Iconografia da Serra Catarinense

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pioneira um estudo iconográfico específico de uma região. Através de um trabalho em equipe entre profissionais e especialistas das mais diversas áreas e em parceria com universidades locais, foram levantadas minuciosamente as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e cultural. As belas fotografias, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente ilustrativos, mas são um patrimônio que poderá agregar valores a produtos e serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfica e o resgate da cultura material e imaterial.

ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

O livro Elementos da Iconografia da Serra Catarinense apresenta de forma

ELEMENTOS DA

ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE


pioneira um estudo iconográfico específico de uma região. Através de um trabalho em equipe entre profissionais e especialistas das mais diversas áreas e em parceria com universidades locais, foram levantadas minuciosamente as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e cultural. As belas fotografias, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente ilustrativos, mas são um patrimônio que poderá agregar valores a produtos e serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfica e o resgate da cultura material e imaterial.

ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

O livro Elementos da Iconografia da Serra Catarinense apresenta de forma

ELEMENTOS DA

ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE




ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE


DIEDERICHSEN, Lars Jorge e outros Elementos da Iconografia da Serra Catarinense. Florianópolis: Sebrae/SC, 2006. 1. Iconografia. 2. Santa Catarina 3. Sebrae 4. Design I. Título

Todos os direitos reservados e protegidos por lei de 19/2/1998. Nenhuma parte deste material, texto ou imagens, poderá ser reproduzida nem transmitida sem autorização prévia por escrito do(s) autor(es), sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação.


CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Antônio Edmundo Pacheco ENTIDADES QUE COMPÕEM O CONSELHO DELIBERATIVO Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina - FECOMÉRCIO Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina - FACISC Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC

EQUIPE TÉCNICA

TEXTOS

Fundação Centros de Referência em Tecnologia Inovadoras - CERTI

Especialistas

Iáscara Almeida Varela

Banco do Brasil S.A

Lucélia L. Rodrigues

James Faraco Amorim

Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE

Alceu R. Santos

Lars Diederichsen

Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina – FAESC

Cláudio Silveira

Nelson Camargo (ABCCL)

Federação das Associações das Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina - FAMPESC

Cíntia Studzinski Rafael Antunes

Ulisses de Arruda Córdova

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE

Antonio Rogério de Macedo

Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina - BADESC

Cleberson Espíndola

Caixa Econômica Federal - CEF

Tere Arruda

FOTOGRAFIAS

Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina - FCDL

Chica Grass

Anders Adq

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Vivian V. R. Brandão

Antonio Macedo

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Marcelo Kowalski

Anselmo

Margareth C.F. Merkle

Cláudio Silveira

DIRETORIA SEBRAE/SC

Antonio Edu Arruda

James Faraco Amorim

CARLOS GUILHERME ZIGELLI – Diretor Superintendente

Pedro Donizete de Souza

Lars Diederichsen

ANACLETO ÂNGELO ORTIGARA – Diretor Técnico

Ana Paula Kuhn Gocks

Luiz

JOSÉ ALAOR BERNARDES – Diretor Administrativo Financeiro

Vera Rute Cruz da Silveira

Museu Thiago de Castro

SPYROS ACHYLLES DIAMANTARAS – Gerente de Comunicação e Mercado

Mercedes Maria Gevaerd

Ricardo Almeida

SORAYA TONELLI – Desenvolvimentos de Projetos

Rudimar Cifuentes

Ricardo Vagner

Zilma Isabel P.

CONSULTORIA

MARCONDES DA SILVA CÂNDIDO - Gerente de Projetos Regionais e Setoriais

Rosa Werner

Lars Diederichsen

CARLOS ROBERTO MENEZES - Gestor de Turismo e Artesanato

Iolanda M. de Lima Zanella

DESIGN E CONCEPÇÃO

Regina Ap. Córdova

Lars Diederichsen, Terra Design, São Paulo

PAULO CÉSAR SABBATINI ROCHA - Agente de Articulação

Paulo César S. Rocha

Renata Bressan, Terra Design, São Paulo

DANIEL KELLER ALVEZ - Consultor

Daniel Keller Alvez

ROBERTA TEALDI FOGAÇA - Assistente

James Faraco Amorim

Agradecimentos UNIPLAC



APRESENTAÇÃO O artesanato da Serra Catarinense tem mostrado um grande avanço em relação a qualidade, organização, apresentação e locais de comercialização. Mas a falta de uma identidade restringe a venda de muitos produtos ao mercado local. O Sebrae e parceiros, com o objetivo de fornecer aos artesãos locais e ao público em geral um acervo de imagens, textos e representações gráficas que possam fortalecer a identidade do produto local, lançam o livro Elementos da Iconografia da Serra Catarinense. O acervo iconográfico apresentado, além de aumentar o valor agregado do artesanato local, ajudará a fortalecer a identificação da população com sua região. Com a ajuda de um grupo de especialistas de várias áreas, foram identificados os elementos mais representativos da iconografia da região, encontrados nas artes, na arquitetura, nas paisagens, nos artefatos, na fauna, na flora, no folclore e nas tradições populares. O livro traz belas imagens, representações gráficas e um texto especialmente elaborado para permitir ao leitor entender o ícone dentro de sua realidade histórica e cultural e ainda ampliar seus conhecimentos sobre a fauna e a flora locais. O maior desafio será, sem dúvida, promover e disseminar o conteúdo desse acervo para que ele possa fazer parte do repertório comum. O ícone somente agregará valor aos produtos se ele for reconhecido por sua imagem e seu significado como elemento da cultura local. A publicação servirá como ferramenta para o fortalecimento do artesanato local, acrescentando valor aos produtos regionais; à economia local, como fomento ao turismo e educação dos jovens; como livro de referência, elevando a autoestima e evidenciando nossos patrimônios culturais e humanos.

