Portfólio de Willian Rafael Vicente

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ERA UMA VEZ...

Lembro-me das histórias que minha avó contava quando eu era criança. Cada chamado “causo”, junto a meu gosto pelo imaginar, colocou meus pés nos diversos lugares em que ela esteve durante sua trajetória terrena. Acho que meu gosto por contar histórias veio dessa convivência com minha avó contadora de histórias. Ao me interessar por música, e depois começar a estudá-la, comecei a dar ritmo e melodia para minhas palavras. É boa a sensação de poder dizer ao leitor o modo como eu quero que ele leia meus escritos, a velocidade, a altura e a intensidade da pronúncia faz com que tudo fique mais próximo do que imaginei. Neste portfólio, apresento alguns textos de minha autoria. ‘Os meninos e o rio”, “O engraxate”, “O velho e o cadeado” e “ A mulher e a carroça”, foram escritos para o meu Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo. Foram criados a partir da observação de cenas cotidianas vivenciadas nas área a qual direcionei minha proposta de projeto. “Ao seu lado”, “Viver e se amar”, “Carolina”, “Quem dera (palavras de amizade)” e “Olhando o pôr do sol” são canções que escrevi e publiquei em meu canal no Youtube. Para cada uma delas existe um link correspondente para acessá-las e ouví-las. “O novo cinema preto e branco” e “O Jardim Majorelle de Saint Laurent” são artigos que escrevi para a página no facebook @yhopage, criada por mim e alguns amigos do curso de arquitetura, uma espécie de revista eletrônica sobre arquitetura, cidade, tecnologia, paisagismo e arte. Por último, uma pequena análise sobre o último disco do dúo Anavitória para a página @nomeucanto.


legenda

As cores das páginas comentam a origem de cada texto. Segue a correspondência entre cor e fonte, no caso a cor representada no livro das crianças.

TFG

Contos escritos para meu Trabalho final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo.


MÚSICAS

Composições musicais para meu canal no youtube.

YHO E NO MEU CANTO

Texto para páginas YHO e No meu canto


OS MENINOS E O RIO Quando perguntei sobre seus sonhos, o garoto franzino respondeu que não possuía grandes sonhos. Porém, disse que na noite passada havia sonhado que podia tocar aquele rio que vinha da cidade, rendia-se ao vazio e culminava servindo ao gado. Contou que o sol que nasce todos os dias perto de sua casa o acordou e o fez imaginar aventuras. Chamou aqueles que julga melhores amigos e foi brincar no rio. Foi lá onde os encontrei. Guiado por acordes de gargalhadas, aproximei, o que incentivou uma pausa. Curiosidade ou desconfiança? Apenas aqueles meninos sabem.


O ENGRAXATE

O sol ainda estava a leste. O seu caminhar a oeste por aquela avenida era confrontado pelo som daquela caixa cujas rodas roçavam na calçada irregular. Aquele som parecia incomodá-lo, até que parou de se mover para coçar suas costas avermelhadas, sinal do encontro diário com o sol durante a labuta. Sentiu um breve alívio, o qual se dissipou ao me ver: -Como esse barulho é irritante, não? Seria melhor uma moda de viola!


O VELHO E O CADEADO A leste há um lugar onde ruas são estreitas e seus terrenos também. As minúsculas casa são implantadas de modo a ocupá-los por completo. Alí vivem os “sem quintal”, pessoas literalmente sem quintal. Para eles, a rua é o lugar do encontro, onde nos finais de tarde todos se sentam na calçada para bater papo. Dentre os “sem quintal”, havia uma exceção, um homem cujo zelo e dedicação aos seus pertences lhe impedia de gozar da vida em comunidade tão característica de seu povo. Havia um cadeado que privava sua propriedade do contato alheio. Em uma tarde qualquer, uma exceção lhe ocorreu, um descuido fez com que o velho quebrasse o cadeado. A vizinha que sempre chamava para pedir açúcar entrou sem bater; as crianças que jogavam bola entravam para pegá-la após um chute mal sucedido. Na terra dos “sem quintal”qualquer terra era digna de ser apropriada para se tornar quintal de todos. Quando conheci o velho, ele estava com sua bicicleta verde presa a uma árvore. Discutimos sobre segurança e por final desabafou sobre o ocorrido.


