Lua Nova Coleção Associação Lua Nova Volume 3
AUTONOMIA EM REDE
Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-Presidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia Ministro da Justiça e Presidente do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas José Eduardo Martins Cardozo Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas Vitore André Zílio Maximiniano Revisão de Conteúdo Equipe Técnica – Senad Diretoria de Articulação e Coordenação de Políticas sobre Drogas Coordenação Geral de Políticas de Prevenção, Tratamento e Reinserção Social
O conteúdo intelectual dos textos é de responsabilidade dos organizadores e representantes da Associação de Formação e Reeducação Lua Nova e não expressa, necessariamente, a posição da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Venda Proibida. Todos os direitos desta edição reservados à SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS (SENAD). Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida ou gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Secretaria Nacional sobre Drogas. Direitos exclusivos para esta edição: Secretaria Nacional sobre Drogas – Senad Esplanada dos Ministérios Ministério da Justiça Bloco T, Edifício Sede. 2º Andar, Sala 208 Brasília – DF, CEP 70.064-900
Associação Lua Nova COORDENAÇÃO GERAL Raquel Barros PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Maysa Mazzon Mariana Jabur Gustavo Dordetto Leicia Firmino Yame Vieira EDIÇÃO GERAL E REDAÇÃO Cinthia Azir Iza Justino Silvina Mojana REVISÃO Lívia Gusmão PROJETO E EDITORAÇÃO GRÁFICA Silvina Mojana Melina Gutierrez IMAGENS Silvina Mojana Antonello Veneri AGRADECIMENTOS Rose Nascimento Ester Brito Thaís Cristina dos Santos Fabiana Nascimento Gomes Ana Lúcia Veiga (Negão) ISBN: 978-85-69408-03-1
PREFÁCIO A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) é o órgão do Governo Federal responsável pela articulação de políticas públicas de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. Essa missão exige um esforço conjunto, no qual todos os agentes governamentais ou não governamentais podem - e muito - contribuir. No Brasil, muitas iniciativas para prevenção, tratamento e integração social de usuários e dependentes de drogas merecem destaque, e a Senad vem buscando identificar boas práticas, investir no estudo e registro para sistematizálas e possibilitar que sejam referência em outras localidades. Esforços advindos de diferentes setores da sociedade estão envolvidos na atenção ao uso abusivo de drogas, empregando pesquisas, recursos e operações, visando eliminar as situações de vulnerabilidade causadas por elas. São escassas as iniciativas voltadas para as pessoas que fazem uso, ou na relação que desenvolvem no processo de vinculação com as drogas. Nesse diapasão, os agentes de transformação ganham cada vez mais espaço para uma melhor abordagem junto ao usuário, apresentando caminhos possíveis que nascem do encontro com ele, promovendo diálogos pouco abordados e explorados. Nos espaços voltados para cuidado e atenção ao usuário de drogas, o olhar e as práticas sobre este clamam por transformações - desde
mudanças nas metodologias e ferramentas de intervenção junto ao indivíduo e sua comunidade, como a mudança no próprio objeto da intervenção. Desse modo, o foco, antes apenas no usuário, passa a abranger a comunidade na qual ele vive e estabelece diversas relações, buscando oferecer as mais variadas e ricas oportunidades de interações, ampliando sua rede. A Experiência da Lua Nova, sistematizada nestes quatro volumes e em sua segunda edição, nos convida a mergulhar nesse olhar e, sobretudo, nos instiga e prepara para disseminar essa visão em espaços que desejam assim fazê-lo. Afinal, desenvolver a metodologia da Lua Nova não implica ter um prédio ou uma estrutura para acolher jovens mulheres usuárias de drogas, e seus filhos, e sim estabelecer relações de parceria e troca com essas jovens, focando em suas potencialidades e brilhos. A leitura da sistematização das experiências da Lua Nova nos empresta as “lentes da inclusão” para que possamos desenvolver e praticar novos olhares baseados no estabelecimento de relações nas redes, nas trocas de potenciais e saberes e na participação como principal instrumento de intervenção. O livro é dinâmico, complexo, recheado de possibilidades a serem empregadas em contextos de vida de pessoas em sofrimento social, que vivenciam questões como pobreza, injustiça social, prostituição ou abuso sexual -
embora tais temas não ocupem o centro do trabalho na Lua Nova. As pessoas são o foco principal; as vulnerabilidades assumem o pano de fundo da história. Portanto, profissionais em busca de estratégias mais inovadoras e metodologias mais sensíveis para estes contextos encontrarão inspiração nestes livros. Equipes de trabalho de diferentes políticas públicas que buscam caminhos para garantir a participação e a adesão dos usuários nos serviços para eles voltados também encontrarão possibilidades nestes livros. Pessoas que já estiveram em situação de risco, usaram drogas e vivenciaram ou vivenciam situações de sofrimento social também podem mergulhar no livro e encontrar motivação para buscar seu brilho - que, às vezes, parece apagado, mas que está apenas adormecido, necessitando de oportunidades. Gestores públicos à frente de estratégias e planos integrados voltados para atenção ao usuário de drogas encontrarão, nestes livros, propostas interessantes e caminhos instigantes. Organizações não Governamentais, Associações comunitárias, enfim, diferentes atores que buscam usar as “lentes da inclusão” encontrarão diálogos possíveis nestes livros. Boa leitura! Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
SUMÁRIO Geração de Renda................................................................................................................................8 Sonhos.........................................................................................................................................................9 Como Fazemos......................................................................................................................................14 Desafio à Inclusão.................................................................................................................................18 Uma História de Recomeços.........................................................................................................28 Aprender a Criar...................................................................................................................................32 Aprender a Produzir..........................................................................................................................39 Multiplicando Oportunidades.........................................................................................................41 Depoimentos.........................................................................................................................................48 Avaliação.................................................................................................................................................55 Bibliografia...............................................................................................................................................73
AUTONOMIA EM REDE
Lua Nova Dando forรงas para quem tem vontade www.luanova.org.br
Geração de Renda Costurando Soluções O por quê da Geração de Renda Desde a sua fundação em 2000, temos trabalhado na busca e criação de respostas inovadoras e sustentáveis para a solução de problemas sociais relacionados à saúde de mães e filhos, geração de renda e moradia para um efetivo processo de inclusão social dos mesmos. Com relação à empregabilidade, as jovens atendidas pela Lua Nova sempre tiveram dificuldade para encontrar emprego no mercado formal de trabalho, principalmente em razão da ausência ou da baixa escolaridade, as limitações no trato social e até mesmo o preconceito quanto às origens e trajetória de vida das mesmas. É em razão dessas dificuldades e do desejo de fazer diferente que a Lua Nova passou a investir todos os seus esforços nos projetos de geração de renda, onde as jovens pudessem desenvolver suas potencialidades e autoestima, se preparando para a futura inserção no mercado de trabalho e na vida comunitária.
Em 2001, iniciamos um ateliê de costura e artesanato que se transformou em um projeto de geração de renda e formação profissional, chamado Criando Arte. O projeto, desde seu início, teve caráter inovador, sendo finalista do prêmio “Empreendedor Social – Ashoka & McKinsey” com seu plano de negócios ousado para a venda dos produtos criados e produzidos pelas jovens. Através desse projeto, já foram formadas mais de 1200 jovens, mulheres, residentes da Lua Nova e da comunidade do entorno. Inclusive meninas de Ongs parceiras que se formaram em metodologias de geração de renda e negócios sociais e puderam iniciar sua experiência no Criando Arte.
CRIANDO
ARTE
Investir na geração de renda, além da profissionalização e formação pessoal da jovem, nos possibilitou criar oportunidades e soluções para realizar sonhos. Assim, as jovens que mais se destacavam como multiplicadoras, eram contratadas formalmente, de acordo com as potencialidades, para serem instrutoras do projeto, enquanto outras jovens - com assessoria da equipe puderam iniciar um trabalho autônomo ou desenvolver grupos produtivos independentes.
Nessa perspectiva, pudemos organizar outras iniciativas de geração de renda, como a Panificadora Lua Crescente, o grupo Brindes da Lua, a Cooperativa de Silk Screen, Grife da Villa, o grupo Amor e Arte em Vidros e Projeto GerAções.
Um grande desafio é proporcionar uma qualidade de vida sustentável para as jovens e seus filhos, que os mantenha fora das situações de vulnerabilidade. Geralmente, na etapa da reinserção social, as jovens voltam a habitar residências muito precárias em comunidades de alto risco, perpetuando a exclusão social. Ou ainda, perante a história repleta de abandono familiar, violência doméstica, abuso e exploração sexual, retornam ao abrigamento, ao crime ou à rua. A Lua Nova, acreditando no potencial transformador dessas jovens mulheres, buscou soluções factíveis para minimizar o risco de voltarem à situação original de sofrimento, à prática de atividades ilícitas para sobrevivência e, até mesmo, à vida na rua. Essa crença fomentou o desenvolvimento do Projeto Empreiteira Escola, que se baseia
na construção de casas e na geração de renda através da venda de tijolos ecológicos (solo-cimento). Nesse projeto, as jovens foram capacitadas nas fases e processos da construção civil convencional, e também com tijolo modular, elétrica e hidráulica através de parceria com a Faculdade de Engenharia de Sorocaba (FACENS). Em 2005, o plano de negócios do projeto foi vencedor do prêmio “Empreendedor Social – Ashoka & McKinsey”, atraindo maior visibilidade e possibilidade de captação de recursos para o mesmo e aumentando a qualidade da vida das jovens que, além de gerar renda, poderiam construir suas próprias casas, vivendo como chefes de família, iniciando novos núcleos familiares. No mesmo ano, o programa de cidadania da Petrobras patrocinou a autoconstrução das casas do condomínio social que, hoje, conta com doze unidades habitacionais. Assim como os demais projetos de geração de renda, as aprendizes da Empreiteira Escola receberam mensalmente uma bolsa-auxílio para participar do projeto, que consistia na formação teórico-prática, na produção dos tijolos ecológicos e na construção da própria casa.