CARLOS GUILHERME ZIGELLI Diretor-superintendente



METODOLOGIA Ao observarmos pinturas, obras arquitetônicas, até mesmo simples objetos decorados, peças bordadas ou entalhadas, é comum nos depararmos com a pergunta: o que esses objetos significam? O que se esconde por trás deles? Nem sempre os adornos são legíveis ou de fácil interpretação. Esse conteúdo muitas vezes “escondido”, outras claramente visível, é designado como conteúdo simbólico. Esse elemento simbólico na imagem é um valor implícito, um intermediário entre a realidade reconhecível e o reino místico e invisível, estendendo-se, portanto, desde o que é conscientemente compreensível até o campo do inconsciente. Nesse sentido, pode-se dizer que o artista ou artesão é, na verdade, um mediador entre o mundo visível e o invisível. Um ícone cuja beleza, muitas vezes realçada por certa estilização, destina-se inteiramente a revelar o conteúdo simbólico e inspirar o observador. O ícone teve, desde os primórdios de nossa história, uma função importante na visualização do conteúdo simbólico. Os vasos decorados, as pinturas rupestres e outras manifestações artísticas do homem são claros exemplos. Um dos ícones ou símbolos mais estilizados é o da cruz: Cristo crucificado. Imagens simples, estilizadas através de um ícone, facilitam sua leitura como portadora de um vasto conteúdo simbólico do ideário de um povo. Como as imagens se transformam em sinais simbólicos? O ponto de partida de nossa pesquisa foi a identificação dos elementos mais representativos da cultura da Serra Catarinense, encontrados nas manifestações culturais, que chamamos de ambiente cultural, e na manifestação da natureza ou do ambiente natural. O ambiente cultural compreende as ações do habitante da serra através de sua arquitetura, seus artefatos, do folclore, da culinária, das crenças e manifestações populares, compondo um vasto repertório de cultura material e imaterial. Do ambiente natural, por outro lado, fazem parte as principais características naturais da região, como sua fauna, sua vasta flora e seus atrativos naturais, como cachoeiras, rios e relevos. Com a pesquisa em mãos, levantamos com os fotógrafos locais um banco de imagens que serviu como base para a interpretação gráfica dos ícones, cujas representações pictóricas foram estilizadas. Os ícones como portadores deste conteúdo e significado da cultura local somente serão reconhecidos se fizerem parte do repertório do observador, que poderá, através dos textos e fotografias, compreender, apreender e absorver a rica e vasta cultura da Serra Catarinense. Embora este acervo tenha como público-alvo os artesãos que poderão aplicar os ícones nas diversas técnicas manuais, agregando valores culturais e econômicos aos seus produtos, poderá ser utilizado também por todos os interessados em preservar, pesquisar e difundir os valores culturais locais.



INTRODUÇÃO Este trabalho é mais uma iniciativa do Sebrae-SC, através do escritório regional de Lages, visando oferecer ferramentas que possam estimular as micro e pequenas empresas da região serrana a se tornarem competitivas através de valores como a identidade e a diferenciação. O livro Elementos da Iconografia da Serra Catarinense apresenta de forma pioneira um estudo iconográfico específico de uma região. Através de um trabalho em equipe entre profissionais e especialistas das mais diversas áreas e em parceria com universidades locais, foram levantadas minuciosamente as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e cultural. As belas fotografias, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente ilustrativos, mas são um patrimônio que poderá agregar valores a produtos e serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfica e o resgate da cultura material e imaterial. Convido vocês a viajar conosco através da cultura e das belezas naturais da Serra Catarinense.

LARS DIEDERICHSEN Coordenador do projeto



REGIテグ DA SERRA CATARINENSE

Araucテ。ria Uva PedraFurada Cachoeira Truta Igreja Nossa Senhora de Lourdes Gado lageano Caminho de Bom Jardim da Serra


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Foto por Ricardo Almeida

AMBIENTE CULTURAL

Tropeirismo Fazendas Gastronomia Religiosidade Lages Prefeitura Colégio Vidal Ramos Catedral Diocesana Ciclo da madeira Mercado Municipal Edifício dos Correios e Telégrafos Edifício Doutor Acácio Cine Marajoara

Igreja Nossa Senhora de Lourdes em Morrinhos

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CRONOLOGIA 1766

1796

1900

1930

1960

Tropeirismo

Kaingang Xokleng Colonização

Depressão econômica

Fundação de Lages

O ambiente cultural compreende as manifestações da cultura local através da

Ícones: Fazendas Corredor de Taipas Festas e religiosidade Lendas e Causos Culinária (coalhada, doces, queijos, conservas, café tropeiro, charque, carreteiro, revirado) Vestimentas e Ferramentas Rodeio Cavalgada

materialidade de suas edificações, praças,

Ícones: Uva Pinus Kiwi Maçã

Ciclo da Madeira Ícones: Locomóvel Serrarias Casas de Madeira Turfe Art Déco

traçados urbanos, objetos e ferramentas do cotidiano e seu patrimônio imaterial, sua culinária, suas lendas, a religiosidade; enfim, o saber e o saber fazer as coisas na Serra Catarinense. A partir de uma linha traçada através do tempo, buscou-se visualizar e contextuali-

Ícones: 1º Plano Diretor Tanque Cacimba Arq. Colonial e Açoriana Mercado Antigo 1880 Convento 1890

Ícones: Palácio Municipal Catedral 1922 Colégio Vidal Ramos 1913 Jardim Vidal Ramos

zar os elementos da cultura local capazes de dar legitimidade e força aos ícones identificados. Os ícones mais importantes estão localizados cronologicamente no seu contexto histórico-cultural.

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A OCUPAÇÃO DA SERRA

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A ocupação oficial da região do planalto catarinense

determinaram no início do século XVIII a ocupação oficial eu-

iniciou-se no século XVIII, com a chegada dos paulistas. Mas é

ropéia na região. Os muares, criados nos campos do sul, foram

importante mencionar que essas não eram terras vazias à espera

introduzidos em resposta ao desumano, caro e pouco eficiente

da civilização ocidental. Elas já eram habitadas por grupos

meio de transporte escravo, indispensável no atendimento à cor-

indígenas das nações xoclengue e caingangue, que nesse processo

rida desenfreada do ouro.

de ocupação foram aprisionados, expulsos ou aniquilados

Foi nesse contexto que se originaram o tropeirismo e as

em curto tempo, mas ainda estão presentes na cultura local,

conseqüentes políticas de ocupação da Região Sul. O tropeirismo

através dos costumes alimentares, da medicina popular e da

possibilitou a toda a porção meridional do Brasil uma configura-

materialidade dos sítios arqueológicos ainda encontrados na

ção diferenciada. Primeiramente porque foram os tropeiros que

região, como, por exemplo, as pontas de flechas e as pinturas

efetivaram a política de ocupação e manutenção das fronteiras

rupestres encontradas na região de Urubici.

da região; em segundo lugar porque, ao ser um sistema voltado

Razões geopolíticas e militares vinculadas às disputas

para a circulação e o abastecimento internos, as relações e a

territoriais entre as coroas espanhola e portuguesa, assim como

divisão social e territorial do trabalho eram diferenciadas; em

razões estratégicas de abastecimento da região de Minas Gerais,

terceiro, porque possibilitou, mesmo que de forma rudimentar,

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1. Tropeiros (Arquivo Rogério Macedo) 2. Tropeiros (Arq. Museu Thiago de Castro) 3. Peão de fazenda (Ricardo Almeida) 4. Peão de fazenda (Ricardo Almeida) 5. Mangueira (Ricardo Almeida) 6. Corredor de Taipas (Ricardo Almeida)

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a comunicação entre os mais distantes e isolados povoados, vilas

tornou o principal eixo de ligação entre o sul e o centro do Brasil.

e cidades, através de um complexo de rotas e trilhas que passou

Ainda é possível ver as marcas do período através da

a cortar todo o território, e, por fim, ensejou o surgimento de

presença única dos “corredores de taipas” e a arquitetura

inúmeras vilas e cidades ao longo das rotas.

luso-brasileira nas sedes das fazendas, o modo de vida que

O tropeirismo, como força econômica, social e cultural

se revela nas lidas campeiras, na culinária, nas festas, nas

dinamizadora da Região Sul, e a fundação da Vila de Lages, em

práticas do pixurum (mutirão), na linguagem, no modo de

decorrência, são fatos vinculados ao ciclo colonial da economia

vestir, na religiosidade, na utilização das ervas medicinais, nas

escravista mineira, então em seu apogeu.

benzedeiras, no acolhimento, enfim, no modo de produzir e

Em meados do século XVIII, o sargento-mor Souza

reproduzir a existência.