A MULHER E A CARROÇA Aquele cavalo cinza puxava uma carroça. A carroça carregava uma mulher carrancuda. Contrariando meu julgamento, desejou-me um bom dia várias vezes até eu respondê-la: -Bom dia! O cavalo era seu motor. Pisava com seus cascos sobre o asfalto novo, causando o encontro entre dois tempo. O asfalto não foi feito para quem caminha, nem mesmo para o tal animal. No entanto o bom dia daquela senhora servia a qualquer direção e tempo.


AO SEU LADO

CLIQUE AQUI PARA OUVIR Hoje acordei bem cedo com essa melodia soando em meus ouvidos a me lembrar que hoje a noite eu vou lhe encontrar

Imagino seu cheiro o brilhos dos seus olhos o vento em seu cabelo é ao seu lado o lugar que eu mais gosto de estar Dedilhando um violão seus traços numa canção seu sorriso se fazendo uma poesia cada acorde que eu toco soa com amor ao seu lado, o lugar que eu mais gosto de estar


Em cada nova cena os versos de um poema bailando em melodias de nota em nota, juntas, me dão você Dedilhando um violão seus traços numa canção seu sorriso se fazendo uma poesia cada acorde que eu toco soa com amor ao seu lado, o lugar que eu mais gosto de estar Da minha vida, não sai de cena quero você pra ser meu poema Ao seu lado o lugar que eu mais gosto de estar


VIVER E SE AMAR

Guarda chuvas sempre quebram o pra sempre sempre acaba qual é o preço da a vingança se tudo o que se faz se paga? É preciso respirar felicidade correr na chuva é tocar a liberdade Viver e se amar! Ver o pôr do sol com os amigos pisar na grama e não ter medo do perigo Viver e se amar! Me disseram que um sorriso vale mais que mil palavras Onde fica o paraíso? Pra chegar lá o que é preciso?

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É preciso respirar felicidade Correr na chuva é tocar a liberdade Viver e se amar! Ver o pôr do sol com os amigos pisar na grama e não ter medo do perigo Viver e se amar! Viver e se amar! Viver e se amar! Viver e se amar! Viver e se amar! Viver e se amar! Viver e se amar!


CAROLINA

Bem que minha mãe dizia pra não falar com você CLIQUE AQUI PARA OUVIR eu era tão pequeno e nunca escutava. O seu sorriso tinha o dom de me convencer um simple pedido já me obrigava Você usou os meus anseios tingiu de cinza o ainda pequeno coração Por que aquela Carolina que me alimentou de sonhos azedou a minha vida e me fez odiar o amor? A minha ingenuidade confundiu o que é amar sonhando o dia inteiro acordado


Agora quem diria eternizo em uma canção aquela que me deixou de lado Que apagou os meus sorrisos me apresentou a minha amiga solidão Por que aquela Carolina que me alimentou de sonhos azedou a minha vida e me fez odiar o amor? Ahhhhhh Por que aquela Carolina que me alimentou de sonhos azedou a minha vida e me fez odiar o amor?