2001 - Grupo Terapeutico / Ocupacional
Inicio das atividades da Padaria Lua Crescente com o GMM (Geração Muda Mundo)
Criação da identidade Criando Arte
Inicio das atividades da Empreiteira Escola
Artesanato em tecido Desenvolvimento de linha de produtos próprios
Montagem de um quiosque no Shopping
1º lugar no Prêmio Empreendedor Social Ashoka-Mckinsey com Empreiteira Escola
Apoio da Child Hood
Primeiras bonecas
2003 Grupo Produtivo Produção de pães e bolos para eventos
Finalista do Prêmio Empreendedor Social Ashoka-Mackinsey com Piano de Negócio Criando Arte
2004/2005 - Grupo Criando Arte incubado na Lua Nova 2013/2014 implantação projetos no brasil
2006/2012 - Fundação da Associação Lua Crescente (Criando Arte, Padaria, FÁBRICA de Tijolos)
Inauguração do primeiro Condominio Social com 12 casas (2008)
Projeto Gerações com jovens gestantes (politica municipal)
Estratégias - Resultados
Dificuldades - Oportunidades Iniciais Dificuldades
Estratégias
A renda gerada era mínima e era impossível pagar um valor correspondente a um salário para as jovens.
Começamos a aumentar as vendas pouco a pouco nos eventos que participávamos - uma forma de divulgar nosso trabalho nesses espaços.
Os custos de investimento do projeto. Os produtos eram feitos aleatoriamente. Não havia um produto ou linha de produtos definida.
Conseguimos montar um catálogo dos melhores produtos que tínhamos e passamos a definir tamanhos, cores e modelos.
Não existia uma marca, nem tampouco uma identidade do grupo. Os equipamentos e materiais eram insuficientes para o número de jovens (máquinas caseiras com pouca potência). Não entendíamos nada sobre negócios e comercialização de produtos.
Oportunidades Passamos a oferecer os produtos como brindes para todos os nossos parceiros, empresas e colaboradores para que divulgassem o negócio. Contratamos uma artista plástica e uma psicóloga para melhorar a qualidade dos produtos e trabalhar a identidade do grupo. Criamos uma marca chamada Criando Arte, com a qual passamos a denominar nossos produtos em embalagens e etiquetas. Investimos um pequeno valor de uma doação para compra de materiais e equipamentos que faltavam. Inscrevemo-nos no Prêmio Empreendedor Social pela oportunidade de aprender a fazer o Plano de Negócios.
Passamos a trabalhar a questão da maternidade a partir das bonecas e produtos para bebê que estavam produzindo. Tínhamos alguns doadores que poderiam nos ajudar a captar esses equipamentos e materiais. Havia um concurso chamado Empreendedor Social, do qual organizações sociais poderiam participar enquanto construíam um Plano de Negócios para seu empreendimento.
Resultados A partir dos brindes, apareceram clientes, e logo montamos um quiosque (doado) num shopping da cidade. Elaboramos um novo catálogo com um produto exclusivo construído a partir da criatividade das jovens, com foco numa linha de bonecas que representam a fantasia, a diversidade e a maternidade. As jovens passaram a se identificar com marca, deixando de ser um grupo terapêutico dentro da Lua Nova. Conseguimos os equipamentos que faltavam para melhorar a qualidade e quantidade da produção (máquinas semi-industriais). Ficamos entre os 10 finalistas com os melhores planos de negócios de organizações sociais. Adquirimos clientes fixos para bolsas e bonecas.
Como fazemos o que fazemos? Metodologias de Desenvolvimento de Negócios Depois de muito tentar, errar, acertar, modificar e estruturar, com uma coleção de histórias e experiências mais e menos exitosas, decidimos consolidar o que de melhor desenvolvemos em uma proposta chamada Escola de Negócios, que sistematiza experiências metodológicas vivenciadas ao longo da trajetória, por meio de diversas parcerias. A Escola de Negócios funciona como um laboratório que reúne experiências da Lua Nova e outras organizações parceiras em torno de proposta de desenvolvimento de negócios que atendam a população mais vulnerável que não se encaixa em outros programas de profissionalização. Dest a forma, temos nos apoiad o e m t rês metodologias principais empregadas pela Lua Nova, possíveis de serem implementadas ao nosso públicoalvo de acordo com seu nível de conhecimento e estrutura, e que propiciem a criatividade e inovação. São elas:
Street Kids Pequenos negócios, na sua maioria individuais e de baixo investimento inicial
Desafio Pequenos e médios negócios, na sua maioria coletivos, de maior investimento em equipamentos estrutura fisica
Incubadora de Habilidades Espaço de aprendizagem na ação de Negócios já consolidados (Criando Arte, Empreiteira Escola, Padaria Lua Crescente )
Street Kids Kit de Ferramentas de Negócios de Rua É um processo de aprendizado de negócios criado, especificamente, para jovens em risco e sem privilégios, com idade acima 15 anos. Este curso de negócios aumenta a compreensão de economia e habilita-as a criar ou melhorar suas próprias atividades de geração de renda. O Kit de Ferramentas de Negócios de Rua é um conjunto de recursos para conduzir um curso sobre começar ou melhorar um pequeno negócio. No decorrer das aulas, as jovens participantes aprendem sobre os conceitos básicos de negócio. Elas identificam ideias de negócio e sua viabilidade. Ao fim do curso, as participantes têm seus próprios planos de negócio para ideias de negócio viáveis. Desde sua fundação, em 1988, a Street Kids International tem criado e promovido a capacitação e abordagens inclusivas para jovens e crianças de rua. Todas as cidades do mundo têm jovens que são forçados a viver ou trabalhar nas ruas, colocando-se em risco e às margens da sociedade. Em resposta, um grande número de agências e de jovens trabalhadores emergiram para ajudá-los. De sua base em Toronto, no Canadá, a Street Kids International tem apoiado programas locais, oferecendo métodos práticos e efetivos para ajudar jovens sem privilégios a solucionar seus próprios problemas e identificar suas necessidades urgentes para saúde e ganhos financeiros.
PH Antonello Veneri
Sessão 1 = meus objetivos PESSOAIS = observações da minha caminhada na comunidade
Sessão 3
Sessão 5
= pesquisa de mercado
= meus custos de vida = meus desejos
Sessão 2
Sessão 4
= minhas habilidades de NEGÓCIO = olhando mais perto
= meus clientes = meu local de negócios = como vou atrair clientes?
= meu custos de capital = meu custos operacionais = meu custos iniciais de negócio
Sessão 6 = meu lucro = meu orçamento
Sessão 7 = meu objetivo de negócio
Sessão 8 = meu plano de negócio
Cada sessão do curso contém várias atividades que são designadas para atrair os jovens como participantes ativos de seu próprio aprendizado. Este curso usa discussões em grupo e exercícios interativos, onde os participantes falam tanto quanto os jovens trabalhadores. Estes tipos de atividades fornecem aos participantes uma chance de compartilhar suas ideias e aprender sobre conceitos de negócios ao experimentá-los em primeira mão. As técnicas específicas usadas no Kit de Ferramentas de Negócios de Rua incluem:
Auxílios visuais e histórias
Jogos
Revisão simplificada
Tabelas
Conteúdo e vocabulário
Treinamento
A parceria com Street Kids Internacional iniciou no período de novembro de 2010 até os dias de hoje, formando colaboradores, jovens e parceiros. Essa aliança provocou importantes processos na Associação Lua Nova, entre os quais se destacou a reflexão entre a rede de organizações parceiras acerca do empreendedorismo e sua aplicabilidade junto a populações vulneráveis, bem como a importância de processos de incubação em organizações sociais.
Desafio: do negócio à inclusão É uma metodologia de ação grupal e comunitária de desenvolvimento de potenciais e inclusão econômico-social. O Desafio é uma proposta que visa “sair” do papel para entrar na “ação”, passando do plano das ideias ao plano da concretização, para criar valor e gerar inclusão. É um convite a sonhar com o direito de realizar. O Desafio está formado por 10 tarefas. Cada tarefa tem um prazo médio de uma semana para a sua realização. Ao finalizarem as 10 tarefas no tempo correspondente, todos os grupos terão conseguido criar um empreendimento com produtos ou serviços de qualidade.
1 - Quem sou eu?
2 - Os empreendedores
4 - Vinculados: o mapa das relações
3 - A ideia do negócio
5 - Desenvolvimento do produto
6 - Mergulhando no mercado
Componentes das Tarefas Estes itens servem como apoio para que o grupo possa guiar-se na realização de cada etapa do plano de negócio.
7 - A produção
Material de Apoio É um material em formato de “cartilha”, que aborda os conceitos a serem tratados na tarefa. Ele contém dicas e informações que ajudarão o grupo a concluir os produtos solicitados na tarefa. Tratase de uma frase, provérbio ou dito popular que servirá como motivação para o grupo. O grupo poderá ampliá-la e colocá-la nos locais das reuniões para que fique sempre à vista.
8 - Divulgação e Marketing
9 - Hora de venda
10 - Sistematização do processo
Prazo É o tempo máximo que o grupo tem para concluir cada tarefa. Este prazo varia de uma até duas semanas entre as tarefas.
Era uma vez Todas as tarefas contam com uma história a ser lida pelo grupo. São histórias reais ou fictícias que podem inspirar o grupo com respeito ao tema tratado na tarefa.
Produto É a missão da tarefa que o grupo deve entregar no prazo estipulado. O formato das missões pode ser: Texto, Vídeo, Fotonovela, Desenho, Mapa, Apresentação Gráfica, Pesquisa.
Filmes Os filmes da tarefa são vídeos, comerciais e curta metragens, indicados para estimular a criatividade em cada tarefa, encontrados na internet - em especial, no site YouTube - para que todos os grupos possam encontrá-lo. Em algumas tarefas, são recomendados - mas não obrigatórios - alguns longa metragens que podem ser encontrados facilmente em locadoras de vídeo ou DVD.
Avaliações As avaliações são divididas em duas partes: · Avaliação coletiva – é a avaliação feita pelo grupo que realizou a tarefa. Serve para entendermos se os itens de apoio puderam ajudar o grupo a desenvolver a tarefa e, também, qual o sentimento do grupo ao final da tarefa. · Avaliação dos jurados – são os critérios que os jurados usarão para avaliar cada uma das tarefas. Esses critérios são de conhecimento dos gestores dos grupos, para que possam orientar os participantes sobre a qualidade do produto.
Tarefa 1 2
3
Descrição A tarefa “Quem sou eu” é a única tarefa individual que ocorrerá durante o desafio. Preencher a cartilha que acompanha o material.
A tarefa visa à criação de um grupo compacto, habilidoso e competente.
Nesta semana, damo-lhes algumas dicas de como aprimorar essa ideia e algumas tarefas que lhes ajudarão a colocá-la em prática! Imaginar o seu sonho realizado e seu empreendimento dando certo de hoje a alguns anos e vão descrever, em uma página, como é que isto aconteceu, os sentimentos que isso provocou, os momentos mais importantes, as pessoas que estiveram junto, etc.
