POR UM
URBANISMO SUSTENTÁTEL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DISCIPLINA: URBANISMO II AUTORAS: GABRIELA ROCHA HELENA RAMOS LARISSA VASCONCELOS MAGDALA GOMES WLIANY SOBRAL ORIENTADORRAS: CLARISSA DUARTE MARIA DE LOURDES NÓBREGA
SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO 01: POR UM URBANISMO SUSTENTÁVEL URBANISMO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E PERSPECTIVAS DO GLOBAL AO LOCAL CAPÍTULO 02: 10 PRINCÍPIOS DO URBANISMO I.
CRIE UMA GAMA DE OPORTUNIDADES E ESCOLHAS DE HABITAÇÕES
II.
CRIE BAIRROS NOS QUAIS SE POSSA CAMINHAR
III.
ESTIMULE A COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE E DOS ENVOLVIDOS
IV.
PROMOVA LUGARES DIFERENTES E INTERESSANTES COM SENSO DE LUGAR
V.
FAÇA DECISÕES DE URBANIZAÇÃO PREVISÍVEIS, JUSTAS E ECONÔMICAS
VI.
MISTURE OS USOS DO SOLO
VII. PRESERVE ESPAÇOS ABERTOS E AMBIENTES EM SITUAÇÃO CRÍTICA VIII. PROPORCIONE UMA VARIEDADE DE ESCOLHAS DE TRANSPORTE IX.
REFORCE E DIRECIONE A URBANIZAÇÃO PARA COMUNIDADES EXISTENTES
X.
TIRE PROVEITO DE PROJETOS E CONSTRUÇÕES COMPACTAS
CAPÍTULO 03: O ESTATUTO DA CIDADE CAPÍTULO 04: OBJETIVO CAPÍTULO 05: LEITURAS URBANAS REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO “...urbanismo sustentável é aquele com um bom sistema de transporte público e com a possibilidade de deslocamento a pé integrado com edificações e infraestrutura de alto desempenho. ” (FARR Douglas, 2013, p. 28). O trabalho tem como objetivo estudar os conceitos do urbanismo sustentável e sua aplicação.Através de levantamentos de dados, visitas aos locais e registros fotográficos foram desenvolvidos mapas que geraram análises fundamentais para o desenvolvimento e interpretação do projeto urbano no local. Com base nas referências bibliográficas que explicam o Urbanismo Sustentável, é realizada uma análise comparativa com a área de estudo do Recife. O trabalho desenvolvido por meio deste livro apresenta uma conexão entre a área estudada durante a disciplina de Urbanismo I e os temas abordados nos livros “Urbanismo Sustentável – Desenho Urbano com a Natureza” de Douglas Farr e “Cidades para um pequeno planeta”, de Richard Rogers, entre outros. O conteúdo do trabalho é subdividido em sete capítulos: Capítulo 1: São apresentados os conceitos do Urbanismo Sustentável de acordo com os livros de Douglas Farr (2013) e Richard Rogers (2015), e sua importância para o planejamento da cidade. De uma maneira geral, são apresentadas também áreas onde a sustentabilidade urbana seria ideal. Apresenta-se uma comparação com a cidade norte americana, a cidade do Recife. Capítulo 2: Neste capítulo são apresentados os 10 princípios do Urbanismo Sustentável, o que são e qual sua importância. Posteriormente dá-se início a uma abordagem destes princípios e a área de estudo. Cada um desses princípios é explicado individualmente e analisados com base na área de estudo. Neste capítulo também é apresentado o conceito e reflexões sobre o que é o processo de gentrificação. Capítulo 3: Com base no Estatuto da Cidade Comentado, é apresentado o Estatuto da Cidade, o que esta lei aborda, como é aplicada e qual o seu objetivo. Capítulo 4: São apresentadas diretrizes elaboradas para o Planejamento Urbano da área em análise, a partir da leitura urbana realizada através dos estudos e análises e dos conceitos e recomendações do Urbanismo Sustentável, visando uma cidade mais confortável, saudável, caminhável, humana e funcional para a população, ou seja, visando uma cidade sustentável. Capítulo 5: As leituras morfotipológicas realizadas na área foram desenvolvidas na disciplina de Urbanismo I, e retomadas em Urbanismo II com correções e aprofundamentos. São apresentadas neste capítulo essas leituras urbanas por meio de mapas, imagens, gráficos e análises. Capítulo 6: Apresentação de potencialidades e desafios com base nos 10 princípios do urbanismo sustentável. Além da sugestão de diretrizes de planejamento urbano na área de análise. Capítulo 7: Planos específicos propostos para melhoria da área de acordo com os conceitos e princípios estudados para obtenção de um urbanismo sustentável. Serão desenvolvidos dois plans específicos: Plano Específico para Passeios e Plano Específico para Ocupação Habitacional
Area de Estudo Introdução: Abordagem da área que compreende a análise o Bairro dos Coelhos, parte do Bairro da Boa Vista e Ilha do Leite. Por meio de visitas e realizando levantamento escrito e por imagens, assim nos fazendo conhecer mais área e a sua necessiSegundo Rogers, “as próprias cidades devem ser vistas como sistemas ecológicos e esta atitude dade para que fosse possível a realização de textos e mapas que foram pontos importantes para o desenvolvimento traduz nosso pensamento no planejamento das cidades e no seu funcionamento”. Bairros com do estudo. vários tipos de habitação (unifamiliares e multifamiliares), que sejam densos e possuam diferentes usos do solo e que estimulem o comércio local, fazem com que as pessoas não sintam a necessidaA partir do livro Urbanismo Sustentável é que se pode aprimorar nossa visão de planejamento urbano e pode ter um de de caminhar até outros bairros e façam este percurso à pé, além de garantir a vitalidade do nível crítico melhor em relação a uma análise comparativa dos parâmetros modulares e a área de estudo. Todo o bairro e oferecer suporte ao transporte público. conteúdo produzido neste livro foi possível através dos nossos estudos no mesmo local na matéria de Urbanismo l e o O urbanismo sustentável traz a ideia da diversidade urbana como guia para o que vem a ser o embasamento teórico do livro Urbanismo Sustentável de Douglas Farr. bairro. Diversidade essa, que pode ser explanada através de habitações que atendam idades e rendas diferentes, diversificados usos do solo e diferentes tipos de edificações. Na área em estudo, Neste espaço em geral há uma grande variação de expressões urbanas, arquitetônicas e sociais. Ruas e becos estreitos, observa-se a predominância da tipologia (figura 2.1) de casa com porta e janela modificada, avenidas mais largas e poucos espaços abertos que possuem grande potencial urbano, mas que na verdade não são enquanto que a tipologia com térreo recuado apresenta-se escassa na área . bem aproveitados. Possui edificações de estilos e épocas destintas, dos casarios aos sobrados e dos sobrados aos edifícios modernistas. Essa área precisa de um bom planejamento urbano resultante de mais atenção, para que suas potencialidades deixem de ser “invisíveis” e tornem-se realidade.
Figura 1- MAPA DE BAIRROS
01
URBANISMO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E PERSPECTIVAS
URBANISMO SUSTENTÁVEL - CONCEITOS E PERSPECTIVAS Segundo Douglas Farr, em seu livro Urbanismo Sustentável: Desenho Urbano Com a Natureza, o acesso humano à natureza e a densidade são conceitos primordiais para o desenvolvimento de um urbanismo sustentável. Existem alguns vetores que conduzem à sustentabilidade, como por exemplo, a diversidade de usos, que torna a cidade ou o bairro mais cívico, reunindo diversos tipos de pessoas com objetivos distintos promovendo vivacidade ao local, além de servir como estímulo para a caminhabilidade. Outro vetor que aponta para a sustentabilidade no urbanismo é um sistema de transporte público de qualidade, planejado para estimular a caminhabilidade e gerar autonomia ao pedestre de se locomover entre as edificações e o conjunto urbano no geral. De acordo com Douglas, existem cinco princípios indispensáveis para o desenvolvimento do urbanismo sustentável e integrador, são eles:
I.
COMPACIDADE
II.
CORREDORES DE SUSTENTABILIDADE
III.
BIOFILIA
IV.
COMPLETUDE
V.
CONECTIVIDADE
CONECTIVIDADE
BIOFILIA
URBANISMO SUSTENTÁVEL
COMPACIDADE
COMPACIDADE CORREDORES DE SUSTENTABILIDADE
01.
COMPACIDADE
O urbanismo sustentável dita que os bairros precisam ser criados através da integração entre às edificações e o pedestre e distribuir comércios a longo prazo para estimular a caminhabilidade. Além de ser primordial um alto índice de densidade populacional, para promover a diversidade de meios de transporte (ônibus, trens, etc) e a frequência dos serviços.
02.
CORREDORES DE SUSTENTABILIDADE
Corredores de sustentabilidade são aqueles que reduzem ou tornam extinto o uso do carro nas ruas, no entanto, o percurso dos transportes precisa ser modificado para a criação de corredores de alta densidade e oferecer maior segurança. De acordo com Douglas, é imprescindível a integração das novas tecnologias de transporte – trens, bondes, ônibus - com a densidade e distribuição dos usos do solo, pois incentiva um estilo de vida independente de carro.