Farias realizou a primeira viagem para o sul, e, em 1733,

A divisa entre as Capitanias de São Pedro e São Paulo

Cristóvão Pereira de Abreu, para aperfeiçoar e encurtar o

é demarcada pelo leito do rio Pelotas. Nele situa-se o Passo de

caminho, estabeleceu outra rota ligando Viamão, na província

Santa Vitória, na região denominada de Coxilha Rica. Este passo

de São Pedro, à feira de Sorocaba, na capitania de São Paulo.

servia como posto alfandegário do Real Caminho de Viamão por

Oficializou-se, assim, o “Real Caminho de Viamão”, que se

ser um local privilegiado de acesso para ambas as margens do

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Rio Pelotas. Possui lajes de pedra em forma de suave escadaria

e a passagem dos tropeiros nessa região delineou um modo de

desde a água, nos dois sentidos da travessia; além disso, o

vida para essa sociedade, baseada na economia rural.

represamento do Pelotas pelo ingresso do Rio dos Touros forma

Após duas tentativas fracassadas de fundar a vila, a

o poço onde era feita a passagem das tropas. Na margem

primeira na chapada do Cajurú, localidade de Morrinhos, e a

direita, do lado catarinense, em aclive acentuado, foi construído

segunda em Correia Pinto Velho, às margens do Rio Canoas se

o acesso que demanda a ampla mangueira, curral usado para

instala em 1766 definitivamente a Vila das Lagens. Em 1910, a

confinamento do gado, geralmente em forma de círculo.

vila contava com 15 casas de moradia, alguns ranchos, igreja,

Com a abertura do Caminho das Tropas, estabeleceuse a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages, cujo

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uma biblioteca, um clube (Social, Literário e Recreativo Sete de Setembro), um bodegão, uma pousada e um cemitério.

fundador, Antonio Correia Pinto de Macedo, foi nomeado pelo

Ao longo do Caminho das Tropas, foram se organizando

Governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Matheus,

sedes de fazendas, pousos, cemitérios, igrejas, vilas, povoados e

para tal fim. A vila assegurou as fronteiras para a coroa

bodegões, novos espaços de interações sociais, de trocas de bens,

portuguesa e serviu de entreposto no caminho das tropas.

de informações e mercadorias. Construíram-se, dessa forma,

Esse período foi responsável pela configuração da cidade

as diferentes identidades culturais e étnicas da população da


7. Fazenda São João (Ricardo Almeida) 8. Fazenda Cajurú (Ricardo Almeida) 9. Fazenda Cajurú - detalhe (Ricardo Almeida) 10. Chifre de carneiro (Ricardo Almeida) 11. Fazenda São João (Ricardo Almeida)

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Serra Catarinense, cujos sujeitos sociais eram índios, brancos, negros, caboclos e eurodescendentes que se fixaram mais ao norte do estado. De fato, “o que se tem mostrado é que os caminhos, mais do que condutores de veículos, mercadorias, passageiros, são condutores de história e memórias. Caminhos são testemunhos de cultura e de vida; são espaços que permitem a troca e a reflexão, o trabalho e o lazer” (Santos, 2001). Inúmeras fazendas da época dos tropeiros sobrevivem até hoje. Além de se constituir em rico patrimônio cultural, oferecem inúmeras potencialidades para o turismo rural. A Fazenda Cajurú, datada de 1865 e tombada em 1980 por lei estadual, representa hoje o mais importante remanescente arquitetônico do período de ocupação oficial da Serra. A Fazenda Tijolinho não segue a tradição luso-brasileira da maioria: feita

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FAZENDAS em tijolo aparente, é oriunda da tradição italiana. Na Fazenda Igrejinha é possível avistar o gado da raça Crioula Lajeana. As fazendas são cuidadosamente projetadas e implantadas com respeito ao conforto térmico, às orientações solares, aos espaços de trabalho e aos lugares íntimos da família. Em todos eles estão as taipas, feitas de pedras encaixadas, sem recortes nem entalhes e com junta seca. Sua construção segue uma ordem: nas áreas de serviço ou no campo, as taipas são menos elaboradas; já nas áreas nobres, ou seja, na casa e em seu entorno, são construídas de forma mais cuidadosa e bem acabada. Em algumas edificações observa-se certa preocupação com a pintura, em que aparecem elementos decorativos.

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12. Preparo do camargo 13. Pães e comidas típicas 14. Compotas 15. Cavalo e celas 16. Arreio e laço artesanal 17. Arreio e laço artesanal (Fotos Ricardo Almeida)

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Nos galpões, além das atividades de manejo dos animais, como o brete, por onde se leva o gado para marcá-lo, curá-lo, vaciná-lo, pesá-lo, conduzi-lo ao banho, é comum encontrarmos vaqueiros ordenhando ou preparando o típico café tropeiro com leite fresco, chamado camargo. No interior das casas, na chapa do fogão à lenha, encontram-se o pinhão assado, o café e o leite quente, e, no forno, a rosquinha de coalhada. Sobre a mesa, esperam os derivados de leite, como a nata, diferentes tipos de queijo, a manteiga, a coalhada, o salame e o queijo caseiro de porco, o mel e os doces, também caseiros, de pêssego, marmelo, goiaba nativa, maçã, pêra, gila, figo, broas, bolachas, pães e bolos.

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18. Cemitério x??? (Ricardo Almeida) 19. Cemitério dos Ramos (Ricardo Almeida) 20. Frontispício da Igreja do Conventinho dos Franciscanos (James Faraco Amorim) 21. Torre dos fundos da Igreja do Conventinho dos Franciscanos (James Faraco Amorim) 22. Torre central da Igreja da Santa Cruz (James Faraco Amorim)

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23.Igreja Nossa Senhora de Lourdes (Ricardo Almeida) 24. Altar na Fazenda Cajuru (Ricardo Almeida) 25. Tapete de Corpus Christi em Lages (Ricardo Vagner)

As igrejas como a de Nossa Senhora de Lourdes em Morrinhos, pontos de encontro das comunidades geograficamente dispersas, são o espaço onde a comunidade realiza suas reuniões mensais, celebra sua religiosidade e sepulta seus mortos. A Igreja de Nossa Senhora de Lourdes comemora sua padroeira em fevereiro, quando é realizada sua festa anual. Os fieis confeccionam tapetes coloridos e tomam as ruas e avenidas no mês de junho, na procissão de Corpus Christi que lembra a eucaristia, um dos sete sacramentos da Igreja Católica. Os cemitérios fazem parte da paisagem rural, testemunhando o encontro da vida com a morte, celebrado por essas populações originárias.

