ESPAÇO PARA VIVÊNCIA, FRUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL

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Trabalho de ConclusĂŁo de Curso - 2019.1 Arquitetura e Urbanismo - Universidade de Fortaleza Aluno: Willy JosĂŠ Bezerra Orientadora: Clarissa Ribeiro Pereira de Ameida


WILLY JOSÉ BEZERRA

ESPAÇO PARA VIVÊNCIA, FRUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof. Dra. Clarissa Ribeiro Pereira de Almeida

FORTALEZA - CE 2019

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Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Bezerra, Willy. ESPAÇO PARA VIVÊNCIA, FRUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL / Willy Bezerra. - 2019 125 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2019. Orientação: Clarissa Ribeiro Pereira de Almeida. 1. Espiritualidade. 2. Desconstrutivismo. 3. biofilia. 4. lazer. 5. saude. I. Almeida, Clarissa Ribeiro Pereira de. II. Título.

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WILLY JOSÉ BEZERRA

ESPAÇO PARA VIVÊNCIA, FRUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Aprovado em ___/____/____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. Dra. Clarissa Ribeiro P. de Almeida Universidade de Fortaleza – UNIFOR

________________________________________________ Prof. Ana Cecilia S. B. Vasconcelos Universidade de Fortaleza - UNIFOR

________________________________________________ José Aderson Araújo Passos Filho Arquiteto e Urbanista

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Agradecimentos À minha família todas as formas de agradecimento possíveis, especialmente aos meus pais e irmã que sempre apoiaram todas as decisões tomadas na minha formação profissional e torceram muito durante o processo de produção desse trabalho, não puderam ajudar efetivamente, pois nenhum deles sabe utilizar o AutoCAD ou o SketchUp, infelizmente. Mas todo apoio e compreensão fez diferença. À minha professora orientadora que entendeu minha ideia inicial, aceitou esse compromisso e fez muito para organizar os pensamentos comigo. Aos meus companheiros de curso que sempre estiveram dispostos a compartilhar um bloco ou um template. Muito obrigado especial para Ana Carrolina, companheira de projetos, criadora do impacto visual. Roberta, cafeteira como a gente precisa ser muitas vezes. Thaysa Mariana, pelos questionamentos chatos vez ou outra, mas muito necessários, pela ajuda com urbanismo e com o REFEDIT. Danyel, pela ajuda indispensável a um formando que não vai além do Photoshop na suíte Adobe, pelo empenho e atenção, e pelo Norte, que ele é o dono, por ter me salvado real. A Thiago, que não entende nada de arquitetura e urbanismo, mas sabe como setup softwares. Todos vocês foram incríveis e fizeram sorrisos em meio a tanta ansiedade. Nunca fiz tudo isso sozinho, muito obrigado a vocês.

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Resumo A espiritualidade, muitas vezes por meio da religiosidade, é um aspecto humano bem característico e está presente em inúmeras atividades. Vemos a espiritualidade como uma propensão humana, uma necessidade, uma vez que, refere-se a uma instância de caráter pessoal. De maneiras diversificadas, as pessoas expressam suas espiritualidades como um cuidado consigo; com espírito, mente e corpo, sendo por meio de uma religião, de costumes, valores, ou hábitos que lhes fazem bem de muitos modos. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, aumentou para 8% o número de pessoas que se declararam sem religião, já eram mais de 15 milhões de brasileiros há oito anos atrás, uma tendência que, se continuada desde o último levantamento, poderá ter elevado esse contingente. A intenção é desenvolver o projeto de um espaço universal e democrático que considere a possibilidade de servir a grupos e indivíduos, que sigam alguma religião, ou mesmo não religiosos, e que buscam prioritariamente contato com a sua espiritualidade e o cuidado consigo. O projeto visa assegurar a liberdade de crença, propiciar um ambiente inclusivo para diversas práticas de espiritualidades num espaço de saúde, lazer, relaxamento e fruição espiritual, utilizando diretrizes que impulsionem a fruição e o desenvolvimento espiritual.

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Abstract Spirituality, often through religiosity, is a very characteristic human aspect and is present in innumerable activities. We see spirituality as a human propensity, a necessity, since it refers to an instance of personal character. In diverse ways, people express their spiritualities as a care for themselves; with spirit, mind and body, being through religion, customs, values, or habits that do them good in many ways. According to the 2010 Demographic Census, the number of people who declared themselves without religion increased to 8%. There were more than 15 million Brazilians eight years ago in this situation; a trend that, if continued since the last survey, may have increased this quota. The intention is to develop the project of a universal and democratic space that considers the possibility of serving groups and individuals who follow some religion, or even non religious ones who seek primarily to contact with their spirituality and care for themselves. The project aims to ensure freedom of belief, to provide an inclusive environment for diverse practices of spirituality in a space of health, leisure, relaxation and spiritual enjoyment, using guidelines that promote spiritual enjoyment and development.


Lista de Figuras Figura 01

House of One (Berlin)________________________________ 21

Figura 02

USAFA- Cadet Chapel (EUA)___________________________ 21

Figura 03

Perspectiva externa Capilla San Bernardo_______________ 23

Figura 04

Imagem interna Capilla San Bernardo__________________ 23

Figura 05

Pátio/jardim Capilla San Bernardo_____________________23

Figura 06

Planta baixa Capilla San Bernardo_____________________ 23

Figura 07

Planta e Fachada Templo Tejorling Radiance____________ 24

Figura 08

Perspectiva Templo Tejorling Radiance_________________ 24

Figura 09

Fachada Templo Tejorling Radiance____________________ 24

Figura 10

Imagem interna Templo Tejorling Radiance______________24

Figura 11

Perspectiva Teshima Art Museum______________________25

Figura 12

Imagem interna (1) Teshima Art Museum_______________ 25

Figura 13

Imagem interna (2) Teshima Art Museum_______________ 25

Figura 14

Entorno Teshima Art Museum_________________________ 25

Figura 15

Rede de caminhos e plataformas Qunli Park____________ 26

Figura 16

Torre de contemplação Qunli Park_____________________ 26

Figura 17

Plataforma de observação Qunli Park__________________ 26

Figura 18

Caminhos e lagos Qunli Park__________________________26

Figura 19

Escada Holocaust Monument_________________________ 26

Figura 20

Mural e praça Holocaust Monument____________________26

Figura 21

Perspectiva entrada Holocaust Monument______________ 27

Figura 22

Planta baixa Holocaust Monument_____________________27

Figura 23

Localização do terreno na escala do município___________32

Figura 24

Localização do terreno na escala dos bairros____________ 32

Figura 25

Mapa de areas verdes e recursos hidricos_______________ 33

Figura 26

Uso do solo________________________________________ 34

Figura 27

Macrozoneamento___________________________________35

Figura 28

Sistema viário e mobilidade___________________________36

Figura 29

Planta Baixa: Base topografica________________________ 37

Figura 30

Corte A - Topografia__________________________________38

Figura 31

Corte B - Topografia__________________________________38

Figura 32

Corte C - Topografia__________________________________38

Figura 33

Corte D - Topografia__________________________________38

Figura 34

Planta Baixa: Situacao atual em periodo de estiagem_____39 6


Figura 35

Planta Baixa: Situacao atual em periodo chuvoso________ 40

Figura 36

Carta de ventilacao__________________________________41

Figura 37

Estudo Solar ate 21 de Junho_________________________ 41

Figura 38

Estudo Solar Apos 21 de Junho________________________ 41

Figura 39

Estudo de insolacao_________________________________ 41

Figura 40

Solsticio de verao as 9h em 21/12_____________________42

Figura 41

Solsticio de verao as 15h em 21/12___________________ 42

Figura 42

Solsticio de inverno as 9h em 21/06___________________ 42

Figura 43

Solsticio de inverno as 15h em 21/06__________________ 42

Figura 44

Croqui de estudo de massas, fluxos e implantacao_______ 43

Figura 45

Croqui de estudo de implantacao______________________ 44

Figura 46

Planta baixa: Implantacao, vegetavao e

coberta. Escala 1/500___________________________________________ 45 Figura 47

Planta baixa: paginacao e acessos. Escala 1/500________ 46

Figura 48

Masterplan_________________________________________47

Figura 49

Planta de situacao__________________________________ 48

Figura 50

Croqui luz e sombra 01______________________________ 51

Figura 51

Croqui luz e sombra 02______________________________ 51

Figura 52

Croqui luz e sombra 03______________________________ 51

Figura 53

Detalhe 01 - Ripas de madeira________________________ 51

Figura 54

Detalhe 02 - Ripas de madeira________________________ 51

Figura 55

Planta baixa: luz e sombra____________________________52

Figura 56

Corte CT01: luz e sombra_____________________________ 53

Figura 57

Corte CT02: luz e sombra_____________________________ 53

Figura 58

Vista norte: luz e sombra_____________________________ 54

Figura 59

Vista Leste: luz e sombra_____________________________ 54

Figura 60

Vista sul: luz e sombra_______________________________ 55

Figura 61

Vista oeste: luz e sombra_____________________________ 55

Figura 62

Vista de topo: luz e sombra___________________________ 56

Figura 63

Perspectiva 01: luz e sombra__________________________57

Figura 64

Perspectiva 02: luz e sombra__________________________58

Figura 65

Perspectiva 03: luz e sombra__________________________59

Figura 66

Perspectiva 04: luz e sombra__________________________60

Figura 67

Perspectiva 05: luz e sombra__________________________61

Figura 68

Perspectiva 06: luz e sombra__________________________62

Figura 69

Croqui 01: interior exterior____________________________ 65

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Figura 70

Croqui 02: interior exterior____________________________ 65

Figura 71

Croqui 03: interior exterior____________________________ 65

Figura 72

Detalhe estruturas de concreto triangulares:

interior exterior_________________________________________________65 Figura 73

Planta Baixa: interior exterior__________________________66

Figura 74

Corte CT01: interior exterior___________________________67

Figura 75

Corte CT02: interior exterior___________________________67

Figura 76

Vista norte: interior exterior___________________________ 68

Figura 77

Vista leste: interior exterior____________________________68

Figura 78

Vista sul: interior exterior_____________________________ 69

Figura 79

Vista oeste: interior exterior___________________________ 69

Figura 80

Vista de topo: interior exterior_________________________ 70

Figura 81

Perspectiva 01: interior exterior________________________71

Figura 82

Perspectiva 02: interior exterior________________________72

Figura 83

Perspectiva 03: interior exterior________________________73

Figura 84

Perspectiva 04: interior exterior________________________74

Figura 85

Perspectiva 05: interior exterior________________________75

Figura 86

Perspectiva 06: interior exterior________________________76

Figura 87

Croqui 01: instavel estavel____________________________ 79

Figura 88

Croqui 02: instavel estavel____________________________ 79

Figura 89

Croqui 03: instavel estavel____________________________ 79

Figura 90

Planta baixa: instavel estavel__________________________80

Figura 91

Corte CT01: instavel estavel___________________________81

Figura 92

Corte CT02: instavel estavel___________________________81

Figura 93

Vista norte: instavel estavel___________________________ 82

Figura 94

Vista leste: instavel estavel___________________________ 82

Figura 95

Vista sul: instavel estavel_____________________________ 83

Figura 96

Vista oeste: instavel estavel___________________________ 83

Figura 97

Vista de topo: instavel estavel_________________________ 84

Figura 98

Perspectiva 01: instavel estavel________________________85

Figura 99

Perspectiva 02: instavel estavel_______________________ 86

Figura 100

Perspectiva 03: instavel estavel_______________________ 87

Figura 101

Perspectiva 04: instavel estavel_______________________ 88

Figura 102

Croqui 01: tangivel intangivel__________________________91

Figura 103

Croqui 02: tangivel intangivel__________________________91

Figura 104

Croqui 03: tangivel intangivel__________________________91

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Figura 105

Detalhe frame e placa cimenticia 01___________________ 91

Figura 106

Detalhe frame e placa cimenticia 02___________________ 91

Figura 107

Estrutura de aco galvanizado e polido__________________ 91

Figura 108

Tangivel intagivel: placas cimenticias___________________91

Figura 109

Planta baixa: Tangivel intangivel_______________________ 92

Figura 110

Corte CT01: Tangivel intangivel________________________ 93

Figura 111

Corte CT02: Tangivel intangivel________________________ 93

Figura 112

Vista norte: Tangivel intangivel________________________ 94

Figura 113

Vista leste: Tangivel intangivel_________________________94

Figura 114

Vista sul: Tangivel intangivel___________________________95

Figura 115

Vista oeste: Tangivel intangivel________________________ 95

Figura 116

Vista de topo: Tangivel intangivel_______________________96

Figura 117

Perspectiva 01: Tangivel intangivel_____________________ 97

Figura 118

Perspectiva 02: Tangivel intangivel_____________________98

Figura 119

Perspectiva 03: Tangivel intangivel_____________________99

Figura 120

Perspectiva 04: Tangivel intangivel_____________________100

Figura 121

Croqui 01: Apoio tecnico e organizacional_______________ 103

Figura 122

Perspectiva 01: Apoio tecnico e organizacional___________104

Figura 123

Planta baixa de layout: Apoio tecnico e organizacional____ 105

Figura 124

Planta baixa tecnica: Apoio tecnico e organizacional______ 106

Figura 125

Corte CT01: Apoio tecnico e organizacional______________107

Figura 126

Corte CT02: Apoio tecnico e organizacional______________107

Figura 127

Vista norte: Apoio tecnico e organizacional______________ 108

Figura 128

Vista leste: Apoio tecnico e organizacional_______________108

Figura 129

Vista sul: Apoio tecnico e organizacional________________ 109

Figura 130

Vista oeste: Apoio tecnico e organizacional______________ 109

Figura 131

Perspectiva 02: Apoio tecnico e organizacional___________110

Figura 132

Perspectiva 03: Apoio tecnico e organizacional___________111

Figura 133

Perspectiva 04: Apoio tecnico e organizacional___________112

Figura 134

Perspectiva 05: Apoio tecnico e organizacional___________113

Figura 135

Perspectiva Aerea 01________________________________ 114

Figura 136

Perspectiva de Acesso norte__________________________ 116

Figura 137

Perspectiva Aerea 02: overcast________________________ 117

Figura 138

Perspectiva Aerea 03: entardecer______________________118

Figura 139

Perspectiva Aerea 04: noite___________________________119

Figura 140

Perspectivas de acessos leste_________________________ 120

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Lista de Tabelas Tabela 01

Classificacao das atividades por grupo e subgrupo________35

Tabela 02

Adequacao dos usos as zonas_________________________35

Tabela 03

Normas de adequacao dos usos ao sistema viario________ 35

Tabela 04

Programa de necessidades:

Espacos desconstrutivistas multiuso________________________________36 Tabela 05

Programa de necessidades:

Espacos para eventos, praticas, vivencia e fruicao espirituais___________36 Tabela 06

Programa de necessidades:

espacos de apoio tecnico e organizacional___________________________36

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Sumário 1. Introdução_________________________________ 15

8.7. Luz E Sombra_____________________________________ 51

65 2. Objetivos___________________________________ 15 8.8. Interior Exterior___________________________________

3.

79 Procedimentos Metodológicos_________________ 15 8.9. Instável Estável___________________________________

4.

Discussão Teórico Conceitual__________________ 16

16 4.1. Origem Da(S) Religião(oes) E Espiritualidade___________ 4.2. Espiritualidade E Religião___________________________ 18 4.3. Espiritualidade E Religiosidade No Brasil______________ 19 4.4. Ecumenismo E Multirreligiosidade____________________ 20 4.5. Espiritualidade E Saúde_____________________________ 22

5.

Referencias Projetuais_______________________ 23

5.1. Capilla San Bernardo_______________________________ 23 24 5.2. Templo Tejorling Radiance__________________________ 5.3. Teshima Art Museum_______________________________ 25 5.4. Qunli Stormwater Wetland Park______________________ 25 5.5. National Holocaust Monument_______________________ 26

6.

Conceito, Estratégias E Diretrizes Projetuais______ 27

6.1. Anima – A Alma De Tudo___________________________ 27 6.2. Estratégias De Aplicação Conceitual__________________ 30 6.2.1. Design Biofílico___________________________________ 30 6.2.2. Desconstrucionismo Conceitual E Desconstrutivismo Arquitetônico__________________________ 30

7.

32 Localização E Analise Do Terreno_______________

8.

O Projeto___________________________________ 36

8.1. Programa De Necessidades_________________________ 36 8.2. Estudo Da Topografia_______________________________ 37 39 8.3. Levantamento Da Cobertura Vegetal Do Lote___________ 8.4. Estudo Solar E Ventilação___________________________ 41 8.5. Estudo De Massas E Fluxos__________________________ 43 44 8.6. Estudo De Implantação_____________________________ 11

8.10. Tangível Intangível_________________________________ 91 8.11. Apoio Técnico E Organizacional_______________________ 103

9.