03. BIOFILIA A principal função da biofilia é a integração dos seres humanos com a natureza e o meio natural. Além de trazer benefícios à saúde, o contato com a natureza proporciona benefícios urbanos como o exemplo dos passeios arborizados, que se tornam mais confortáveis e convidativos do que passeios sem vegetação ao longo do percurso. Segundo Farr, o urbanismo sustentável visa conetar as pessoas ao meio natural, até mesmo em ambientes urbanos mais densos.
04. COMPLETUDE Farr idealiza que um bairro completo precisa satisfazer tanto às necessidades diárias quanto às necessidades que surgem ao longo da vida e, para isso precisam incluir uma diversidade de usos do solo, tanto quanto tipos de edificações e de moradias. Além disso, o bairro ideal é onde é possível satisfazer as necessidades diárias a pé. 05. CONECTIVIDADE Segundo Farr, para que a conectividade seja possível os bairros precisam de passeios em ambos os lados da rua e as distâncias precisam ser relativamente curtas, convidando as pessoas a caminharem. As ruas necessitam ter baixas velocidades, promovendo benefícios como segurança aos pedestres e o compartilhamento do traçado urbano.
DO GLOBAL AO LOCAL Fazendo um panorama urbano dos acontecimentos a nível mundial, é possível observar que a segregação social no contexto urbano se torna cada vez mais evidente. Segundo Richard Rogers, em seu livro Cidades Para Um Pequeno Planeta, os padrões comportamentais econômicos e sociais são a principal causa do desequilíbrio ambiental das cidades. Isso acontece porque nos países em desenvolvimento nos em que estão em crescimento, a capacidade das cidades está sendo exigida até o seu limiar.
A migração rural da população mais pobre para as cidades é comum em todo o mundo. No caso dos países desenvolvidos essa movImentação gerou um grande desenvolvimento dos subúrbios, construção de cidades, aumento do uso de automóveis, congestionamento e poluição do ar, as cidades de Phoenix (figura 1.2) e Las Vegas (figura 1.3) são exemplos claros disso.
Figura 1.2 - Phoenix, EUA.
Figura 1.3 - Las Vegas, EUA.
Nos países em desenvolvimento, o crescimento acelerado sem preocupação com o impacto social e ambiental futuro acarreta no aumento das favelas. A questão social está diretamente ligada à questão ambiental: uma vez que muitas pessoas vivem em ambientes com condições desfavoráveis, expostas a um nível extremo de pobreza ambiental, alimentando o ciclo de poluição e destruição. A pobreza, a falta de saúde, de ensino e emprego são fatores que impedem a cidade de ser sustentável. É impossível existir melhorias na sustentabilidade urbana sem que haja garantia à população da aplicação dos direitos humanos básicos. A negação dos espaços públicos nas cidades é um fator que contribuiu para o processo de polarização da sociedade. De acordo com Roger, as cidades estão sendo planejadas de forma individual preferenciando os espaços privados e carros, enquanto as praças e ruas estão sendo esquecidas. Isso resulta na falta de vitalidade dos espaços urbanos. Segundo Michael Walzer, cientista político, os espaços urbanos são classificados em monofuncionais e multifuncionais. Os espaços monofuncionais são os que exercem uma única função e normalmente são produzidos por planejadores antiquados, como por exemplo, shopping center e estacionamentos. Os espaços multifuncionais são planejados para uma diversidade de usos e usuários, como por exemplo,uma rua animada, uma praça movimentada. Os espaços monofuncioais atendem aos desejos modernos de consumo e autonomia individual, enquanto que os multifuncionais reúnem diferentes partes da cidade, contribuindo para o sentimento de coletividade. Existem exemplos bons citados por Roger em seu livro, como as Ramblas, em Barcelona, os parques londrinos e a Galleria coberta, em Milão. Roterdã, com sua política de propriedade pública que evita dividi-las em zonas segregadas e isoladas, Barcelona com seu novo plano diretor estratégico para toda cidade, inovando com mobiliários urbanos e praças públicas, San Francisco incluindo a participação pública no planejamento urbano e em seu processo eleitoral.
O CASO AMERCIANO O estilo de vida norte-americano de planejamento urbano tem prejudicado a saúde pública: a escolha por ambientes cada vez mais fechados vem causando danos ambientais cada vez mais difíceis de reparar.
Segundo Farr, em seu livro Urbanismo Sustentável: Desenho Urbano Com a Natureza, os americanos se tornaram especialistas na criação de ambientes fechados extremamente confortáveis e com a possibilidade de refrigeração, deixando as janelas abertas definitivamente para trás. Outro fator que, segundo Farr, que influencia diretamente acultura de ambientes fechados são as características dos espaçosabertos que atualmente, no território americano , esses espaços tornaram-se desagradáveis , fazendo com que as pessoas evitem ficar nas ruas e seenclausurem em suas casas, o que acaba resultando numa necessidadede ter um espaço interno maior. Os americanos são viciados e dependentes dos automóveis e todo o planejamento urbano parece incentivar seu uso: passagens urbanas hostis aos pedestres que desestimulam a caminhada, a gratuidade da maioria das autoestradas e rodovias servem como incentivo ao vicio. Além disso, o índice de urbanização dos EUA é maior do que a demanda humana, o que resulta em conjuntos residenciais afastados, um alto custo de infraestrutura e a dependência do carro, contribuindo para um processo de sustentabilidade inverso ao desejado. Apesar do cenário americano parecer irreversível várias medidas foram tomadas, como a introdução do urbanismo sustentável, que significou “uma oportunidade de redesenho do ambiente construído de maneira que sustente uma maior qualidade de vida saudável e sustentável para os norte-americanos”. O movimento ambiental que originou o “Smart Growth” (Crescimento Urbano Inteligente), estimulou a criação de legislação como a Lei da Água Limpa, a Lei da Proteção Ambiental, a Lei do Ar Limpo, e a Lei de Manutenção Costeira. Nessa movimentação de ambientalismo federal também foi incluída a Lei Nacional da Política de Uso do Solo, “que tinha como objetivo estimular os estados a desenvolverem planos de usos coordenados do uso do solo estatal, além de propor uma nova agência federal e um novo banco de dados de planejamento do solo”. Houve também Congresso do Novo Urbanismo que visava a reforma do desenho urbano com foco na melhoria da saúde pública, por meio do aperfeiçoamento das cidades e moradias. A criação de um movimento de desempenho e certificação de edificações da sustentabilidade, também é um meio de se combater as consequências do estilo de vida americano. O U.S Gen BBuillding Council (USGBC), fundado por três profissionais do setor imobiliário, expandiu seu público para além dos profissionais de arquitetura e buscou a mobilização dos setores privados, a fim de acelerar a adoção de práticas de edificação ambiental ou sustentável. Normas pioneiras para edificação sustentável foram estabelecidas pelo USGBC, completando uma versão final em 1995: Leadershipin Energy and Envirommental Design (LEED). O LEED é uma combinação de pré-requisitos, com créditos não obrigatórios que geram pontos e resultam em um score total, classificando a edificação em níveis de desempenho crescentes que vão de Certificado, no mais baixo, a Platinum, no mais alto. Todas essas medidas são citadas no livro Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a naturareza, escrito por Douglas Farr, afim de mostrar que é possível que as cidades podem ser sustentáveis e agradáveis para os seus habitantes.
ANÁLISE DO RECIFE O caso recifense como o caso americano assemelha- se em relação aos carros(ver figura x) sempre priorizando o uso dos mesmos além do baixo incentivo de transporte público de qualidade. Essa supervalorização atinge diretamente ao espaço público viário tornando o degradado e intransitável para os pedestres que ocupam a cidade de maneira sustentável. Outro reflexo dessa valorização automobilística é a presença da tipologia“podium”do Recife, enquanto o crescimento quantitativo de edifícios garagens nos Estados Unidos representa outra maneira de lidar com esta valorização, que igualmente a Recife não segue o ideal de urbanismo sustentável. No perímetro em estudo, nota-se o péssimo estado de conservação das calçadas (figura 1.4), o que é um fator negativo para a sustentabilidade, pois não estimula a caminhabilidade. Além disso, ainda foi constatado que há vários trechos propícios a alagamentos, devido a fortes chuvas ou caso haja um aumento do nível do mar (figura 1.5).
Figura 1.4 - Rua Dr. JoĂŁo Asfora, Ilha do Leite.
Figura 1.5 - Ă rvore que caiu devido as fortes chuvas na Rua General Joaquim Ribeiro, Ilha do Leite.
