios em relação à natureza da perda da visão, são sugeridas algumas recomendações gerais que são consideradas relevantes e que podem ter alguma influência na sua prevenção. As mais importantes seriam: posicionar a cabeça lateralmente, proteção e avaliação permanente da posição dos olhos, controle da pressão arterial, manter os níveis de hematócrito e hemoglobina, redução do tempo cirúrgico, evitar a infusão de grande quantidade de cristaloides, utilização de 10o de Trendelemburg reverso para manter a cabeça um pouco mais elevada em relação ao corpo, e uma avaliação pós-operatória rotineira das condições visuais do paciente (1,4,5,6).
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Bibliografia 1.Patil GC, Boakye M ,Shivanand P. Visual Loss after Spine Surgery. Spine number 13,pp 14911496,2008 2. Myers MA,Hamilton SR, Bogosian AJ et al. Visual loss as complication after spinal surgery.A review of 37 cases. Spine 1977; 22: 1325-9 3.Cheng MA, Sigurdson W et al. Visual loss after spine surgery.; a survey. Neurosurgery 2000; 46-625-30 4.Lee LA, Roth S, Posner L et al. The American Society fo Anesthesiologist. Pos operative Visual loss Registry. Analysis of 93 spine cases with postoperative visual loss. Anesthesiology. 2006; 105:652-659 5.Deniz MN, Erakgun A, Sestoez . Efeito da rotação da cabeça na pressão intraocular em decúbito ventral; estudo randomizado. Ver. Bras.Anestesiol, 2013(2) ; 209-212 6.Brian G, Heavner JE. Posoperative visual loss associated with spine surgery. Eur. Spine J.(2006)15: 479-484
artigo
Descrições do inferno de Dante e sonhos vívidos são mais do que um artifício literário para o médico Giuseppe Plazzi, que escreveu um artigo sobre o poeta mais importante da língua italiana, publicado na revista Sleep Medicine (Associação Mundial de Medicina do Sono). Dante Alighieri começa o trabalho “cheio de sono” e, com o “corpo cansado” e, ao longo da Divina Comédia, ele relata “sonhos e breves cochilos.” Em uma ocasião, conta que foi acordado com os “olhos descansados.” Em outro, tomado pela emoção, ele se descreve caindo no chão, “como um cadáver.” Giuseppe Plazzi é professor do Departamento de Ciências Biomédicas e Neuromotoras da Universidade de Bolonha e tem uma explicação sobre por que o poeta florentino foi aparentemente tão obcecado com sono — e isso não é tudo sobre a sua narrativa literária. O pesquisador argumenta que Dante pode ter sofrido com a narcolepsia, distúrbio neurológico. “Sugiro que, seis séculos antes do primeiro relatório científico, Dante Alighieri representava narcolepsia com cataplexia (NC) em suas obras literárias como um traço autobiográfico”, explica Plazzi. “Apesar de que alguns recursos podem representar recursos literários, é difícil argumentar que esta precisão descritiva é acidental”, disse. “Parece ser uma hipótese plausível que o sono de Dante, sonhos, alucinações e quedas são todas pistas para uma característica
Das profundezas do cérebro
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patológica ao longo da vida, e que ele não conhecia ter essa rara hipersonia do sistema nervoso central.” Em seu artigo, Plazzi revela inúmeros detalhes em que Dante aparece ora como autor ou narrador, como tomado literalmente, pela descrição de sintomas de narcolepsia e cataplexia. O termo para essa anormalidade foi descrito primeiramente em 1880 pelo cientista francês Jean-Baptiste Edouard Gelineau, uma condição neurológica crônica causada pela incapacidade do cérebro para regular os padrões normais de sono. Ele pode levar as pessoas a terem perturbações do sono noturno, sentirem-se sonolentas durante o dia e, por vezes, cair sem aviso prévio. A narcolepsia é, por vezes, acompanhada de cataplexia - fraqueza muscular temporária, muitas vezes provocada pela emoção.