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A CIDADE DE LAGES Em mais de dois séculos de história, Lages constituiu-

dos pára-raios, nos mastros das bandeiras...”. Descobrindo

se em pólo da região serrana de Santa Catarina. Ao longo do

essa cidade, encontram-se marcas de todos os tempos, seja

tempo, a “Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens” viu

nos remanescentes da arquitetura colonial, com alguns poucos

surgir a cidade de Lages, hoje com quase 200 mil habitantes,

exemplares espalhados pela cidade, seja na predominância da

rica em patrimônio cultural e natural.

arquitetura Art déco, marca do ciclo econômico da madeira e do

A cidade encontra-se a cerca de 900 metros acima do

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processo de urbanização e modernização da cidade.

nível do mar. Tem clima subtropical, com temperatura média

Por mais de um século, a economia pecuária foi a

anual de 15,6 graus centígrados, e a temperatura média do mês

principal atividade da região. Ainda estão presentes na cidade

mais frio se situa entre 3 e 18 graus centígrados.

marcas desse período como por exemplo a Cacimba de Santa

Segundo Ítalo Calvino, “a cidade não conta seu passado,

Cruz. Serviu como fonte abastecedora de água potável para

ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas,

consumo dos tropeiros e viajantes que ali acampavam e para

nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas

toda a população da Vila de Lages. Tropeiros e viajantes foram


26. Praça do mercado em Lages na década de 30 (Antonio R. Macedo)

27. Picnic no Salto (Arq. Museu Thiago de Castro ) 28. Parque Jonas Ramos - Tanque (Lars Diederichsen)

29. Cacimba (Lars Diederichsen) 30. Cavalgada (Gugu Garcia)

LENDA DA SERPENTE DO TANQUE 29

incentivados pelo fundador a fazerem parada e pousada na colina, ao argumento de que o local oferecia uma ótima visão da região, pastagem e principalmente água pura e cristalina para o consumo, além do privilégio de estarem próximos à vila. Com a canalização de água nas residências, a Cacimba foi desativada em 1968. Soterrada por algum tempo, foi restaurada em 1976. Outro ícone da cidade antiga é o Parque Jonas Ramos, mais conhecido como Tanque. Foi construído em 1771 como um espaço para as mulheres lavarem as roupas em um ambiente protegido de ataques de animais e de tribos indígenas. O tanque inspirou a famosa Lenda da Serpente do Tanque.

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Nas segundas-feiras, no tanque, as lavadeiras, debruçadas sobre as tábuas, torcendo as roupas dos senhores coronéis e de suas famílias, trabalhavam enquanto batiam aquele papo gostoso do dia-a-dia. Em meio a essas conversas, as histórias iam sendo contadas e a lenda do tanque se repetia no palavreado simples das mulheres que ali lavavam suas roupas. A história narrada era de que uma mãe solteira, para encobrir o fruto de sua vergonha, jogara a criança naquele tanque onde estavam a labutar. Estranhamente, todavia, a criança não morrera, mas se transformara numa cobra. Contavam elas que a cabeça da cobra permanecera ali no tanque e a cauda se encontrava no Rio Carahá, estendida em todo o seu percurso. Nossa Senhora, a padroeira de Lages, ciente do hediondo crime praticado pela desnaturada mãe, prendia com os pés a cabeça da moderna hidra ao berço úmido da desgraça mítica, procurando assim evitar que a criança, transmutada em monstro, se revelasse ao mundo. No dia em que a santa abandonasse esse propósito, a cidade seria totalmente tomada pelas águas, escapando somente da enchente a Cacimba da Santa Cruz. Diversas vezes notou-se verídica a previsão, pois quando era tirada a imagem da santa de seu altar, na catedral, mesmo em procissões, começava a chover torrencialmente, parecendo que o mundo ia se desfazer em água. Porém, bastava retornar a imagem da santa a seu altar que o sol voltava a brilhar, afastando-se assim a promessa do cumprimento do trágico cataclisma. O relato das mulheres lavadeiras se espalhou por toda a cidade e o medo se apossou de todos, vindo assim a fazer com que as mulheres nunca comparecessem sozinhas ao tanque, sempre acompanhadas ou em grupos. Ninguém se atrevia a passar a noite naquele ermo, porque, ao lado do coaxar dos sapos, ouvia-se plangente e lúgubre o grito de um ser perdido em angústia e desesperança.

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O processo de urbanização da cidade de Lages teve como característica básica a utilização dos critérios de demarcação indicadores do período colonial, ainda presentes no traçado urbano em formato xadrez, construído a partir de três praças centrais, unidas pela Rua Nereu Ramos. A Praça do Mercado, local das feiras, do comércio, espaço privilegiado de interação com o campo; a Praça Municipal, palco dos comícios, do teatro e também do comércio; e, por fim, a Praça da Igreja, espaço de sociabilidade e de eventos públicos.

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31. Praça Vidal Ramos em 1945 (Arquivo Antonio R. Macedo)

32. Fachada da Prefeitura de Lages (Lars Diederichsen)

33. e 34. Detalhes da fachada da Prefeitura (Lars Diederichsen)

35. Colégio Vidal Ramos (Antonio R. Macedo) 36. Portão do Colégio (Antonio R. Macedo) 34

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O fim do século XIX caracterizou-se pela expansão do

o Colégio Vidal Ramos. Com construção em estilo neoclássico,

poder da oligarquia rural, que conseguiu representatividade

foi o primeiro grupo escolar-“modelo” de Santa Catarina e a

política

região

primeira escola estadual em Lages, inaugurada em 1912. Foi

importantes investimentos nas áreas sociais. A construção, em

tombada pelo governo do estado como patrimônio histórico em

1902, do Paço Municipal refletiu esse momento político.

1984. A construção da Catedral Diocesana foi também um marco

estadual

e

nacional,

atraindo

para

a

A grandiosa obra do Palácio Municipal teve início em 29 de outubro de 1898, com a colocação da pedra fundamental.