Considerações Finais________________________ 122

10. Referências _______________________________ 123


“Nosso poder científico tem superado nosso poder espiritual. Nós temos mísseis teleguiados e homens desorientados.” (Martin Luther King Jr. Strength of Love, 1963)

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1. Introdução A espiritualidade, muitas vezes por meio da religiosidade, é um aspecto humano bem característico e está presente em inúmeras atividades humanas. Verificamos nisso uma oportunidade de estudar e idealizar a conversão das abundantes formas da expressão espiritual em um ambiente pensado para tal fim. Vemos a espiritualidade como uma necessidade humana, uma vez que, de maneiras diversificadas, as pessoas expressam cuidado consigo; com seu espírito, mente e corpo, sendo por meio de uma religião, de costumes, valores, ou hábitos que lhes fazem bem de muitos modos. A espiritualidade humana vem a ser tratada aqui de forma a embasar a elaboração do projeto para um espaço para as práticas e fruição da dimensão espiritual do homem, um espaço para vivência e elevação espiritual independente de religião, e que de tal maneira venha a convergir para o bem-estar individual e social. A religiosidade como maneira de expressão da espiritualidade também vem a ser estudada, ainda que de maneira coadjuvante, para melhor entendimento do espectro espiritual humano. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, aumentou para 8% o número de pessoas que se declararam sem religião, já eram mais de 15 milhões de brasileiros há oito anos atrás, uma tendência que, se continuada desde o último levantamento, poderá ter elevado esse contingente. Apesar desse número crescente num país de maioria ainda católica, este projeto não se trata de algo exclusivo para essa parcela da população que não pratica nenhuma religião. Muito embora pareça que usuários sem religião sejam o público alvo, a intenção é desenvolver o projeto de um espaço universal e democrático que considere a possibilidade de servir a grupos e integrantes individuais de diversas religiões, ou mesmo não religiosos, que buscam prioritariamente contato com a sua espiritualidade e cuidado consigo.

2. Objetivos O objetivo geral do presente trabalho é elaborar o projeto de um espaço que seja utilizável por qualquer pessoa ou grupo que tenha por finalidade fruir, exercitar, desenvolver, explorar, praticar, alimentar, viver ou evoluir sua espiritualidade. Que venha a ser um espaço sem uma prática religiosa específica definida, livre de um sistema de crenças determinado, e que não tenha a intenção de induzir por caminhos de qualquer religião; para que não seja excludente para nenhuma pessoa ou grupo religioso ou de qualquer tipo de espiritualidade; mas que seja um ambiente inclusivo, livre, adequado e seguro para diversas práticas espirituais. O espaço deve ser capaz de atender as mais diversas demandas quanto ao conforto e segurança para o exercício e evolução da espiritualidade de todos os grupos e pessoas de uma sociedade; um projeto de um ambiente adequado para as práxis de vivência, desfruto e desenvolvimento espiritual. O objetivo específico é respaldar o desenvolvimento do projeto desse espaço por meio de referencial teórico. Deste modo, para alcançar o propósito principal de elaboração do projeto, objetivamos especificamente: 1. Entender a espiritualidade humana e a religião para vê-las de maneira livre uma da outra, mas sem desassociá-las completamente;

3. Procedimentos Metodológicos Com base nos aspectos citados nos objetivos, foi feita pesquisa com levantamento bibliográfico teórico-conceitual expondo características e conceitos acerca da espiritualidade e religiões, análise de referências projetuais, e estudo de diferentes espiritualidades para, assim, construirmos a compreensão mínima suficiente e entendermos as necessidades espaciais para as práticas espirituais. As etapas desenvolvidas nessa pesquisa seguiram a seguinte ordem: 1. Levantamento e análise bibliográfica; 2. Estudo de referências projetuais; 3. Diagnóstico e análise do local de implantação; 4. Conceituação e elaboração de diretrizes para embasamento do programa de necessidades. 3.1. Produtos da Pesquisa 1. Referencial para discussão teóricoconceitual;

2. Respaldar a necessidade e o direito humano de ter e viver sua espiritualidade;

2. Levantamento projetuais;

3. Realizar pesquisa sobre a relação entre saúde física e mental com a espiritualidade;

3. Conceito e diretrizes projetuais;

4. Pesquisar projetos similares em propósitos e/ou tipologias para referências; 5. Escolher um local e um terreno apropriados para implantação do projeto.

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de

referências

4. Programa de necessidades; 5. Mapeamento do terreno.


4. Discussão Teórico-conceitual A religião é um dos aspectos que muitas vezes pode caracterizar um povo, é algo constituinte de uma sociedade e, particularmente, parece um aspecto muito interessante e rico para exploração a fim de melhor entendimento sobre um povo ou sobre um sistema cultural. E, assim como a cultura, pode ser influenciada por diversos fatores históricos, desde guerras e catástrofes, a religião também pode ser influenciada e moldada, bem como pode moldar a sociedade, mas não necessariamente a origina ou a forma. Como entendido pelo exposto por Steil (2001), de uma certa forma, as religiões e práticas espirituais concebem seus valores, doutrinas e rituais a partir de experiências peculiares e características próprias da cultura em que estão inseridos; as experiências religiosas, sobretudo em tempos atuais, caracterizam-se como relevantes produtoras e reprodutoras dos aspectos da vida social. Em sua Teoria Sociológica, Timasheff (1979) ao estudar as interpretações sociais da religião em Émile Durkheim, defende que algumas atividades desenvolvidas em grupo são originadoras e organizadores dos pensamentos e sentimentos religiosos. Segundo Timasheff (1979) “Durkheim desenvolve [...] que a vida de grupo é a fonte geradora ou causa eficiente da religião; [...] as ideias e práticas religiosas referem-se ao grupo social ou o simbolizam” (TIMASHEFF, 1979, p.148). Considerando que Timasheff (1979) expõe a vida coletiva como o objeto e a fonte das práticas da religião, vemos que uma religião em si não seria, assim, responsável por criar uma sociedade, porém, a religião pode ser uma forma de expressão da autocriação e evolução da sociedade humana. Inicialmente devemos entender religião de acordo com alguns conceitos. O antropólogo americano Clifford Geertz (2013) estudou o aspecto cultural da religião com base na definição de cultura sendo um conjunto de símbolos e significados difundido ao longo da

história, ele define cultura como “um sistema de concepções herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida” (GEERTZ, 2013, p.66). A partir disso, Geertz conceitua religião como: “[...] um sistema de símbolos que atua para estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens através da formulação de conceitos de uma ordem de existência geral e vestindo essas concepções com tal aura de fatualidade que as disposições e motivações parecem singularmente realistas”. (GEERTZ, 2013, p.67) Entendido o conceito de religião inteiramente relacionada à cultura considera-se então, que a religião guia as ações do homem na sociedade em uma ordem estabelecida para o transcendental, e projeta essa ordem nas ações humanas cotidianas quando os símbolos criados pela religião designam um equilíbrio essencial entre a relação que o homem tem com o mundo e a sua maneira de vida. Geertz (2013) pondera que os estudos antropológicos sobre religião depois da segunda Guerra Mundial ainda utilizaram muito da bagagem conceitual de teóricos tradicionais mais antigos como Émile Durkheim. Nas discussões de Timasheff (1979) sobre a conceituação de religião segundo Durkheim e sobre a natureza do sagrado, ele ver a religião como uma manifestação coletiva, ou seja, também como constituinte de uma cultura; mas antes de qualquer coisa como um conjunto sistematizado e padronizado de crenças e de práticas concernentes aos fenômenos e coisas sagradas; o sagrado por sua vez vindo a ser a própria sociedade. De tal maneira que para Durkheim (1978) a religião é a expressão das realidades coletivas de grupos sociais, os ritos e práticas religiosas surgem no cerne dos grupos sociais e são utilizados como meios de reviver e preservar certos aspectos ou estados mentais desses grupos. Ou seja, ainda com base em 16

Durkheim (1989 apud SIQUEIRA, 2008), a sociedade se autoproclama divina, deus seria simbolicamente a própria sociedade. Contudo, a natureza religiosa do homem é “um aspecto essencial e permanente da humanidade” (DURKHEIM, 1978, p. 205). Do mesmo modo Timasheff (1979) considera que a religião é fundamental para criação, desenvolvimento e manutenção da solidariedade social, “as crenças e práticas sagradas unificam o povo em uma comunidade moral” (TIMASHEFF, 1979, p.149), e elas existirão enquanto houver vida em sociedade, pois rituais religiosos são vistos como meios de fortalecer a integração social das pessoas. Siqueira (2008) se apoia nas ideias de Auguste Comte (1798-1857) quando diz que a principal função da religião seria unificar a sociedade em seus grupos sociais de maneira a firmar e fortalecer a relação do homem com a sociedade. Acerca disso é importante ponderar sobre a conceituação hierárquica da religião em relação a sociedade, quão importante seria uma para estruturação da outra.

4.1. ORIGEM DA(S) RELIGIÃO(ÕES) E ESPIRITUALIDADE. Aqui se apresenta pertinente um questionamento a respeito da origem da religião: seria o seu começo algo concomitante com o início da vida do homem em sociedade? Durkheim (1978) explora brevemente essa problemática sobre a origem da religião que será apresentado mais adiante. De antemão, a origem das mais comuns e mais conhecidas religiões existentes no mundo contemporâneo é de fácil conhecimento, uma vez que não faltam informações sobre seus fundadores e escritos sagrados contendo além dos preceitos e doutrinas, suas origens e história. Porém, parece não existir um consenso sobre as religiões que existiram antes destas, ou sobre as primeiras religiões da humanidade, ou mesmo as crenças sistematizadas que originaram todas as outras religiões seguintes. O que há são muitas teorias sobre a origem da religião na humanidade, oriundas de estudos antropológicos, filosóficos e sociológicos relativamente recentes. Pois, podemos supor que as civilizações mais antigas não questionavam a origem das suas religiões,


que por sua vez eram repassadas pelos ancestrais. Apenas no século XIX, junto com a inquirição científica, muitos pesquisadores questionaram os mecanismos religiosos existentes, só então começaram as buscas e teorias sobre como e em que momento o homem começou a compartilhar e sistematizar crenças, e criou alguma religião. Surgiram muitas teorias sobre como e quando as religiões começaram, porém, como relatado pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (1990) nenhuma delas se destacou como mais crível, ou a que pudesse ser provada indubitavelmente como sendo a primeira religião ou o seu ponto de surgimento. No entanto, alguns conhecimentos e conceitos acerca dos espectros da espiritualidade mais primitiva, possivelmente, poderiam estar ligados à base de origem da(s) primeira(s) religião(ões). O Animismo, por exemplo, foi abordado nos estudos do antropólogo Edward Burnett Tylor enquanto uma forma de crença dos povos primitivos. Simplificadamente, Tylor (1920) vê a definição do termo Animismo como crença na existência de uma alma em cada homem, planta, animal, montanha, rio, em cada elemento e fenômeno da natureza, e que essa alma continuaria existindo em outro lugar após a morte, ou seja, a alma de um homem passaria a habitar um rio ou uma árvore após a morte do seu corpo, por exemplo. Tylor (1920) teorizou que, de alguma forma, foi assim que os primeiros homens tentaram explicar as alucinações, e os sonhos com os entes falecidos, já que após a morte suas almas ainda perdurariam e podiam aparecer nos sonhos. A partir de um breve apanhado entre artigos da Encyclopaedia Britannica online, de maneira geral tais teorias descrevem a necessidade do homem, desde as civilizações antigas, de explicar os acontecimentos que fugiam da sua compreensão. Outro termo utilizado para referências às crenças de povos primitivos, é o Animatismo, que por sua vez, de acordo com a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (1990), defende que os povos primitivos tentaram explicar o desconhecido atribuindo a uma força impessoal, diferente da alma pessoal no Animismo, um

poder sobrenatural que dava vida a todas as coisas. Outra teoria que se popularizou foi elaborada pelo antropólogo e folclorista James G. Frazer (1894), como visto em seu livro The Golden Bough, onde Frazer (1894) argumenta que a religião surgiu na tentativa do homem primitivo de controlar os acontecimentos da própria vida e da natureza por meio de rituais, feitiços e objetos mágicos, essas práticas evoluíram para sacrifícios e orações. Embora, as especulações sobre a origem da religião não necessariamente concluam de forma inquestionável o seu exato processo e época de surgimento. Essas formas de crenças espirituais mais primitivas nos elucidam possibilidades de caminhos que a espiritualidade humana pode ter tomado, e poderiam ser as raízes originais de onde derivam as religiões, se pensarmos que as religiões de alguma forma compartilham maneiras de acreditar com esses sistemas primitivos, como na crença de almas/espíritos individuais, ou em uma única alma/força que dá vida a tudo. Durkheim (1978) coloca em seus estudos que não é possível chegar a um momento decisivo na história onde a religião tenha começado a existir. Como já dissertado anteriormente, na associação que Durkheim faz das religiões com a vida social humana e como sendo uma atividade essencial da sociedade, ele nos coloca aqui a religião como instituição humana e como as demais instituições, não há um começo em algum lugar. Contudo, Durkheim (1978) declara conhecido que “os primeiros sistemas de representações que o homem se fez do mundo e de si mesmo são de origem religiosa. Não existe religião que não seja uma cosmologia ao mesmo tempo que uma especulação sobre o divino” (DURKHEIM, 1978, p. 211). De acordo com James (1994 apud SIQUEIRA, 2008), todas as civilizações das quais se tem acesso a documentos e registros insuspeitos demonstraram algum exemplo de manifestação religiosa. Muito embora não seja possível fazer conclusões universais; diante desse panorama, observamos a partir dos citados conhecimentos sociológicos e históricos, e considerando aqui os estudos antropológicos expostos, que de alguma maneira o homem já não viveu por si só desde tempos antigos. Em 17

algum dado momento, o homem interagia de maneira vital com a natureza e com os poderes externos a ele, originados também da vida em sociedade. Em momentos diferentes da história o homem percebeu e acreditou de modo claro ou vagamente que ele não era um centro independente de energia. Segundo defendido pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (1990), o homem buscou satisfazer seu anseio de encontrar o valor da vida como um acontecimento não acidental, alimentou a fé em algo maior e em um poder superior ao humano. O homem pré-histórico já expressava sua espiritualidade por meio de supostos rituais mágicos com o intuito de lidar com forças místicas superiores a si e energias até então misteriosas, assim podemos observar pelo postulado por alguns historiadores como H. W. Janson (2007). Ele pontua que algumas cavernas do Paleolítico foram pintadas por vezes como uma maneira de elevação ou expressão espiritual, não apenas como expressões artísticas de valor e/ ou satisfação estética que servisse apenas para decoração. Algumas cavernas com suas pinturas primitivas são detentoras das artes mais antigas que se tem registros. Por exemplo, Altamira, no norte da Espanha, e o complexo de cavernas de Lascaux no Sudoeste da França, com suas pinturas rupestre de cores e formas destacadas intensamente permitem entendimentos de que se tratava de um santuário ou um lugar de práticas espirituais relacionadas aos aspectos invisíveis e transcendentes da vida, seriam como os primeiros “altares” da humanidade. De uma certa maneira, se nos atermos mais aos aspectos representativos do sagrado, tais pinturas do homem primitivo poderiam ser como as pinturas feitas nas catedrais do cristianismo, por exemplo, a Capela Sistina e os afrescos de Michelangelo. Janson (2007) ainda destaca as esculturas e outros objeto pintados pelo homem do Paleolítico como artefatos de cunho místico, relacionados especialmente a ritos de fertilidade; o hábito de enterrar os mortos também já corrobora as atividades espirituais do homem pré-histórico mesmo que se saiba pouco sobre a ideia por trás do sepultamento. Como considera Janson:


“As cabeças de Jericó, pelo contrário, sugerem que o homem neolítico acreditava num espírito ou alma, localizado no crânio, que podia sobreviver ao corpo e tinha poder sobre o destino das gerações seguintes, devendo, por isso, ser apaziguado ou refreado. As cabeças conservadas eram, ao que parece, ‘armadilhas’ destinadas a reter o espírito na sua residência original.” (JANSON, 2007, p.48) Ainda segundo Janson (2007) já desde o neolítico temos exemplares de monumentos e obras arquitetônicas que serviam para fins espirituais destinados a cerimônias religiosas, como os chamados cromlechs, e Stonehenge é um dos exemplos mais conhecidos. A partir dessas breves exposições, venhamos a suscitar, ainda que de maneira especulativa, que desde de tempos remotos o homem se viu espiritualizado. Antes de sistematizar qualquer crença nas civilizações antigas como no Egito e na Grécia, e se utilizarem de mitologias e sistemas religiosos mais complexos; antes de ritualizar fenômenos e criar religiões, o homem acreditou em forças místicas superiores a ele. De um certo modo, é possível que o homem pré-histórico já tivesse sentido necessidade de uma conexão com algo etéreo ou de controle sobre alguma situação intangível, ou mesmo um anseio em desenvolver o seu lado espiritual. Em outras palavras, a espiritualidade parece ser uma necessidade humana básica e antiga, e como tal que venha a ser, precisa ser satisfeita para uma vida equilibrada e saudável. Existem inúmeros estudos científicos sobre as inferências da espiritualidade na saúde física e mental, inclusive com instrumentos para mensurar o bem-estar espiritual, muitos mencionados por Saad, Masiero e Battistella (2001). Segundo os autores, algumas experiências espirituais em sua constituição não podem ser avaliadas ou dominadas pelos métodos científicos tradicionais, contudo, mais de 800 estudos já examinaram as interferências da espiritualidade em diversos aspectos da saúde mental, bem como, uma grande quantidade de trabalhos acerca da influência da espiritualidade no tratamento de doenças. A relação da espiritualidade com a saúde será

examinada brevemente mais adiante.