QUEM DERA (PALAVRAS DE AMIZADE)

O tempo que separa é o tempo que constrói saudade que nos une às vezes também dói Quem dera não dizer adeus prefiro um te vejo mais tarde na vida não se escolhe o que é realidade Ieh, ohh, ohh, são palavras de amizade com cenas nós fizemos poemas pra colecionar momentos que vivemos memórias pra lembrar que a espera não destrua os laços que criamos

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com as histórias que escrevemos ao longo desses anos Quem dera não dizer adeus prefiro um te vejo mais tarde na vida não se escolhe de quem se tem saudade Quem dera não dizer adeus prefiro um te vejo mais tarde na vida não se escolhe o que é realidade Ieh, ohh, ohh, são palavras de amizade


OLHANDO O PÔR DO SOL

Um Escrevi nas entrelinhas um poema que dizia “eu te amo” outra vez Dois Segui um passo a passo com presente, fita e laço um cartão mais uma flor Mas não funcionou Passei andar de ré na esperança que você tivesse dó de mim TIVESSE DÓ DE MIM Ainda tenho a fé de que o “nós dois” será assim: Olhando o pôr do sol, olhando o pôr do sol como um mais um são dois olhando o pôr do sol

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Três Cortei o meu cabelo espichei meu melhor cheiro pra te impressionar Quatro Toquei Tiago Iorc fiz jejum, contei com a sorte melhorei meu português De nada adiantou Não foi falta de fé, roguei a Deus pra que você gostasse mais de mim GOSTASSE MAIS DE MIM ainda tenho a fé de que o “nós dois” será assim: Olhando o pôr do sol, olhando o pôr do sol como um mais um são dois olhando o pôr do sol Não sabia que me apaixonar seria essa tragédia de não ser correspondido agora sou um ferido nesse mundo tão cruel Não quero contar com minha sorte meu santo não é forte e ainda nem é meio dia…


O NOVO CINEMA PRETO E BRANCO

Reutilizar recursos do passado não é apenas um sintoma de saudosismo, pelo menos não quando se fala em cinema. Na era do HD e do 3D, é notável a frequência com que filmes no formato preto e branco e/ou mudo vem aparecendo em festivais e premiações de grande repercussão. É interessante a ideia de que, no passado, esse tipo de formato era tido como uma condição e hoje vem sendo explorado como uma opção por alguns diretores. Para esses não se trata de um retrocesso e nem de sinônimos para nostalgia, mas sim de uma forma de se explorar intenções. Em “A Lista de Schindler” (1993), Steven Spielberg constrói sua narrativa fazendo uso da estética preto e branco sob a justificativa de que assim é possível criar sensações atemporais, de modo que o público perca o senso sobre quando o filme foi feito. Também, é considerável ao diretor o significado das duas cores em questão, pois para ele elas representam a verdade, o que é totalmente contextualizável. Já em Ida (2013), Pawel Pawli-


Pawel Pawlikowski explora na fotografia impecável o pouco contraste preto e branco enfatizando os tons acinzentados para criar uma atmosfera fria capaz de inserir o público no cenário emocional e histórico característico da Polônia comunista da década de 60. No cinema mudo do passado são inerentes os exageros nas expressões dos personagens e a presença marcante da trilha sonora. Isso contribuía para a assimilação do signo ao seu significado por parte do público. Os contemporâneos “O Artista” (2011) e “Blancanieves” (2013) reproduzem isso. O primeiro é narrado por meio de uma metalinguagem, ou seja, o cinema conta uma parte de sua história por meio de um ator em declínio e uma atriz em ascensão enquanto o cinema mudo sai de moda e é substituído pelo cinema falado. O segundo é uma diferenciada adaptação espanhola para a clássica história do irmãos Grimm. Destaque para trilha sonora impecável de Alfonso de Vilallonga que brinca entre o clássico e o popular fazendo uso de clichês estereotipados espanhóis como as populares castanholas e o violão tocado ao estilo flamenco.