02
10 PRINCÍPIOS DO URBANISMO SUSTENTÁVEL
1. CRIE UMA GAMA DE OPORTUNIDADES E ESCOLHAS DE HABITAÇÕES Segundo Rogers, “as próprias cidades devem ser vistas como sistemas ecológicos e esta atitude traduz nosso pensamento no planejamento das cidades e no seu funcionamento”. Bairros com vários tipos de habitação (unifamiliares e multifamiliares), que sejam densos e possuam diferentes usos do solo e que estimulem o comércio local, fazem com que as pessoas não sintam a necessidade de caminhar até outros bairros e façam este percurso à pé, além de garantir a vitalidade do bairro e oferecer suporte ao transporte público. O urbanismo sustentável traz a ideia da diversidade urbana como guia para o que vem a ser o bairro. Diversidade essa, que pode ser explanada através de habitações que atendam idades e rendas diferentes, diversificados usos do solo e diferentes tipos de edificações. Na área em estudo, observa-se a predominância da tipologia (figura 2.1) de casa com porta e janela modificada, enquanto que a tipologia com térreo recuado apresenta-se escassa na área . Segundo Rogers, “as próprias cidades devem ser vistas como sistemas ecológicos e esta atitude traduz nosso pensamento no planejamento das cidades e no seu funcionamento”. Bairros com vários tipos de habitação (unifamiliares e multifamiliares), que sejam densos e possuam diferentes usos do solo e que estimulem o comércio local, fazem com que as pessoas não sintam a necessidade de caminhar até outros bairros e façam este percurso à pé, além de garantir a vitalidade do bairro e oferecer suporte ao transporte público. O urbanismo sustentável traz a ideia da diversidade urbana como guia para o que vem a ser o bairro. Diversidade essa, que pode ser explanada através de habitações que atendam idades e rendas diferentes, diversificados usos do solo e diferentes tipos de edificações. Na área em estudo, observa-se a predominância da tipologia (figura 2.1) de casa com porta e janela modificada, enquanto que a tipologia com térreo recuado apresenta-se escassa na área .
Figura 2.1 - Mapa Tipologia
Sempre é importante pensar na forma que a edificação se apresenta, pois pode vir a contribuir positiva ou negativamente para a integração das pessoas. Na área de estudo observa-se a diversidade usos, porém estão distribuios de modo polarizado, dificultando a caminhabilidade (figura 2.2). É importante observar também que o uso habitacional torna a área ativa ao longo dos do dia, contribuindo para a segurança e caminhabilidade nas vias (figura 2.3).
Mapa de Usos Habitação Formal Habitação Informal Misto Comércio Serviços Vazio/Sem Uso/Em Construção Educacional Saúde Institucional Cultural Religioso Cemitério
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Figura 2.2 - Mapar de Usos
Figura 2.3 - MAPA MICRO-ÁREAS COM PREDOMINÂNCIA DE HABITAÇÃO FORMAL
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ESCALA 1:4250
A densidade é necessária para se sustentar um bairro, e além das vantagens sociais, o modelo de cidade densa pode trazer ainda mais benefícios (como o ecológico), mas quando ela se faz muito baixa ou muito alta, acabam impedindo a diversidade urbana ao invés de promovê-la. O uso segregado do solo somado às baixas densidades acabam gerando maior necessidade do uso do autmóvel e indo contra o que o urbanismo sustentável deseja promover. Por essa ideia, acredita-se que deve-se investir na cidade compacta. Densa e diversificada no âmbito social, onde as atividades sociais e econômicas se integram, e as comunidades estão localizadas em torno de suas unidades; diferente do modelo dominante atual (utilizado em maior força pelos países subdesenvolvidos), no qual a cidade é dividida em “polos de ação”, áreas de empresáiais, lazer, shopping centers, residenciais, etc, cada um concentrado em uma zona.
GENTRIFICAÇÃO A gentrificação nada mais é que a intervenção em espaços urbanos que provoca a valorização imobiliária, retirando dessas áreas moradores que pertencem a classes menos favorecidas, sendo reestruturados a partir da estratégia do possível e do imediato. Umas das principais consequências que o processo de gentrificação provoca em um espaço, seria a reorganização geográfica urbana com a substituição de um grupo pelo outro, mudança socioeconômica do local, alteração nas leis de zoneamento, que pode mudar a densidade populacional da área, o novo ambiente inserido pode gerar novos serviços e melhorias, assim como atrair pessoas para o novo lugar com diferentes estilos e culturas distintas. Além disso, esse processo pode descaracterizar por completo o bairro ou gerar uma homogeneização da paisagem comercial e residencial. Sem falar das áreas verdes que podem ser completamente retiradas e dificilmente reimplantadas logo após. Exemplificando dentro da cidade do Recife, temos o edifício Cais da Aurora (figura 2.4), que está implantado as margens do Rio Capibaribe em um lugar muito rico em história para a cidade, e ele destoa dessa carga histórica
Figura 2.4 - Torres gêmeas localizadas no centro da cidade do Recife.
Áreas em que ocorre uma ocupação periférica e não planejada, que se localizam longe do centro, ao longo do tempo elas passam a ser vistas como boas e tornam-se atrativas para novos investimentos e especulação imobiliária, já deixaram de ser tornar tão distantes assim. Com isso, ocorre uma descentralização e a gentrificação da área, tornando o local inviável para se viver e a população é substituída aos poucos por grupos de pessoas com maior poder aquisitivo. É importante lembrar que essas mudanças não são necessariamente boas para a sociedade como um todo, já que beneficia apenas uma parte dela. A população que ali habitava, possivelmente vai migrar para áreas ainda mais periféricas. Ocorre então a segregação urbana, diferente do que o urbanismo sustentável busca. Na área em análise, observa-se que os espaços que são mais passíveis de gentrificação se enquadram como ZEIS, porém a área não tem espaços regentes por esta legislação (figura 2.5). Os espaços gentrificados promovem a reorganização geográfica urbana com a substituição de um grupo pelo outro, o novo ambiente construído com criação de novos serviços e melhorias. Observa-se que áreas com predominância de habitação informal são passíveis de gentrificação, pois se encontram em boa localização e tem uma renda inferior. A área de estudo engloba uma pequena área que possui predominantemente habitação informal (figura 2.6).
Figura 2.5 - Mapa de Legislação
Figura 2.6 - Mapa Micro-Áreas com Predominância de Habitação Informal.
Observa-se que áreas com predominância de habitação informal não são passíveis de gentrificação, pois se encontram em uma área de ZEIS, onde as edificações não podem ser vendidas.
II. CRIE BAIRROS NOS QUAIS SE POSSA CAMINHAR URBANISMO SUSTENTÁVEL E BAIRROS EM QUE SE POSSAM CAMINHAR De acordo com o livro Urbanismo Sustentável: Desenho Urbano com a natureza, de Douglas Farr, “O caminho para um estilo de vida sustentável se constrói com base nos princípios do crescimento urbano inteligente, do Novo Urbanismo e das edificações sustentáveis”. Com êxito, reduzirá os da nos ambientais e oferecerá melhorias à qualidade de vida atual. O contexto desse estilo de vida é o urbanismo sustentável, onde a alta qualidade de vida está relacionada em satisfazer as necessidades diárias a pé e utilizando o transporte público. Não é aceitável construir uma edificação de alto desempenho em uma área ainda não urbanizada, em um contexto dependente de automóveis, ou seja, o urbanismo sustentável compõe uma implantação responsável e em construir um bairro admirável no qual se respeite os pedestres. Para estimular a caminhabilidade, é importante integrar cinco atributos: definição, compacidade, totalidade, conexão e biofilia. Bairros precisam, também, de edificações com uma grande variedade de usos, oferecendo à população particularidades necessárias a todas as fases da vida. Com isso, tem-se um bairro sustentável resultando na sociabilidade e melhorias do transporte público e do deslocamento a pé.
A DEFINIÇÃO DE BAIRRO Com base no livro Urbanismo Sustentável de Douglas Farr, “Um bairro genuíno é “compacto, orientado para o pedestre e de uso misto”, segundo a Carta do Congresso para o Novo Urbanismo. Contudo, somos frequentemente pressionadas a especificar os parâmetros exatos do bairro ideal – área mínima e máxima, dimensões, densidade, população, componentes comerciais, mistura de tipos de moradias –, mas os parâmetros dos bairros devem ser variados para refletir os costumes regionais, o clima e as condições dos terrenos.” Cada área compreende diferentes necessidades, ou seja, não há uma regra para o discernimento da efetuação de um bairro sustentável, pois na prática o mesmo se aplica de diferentes modos. Porém, tem-se cinco convenções básicas de desenho urbano que conferem um caráter comum aos bairros, que são: centro identificável e limite do bairro; tamanho ideal para os pedestre; composição de usos do solo e tipos de habitação com oportunidades para comércio e locais de trabalho próximos das moradias; rede integrada de vias orientada paraos pedestres e os terrenos especiais são reservados para propósitos cívicos.
UM BAIRRO COMPLETO A completude do bairro o definirá como mais eficiente a partir do momento em que se tornar evidente atender às necessidades diárias a pé e isso se dará com destinos agrupados que possam ser acessados através do deslocamento do pedestre. Com isso haverá um avanço na saúde pública, onde é mostrado em pesquisas realizadas paralelamente, pois a compreensão clara do desenho urbano e do deslocamento a pé, torna a população mais propícia à longevidade de vida.
A HABITAÇÃO LIVRE DE AUTOMÓVEIS O urbanismo sustentável exige que qualquer unidade de estacionamento seja vendida separadamente da unidade de habitação, ou seja, a habitação necessita ser livre de automóveis. Com isso, analisa-se uma estratégia viável para reduzir o custo de habitação e aumentar a densidade urbana, o deslocamento a pé, o uso de bicicletas e do transporte público. A habitação livre de automóveis pode ser desenvolvida junto com a prática de compartilhamento de automóveis, prática que já é comum em alguns países.