4.2. ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO. Neste ponto, é de importância estrutural explanar sobre as diferenças conceituais entre espiritualidade e religião. De uma forma mais sucinta, como descrito rapidamente por Volcan et al. (2003), espiritualidade vem a ser considerada como todos os aspectos emocionais, os ideais e os princípios imateriais, que por sua vez não se limitam a alguma crença específica ou a alguma religião. Segundo Saad, Masiero e Battistella (2001), a espiritualidade é vista como uma propensão humana para encontrar o significado e propósitos da vida e para isso se utilizam de conceitos que ultrapassam o tangível e visível aos olhos, uma busca por conectar-se com algo maior que o homem. Segundo os autores, “Espiritualidade é aquilo que dá sentido à vida, e é um conceito mais amplo que religião, [...]. Espiritualidade é um sentimento pessoal, que estimula um interesse pelos outros e por si, um sentido de significado da vida capaz de fazer suportar sentimentos debilitantes de culpa, raiva e ansiedade.” (SAAD; MASIERO; BATTISTELLA, 2001, p. 108) Siqueira (2008) também se refere a espiritualidade como uma instância de caráter pessoal e como uma “resposta a aspectos fundamentais da vida, relacionamento com o sagrado ou com o transcendente, o qual pode (ou não) levar ao desenvolvimento de rituais religiosos e à formação de comunidades” (SIQUEIRA, 2008, p.428). De maneira complementar, para Hill e Pargament (2003 apud SIQUEIRA, 2008) a espiritualidade é uma busca do homem pelo sagrado em sua própria vida, que por diversas vezes, vem a ser não apenas uma procura, mas também uma transformação daquilo que já há de sagrado. Saad e seus colaboradores (2001) reforçam ainda que religiosidade e espiritualidade não significam a mesma coisa, muito embora estejam relacionadas. As religiões vêm a ser uma forma de expressar a espiritualidade, 18

no entanto a espiritualidade não implica uma participação formal em alguma religião. Como discorrido anteriormente, entendemos assim, religião (religiosidade) como sendo um conjunto de crenças, doutrinas e valores morais compartilhados por grupos, com características sociais específicas e que se utilizam de símbolos e rituais para relacionar a humanidade com a espiritualidade. Enquanto que a espiritualidade diz respeito ao “transcendente, com questões definitivas sobre o significado e propósito da vida, e com a concepção de que há mais na vida do que aquilo que pode ser visto ou plenamente entendido” (SAAD et al., 2001, p. 108). A relação com as coisas tocantes a espiritualidade é pertinente para o bom desenvolvimento dos aspectos da vida pessoal do ser humano. É inquestionável que muitas pessoas se apoiam nos aspectos espirituais para recorrer como um consolo ou ajuda para dirimir alguma dor, ajuda que por muitas vezes não é vista no outro semelhante como alguém que tenha capacidade e compreensão para auxiliar em um problema. Daí vem a ser muito recorrente o hábito de acudir-se e buscar conforto, compreensão, força, perseverança ou mesmo justificativa para aceitação diante de dificuldades, perdas e sofrimentos imanentes à vida. Porventura ao ver-se diante de uma oposição ou obstáculo e através da espiritualidade conseguir o necessário, nem sempre é apoiar-se numa explicação concreta ou resolução para algum problema, mas, sim, segurar-se na certeza, por meio da fé, de que existe alívio coerente para a frustração, mesmo que não se tenha acesso no momento nem consciência de quando terá. Embora a fé, como um aspecto individual, subjetivo e intrasferível, seja algo complexo e delicado para passar por uma exploração teórico-científica e tornar-se objeto de estudo e parâmetro justificador; a espiritualidade é, em toda sua abrangência como prática para alcançar qualquer objetivo de bom, objeto e parâmetro relevante e influenciador na vida dos homens. A espiritualidade vem a ser entendida filosoficamente e discutida por Foucault (2006) como a maneira histórica com que o homem articula sua relação com a verdade sobre si e,


eventualmente, sobre o mundo. Nessa temática do tangente ao espiritual, Foucault conceitua como importante aspecto humano para entender a espiritualidade, a preocupação com si e o “cuidado de si”. Ele concebe o ‘cuidado de si’ como o instante de esclarecimento, como um despertar, um estímulo a ser inserido e consolidado na existência dos homens. “[...] constitui um princípio da agitação, um princípio de movimento, um princípio de permanente inquietude no curso da existência” (FOUCAULT, 2006, p.11). Em artigo “Espiritualidade como acesso à verdade: uma provocação de Michel Foucault para a Teologia”, Chaves (2014) expõe que o pensamento sobre as atitudes referentes ao ‘cuidado de si’ já era presente na antiguidade, sobretudo quando da formação dos fundamentos para a moral. No entanto, Foucault (1997) não acredita que o ‘cuidado de si’ seja advindo do pensamento filosófico e próprio da vida filosófica, mas seja sim um ensinamento de vida muito estimado desde a antiguidade grega; um estilo de viver para cuidar de si mesmo, não se deixar padecer, se conhecer, se dominar, se desmontar, se destruir e tornar-se aquilo que é. Além disso, de acordo com Foucault (2006), a partir dos padrões da tradição filosófica grega, esse conceito de dedicar-se e tomar conta de si é também cuidar da casa e da cidade. O ‘cuidado de si’ fundamentou aspectos morais e mesmo uma ética geral para vida em sociedade. O pensamento Foucaultiano, conforme elucida Chaves (2014), ao estabelecer um conceito sobre filosofia, considera como espiritualidade o modo como se faz filosofia. Sendo espiritualidade entendida como fator de transformação do eu, uma totalidade de atividades direcionadas para o próprio homem com o intuito de chegar à verdade numa busca interior por ela, não sendo ações apenas para adquirir conhecimento em seu fim. Incluemse nessas atividades: ações para conhecer a si mesmo, práticas e exercícios de purificação, análise das intenções e dos atos, autoexame sobre a construção subjetiva de si mesmo, transformações de percepção, de pensamento e de vida. Desse modo, Foucault (1997) considera a espiritualidade como um privilégio de

grandeza social, visto que ocupar-se dos outros vem a ser demasiado inferior. Se entendermos assim, espiritualidade como uma busca pessoal pela verdade, um movimento de indagação sobre o que é importante, transformador e essencial para o autoconhecimento, então, podemos abordá-la como uma condição de vida e característica da existência munida de valor universal. A espiritualidade, mesmo repetidas vezes encoberta pela religião, frequentemente é usada para diversos momentos da vida humana, como para satisfação pessoal e conforto. Contudo, a religião tem sido historicamente, também, usada como justificativa para confrontos violentos e discórdias em nações ou povos de uma mesma sociedade, vide conflitos da Irlanda entre católicos e protestantes; e até mesmo as guerras entre judeus e mulçumanos (israelenses e palestinos). Quando que uma sociedade religiosamente e espiritualmente plural deveria garantir a liberdade de toda e qualquer expressão e prática espiritual e religiosa. De uma forma geral, são os grupos menores e menos expressivos de uma sociedade que sofrem mais discriminação; a diversidade de crenças e religiões acarreta quadros de intolerância religiosa, que já aconteceram historicamente com perseguições a grupos religiosos específicos.

4.3. ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NO BRASIL No Brasil, embora não observamos conflitos tão violentos e notavelmente severos ou guerras por motivos religiosos como nesses confrontos históricos, há registros de discriminação e intolerância religiosa contra grupos religiosos menos expressivos na sociedade. Expondo assim a existência de uma incapacidade social de lidar com o dessemelhante, causando preconceitos quanto a algumas crenças ou práticas espirituais. Segundo matéria publicada no jornal O Estadão; Resk, Tomazela e Cotrim (2017) colocam que de acordo com levantamento feito pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH) entre janeiro de 2015 e junho de 2017, o Brasil registrou uma denúncia de intolerância religiosa 19

a cada 15 horas. As denúncias incluem desde invasão a templo, agressões verbais, ataques incendiários e até tentativas de homicídio. Ainda de acordo com os dados do Ministério dos Direitos Humanos o maior número de casos de intolerância religiosa em 2017 foi contra praticantes de Umbanda, Candomblé e outras religiões de matrizes africanas. Com ressalvas para possível aumento do número de casos devido ao receio que muitas vítimas têm de denunciar. A intolerância religiosa no Brasil parece um fanatismo religioso oriundo da inabilidade de conviver com o diferente. Visto que, conforme Vicentino e Dorigo (2011) e Sanchis (2001), historicamente, vemos no Brasil um processo evidente de sincretismo religioso que começa logo no início da colonização quando da chegada dos portugueses e o contato direto desses com os costumes e crenças da população indígena. Esse processo se intensifica com a presença dos escravos africanos, que em proximidade com os primeiros habitantes do Brasil e os recémchegados colonizadores europeus disseminou uma profusão de costumes, tradições, rituais, ritos e crenças; marcando na história a entrada de elementos religiosos novos e diversos no contexto nativo brasileiro, inicialmente essa presença mútua de variadas crenças e matrizes religiosas foi vista como incompatíveis e motivo de alguns conflitos silenciosos, mas com o passar do tempo foram se desenvolvendo formas singulares de práticas espirituais. Ao longo da formação histórica do Brasil, durante processos de comunicação e miscigenação, os elementos religiosos diferentes interagiram de maneiras que alguns foram absorvidos e outros suprimidos, originando um panorama religioso peculiar e diversificado no Brasil. O sincretismo é entendido como um processo de fusão de diferentes doutrinas para composição de uma outra, tanto cultural, filosófica ou religiosa. O sincretismo religioso está intimamente relacionado ao contato entre grupos sociais distintos tradicionalmente e culturalmente, quando a convivência entre os grupos heterogêneos faz surgir vários ajustamentos culturais e um conjunto de crenças é incorporado por outro grupo étnico cultural. O


sincretismo religioso também acarreta a fusão de preceitos éticos e morais, não se confinando apenas a miscelânea e congregação de rituais, símbolos e crenças. No Brasil observamos a presença de múltiplas matrizes religiosas. Politeístas, monoteístas, ateístas, deístas, agnósticos e pagãos desembarcaram no Brasil ao longo de 450 anos de história, de 1500 até os últimos grandes navios de imigrantes na década de 50. O crescimento das cidades e dos centros urbanos tem propiciado diversas formas de organização da vida social, em partes devido aos diferentes grupos étnicos e religiosos que se mobilizaram em novas sociedades mais plurais e mais cosmopolitas. Em lugares onde há grande concentração de pessoas, como grandes cidades, há sempre uma variedade de crenças, religiões e práticas espirituais. Baseando-se em estudos como o de Martina (1997), e em noticiadas experiências contemporâneas a respeito de intolerância e preconceito, conviver com o pluralismo religioso e espiritual implica um desafio multicultural e que se torna um critério importante para mensurar a democracia e sua qualidade. Nos postulados por Martina (1997), interpretase que a ideia de tolerância religiosa foi construída durante os séculos XVI e XVII, em meio aos conflitos religiosos que ocorreram na Europa, durante crises espirituais e morais que abalavam a igreja. Numa busca pela verdade, alguns confrontos ocorreram no final da Idade Média, tais confrontos forçaram o surgimento da ideia de tolerância religiosa, tendo em vista a falada necessidade existente entre as pessoas daqueles séculos, de conseguir uma experiencia espiritual mais satisfatória que lhes trouxesse a paz interior sem falsidades ou disfarces. Perante um cenário multirreligioso deve sempre predominar o respeito a qualquer crença ou prática espiritual, religiosa ou não, e garantir a liberdade para o exercício de qualquer espiritualidade, especialmente, em países nomeados laicos como o Brasil. A incapacidade de estabelecer alteridade diante da diferença religiosa infringe o preceito fundamental de que o homem social interage com o outro e não é um

ser independente. A liberdade de crença é uma questão de consciência individual, livremente escolhida. As crenças, práticas espirituais e religiões de cada cidadão são formadas com sua consciência de mundo e de si próprio e deve ser respeitada a livre escolha de em que acreditar e em que não acreditar. A liberdade de crença está assegurada pela Constituição Federal de 1988 junto com a liberdade de consciência, no artigo V é garantida a proteção dos locais de práticas religiosas e a liberdade de cultos (BRASIL, 1988). A Declaração Universal dos Direitos Humanos também assegura no seu artigo XVIII que “toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, este direito inclui [...] a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular” (NAÇÕES UNIDAS, 1948). Apesar do caráter apenas declaratório, essa definição exposta esclarece a importância da liberdade religiosa, que por sua vez inclui a liberdade de culto, de crença e de conversão a qualquer religião ou crença, abrangendo também o livre exercício, prática e manifestação de qualquer crença, religião e espiritualidade. Tal pluralismo religioso visto nas sociedades concebeu diversas maneiras de se praticar, explorar e desenvolver a espiritualidade, mudando até mesmo o conceito mais antigo de religião; que para Siqueira (2008), o conceito que veio inicialmente por Agostinho onde se destacava a ligação com Deus e “estava aberto o caminho para a ideia de ligação baseada na submissão e no amor entre homem e Deus” (SIQUEIRA, 2008, p. 426); agora na contemporaneidade esse conceito antigo de religião não diz respeito, necessariamente, sobre uma religação ou conexão do homem com um Deus, mas sim, uma ligação com a “existência, com o cosmos, com as dimensões invisíveis, com o divino, com o misterioso”. (SIQUEIRA, 2008, p. 426). Cada um dos grupos religiosos e espirituais possuem seus lugares próprios, sagrados e especiais para reuniões e cultos, ou para qualquer tipo de prática relacionada a suas crenças. Para todos que creem, se identificam e praticam alguma religião, muito provavelmente 20

tem acesso a um lugar apropriado para o contato e exercício das práticas correspondentes a sua crença, espaços esses criados e mantidos para cada religião em particular. Para os demais indivíduos que eventualmente não se identificam com nenhuma religião específica, ou que tenha uma outra religião que não possua um espaço próprio para suas práticas, ou ainda que acredite em algum sincretismo religioso próprio, formado pelo contato pessoal com diferentes conjuntos de rituais e crenças e a partir disso tenha filtrado e escolhido o que lhes seja mais crível e confortável com base em experiencias próprias e individuais. Para todos esses indivíduos espiritualizados de qualquer maneira, não vemos grande número de espaços confortáveis e seguros para práticas diversas de inúmeras espiritualidades.

4.4. ECUMENISMO E MULTIRRELIGIOSIDADE Logo pode surgir o possível questionamento sobre o ecumenismo e os ambientes a serviço desse propósito. De antemão, não cabe nomearmos um espaço ecumênico para esse projeto devido ao significado inicial do termo ecumenismo. No dicionário Michaelis online (2018) ecumenismo está definido como movimento que prega a unificação de todas as igrejas cristãs. De acordo com Bosch (1995) ecumenismo deriva do termo grego clássico oikoumene - “mundo habitado civilizado”; e que era empregado inicialmente numa perspectiva política, significando a coexistência de povos diferentes num mundo civilizado, mundo este conhecido como Império Romano. Quando o Império Romano cai, o termo acaba perdendo a conotação de movimento para unificação política e passa a ser usado pelos religiosos cristãos com sentido eclesiástico, referindo-se aos concílios que falassem, teoricamente, em nome de toda a igreja. Decorrendo de um apanhado histórico sobre o uso do termo ecumenismo, Bosch sintetiza de variadas maneiras o significado, e destaca que a Conferência de Estocolmo em 1925 universaliza o termo com a seguinte acepção: “[...] relação amistosa entre Igrejas com a finalidade de promover a paz internacional, de abordar a união de várias Igrejas ou inclusive de


gerar o espírito de aproximação entre cristãos de diversas confissões.” (BOSCH, 1995, p.11). A compilação de definições abrange algumas formuladas a partir da teologia de algumas Igrejas, entre tantas podemos destacar: “O ecumenismo é um movimento de pensamento e ação cuja preocupação é a reunião dos cristãos.” (BOSCH, 1995, p. 13). Considerando estes estudos histórico etimológicos apresentados por Bosch, fica claro o sentido do termo ecumênico quanto ao intuito de união entre igrejas de uma matriz religiosa específica; ainda que ecumênico eventualmente refira-se a união de mais de uma religião, vêse o objetivo de congregar apenas um sistema religioso transformando outras crenças para sua base, e não a harmonização de crenças diferentes num único espaço para celebração de todas. Nesse sentido verifica-se ecumenismo como sendo um “[...] movimento cristão nascido por volta do início do século XX, em ambientes missionários protestantes e anglicanos, com o desejo de chegar a um testemunho conjunto do evangelho de Jesus Cristo entre os povos pagãos, finalidade para qual se deveria chegar a ser membros da única Igreja de Cristo.” (BOSCH, 1995, p.13). É possível também observar os espaços contemporâneos nomeados ecumênicos como ambientes projetados seguindo uma certa conformidade de organização do espaço, mesmo por vezes não apresentando símbolos religiosos específicos para manter a neutralidade dita ecumênica, tais ambientes ecumênicos não propiciam a vivência, prática e desenvolvimento espiritual diverso. Pois nos chama a atenção que espaços ecumênicos se colocam principalmente construídos para fins de orações e/ou ritos conforme as tipologias de religiões monoteístas. Portanto, tradicionalmente, por decorrência da raiz etimológica da palavra e o sentido de usá-la para caracterizar certos espaços acaba abrangendo sobretudo o cristianismo. Fato conclusivo para a não adoção do termo ecumênico na classificação do espaço para vivência e desenvolvimento espiritual. Verificamos também que a tipologia de um templo ou espaço multirreligioso não

enquadra de modo satisfatório o projeto aqui proposto. Embora pudéssemos abranger em um templo multirreligioso, religiões de matrizes diferentes como politeístas e monoteístas, ainda assim tal projeto se designaria com a intenção de congregar diferentes religiões, e poderia ser insatisfatório o atendimento democrático de todas elas, por serem diversas entre si e mesmo entre seus próprios aspectos. Ademais, a tipologia e organização espacial precisariam atender as necessidades específicas dos espaços adequados as práticas oratórias, ritualísticas e litúrgicas de cada uma das religiões atendidas pelo templo/espaço em questão; e que sobretudo, de alguma maneira, as necessidades mínimas para caracterizar cada uma das religiões sejam assistidas na concepção dos ambientes. Neste caso, o programa de necessidades de um projeto para um templo multirreligioso seria determinado de acordo com as religiões assistidas, logo, considerando todas as possíveis religiões, ora o programa seria muito específico, ora seria muito abrangente e complexo. A opção de um espaço para espiritualidade humana, sem uma religião particular, se mostra algo mais inclusivo e democrático, sem muitos riscos de pecar contra os espaços sagrados das religiões. Ou seja, não seria uma mera reprodução de templos sagrados de maneira indistinta, com certo risco de tocar a indelicadeza, o desrespeito e a falta de sensibilidade religiosa, evitando dessa forma uma possível arquitetura kitsch, ou um espaço sem importância e contexto histórico para uma ou mais comunidades religiosas. No entanto, alguns templos multirreligiosos podem vir a servir como referências estéticas, construtivas ou organizacionais para o desenvolvimento de um espaço para espiritualidade. Projetos como o templo House of One em Berlin na Alemanha, que se propõe a ser um lugar de oração para Judeus, Cristãos e Mulçumanos (figura 01). E a United States Air Force Academy Cadet Chapel localizada em El Paso, Estados Unidos (figura 02), construída em 1962, como um símbolo religioso no campus da Academia Aérea Americana para servir duas religiões comuns entre os soldados, são elas: Judaísmo e Cristianismo (especificamente duas igrejas cristãs: católica e protestante). 21

Figura 1 - House of One (Berlin).