Visões alucinatórias De acordo com Plazzi, ambos podem ser vistos na obra de Dante, particularmente no seu poema épico do século 14, em que o seu narrador viaja pelo inferno, purgatório e paraíso. No caminho das fases da obra, Plazzi explica que o escritor experimenta “transições bruscas wake-sonho, cochilos curtos, visões e alucinações, além de comportamentos inconscientes, episódios de fraqueza muscular e quedas que sempre são desencadeadas por emoções fortes”. “Apesar de quase sete séculos de pesquisa sobre Dante, a falta de fontes diretas e material bibliográfico significa que pouco se sabe sobre a vida de Alighieri e de suas características pessoais”, escreve Plazzi. No entanto, seus escritos representam a principal fonte biográfica da vida do poeta, como o próprio Dante é o personagem principal em suas obras literárias. Plazzi não é a primeira pessoa a procurar o ilustre poeta para diagnosticar. No século 19, o antropólogo forense Cesare Lombroso especulou que o supremo poeta tinha epilepsia. Mas o neurocientista Plazzi não levou em conta esta teoria, argumentando que a forma como Dante descreve uma aparente crise epiléptica é completamente diferente do emocional das experiências descritas pelo poeta.
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“É o que usam
nas escunas. Cuidado, mestre escuneiro! O inferno está com vontade... o rosto e olhou-me com um sorriso ainda cheio de sono. O casco raso balançava sobre ... largar na cama o corpo cansado que o sono sobrevinha incontinente. O que também ......
”
Dante Alighieri A Divina Comédia.
Fonte: Sleep Medicine http://www.sleep-journal.com/article/ S1389-9457(13)00253-0/abstract Ilustração: Gustave Doré (Estrasburgo, 6 de janeiro de 1832 — Paris, 23 de janeiro de 1883) - Dante Alighieri – Inferno
ciência
‘Blitz de saúde’ pode retardar envelhecimento das células, diz estudo Um estudo coordenado pelo Prof. Dean Ornish, da Universidade da Califórnia, descobriu que uma mudança completa de estilo de vida pode reverter o envelhecimento das células. Eles encontraram indícios de que uma rotina rígida de exercícios físicos, dieta e meditação pode reduzir o ritmo de envelhecimento celular. O estudo foi publicado na revista científica Lancet Oncology (Volume, 14, Número 10 – páginas 1112-1120/ setembro 2013). Os cientistas afirmaram, contudo, que as conclusões ainda não são definitivas. A pesquisa avaliou 35 homens com câncer de próstata. Aqueles que mudaram seu estilo de vida apresentaram células mais novas em termos genéticos. Os pesquisadores observaram mudanças visíveis nas células de um grupo de 10 homens que adotou uma dieta à base de vegetais e seguiu à risca uma rotina recomendada de exercícios físicos. Eles também passaram a fazer meditação e ioga, com o intuito de se livrar do estresse. Segundo os cientistas, as mudanças estão relacionadas às capas protetoras nas extremidades dos cromossomos, chamadas telômeros. O papel desses dispositivos é proteger a extremidade do cromossomo e prevenir a perda de informação genética durante a divisão celular. À medida que o ser humano envelhece e suas células se dividem, os telômeros diminuem de tamanho – sua estrutura fica enfraquecida, enviando uma espécie de “mensagem” às células para que elas
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parem de se dividir e morram. Os pesquisadores sempre se questionaram se esse processo seria inevitável ou poderia ser interrompido ou mesmo revertido. Dean Ornish e sua equipe mediram a extensão dos telômeros no começo do estudo e depois de cinco anos. “Nós utilizamos amostras de sangue em de 2003 a 2007 e comparamos com o comprimento dos telômeros e da telomerase em relação à atividade enzimática por célula viável com aqueles na linha de base, avaliando a sua relação com o grau de mudanças de estilo de vida.” No grupo de 10 homens com baixo risco de câncer de próstata que mudou o estilo de vida, o comprimento dos telômeros aumentou cerca de 10%. Comparativamente, a extensão dos telômeros diminuiu, em média, 3% no grupo restante de 25 homens que não adotaram qualquer mudança em seus hábitos.