O COMÉRCIO DE BAIRROS A oportunidade de acessar os comércios de um bairro a pé torna a cidade mais ativa e mais segura, porém comerciantes precisam atender às demandas e dinâmicas necessárias para tornar as lojas convidativas aos clientes. As lojas e centros de conveniências fornecem a população de um bairro os elementos necessários para a sua vida do dia a dia facilitando o deslocamento a pé e diminuindo o congestionamento nos bairros vizinhos. O horário de funcionamento das lojas é fundamental para a reciclagem dos moradores e usuários locais, ou seja, a perenidade deve ser observada. Além disso, uma boa iluminação, passeios limpos e mobiliários urbanos bem conservados são essenciais para o bom funcionamento do centro comercial e para o deslocamento a pé. (figura 2.7)
Figura 2.7 - Rua com comércios no centro da cidade do Recife.
BAIRROS SAUDÁVEIS Atividades físicas regulares estão associadas à melhoria da saúde e redução da mortalidade. É necessário inserir dentro dos bairros áreas verdes, implantação adequada de vegetação e grandes parques incentivando o sombreamento das calçadas, circulação dos ventos e consequentemente a caminhabilidade.
VIDAS E REDES PERMEÁVEIS AO PEDESRE A permeabilidade física das edificações também servirá como diretriz para a caminhabilidade. Tal permeabilidade é caracterizada através das particularidades físicas tanto das vias públicas como dos empreendimentos privados adjacentes a elas. Ruas, bairros e diretrizes são flexíveis. Desde que um espírito dos conceitos seja atendido, irá se atingir o nível de qualidade de vida necessário. Ou seja, Douglas Farr é objetivo ao mencionar que o acesso à natureza e aos espaços abertos reduzirá o uso dos auto-
RUAS COMPLETAS É notório observar que a caminhabilidade será incentivada a partir de centros urbanos compactos e permeáveis aos pedestres nos quais se exige um desenho das vias e um planejamento urbano multimodal e sensível ao contexto. Portanto, o equilíbrio das necessidades da comunidade, do usuário das vias e do meio ambiente determinará se o espaço encontra-se passível para o ato de caminhar. Esta estrutura urbana, montada a partir de uma abordagem política e social, é a base para o desenho das vias e concretização da criação de um bairro em que se possa caminhar.
BAIRROS NOS QUAIS SE POSSA CAMINHAR Observa-se, portanto que a caminhabilidade proporcionará sociabilidade, independência universal, melhorias no transporte público, estímulo à saúde das pessoas e criação de áreas verdes. Para isso, deverá se constituir um bairro a partir da integração entre seres humanos e a natureza (biofilia), da completude, compacidade e corredores de sustentabilidade. O deslocamento a pé se concretizará com o projeto integrado formando-se, portanto, um bairro sustentável.
ANÁLISE DA ÁREA: É válido ressaltar que o entorno em questão não abrange uma grande variedade de usos em suas edificações (figura 2.8), dificultando, portanto, a tentativa de tornar o bairro compacto e completo.
Mapa de Usos Habitação Formal Habitação Informal Misto Comércio Serviços Vazio/Sem Uso/Em Construção Educacional Saúde Institucional Cultural Religioso Cemitério
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Figura 2.8 - Mapa de Usos
De acordo com Douglas Farr, no livro Urbanismo Sustentável, é fundamental criar bairros em que se integrem todas as atividades necessárias para o cotidiano e que seja possível realiza-las a pé através de edificações com mercado permanente e com densidade residencial no entorno. Isso não é observado nesse espaço em questão, pois as atividades das edificações encontram-se polarizadas. Enquanto em um extremo possui-se a predominância de comércio, em outros pontos tem-se o acúmulo de edificações residenciais, o outro extremo possui o uso institucional e educativo e no outras edificações de saúde. (figuras 2.9 e figura 2.10)
Figura 2.9 - Hospital Esperança localizado na Ilha do Leite referente ao polo de saúde.
Figura 2.10 - Hospital Albert Sabin localizado na Ilha do Leite referente ao polo de saúde.
A perenidade das edificações na área de estudo também identifica o grau de caminhabilidade nos locais, ou seja, se a rua possuir edificações que funcionem no período noturno, o bairro contará com uma maior segurança para se caminhar ao longo do dia. Isso se dará através, também, da boa iluminação. O entorno possui muitos postes de fiação e muitos desses têm iluminação, dando assim uma segurança nas áreas à noite. (figura 2.11)
Figura 2.11 - Mapa de Fiação.
III. ESTIMULE A COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE E DOS ENVOLVIDOS De acordo com Douglas Farr, no livro Urbanismo sustentável, um passo vital na criação de um plano de urbanismo sustentável é identificar as preferências e necessidades de cada grupo e comunidade. Ele afirma que: “muitas vezes os participantes de uma comunidade apenas se dão conta dos problemas oriundos de padrões de empreendimentos convencionais quando veem ilustrações de exemplos melhores. A inclusão dessas ilustrações permite que os participantes considerem que um tipo de rua talvez não seja apropriado a todos os empreendimentos urbanos.” Ou seja, nota-se que é fundamental a análise de outros projetos urbanísticos realizando comparações e discutindo qual a melhor opção para se inserir no bairro em questão. As diretrizes se diferem de acordo com a paisagem urbana e centros dos bairros analisando as especificações de cada área de projeto. As características das comunidades definirão o zoneamento do plano urbanístico, ou seja, ditarão como essas imagens de urbanismo sustentável expandem as opções de caráter de desempenho dos empreendimentos. O urbanismo sustentável adota como estratégia eficaz o evento catalizador no processo de planejamento. É um processo colaborativo, é uma série de oficinas, de desenhos e planejamento urbano, e seu objetivo é produzir um plano que se beneficia de todos os envolvidos. A colaboração dos envolvidos ajuda a produzir o melhor resultado finalizando soluções que sustentam comunidades saudáveis e bem-estar social.
ANÁLISE DA ÁREA: Com base no objeto de estudo, percebe-se que há presença de uma área de saúde que possui uma grande força para o entorno, pois em tamanho a mesma toma a proporção de uma quadra inteira, porém a sua função na área reverbera nas ruas adjacentes. Trata-se da comunidade de saúde no qual o Hospital Esperança (figura 2.12) está inserido. Os limites dessa área de saúde são maiores do que a escala do bairro na qual se possa caminhar: uma área privada de renovação, com foco no nó de instituição mais forte. (figura 2.13).
Figura 2.12 - Hospital Esperança - Ilha do Leite.
Figura 2.13 - Mapa de Usos - Saúde.
A ausência de espaços livres e áreas verdes são alarmantes no objeto de análise dificultando na conexão do nó de atividades, pois a área não possui espaços de lazer, a vegetação pública presente é mínima, contando apenas com a presença delas dentro dos lotes privados. Inclusive, a área não possui nenhum tipo de praça com que possa conter um espaço de permanência agradável para os moradores mais próximos. (figura 2.14). A comunidade comercial (figura 2.14) exerce uma forte influência em um dos extremos da área de estudo. No qual há uma grande quantidade de pessoas circulando durante o dia, apesar de não ser exercida com um devido conforto, pois não possui presença vegetal, que possibilita esse caminhar agradável. (figura 2.15)
Figura 2.14 - Mapa de Vegetação.
Figura 2.15 - Mapa de Usos Comércio.
IV. PROMOVA LUGARES DIFERENTES E INTERESSANTES COM SENSO DE LUGAR É fundamental promover lugares diferentes e interessantes com um forte senso de lugar, que tenham uma presença forte no cotidiano, principalmente em cidades com uma identidade histórica, pois trazem também uma identidade para o bairro em que estão localizadas, tornando-se até um ponto de referência para o mesmo. Segundo Farr, as cidades carregam a identidade das pessoas que a percorrem que ali vivenciam momentos, que associam uma determinada característica a um bairro, uma rua, um lugar. Portanto a vários motivos para que uma população, um grupo de indivíduos, considere um determinado local como parte da sua vida ou até da história da sua cidade, isso é que faz um lugar se tornar um marco, agregando a ele um valor. Tombamento é o ato de reconhecer o valor histórico de um bem, material, imaterial ou cultural; para uma comunidade, transformando-o assim em um patrimônio oficial, o mesmo passa então a ser protegido por leis. O tombamento pode ser feito em varias esferas, municipal, estadual e federal. No caso da esfera federal o responsável por esse tombamento seria o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), já no caso estadual o responsável seria a FUNDARPE (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e no municipal é realizado quando as administrações dispuserem de leis específicas. Na área em análise, observam-se alguns espaços que são tombados ou regentes por preservação ambiental. Observa-se edificações que são tombadas pelo campo federal ou estadual, como o IMIP, um prédio de destaque na região muito usado como ponto de referência entre os moradores locais, tombado pela Fundarpe como patrimônio histórico de Pernambuco. E o Pátio de Santa cruz que é considerado pelo Iphan como patrimônio nacional, local de forte identidade. Outros lugares que imprimem esse caráter de senso de lugar seriam a Praça Miguel de Cervantes e o prédio da FACIPE. Com isso, essas edificações proporcionam ao entorno um senso de identidade cultural e histórica.
Figura 2.16 - Mapa de Tombamento.