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desse período, cuja arquitetura se caracteriza pela influência centro-européia. Erguida em blocos de arenito, ou pedra laje,

A obra teve como diretor-técnico o frei Feliciano Schlag.

pelos padres franciscanos, encabeçados pelo frei Rogério

Foi feita do mesmo material da catedral, uma pedra abundante

Neuhaus, foi concluída em 1922, após dez anos de construção.

na região. O prédio recebeu uma reforma e, com o aterramento

Seus vitrais importados da Alemanha, o altar-mor, em estilo

da rua desapareceu a escadaria. Um segundo pavimento foi

gótico, as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das

erguido, porém mantendo as características iniciais do projeto.

Dores, também vindas da Alemanha, são uma atração à parte.

Dez anos mais tarde, o governo do estado inaugurou em Lages a primeira escola pública e laica de Santa Catarina,

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A Capela e o Convento de São José foram iniciados em 1915 também pelos frades franciscanos. Trata-se de uma edificação de tijolo aparente e pedras de arenito, sendo a mais importante dentro dessas características no planalto catarinense. A influência européia é visível também em locais públicos, como a Praça Vidal Ramos, anteriormente espaço do mercado. Era nesse lugar que aconteciam, mais do que relações comerciais, encontros de troca de mercadorias, informações e modos de vida. Quem freqüentava as feiras do mercado eram pessoas simples, trabalhadores da cidade e do interior, como mostra um artigo publicado na década de 80 como “Notas em Arquivo”:

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37. Vitral da Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres (Lars Diederichsen)

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38. Vista aérea da Catedral (Gugu Garcia) 39. Vitral da Catedral (James Faraco Amorim) 40. Piso da Catedral (Lars Diederichsen) 41. Dobradiça da porta da Igreja Presbiteriana (Lars Diederichsen) 42. Parte superior da porta da Igreja do Convento dos Franciscanos

“Lembro tipos humanos; compradores na pechincha sempre engambelados pelo nosso jeca, que somente fazia contas de cabeça, com uma rapidez incrível, empenhando todo mundo. Mercadorias expostas dentro e fora das bruacas de couro cru, enfileiradas na calçada de pedra laje, rosário de castanhas, cestos de butia, arroz-doce da tia Chica ou Marcolina e um favo juntando abelhas no braço seco e preto da tia Maria cega, pinhão, batata, feijão e batata-doce, tudo vendido em quartas e meias-quartas...”

Esse tipo de mercado, característico da época dos tropeiros, deu lugar a um novo e bem equipado mercado público, construído na década de 40. Na primeira metade do século XX as relações econômicas, sociais e culturais da região sofreram profundas mudanças.

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CICLO DA MADEIRA A partir da década de 40, iniciou-se um período de desenvolvimento econômico e social da Serra Catarinense: o ciclo da madeira. Caracterizou-se, por um lado, como uma economia extrativista, durante um longo tempo de “abate” das florestas nativas de araucária. Por outro, foi um momento de grande efervescência social, política e cultural, evidenciando a

foram formados em suas imediações, interferindo nas práticas

cidade no contexto estadual e nacional e rendendo-lhe o título

cotidianas da sociedade local. São dessa época muitas das casas

de “princesa da serra”.

de construção de madeira, cujas fachadas são enfeitadas com

Nesse contexto, a região recebeu um contingente enorme de trabalhadores de outras regiões, que vinham para

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lambrequins e que fazem parte, ainda hoje, da arquitetura tradicional da serra.

suprir as necessidades geradas pelas serrarias, tendo como

A cidade, vivenciando um singular momento de

maior símbolo os locomóveis, geradores de energia. Além dessas

prosperidade, tomou novos ares, correspondendo à expectativa

unidades de extração da madeira, instalaram-se na região as

nacional do período getulista. Essa efervescência pode ser

indústrias de pasta mecânica e papeleiras. Pequenos povoados

observada nas construções de teatros, cinemas, prédios para


43. Corte de madeira (Arq. Cláudio R. Silveira) 44. Locomóvel (Arq. Cláudio R. Silveira) 45. Transporte das toras (Arq. Cláudio R. Silveira) 46.Casa em madeira (Antônio R. Macedo) 47.Lambrequim (Antônio R. Macedo)

46

47

comércio e moradia no estilo Art déco. Após o auge econômico

Tardiamente iniciou-se o plantio de florestas de pinus,

do ciclo da madeira veio um período de estagnação: a exploração

espécie de rápido crescimento, possibilitando, por um lado, o re-

extrativista de mais de 80% da mata nativa esgotou as reservas

aquecimento do setor florestal a partir de meados da década de

naturais de araucária e de outras madeiras nobres, gerando

80, e, por outro, problemas sociais e ambientais típicos da mo-

uma grave crise no setor madeireiro a partir de 1960 e causando

nocultura, interferindo na paisagem original da Serra Catarinen-

a estagnação econômica por um longo período. É importante

se, como a Coxilha Rica e as sobreviventes matas de araucária.

ressaltar que o não-investimento na diversificação da produção

O ostracismo econômico entre os anos 60 e 80 permitiu

e na agregação de valor ao produto oriundo da indústria da

a ruptura do poder das oligarquias tradicionais, possibilitando

madeira contribuíram sobremaneira para o colapso do setor.

novas práticas políticas através de administrações populares.

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48

49

MERCADO MUNICIPAL Os mercados, ao longo da história urbana, foram muitas vezes, senão o motivo principal da fundação de cidades, sua maior razão de ser. O antigo mercado de Lages, criado em meados do século XIX, era pleno de centralidade, cumprindo por um longo período a função de espaço de comercialização, troca de mercadorias, vivências e saberes. A construção de um novo mercado público em 1931, trouxe consigo os novos momentos de modernização que a cidade vivia nesse período. O estilo arquitetônico presente também nessa edificação é o Art déco, que marca toda essa nova fase de crescimento e modernização de Lages.

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48. 49. 50. 51.

Mercado Municipal Detalhe da fachada Mercado Municipal Prédio dos Correios e Telégrafos e 52. Vitral do Prédio dos Correios

(Fotos por Ricardo Almeida)

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EDIFÍCIO DOS CORREIOS E TELÉGRAFOS A disseminação das edificações dos Correios por todas as principais cidades brasileiras corresponde ao período varguista, constituindo-se em uma estratégia modernizante do Estado Novo. Entre outras edificações públicas desse período, os Correios correspondem a uma imagem de um estado onipresente e modernizador. A linguagem arquitetônica desse novo equipamento urbano é moderna e, sem dúvida por isso, é o Art déco o recurso mais empregado em todo o Brasil para sua construção. No caso dos Correios de Lages, obra datada de 1936, a linguagem do Art déco sofreu influências do racionalismo clássico, presente no coroamento e em detalhes como os ornamentos de serralheria. Cabe salientar a coerente marcação da entrada, o jogo volumétrico da composição e o correto desenho da esquina, formalizando uma arquitetura que reforça o caráter monumental do edifício.