Disponível em: <https://archnet.org/sites/14846/media_contents/101707> Figura 02 – USAFA Cadet Chapel (EUA).

Disponível em: <https://www.archdaily.com/63449/ ad-classics-usafa-cadet-chapel-skidmore-owings-merrill-2>


4.5. ESPIRITUALIDADE E SAÚDE. Um espaço para fins de práticas e vivência de qualquer espiritualidade cabe como um espaço de saúde. O impacto da espiritualidade na saúde física e mental vem sendo estudado cientificamente e documentado em inúmeros artigos. Guimarães e Avezum (2007) fazem uma revisão de literatura das diversas avaliações sobre o tema, segundo os autores, relevantes referências as relações entre espiritualidade/ religiosidade e saúde foram encontradas. E mesmo com muitas evidências esse campo se mostra ainda muito promissor a investigações mais rigorosas. Alguns estudos avaliaram o impacto de práticas de atividades religiosas sobre os índices de mortalidade, Strawbridge et al. (1997) e Powell, Shahabi e Thoresen (2003) verificaram que a prática regular de atividades religiosas diminui as taxas de mortalidade, com uma redução de até 30% em média nos números de mortalidade bruta. Na avaliação de Hummer et al. (1999 apud GUIMARÃES E AVEZUM, 2007) o risco de óbito chega a ser 1,87 vez maior entre pessoas que nunca exerceram alguma prática religiosa, traduzindo em sete anos a mais na expectativa de vida entre os grupos de pessoas que praticam alguma atividade religiosa pelo menos uma vez por semana. As análises de estudos clínicos entre 1966 e 1999 por Townsend et al. (2002) demonstram que o envolvimento em atividades religiosas pode impactar positivamente a saúde física e mental, alguns desses estudos sugeriram que as práticas religiosas com certa frequência possivelmente ocasionam benefícios para o sistema imunológico, pressão arterial, depressão e também para a expectativa de vida. “[...] os pacientes com práticas religiosas frequentes interromperam o tabagismo, adotaram atividade física regular, aumentaram suporte social e mantiveram seu estado matrimonial.” (GUIMARÃES; AVEZUM, 2007, p. 90). Acerca das interferências na saúde mental, Moreira-Almeida et al. (2006 apud GUIMARÃES E AVEZUM, 2007), com base em artigos e pesquisas realizadas também no Brasil, constataram que os indicadores de bem-estar

psicológico são positivamente influenciados pelo grau de envolvimento com a espiritualidade. Ficam mais elevados os afetos positivos, a moral, a felicidade e satisfação com a vida, em contrapartida, verificaram-se diminuição nos índices de depressão, pensamentos e comportamentos suicidas e no abuso de substâncias entorpecentes. Segundo os autores esse impacto positivo seria mais expressivo entre grupos de idosos, pessoas com deficiências e doenças clínicas. “[...] há indícios suficientes disponíveis para se afirmar que o envolvimento religioso habitualmente está associado a melhor saúde mental.” (GUIMARÃES; AVEZUM, 2007, p. 92). Para Powell, Shahabi e Thoresen (2003) as atividades espirituais e religiosas frequentes auxiliam no controle da ansiedade e estresse, e suscitam hábitos de vida mais saudáveis. Ross (1995) explora a influência da dimensão espiritual no potencial de saúde, bem-estar, qualidade de vida e as suas implicações para os cuidados de enfermagem em pacientes doentes e hospitalizados. Para tal, a autora ainda esclarece alguns conceitos, como espiritualidade, que vale reforçarmos. Como definido por ela, na literatura especializada há múltiplas maneiras de descrever a dimensão espiritual humana, como sendo a busca pelo significado e propósito pra vida; a busca por um poder maior e transcendental além do aqui e agora; a inspiração e motivação que direcionam o indivíduo para a verdade, confiança, beleza e amor. O bem-estar espiritual, ainda segundo Ross (1995) é um aspecto de importante impacto para a saúde individual e todo seu potencial de cura, especialmente quando se considera a existência de indicadores que mostram o cuidado espiritual como sendo de certa forma uma atribuição essencial no exercício dos cuidados médicos e de enfermaria. Para Brewer (1979, apud ROSS, 1995), a dimensão espiritual aparece sendo um fenômeno complexo que energiza e anima todas as outras dimensões do indivíduo, e que está centrada entorno dos pensamentos, decisões, comportamentos, experiências, valores, ansiedades e interesses de cada ser humano. “[...] sem o bem-estar espiritual as outras dimensões, como a biopsicossocial, nunca podem ser desenvolvidas e funcionar em plena capacidade, logo a mais alta qualidade de 22

vida é inatingível.” (ROSS, 1995, p. 458). De tal modo, podemos ver a dimensão espiritual como a corrente principal ou o objetivo final da vida. Logo, a necessidade de integridade e coerência espiritual se encaixa como uma necessidade humana básica, como reitera O’Brien (1982, apud ROSS, 1995). Ainda que de maneira empírica, podemos verificar quão presente se faz os hábitos espirituais e religiosos na vida do homem. Essa espiritualidade humana, sistematizada ou não em religiões, vem por algumas vezes a conduzir, influenciar ou fortalecer as pessoas em acontecimentos, dificuldades e transformações próprias da existência. As atividades referentes ao oculto, ao desconhecido, misterioso ou imaginário estão presentes como atividades humanas recorrentes e influentes na vida pessoal e social, mesmo que seja muito complicado precisar exatamente desde que ponto na história humana. Atividades espirituais e religiosas têm uma importância consistente em muitas sociedades, sobretudo por tratar do bem-estar pessoal e coletivo. Logo, a possibilidade de um espaço projetado para práticas da dimensão espiritual humana converge para o bem-estar social e individual e se mostra como aspecto passível de interessantes explorações e possibilidades. Haja vista que as práticas espirituais podem ser algo bem individual e próprio para cada pessoa como reforça a Mental Health Foundation (2007) ao explicar que espiritualidade pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. Assim, a espiritualidade pode estar vinculada a uma religião ou fé, pode ser uma jornada que dê significado e direção pra vida, uma maneira de entender o mundo e de achar um lugar próprio, uma fé em algum ser mais grandioso que tudo, ou mesmo algo da própria essência humana, um sentimento de conexão e pertencimento, de esperança e harmonia, uma vida maior que o mundo material. Por serem dessa maneira particulares, os aspectos espirituais nem sempre estão atrelados a alguma religião e são compartilhados por grupos de pessoas. A espiritualidade vem a ser mais abrangente do que a religião, e cada indivíduo pode expressála de uma maneira diferente e própria, que


segundo a Mental Health Foundation (2007) os meios vão desde religiões, orações, preces, leituras, rituais, atividades criativas como artes, contemplação, meditação, autoconhecimento, proximidade com a natureza, atividades físicas, dentre outros modos.

5. Referências Projetuais Dadas as considerações, vimos na contemporaneidade inúmeras práticas espirituais e muito da espiritualidade sistematizada em diversas religiões. Observar as características de alguns templos ou espaços religiosos e sagrados nos fornecerá informações relevantes para entender algumas dinâmicas que fazem tais ambientes adequados. Entendendo desse modo as espacialidades para desenvolver propostas projetuais em harmonia com as práticas espirituais convergentes, e propor um espaço integrador, democrático e acessível para dimensões espirituais diversas. Visando atender a um público heterogêneo, toda e qualquer pessoa que tenha o intuito de praticar, desenvolver ou fruir a sua espiritualidade. As referências projetuais, no entanto, não se limitam a apenas espaços religiosos ou sagrados. Para exploração de designs e partidos arquitetônicos, diferentes projetos e obras são considerados como referências. Os dois projetos a seguir mostram interessantes soluções que venham a servir referencialmente no que diz respeito ao uso da luz natural, aproveitando seu potencial para recriar simbolismos e representar conexões espirituais, conceber espaços acolhedores sem utilizar fontes ativas de iluminação ou ventilação, integrando-se desta maneira às condições naturais impostas. Cada projeto a seu modo também usa materiais construtivos simples, em consonância com a paisagem natural existente, evocando o vernacular e facilitando a assimilação em cada local representativo.

5.1. CAPILLA SAN BERNARDO • Projeto de Nicolás Campodonico • Localização: La Playosa, Córdoba Argentina • Área: 92m2 • Ano: 2015

Com base nas informações fornecidas por Campodonico (2016) a capela para São Bernardo fica localizada na província de Córdoba – Argentina, em meio a um pequeno bosque originalmente ocupado por uma casa de campo. Tanto a antiga casa como todo o jardim foram desmontados de maneira que os materiais, especialmente tijolos vermelhos de cem anos, fossem reutilizados para construção da capela. O lugar não possui eletricidade, e segundo o arquiteto, manteve-se assim para que a natureza impusesse suas condições. Figura 03 – Perspectiva externa Capilla San Bernardo.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/787710/ capilla-san-bernardo-nicolas-campodonico>

De acordo com Campodonico (2016), entre o limite das arvores e da campina, a capela se abre em direção ao sol para capturar a luz natural e iluminar a área interior. Na parte mais externa estão dois mastros, um vertical e um horizontal, separadamente postos e projetados em direção ao interior da capela. Ao longo dos dias as sombras dos mastros se perseguem no interior curvo da capela, no final do dia, chegando ao pôr sol, as sombras se sobrepõem uma sobre a outra formando uma cruz (símbolo do cristianismo). A intenção, segundo Campodonico (2016), é que todos os dias as sombras dos mastros 23

perfazem seus caminhos separados até se unirem, como uma representação simbólica da “via crucis”, o caminho feito até a crucificação ser conceitualmente completada pela formação da cruz. Figura 04 – Imagem interna Capilla San Bernardo.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/787710/ capilla-san-bernardo-nicolas-campodonico> Figura 05 – Pátio/jardim Capilla San Bernardo.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/787710/ capilla-san-bernardo-nicolas-campodonico> Figura 06 – Planta baixa Capilla San Bernardo.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/787710/ capilla-san-bernardo-nicolas-campodonico>


5.2. TEMPLO TEJORLING RADIANCE • • • •

Projeto de Karan Darda Architects Localização: Pune, Maharashtra – Índia Área: 14m2 Ano: 2018

Segundo Darda (2018) o templo é dedicado ao deus hindu Mahadeva (Shiva), e construído em uma fazenda para acolher os agricultores que trabalham nos arredores. Os arquitetos buscaram referencias nos aspectos históricos da região e na arquitetura de templos do hinduísmo e reinterpretaram esses elementos. Um muro de tijolos de barro marca a entrada do templo, construído em concreto aparente em tom terroso. O templo foi cuidadosamente implantado em meio a um pomar, revelandose aos poucos aos visitantes, com formas e proporções acolhedoras. Em um templo hindu geralmente o espaço mais íntimo (Sanctum) é acessado por uma série de corredores (Mandapas). No entanto, de acordo com Darda (2018), neste projeto o espaço sagrado é aberto e está diretamente

conectado com o exterior e o pequeno espaço meditativo no interior é de fácil acesso a todos que passam e podem parar por um minuto. O templo possui duas grandes aberturas, uma para entrada dos visitantes e outra por onde a água sagrada escorre para fora do edifício. Esse percurso d’água que flui para fora do templo é fundamental para o ritual hinduísta. Com planta quadrada, cobertura piramidal multifacetada, e uma fenda na estrutura de concreto que permite a entrada de ventilação e luz natural para o espaço meditativo. O templo se abre de modo convidativo para os visitantes entrarem ou mesmo para apenas contemplarem à porta. Segundo os arquitetos a forma piramidal do templo transmite estabilidade devido também a base quadrada, “[...] uma metáfora do estado de meditação, mas à medida que nos deslocamos pelo espaço, descobrimos uma série de movimentos em sua forma estrutural, como se não estivéssemos mais meditando e sim dançando” (DARDA, 2018). Assim, as duas formas de Mahadeva/Shiva são simbolicamente contempladas.

Figura 08 – Perspectiva Templo Tejorling Radiance.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/897656/templo-tejorling-radiance-karan-darda-architects> Figura 09 – Fachada Templo Tejorling Radiance.

Figura 07 – Planta e Fachada Templo Tejorling Radiance.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/897656/templo-tejorling-radiance-karan-darda-architects> Figura 10 – Imagem interna Templo Tejorling Radiance.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/897656/templo-tejorling-radiance-karan-darda-architects> Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/897656/templo-tejorling-radiance-karan-darda-architects>

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A referência projetual seguinte guarnece aspectos relevantes acerca do prolongamento extensivo da forma e da intensidade, ostentando uma imponência e leveza. Mantém uma certa relação com a paisagem, mas integrando-se mais ao solo e ao céu. Explorando os visuais do exterior acima, de modo que a conexão através das aberturas é feita mais com o céu, enquanto as conexões ao solo se fazem com a forma.

o concreto estivesse enrijecido, toda a terra foi escavada debaixo da estrutura durante seis semanas. Figura 12 – Imagem interna (1) Teshima Art Museum.

5.3. TESHIMA ART MUSEUM • Projeto de Ryue Nishizawa • Localização: Takamatsu, Kagawa Prefecture – Japão • Ano: 2010 Segundo informações fornecidas por Nishizawa (2011), o museu de arte Teshima foi projetado junto com o artista japonês Rei Naito para o Festival Internacional de Arte de Setouchi. O projeto consiste em uma galeria aberta de 60 metros de extensão coberta por uma estrutura de concreto branco de 25cm de espessura sem emendas apresentando algumas aberturas em formato elíptico. A estrutura aparentemente segue a forma da paisagem oscilante do relevo da ilha.

5.4. QUNLI STORMWATER WETLAND PARK

Disponível em: <https://www.archdaily.com/151535/ teshima-art-museum> Figura 13 – Imagem interna (2) Teshima Art Museum.