A tarefa Vinculados: o mapa das relações consiste na elaboração de um mapa de rede do grupo.
4
Produtos 1 – Cartilha preenchida resgatando a história individual de cada participante.
1 – Um filme de sete minutos, como indicado no item: Apresentação da Tarefa. 2 – A história de um empreendedor do bairro escolhido pelo grupo, como indicado no item: Pesquisa da Semana
Tarefa 5
6
1 – Um caso de sucesso de seu empreendimento coletivo 2 – Uma pequena apresentação com a síntese da pesquisa da semana, incluindo os detalhes solicitados e o nome dos integrantes da equipe que participaram desta etapa.
7 1 – Um mapa de relações colorido de acordo com as indicações colocadas no slide de Apresentação da Tarefa. Ele pode ser feito em papel e, logo, escaneado para ser colocado na plataforma, ou feito diretamente no computador e colocado também na plataforma. Vocês tiveram outra ideia? Ótimo! O importante é que a tarefa esteja no site no prazo combinado! 2 – Uma pequena apresentação que sintetize a pesquisa da semana.
8
Descrição A tarefa consiste em fazer um jornal de, no máximo, três páginas explicando como foi o processo de desenvolvimento do produto.
A tarefa Mergulhando no Mercado consiste em uma análise do mercado do seu empreendimento, seus clientes, seus concorrentes, o perfil do consumidor, a comunidade na qual ele vai se desenvolver entre outros aspectos importantes. Qual a necessidade? O que ainda não tem? O que precisa em nosso bairro? O que tem disponível na comunidade pode ser melhorado? O que a comunidade gostaria de ter? A Tarefa 07 consiste em elaborar uma fotonovela de, pelo menos, doze quadros na qual seja mostrado como está sendo realizada a fabricação do seu produto ou serviço.
Faça a propaganda do seu produto por meio de um filme de, no máximo, dois minutos.
Produtos 1 – Um jornal de, no máximo, três páginas explicando como foi o processo de desenvolvimento do produto. 2 – Uma pequena apresentação que sintetize a pesquisa da semana.
1 – Uma apresentação criativa e de sua escolha que contenha: (a) o DIAGNÓSTICO do mercado no qual colocarão o produto (b) a ESTRATÉGIA DE VENDA que será utilizada pelo grupo 2 – Uma pequena apresentação que sintetize a pesquisa da semana. 1 – Uma fotonovela de, pelo menos, doze quadros na qual mostre como está sendo realizada a produção de seu produto ou serviço, quais atores estão intervindo, quais parcerias estão sendo feitas entre outros assuntos do seu interesse. 2 – Uma pequena apresentação que sintetize a pesquisa da semana.
1 – Um filme-propaganda de dois minutos do seu produto ou serviço. 2 – Uma pequena apresentação que sintetize a pesquisa da semana.
Tarefa 9
10
Descrição
Produtos
A tarefa consiste em realizar uma ação de geração de renda planejada e executada durante duas semanas. A atividade deve ser desenvolvida pelo grupo e nela deve vender o seu produto ou serviço!
1 – Apresentação criativa de sua escolha da tarefa de geração de renda realizada pelo grupo. 2 – Uma pequena apresentação que sintetize a pesquisa da semana.
O grupo está pronto para fazer do seu negócio um caso de sucesso, desta vez real! A tarefa a se realizar na última semana é um blog, na internet, que sistematize todo o processo.
Um blog na internet que sistematize todo o processo. Deverá conter: * Apresentação da equipe; * Apresentação do negócio; * Especificação da estratégia de vendas; * Os produtos ou serviços oferecidos; * Os locais de venda; * Contatos e parceiros. Colocar: * Todas as tarefas que foram entregues; * O produto e seu processo; * Fotos e filmes; * Histórias.
Incubadora de Habilidades Formação na ação A formação na ação vem como resposta a uma demanda do público com o qual trabalhamos. Existe uma necessidade imediata de concretizar o “fazer” e o “transformar”. Por este motivo, abandonamos os modelos convencionais de capacitação a estágios à produção. A nossa proposta é a ação prática desde o primeiro dia de uma pessoa em qualquer um dos negócios desenvolvidos na incubadora de habilidades. No universo das formações que realizamos, a maior parte das jovens tem reais capacidades de trabalhar na produção profissional tanto dentro como fora da incubadora de habilidades. Destas jovens, uma parte menor torna-se multiplicadora e esse passo está diretamente relacionado ao perfil, desejo e projeto de vida da mesma.
3' Fase multiplicadores
2' Fase produção 1' Fase Formação
VISÃO DA INCUBADORA
MISSÃO DA INCUBADORA
Despertar interesse através de um espaço comum, onde a geração de renda promova a inclusão social e autonomia, para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social, fazendo com que as pessoas tenham oportunidade de trabalho. Para tanto, a incubadora conta com uma rede de parceiros estratégicos.
Propiciar assessoria e fomento para grupos em formação de empresas sociais constituídos por jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade social, com foco no empreendedorismo, despertando habilidades, estimulando a criatividade, guiando para autonomia, protagonismo e sustentabilidade.
Para além da necessidade financeira imediata, temos que entender que as pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, muitas vezes, têm uma relação com o tempo que dificulta a visualização de propostas a médio e longo prazo. Por isso, é necessário apresentar possibilidades reais e concretas que possam ser experimentadas no curto prazo.
Relação de Formação e Trabalho Nossos colaboradores são jovens residentes, ex-residentes e outros jovens e mulheres das comunidades onde atuamos. A relação de formação e trabalho se opera da seguinte maneira: As jovens aprendizes do projeto recebem uma bolsa-auxílio mensal para atender suas necessidades durante esse período. A bolsaauxílio é um grande incentivador e motivador para a participação de jovens em situação de vulnerabilidade. Com ela, as jovens formam sua poupança para investir na fase da reinserção social, realizam atividades de lazer e adquirem outros itens pessoais que necessitam.
As jovens que mais se destacam nos projetos podem se tornar multiplicadoras, educadoras e instrutoras das oficinas profissionalizantes. Para isso, elas devem passar por um período de capacitação para o trabalho social de educadores pares e, assim, passam a fazer parte da equipe operativa do projeto. As prestadoras de serviços e terceirizadas têm uma nova modalidade de relação de trabalho, respaldada em uma nova lei que institui o MEI (Micro Empreendedor Individual). Desse modo, a Associação Lua Crescente contrata essas pequenas empresas como suas fornecedoras de determinado produto ou serviço, ou até mesmo viabiliza outros clientes de acordo com o empreendimento.
Aprendizes: - A jovem ainda está em fase de aprendizado prático, porém desde o início já faz parte da cadeia de produção; - Recebe uma bolsa de, aproximadamente, 1/2 salário mínimo.
Contratadas CLT (registradas) - A jovem torna-se instrutora/ multiplicadora do projeto; - A jovem é funcionária do projeto; - Recebe de 1 a 2 salários mínimos.
Prestadoras de Serviços (MEI) - Trabalha por um período de experiência; - Recebe por produção, aproximandamente, 1 salário mínimo.
Terceirizadas (MEI) - Trabalham por empreitada (quando há mais encomendas); - Recebem por peça produzida de acordo com uma tabela de preços.
MEI – Microempreendedor Individual • O Empreendedor Individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário que fatura, no máximo, R$ 60.000,00 por ano. • Entre as vantagens oferecidas por essa lei, está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais. • O Empreendedor Individual fica isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). • Paga apenas o valor fixo mensal de R$ 60,95 (comércio ou indústria) ou R$ 65,95 (prestação de serviços), destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. • O MEI pode fornecer serviços para quantas pessoas/empresas desejar. • Com essas contribuições, o Empreendedor Individual terá acesso a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros.
A Lua Crescente
Por que optamos por ser uma Associação e não uma Cooperativa?
No caso da Lua Crescente, optamos por uma Associação pelos seguintes motivos:
Associação
Cooperativa
ir um espaço já Precisávamos garant ha de produção, organizado (com lin novos aprendizes clientes, etc) para os
de investimento Necessidade, ainda, s externo para os negócio
rvi ço s qu e nte s pro du tos e se Gr up os co m difere s equipes tra ou de s ependente desejavam trabalhar ind
to e apoio para Falta de conhecimen desenvolver essa ideia
dos participantes Grau de maturidade deveria ser alto
entes
me ro de pe ss oa s Nã o tín ha mo s o nú m assumir a gestão suficiente que quisesse
Mínimo de 20 compon
As associações são organizações que têm, por finalidade, a promoção de assistência social, educacional, cultural, representação política e defesa de interesses de classe. As cooperativas têm finalidade essencialmente econômica. Seu principal objetivo é o de viabilizar o negócio produtivo de seus associados junto ao mercado. A compreensão dessa diferença é o que determina a melhor adequação de um ou outro modelo. Essa diferença de natureza estabelece, também, o tipo de vínculo e o resultado que os associados recebem de suas organizações.
Os negócios inclusivos incubados na Lua Crescente
Criando Arte A Oficina Criando Arte foi nossa primeira experiência na busca de alternativa de renda e trabalho para as jovens residentes na Lua Nova. Ela começou logo após a inauguração da residência em 2001. Desde o começo, tínhamos a inquietação de contribuir com a profissionalização, geração de renda e inserção social das jovens parceiras residentes. A primeira ideia foi trabalhar com a produção de bonecas – que, de alguma forma, inspiravam a sua história de mães e meninas. As jovens se tornam aprendizes e participam da criação de cada produto, aprendendo os passos necessários para sua confecção completa, com a supervisão de profissionais.
Para quê? Acreditamos que o mais importante é descobrir os potenciais da jovem, como utilizá-los e ver o resultado concretizado. Esses três pontos são fundamentais para acreditar em si e perceber que esse mesmo sistema é o que utilizamos para solucionar problemas e criar situações de vida. Colocamos uma ideia simples e lúdica no papel. Logo aprendemos a técnica para confeccioná-la e, por fim, criamos uma peça original. Depois dessa experiência, a jovem visualiza um caminho, um objetivo para o qual precisa se aprimorar cada vez mais, apropriando-se do seu processo pessoal e da sua capacidade empreendedora.
O que ĂŠ ter capacidade empreendedora?