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54

EDIFÍCIO DR. ACCÁCIO Esse edifício de apartamentos, também projetado por Rau e executado em 1941, parece inaugurar em Lages outro espaço arquitetônico urbano: o morar coletivo. Sua posição estratégica, marcando uma das principais esquinas de Lages, na Praça João Costa, reafirma sua importância no bojo das transformações da cidade de então. Estabelece-se aí um diálogo essencialmente urbano entre o edifício, a esquina e a praça, acentuando o caráter do cenário assim configurado, de um espaço público que enfatiza uma centralidade moderna, de novos hábitos como o café, a discussão política ou o simples flanar descompromissado.

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53. 55. 56. 57. 58. 59.

e 54. Detalhe Edifício Accácio Fachada do Edifício Accácio Corrimão Ed. Accácio Fachada do Cine-teatro Marajoara Detalhe luminária Cine-teatro Marajoara Coluna iluminada Cine-teatro Marajoara

(Fotos por Ricardo de Almeida)

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TEATRO MARAJOARA O desenho de apresentação do projeto de Ludwig Rau é esclarecedor das intenções simbólicas do empreendimento: em

reentrâncias, marcações verticais e horizontais, propondo uma dinâmica que coerentemente traduz o espírito moderno déco.

uma cena urbana, uma dama de vestido longo contracena com

Na escala do cidadão passante se fazem notar a proteção

um faiscante automóvel atravessando uma larga avenida para

dada pela projeção da marquise, as amplas portas de acesso e

chegar ao cinema. Estão aí colocadas as premissas da inserção do

também as texturas e os desenhos da parede externa, como

prédio e de sua função na cidade: o cinema traz a modernidade.

que o convidando a entrar. Os interiores, então, se sucedem em

Por outro lado, a volumetria e a plástica do projeto

uma hierarquia espacial própria do programa de necessidades

chamam a atenção do olhar, através da formulação de uma

de um cine-teatro. O foyer e seu tratamento cenográfico, com

torre lateral à fachada, propondo marcar a distância pela

mobiliário especialmente desenhado, sofás, biombos à frente

verticalização de um elemento compositivo e – essa é sua função

das portas dos sanitários, espelhos estratégicos e a indispensável

– a chegada de um ícone urbano, tentando aparentemente

bombonière certamente davam o tom apropriado ao ato social

rivalizar com a torre da Catedral, essa símbolo de outros

de ver e ser visto.

tempos. Demais elementos compositivos da linguagem Art déco

Certamente a construção do Cine-Teatro Marajoara em

são habilmente empregados na formulação da fachada. Podem

1947 foi um marco no processo

de modernização de Lages,

ser salientados aí o equilíbrio entre cheios e vazios, saliências e

tombado pela Lei de Tombamento do Município de Lages desde 1997.

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REFERÊNCIA CROMÁTICA AMBIENTE CULTURAL

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Foto por James Faraco Amorim

AMBIENTE NATURAL

Atrativos naturais Flores e frutos Borboletas MamĂ­feros Peixes

Campos Nativos

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61

Neste capítulo, apresentamos um percurso através do

A chegada à região pelo oeste ou pelo norte não é su-

ambiente natural da Serra Catarinense, citando os aspectos

ficiente para aparentar maiores alterações na paisagem, que

característicos típicos da região. É claro que alguns dos ani-

vêm ocorrendo suavemente – cerca de 700 metros, no extremo

mais, plantas ou paisagens são encontrados em outras regiões,

oeste, e cerca de 800 metros, no planalto norte –, até porque

principalmente naquelas limítrofes, mas são considerados um

tanto campos quanto a mata de araucária se estendem em uma

patrimônio valioso para os habitantes da serra.

e outra direção. Do leste, pela Rodovia BR-282, a Serra Cata-

Na Serra Catarinense, área geográfica de clima temperado, situada aproximadamente entre 900 metros e 1.800 metros

42

62

rinense começa a se mostrar a partir de Bom Retiro, com as primeiras formações montanhosas do Campo dos Padres.

de altitude, isso não é diferente. Com clima frio, geadas cons-

A aprazível Bom Retiro situa-se num vale entre

tantes e esporádicas nevadas no inverno (ocasião em que são

montanhas, com a cidade sendo abraçada por bela formação

freqüentes as temperaturas abaixo de 0 grau), de fantástica con-

montanhosa de um lado e pelo Morro da Cruz de outro, por trás

formação geográfica, o planalto sul-catarinense encerra riquíssi-

do qual se estende outro vale conhecido hoje como Paraíso da

ma variedade de elementos naturais em cujo seio fervilha vida.

Serra (antes, Campos de Trás da Serra), passagem de acesso ao


60. Serra e Nuvens em Urupema (Marcio Oliveira)

61. Pedra Furada (Anselmo Viana Nascimento) 62. Serra do Rio do Rasto (James Fraco Amorim) 63. Canyon em Bom Jardim da Serra (Arq. Luiz Spuldaro)

64. Geada em Urupema (Marcio Oliveira) 63

64

Campo dos Padres pelo leste, em cavalgada forçada, íngreme,

campos de cima da serra –, hospeda as nascentes do Rio Canoas,

de cerca de quatro horas.

curso d’água fundamental para a vida na região e que domina a

Essa formação geográfica única, que é contida a sudeste

paisagem em extensas áreas da Serra Catarinense.

pelas escarpas, segue em direção a Urubici até as imediações

Ao longo de seu curso, em Urubici, são encontradas as

do Resfriador, na Serra do Panelão, a norte daquela formação,

locações com pinturas rupestres e cavernas – também em

e o Cânion do Espraiado e a Serra do Corvo Branco – alusão à

Lages e em Bocaína do Sul –, diversas cachoeiras e a forte subi-

ave também conhecida como urubu-rei (Sarcoramphus papa)

da em direção à montanha ao lado do Morro da Igreja, de onde

–, mais ao sul, de onde se parte para a primeira abrupta e

se avista também a Pedra Furada. É também nas altitudes de

deslumbrante descida, por uma estrada de chão batido, entre

Urubici, no Parque Nacional de São Joaquim, que nasce o Rio

penhascos, à região sul do estado.

Pelotas, outro importante curso d’água da região que, quilôme-

O Campo dos Padres, extenso platô entre altitudes aproximadas de 1.400 a 1.800 metros de altitude, formado por

tros adiante, na direção oeste, se junta ao próprio Canoas para formar o Rio Uruguai.

campos com características próprias – os campos de altitude ou

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Na

saída

para

São Joaquim, Painel, adentrando Lages pela exuberante Coxilha

São Joaquim, ainda um

Rica, até Capão Alto, Cerro Negro, Campo Belo do Sul e Anita

atrativo natural de rara

Garibaldi, avançando, ainda, a nordeste, em direção a Correia

beleza: a magnífica Cascata do

44

67

Pinto, Palmeira e Otacílio Costa.