Figura 11 – Perspectiva Teshima Art Museum. Disponível em: <https://www.archdaily.com/151535/ teshima-art-museum> Figura 14 – Entorno Teshima Art Museum.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/151535/ teshima-art-museum>

Para a construção do museu, Nishizawa (2011) informou que as estruturas metálicas internas ao concreto foram postas sobre o solo existente e reforçadas seguindo as curvas da cobertura a ser criada. Em seguida, o concreto foi despejado sobre toda essa estrutura durantes horas consecutivas. Após a cura quando todo

No tocante a estruturas de baixo impacto ambiental que compõem a paisagem de forma a valorizá-la ou mesmo revitalizam uma paisagem natural para uso democrático do espaço; a cerca também da ordenação de projetos em áreas de contato com água ou ambientes frágeis de maneira a fazer uso e conservar o pré-existente; leva-se em consideração o seguinte projeto de um parque urbano.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/151535/ teshima-art-museum>

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Projeto de Turenscape Localização: Haerbin, Heilongjiang – China Área: 300.000m2 Ano: 2010

Conforme descrito pelo escritório de arquitetura Turenscape (2013), o projeto tratase de um parque urbano em uma grande área alagável que estava sob ameaça devido ao denso crescimento urbano da cidade, o parque situa-se numa área de proteção e que já estava delimitada por grandes rodovias e pela malha urbana. A estratégia projetual dos arquitetos foi transformar o pântano quase sem vida em uma esponja, como um grande jardim de chuva, o qual não apenas resgataria a vida do ecossistema como também ofertaria para toda a cidade uma extensa área de contato com a natureza e de múltiplos usos ecológicos. A solução para tal problema de revitalização dos ecossistemas e ofertá-los para a população de maneira economicamente viável, foi transformar a área em um parque urbano para coleta, filtragem e armazenamento das águas de chuva e ao mesmo tempo propiciar a vida providenciando um lugar recreativo e agradável para a população. Turenscape (2013) colocou que a estratégia foi dividir o parque em múltiplas camadas. Sendo a primeira delas a natureza em si, toda a área existente ainda intocável ficando ao centro do parque para que se recupere e se transforme por meio de processos naturais. A segunda camada consiste em um colar de pequenos lagos e colinas em volta de todo parque, servindo como uma zona periférica de


filtragem e limpeza das águas de chuva que fluem da cidade para o centro do parque. A terceira camada segue toda a zona anterior no entorno do parque com uma rede de caminhos e plataformas que permitem o contato mais próximo com os ecossistemas de filtragem. A última camada fica acima de todas, com plataformas, torres e áreas de contemplação para observação de todo o parque ao centro e seus ecossistemas.

Figura 17 – Plataforma de observação Qunli Park.

5.5. NATIONAL MONUMENT

HOLOCAUST

• Projeto de Studio Libeskind • Localização: Ottawa, Ontario – Canada • Área: 3197m2 Ano: 2017 Figura 19 – Escada Holocaust Monument.

Figura 15 – Rede de caminhos e plataformas Qunli Park. Disponível em: <https://www.archdaily.com/446025/ qunli-stormwater-wetland-park-turenscape> Figura 18 – Caminhos e lagos Qunli Park.

Disponível em: <https://www.archdaily.com/446025/ qunli-stormwater-wetland-park-turenscape>

Disponível em: <https://libeskind.com/work/nationalholocaust-monument/>

Figura 16 – Torre de contemplação Qunli Park. Disponível em: <https://www.archdaily.com/446025/ qunli-stormwater-wetland-park-turenscape>

Disponível em: <https://www.archdaily.com/446025/ qunli-stormwater-wetland-park-turenscape>

A referência projetual seguinte vem do arquiteto Daniel Libeskind, e como boa parte de sua obra, que vem a agregar bastante a bagagem conceitual, caracteriza-se como uma arquitetura desconstrutivista e com potencial representativo dos conceitos acerca do pós-estruturalismo. Com estruturas fora dos planos ortogonais, o projeto quebra a estabilidade estrutural da arquitetura convencional modernista. Ademais, o projeto também traz o simbolismo, a forma e o conceito bem empregados na concepção dos espaços.

Figura 20 – Mural e praça Holocaust Monument.

Disponível em: <https://libeskind.com/work/nationalholocaust-monument/>

De acordo com Libeskind (2017) o monumento assegura-se como um símbolo nacional que honra milhares de homens, mulheres e crianças inocentes mortos pelo regime nazista e um reconhecimento aos sobreviventes que conseguiram fazer do Canada seus lares. O projeto combina arquitetura, arte e paisagismo, concebido com concreto aparente 26


em seis volumes triangulares que recriam as pontas de uma estrela, que vem a ser o símbolo visual do holocausto. O monumento divide-se em dois níveis principais, conforme explicado por Libeskind (2017). O pavimento mais alto significa a ascensão para o futuro e o nível mais baixo composto por espaços de contemplação e memória. Várias fotografias dos campos de concentração, batalhas e florestas foram pintadas nas paredes de concreto com intuito de evocar os visitantes a se transportarem criando outra dimensão através das paredes inclinadas e dos corredores meio labirínticos. O monumento possui uma escada que atravessa uma parede inclinada chegando a uma praça que aponta em direção ao prédio do parlamento, que segundo Libeskind (2017), é um gesto de reconhecimento a todos os sobreviventes canadenses. O paisagismo também evoluirá com a vegetação para uma representação de como os sobreviventes têm contribuído para o desenvolvimento e conscientização do Canada.

Figura 21 – Perspectiva entrada Holocaust Monument.

Disponível em: <https://libeskind.com/work/nationalholocaust-monument/>

Figura 22 – Planta baixa Holocaust Monument.

6. Conceito, Estratégias e Diretrizes Projetuais 6.1. ANIMA - A ALMA DE TUDO Partimos dos estudos de Tylor (1920) acerca de culturas e mitologias de povos primitivos onde o termo animismo é usado pelo autor para descrever um sistema de crença muito comum a esses povos, que seria baseado na existência da alma de todas as coisas. Essa crença se apresenta como um componente base de formas primitivas de crer a espiritualidade, suas dinâmicas, organizações, funcionalidades, razões e propósitos. Não chegando a ser uma religião, porém, estando ligada, possivelmente, à raiz das religiões, como sendo o ponto de partida da espiritualidade humana. Tomamos também muito das considerações de Aristóteles (1952) quando na antiga Grécia escreveu sobre a existência da alma. O filósofo resume que alma seria, de algum modo, todas as coisas existentes, sensíveis ou imagináveis. O dicionário de língua inglesa Merriam-webster (2018) define o termo anima como o verdadeiro eu interior de um indivíduo que na psicologia analítica de Carl Jung (1875-1961) reflete os ideais arquetípicos de conduta; a parte da psique que está em contato com o inconsciente. E é em meio a esse espectro conceitual sobre alma, como a força que vivifica os seres, que os move e que perdura, a essência primordial de tudo que é tangível, as crenças verdadeiras e individuais de cada pessoa, é a partir desse entendimento que chegamos a Anima. A alma de tudo, desde os mais minúsculos seres; tudo na natureza como possuidor de uma alma, uma essência etérea, uma conexão em níveis além do tangível. Considerando o universo

Disponível em: <https://libeskind.com/work/national-holocaust-monument/>

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como um único conjunto onde toda energia e matéria se cria, circula, se conecta, se transforma, se recria e volta a circular, estaríamos todos interligados com a sua natureza, e seriamos parte do ambiente. A conexão, exploração, desfrute e contato com essa dimensão espiritual pode ser alcançado de diversas maneiras, em grupos ou individualmente, e por variados meios, alguns brevemente expostos pela Mental Health Foundation do Reino Unido (2007). A alma de tudo como uma infinita rede de conexões entre os seres, o ambiente e o universo, nos conduz a representações de como tudo está conectado e de como tudo é composto. O que nos guia para algumas ideias acerca da teoria da matéria e cosmologia do filósofo grego Platão (427-347 a.C.). Em seu diálogo Timaeus, Platão teoriza sobre do que o mundo e todas as coisas são feitos. Burgin (2017) analisa as ideias de Platão para encontrar uma contrapartida científica, especialmente com base nos preceitos da física moderna. Segundo Burgin (2017), a teoria de Platão é que tudo seria constituído de quatro elementos fundamentais, formadores de toda matéria existente no cosmos. Esses elementos são organizados proporcionalmente, e cada um deles é composto por partículas geométricas chamadas de “corpos primários” que consistem em sólidos geométricos regulares formados por triângulos em sua menor escala física (a nível da escala atômica). Podemos, então, associar que os “corpos primários” caracterizam moléculas e os triângulos, átomos. Ou seja, tudo que existe seria derivado da combinação e/ou transformação desses “corpos primários” (partículas) por meio da reorganização dos triângulos (átomos) resultando em diferentes tipos sólidos e consequentemente diferentes elementos básicos. Muito embora os triângulos enquanto forma geométrica não sejam as estruturas básicas dos átomos na natureza, como sabemos por meio dos conhecimentos da física moderna, de acordo com Burgin (2017), as teorias de Platão estão provadas por meio do conceito de tríades fundamentais na composição de todas as coisas. “[...] triângulos são uma forma de tríade e tem sido descobertos e cientificamente

comprovados que algumas tríades são as entidades fundamentais na natureza, sociedade, tecnologia e matemática.” (BURGIN, 2017, p. 33, tradução nossa). Burgin (2017) expõe que o próprio Platão em Timaeus explica a importância das tríades quando escreve que duas coisas não podem ser unidas sem uma terceira parte, uma ligação, uma conexão. O autor ainda afirma que as tríades são os elementos mais básicos, tudo é construído a partir delas, pois tudo é feito de partículas subatômicas e campos físicos onde todas as interações do universo se dão por meio de tríades fundamentais. Desse modo, para representação espacial do conceito, partimos de tais discussões e adotamos, como partido arquitetônico, o triângulo na qualidade de forma geométrica base para a estruturação das edificações, como uma maneira de aludir à constituição do cosmos, às interações de tudo, às tríades fundamentais da vida vistas cotidianamente, à vida de todos os seres, à existência de todas as coisas, à alma de tudo. Além disso, também nos direcionamos por intermédio de estratégias conceituais que orientem maneiras para a aplicabilidade do conceito no espaço projetado. O Design Biofílico e o desconstrutivismo são formulações que nos conduzem, através de premissas, acerca das conexões e representações a serem propostas projetualmente. Como diretrizes consideramos: Preservar ambientes naturais e conectá-los a ambientes construídos. Integrar os aspectos da natureza ao projeto. Auxiliar por meio da implementação do projeto na preservação de ambientes naturais em meio ao crescimento urbano. Desprender-se da ortogonalidade comum a muitos ambientes construídos. Manter proximidade de recursos hídricos fazendo uso de estratégias para preservação, com estruturas construtivas de baixo impacto ambiental. A conexão com algum recurso hídrico é uma parte importante para a concepção projetual, tida em conta especialmente para a escolha do local de implementação. O contato com a água integra o embasamento conceitual. A água nos inspira não apenas pela sua característica de elemento essencial e pela sua estrutura físico28

química e aspectos biológicos, mas por todo simbolismo que vem dela e todo significado que lhe foi atribuído desde a antiguidade. A água é essencial para toda vida biológico-molecular da qual as ciências têm conhecimento, toda forma de vida conhecida é baseada na água e a partir dela. Biologicamente, sabemos da importância da água para o desenvolvimento e manutenção da vida. A ciências biológicas nos mostram o quão somos constituídos de água enquanto seres vivos. Como observamos em artigos de Bruni (1993), Zumdahl (2018) e The Editors of Encyclopaedia Britannica ([2018]), o corpo humano é mais de 50% composto por água, alguns alimentos chegam a ter mais de 90% de água em sua composição; todas as funções orgânicas de um ser vivo necessitam dela para acontecerem, somos todos feitos de água e movidos por ela. Não somos capazes de sobreviver mais de setenta e duas horas sem água. Sua estrutura físico-química também nos mostra sua versatilidade e substancialidade. Como a química nos mostra e Zumdahl (2018) descreve, a água tem uma molécula de estrutura simples, mas com propriedades atípicas e extraordinárias em relação a maioria dos compostos encontrados no planeta terra. Além de essencial para os seres vivos a água também vem a ser, por tais características, uma proteção para manutenção da vida. Diferente da maioria dos compostos químicos, o estado sólido da água é mais denso do que o líquido e isso age como uma proteção para os seres vivos em lagos e lagoas durante baixas temperaturas. Isto é, o gelo que se forma na superfície dos corpos de água atua como uma barreira isolante que protege a vida sob a camada de gelo, evitando que todo o ecossistema aquático congele e impossibilite todas as formas de vida. Se não fosse por sua densidade maior em estado líquido, o gelo (sólido) afundaria e operaria de modo oposto matando todos os seres vivos do local. No entanto, a relevância da água não se restringe apenas a dimensão biológica; a água é considerada como essencial para o propósito do projeto não apenas como elemento natural em seu fim. A água é qualificada também como


símbolo, como objeto embebido de significados no espectro da espiritualidade. Para Bruni (1993), a água vem a ser uma dimensão fundamental da vida humana. O simbolismo da água tem sua origem pensada filosoficamente desde o século VI a.C, segundo Trabattoni (2010) e Bruni (1993), a partir da assertiva de Tales de Mileto, considerado como o primeiro filósofo grego; “Tudo é água”. Bruni (1993) pontua que essa frase se direciona para um contexto de nascimento da filosofia da natureza, e refere-se à teorização sobre uma matéria ou substância primária que origina tudo e todos. Tales de Mileto teria afirmado que essa substância seria a água; onde tudo que existe derivava da água modificada ou da transformação dela. “É a água que, tomando diferentes formas, constitui a terra, a atmosfera, o céu, montanhas, deuses e homens, feras e pássaros, grama, árvores e animais [...]. Tudo isso são diferentes formas da água”. (Tales de Mileto Sec. VI a.C. apud ZUMDAHL, 2018, tradução nossa). Essa expressão nos possibilita um vasto espectro de interpretações e significados decorrendo de um pensamento filosófico muitas vezes tido como gerador da filosofia grega. O filósofo poderia ter observado a presença da água em grande parte da natureza e no corpo, ou que a água faz crescer e florescer a vida; ou mesmo numa alusão a fluidez, versatilidade, dissolvência, e diferentes formas físicas da água referir-se à essencialidade e singularidade do elemento como substância transcendente e evolucional.

reitera que “tudo é homem”, que tudo é reflexo do homem uma vez que ele representa e atribui significado e sentido a tudo na natureza. A água então seria o símbolo dessa ideia, haja vista que ela é o espelho natural do homem.

“A água é a imagem da consciência de si mesmo, a imagem do olho humano – a água é o espelho natural do homem. Na água o homem se despe destemidamente de todas as roupagens místicas[...]” (Feuerbach, 1988, p. 21-22 apud BRUNI, 1993, p. 58). Na dimensão filosófica, Bruni (1993) traz Feuerbach para discutir o espectro simbólico envolvendo a água e torná-la humana por meio de uma relação interna dela com o homem, uma vez que não se poderia mais separar a natureza externa independente do homem da natureza interna própria só dele. Para tanto a relação interna do homem com a natureza deveria ser renovada, onde a água é o elo real e simbólico dessa relação. Feuerbach (1988 apud BRUNI, 1993) reinterpreta a assertiva de Tales de Mileto: “Tudo é água”; e

A valorização da água como elemento purificador, regenerador, essencial e formador da vida, tem relevantes representações nas sistematizações espirituais e religiões. Segundo Goedert (2004), todas as religiões primitivas apresentam significações para água como símbolo de vida e de morte. Representações como fonte de vida e de fecundidade aparecem nas tradições religiosas africanas; no antigo Egito, quando a água seria um elemento reanimador para livrar-se da morte; e na Babilônia como elemento originador da terra e da vida, por exemplo. O autor também relata ritos orientais para purificação e consagração por meio da água; e rituais de iniciações em fases diferentes da vida nas tradições espirituais e religiosas de povos indígenas do

Sendo o espelho primordial do homem, onde ele se vê, mas também onde reflete sua identidade e verdade, lhe ocasionando a reflexão quando do desprender-se de si para se ver, a água é o símbolo da reflexão também no âmbito do pensamento, explanado por Bruni (1993), sua fluidez e liquidez insinua o movimento das ideias. Dessa maneira, onde “tudo é água” poderia significar “tudo é reflexão”. Assim, segundo o autor, essa asserção filosófica como primeira frase da filosofia viria a ser seu nascimento e de uma nova cultura. Para a filosofia a água tem seu aspecto passageiro, móvel por excelência: “[...] a água faz ver concretamente o tempo, que tudo leva, que impede a permanência e a fixidez.” (BRUNI, 1993, p. 59). O simbolismo da água não seria compreendido apenas pensando na sua molécula química, Bruni (1993) diz que cada forma tomada pela água e cada modo como ela se apresenta são contemplados com uma função, simbolismo ou significado designados pelas diversas culturas humanas. Logo um espaço para as espiritualidades se conecta mais coerentemente a alguma forma da água na natureza.