Moeda Social Ferramenta que desperta a capacidade empreendedora e o reconhecimento das habilidades. A moeda social foi um “bônus” criado pela Lua Nova para ser utilizado em transações entre colaboradores, parceiros, clientes e jovens da Lua Nova, dispostos a cultivar a confiança, cooperação, solidariedade, transparência e a distribuição da riqueza entre todos - em vez da especulação, competitividade e concentração da riqueza em poucas mãos. Sua criação se inspira nos conceitos da economia solidária de articulação e trocas da economia, na produção e comercialização de produtos que vão além da lógica capitalista, por beneficiar a comunidade local e trazer desenvolvimento, além de auxiliar a diminuir o poder centralizador da economia capitalista globalizada, e promove a inclusão social. A moeda social da Lua Nova – LUAL – foi idealizada junto à equipe e lançada no Festival de Criatividade e Negócios Inclusivos em 2011, e teve como intuito
possibilitar um novo relacionamento entre as pessoas, valorizando o brilho de cada um. Esta experiência foi vivenciada em um microespaço e, através do improviso, pode despertar o reconhecimento do saber de cada participante que pudesse servir como produto ou serviço para comercialização entre os mesmos. Os LUAIS passaram, então, a ser utilizados como moeda de troca de serviços/habilidades entre os participantes de nossas atividades, como um grande mote disparador de processos de inclusão: Todas as atividades são pagas com LUAIS e, ao participar, cada um recebe também LUAIS em quantidade previamente estabelecidas. O grande desafio da ferramenta é criar uma cadeia de valores entre as pessoas que possa gerar renda para a participação nas atividades e, ao mesmo tempo, valorize suas habilidades e brilhos.
Uma história de recomeços Meu nome é Patrícia, nasci em Tatuí, interior de São Paulo, no dia 2 de agosto de 1986. Minha família sempre foi muito simples, do sítio. Minha avó materna se chamava Conceição e meu avô, Francisco. Eu ficava mais com a minha vó, pois meu avô fugiu e nunca mais tivemos contato com ele. Minha mãe sempre trabalhou muito, saía logo cedo e voltava no fim do dia e, por isso, eu ficava com minha vó o dia todo. Quando eu era criança, ia bastante com ela buscar lenha no meio do mato, porque nós não tínhamos fogão a gás, então ela trazia as lenhas na cabeça e ela sempre dava um pouquinho para que eu ajudasse. Gostava, também, de quando ela ia ao banco receber; nós passávamos em vários lugares para comprar doces e presentes. Minha avó se aposentou como lavadeira de roupas e, na época, era muito difícil ter água na casa, e ela lavava as roupas na beira do rio e eu a acompanhava. Ela tinha medo que eu caísse na água enquanto lavava as roupas (risos). Tudo que era preciso minha avó levava na cabeça: as roupas, a água e até as lenhas. Até eu, quando pegava lenha, colocava na cabeça. Hoje eu ainda acho que consigo levar alguma coisa na cabeça sem cair (risos). O sítio onde eu morava tinha uma casa e um pasto enorme, onde pegava a lenha e perto de um rio onde lavava as roupas.
Da família do meu pai, só conheci meu avô, que ainda está vivo, mas não tenho contato. Lembro-me de ele ser uma pessoa legal. Meu tio, que cuidava dele, não tinha muita paciência e, um dia, ele caiu e bateu a perna e teve que amputar e, por isso, anda de cadeira de rodas. Mora em Tatuí até hoje. Meus pais se conheceram em Tatuí. Meu pai mentiu pra minha mãe, durante muito tempo, que ele não era casado. Mas, na verdade, ele era amante da minha mãe e, aí, ele me gerou. Eu não tive contato com ele, ele sumiu. Só tive contato com o meu padrasto, que judiava e abusava de mim. Ele tentava de tudo para que eu não lembrasse do que ele fazia comigo, mas não adiantou porque eu me lembro de tudo até hoje. Quando minha mãe descobriu que ele fazia essas coisas comigo, ela largou dele e ele foi preso por conta do abuso. Ele não está mais vivo, faleceu de diabetes. Meu padrasto trabalhava com cana, mas eu não sei direito.
PH Antonello Veneri
Quando criança, gostava de andar a cavalo junto com meu irmão Tiago. Todo dia, ele me levava andar a cavalo, dava uma volta bem grande e depois voltava. Também brincava com boneca, mas não gostava muito da boneca, preferia o cavalo mesmo. Na minha casa, nunca teve televisão porque minha mãe não gostava, então não tinha essa diversão, só quando ia à casa dos vizinhos. Não tive muito tempo para brincar, pois comecei a trabalhar na roça cedo, colhendo batatas e feijão e, depois, fui babá, trabalhei de faxineira na casa de uma professora e também fui balconista e garçonete de uma lanchonete. Minha mãe trabalha em casa de família e, desde que eu era neném, ela trabalha na mesma casa - a dona Lurdinha, que foi minha professora. Também trabalha para a Mariza, lavando a roupa, igual minha avó fazia. Tenho três irmãos: Juliano, Márcio e a Maria Edineia. Meu irmão Juliano não está vivo morreu por ser envolvido com a droga, a polícia pegou ele pra ser preso e ai ele “caguetou” a biqueira. O apelido dele no tráfico era “meio quilo”. Quando ele foi solto, os amigos do tráfico o chamaram para fumar crack, mas na verdade foi para matar ele. Entrou numa construção e não saiu mais. Meu irmão Márcio é pedreiro e minha irmã é casada e tem três filhos. Meu primeiro namorado se chamava Douglas, eu tinha vergonha de beijar ele porque eu nunca tinha beijado ninguém. Minha amiga, que é irmã dele, foi quem me ensinou a beijar. Eu falava para ela que o irmão dela ficava pedindo um beijo e eu não beijava porque não sabia. Aí, eu pedi para ela me ensinar a beijar e
ela me ensinou. Meu primeiro beijo foi em uma mulher. Mas, na verdade, quem deveria ter me ensinado era ele, mas acho que nem ele sabia também (risos). Depois que eu aprendi, saímos para “ficar” e nos beijamos. Depois veio meu segundo namorado que se chamava André. Tive um na escola também que ficava me mandando cartinha e eu respondia todos os dias as cartinhas dele. (risos) O primeiro contato com a droga foi com 13 anos, junto com meu irmão Juliano. Sabia que ele mexia com droga e ficava olhando tudo que ele fazia. Ele fumava mais maconha que crack e, como eu não conhecia maconha, eu pensei que a maconha era esterco da vaca que ficava no pasto da minha casa, porque toda vez ele ia fumar maconha ele ia para o pasto. Até que um dia, eu e mais um amigo enrolamos um cigarro com o esterco da vaca para fumar, mas meu irmão chegou a tempo e não deixou a gente fumar. Ele disse que aquilo não era maconha e sim esterco. Então, ele enrolou um cigarro de maconha para que eu fumasse junto com meu amigo e, na sequência, fui pra escola. Fiquei deitada na carteira porque não estava bem e a professora me xingando, dando reguada e me perguntando o que tinha acontecido comigo. A primeira experiência com o crack foi aos 14 anos. Meu irmão veio me pedir dinheiro para comprar a droga, e como eu trabalhava na roça, eu emprestei, mas disse que só daria o dinheiro se eu pudesse fumar junto. Meu irmão trouxe e me explicou como fumava, como fazia com a lata, a cinza de cigarro e etc... Depois, quando fui perceber, já estava viciada e indo a biqueira comprar e fumar. Não culpo meu irmão porque ninguém enfiou a droga na minha boca, fui eu que quis.
Meu primeiro filho, o João Vitor, é filho do José Dorgil. Quando engravidei, estava em uso do crack e no oitavo mês, em 2002 - foi que tive o primeiro contato com a Lua Nova. O conselho tutelar me trouxe para a cá, para que eu me recuperasse e tivesse meu filho bem, mas eu fugi no terceiro dia e voltei pra Tatuí. O juiz ficou sabendo e falou que ia tirar o João de mim assim que ele nascesse. Aí, ele nasceu e o juiz realmente tirou. Eu voltei, pedi abrigo pra Raquel e fiquei lutando para recuperá-lo. Trabalhei no Criando Arte fazendo bolsas de fuxico e, em 8 meses, tive o João de volta comigo, fiquei por 2 anos morando no abrigo; fui liberada pelo juiz para me reinserir. Tia Cláudia e a Tia Dora me levaram de volta para casa, fiquei apenas dois dias na casa da minha mãe e já amiguei com o Cláudio. Foi a pior besteira que eu fiz. Ele me pediu em namoro, eu aceitei e fui embora com ele. Fiquei com ele durante 6 anos e todo esse tempo sem fazer o uso do crack. Tentamos até ter um filho, mas não conseguimos. No começo, era trabalhador e fazia tudo pra mim e pro meu filho, mas depois de um tempo ele começou a vender droga e eu não sabia. Quando eu descobri e vi droga nas coisas dele, tive uma recaída e nos separamos, e fui para rua junto com meu filho, até ele ser acolhido por uma mulher que cuida dele até hoje. Nesse tempo de recaída, fiquei na rua e engravidei da Raquel Vitória, minha segunda filha. O pai da Raquel Vitória, eu
não tenho muita certeza quem é, mas acho que é o Paulo, porque antes de começar a me relacionar de vez com o Paulo, eu ficava com um menino, mas quase certeza que é o Paulo mesmo o pai da Raquel Vitória. Tive a menina no Hospital Regional de Sorocaba e pude ficar só 20 dias ao lado dela, e depois já me separam e ela foi para o abrigo de Tatuí. Novamente, resolvi pedir a ajuda da Raquel, para me acolher novamente para que eu me recuperasse mais uma vez do uso do crack e também para conseguir a guarda da minha filha. Faz um ano que eu estou de volta à Lua Nova. Agora estou aqui forte, sem usar droga, esperando o laudo psicológico do juiz para conseguir a Raquel Vitória de volta. Sei que vocês estão fazendo tudo por mim, mas não depende mais de vocês. Hoje meu trabalho é muito legal, faço bolsas e também, quando precisam de mim, faço as roupas da boneca. No Criando Arte, a gente se ajuda: quando precisam de ajuda para costurar bonecas, eu faço o braço, a perna… Quando preciso ajudar para costurar as bolsas, elas me ajudam também. Eu amo costurar. A minha vida mudou muito desde a última vez que eu voltei para a Lua Nova. Hoje estou mais calma - me irrito às vezes, mas bem menos que antes. Eu era agressiva, eu gritava, mas hoje não sou mais assim. Minha irritação, eu acho que é porque eu não estou com a minha filha. Meu maior sonho é conseguir recuperar
minha filha e ter ela perto de mim. Quero também guardar dinheiro e comprar minha máquina de costura para, quando eu for pra minha casa com a minha família, poder trabalhar. Hoje eu também sou feliz por ver minha família feliz, por eu estar longe das drogas e da rua.