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Envelhecimento celular Telômeros menores estão associados a uma ampla gama de doenças relacionadas à idade, incluindo cardiopatias e vários tipos de câncer. O estudo não analisou se as mudanças no estilo de vida e no comprimento dos telômeros tiveram um impacto na evolução do câncer, mas os pesquisadores afirmam que isso ainda será objeto de investigação. Para Ornish, as implicações desse estudo podem ir além de homens com câncer de próstata. Se validado por estudos controlados feitos de forma aleatória em larga escala, essas mudanças de estilo de vida podem reduzir significativamente o risco de uma grande variedade de doenças e de mortalidade precoce. “Nossos genes e nossos telômeros são uma predisposição, mas não necessariamente o nosso destino, afirmou o cientista.” De acordo com Lyn Cox, especialista em bioquímica na Universidade de Oxford, no Reino Unido, não foi possível chegar a nenhuma conclusão a partir do estudo, mas acrescentou: “No geral, no entanto, as descobertas desse relatório de que as mudanças no estilo de vida podem ter um efeito positivo nos marcadores da idade amparam os benefícios pela adoção de hábitos de vida mais saudáveis.” Especialistas afirmam que a redução do comprimento dos telômeros não é a única explicação para o envelhecimento humano. Humanos, por exemplos, têm telômeros mais curtos do que primatas e ratos, mas vivem mais. Estudos realizados anteriormente mostraram que pessoas que levam uma vida sedentária podem envelhecer mais rápido, uma vez que seus telômeros diminuem de tamanho a um ritmo também mais veloz.
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artigo
Levantando-se e destacando-se
Muito se tem escrito sobre a vida profissional dos médicos. A autora deste artigo, Jennifer Van Atta MS, PA-C também não foge à regra. Médica ortopedista com atuação em Tigard, Oreon (EUA), ela criou um blog “Orthopedics today” onde expressa sua opinião sobre assuntos comportamentais do dia a dia da medicina. Confira a crônica ‘Levantandose e destacando-se” e faça a sua conclusão. Destacar-se na vida profissional é algo importante para você? Se você perguntar a um grupo de adultos obterá respostas variadas, em geral seguidas por um ou dois exemplos
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que apoiam as suas respostas. Pergunte a um grupo de crianças, no entanto, e você vai ter uma resposta muito apaixonada. As crianças aprendem desde cedo que elas podem ter atuações arriscadas, as quais na melhor das hipóteses servirão para destacá-las do grupo. Porém, se você está fora de forma “cool” (apagado), torna-se muito querido. Mas se acontecer de você se destacar por um motivo fora do esperado em sala de aula ou grupo de amigos, o qual pode estar relacionado com o sexo, então poderá ocorrer de se tornar alvo de inveja, ciúme, despeito, crítica, desafio e antipatia, sendo, por vezes, sem rodeios. E as crianças, no caso de você não se lembrar, podem ser cruéis nas suas manifestações. Quem cunhou a rima “paus e pedras podem quebrar os meus ossos, mas palavras não poderão me machucar” nunca foi provocado e insultado por seus pares.
Medo de se levantar Muitos de nós esquecemos, ao longo dos anos, que as mensagens que ouvimos quando crianças nem sempre são aplicáveis aos adultos. Tememos que nos levantarmos para alguma coisa ou nos destacarmos em um grupo possa nos trazer consequências adversas. Quando adultos, isso pode traduzir-se em “manter minha cabeça para baixo”, “só estou fazendo o meu trabalho”, ou “essa é a preocupação de outro departamento”. É verdade. Se você se levantar, talvez tomando uma posição impopular, você vai ser notado. E se você se destacar até mesmo para algo bem-feito, você pode se tornar um alvo. Mesmo como um adulto, você pode
ser invejado, ressentido ou desafiado para tornar-se bom ao fazer alguma tarefa. O que você experimenta como sendo simplesmente o seu melhor pode ser percebido por alguém como sendo arrogante, egocêntrico, competitivo ou julgamento.