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Brasil. Goedert (2004) exemplifica crenças na água como abrigo de espíritos e divindades, bem como símbolo de purificação no hinduísmo (vide rio Ganges para a tradição religiosa hindu). No budismo, por exemplo, a água é símbolo de pureza, serenidade e humildade, tendo tradições que associam a água ao ciclo da Lua; outras religiosidades orientais creem que o contato com a água permite o renascimento; e no islamismo simboliza misericórdia e ternura. Na Bíblia do cristianismo a água também é símbolo de vida, purificação e regeneração (vide ritual de batismo), mas que segundo as escrituras as águas também abrigam perigos e morte, como descrito por Goedert (2004). Contudo a água pode ter uma simbologia ambígua, se desconstruirmos as conotações mais recorrentes, encaramos a água dotada de um significado oposto a vida enquanto fenômeno das coisas materiais. Bruni (1993) ressalva, mencionando os conhecimentos de estudiosos dos símbolos e signos, que em toda construção de um símbolo a bipolaridade é inerente, e a água não escaparia dessa constituição, porém teria uma inclinação muito maior para um lado da polarização. Embora não seja comumente observável nas tradições espirituais e religiosas, a água como símbolo também de morte pode ser baseada em aspectos como a fluidez e efemeridade, tal como a vida em sua forma material mais conhecida é fluída e passageira. O mesmo autor também nos mostra como a água pode ser dotada de significado de morte quando colocamos os pensamentos “nas águas sombrias das profundezas do oceano, nas águas escuras dos lagos à noite, nas águas paradas e mal iluminadas em geral, elas sugerem a imagem de sepulcros, de noite eterna, de ausência de vida [...]” (BRUNI, 1993, p. 62). Aqui podemos levantar o simbolismo da água no budismo; que muito embora seja elemento de suavidade e serenidade, ela é capaz de destruir, basta considerarmos as águas violentas e torrenciais. Trazemos ainda o pensamento sobre a água como fonte regeneradora, ela pode então regenerar para recuperar a vida no sentido de renascer para uma nova vida depois de morrer numa anterior; ou ainda a presença da água no submundo ou


mundo dos mortos em algumas mitologias. Bruni (1993) menciona ainda Gaston Bachelard e Carl Jung para corroborar o pensamento acerca da água como símbolo de morte, ambos por um viés psicológico. Para Bachelard (1989 apud BRUNI, 1993) a água seria um túmulo diário para tudo que morre no homem cotidianamente. Mais ainda, psicologicamente, seria o símbolo primeiro do inconsciente humano, no qual resguarda no fundo o desejo do homem de que as águas sombrias da morte sejam acolhedoras como um abraço de mãe. Embora essa ambiguidade de simbolismo da água transparecendo a bipolaridade de possíveis significados opostos seja levantada, a intenção não é fortalecer esse dualismo em seu fim, e sim considerar as associações feitas à água na dimensão da espiritualidade humana e verificar a desconstrução de significados mais imediatos e usuais. A estratégia conceitual desconstrucionista nos fornece embasamento para desmontar a hierarquia de alguns conceitos binários e questionar algumas oposições existentes entre conceitos mais difundidos.

6.2. ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO CONCEITUAL 6.2.1. Design Biofílico Para proporcionar o contato com o ambiente natural e viabilizar as múltiplas práticas espirituais integradas a natureza e também ao ambiente construído, tomamos como uma estratégia o design arquitetônico sustentável no sentido de integração social, econômica e ambiental. Partindo de um ambiente construído como potencializador do contato com a natureza, com a origem da vida e a perpetuação dela, chegamos ao design biofílico. A afinidade humana inata pelos sistemas, processos e elementos naturais é tida como biofilia, como expôs Blair (2012); e daí deriva o design biofílico que se propõe a mensurar, organizar e agregar às interações do homem com o ambiente e do ambiente com o homem. Blair (2012) coloca que o design biofílico oferece impactos positivos na saúde e bem-estar

físico e psicológicos, e vem a ser uma solução sustentável para os ambientes construídos onde a degradação e desestruturação dos ecossistemas naturais tem causado uma separação constante entre o homem e seu ambiente natural. O design biofílico segundo Browning, Ryan e Clancy (2014) pode reduzir o estresse, melhorar as funções cognitivas, a criatividade e o bem-estar. Um design que nos reconecte com a natureza é essencial para oferecer oportunidades para viver, trabalhar e descansar em lugares menos estressantes e espaços mais saudáveis. Blair (2012) também defende que a abordagem do design biofílico visa como estratégia o baixo impacto ambiental, minimizando e atenuando impactos negativos no ambiente natural, bem como um impacto ambiental positivo e um design que aproxime o contato de maneira benéfica entre as pessoas e a natureza em edificações e paisagens construídas.

foram organizados da seguinte forma de acordo com Browning, Ryan e Clancy (2014).

Nos estudos de Blair (2012) e de Browning, Ryan e Clancy (2014), a biofilia e as temáticas da natureza estão presentes em inúmeras estruturas feitas pelo homem desde muito tempo, o termo pode ser mais recente, mas a prática conceitual do design biofílico é usada desde a antiguidade. O design biofílico não é um fenômeno novo, e “como um campo da ciência, é a codificação da história, da intuição humana e das ciências neurais, mostrando que as conexões com a natureza são vitais para manter uma existência saudável e vibrante como uma espécie urbana.” (BROWNING; RYAN; CLANCY, 2014, p. 6).

“Natureza do Ambiente” aborda configurações espaciais da natureza no ambiente construído. Compreende quatro padrões do design biofílico: Panorama; Refúgio; Mistério; Risco/Perigo.

As aplicações do design biofílico podem ser divididas em 14 padrões; que de acordo com Browning, Ryan e Clancy (2014), centenas de publicações sobre biofilia foram examinadas para então extrair esses padrões que fossem aplicáveis de maneira flexível e adaptativa, permitindo a implementação apropriada em projetos arquitetônicos e de design em qualquer contexto socio-ambiental. Esses padrões podem ainda ser organizados em três categorias, que são: “Natureza no Ambiente”, “Analogias da Natureza” e “Natureza do Ambiente”. Os 14 padrões do design biofílico ficam subdivididos entre essas três categorias supracitadas, e 30

“Natureza no Ambiente” que se refere a presença física, direta e efêmera da natureza em algum espaço ou lugar construído. Essa categoria engloba sete padrões: Conexão visual com a natureza; Conexão não visual com a natureza; Estímulo sensorial não ritmado; Variabilidade térmica e ventilação; Presença da água; Luz dinâmica e difusa; Conexão com sistemas naturais. “Analogias da Natureza” visa convocações orgânicas, indiretas e inanimadas da natureza. Três padrões constituem essa categoria: Padrões e formas biomórficas; Conexão dos materiais com a natureza; Padrões de complexidade e ordem.

Browning, Ryan e Clancy (2014) ressalta que o design biofílico é destinado as pessoas em suas condições de organismos biológicos integrados ao ambiente natural, respeitando a relação mente e corpo como um sistema indicador de saúde e bem-estar em cada contexto localmente apropriado. De modo geral, o objetivo é propiciar espaços saudáveis, inspiradores e restauradores para o desenvolvimento, fruição e prática espiritual, integrando a funcionalidade do espaço com o ecossistema natural, tomando o design biofílico que oferece soluções, não necessariamente corretas, mas adequadas as situações diversas de cada ambiente por serem flexíveis e adaptativas.

6.2.2. Desconstrucionismo conceitual e Desconstrutivismo arquitetônico No contexto conceitual envolvendo alguns princípios acerca da dimensão espiritual como


os opostos binários, princípios esses muito difundidos na vivência das várias sociedades, seguimos um pensamento desconstrucionista, tomando como ponto de partida alguns preceitos defendidos pelo filosofo francês Jacques Derrida. O pensamento de Derrida exige uma reflexão extensa, mas de modo menos aprofundado do que o pensamento filosófico requer, Strathern (2002) explica que o pensamento do filosofo francês era de desmontar os supostos significados das linguagens e assim encontrar outros sentidos na desestruturação dos textos. “Tudo que encontramos na linguagem é um sistema de diferenças, e o significado, simplesmente, emerge dessas diferenças. (STRATHERN, 2002. p. 17) O autor explica que Derrida viu o pensamento filosófico ocidental muito baseado no conceito de bipolaridade embutido no pensamento lógico. Os conceitos como vivo/ morto, verdade/falso, alto/baixo, positivo/ negativo, bem/mal, geral/particular, mente/ corpo, estariam definidores da divisão e classificação das experiências vividas com o intuito de encontrar um sentido. No entanto, “[...] o significado de um termo depende do significado do outro. Em outras palavras, o processo é circular: relaciona-se antes a si mesmo, mais do que àquilo que pretende descrever.” (STRATHERN, 2002. p. 17). Derrida (apud STRATHERN, 2002) analisa o uso comum de opostos binários como algo que seja bom ou mau, e exemplifica com a palavra pharmakon que em grego significa ‘cura’, mas que também pode significar ‘veneno’. Dessa forma, opostos binários podem ser eliminados, e ao invés de se conflitarem podem gerar uma ambivalência em suas diferenças conotativas, ou seja, algo ou alguma coisa não necessariamente é bom ou ruim, falso ou verdadeiro, fraco ou forte, quando pode ser ambos. Logo, partimos inicialmente da desconstrução conceitual, sobretudo da desconstrução de conceitos binários, do dualismo que reforça polaridades. Descontruindo tais conceitos como ‘bem e mal’, ‘luz e trevas’ (como conceitos espirituais de salvação e condenação), ‘céu e inferno’, ‘sagrado e profano’, para explorar a confluência quando essas bipolaridades se

encontram. Desmontar a dualidade e remontála, reinterpretá-la para uma representação e simbolização da espiritualidade como um conjunto inteiro de partes, que algumas vezes são interpretadas e transmitidas como separadas, independentes ou mesmo opostas e conflitantes. Ao seguir esse caminho, eventualmente a desconstrução conceitual pode ser refletida na forma e estética arquitetônica. Como exposto por Wigley (1989) o desconstrutivismo na arquitetura também se suscitou a partir do pensamento de Jacques Derrida, que de maneira mais metafórica desconstruía algumas referências arquitetônicas. Derrida não analisava ‘estrutura’ estritamente como o conjunto de pilares, vigas e lajes que no sentido arquitetônico atual o termo se refere. Mas sim, referindo-se às metáforas filosóficas, à estrutura da tradição linguística arquitetônica, suas representações e significados. Derrida desestabiliza a edificação argumentando que sua condição fundamental, sua possibilidade estrutural, é a ocultação de um abismo. A edificação na metafísica afirma ser estável porque se baseia num alicerce rochoso [...] A desconstrução desestabiliza a metafísica localizando no alicerce as fraturas que minam sua estrutura” (WIGLEY, 1989, p.16, tradução nossa) Wigley (1989) defende que as ideias de desconstrução lideram um repensar da relação arquitetônica entre solo (fundação), estrutura e ornamentação. E assim quebrar com o status arquitetônico tradicional. O pensamento de Derrida interroga as bases conceituais da arquitetura e desmonta as ideias de estabilidade e linguagem. “A desconstrução traça a subversão da arquitetura na edificação, uma subversão que não pode ser resistida porque a arquitetura é a possibilidade estrutural da edificação.” (WIGLEY, 1989, p. 18, tradução nossa). O pensamento desconstrutivista na arquitetura não prega a demolição da estrutura física construtiva em si. Segundo Wigley (1998), desconstrução é uma maneira de questionar a arquitetura e 31

suas estruturas afim de encontrar as estruturas falhas e as falhas estruturais, o espaço para além das dualidades. No entanto, o pensamento de Derrida a respeito da desconstrução de conceitos exige uma análise mais aprofundada para não cairmos na imprecisão. No contexto arquitetônico, a desarticulação conceitual dos opostos binários, já exposto previamente como técnica de leitura para desconstrução segundo Derrida, pode referirse a pares como interior/exterior, forma/ conteúdo, estrutura/decoração, forma/função, abstração/figuração e outras dualidades da arquitetura. Eventualmente essas dualidades podem ser questionadas. Muito embora a premissa seja a desconstrução de conceitos literários, a elaboração projetual pode vir a questionar algumas estruturas. Haja vista que a representação arquitetônica da forma e estética de projetos tidos como pós-estruturalistas ou desconstrutivistas se caracteriza pela geometria irregular e formas dinâmicas, que podem ser vistos como um protesto ao racionalismo da arquitetura modernista, como postulado por Colin (2009). O autor explica que o desconstrutivismo também não se enquadraria na corrente pós-modernista, pois se diferencia da maioria de sua arquitetura, uma vez que o pós-modernismo abordava a ornamentação de maneira mais ousada e isso seria rejeitado pelo desconstrutivismo. Colocando de uma maneira mais simplificada, que porventura pode ocorrer incompleta, no processo de elaboração de projetos, o desconstrutivismo se foca mais na parte material da arquitetura, na reestruturação de pisos, paredes, pilares etc. de tal modo a questionarem os eixos ortogonais, os planos horizontais e verticais, e as formas geométricas puras; preceitos poderosos nos projetos de arquitetura modernista. Resumidamente, o desconstrutivismo ajuda a questionar conceitos duais de pares que porventura representem oposição, conflito, hierarquia ou superioridade; e utilizar-se da concepção projetual como maneira autêntica de expressão na arquitetura para representar tais desconstruções, consequentemente, descontruindo estruturas arquitetônicas tradicionais.


7. Localização e análise do terreno O terreno escolhido fica localizado mais a região sudeste do município, no limite dos bairros Jose de Alencar e Sapiranga (Figura 24). Figura 23 – Localização do terreno na escala do município.

Fonte: Imagem de satélite Google Earth, edição do autor. Figura 24 – Localização do terreno na escala dos bairros.

Devido a inviabilidade para um mapeamento de equipamentos desse tipo, haja vista a inexistência na cidade de espaços para vivência e desenvolvimento da espiritualidade sem intermédio de uma religião ou doutrina específica. Mapeamos então as características ambientais indispensáveis para implementação do projeto de maneira que atendesse às necessidades conceituais e por consequência resultasse em espaços simbólicos, propícios e confortáveis para atividades no âmbito da espiritualidade. Inicialmente consideramos os recursos hídricos, parques e áreas verdes, analisamos quais corpos de água mantem conexão com áreas verdes em algum grau de preservação e que apresentam áreas não ocupadas em zonas ambientais edificáveis, como Zona de Interesse Ambiental (ZIA) e Zona de Recuperação Ambiental (ZRA) de acordo com o Plano Diretor de Fortaleza (PDP). Chegamos as lagoas da Maraponga, do Mondubim, do Parque Dois Irmãos, Messejana e Sapiranga. A lagoa localizada na Sapiranga formada por uma ramificação da bacia do Rio Cocó se destaca ainda por apresentar uma Operação Urbana Consorciada (OUC) já aprovada pela prefeitura da cidade. A OUC Parque Urbano da Lagoa da Sapiranga prevê a implantação de um parque urbano e obras complementares de infraestrutura para garantir a preservação das áreas verdes adequando com reestruturações no parcelamento e uso do solo. Uma vez que o projeto proposto considera a manutenção de ambientes naturais e integração com áreas verdes para as atividades previstas, temos a OUC como uma oportunidade de garantir mais qualidade de vida para a população da região, especialmente por meio da implementação de um equipamento como esse.

Fonte: Imagem de satélite Google Earth, edição do autor.

32


Figura 25 – Mapa de áreas verdes e recursos hídricos.

Fonte: Acervo pessoal do autor com base na cartografia de Fortaleza e dados disponíveis em: <https://urbanismoemeioambiente.fortaleza.ce.gov.br/urbanismo-e-meioambiente/521-operacao-urbana-consorciada>

33


O terreno está inserido em zona urbana consolidada. A localização é privilegiada com um entorno tranquilo, não isolado e de fácil acesso; de uso residencial predominante, mas não muito adensado, com muitos vazios urbanos como visto na Figura 26 de uso do solo. Mantém ainda áreas naturais preservadas, tendo assim um potencial paisagístico e ecológico por estar em conexão direta com corpos d’água e áreas verdes. Todos esses aspectos foram tomados em consideração na escolha do terreno, pois agrega sentido ao projeto com base nos conceitos e estratégias projetuais e no propósito geral como um espaço para saúde, lazer e para o bem-estar individual e social.

7.1. Análise de adequabilidade legal Para análise da adequabilidade do projeto ao local escolhido consultamos a Lei Municipal de Uso e Ocupação do Solo de 2017 que vigora atualmente. Verificamos que o lote escolhido está inserido na Zona de Interesse Ambiental da Sabiaguaba (ZIA 1), com índice de aproveitamento básico e máximo em 0.5, taxa de permeabilidade 60%, taxa de ocupação 30%, e altura máxima da edificação podendo chegar a 15m. Como visto na Figura 27, a ZIA 1 faz limite com a Zona de Preservação Ambiental (ZPA 1), consequentemente proporciona esse contato com a natureza mesmo estando

circundado pela ocupação urbana, como já exposto anteriormente. De acordo com Fortaleza (2017) esse tipo de projeto seria classificado no subgrupo Equipamentos para Atividades Religiosas, ainda que essa não seja exatamente a melhor classificação, por motivos de incompatibilidade com as demais classificações explícitas na Lei e para fins de consulta da adequabilidade tomamos esta determinação. Os templos religiosos de até 2000m2 são de classe 2 como visto na Tabela 01, e estão adequados para a zona de localização, como verificado na Tabela 02.

Figura 26 – Uso do solo.

Comercial Industrial Lazer Residencial Serviço/empresarial Uso misto Vazio ZPA 1

Fonte: Imagem de satélite Google Earth, edição do autor.

34


Ainda segundo Fortaleza (2017) o Equipamento do subgrupo de atividades religiosas está adequado ao porte das vias existentes e previstas para o local de implantação (ver Tabela 03). Vemos na Figura 28 que o lote proposto apresenta duas frentes, com um acesso por via arterial representada pela cor azul e um por via local (vias sem marcação na figura).

Tabela 01 – Classificação das atividades por grupo e subgrupo.

Figura 27 – Macrozoneamento.

Fonte: Adaptado pelo autor de dados provenientes da LUOS Fortaleza. Tabela 02 – Adequação dos usos às zonas.

onte

M Rua Neudélia

Fonte: Adaptado pelo autor de dados provenientes da LUOS Fortaleza.

Rua Olyntho Arruda

Via arterial prevista

Tabela 03 – Normas e adequação dos usos ao sistema viário.

Recurso hídrico

Fonte: Adaptado pelo autor de dados provenientes da LUOS Fortaleza.