PH Antonello Veneri
O que esperamos com a geração de Renda? Favorecer a inclusão social das jovens. Estabelecer condições para autonomia econômica e sustentabilidade para si e seus filhos.
Desenvolver posturas adequadas à sua inserção no mundo do trabalho.
Desenvolver a percepção dos fatores de risco e de proteção a que está exposta.
Identificar e relacionar-se com suas potencialidades e fragilidades. Fortalecer autoestima.
Aprender técnicas de produção e comercialização de bens que reverta em renda.
Desenvolver a percepção da responsabilidade que têm sobre a qualidade de vida própria, do outro e do ambiente natural.
Desenvolver a criatividade e aplicá-la em seus projetos de vida.
Construir conhecimentos que as auxiliem no desenvolvimento da cidadania.
Desenvolver ações solidárias que lhe permita doar e não só receber.
Aprender a criar Um ponto forte do Criando Arte é o desenvolvimento de produtos – um desafio enorme para as jovens. Não pode haver acomodação, e a imaginação deve ficar sempre viva. A oficina, portanto, não constitui um espaço rígido de profissionalização. Buscamos um caráter de acolhimento, que propicie às jovens a experimentação. Elas podem criar, brincar com uma boneca em seu colo… Existem as regras, mas também a possibilidade de mostrar seu potencial e ser reconhecida por ele. Muitas vezes, elas não se julgam capazes de iniciar um trabalho na confecção. Mas, com o tempo, com a possibilidade de aprender aos poucos, experimentar e escolher, acabam se encontrando dentro deste espaço. Por isso, temos que respeitar a criação das jovens, pois colocam a história delas nas suas criações. Mostramos, sim, o que pode e deve ser aperfeiçoado, mas jamais ignoramos ou deixamos de observar um produto confeccionado. Este é um trabalho bastante complexo, delicado, pois trabalhamos com a descoberta de potenciais de cada uma. Nesse sentido, quatro ações são importantes:
Banco de Ideias
Composto por palavras, objetos, moldes, desenhos, fotos e bonecas, constitui uma fonte para diversificação e desenvolvimento do trabalho.
Guarda a história do projeto, mostrando o amadurecimento do grupo, as ideias que não vingaram e as que viraram sucesso.
Grupo de Criatividade Desenvolve a percepção, a criatividade, estimula a imaginação. É um espaço lúdico, livre e divertido. Utilizam-se de todo o tipo de técnicas manuais e industriais, noções básicas de teoria da cor, estilo e moda.
O Desfile de Produtos é o trabalho final do Grupo de Criatividade. Durante os encontros, cada jovem cria seu produto com a ajuda e sugestões do grupo. O setor de produção aproveita e utiliza os modelos que consideram originais e vendáveis.
Novos Produtos
A equipe discute sobre a viabilidade das ideias registradas no Banco de Ideias e decide quais modelos entrarão no processo produtivo.
O setor de custos pesquisa o preço da matéria-prima, verifica fornecedores e detalha custos. O preço de venda é, depois, calculado, acrescentando-se os custos para distribuição, transportes, impostos e embalagens.
Protótipos e modelos
Aprovada a ideia, ela se transforma em um produto vendável no “setor” de protótipos e modelos. Participam da atividade desde jovens aprendizes a artistas convidados e a costureirap i lot ei ra , q u e f a z os protótipos.
Linhas de produtos Diferentes linhas de produtos são criadas e produzidas pela Oficina Criando Arte. Nascem da criatividade, experimentação e troca de ideias e técnicas dentro do grupo. A cada ano, produtos das diferentes linhas são escolhidos para compor a coleção a ser produzida no período.
Acessórios
Bolsas, chaveirinhos, fantasias, mochilas, almofadas, aventais, etc.
Linha das Diferenças – Bonecas e bonecos negros, brancos, indígenas, orientais, ruivos, albinos, com óculos, com aparelhos, gordos, magros.
Brindes
Bolsas, pastas, etiquetas, embalagens, capa de agenda, chaveiros, etc.
Linha Folclórica – Saci, Iara, Curupira, Baianinha, Caipira, Carnavalesca.
Bonecas
Linha pedagógica: Bonecas e bonecos representando a família, o juiz, o médico, bem como crianças sem rosto, etc.
Linha Fantasia Duende, Duende das Flores, Anjo, Bruxa, Bailarina, Palhaço, Jovem Maluquinha, Fada, Noiva, Noivo, Adão e Eva, Homem das Cavernas, Padre, Cozinheiro, Papai Noel.
Todas as cores O preconceito e a discriminação marcam a vida das jovens, seja por ser negra, pobre, mãe solteira ou homossexual. Desta forma, o tema da diversidade precisa ser trabalhado. A Linha das Diferenças cria uma oportunidade de reflexão, diálogo e dissolução de conflitos.
Linha Maternidade bonecas parto normal, o parto cesariano, médio, enfermeira.
Linha das Tribos Jovem Fashion, Skatista, Surfista,Hair, Eu Mesma, Dominique, Garota de Ipanema. Penélope Charmosa.
São diversos, tanto para adultos, crianças e para a casa.
Facilitam o trabalho preventivo e terapêutico no caso de abuso sexual.
O objetivo é promover a diversidade, a aceitação e o respeito pelas diferenças.
O objetivo desta linha é desenvolver a capacidade de se divertir de maneira saudável. Fortalecer a criatividade, a imaginação e a capacidade de resolver problemas de maneira lúdica.
Podem ser feitos modelo exclusivos aos clientes.
Acreditamos que estes bonecos poderão também ser usados de forma informativa, pedagógica e preventiva, nas escolas e comunidades. Esta linha visa fortalecer vínculos com a nossa cultura, história e saber popular. Valoriza a riqueza e diversidade das regiões de nosso país.
Valoriza os diferentes grupos com seu visual, códigos, símbolos, signos que definem uma cultura própria para se diferenciar e, simultaneamente, construir um mundo diverso e rico.
Problemática complexa
Linha Terapêutica -Abuso Sexual Como parte das atividades do Criando Arte, foi desenvolvida a Pedagogia da Mudança para abordar o tema do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes de forma não invasiva, por meio da elaboração conjunta de produtos que derivam das histórias que, aos poucos, são contadas pelas jovens residentes da Lua Nova.
O abuso sexual intrafamiliar e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes precisam ser entendidos em suas várias questões: o segredo familiar, o medo, a (re)incidência em todas as classes sociais e várias idades, a impunidade do abusador, a fuga de casa, as consequências. Tais questões devem ser enfrentadas com um sistema de garantia de direitos, ações preventivas, oferta de serviços de proteção para as pessoas vitimizadas, bem como da punição aos agressores. Ainda que de forma não determinante, crianças, adolescentes e jovens expostos e submetidos à violência física, psicológica, sexual e social são os que mais rapidamente ingressam na rede de prostituição e do uso de drogas.
Marcas da violência Durante as oficinas, pudemos mapear os principais problemas e demandas advindas de situações de violência, abuso e exploração sexual vividas pelas jovens:
Sexo como algo negativo Sexo ligado a problema, morte, interrupção de um momento ou fase da vida. Relatado como trauma. Sexo ligado ao desconhecido, à falta de experiências boas. Sexo ligado à violência ou abuso. Sexo ligado à falta de prevenção, de conhecimento do seu próprio corpo, do desenvolvimento sexual, do desejo e da feminilidade. Repressão da própria sexualidade e da descoberta espontânea. Esta repressão começa pelos outros, depois é assumida pela própria jovem, que a repete com os seus filhos e as crianças em geral.
Demandas quanto à sexualidade
Kit Multiplicador A partir do trabalho nos Grupos de Criatividade e Sexualidade, foi desenvolvido um kit de prevenção para as questões de abuso e exploração sexual com um conjunto de bonecos desenvolvidos pelas jovens na oficina Criando Arte. O kit tem sido utilizado pelas instituições que atuam nos Polos de Prevenção de Abuso e Exploração Sexual, bem como por algumas escolas da cidade de Sorocaba e, obviamente, pela própria Lua Nova.
Lidar com o sexo como uma ideia natural e saudável. Saber que existem formas de desfrutar e ter prazer sem pagar um preço alto ou sofrer consequências negativas. Compreender que o sexo é só uma parte da sexualidade. Ter acesso à educação sexual, prevenção e informação. Ter acesso a material ou ferramentas de informação sobre sexualidade, em linguagens acessíveis e variadas. Ex.: livros, filmes, música, teatro, fotos, brinquedos... Criar um espaço onde se possa falar de tudo, sexo, medos e outros assuntos “tabus” que não sabem como falar. Ser respeitada em momentos de confusões ou de mudanças em sua orientação sexual. Aprender a lidar com o preconceito aos homossexuais e como lidar com as perguntas das crianças com relação a este tema.
Conteúdo do Kit • Família Extensa – Conjunto de bonecos representando uma família extensa, incluindo pais, avós, tios e irmãos – os principais protagonistas das violações conforme as estatísticas. Porém, no kit, os personagens não são identificados, deixando que as vítimas os nomeie espontaneamente. Por meio deles, surgem também informações sobre dinâmica e convivência familiar. Os bonecos são articuláveis, as roupas podem ser facilmente retiradas e ainda apresentam órgãos genitais de acordo com a anatomia do estágio de desenvolvimento sexual representado pelos bonecos • Fantoches – A ideia é facilitar o contato do profissional com a pessoa que tenha sofrido violência, pois com o fantoche ela pode conversar na terceira pessoa. Desta forma, a vítima apresenta menos resistência para falar sobre a violência sofrida. • Fantasia – Foram agregados ao kit materiais lúdicos e que retratam o imaginário infantil, permitindo que as crianças também possam solucionar “fantasiosamente” o seu problema. Com varinhas mágicas, elas podem imaginar que o problema foi resolvido como um passe de mágica. Esse mecanismo defensivo que as crianças podem usar tornam as situações traumáticas mais suportáveis para seu psiquismo. Com o mesmo propósito, foi criado um livro de pano, com personagens – móveis – de ambos os sexos, símbolos representativos como casa, árvores, flores, guarda-chuva, além de heróis infantis, com os quais a vítima poderá reproduzir a sua estória com um final feliz, se assim ela quiser. • Fluxograma para os profissionais – Para facilitar o trabalho do profissional que lida com as vítimas de abuso e exploração sexual, foi produzido um fluxograma com os contatos de todos agentes, instituições, órgãos públicos e privados que possam colaborar com o atendimento multidisciplinar a este tipo de clientela. Serve, acima de tudo, para orientar o profissional quanto ao melhor encaminhamento a ser dado à vítima, de acordo com os recursos existentes no município. Com a ajuda do fluxograma, é possível organizar o trabalho em três fases: prevenção, atendimento e acompanhamento - tanto para vítima quanto para familiares e agressores.
