Nunca mais

Page 1

Nunca mais! Never more. Nunca mais












Por detrás dos montes tortos E sombras fantasmagóricas Há um conto, uma história Que contradiz tudo que vês Os escombros dessas casas Explodidas com Nalpan Das minas que ainda restam Sobre os corpos de quem sabe Sobem folhas mortas ao céu


Entre as gotas torrenciais Sopra o vento que tremula O que restam de bandeiras Feitas de trapos imundos Que um dia foram vestes De crianรงas.


Chove porque o céu chora Chove porque a terra clama Cada árvore queimada Testemunha do terror Tudo ao redor evoca Sombra, agonia e medo Tudo que sobrou são olhos De um rosto de menina Que se fixam nos dias Que corria em meio à cor...


Ali era uma colina Ao lado havia flores Onde agora são destroços Antes se ouvia o riso E quem vê tamanha praga Pensa: Tudo foi destruído O que resta são as sombras E vestígios de pessoas Que só vivem em memórias E de quem suas histórias Ninguém jamais escreveu.


A menina toca a terra Enquanto a chuva cai perene Toma um punhado de lama Entre os dedos que aperta

E então se rompe as nuvens E os céus ficam vermelhos A terra se estremece E ela ouve uma voz Tudo que está em torno Então é iluminado Por um sol que já não via...

Há um rumor de gritaria E até o vento cessa A chuva que ainda cai Torna-se uma neblina

O que cheirava a óleo à fuligem e podridão Já não lhe causa mais nojo Algo ali aconteceu.

A menina se levanta


E ao seu lado vê um anjo Olha ao redor e vê Não é somente um Nem somente dois Nem somente mil

Leva as mãos à fronte suja E esfrega os seus olhos Com as suas mãos Sujas de lama

Com suas mãos Limpas com água E com o coração queimando

Não entende o que acontece, É maior que o coração

E quando ela se levanta O anjo aponta-lhe o mundo Suas ruínas e seus escombros Toma em suas mãos trapos imundos Que um dia foram vestes de crianças Então lhe diz:


- Nunca mais.

Nevermore

Behind mountains deformed And ghostly shadows There is a story, a story That contradicts everything you see See the wreckage of these houses Houses burnt by Nalpan See the mines still buried On the bodies of unknown See the dead leaves ascending to heaven In drops of a downpour Blows the wind that shakes the rags flags Filthy rags sewn Clothing worn by children before

It rains because the sky cries


It rains because the land claims Each tree burned Witness Terror All around evokes Shadow, agony and fear All that 's left is the look In the face of a girl Look that is fixed in the days of yore Days that ran through the vivid ...

There was a hill Beside there were flowers Where are now rubble Before you could hear the laughter And who sees such blight Think: Everything was destroyed What remains are the shadows And ghost of people That only live in memories Whose stories Nobody ever wrote .

Girl touches the earth As the rain falls perennial Take a handful of mud


Between his fingers tightening

And then it breaks the clouds And the skies turn red The earth trembles And she hears a voice Everything that is around So is illuminated For a sun that had not seen ...

There is a rumor And even the wind ceases The rain still falls Become a haze

What smelled oil soot and rot But, It no more causes disgusted Something happened there .

The girl gets up And next she sees an angel Look around and see There is not only one


There is not only two There is not only a thousand angels

It takes hands to forehead dirty And rub your eyes with their dirty hands

Your hands become clean Clean with water And with the burning heart

Do not know what happens , It's bigger than the heart

And when she gets up The angel shows him the world Its ruins and its rubble The angel takes in his hands the filthy rags What were once a children´s garments Then he says :

- Never again .


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.