Avencal. Segue-se daí pelos campos

Esses campos naturais possuem dezenas de milhões de

e matas de Rio Rufino e Urupema até

anos. Formam a primeira cobertura vegetal a revestir os solos

a Serra do Rio do Rastro, em Bom

que se formaram após os derrames de lavas vulcânicas que co-

Jardim da Serra, onde se vê uma das

briram todo o sul da América, em uma época em que o clima

obras de engenharia mais belas de

seco e frio não permitia o estabelecimento de qualquer outro

nosso estado, com a estrada que desce,

tipo de vegetação. Portanto, sua formação é anterior às matas.

serpenteando pelas fantásticas escarpas,

Constituem-se num ecossistema único, onde espécies de

para o sul de Santa Catarina. Continuando

gramíneas e leguminosas, em conjunto com outras famílias que

pelos campos naturais de lá, passando por

incluem exemplares campestres, também numerosos, formam

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65. Ponte em Capão Alto (James Faraco Amorin) 66. Coxilha Rica (Ricardo Almeida) 67. Caminho em Bom Jardim da Serra (Arquivo Luiz Spuldaro)

68. Araucária (Arquivo Anders) 69. Paisagem de araucárias (James Faraco Amorim)

70. Paisagem araucária e rio (James Faraco Amorim)

69

70

uma biodiversidade que ultrapassa o total de espécies vegetais

açúcar e do café. Ignorando tratados de além-mar, abrindo

encontradas nas florestas tropicais úmidas. Além disso, o valor

trilhas no campo, enfrentando intempéries e intercambiando

inestimável desses campos está associado a sua importância

valores culturais com os povos do Prata, o tropeiro,

histórica e cultural. Neles ainda vivem descendentes de famílias

resignado e no passo cadenciado de suas mulas, empurrou

que, no amanhecer da formação do sul do Brasil, pelos idos

as fronteiras do Brasil até as barrancas do Rio Uruguai.

de 1700, aqui estavam, criando pátria e querência, repelindo

Apesar de esses campos se caracterizarem como um

castelhanos e enfrentando a tenaz – e justa – resistência

recurso natural de grande valor ecológico, pela cobertura vegetal

dos povos nativos; e foram palco de revoluções, através dos

que proporcionam aos solos; por fatores genéticos, em função da

farroupilhas, dos federalistas e dos fanáticos do contestado.

variabilidade de espécies vegetais que apresentam, muitas delas

Por esses campos forjou-se o tropeiro, que, por seus

até hoje desconhecidas; e econômica e socialmente, os campos

históricos corredores de taipas, fez passarem incalculáveis

estão sujeitos a diversos tipos de pressão, a ponto de, nas últimas

tropas de bovinos, muares e eqüinos, a garantir outros

décadas, aproximadamente um terço das áreas de campos

ciclos da economia brasileira, como o do ouro, da cana-de-

existentes na região ter sido substituído por outras culturas.

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73

A preservação dos campos naturais não interessa

Catarinense, formavam-se as florestas de araucárias, exaus-

apenas aos serranos, mas a toda a sociedade catarinense e

tivamente exploradas no chamado primeiro ciclo da madei-

brasileira, especialmente pelo potencial de produção sem uso

ra, das quais hoje se têm apenas alguns remanescentes, num

de pesticidas, desenvolvimento de atividades como o turismo

mosaico de bosques e capões, campos naturais, campos for-

rural e ecológico, além da manutenção de um ecossistema único

mados a partir da exploração e devastação das florestas e

no mundo, com todos os seus valores históricos e culturais.

monoculturas de maçã e de pinus.

Nesse contexto, o mesmo pínus que alavanca a pujança

No que restou dessa que é também chamada Floresta

econômica da Serra Catarinense, em especial Otacílio Costa e

Ombrófila Mista, Mata dos Pinhais ou Mata das Araucárias, viceja

Correia Pinto, servindo à indústria papeleira e madeireira da

predominantemente o notável pinheiro-brasileiro (Araucaria

região, sem que se estabeleçam critérios responsáveis para

angustifolia), em risco de extinção, em meio a outras espécies

sua cultura, se transforma numa praga invasora e daninha, a

vegetais, como a canela-lageana (Mespilodaphne pulchella),

ameaçar, mais recentemente, a fascinante Coxilha Rica, região

o cedro-lageano, a goiabeira-serrana (Feijoa sellowiana),

característica de tudo quanto restou dito sobre campos nativos.

a bracatinga (Mimosa scabrella), mais o xaxim (Dicksonia

Nesses campos que ondulam pela paisagem da Serra

selowiana), o pinheirinho (Podocarpus lambertii) e a erva-mate


71. 72. 73. 74. 75.

Salto Caveiras (Ricardo Almeida) Cachoeira (Gugu Garcia) Rio Pelotinhas (James Faraco Amorim) Cachoeira em Urupema ( Anders Adq. ) Cascata do Avencal - Uribici

(James Faraco Amorim)

74

75

(Ilex domestica), dentre outras da rica flora regional. Também nos desfiladeiros e às margens dos cursos d’água a araucária se faz presente, nas matas de galeria e ciliares. Enfim, é nessa paisagem natural, nos campos e nas matas, nas várzeas e nos capinzais, nos planaltos, nos morros e nas encostas, nas propriedades rurais e até nas cidades ou em suas imediações que vamos encontrar riquezas naturais ímpares, como aves, anfíbios e mamíferos e inúmeras borboletas de variados matizes, flores, ervas e frutos silvestres e cultivados, dentre incontáveis outros animais e plantas (inclusive as cultivadas, como a maçã, a uva e o Pinus sp) que podem ser considerados típicos da Serra Catarinense.

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FLORES E FRUTOS

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Dos inúmeros frutos e flores encontrados na Serra

(senécio, tasneirinha, flor-das-almas) – Senecio

Catarinense, dentre outras formações vegetais silvestres ou

brasiliensis, que aparece principalmente na

não, alguns podem ser classificados como típicos, com os quais

região centro-sul do Brasil e, embora pouco

é possível haver uma identificação especial com a região.

se conheça da intoxicação em humanos,

Entre as flores, destacam-se a azedinha – Oxalis

sabe-se ser perigosa para animais, que incluem entre os

rubra, um trevo nativo, com pequena flor rósea, habitualmente

principais sintomas necrose do fígado e lesões pulmonares.

mastigada nas caminhadas pelos campos e matas, de sabor

A despeito disso, a floração é esteticamente interessante.

bastante azedo, a justificar o nome; o brinco-de-princesa

A macela – Achyrocline satureoides, erva da flora

– Fuchsia regia, um arbusto ascendente (trepadeira), com flores

brasileira também conhecida por marcela-do-campo, marcela,

pendentes, muito delicadas e belas, relativamente comum

macelinha, carrapichinho-de-agulha, camomila nacional etc., é

na Serra Catarinense; e a belíssima flor da goiaba-serrana.