Aprender a produzir “A rotina é assim: chegamos, uma corta, outra costura, outra pinta, vai enchendo, vai marcando... Cada uma tem uma função específica, mas quando há pedido grande, todas colaboram para atender a encomenda. Quando veio a encomenda da Itália de 400 bolsas, fizemos 75 por dia!”, residente da Lua Nova. Após a aprovação de cada novo produto, são definidas as metas de produção, as etapas de trabalho e a equipe envolvida. Inicialmente, as jovens passam por um rodízio de funções e técnicas para entender e aprender o processo da confecção de uma boneca do começo ao fim. Num segundo momento, define-se uma rotina, na qual a jovem escolhe o setor com o qual se identificou ou tem mais potencial a ser desenvolvido. O próximo estágio é o aprimoramento das técnicas. Apropriar-se do fluxo da produção junto às suas companheiras, descobrir as possibilidades de otimizar os recursos, assim como resolver problemas ou situações imprevistas. Em todo esse processo, trabalhamos também a preocupação com a organização e a limpeza do espaço da oficina, que complementa o trabalho feito sobre a higiene pessoal, da casa e das crianças. No Criando Arte, as jovens participam da limpeza e manutenção do espaço de produção, equipamentos, ferramentas e materiais.
“A rotina é assim: chegamos, uma corta, outra costura, outra pinta, vai enchendo, vai marcando... Cada uma tem uma função específica, mas quando há pedido grande, todas colaboram para atender a encomenda. Quando veio a encomenda da Itália de 400 bolsas, fizemos 75 por dia!” (Residente da Lua Nova)
Lixo vira beleza O reaproveitamento de materiais tem, pelo menos, três funções importantes. O primeiro é econômico: aprender a transformar em dinheiro um material que outros ou elas mesmas jogam fora. O segundo é assumir uma atitude ecologicamente correta. O terceiro é bastante valioso. É uma metáfora do que está acontecendo dentro delas, ter um olhar novo para elas mesmas, conseguir reorganizar e criar uma nova situação de vida. O valor e o potencial que enxergamos em cada material descartado nos permite reorganizar e criar uma coisa nova. Da mesma maneira, poderão olhar para seus próprios recursos e potenciais e transformá-los em algo novo.
Participar da gestão A Lua Nova busca compartilhar a gestão da Oficina Criando Arte e outras iniciativas de geração de renda com as jovens parceiras residentes. Com a experiência e o desenvolvimento pessoal das jovens, elas vão se apropriando do processo produtivo como um todo, assumindo funções, responsabilidades até o momento de estarem prontas para se emancipar e conduzir seu próprio empreendimento. Nesse processo, algumas estratégias se mostram valiosas para favorecer a autonomia e iniciativa das jovens. Funções – Definimos funções claras na equipe: coordenação, controle de estoque, definição de custos, venda, controle de qualidade, compra de materiais etc. Ter uma função e poder tomar decisões, ser uma referência e poder ensinar quem está chegando significa ser cada vez menos assistida e cada vez mais parceira. A vivência numa equipe estruturada impulsiona – às vezes, pela primeira vez – a vivência coletiva com valores de respeito ao outro. A construção
de novos valores por meio da produção conjunta ajuda a descobrir a necessidade da comunicação e a superar o discurso inicial das jovens - “não posso”, “não consigo”, "não sei", "não tenho".
resultados, tomam decisões, pensam estratégias, esclarecem dúvidas, e o mais importante: exercitam uma comunicação respeitosa e uma tomada de decisões coletiva.
Regras – O regulamento interno vai se constituindo com as decisões tomadas por todos nas reuniões, depois de serem explicadas, analisadas, discutidas, votadas e aceitas. Dizem respeito a cumprimento de horários, metas pessoais, destinação do dinheiro, cuidados de higiene, organização, respeito e comportamento. Funcionam com um elemento de autocontrole e de equilíbrio do grupo. Busca ser um mecanismo democrático e horizontal, evitando problemas de excesso de poder ou negligência. O exercício da responsabilidade é um grande aprendizado para o grupo.
Definições de Metas – Na reunião semanal, são definidas metas para cada uma e para o grupo. Marca-se um caminho, um rumo, com estágios a serem atingidos. Essa definição clara de metas é importante como estratégia de autossuperação e interação, respeito, equilíbrio e justiça no trabalho de uma com a outra. Entre outras, estabelecem-se: Metas de organização, higiene e acolhida das jovens aprendizes. Metas de aprimoramento de técnicas e reaproveitamento por setor. Metas pessoais de produção, administração ou vendas.
Reunião Semanal – Semanalmente, a equipe inteira se reúne para trocar informações e conversar sobre a oficina como um todo. Falam sobre todos os setores (da criação à venda), expõem
Multiplicando oportunidades Ao deixar a residência Lua Nova, algumas jovens, que foram morar em casas alugadas nos bairros de periferia da cidade de Araçoiaba, Votorantim e Sorocaba, continuam trabalhando no Criando Arte. Ao receber uma encomenda muito grande, não conseguiam produzir tudo sozinhas e passaram a terceirizar a produção de algumas peças da boneca para outras mulheres vizinhas que necessitavam de renda tanto quanto elas. Além do benefício concreto para a comunidade, esse processo contribui para a conquista de um novo espaço social pelas jovens: de “marginalizadas” passam a ser pessoas com conhecimentos e oportunidades a compartilhar.
Empreiteira Escola Em 2004, a Lua Nova criou uma Empreiteira Escola que forma jovens mulheres para trabalhar na construção civil e, ao mesmo tempo, capacita-as para serem multiplicadoras da tecnologia – que passou a ser chamada “Construa sua Vida”. Numa primeira fase, as jovens estão aprendendo a técnica de fabricação dos tijolos e pintura em parede e já começaram as construir suas próprias casas como projeto-piloto. Num segundo momento, poderão prestar serviço (produzindo e vendendo tijolos, construindo casas), bem como capacitar outras mulheres para o trabalho. O públicoalvo inclui a população de baixa renda que sonha com a casa própria, bem como prefeituras com políticas sociais de habitação popular. Desde o início, a Lua Nova se vinculou a diferentes parceiros para viabilizar a ideia: Ação Moradia (organização social, sediada em Uberlândia-MG, que desenvolve projetos de fabricação e autoconstrução de casas de tijolos ecológicos), a Faculdade de Engenharia de Sorocaba (que desenvolve tecnologias de construção de casa de baixo custo), a Physis e Mundo Pet (organização social ligada a reaproveitamento de materiais) e o Centro Nordestino de Medicina Popular (para o aprendizado de hortas medicinais).
Por que tijolos? As estatísticas mostram que o déficit habitacional afeta famílias brasileiras que recebem três salários-mínimos ou menos. Além disso, existem cerca de 6 milhões de habitações totalmente precárias, pelo seu tipo ou por sua localização inadequada, sem acesso aos serviços públicos urbanos – este é o déficit qualitativo. A demanda por habitação cresce 5% ao ano; trata-se de uma demanda anual por 600 mil novas unidades, só por causa do crescimento da população. As jovens residentes da Lua Nova fazem parte dessa população excluída do direito à moradia. Ao sair da residência, passam a viver de aluguel, no qual investem grande parte de sua renda. Além de proporcionar uma alternativa para as jovens terem sua casa própria, a Empreiteira Escola quer transformá-las em agentes de transformação da realidade comunitária, gerando ao mesmo tempo trabalho e renda. A venda de tijolos ou de serviços poderá gerar renda de, no mínimo, 2,5 salários-mínimos às jovens residentes da Lua Nova, havendo também a possibilidade de trabalho com convênios públicos e empreiteiras.
Para quê? No processo de autonomia e inserção social das jovens, a conquista de um espaço onde morar com seus filhos, com tranquilidade e estabilidade, é essencial. É uma condição concreta para viver em família e se inserir na comunidade. O diferencial do projeto está na construção e prestação de serviços feita por jovens mulheres, incomum no setor da construção civil, com potencial de qualidade e confiabilidade. Oferecer moradia a famílias carentes, ensinando-as a conquistar esse bem, demonstrar que é possível construir casas de baixo custo sem perder a qualidade, utilizar técnica simplificada e econômica de tijolos ecológicos e produzir coletivamente agregam simplicidade e resultados no resgate da dignidade e desenvolvimento sustentável de comunidades.
História de Quem Faz Eu nasci em Guarujá, e com um mês e meio de nascida eu fui levada para um abrigo. Eu fiquei lá por algum tempo. Nunca conheci meus pais apenas sei o nome deles pelo meu registro de nascimento. Quando eu tinha 12 anos, eu me envolvi com drogas. Acho que foi a revolta, eu já estava cansada de abrigos… E não demorou muito eu estava sendo usada pelos traficantes. Aí fui para outro abrigo, onde eu fiquei até os meus 13 anos. Às vezes, eu saía do abrigo sem permissão, mas sempre voltava como se não tivesse acontecido nada. Quando eu tinha mais ou menos 14 anos, eu fui abusada. Nossa como é complicado…Aí eu soube que eu estava grávida. Que desespero, como eu fiquei confusa. Mas, apesar de tudo, eu nunca pensei em interromper aquela gravidez. Quando eu tive a minha filha, o abrigo me encaminhou para a Associação Lua Nova. Assim que cheguei, eu senti medo. Talvez medo de ficar sozinha, de não ter ninguém. Mas, hoje eu me sinto em casa. A Lua Nova já faz parte da minha vida. Lógico que temos as nossas dificuldades, mas são normais. Foi aqui que eu vim aprender muitas coisas, em especial, de cuidar da minha filha, aprendi a lhe dar carinho e dizer o quanto ela é importante para mim. Eu não tinha responsabilidade como mãe. Na Lua Nova, eu aprendi a sonhar. Quando surgiu o projeto de construção das casas, eu tinha acabado de retornar para a Lua Nova,
estava esperando meu segundo filho. Eu logo me identifiquei muito com o projeto. Trabalhar fazendo tijolos não é fácil. É um pouco pesado, mas quando queremos alguma coisa e temos que correr atrás, tudo se torna mais fácil. E as pessoas que trabalham aqui são muito legais. A nossa maior dificuldade, muitas vezes, é a falta de material que, muitas vezes, ficamos sem trabalhar por esse motivo. Eu espero que o projeto cresça a cada dia, junto com cada jovem que está aqui. Paula tem 18 anos e é mãe de Karen e de Marcos *.