A viabilidade de um espaço para desenvolvimento e fruição espiritual se assegura nessa localização também por ser um ambiente de bem-estar público, para manutenção e promoção da saúde preventiva; com atividades de baixo impacto ambiental, uma vez que a preservação do sistema ambiental preexistente, incluindo vegetação e corpos d’água, é imprescindível na concepção projetual proposta, sobretudo guiado pelas diretrizes projetuais. De modo que a promoção de um espaço público de lazer, convívio, cultura e saúde é lícita em consonância com a legislação vigente Fortaleza (2017). ZPA 1

Via arterial

ZRA

Via coletora

ZIA 1

Via local

ZOM 2 ZEIS 1

Zona de Interesse Ambiental da Sabiaguaba (ZIA 1) I. A. básico – 0,5 I. A. máximo - 0.5 T. O. - 30% T. de permeabilidade - 60% altura máxima - 15m.

Fonte: Imagem de satélite Google Earth, edição do autor.

35


maneiras de exercício da espiritualidade, considerando algumas práticas ressaltadas pela Mental Health Foundation (2007). Deste modo, as premissas conceituais e as estratégias de aplicação, como o design biofílico, veem integrar-se aos principais espaços edificados para concepção dos ambientes e espaços livres, e para agregar significados e reflexões.

Figura 28 – Sistema viário e mobilidade.

O programa de necessidades fica dividido assim entre os espaços de apoio técnico e organizacional e os espaços para eventos, práticas, vivência, fruição, reflexão, exploração e desenvolvimento espirituais, constituindo ambientes livres para atividades espontâneas desde meditação, leitura, contemplação, convívio, consumação, atividades físicas, atividades artísticas, etc. Os espaços se mesclam e se dispõem homogeneamente no terreno sem visível delimitação ou segregação setorial. Tabela 04 - Programa de necessidades: Espaços Desconstrutivistas Multiuso.

ESPAÇOS DESCONSTRUTIVISTAS MULTIUSO

1 2 3 4

CONCEITOS DE PARES OPOSTOS CLARO / ESCURO INTERIOR / EXTERIOR ESTÁVEL - INSTÁVEL TANGÍVEL / INTANGÍVEL

Fonte: Produção do autor. Tabela 05 – Programa de necessidades: espaços para eventos, práticas, vivência e fruição espirituais.

ESPAÇOS LIVRES Via Arterial

5 6 7 8

Via Coletora

Fonte: LUOS Fortaleza (2017). Imagem de satélite Google Earth, edição do autor.

8. O Projeto

Para leitura Para prática e atividades físicas Para atividades artísticas Para piquenique

Fonte: Produção do autor. Tabela 06 – Programa de necessidades: espaços de apoio técnico e organizacional.

8.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES

ESPAÇOS DE APOIO TÉCNICO E ORGANIZACIONAL

9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Para definição de parte do programa de necessidades foram tomadas como base o conceito e as estratégias de aplicação conceitual. Devido a especificidade do projeto e a insuficiente quantidade de opções em edificações e espaços que compartilhassem propósitos parecidos ao projeto, o programa de necessidades não foi guiado a partir de uma referência projetual, nem completamente obediente a algum documento que determinasse a necessidade de ambientes específicos para atividades no âmbito da espiritualidade humana. Foi considerado como ponto de partida as formulações desconstrutivistas para pensar quatro espaços edificados acerca da desconstrução de conceitos de pares opostos e dualismos. Esses espaços propõem reflexões, críticas e autocríticas para o desenvolvimento espiritual, e se configuram como ambientes livres para multiusos, ficando aberto as possibilidades individuais e sociais (Tabela 04).

Lanchonete/Café Centro informativo e banca de livros Secretaria administrativa Sala de segurança e video-monitoramento Vestiário para funcionários Banheiros para funcionários Depósito de equipamentos para manutenção Depósito para materiais de limpeza Banheiros para usuários Estacionamento

Fonte: Produção do autor.

Os outros ambientes destinados a atender também variadas formas de vivenciar e fruir a espiritualidade, que não por meio de uma religião em particular, foram pensados a partir de diversas 36


8.2. ESTUDO DA TOPOGRAFIA

Figura 29 – Planta Baixa: Base Topográfica

O terreno possui área totoal de 13877m² e apresenta um desnível de 6 metros ao longo de 125,10 metros. Sendo o ponto mais elevado no limite norte do lote e o mais baixo no limite sul quando se aproxima do recurso hídrico.

Fonte: Produção do autor.

37


Figura 30 – Corte A - Topografia.

Fonte: Produção do autor.

Figura 31 – Corte B - Topografia.

Fonte: Produção do autor.

Figura 32 – Corte C - Topografia.

Fonte: Produção do autor.

Figura 33 – Corte D - Topografia.

Fonte: Produção do autor.

38


8.3. LEVANTAMENTO DA COBERTURA VEGETAL DO LOTE

Figura 34 – Planta Baixa: Situação atual em período de estiagem.

Em períodos de estiagem a vegetação é escassa, durante as quadras chuvosas varia com uma cobertura densa de vegetações arbustivas e forrações, com poucas árvores de médio a pequeno porte.

Fonte: Produção do autor.

39


Figura 35 – Planta Baixa: Situação atual em período chuvoso.

Fonte: Produção do autor.

40


Figura 36 – Carta de ventilação.

Fonte: Produção do autor com auxilio do software SOL-AR.

Figura 37 – Estudo solar até 21 de Junho.

Figura 38 – Estudo solar após 21 de Junho.

Fonte: Produção do autor com auxilio do software SOL-AR.

Fonte: Produção do autor com auxilio do software SOL-AR.

8.4. ESTUDO SOLAR E VENTILAÇÃO Figura 39 – Estudo de insolação.

O lote se oriente quase perpendicular ao norte, logo vemos pelas analises dos solstícios que as faces com maior incidência solar são: oeste, noroeste e sudoeste. A ventilação predominante ocaorre do sudeste durante a primavera, outono e inverno. Durante o verão os ventos predominantes (mais de 30%) são do leste, como visto na Figura 36, carta de ventilação produzida pelo autor com auxilio do software SOL-AR.

Fonte: Modelagem e produção do autor.

41


Figura 40 – Solstício de Verão as 9h em 21/12.

Figura 41 – Solstício de Verão as 15h em 21/12.

Fonte: Modelagem e produção do autor.

Fonte: Modelagem e produção do autor.

Figura 42 – Solstício de Inverno as 9h em 21/06.

Figura 43 – Solstício de Inverno as 15h em 21/06.

Fonte: Modelagem e produção do autor.

Fonte: Modelagem e produção do autor.

42


8.5. ESTUDO DE MASSAS E FLUXOS

Figura 44 – Croqui de estudo de massas, fluxos e implantação.

Acessos pensados nos dois limites do lote com as vias (norte e leste), com acesso principal e entrada de veículos pela Rua Neudelia Monte no limite ao norte. A partir desses fluxos de acesso criamos pontos centrais sempre respeitando o limite da Zona de Preservação Ambiental (ZPA), e integrando os espaços edificados com os espaços livres.

Fonte: Produção do autor.

43


Figura 45 - Croqui de estudo de implantação.

8.6. ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO

8.6. ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO

Partindo do estudo de fluxos e massas, estabelecemos a forma de implantação das edificações que foram pensadas de maneira a integrar os espaços livres sem descontinuar os fluxos. Temos o maior número de edificações localizadas mais próximas dos limites do lote com as vias, tanto pela proximidade aos acessos quanto pelo partido projetual de preservar, integrar e usar o ambiente natural como espaço livre e versátil. Assim, foram pensadas três edificações mais permeáveis para garantir essa fluidez e liberdade.

Partindo do estudo de fluxos e massas, estabelecemos a forma de implantação das edificações que foram pensadas de maneira a integrar os espaços livres sem descontinuar os fluxos. Temos o maior número de edificações localizadas mais próximas dos limites do lote com as vias, tanto pela proximidade aos acessos quanto pelo partido projetual de preservar, integrar e usar o ambiente natural como espaço livre e versátil. Assim, foram pensadas três edificações mais permeáveis para garantir essa fluidez e liberdade.

Fonte: Produção do autor.

44


RUA NEUDÉLIA

MONTE

QUADRO DE ESPÉCIES

3 EUGUN 1,50

ACESSO

+8,4

ACESSO +8,5

58.7m² STESE

ACESSO

333.6m² STESE

+8,4

8 AUXON

20 TRASP

1,80

35 NEPPO

5 JASSA 1,00

JACMI

Adenanthera pavonina Auxemma oncocalyx Jacaranda mimosifolia

TABAU

Tabebuia aurea

IPE AMARELO DO CERRADO

07

ASPPY

Aspidosperma pyrifolium Eugenia uniflora Delonix regia

PEREIRO

13

PITANGUEIRA

08

FLAMBOYANT

01

ADEPA AUXON

DA

EUGUN

40 TRASP

+8,5

uos Limite dos rec

4 ASPPY

Copernicia prunifera

DIATA

Dianella tasmanica

DIANELA

TRASP

Tradescantia spathacea Nephrolepis polypodium

ABACAXI ROXO

NEPPO

+8,5

1,80

CARNAUBEIRA

SABAMBAIA

+8,5

3 COPPR

JASSA

JASMIM ARABE

23

STESE

Stenotaphrum secundatum

GRAMA INGLESA

2170.3m²

mi

1,80

taç ão

40 TRASP

i=50% i=35%

65

eli

+7,8

1,00

ed

+8,0

6 ASPPY

50 100

FORRAÇÃO

ad ret

1 JASSA

Jasminum sambac

Mu

4 JASSA 1,00

60

ARBUSTIVAS

1,80

i=35%

10

HERBACEAS 583m² STESE

i=44% i=44%

20

JACARANDA

COPPR

+8,6

i=25%

i=40% i=40%

07

PALMEIRAS

+8,3

1,80

i=25%

CAROLINA PAU BRANCO

ÁRVORES DE MÉDIO PORTE

DELRE 4 TABAU

QTD

ÁRVORES DE GRANDE PORTE

MIRAN

4 COPPR 1,80

NOME POPULAR

NOME CIENTÍFICO

CÓD.

ÁSIO A EVIL AVENID

Figura 46 - Planta Baixa: Implantação, Vegetação e Coberta. Escala 1/500. +8,5

2 ADEPA 1,80

+7,5

i=35%

+8,5

2 COPPR 1,80

ACESSO 8 AUXON

+6,5

2 ADEPA 1,80

46 COPPR

AV

EN

1,00

BIOVALETA

1,80

1,80

+6,5

3 JASSA

ID

AE

5 EUGUN 1,50

VIL

ÁS

IO

+6,1

MI

RA

3 TABAU

ND

A

1,80

3 ASPPY

30 NEPPO

+6,0

+5,9

1,80

826m² STESE

RUA OLYNTHO

3 JASSA +5,0

1,00

+6,1

+4,5

1 JACMI 1,80

8 JACMI

EN

1,80

ID

AE

VIL

5 JASSA 1,00

+5,5

+4,0

Li

m

+4,0

5 COPPR 1,80

1 DELRE

ite

do

s

re

30 DIATA

IO

MI

RA

ND

A

cu

os

20 DIATA

1,80

ACESSO

+3,3

+4,1

4 AUXON

+4,0

Delimitação ZPA +3,0

ÁS

ARRUDA

AV

+5,2

1,80

+3,0

M

ur

+3,5

2 JASSA taç Mureta de delimi

1,00

+3,0

et

a

de

de

lim

ita

çã

o

369m² STESE

PIER

1 JACMI

ão

1,80

Limite dos recuos

Fonte: Produção do autor.

+3,0

3 ADEPA 1,80

45

Delimitação ZPA


RUA NEUDÉLIA

MONTE

Figura 47 - Planta Baixa: Paginação39.e01Acessos. Escala 1/500.

ACESSO ACESSO

6' 35°5

63

ACESSO

+8,5

°8

+8,4

4.20

5.40

10.00

ARRUDA

2.91

+8,3

6.95

ANDA

1.20

3.00

RUA OLYNTHO

7

7.0

2

1.25

8.5

29.10

.45

18

IR ÁSIO M

10.00

11.4 5

2.40

+8,4

11. 93

'

1.20

A EVIL AVENID

+8,5

55' 56°

6.00

1.20

4.77

10.25

6.73

1.66 18.59

+8,5

+8,6

uos Limite dos rec

66°

40

25.

25'

+8,5 +8,5

5.64

7 7.7

4.05

QUADRO DE PISOS

taç

mi

23.2

1921m²

CIMENTO INDUSTRIAL

1648.9m²

FORRAÇÃO VEGETAL

2170.3m²

PARALELEPÍPEDO

461.2m²

SOLO NATURAL

7675.6m²

+7,5

2

5 R4.0

0

0

2.0

4.4

+8,5

FULGET RESINADO

ão

14 .51

eli

00

10.

6.95

QTD

MATERIAL

ed

+8,0

11.49

+7,8

ad

27'

109°

CÓD.

ret

' °23

115

Mu

11.76

R3.

50

0

3.3

ACESSO

10.9

13.86 20.9 8

MI

RA

ND

A

11

.16

1.60

11

.00 10

7.5

17.87

EN

ID

Li

3

113

°6'

VIL

m

+4,0

54

17.

+3,3

AE

ite

do

s

re

ÁS

IO

MI

RUDA

32'

10.05

+4,0

+5,2

AV

3.00

30' 42°

IO

24.49

'

8

40°

+5,5

ÁS

AR RUA OLYNTHO

+6,1

26.5

4 51°1

2.28

+4,5

11.02

6'

VIL

5 36°

+6,0

8

26.3

AE

3.00

+5,0

3

ID

.00

1.00

+5,9

5' 8°2

7.75 +6,1

20.58

EN

20.35

0 13.4

AV

+6,5

0

+6,5

RA

ND

A

cu

os

+4,1

ACESSO

4.3

0

14.18 +4,0

5

4.55

Mureta de delimi

+3,0

15.40

M

ur

85

4.5

+3,5

12.

+3,0

4.55

+3,0

R22.84

Delimitação ZPA

0

2.5

et

a

de

de

lim

ita

çã

o

PIER

.22

14

tação

Limite dos recuos

+3,0

Fonte: Produção do autor.

46

Delimitação ZPA


Figura 48 - Masterplan.

• Taxa de Permeabilidade - 83,40% • Índice de Aproveitamento - 0,11 • Taxa de Ocupação - 0,11

Fonte: Produção do autor.

47


Figura 49 - Planta de Situação.

Fonte: Produção do autor.

48


49


50


8.7. LUZ E SOMBRA a) Dualidade a descontruir Pensamento de que a luz é igual ao bem em oposição a sombra igual ao mal, reforçando o dualismo entre salvação (luz) e condenação ao sofrimento (sombra) muito difundido, especialmente em algumas religiões. Edificação desenvolvida por meio da composição de triângulos justapostos em um plano de coberta.

b) A edificação Estruturas permeáveis que possibilitam a passagem de luz de maneiras inconstantes criando refúgios de sombra e áreas ensolaradas mesmo cobertas. Intercalando luz e sombra dinamicamente devido aos movimentos do sol durante o dia e durante o ano. Repensando a sombra, não como o oposto ruim da luz, mas enquanto um momento instável e efêmero assim como a luz. Para vivenciar a luz e a sombra como uma unidade.

Concreto armado e madeira compõem toda a edificação. As estruturas de coberta foram pensadas como brises que protegeriam da luz direta, mas que em determinado ângulo de incidência permite a luz passar diretamente e, em outras vezes, de forma difusa. Ripas de madeira de 10x6cm espaçadas de 10 em 10cm criam um ângulo de sombra em que a luz direta só atravessa quando incide perpendicularmente à superfície de 6cm das ripas. Resultando assim, em um espaço que permuta entre áreas de sombra e de luz em diferentes momentos.

Figura 53 - Detalhe 01 - Ripas de Madeira.

Figura 50 - Croqui Luz e Sombra 01.

Fonte: Produção do autor. Figura 51 - Croqui Luz e Sombra 02. Fonte: Produção do autor. Figura 54 - Detalhe 02 - Ripas de Madeira.

Fonte: Produção do autor. Figura 52 - Croqui Luz e Sombra 03.

Fonte: Produção do autor. Fonte: Produção do autor.

51


NORTE

Figura 55 - Planta Baixa: Luz e Sombra. .30

4.00

.30

3.00

14.74

.30

5.96

4.3

1

3.48

2.79

5.00

.20

1.44

ESPELHO D'ÁGUA A=14,96 m² 8,54 (P.A.)

1.90

.30

1.31

8.10

1.40

2.04

.30

5.72

1.00

.20 RIPAS DE CONCRETO (15X8cm) ESPAÇADAS 12cm

.20 ESPELHO D'ÁGUA A=14,96 m² 8,54 (P.A.)

11.82

5.76

2.70

4.23

.40

.20

0

.20

3

3.5

LESTE

4.9

OESTE

5.68

1

3.2

0

17.75

.47

5

5.0

RIPAS DE CONCRETO (15X8cm) ESPAÇADAS 8cm

11.18

5.9

9.71

3.70

2.92

.20

PISO CIMENTO INDUSTRIAL SOBRE RADIER A=384,55 m² 8,60 (P.A.)