V. FAÇA DECISÕES DE URBANIZAÇÃO PREVISÍVEIS, JUSTAS E ECONÔMICAS A área estudada apresenta diversos problemas que afetam a vida dos moradores e vão contra os princípios do urbanismo sustentável. A falta de cuidados com espaços públicos em que a população possa desfrutar dignamente, a falta de sinalização em ruas importantes como o desgaste da pintura de faixas de pedestres e espaços que aparentemente não têm nenhum uso e que poderia vir a ser aproveitado pelos moradores locais. A área em análise carece de melhorias em diversos as-pectos, era importante que houvesse um investimento na revitalização de espaços públicos de convivência, como na praça Dom Bosco (figura 2.17); Gerar proposição de usos ativos para os vazios no espaço urbano, que é bastante presente na área; Manutenção da pintura de faixas de pedestres, assegurando a caminhabilidade do pedestre(figura 2.18); A ideia de design building promovendo espaços de convivência de qualidade em determinados pontos estratégicos (Ifigura 2.19).
Figura 2.17- Praça Dom Bosco.
Figura 2.18 - Registro de um cruzamento no bairro da Ilha do Leite.
Figura 2.19 - Vista aĂŠrea da Ilha do Leite.
VI . MISTURE OS USOS DOS SOLOS Segundo Douglas Farr, em seu livro Urbanismo Sustentável, afirma que o urbanismo sustentável traz consigo diversos parâmetros, principalmente o sistema de transporte público adequado, o qual gera uma maior possibilidade de deslocamento a pé, resultando em uma maior caminhabilidade. O urbanismo sustentável gera também a interação do ser humano com a natureza, a biofilia e a densidade dos bairros. Segundo Richard Rogers, a cidade ideal seria densa e de usos diversificados do solo, ou seja, uma cidade de comunidades misturadas, com variados tipos de uso e sem a segregação, que hoje existe devido a separação em zonas de acordo com seus tipos de edificação. A mistura do uso dos solos pode garantir um aumento na densidade populacional, pois possibilita a integração da área residencial com a comercial. (figura 2.19) . O bairro, segundo Farr, deve ter usos diversificados do solo que sejam próximos de habitações, pois precisam suprir as mudanças das necessidades de moradia no decorrer da vida dos cidadãos. Ele afirma também que os bairros precisam ser de tamanhos limitados, uma vez que há o aumento da convivência de seus moradores e as transações que ocorrem dentro dele, possibilitando o surgimento de novos comércios locais, fazendo com que as pessoas não precisem se deslocar para fora dos bairros para suprir suas necessidades. O ideal seria os variados tipos de habitações em um bairro, pois concentrando a densidade populacional, aumentaria a possibilidade de relações pessoais, fidelizaria os clientes aos serviços locais, aumentaria a caminhabilidade e, consequentemente, a segurança local. Junto a isso, há a melhoria do transporte público, o qual reduz a compra do automóvel particular, diminuindo o transito local e gerando uma maior conectividade entre os moradores.
Mapa de Usos Habitação Formal Habitação Informal Misto Comércio Serviços Vazio/Sem Uso/Em Construção Educacional Saúde Institucional Cultural Religioso Cemitério
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Figura 2.19 - Mapa de Usos
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De acordo com as análises efetuadas na área, observa-se que existem poucas habitações de uso misto, contrariando os contra os conceitos do Urbanismo Sustentável. Percebe-se que há, também, uma segregação nos usos habitacionais, nos quais ficam localizados em áreas de usos homogêneos. Na área de estudo, alguns usos das edificações se encontram polarizadas, ou seja, não há mistura de usos, dificultando a caminhabilidade e conectividade no bairro. A cidade de Rogers traz a drástica redução de energia utilizada para transporte, uma vez que as distâncias são tão pequenas a ponto de serem fácil e confortavelmente percorridas a pé pelos cidadãos. A redução do número de automóveis gera a queda do congestionamento, o que acarreta na melhoria da qualidade do ar e consequentemente da qualidade de vida dos cidadãos. A facilidade da caminhada até suas necessidades também garante o contato entre as pessoas, o que gera o movimento nas ruas, a vida urbana (figura 2.25). A questão dos espaços monofuncionais e multifuncionais é bastante recorrente e atual. Na primeira temos espaços onde encontramos apenas um tipo de uso, já na segunda encontramos diversos tipos de usos. A ênfase atual está nos espaços monofuncionais, fato que tem segregado ao invés de investir na relação da comunidade, no hábito da vida em comum. Rogers recoloca a cidade como habitat ideal para uma sociedade baseada na comunidade, a cidade próxima de seus habitantes, que investe no contato olho no olho. Por causa do uso do automóvel, a facilidade de ir e vir que ele nos traz, as ruas não são mais locais de brincadeiras e encontros, a poluição no planeta aumentou, assim como o congestionamento e a redução do contato entre cidadãos.
ANÁLISE POR ÁREA POTENCIALIDADES X DESAFIOS: Analisando individualmente cada área pode-se chegar a conclusão sobre a importância de conferir uma cidade compacta misturando o uso dos solos.
ÁREA 01: Na área 01, encontra-se apenas edificações de uso para comércio e saúde. A falta de edificações habitacionais gera a ausência de movimento nas ruas no período da noite e de finais de semana, uma vez que a predominância de uso dessa área se dá pelo funcionamento diurno e em horário comercial.
ÁREA 02: Nas imediações da área 2 encontra-se grande quantidade de uso para comércio e serviço, com o adicional da presença de alguns espaços de uso institucional, e de pouquíssimas habitações, o que mais uma vez remete à falta de vida noturna da área.
ÁREA 03: Nesta área pode-se notar uma queda do número de serviços, mas com a manutenção da quantidade de saúde. Um ponto positivo é o número de habitação e uso misto, o que confere movimento perene à localidade
ÁREA 04: Com a análise desta área conclui-se que a localidade possui pouco número de habitações e a presença de um centro hospitalar, que possui uso perene, o que confere à área um bom movimento noturno, apesar da forte presença de usos com funcionamento apenas durante o dia, estabelecimentos de comércio e serviço.
ÁREA 05: Nesta área encontra-se diversidade de usos, comércio, habitacional, saúde, religioso e misto. Isso favorece esta localidade como exemplo de distribuição eficiente dos usos, o que deveria ser observado pelas demais áreas do entorno.
ÁREA 06: Analisando esta imediação pode-se observar a diversidade de vários tipos de uso educacional, saúde, habitacional, institucional, misto, serviço, comércio. Fator que favorece esta localidade como exemplo de distribuição eficiente dos usos, o que deveria ser observado pelas demais áreas do entorno.
ÁREA 07: Nesta área encontra-se grande quantidade de uso habitacional, com áreas em uso de serviço. A área também se destaca por ser uma das que não possui uso de comércio.
ÁREA 08: A área 08 se sobressai de modo positivo em uso educacional em relação às demais áreas de estudo. Apresenta uso de serviços e institucional. Este fato confere uma grande movimentação nas ruas durante o dia, mas traz problemas durante o horário da noite, uma vez que essas edificações funcionam em horário comercial, apenas até o início da noite.
VII. PRESERVE ESPAÇOS ABERTOS E AMBIENTES EM SITUAÇÃO CRÍTICA Atualmente, nas grandes cidades, parques e praças estão cada vez sendo esquecidos pela população, pois perderam o hábito, com a rotina do dia-a-dia, de utilizar áreas verdes. Entretanto, esses locais são multifuncionais e podem melhorar muito a qualidade dos bairros, onde permite-se encontros sociais, casuais e recorrentes. Gerando, assim, um sentimento de biofilia das pessoas com o local, fazendo com que elas olhem o lugar como seu e se preocupem e cuidem mais daquela área. Nos parques e praças podem estar integradas diversas atividades voltadas para a necessidade da população local. Com isso, promove-se a interação social, trazendo mais segurança ao local, devido a presença de população na rua. Além disso, também podem aumentar o valor imobiliário do seu entorno, trazendo um retorno financeiro para os empreendedores privados e para o governo. Com isso, as imobiliárias podem investir nessas áreas, pois há um grande retorno financeiro com o aumento do preço dos edifícios. Os espaços abertos também têm o papel de equilibrar o espaço urbano com o meio ambiente, pois a vegetação pode trazer mais conforto térmico a área que está inserido. Também pode criar sombra nas ruas ou no entorno. Além disso, a umidade do ar é ampliada, ajuda na capitação de água pluvial e os ruídos sonoros são amenizados. Sobre os espaços abertos, Farr cita cinco pontos que para ele tornariam esses espaços ideais, são eles: Devem estar a uma distância que possa ser percorrida a pé em até três minutos (aproximadamente 100 metros) de cada uma das moradias, incentivando as pessoas a irem para esses locais. 02. Área mínima de 650 m², pois grandes áreas que incluem diversas atividades, tornando esses locais mais atrativo para diferentes públicos. 03. Media mínima das áreas dos parques de um bairro deve ser de 2 mil m². Esses espaços abertos devem ser distribuídos e não concentrados, para que assim atinja um maior número de pessoas. 04. Limitado em pelo menos dois dos seus lados por vias públicas, tornando-o mais movimentando e gerando paradas corriqueiras dos que por ali circulam. 05. Os parques podem ser cercados e fechados a noite, caso necessário. De acordo com Douglas Farr, esses espaços abertos não são planejados e implantados todos da mesma maneira, existem diferentes tipos de parques, que atendem diferentes necessidades, os tipos citados por Farr são: Campo de esportes: Projetada para recreação em grande escala, com quadras de esporte. Área verde comunitária: Espaço público de tamanho médio disponível para recreação com área arborizada e gramada.