Padaria Em 2002, a Lua Nova iniciou uma nova frente de profissionalização: o Buffet-Escola. As jovens aprenderam a servir e começamos a atuar em alguns eventos, especialmente, festas de confraternização de organizações não-governamentais. Entretanto, a falta de apoio financeiro para o projeto levou a desistir desta ação como geração de renda e a transformá-la em um espaço de voluntariado das jovens em outras instituições. A ideia foi retomada dois anos mais tarde, em 2004, quando algumas jovens residentes participaram do projeto Jovens em Ação, uma parceria da Aracati Agência de Mobilização Social com a Ashoka Empreendedores Sociais. Evoluiu, então, para a proposta de uma padaria, batizada de Lua Crescente. Apesar de ser um empreendimento de baixo custo e alto potencial, o projeto perdeu fôlego com a dispersão do grupo inicial. Apenas duas delas deram continuidade, produzindo pães e bolos para consumo interno e pequenas vendas. Finalmente, em 2005, a proposta ganhou novo impulso. Interessadas na área de alimentação, algumas jovens participaram de um curso sobre horta caseira e produtos medicinais. Algumas voluntárias também ensinaram a fazer biscoitos artesanais. Nesse momento, surgiu a oportunidade de
apresentarmos a ideia para a Associação Caminhando Juntos (ACJ), que apoia empreendimentos jovens. O sonho da padaria pode, assim, ressurgir como uma possibilidade mais concreta, com o apoio financeiro necessário.
Por que biscoitos? Nutrir a si mesmas e a seus filhos. O desejo de produzir alimentos gostosos sempre esteve presente entre as jovens. E decidimos transformar esse dom numa possibilidade de trabalho e renda. Simbolicamente, ao lado do Criando Arte e da Empreiteira Escola, a Padaria Lua Crescente vem completar a intervenção que realizamos na vida da mãe com o filho: jogar e brincar (bonecas), viver e morar (casas) e alimentar (biscoitos). Inicialmente, o grupo imaginava fazer doces, bolos e pães. Os mais citados sempre foram aqueles que mães e filhos comiam juntos no lanche da tarde. Com o tempo, percebendo a necessidade de desenvolver um produto com prazo de validade maior do que uma semana, as jovens optaram por fazer biscoitos, que também aceitos pelas crianças, mas poderiam ser mais fáceis de embalar, armazenar e vender.
Dia a dia Para começar, as jovens tiveram aulas de culinária, nas quais aprenderam três receitas de biscoito. Prepararam, então, as primeiras fornadas e começaram a oferecer como degustação em cafés e restaurantes. Uma vez aprovadas as receitas, o grupo começou a verificar como vender: para quem, em que quantidade, qual embalagem etc. Decidiram, então, mediante pedido, fornecer os produtos a restaurantes e cafés da região. Também começaram a preparar saquinhos de R$ 1,00 (com 150 gramas) para serem vendidos em faculdades, empresas, feiras e no quiosque da Lua Nova no supermercado Wallmart, em Sorocaba. Por outro lado, surgiram as primeiras encomendas para Coffee Break em seminários e encontros de entidades sociais. Hoje são cinco opções: biscoito de limão, canela, coco, chocolate e amendoim. São 4 kg de biscoito produzidos diariamente, numa padaria artesanal montada dentro da residência Lua Nova. O trabalho é realizado por uma equipe que envolve uma cozinheira, uma educadora e doze jovens. As jovens atuam seis horas por dia – fazem os biscoitos, elaboram receitas e testam novos sabores, além de participar de capacitação contínua.
Outras Histórias de Negócios Inclusivos no Brasil Processo de disseminação da Lua Nova
Brasília - Serigrafia Justificativa Escolhemos desenvolver a impressão serigráfica, pois atuamos com grupos da sociedade que lidam com o 3º Setor, onde se realizam várias ações de arte e cultura. Assim, vimos a oportunidade de trabalhar com estampas e cores neste negócio. O universo em que atuamos está muito relacionado à música, dança e arte em sua totalidade. Vimos na fabricação de uniformes uma oportunidade de externarmos nossa expertise e criatividade.
Ideia de Negócio A princípio, atuaremos com a divulgação de estampas personalizadas para Empresas com as quais já temos feito contato. Planejamos também incorporar como clientes os nossos parceiros de atividades e doadores, que são empresários e microempresários consumidores deste tipo de produto. Esperamos também atender a comunidade local e suas demandas.
Produto Camisetas da marca criada por nós onde a estampa, as cores e todo o processo divulgarão e contribuirão com a diminuição da exposição do indivíduo à droga, suas causas e efeitos.
São Paulo - Padaria Pão de Moça Justificativa Atendemos no centro Marta e Maria cerca de 80 mulheres e m s i t u a çã o d e v u l n e r a b i l i d a d e , s oz i n h a s o u acompanhadas de seus filhos, quase sempre em número superior a dois. Uma pequena parcela tem a chance de ser atendida por serviços socioassistenciais que acolhem estas mulheres por um determinado período, priorizando sua reinserção na sociedade.
Ideia de Negócio Gerar trabalho e renda para as mulheres atendidas pelo projeto Marta e Maria, resgatando sua autoestima e promovendo sua autonomia. A padaria atende a uma demanda existente no bairro do Belém, zona leste da cidade de São Paulo, onde existem poucas padarias, mas que oferecem produtos a preços caros e são mal distribuídas geograficamente. A Associação Reciclázaro também será abastecida pela produção da padaria, além das vendas no atacado e varejo. O sistema de arrecadação sobre a renda será o Simples Nacional e as integrantes adotaram o formato do MEI (Microempreendedor Individual) para a comercialização dos produtos e pagamento dos impostos.
Produto Inicialmente, a padaria trabalhará com o tradicional pãozinho francês, o pão de hambúrguer - já em fase de testes das receitas e pronto para ser comercializado até o final do ano -, outros tipos de pães com recheios e também confeitos, este último mais a longo prazo.
Fortaleza-CE - VÁRIAS Iniciativas Ideia de Negócio Justificativa As mulheres atendidas no Projeto Nova Vida, da Casa da Sopa, são - em sua maioria - mulheres que estão em situação de rua, com idade entre 18 e 45 anos, vivem em condição de alta vulnerabilidade social, sem autonomia financeira, sobrevivem da rede de assistência social formada por OG e ONGs.
Em Fortaleza, surgiu a ideia de negócios individuais, de baixo investimento e retorno imediato. São eles: Ideia 1 – Carrinho de Cachorro Quente Ideia 2 – Venda de água de coco Ideia 3 – Venda de água, café e refrigerantes Ideia 4 – Venda de pastéis
Duque de Caxias - Rj - Buffet Mangarfo Justificativa Mangueirinha é uma comunidade localizada na cidade de Duque de Caxias, periferia do Rio de Janeiro, que comporta em seu território cerca de 6 mil habitantes, segundo o censo realizado pela Associação Brasileira Terra dos Homens no ano de 2009. As mulheres participantes do projeto apresentam um quadro acentuado de vulnerabilidade social. O quadro de violência vivenciado na comunidade é extremo, devido ao tráfico de drogas. Boa parte das mulheres tem sua vida atravessada pela droga. Seja através do próprio uso ou uso de companheiros, filhos ou outros. O grupo de mulheres atendidas no nosso espaço de escuta e acolhimento passou por um ciclo de oficinas (culinária, bijuteria, pintura, tear, biscuit, entre outros).
Ideia de Negócio Após realizar uma pesquisa de mercado, o grupo decidiu apresentar uma proposta de confecção de salgados e produção de brindes em biscuit (porcelana fria). Ambos podem ser comercializados no setor de produtos para festas.
Produto Salgados Biscuit (porcelana fria)
São Leopoldo-RS - Padaria Justificativa As mulheres atendidas na Casa da Rose, na sua maioria já se envolveram com drogas e com o tráfico ou tem familiares próximos envolvidos. Elas tem em média 17 a 40 anos e buscam acolhimento e alternativas para gerar renda.
Ideia de Negócio Inicialmente o grupo pensou na produção de itens de artesanato, mas após um levantamento e pesquisa, escolheu a padaria e confeitaria por ser uma fonte de alimentos para os próprios filhos e do projeto se localizar em uma região de alta demanda gastronômica e falta de profissionais qualificados na área.
Produto Salgados; Bolos; Pães; Doces; Bolachas;
Teresina-PI Cooperativa de Costura Justificativa A criação de uma cooperativa de costura, lugar de boa convivência e geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade, é muito importante como estratégia para possibilitar a conquista de espaços de autonomia, reflexão crítica, autovalorização e bem-estar, condições fundamentais para os processos de melhora de vida, iniciados nas ações de Redução de Danos e Centro de Escuta realizadas pela Fraternidade O Amor É a Resposta, na Vila Ferroviária, e Conjunto Murilo Resende, no Bairro de Ilhotas, Centro-Sul de Teresina-PI. Essa ideia surgiu após a realização de dois cursos de costura na Sede da Fraternidade, quando esta ainda se localizava na casa dos coordenadores da Instituição que, inclusive, proporcionou a colocação profissional de algumas mulheres em uma malharia local.
Ideia de Negócio O objetivo da cooperativa é oferecer um ambiente saudável e a possibilidade de mulheres aprenderem a exercer a profissão de costureiras. A oficina funciona num prédio público cedido pela Coordenadoria de Enfrentamento às Drogas do Estado do Piauí. Os principais clientes são microempresários e população em geral residentes em bairros próximos que são atraídos pela divulgação, qualidade do produto, preços acessíveis.
Produto Bolsas Roupas Camisas
Vitória-ES - Cooperativa de Costura Justificativa A construção do Ateliê permitirá a formação de núcleos produtivos e a possibilidade de geração de renda. Pensada inicialmente através do artesanato, que constitui uma importante fonte de expressão cultural local, bem como se ajusta às necessidades, potencialidades e fragilidades do público do Creas/Pop uma vez que permite autonomia, facilidade de aprendizado, baixo custo e facilidade de escoamento do produto - a demanda por este tipo de produto já fora detectada junto à Secretaria de Turismo de Vitória. Entende-se que essas mulheres/mães, neste caso em situação de rua, muitas vezes estão despidas de relações afetivas mais estáveis, podendo perder o significado do “cuidar” e do “ser cuidado”. Neste cenário, a “magia” do cortar, costurar, transformar, interagir, produzir, comercializar, dar, receber... todo esse cuidado despendido seria propulsor de uma reconstrução e ressignificação de valores e sentimentos introjetados ao longo do processo de socialização dessas mulheres.