Afirmação Vivemos em um paradoxo, porque necessitamos nos levantar e destacar em nossa atividade ou mesmo na comunidade, para que possamos nos confirmar como seres humanos e úteis para os nossos semelhantes. Quando vivemos na plenitude do nosso ser, o fato de estar disposto a levantar-se e se destacar produz como resultado uma satisfação pela vida. Sim, é arriscado. Sim, seremos alvos. Mas não vale a pena ser o melhor de nós? Onde você está que não oportuniza e até recusa o ato de levantar-se ou destacar-se? Poder aquisitivo? Ética de trabalho? Conjuntos de habilidades? Compaixão? Compreensão de situações complexas? Justiça? Escolha o que é importante para você, algo que você se sente fortalecido para fazer e tome a iniciativa de executar. Crie um lugar para si mesmo, ou melhor, identifiquese um com título que o represente. Corra o risco de se levantar - e corra o risco de ficar fora. Sim, você vai ser um alvo para alguns. Mas você vai ser um herói para outros. Você também terá a satisfação e a autoestima de ser fiel a si mesmo. Assuma o risco. Levante-se. Destaque-se.
Fonte: Orthopedics Today http://www.healio.com/orthopedics/blogs/van-atta/ standing-up-standing-out
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evento
World Federation of Minimally Invasive Spine Surgery
Pil Sun Choi Presidente Fundador da WFMISS pilsunchoi@hotmail.com
Idealizado em 2008, pelo doutor Sang Ho Lee, da Coreia do Sul, o I WCMISST, realizado no Havaí (EUA), tornou-se um evento de referência focado para as técnicas minimamente invasivas aplicadas às Cirurgias da Coluna. Sang Ho Lee consolidou-se como um líder global e visionário no desenvolvimento e divulgação dessas avançadas cirurgias. A reunião de ortopedistas, neurocirurgiões e médicos intervencionistas de dor caracterizou no pioneiro Congresso do Havaí o conceito de “Mínima Agressão e Máxima Efetividade”, divulgado por Lee. Graças à iniciativa, milhares de pacientes se beneficiaram de tratamentos minimamente agressivos e conseguiram retornar rapidamente às suas atividades. Em continuidade ao significativo evento, em 2012, o doutor Anthony Yeung organizou o II WCMISST, nos mesmos moldes do anterior, em Las Vegas (EUA). Pela primeira vez fora dos EUA, o III WCMISST aconteceu em agosto de 2012, na Bahia (Brasil), sob a minha coordenação. O evento reuniu mais de 720 especialistas de 32 países, num ambiente que possibilitou uma marcante interação de seus participantes. Um sucesso científico e social. A parceria de entidades como SICCMI, WIP, NASS, além de apoiadores tradicionais, demonstrou que o futuro da Cirurgia da Coluna está nas técnicas de mínima agressão, em todas as patologias vertebrais: degenerativas, deformidades, trauma, tumor e infecção/inflamação. Na ocasião, foi fundada a WFMISS, em Assembleia Geral, que ocorreu em 16 de agosto de 2012 na Praia
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do Forte, Bahia (BR), como atividade oficial do III WCMISST. A necessidade de congregar muitas Sociedades de Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna existentes em todo o mundo, assim como garantir a continuidade do WCMISST, por Sang Ho Lee, levou à criação dessa Federação. A WFMISS tem sua diretoria executiva e presidentes fundadores constituídos. Para o IV WCMISST, foi escolhido o doutor Daniel Gastambide (FR), para presidir o evento, que será realizado em Paris de 11 a 14 de junho de 2014. A diretoria executiva atual da WFMISS é de cirurgiões brasileiros, que organizaram o Congresso de sua fundação. O site (www.wfmiss.org) está na fase final de construção e se tornaráoprincipalmeiodecomunicação entre os seus associados. A secretaria funciona em São Paulo e a constituição jurídica da entidade já está contratada. Sabemos que a consolidação de uma entidade internacional dessa natureza não é simples, por isso a ajuda de todos é fundamental para a consolidação e representatividade de nossa Federação.
XI SIMINCO – Simpósio Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna do Hospital São José (Beneficência Portuguesa/SP) IX Jornada de Coluna do IOT HC FMUSP
Fotos de SP: Andre Stefano SPCVB
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