Praça: Espaço público na interseção de ruas importantes, com passeios pavimentados e gramados. Praça cívica: Espaço público na interseção de ruas importantes, reservado para propósitos cívicos e comerciais. Piso duradouro para estacionamento de veículos e arvores que exigem de pouca manutenção. Jardim comunitário: Agrupamento de pequenos jardins para o cultivo em pequena escala, o qual tem o papel recreativo e comunitário.
ANÁLISE DA ÁREA No recorte em análise não existe uma área crítica, no entendo, bem próximo ao local existe a Comunidade dos Coelhos (figura 2.25 ) , que por ser negligenciada pelo governo, é uma área insegura, com pouca iluminação e esquecida pela população.
Figura 2.25 - Comunidade dos Coelhos, PE.
De acordo com análises e com o (figura 2.26) , percebe-se que apesar de existirem muitos espaços abertos, que poderiam ser aproveitados para uso, há uma predominância de uso comercial , habitacional e de serviço na área. Devido a isso, está área se torna pouco frequentada a noite, pois há uma homogenização de habitações, o que torna o local perigoso em horários que não são comerciais. Na área, existe praças , entretanto não há muita frequência, pois não é um bairro com muitas moradias, e de uso comercial e de saúde. Uso Ativo do Pavimento Térreo Mapa Geral
Legenda Lojas/Comércio Entretenimento Serviços Cultura Educacional Institucional Religioso
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Figura 2.26 - Mapa de Usos Pav. Terréo
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Na área de estudo existe outro espaço aberto com grande potencial, mas é esquecido ou visto de maneira errada pela maioria da população, o Rio Capibaribe, um espaço grande e que vem sendo tratado de maneira equivocada por anos. Se o governo ou a população se voltasse para esta área, com o intuito de recuperação do espaço, o ganho seria enorme, a cidade ganharia mais um espaço público de grande valor, e que além de ser benéfico à população traria benefícios a natureza, pois a população se preocuparia mais com a limpeza do rio e não o iria mais enxergá-lo como um local de descarte ou um local para se evitar (figura 2.27).
Figura 2.27 - Vista aérea do centro da cidade do Recife.
Calçadas e vias na verdade compõe a maioria dos espaços abertos públicos e também merecem atenção, existe uma série pontos a serem melhorados para trazer o sentimento de biofilia para a população. Que ao se sentir mais confortável e segura, vão circular mais pelas ruas, o que auxilia na sua preservação e consequentemente na composição do urbanismo sustentável. A iluminação pública precisa de um melhor planejamento, direcionando-a para onde ela se faz mais necessária e eliminando os excessos, possivelmente em áreas com menos uso noturno. Deve ser implantada e pensada de acordo com o local onde vai ser inserida, ou seja, não pode existir um padrão. Além de levar em conta a presença das arvores, evitando que essas bloqueiem a iluminação das ruas. Na área estudada a implantação dos postes de iluminação não é padronizada e nem segue os critérios citados acima, pode-se ver que em alguns pontos a quantidade de postes chega a ser suficiente, mas a falta de manutenção e o bloqueio que a vegetação causa impede que a luz seja direcionada para as vias e calçadas da maneira correta. Porém na maioria da área nota-se que existe a falta de iluminação gerando insegurança necessária e consequentemente reduzindo a circulação de pessoas. Outro ponto que merece atenção, principalmente numa cidade como Recife que sofre constantemente com enchentes e alagamentos, é a gestão de água pluvial, que está longe de ser a ideal. Esta questão é o resultado de uma série de erros no uso do solo que resulta em um meio dominado por formas erráticas de escoamento de águas pluviais (figura 2.28 e figura 2.29). Na área abordada não existe grandes áreas naturais de absorção de água, e sim pequenos pontos que às vezes não conseguem suprir essa demanda, não sendo suficiente para absorção em períodos de maior índice pluviométrico. E por acabar gerando esses problemas para a população essa água está sendo vista por muitos como dejeto, algo que precisa ser descartado, mas essa não é a visão correta da situação, a água é um recurso e sempre deve ser vista como tal.
Figura 2.28 - Registro de alagamento na parte central da cidade do Recife.
Figura 2.29 - Registro de alagamento na cidade do Recife.
VllI. PROPORCIONE UMA VARIEDADE DE ESCOLHAS DE TRANSPORTE Importância Para Uma Variedade De Transportes Os problemas com poluição, clima e saúde vivenciados em todo o mundo alertam sobre a urgência para se tormar medidas que minimizem os impactos causados pelo homem. A sociedade se desenvolveu em torno da cultura do carro particular, que atualmente é o meio de transporte terrestre responsável pela maior emissão de CO2 por quilômetro rodado, chegando a 130g/km. Além de ter crescido gerando espaços de desigualdades sociais, onde as prioridades dos motoristas individuais sobrepuseram-se as demais necessidades da sociedade, com isso, começam as construções e alargamentos das vias; urbanização desenfreada com áreas virgens desmatadas; criação dos bairros residenciais distantes e zoneamento das cidades, pois o carro facilitaria os grandes deslocamentos; espaços públicos e centros urbanos abandonados; segregação espacial; dentre outros fatores. Diante a situação, políticas que incentivem meios de transporte alternativos e de qualidade são essenciais para que se possa gerar um estilo de vida mais saudável e justo(figura 2.31). Pedestrianismo Benefícios: a) Melhor qualidade de vida; b) Uso efetivo do espaço das ruas; c) Maior participação dos cidadãos nas decisões sobre a cidade; d) Interação social e com a natureza. Uma cidade caminhável possui densidade populacional; usos mistos; habitações de renda mista, que garantam o acesso de diferentes classes sociais a bairros sustentáveis; passeios dos dois lados da rua; malha urbana de pequena escala, variedade de transporte público, redução da velocidade máxima de vias. Ciclismo Benefícios: a) Uso efetivo do espaço das ruas; b) Redução do consumo de energia e poluição; c) Mobilidade para todas as classes sociais; d) Infraestrutura mais barata. Transporte Público Benefícios: a) Diminuição dos congestionamentos; b) Diminuição de custos para o usuário; c) Mobilidade para todas as classes sociais. Para se alcançar o sucesso de um bairro que incentive o ciclismo, este deve antes de tudo servir ao pedestre, através da compacidade, completude, conectividade. Outro fator primordial para os ciclistas é a infraestrutura, planejamentos urbanos que forneçam segurança no trânsito, por meio de ciclovias e ciclofaixas, e quando possível protegê-las por meio de estacionamentos na rua. A alta densidade populacional é um dos princípios para se criar uma base estável de usuários e sustentar os sistemas de transporte público de um bairro, além da adequação dos transportes as necessidades dos moradores.
MAPA DE PERMEABILIDADE FÍSICA
40%
55%
5%
ACESSO MISTO
ACESSO PEDESTRE
ACESSO VEICULO
USO PRODUTIVO
USO NÃO PRODUTIVO
SEM USO
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Figura 2.30 - Mapa de Permeabilidade Física.
A área possui quantitativamente condições favoráveis para abrigar diversos modais, todavia, existe a necessidade de se trabalhar na melhoria dos diversos pontos citados, para que se possa atingir o urbanismo sustentável (figura 2.31).
Figura 2.31 - Estacionamento informal no bairro da Ilha do Leite.
Figura 2.32 - Corte Transversal da Rua General Joaquim Inácio.
Os pedestres, na área estudada, se locomovem através da necessidade de ir ao trabalho, escola ou na região de comercio, a experiência de andar nas ruas não é uma ação prazerosa, pois o planejamento urbano despreza os pedestres, a área não possui compacidade, logo, depois o horário comercial as ruas se tornam inóspitas, inseguras e muitas vezes sem iluminação; sem perfeição, os bairros são monofuncionais, abrigando majoritariamente um único uso, por consequência os deslocamentos se tornam maiores e desestimulam a caminhada. As calçadas em sua maioria são estreitas, com obstáculos como buracos causados pela negligencia do governo, árvores mal implantadas e insuficientes, atrapalhando a passagem dos pedestres e deixando de oferecer o sombreamento necessário para o deslocamento agradável. As quantidades de estações de bicicletas são pres es e podem ser alcançadas por pedest res, porém não há presença de ciclovias ou ciclofaixas, nem terminais para se guardar as bicicletas particulares em segurança nas ruas e edificações, o que são importantes para a segurança dos ciclistas, pois com essa falta de comprometimento e preocupação dos órgãos públicos, causa um certo medo da hora de pedalar. No local existem apenas placas indicativas atribuindo ciclovias temporárias aos ciclistas em finais de semana e feriados, sendo um indicativo de que o ciclismo ainda é encarado pelas políticas públicas do Recife com o objetivo único de lazer, e não como uma forma útil de locomoção que pode atender a diversos trajetos no cotidiano. Existem um vasto número de paradas de ônibus na área, porém qualitativamente percebe-se um grande problema, pois as paradas de ônibus estão decadentes e precárias, e durante os principais horários de “pico”, os ônibus apresentam superlotação, causando desconforto nos passageiros, intensos congestionamentos e falta de proteção climática. A área apresenta diversas condições favoráveis para abrigar diversos moldais, entretanto, é necessário trabalhar sua melhoria, para atingir o urbanismo sustentável.