Ideia de Negócio
Produto
Através de habilidades já detectadas entre as meninas usuárias do Creas/Pop, entendemos que o ateliê seria a proposta que mais permitiria a absorção das diferenças de trabalho, bem como a rotatividade de indivíduos neste tipo de espaço.
Serão bordados, fuxico, costuras, pinturas, caixas de presentes, bijuterias e o que mais o mercado absorver e as meninas derem conta de produzir. O Ateliê nos permite essa variedade congruente. Mas, iniciaremos com um tipo de produto: as almofadas.
Maceió-AL - Costura e Culinária Justificativa Estar bem vestido é uma forma que os africanos encontram para alcançar a prosperidade. Utilizar elementos de inspiração africana nos ajuda a preservar a identidade, a geração de emprego e renda das mulheres da comunidade, tendo em vista a preservação da cultura do povo brasileiro. O mercado local oferece vestes e acessórios seguindo padrões de fabricação industrial, onde roupas artesanais não são encontradas. Descobrir alguns elementos da culinária afro-brasileira através do preparo do acarajé e seus recheios, desenvolvendo habilidades que influenciam no resgate da autoestima, aliados à geração de renda e reinserção social.
Ideia de Negócio Segmento vestuário: Serão confeccionadas e comercializadas roupas (femininas ou masculinas) com tendência à moda afro. Espera-se reconhecer os participantes como profissionais adequados e motivados ao mercado de trabalho. O público-alvo do negócio são as pessoas que frequentam a região para palestras, encontros, seminários, feiras, lazer e turismo. Segmento culinária: Será comercializado o acarajé, elemento primordial da culinária afrobrasileira. O objetivo é formar e capacitar profissionais que desempenhem a função com higiene, segurança e competência na atividade gastronômica. Pretendemos oferecer produtos alimentícios que satisfaçam o paladar do público em geral. Hoje o mercado conta com a venda desses alimentos que, nem sempre, atendem a um preparo adequado.
Produto Acarajé Roupas com tendência da moda afro
Comunicação
Criatividade/ Inovação
Planejamento
HE
Negociação
1
Avaliação
2 3 Trabalho em equipe
Iniciativa/ Liderança
Instrumentos de avaliação Mapa das Habilidades Empreendedoras (HE) O gráfico abaixo pode ser usado para mapear as habilidades empreendedoras da pessoa antes do início e após o término do Desafio. O mapa se divide em 6 habilidades pertencentes aos seguintes setores dentro da Escola de Negócios Sociais:
Marketing = Comunicação e Criatividade/Inovação Finanças = Negociação e Planejamento Psicossocial = Trabalho em Equipe e Iniciativa/Liderança
O mapa apresenta uma avaliação simples segundo a habilidade composta por três níveis: 1 – Conhecimentos, interesse e vivência inexistentes ou pouco relevantes. 2 – Conhecimentos, interesse e vivência razoáveis. 3 – Conhecimentos, interesse e vivência evidentes ou satisfatórios. O objetivo do mapa das habilidades é tentar mensurar a evolução do despertar ou desenvolvimento das competências das jovens. Não se trata de uma medida exata, mas da percepção que a equipe tem dos logros individuais, antes e após a participação em alguma atividade de Geração de Renda por, no mínimo, 3 meses.
Descrição dos níveis conforme habilidades quanto aos conhecimentos, interesse e vivência: Nível 1 inexistente ou pouco relevantes
Nível 2 Razoáveis
Nível 3 Evidentes ou Satisfatórios
Habilidade
Características
Comunicação
Fala bastante Compartilha pensamentos Extrovertida Fala com os colegas Fala com os educadores Conta histórias, fatos Se expressa com clareza
Nenhuma, 1 ou 2 características
de 3 a 5 características
6 ou mais características
Criatividade/ Inovação
Elabora ideias Apresenta propostas, soluções coerentes Cria oportunidades Traz novos conceitos Utiliza os “ativos” que possui Se expressa através das artes (música, dança, artes plásticas, etc.) Tem capacidade de transformar coisas, objetos, situações
Nenhuma, 1 ou 2 características
de 3 a 5 características
6 ou mais características
Planejamento
Organiza tarefas em etapas Estabelece metas Tem noção de cronograma e tempo Consegue visualizar tudo o que precisa antes de começar uma tarefa Consegue priorizar tarefas Visualiza antecipadamente o que pode acontecer Revê “erros” do passado
Nenhuma, 1 ou 2 características
de 3 a 5 características
6 ou mais características
Negociação
Consegue atender às necessidades coletivas e individuais Capacidade de assertividade (firmeza) Capacidade de ouvir a outra parte Capacidade de definir estratégias Capacidade de criar um consenso Capacidade de ceder em alguns pontos
Nenhuma, 1 ou 2 características
de 3 a 5 características
6 ou mais características
Total de Habilidades marcadas
Habilidade
Características
Nível 1 Nível 2 inexistente Razoáveis ou pouco relevantes
Nível 3 Evidentes ou Satisfatórios
Iniciativa/ Liderança
Faz o que precisa ser feito mesmo sem ser solicitado Resolve problemas em vez de criá-los, ignorá-los ou transferi-los para os outros Consegue tomar decisões Capacidade de iniciar e acabar o que propõe Inicia as tarefas propostas (sozinho ou em grupo) Determina o que deve ser feito
Nenhuma, 1 ou 2 características
de 3 a 5 características
6 ou mais características
Trabalho em Equipe
Ouve os colegas Respeita a diversidade de opiniões Corresponsabilização Compartilha tarefas É solidário com a tarefa dos outros Capacidade de enxergar papeis e funções Consegue estabelecer pactos de convivência
Nenhuma, 1 ou 2 características
de 3 a 5 características
6 ou mais características
Total de Habilidades marcadas
TABELA RELATÓRIO DE ASSESSORIA Esse instrumento é parte do material de monitoramento de projetos do Instituto Consulado da Mulher e vem sendo usado periodicamente pelos negócios apoiados pela Lua Nova.
INSTITUTO
Consulado da Mulher
Situação Atual, Ações e Situação Desejada/Indicadores Priorizados Coloque a pontuação conforme a tabela de indicadores (0, 1 ou 2)
Indicador
1. Existência e aplicação de plano de negócio 2. Existência e aplicação de Regras de Funcionamento e/ou Regimento Interno 3. Registro de reuniões, combinados, assembleias e decisões importantes 4. Existência e aplicação de controles financeiros 5. Processo de Planejamento e Gestão do Empreendimento 6.
Faturamento
7. Renda: Investimento com recursos próprios (em sede, máquinas e equipamentos) 8. Renda: Manutenção de fundos coletivos no empreendimento (incluir na medida criação de fundo social) 9 . Re n d a : M a n u t e n ç ã o e f u n d o s individuais (“férias”, “fundos de garantia”, 13° salário, prêmios, etc.) 10. Renda: valores
Situação Atual (pontuação)
Ações Encaminhadas (c/ responsável e prazo)
Situação Desejada (Indicadores Priorizados)
Indicador 11. Renda: frequência 12. Renda: Trocas Solidárias 13. Formalização do Empreendimento 14.Seguridade Social/Previdenciária (INSS) 15. Certificação Social 16. Jornada de Trabalho 17. Segurança, Ergonomia e Saúde no Trabalho 18. Tomada de decisão 19. Liderança 20. Transparência e socialização das informações 21. Divisão e realização das atividades 22. Articulação com outros empreendimentos de economia solidária 23. Articulação com outros atores e movimentos da economia solidária 24. Acesso a Meios de Produção 25. Acesso a Meios de Comercialização/ Mercados 26. Inovação (Registro de Marcas e Patentes, Tecnologia Social etc) 27. Acesso à Formação Profissional e Continuada 28. Relações de Gênero e Poder dentro do Empreendimento 29.Natureza dos Conflitos 30. Aplicação do Princípio dos 3 R's 31. Certificação Ambiental
Situação Atual (pontuação)
Ações Encaminhadas (c/ responsável e prazo)
Situação Desejada (Indicadores Priorizados)
autonomia em rede Para criar uma nova receita é necessário ser criativo e misturar os mesmos ingredientes de sempre de uma forma nova, diversificar e acrescentar uma pitada de inovação. É difícil pretender ser autossuficiente neste mundo individualista, ainda mais para pessoas que vivem em comunidades vulneráveis. Nossa receita é fruto da experiência na Lua Nova, onde descobrimos que todos podemos ser autônomos e donos de nossos próprios projetos de vida, formando uma rede. Uma rede social solidária de troca e incentivo, uma rede de acompanhamento mútuo dos processos de autogestão dos grupos, onde todos os protagonistas são comprometidos com os mesmos objetivos e ideais. Esta rede amplia as possibilidades de funcionamento, expansão e cria um comércio justo, o qual também exerce um poder de transformador social na nossa cultura consumista. Na nossa receita, estes seriam os ingredientes primordiais, somando de uma forma inovadora, onde surge do próprio grupo,algo criativo que faz parte da sua identidade . Nossa amiga fiel sempre foi a arte que é uma ferramenta fundamental de transformação social. Através da arte se pode descobrir e colocar para fora os potenciais de cada um e os seus sonhos que seriam o motor para querer mudar, crescer, criar e ressignificar suas próprias vidas, e formando parte de uma rede com as mesmas características podemos auto definir e reconstruir pessoas, projetos de vida e comunidades.
Bibliografia CONSULADO DA MULHER. Metodologia de Gestão de Empreendimentos por Indicadores do Consulado da Mulher. Versão 31. Indicadores/2009-10. SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS - SENAD. Mãos criativas: geração de trabalho e renda para a conquista de autonomia de jovens mulheres em situação de vulnerabilidade social. Brasília, 2008. LUA NOVA. DESAFIO. Guia do Facilitador. 2012. STREET KIDS INTERNATIONAL. Kit de Ferramentas para Negócios de Rua Manual do Formador. 2011.
Lua Nova Dando forças para quem tem vontade www.luanova.org.br
SENAD Secretaría Nacional de Políticas sobre Drogas