CT 01

.20 1.3

2.2

4

.20

0

'

.15

41 46°

.60 .20

2.10

.20

3.00

.20

2.10

.20

8.11 4.93

4.25

5.20

5.13

4.05

7.09

8.98 CT 02

5.56

SUL

Fonte: Produção do autor.

52


Figura 56 - Corte CT01: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

Figura 57 - Corte CT02: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

53


Figura 58 - Vista Norte: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

Figura 59 - Vista Leste: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

54


Figura 60 - Vista Sul: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

Figura 61 - Vista Oeste: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

55


Figura 62 - Vista de Topo: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

56


Figura 63 - Perspectiva 01: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

57


Figura 64 - Perspectiva 02: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

58


Figura 65 - Perspectiva 03: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

59


Figura 66 - Perspectiva 04: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

60


Figura 67 - Perspectiva 05: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

61


Figura 68 - Perspectiva 06: Luz e Sombra.

Fonte: Produção do autor.

62


63


64


8.8. INTERIOR EXTERIOR

Figura 69 - Croqui 01: Interior Exterior.

Figura 71 - Croqui 03: Interior Exterior.

a) Dualidade a desconstruir Relação de segregação entre espaços descritos como internos e espaços descritos como externos. Repensar a separação entre o que está dentro e o que está fora, e como as relações se dão entre interior e exterior em um espaço edificado. Edificação pensada por meio da junção de triângulos em angulações variadas pra fechar e delimitar espaços em direções distintas.

Fonte: Produção do autor. Figura 70 - Croqui 02: Interior Exterior.

b) A edificação Espaço de subversão dos ambientes internos e externos, de integração entre ambiente construído e ambiente natural. Com estruturas que questionam o que consiste dentro e fora. Para uma vivência simultânea do sentimento de ‘abrigado’ e ‘desabrigado’, enquanto a estrutura se desdobra, gira e retorna fazendo o interior virar exterior e vice-versa. Inspirado pelo trabalho da artista brasileira Lygia Clark. Estruturas triangulares pré-moldadas de concreto armado com perfis pultrudados de fibra de vidro conectadas uma a outra pela armação interna de fibra. Com o concreto impermeabilizado e aparente é ideal uma estrutura livre de corrosão, livre de interferências eletromagnéticas, alta resistência as intempéries, baixa condutibilidade térmica, fácil manuseio e baixo peso especifico, deixando a estrutura mais leve, com maior vida útil e livre de fissuras.

Fonte: Produção do autor.

Fonte: Produção do autor. Figura 72 - Detalhe Estruturas de Concreto Triangulares: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

65


Figura 73 - Planta Baixa: Interior Exterior.

NORTE 10.99

6.64

'

7.00

7.00

°26

114

2.38

1 2 .9

8

12.21

CT 01

2.79

155°34

'

7.43

1.80 PISO CIMENTO INDUSTRIAL SOBRE RADIER A=449,32 m² 6,10 (P.A.)

59°15'

59

1.41

1.56

1.78

'

5 °1

.46

0

2.00

2.0

5.88

7.64

8.49 8.14

8.14

CT 02

8.39

1.63

12.11

4.42

3.29

6.71

SUL

Fonte: Produção do autor.

LESTE

OESTE

PISO CIMENTO INDUSTRIAL SOBRE RADIER A=449,32 m² 6,10 (P.A.)

4.06

2.34

1.9 0

6.11

66


Figura 74 - Corte CT01: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

Figura 75 - Corte CT02: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

67


Figura 76 - Vista Norte: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

Figura 77 - Vista Leste: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

68


Figura 78 - Vista Sul: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

Figura 79 - Vista Oeste: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

69


Figura 80 - Vista de Topo: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

70


Figura 81 - Perspectiva 01: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

71


Figura 82 - Perspectiva 02: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

72


Figura 83 - Perspectiva 03: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

73


Figura 84 - Perspectiva 04: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

74


Figura 85 - Perspectiva 05: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

75


Figura 86 - Perspectiva 06: Interior Exterior.

Fonte: Produção do autor.

76


77


78


8.9. INSTÁVEL ESTÁVEL a) Dualidade a desconstruir Firme e ortogonal como sendo estruturas mais estáveis em oposição ao oscilante como representação de instabilidade. Repensar o incômodo que a instabilidade visual de um objeto pode trazer enquanto divergente do plano perpendicular e firme, como uma alusão às estruturas internas que compõem a espiritualidade de cada indivíduo, para que sejam desafiadas pela então instabilidade do ambiente construído.

Figura 87 - Croqui 01: Instável Estável.

Edificação concebida a partir da desestabilização do triângulo (a forma geométrica mais estável), retirando os apoios e revertendo o sentido. b) A edificação

Fonte: Produção do autor.

Salão de atividades diversas em um ambiente que denote instabilidade. Compondo um espaço mais fechado e menos permeável, para trazer a reflexão sobre estabilidade espiritual tida por “estruturas” internas, como concentração e fé, que não sejam osciladas por estruturas externas presentes no ambiente. Estruturas para vedação do espaço feitas de concreto armado com inclinação de 9% (32,5°), com reforço nas fundações no sentido oposto a força atuante nas estruturas. Duas estruturas se apoiam uma na outra por meio de uma viga no topo, autoportantes pelo princípio de uma estrutura triangular, onde as duas faces de pé se sustentam com a força q fazem uma sobre a outra. Uma estrutura se destaca por estar visivelmente desprendida das demais e apoiando-se apenas no solo, sendo então mais espessa tanto pela necessidade de reforço estrutural quanto pelo partido projetual com um elemento visualmente mais pesado, declinado sobre as demais estruturas.

Figura 88 - Croqui 02: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor. Figura 89 - Croqui 03: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

79


Figura 90 - Planta Baixa: Instável Estável.

13.05

.85

.30 .60 8.50

8.80

5.00

1.36

.60

.95

.45

NORTE

ALVENARIA DE CONCRETO ARMADO COM INCLINAÇÃO DE 9%

ALVENARIA DE CONCRETO ARMADO COM INCLINAÇÃO DE 9% CT 01 SALÃO COBERTO A=105,60 m²

1.35

2.14

5,50 (P.A.)

1.20

CALHA

3.39

1.20

LESTE

HALL DE TRANSIÇÃO A=35,40 M² 5,14 (P.A.)

4.75

6.00

ÁREA EXTERNA A.TOTAL=173,55 m²

6.55

1.0

0

8.03

1.00

5,50 (P.A.)

2.70

i = 6% PISO CIMENTO INDUSTRIAL A.TOTAL=330,75 m²

S

5,50 (P.A.)

16.35

1.20

Fonte: Produção do autor.

CT 02

7.40 SUL

80

1.20

1.20

OESTE

3.27

ALVENARIA DE CONCRETO ARMADO COM INCLINAÇÃO DE 9%


Figura 91 - Corte CT01: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor. Figura 92 - Corte CT02: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

81


Figura 93 - Vista Norte: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor. Figura 94 - Vista Leste: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

82


Figura 95 - Vista Sul: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor. Figura 96 - Vista Oeste: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

83


Figura 97 - Vista de Topo: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

84


Figura 98 - Perspectiva 01: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

85


Figura 99 - Perspectiva 02: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

86


Figura 100 - Perspectiva 03: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

87


Figura 101 - Perspectiva 04: Instável Estável.

Fonte: Produção do autor.

88


89


90


8.10. TANGÍVEL INTANGÍVEL

Figura 102 - Croqui 01: Tangível Intangível.

Figura 105 - Detalhe Frame e Placa Cimentícia 01.

a) Dualidade a desconstruir A dicotomia da classificação das coisas que são reais por meio da separação do que é tangível e intangível enquanto conceitos opostos. Trazer a ideia de intangível da espiritualidade pra coexistir com o tangível, fazendo os aspectos imensuráveis e intocáveis ao mesmo tempo sensíveis e reais, desprendendose do pensamento de que o intangível necessariamente não será tangível e vice-versa.

Fonte: Produção do autor. Figura 103 - Croqui 02: Tangível Intangível. Fonte: Produção do autor.

Edificação pensada a partir da adaptação de uma forma orgânica irregular para gerar uma forma triangulada.

Figura 106 - Detalhe Frame e Placa Cimentícia 02.

b) A edificação Pavilhão de confluência do que é tangível com o intangível. Para pensar a espiritualidade de maneira sensível e real. Trazendo o imensurável para uma aproximação mais sensível, porém ainda abstrata com o uso de reflexos. Constituída de uma estrutura metálica em aço galvanizado polido e fechamento com placas cimentícias impermeabilizadas com acabamento em concreto aparente. Embora as placas sejam uma vedação mais leve que o concreto, a aparência denota uma estrutura pesada e pra contrastar o aço polido reflexivo que traz a sensação de leveza. Como algo leve que suporta algo pesado e não o oposto. A estrutura possui uma abertura na parte superior, sem placas de vedação e um espelho d’água no piso exatamente desenhado pela projeção da abertura, para que o céu seja refletido no chão. Para trazer o intangível mais perto, quase mensurável, mas ainda intocável.

Fonte: Produção do autor. Fonte: Produção do autor. Figura 108 - Tangível Intangível: Placas cimentícias.

Fonte: Produção do autor.

Figura 107 - Estrutura de aço galvanizado e polido.

Fonte: Produção do autor. Figura 104 - Croqui 03: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

91


Figura 109 - Planta Baixa: Tangível Intangível. NORTE 19.19 18.63

2.47

2.47

6.84

2.20

2.18

4

3.0 3.73

2.46

9 5.1

ESPELHO D'ÁGUA A=14,90 m² 4,04 (P.A.)

43°12'

44

'

0'

°4

65

1.65

.72

LESTE

18.00

2.30

13

1.61

OESTE

CT 01

13.27

11.03

1

4.8

PISO CIMENTO INDUSTRIAL SOBRE RADIER A=245,90 m² 4,10 (P.A.)

.47

' 27°23

60° 42'

5.85

2.73

4.15

4.50

PILARES DE CONCRETO PARA APOIO DA ESTRUTURA METÁLICA Ø = 30cm 2.83

2.88

1.66

4.09

7.65

CT 02

19.23

SUL

Fonte: Produção do autor.

92


Figura 110 - Corte CT01: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor. Figura 111 - Corte CT02: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

93


Figura 112 - Vista Norte: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor. Figura 113 - Vista Leste: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

94


Figura 114 - Vista Sul: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor. Figura 115 - Vista Oeste: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

95


Figura 116 - Vista de Topo: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

96


Figura 117 - Perspectiva 01: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

97


Figura 118 - Perspectiva 02: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

98


Figura 119 - Perspectiva 03: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

99


Figura 120 - Perspectiva 04: Tangível Intangível.

Fonte: Produção do autor.

100


101


102


8.11. APOIO ORGANIZACIONAL

TÉCNICO

E

• Partido projetual com base em triângulos. • Coberta de laje impermeabilizada em forma de duas águas. • Alvenaria estrutural para sustentação da coberta de laje inclinada. • Fechamento com esquadrias de vidro nas áreas administrativas que requer um pouco mais de privacidade em relação aos usuários dos espaços. • Banheiros para o público. • Centro informativo e loja de livros com café/lanchonete voltados para um deck de observação, devido ao declive do terreno o deck se faz um mirante. Figura 121 - Croqui 01: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

103


Figura 122 - Perspectiva 01: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

104


Figura 123 - Planta Baixa de Layout: Apoio Técnico e Organizacional.

LANCHONETE E CAFE A=46,50 m² 8,50 (P.A.)

CT 02

CENTRO INFORMATIVO E LOJA DE LIVROS A=23,90 m² 8,50 (P.A.)

HALL A=7,25 m² 8,50 (P.A.)

DML A=4,40 m² 8,50 (P.A.)

CT 01

CAIXA D'ÁGUA 12,00 m³ 8,50 (P.A.)

VESTIARIO FEMININO A=14,50 m² 8,48 (P.A.)

VESTIARIO MASCULINO A=12,90 m² 8,48 (P.A.)

DEPOSITO EQUIP. DE MANUTENCAO A=10,60 m² 8,50 (P.A.)

SECRETARIA ADMINISTRATIVA A=11,20 m² 8,50 (P.A.)

BANHEIRO FEMININO SALA DE SEGURANCA BANHEIRO MASCULINO A=18,50 m² A=17,80 m² E VIDEO 8,48 (P.A.) 8,48 (P.A.) MONITORAMENTO A=11,80 m² 8,50 (P.A.)

Fonte: Produção do autor.

105

DEPOSITO A=6,50 m² 8,50 (P.A.)


Figura 124 - Planta Baixa Técnica: Apoio Técnico e Organizacional.

2.7

0

2.9

7

.40

LANCHONETE E CAFE A=46,50 m² 8,50 (P.A.)

1 8.3 5 5.3

0

.75

1.70

9

1.70

2.4

0 2.0

.15

.46 .15

2.46

VESTIARIO FEMININO A=14,50 m² 8,48 (P.A.)

1.74

5.08

VESTIARIO MASCULINO A=12,90 m² 8,48 (P.A.)

1.74

2.1

3.3

1

1

1 3.3

3.87

1.6 0

.59

2.7 8 1.60

.46

.46

2.52

DEPOSITO EQUIP. DE MANUTENCAO A=10,60 m² 8,50 (P.A.)

2.52

24.76 SECRETARIA ADMINISTRATIVA A=11,20 m² 8,50 (P.A.)

1.60 2.51

.45

.53

1.60

2.67

.53

.52

1.60

.52 .26

2.65

BANHEIRO FEMININO SALA DE SEGURANCA BANHEIRO MASCULINO A=18,50 m² A=17,80 m² E VIDEO 8,48 (P.A.) 8,48 (P.A.) MONITORAMENTO A=11,80 m² 8,50 (P.A.)

Fonte: Produção do autor.

106

1.60 2.12

9 11

.20 .80 .30

.59

.46

.45

4

1.36

6.88

7.10

6.65

6.88 4.61

4.81

4.36

4.57

4.32

1.60

.46

1.60

2.3

.80 .30

2.00

1.35

5.0

4 1.0

.43

.15 .80

2.54

2.53 .15

1.60

4.11

.15

.15 .87 4.82

.43

1.61

.15

.90 .25 .90 .15

2.47

1.50 .90 .10

.15 3.10

.15 .80

.26

.80 .80

DEPOSITO A=6,50 m² 8,50 (P.A.)

.54

.15

.15 .15

2.00

.15 .15

1.35

1.83 2.30 3.70

RESERVATORIO DE D'ÁGUA 34,00 m³

1.61

5

CAIXA D'ÁGUA 12,00 m³ 8,50 (P.A.)

.80

0

2.0

7.83

2.76

1.2

.50

4.91

.10

5

.10

2.30

6.02

.15

1.4

CT 01

.40

6

.10

2.8

6

.15.50.15

.40

7

DML A=4,40 m² 8,50 (P.A.)

1.64

.15

1.66

1.70

.40

2.9

.15

4.92

5 8.82 .27

2.3

HALL A=7,25 m² 8,50 (P.A.)

.80

2.16

3.85

6.25 .15 .90 .10.10 .90

6.1

CT 02 5.57

0

.40

0

2.30

24.09

15.54

6.7

2.30

7.5

CENTRO INFORMATIVO E LOJA DE LIVROS A=23,90 m² 8,50 (P.A.)


Figura 125 - Corte CT01: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

Figura 126 - Corte CT02: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

107


Figura 127 - Vista Norte: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

Figura 128 - Vista Leste: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

108


Figura 129 - Vista Sul: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

Figura 130 - Vista Oeste: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

109


Figura 131 - Perspectiva 02: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

110


Figura 132 - Perspectiva 03: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

111


Figura 133 - Perspectiva 04: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

112


Figura 134 - Perspectiva 05: Apoio Técnico e Organizacional.

Fonte: Produção do autor.

113


Figura 135 - Perspectiva Aérea 01.

Fonte: Produção do autor.

114


115


Figura 136 - Perspectiva de Acesso Norte.

Fonte: Produção do autor.

116


Figura 137 - Perspectiva Aérea 02: Overcast.

Fonte: Produção do autor.

117


Figura 138 - Perspectiva Aérea 03: Entardecer.

Fonte: Produção do autor.

118


Figura 139 - Perspectiva Aérea 04: Noite.

Fonte: Produção do autor.

119


Figura 140 - Perspectiva e Acessos Leste.

Fonte: Produção do autor.

120


121


9. Considerações Finais Com o embasamento teórico conceitual e as referências construídas aqui viabilizamos o desenvolvimento de um projeto para um espaço democrático e seguro para as atividades relacionadas ao espectro da espiritualidade humana, um espaço inclusivo para todas as crenças e práticas espirituais, para o desenvolvimento pessoal e social. Visamos o desenvolvimento de um espaço público que contribua para a saúde e bem estar individual e social da população, que estimule as práticas espirituais além das religiões sem nega-las. Assim, desenvolvemos um projeto de espaços versáteis, de uso livre e múltiplos, agregando um leque de práticas e estímulos para o cuidado pessoal da mente, corpo e espírito.

122


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Trabalho de ConclusĂŁo de Curso - 2019.1 Arquitetura e Urbanismo - Universidade de Fortaleza Aluno: Willy JosĂŠ Bezerra Orientadora: Clarissa Ribeiro Pereira de Ameida


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