IX. REFORCE E DIRECIONE A URBANIZAÇÃO PARA AS COMUNIDADES EXISTENTES O Brasil, considerado país emergente, teve um crescimento tardio em relação ao conceito de cidade e urbanização. Tal movimento, desorganizado e rápido, acabou por criar organizações periféricas carentes de infraestrutura. A reurbanização desses espaços traz a proposta de um novo direcionamento para a qualidade de vida, tendo como base as necessidades locais. Para um planejamento efetivo se faz necessário o conhecimento das necessidades da localidade, de acordo com as preferências de seus habitantes. São elas as formas de edificações, necessidades básicas de qualidade, formas de vias, tipos de espaços comunitários. Um ponto a ser observado é o cuidado em relação à áreas de vegetação, uma vez que apresentarão dificuldades para serem reimplantadas. A reorganização dessas comunidades necessitadas muitas vezes tem consequências negativas, pois podem ser uma porta aberta para o fenômeno da gentrificação. Com a valorização imobiliária, não e pode ter certeza de que os moradores conseguirão se manter no local. A luta pela reforma urbana no Brasil teve uma crescente necessidade a partir do crescimento das cidades brasileiras, que conheceram um sistema tardio de desenvolvimento, marcado por uma industrialização acelerada e um forte êxodo rural. Esse crescimento acelerado e descontrolado, não foi acompanhado de uma política de fornecimento de infraestruturas. Além disso, a maior procura por espaços para habitação favoreceu o crescimento da especulação imobiliária, elevando o preço do solo urbano e encarecendo os imóveis. Dobra-se o valor do aluguel, a conta de luz triplica e os serviços adquiridos antes ficaram cada vez mais caros, ou seja, junto com toda a melhora, o custo de vida subiu tanto que não cabe mais no orçamento dos atuais moradores, forçando os mesmos a darem o seu lugar à novas famílias de maior poder aquisitivo, e a procurarem um novo lar em zonas cada vez mais periféricas. Esta situação que agrava o problema da segregação urbana é conhecida como gentrificação.
A gentrificação representa um grande perigo para as cidades, de maneira geral, porque após a “expulsão” dos antigos moradores para outras áreas, não se sabe de verdade como é a nova situação deles, se existe infraestrutura básica no novo bairro ou se eles podem exercer as mesmas atividades as quais estavam acostumados. Não sabe-se a real situação de suas qualidades de vida. A reformulação das comunidades inúmeras vezes tem consequências negativa, pois pode da origem a gentrificação. Com a valorização mobiliaria, não se sabe se os moradores atuais ainda poderão se manter economicamente neste local. Assim, muitas vezes existindo um êxodo. Outro ponto é a descaracterização de bairro, e a homogeneização da paisagem urbana. Não são encontradas comunidades nessa área de estudo, porém, próximo, existe a Comunidade dos Coelhos, área carente de necessidades básicas, pouca infraestrutura e oportunidades de empregos. Preceitos básicos na formação de um bairro, tornando esta comunidade passível de gentrificação (figura 2.32).
Figura 2.32
Figura 2.33 - Área sujeita à gentrifcação na cidade do Recife.
Uma intervenção e direcionamento correto do poder público em conjunto com a população, alcançaria uma qualidade de vida melhor. Para a melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes seria necessário uma intervenção pública aliada à ação da população local. O envolvimento dos cidadãos no processo de planejamento é imprescindível para que se consiga realizar a urbanização local. As pessoas precisam sentir que pertencem àquele lugar, o que gera um sentimento de cuidado e manutenção.
Para que haja a urbanização desses locais, é preciso que os cidadãos estejam envolvidos com o processo de evolução do planejamento. Devem sentir que o espaço público é responsabilidade e propriedade da comunidade, para que desperte o sentimento de pertencimento ao lugar, criando a manutenção de um ambiente urbano e humano. A qualidade do ambiente urbano define a qualidade de vida para os cidadãos.
Figura 2.34 - Mapa de Usos Educacional.
X. TIRE PROVEITO DE PROJETOS E CONSTRUÇÕES COMPACTAS “As cidades estão sendo transformadas para facilitar a vida dos carros.” (ROGER, Richard. 1997) Segundo Douglas Farr, o urbanismo sustentável requer bairros com grande densidade populacional, ou seja, o bairro deve ser denso e com maior quantidade de usos possível, gerando assim centros compactos que atendem às necessidades dos cidadãos de maneira prática. A necessidade e a importância do direcionamento do planejamento urbano para as construções compactas se dão pela diversificação dos usos das edificações presentes na localidade, a fim de substituir o deslocamento com o automóvel pelo deslocamento a pé, de maneira que a caminhabilidade possa ser bastante incentivada (figura 2.34).
Produzir arquitetura sustentável significa, dentre outros aspectos, se preocupar com a interação entre as massas concebidas e o meio natural. Estabelecendo esse conceito, é possível perceber a importância dos quatro conceitos de Douglas Farr – completude, compacidade, biofilia, conectividade – para a formação das cidades do século XXI. Se antes, na era moderna, o advento do carro trouxe a possibilidade da compartimentação dos serviços, a arquitetura e o urbanismo sustentáveis trazem o morador/usuário da área de volta para o centro do planejamento. Para exemplificar a ideia de arquitetura sustentável, Rogers utiliza a ideia da Cidade Compacta. Na cidade compacta, a relação densidade versus diversidade é a que predomina. Não adianta existir uma área muito densa em edificações, se em certos momentos do dia ela vai estar abandonada por não exercer nenhuma função para a sociedade. Por isso é tão importante que haja a variedade de usos. Variedade esta que não é inerente apenas ao bairro em si, mas também no interior das edificações. A ideia da cidade compacta apenas oferece, cada vez mais, qualidade de vida para a população. Hoje em dia, o plano diretor vigente em Recife, foi imposto em 2008, e está previsto para sofrer revisão em 2018 (figura 2.35). Segundo Douglas Farr, é importante direcionar a conformação da cidade se baseando na 51 forma da edificação em si, considerando o que o seu entorno tem a oferecer. Desde a implantação dos edifícios pódio, além do mais, com a disseminação e a impregnação da ideia da importância do carro individual para cada cidadão, os edifícios pódios começaram a aparecer cada vez mais na cidade. Com a implantação do plano diretor de 2008, começou-se apenas a legislar edifícios pódio, inclusive, é estimulado que surjam edifícios pódio na cidade. Observa-se que esses tipos de edificações trazem consigo um estímulo ao uso dos automóveis – oposição ao conceito de urbanismo sustentável. Na área de estudo, encontra-se uma variedade na tipologia promovendo uma dinâmica no espaço, em contra partida, os usos das edificações se encontraram polarizados (figura 2.36) desencadeando, muitas vezes, na ausência de caminhabilidade nas vias. É importante observar casos de edificações podium na área descrita e perceber os obstáculos que as mesmas trazem entre o espaço privado e o espaço público gerando segregação.
Figura 2.35 - Mapa de Tipologia.
Mapa de Usos Habitação Formal Habitação Informal Misto Comércio Serviços Vazio/Sem Uso/Em Construção Educacional Saúde Institucional Cultural Religioso Cemitério
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Figura 2.36 - Mapa de Usos.
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O ESTATUTO DA CIDADE
O ESTATUTO DA CIDADE O estatuto da cidade (Lei Federal 10.257/2001), é um conjunto de leis que tem como finalidade fornecer normas de ordem pública como base para que a República Federativa do Brasil, governe demaneira que a lei seja aplicada para um benefício coletivo, fornecendo igualmente, a todos, o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade, à saúde, à educação, entre outros direitos que forneçam uma vida digna a todo indivíduo. O estatuto rege sob a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, determinando seus deveres para com a sociedade. No âmbito Urbano o estatuto é aplicado para que a função social da propriedade seja cumprida de forma justa e igual a todos. Um exemplo seria um proprietário o qual possuí um grande terreno e gostaria de dividi-lo em dois, o possuidor deverá apresentar um requerimento à prefeitura Municipal ou ao Distrito Federal, órgãos que possui leis próprias específicas para o lugar, as quais são regidas pelo conjunto de normas do estatuto da cidade, sendo com isso o pedido analisado e para ser aprovado deve estar dentro dos parâmetros designados pelos órgãos administrativos do lugar. É a partir desses e de outros exemplos que o estatuto traz diversas maneiras para cumprir as funções sociais e para isso é importante que seja explicado alguns de seus instrumentos.
1. PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO OU UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIOS São passiveis de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios o solo urbano não edificado (cujo coeficiente de aproveitamento não atingir o mínimo definido para zona em que se situa), os imóveis não utilizados (lotes ou glebas edificadas cuja área construída não seja utilizada há mais de 5 anos) e os imóveis subutilizados (cujo coeficiente de utilização não atinjam o mínimo definido por zona). Identificados imóveis nessas condições, o Município notificará seus proprietários para que no prazo de um ano a partir do recebimento da notificação, os proprietários protocolem o pedido de aprovação e execução de parcelamento ou edificação, que deverá ser iniciado no prazo máximo de dois anos a contar da aprovação do projeto.
2. IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO Encerrando os prazos sem que haja o cumprimento pelos proprietários das obrigações estabelecidas, o Município fará incidir sobre o imóvel a cobrança do imposto predial e territorial urbano (IPTU) progressivo no tempo.
3. DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS Após 5 anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido as obrigações de parcelar, edificar e utilizar os imóveis, o Município poderá proceder a desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos de dívida pública.
04. USOCAPIÃO ESPECIAL DO IMÓVEL URBANO Para que configure usucapião o imóvel do proprietário deverá ter área urbana máxima de 250 metros quadrados, por 5 anos ininterruptos de posse mansa e pacifica, utilizando-o para fins de moradia própria ou de sua família, desde que não seja proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou rural. As áreas urbanas com mais de 250 metros quadrados, ocupadas por mais de uma família, podem ser usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
05. CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA Será concedido ao ocupante do imóvel público de até 250 metros quadrados, o direito de uso e não de domínio. Como requisitos, exige-se que o morador utilize o imóvel público para moradia sua ou de sua família e não possua qualquer outro imóvel urbano ou rural. Existe, também, a Concessão coletiva, quando se tratar de imóveis com mais de 250 metros quadrados ocupados por população de baixa renda que preencha os requisitos mencionados anteriormente. Tal modalidade é autorizada quando não seja possível identificar o terreno ocupado por cada possuidor individualmente, não sendo necessária observar a real dimensão do terreno em que cada um ocupe. Os ocupantes apenas não devem efetuar a divisão ultrapassando 250 metros quadrados por possuidor.
06. DO DIREITO DE SUPERFÍCIE O proprietário urbano poderá conceder a outro indivíduo o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis. Independente da concessão ser gratuita ou onerosa, o direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendendo a legislação urbanística.
07. DO DIREITO DE PREEMPÇÃO O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para aquisição de imóveis urbanos, antes que os mesmos sejam colocados à venda. (Foto 03).
08. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado ou áreas nas quais poderá ser permitida alteração de uso do solo, mediante compensação ao poder público. (Foto 04).
09. DAS OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções pontuais realizadas sob a coordenação do Poder Público e envolvendo a iniciativa privada, os moradores e os usuários do local, buscando alcançar transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental.
10. TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR A Transferência do Direito de Construir confere ao proprietário de um imóvel a possibilidade de exercer seu potencial construtivo em outro local, ou de vendêlo a outro proprietário. Deve ser utilizada, portanto, em áreas que o Poder Público tenha, por qualquer motivo, interesse em manter com baixa densidade. O Estatuto da Cidade, estabelece que esse instrumento pode ser utilizado em áreas que o Poder Público considere necessárias para: - Implantação de equipamentos urbanos e comunitários; - Preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; - Servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social.
11. O ESTATUTO DE IMPACTO DA VIZINHANÇA (EIV) A definição dos empreendimentos e atividades privadas que conseguirão as devidas licenças e autorizações para funcionar em determinada área urbana, deverá ser feita através de um estudo prévio do impacto da vizinhança, sempre considerando seus efeitos positivos e negativos em relação a qualidade de vida dos habitantes da área e seu entorno.
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OBJETIVO
Elaborar diretrizes de Planejamento Urbano para a área do entorno da Avenida Manoel Borba, a partir da leitura urbana realizada nas disciplinas de PU1 e PU2, à luz dos conceitos e recomendações do Urbanismo Sustentável.
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LEITURAS URBANAS
5.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA Nascida como uma estreita faixa de terra protegida por arrecifes que formavam um ancoradouro (IBGE), Recife nasceu para servir ao escoamento e abastecimento de Olinda e se desenvolve a partir de um processo de urbanização moldado por conjunturas políticas e econômicas desenvolvidas no percurso de sua história. Sua ocupação mais consistente data de meados do século XVII, após o período holandês. Nesta época, foi feito um planejamento urbanístico para a região e um ordenamento territorial pautado nas atividades desenvolvidas e em aspectos culturais. No plano, é possível visualizar que o planejamento é composto de um traçado ortogonal e uma disposição proporcional de lotes em um sistema radio concêntrico em torno do porto. Nos estreitos lotes de reduzidas quadras longitudinais e paralelas em si, são erguidos sobrados, apoiando - se muitas vezes, sobre uma antiga construção portuguesa, ganhando em altura o que lhe falta em solo. ” (REYNALDO, 2013). Com o aumento da população, o Bairro do Recife demanda uma expansão o que leva a ocupação dos atuais bairros de Santo Antônio e São José. A partir de então, nota-se uma ocupação e posterior formação de um traçado irregular e sem um claro ordenamento territorial. Por volta do Século XVIII, com a consolidação da cidade, houve a necessidade de mais uma expansão: na direção oeste. Como Santo Antônio e São José não comportavam mais o crescimento populacional deu-se início à ocupação do bairro da Boa Vista e os demais bairros a serem criados. Em meados do século XIX o bairro da Boa Vista é consolido e expandido. As obras mo-dernizadas do Conde da Boa Vista Francisco do Rego Barros trouxeram dinamismo cultural a capital, principalmente pela presença do engenheiro francês Louis Léger Vauthier. Na década de 1940, a cidade inicia outra forma de expansão, segundo ALVES (2009), deixa de ocupar as zonas radiais e preenche os vazios entre raios, principalmente ao norte da cidade. Isto acelera o processo de urbanização e verticalização da cidade do Recife (ver figura 37 e fiigura 38). Na área estudada é notável a presença de uma variedade de edificações do período histórico devido as diferentes tipologias no local. O traçado não é rigoroso e não é marcante. Na área encontram-se poucas áreas verdes e espaços livres.
Figura 2.37 - Registro do processo de urbanização da cidade do Recife.
Figura 2.38 - Registro do processo de verticalização da cidade do Recife.
Figura 2.39 - Registro do processo de urbanização e verticalização da cidade do Recife.
5.2. PRINCIPAIS CORREDORES VIÁRIOS O grau de importância e de impacto das vias é definitivo para a análise da mobilidade urbana. De acordo com a pesquisa do Plano Centro Cidadão UNICAP/PCR foi observado que o principal critério para definição hierárquica das vias seria sua escala de articulação com o entorno no qual está inseria, podendo este entorno ser imediato, próximo, urbano ou metropolitano. - Vias de Eixo Metropolitano: vias contidas em eixos de articulação metropolitana – cidade (s) para cidade (s) vizinha (s). - Vias de Eixo Urbano: vias contidas em eixos de articulação interurbana, ou seja, conectam dois ou mais bairros. - Vias Locais: vias que articulam áreas de um ou dois bairros, podendo derivar de eixos urbanos ou metropolitanos. - Vias Micro locais: vias que articulam vias locais entre si ou vias sem saída que derivam qualquer outra via. Definidas a partir do Ref. Plano Centro Cidadão, as vias que se comportam como principais corredores viários apresentam características de: 1) Vias que abrigam número significativo de paradas e estações de transporte público. 2) Vias que recebem grande número de pessoas por dia. 3) Vias que ligam partes importantes do bairro e da cidade. Na área em análise, observam-se que os principais corredores viários são estes: Rua Francisco Alves, Rua José Alencar, Rua Gervásio Pires, Rua Dr. José Mariano, Av. Frei Matias Teves, Rua Marques Amorim, Rua Gen. Joaquim Inácio, Rua Estado de Israel. Com base nos conceitos e mapas sobre a hierarquia das vias. Os mapas de hierarquia de principais corredores viários da área de estudo determinam o grau de importância das mesmas para área nos quais as vias facilitam a movimentação de pessoas e veículos, sejam eles público e/ou privados.
Figura 2.40 - Mapa de Hierarquia de Vias.
5.3. ÁREAS LIVRES Ao analisarmos a área em questão, nota-se uma carência geral de áreas livres.
Figura 2.41 - Mapa de Presença Vegetal.
5.4. QUADRAS E TIPOS EDIFICADOS Segundo (FARR Douglas, 2013, 19) as diretrizes de projeto definem o parcelamento do lote através da densidade, uso, coeficiente de ocupação do solo, recuos obrigatórios, exigências de estacionamento e alturas máximas permitidas. Dessa forma propõem-se uma quadra densa e fechada sem acessos ou vazios em seu interior como é o caso da área em estudo. Já o código baseado na forma define o parcelamento de uma quadra com base em: especificação de tipos de ruas e edificações (ou mistura de tipos), alinhamentos obrigatórios, número de pavimentos e percentual de área construída com acesso pela rua principal. Nesse caso, a quadra é permeável e consequentemente mais sustentável.
Figura 2.42 - Mapa de Tipologia.
Figura 2.43 - Mapa Total da Ă rea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FARR, Douglas. Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza.Porto Alegre: Bookman, 2013.
GHEL, Jan (2013). Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 1ª edição, 2013.
JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
NÓBREGA, DUARTE, CÂMARA, SILVA, ROLIM (2014). “Por um Espaço Público Cidadão: O Encontro do Edifício com a Rua”. Disponível em: https://issuu.com/vaastu_/docs/por_um_espa__o_cidad__o_o_encontro_. <Acesso em 2017>.
Plano Diretor da Cidade do Recife (2018). <Acesso em 2017>.
ROGERS, Richard. Cidades Para Um Pequeno Planeta. Editora Gustavo Gili. São Paulo, 2016.
POR UM
URBANISMO SUSTENTÁTEL