O JARDIM DE MAJORELLE E DE SAINT LAURENT

“Por muitos anos, eu encontrei no jardim Majorelle uma fonte inesgotável de inspiração e muitas vezes eu sonhei com cores que eram únicas.” Yves Saint Laurent Uma vista aérea do lugar não nos inspira confiança, causa a impressão que gera a expressão “nada de mais”. Todavia, o que chama atenção é a experiência que se tem ao vivenciá-lo, a qual parece ter encantado e inspirado o brilhante estilista Yves Saint Laurent, que não economizou esforços para impedir que o lugar fosse convertido em resort, assim como aconteceu com muitas riads de Marrakesh, o que significaria o seu desaparecimento. 1923, foi quando tudo começou! Nesse ano, o pintor e arquiteto (a mando de seu pai) Jacques Majorelle comprou Bou Saf-Saf, uma aldeia de inspiração hispano mourisco. Nessa, havia uma tradicional riad com suas fontes e uma piscina com entrada inolente. Interviu construindo seu jardim, marcado pela mistura promíscua de espécies do Mediterrâneo com outras subtropicais: palmeiras, hibiscos, oleânder, jasmim, figo, cipreste, laranjeiras, árvores buganvílias, banana, cactos, palmeiras, agaves, yuccas,


bambu, etc. A preocupação de Majoreller nunca foi com o rigor, mas sim com a força plástica do conjunto, o que explica o fato da vista da implantação não dá conta de explicá-lo: não pensou-o apenas como um paisagista, mas principalmente como um pintor. Assim, a cor tem um papel de extrema importância para o projeto, pois ela define o lugar e confunde o olhar ao ponto de indagnarmos o que é figura e o que é fundo na composição: cor ou vegetação. O certo é que não se tem uma mistura e sim uma relação entre ambas: verdes de muitas tonalidades, coral vermelho, amarelo, azul ultramarino (importado da ilha do Mar Egeu). Yves Saint Laurent entra na história em 1966, quando junto com seu companheiro Pierre Bergé, descobriu o jardim pela primeira vez. Em 1980, ao saber sobre a possibilidade desse ser convertido em um resort, comprou o conjunto e decidiu viver na casa realizando diversas obras de restauro no jardim, sempre procurando manter a visão do criador Jacques Majorelle. Saint Laurent costumava dizer que, graças ao Jardim Majorelle, tinha a seu alcance uma fonte ilimitada de inspiração. Atualmente o jardim Majorelle possui sistema de irrigação automático que distribui água de acordo com as horas do dia e as necessidades específicas de cada planta e conta com uma equipe de 20 jardineiros que trabalham todos os dias. É possível de visitação, e traz como visitantes pessoas com diferentes interesses já que em seu percurso abriga edifícios de arquitetura característica marroquina, uma coleção de espécies vegetais, museus de antiguidades que contam a história dos povos antigos que viviam na região, e um memorial ao estilista Yves Saint Laurent. Além disso, comove o fato de sua história ter se oposto as demais riads, que foram entregues permanentemente à iniciativa privada ao serem convertidas em hotéis e resort.


ÁLBUM DE ANAVITÓRIA “O TEMPO É AGORA”

Lançar o primeiro disco para qualquer artista é uma dificuldade. São muitos parâmetros a se pensar, afinal, ninguém quer aparecer de qualquer jeito ou ter uma proposta mal interpretada pelo público. Anavitória se criou naquilo que os críticos, na época de seu surgimento no mercado, chamaram de pop rural. Em seu segundo álbum, “O tempo é agora” elas partem pra cidade afim de se firmarem no cenário musical. Pelo menos é essa impressão frente a mudança nos instrumentos que passam a acompanhar o duo no novo registro. É tudo muito mais pop que rural! Uma incoerência ou uma evolução? Claro que é evolução, pois a mudança não deixou de lado a essência do duo, a grandiosidade no pequeno. A harmonização do vocal soa perfeita como vozes irmãs e a poesia ainda se sente nas letras milimetricamente pensadas, tudo isso em um contexto diferente. Destaque para as faixas “Cecília”, “Outrória- part de Outro eu” e “A gente junto”. E aí, comenta aí o que vc achou do album? Qual sua faixa favorita?




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