um arbusto perene que atinge cerca de 1 metro de altura e

Nos campos nativos, bem como nas beiras de estradas

que, na Região Sul, costuma florescer em março, ao que se

e caminhos da serra, aglomeram-se outras plantas por si só

atribui daí ter se originado o nome. Na Região Sul do Brasil,

de interesse típico, cujas flores se destacam: a maria-mole

as flores da marcela costumam ser usadas pela população

80


76. Maria-mole e borboleta 77. Flor do maracujá-preto 78. Flor silvestre 79. Brinco-de-princesa 80. Azedinha 81.Goiaba-serrana 82.Flor da goiaba-serrana 83. Carqueja (Fotos por James Faraco Amorim)

81

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83

como estofo de travesseiros (inclusive para os bebês, por se acreditar que tenha efeitos calmantes). Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, há a tradição de colheita da marcela na Sexta-Feira Santa, já que existe a crença de que a colheita nesse dia traga mais eficiência ao chá das flores, com propriedades fitoterápicas. Também a espalhar-se pelos campos e às margens das veredas serranas, a carqueja (carqueja-amargosa, carquejaamarga) – Braccharis trimera, como a macela, possui propriedades medicinais. Supõe-se que a carqueja seja originária do Brasil. Planta invasora de pastagens, nasce espontaneamente em quase todo o território nacional, concentrando-se na Região Sul e florescendo indiferentemente no verão e no inverno.

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86

Quanto aos frutos, em meio às formações vegetais

de longos caules curvos, bastante ramificados,

abertas de altitude (campos e matas de pinhais), encontra-se

com espinhos curtos (também nos ramos e nas

a goiaba-serrana (goiaba-do-campo, goiaba-silvestre, goiaba-

folhas), levemente encurvados e aguçados,

crioula, goiaba-da-serra, goiaba-verde, goiaba-ananás) – Feijoa

que aparece no Sul e Sudeste do Brasil.

sellowiana, cuja flor é extremamente bela e o fruto, muito sa-

Dentre outras encontradas na Ser-

boroso. Em São Joaquim, vem sendo cultivada comercialmen-

ra Catarinense, o maracujá-preto e o ma-

te e é chamada, também, de feijoa. Aparece do norte do Rio

racujá-da-serra (Passiflora sp.) são duas espécies silvestres

Grande do Sul até o Paraná.

de maracujá que ocorrem na região (das espécies de ma-

Também bastante comum na região, especialmente na

racujá conhecidas no Brasil, são mais de sessenta as que

mata, nos capões, às vezes à beira de estradas com capoeira mais

produzem frutos comestíveis, dentre as quais as serranas).

densa, encontra-se a amora-preta (ou amora-vermelha, amora-

Não se pode deixar de mencionar, como típicas de

silvestre, amora-do-campo, amora-brava, moranguinho) – Rubus

nossa região, a maçã e, mais recentemente, a uva. O cultivo da

sp, fruta nativa, do gênero Rubus, da família das rosáceas. A

maçã na Serra Catarinense é considerado uma das atividades

amoreira-silvestre é um arbusto frágil, de até 2 metros, composto

econômicas mais relevantes e está de tal modo associado à região


84. Amora-preta (James Faraco Amorim) 85.Maçã (Arquivo Luiz Spuldaro) 86. Uva (Lars Diederichsen) 87. Pinha e pinhão (Anders) 88. Xaxim (James Faraco Amorim)

87

que há muitos anos se realiza, em São Joaquim, a Festa Nacional da Maçã. Nossa maçã se destaca por sua excelente qualidade,

88

árvores e as formações rochosas nas proximidades de cursos d’água. Finalmente,

não

é

possível

falar

em

Serra

sendo um importante item de exportação de Santa Catarina.

Catarinense sem mencionar a imponente araucária (Araucaria

A uva, por sua vez, tem merecido atenção especial, nos

angustifólia), também chamada pinho, pinheiro-do-paraná,

últimos anos, a partir de estudos recentes sobre a excelência

pinheiro-brasileiro, pinheiro-caiová, pinheiro-das-missões e pi-

do clima e do solo para o cultivo de espécies destinadas à

nheiro-são-josé, que se destaca das outras espécies brasileiras

vinicultura de alto nível.

principalmente por sua forma original, que dá às paisagens do

Também fortemente associadas à Mata de Pinhais

sul uma característica toda especial.

encontra-se o xaxim (Dicksonia selowiana), uma das espécies vegetais mais antigas, contemporânea dos dinossauros, e cuja extração, especialmente para fabricação de vasos para plantas ornamentais, está proibida. A ressaltar ainda que há na Serra Catarinense expressivo número de bromélias, orquídeas e epífitas em geral, que enfeitam as

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91

A araucária é uma árvore de grande porte: atinge cerca

restos de pinhões em uma espessa camada de argila evidencia

de 50 metros de altura e seu tronco pode medir até 8,5 metros

não apenas a existência do pinhão na dieta diária dos grupos,

de circunferência, embora seja cada vez mais raro encontrar

mas também uma engenhosa solução para conservá-lo durante

espécimes que consigam atingir esse tamanho, tal foi e ainda

longos períodos, evitando o risco de deterioração pelas ações

é a exploração dessa espécie. Seu fruto, a pinha, contém até

do clima ou do ataque de animais.

150 sementes – os famosos pinhões –, que são muito nutritivas,

À araucária estão associados inúmeros animais sil-

servindo de alimento a aves, a animais selvagens e ao homem.

vestres, como papagaios, bugio, gralha-azul, ouriço, caititu,

A semente da araucária, o pinhão, é realmente

rato-do-mato etc. Ela, e mais especialmente sua semente, o

muito nutritiva. Pesquisas históricas e arqueológicas sobre as

pinhão, são com certeza dos maiores símbolos da região serrana.

populações indígenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de 6 mil anos atrás até nossos dias, registram a importância do

A Serra Catarinense é agraciada, também, por inúmeras

pinhão no cotidiano desses grupos. Restos de cascas de pinhões

espécies de borboletas, que enfeitam com seu colorido as matas,

aparecem em meio aos carvões das fogueiras acesas pelos

os jardins e as beiras de cursos d’água de nossa região.

antigos habitantes das matas com araucária. Um depósito de

52


89. 90. 91. 92.

Macela Borboleta Borboleta Borboleta sobre flor silvestre

(Fotos por James Faraco Amorim)

92

AVES Para ter idéia da dimensão da distribuição geográfica das

pateiro possui dieta bem variada. É comum vê-lo às mar-

aves, vale dizer que se sabe ocorrerem no Brasil aproximadamente

gens de rodovias asfaltadas, alimentando-se da carniça

1.800 espécies; em Santa Catarina, em torno de 650; e, na

de animais mortos por atropelamento; preda ninhos de

Serra Catarinense, não menos de 200. Existem algumas aves na

outras aves; come lagartas, pesca, caça cupins em revoada.

Serra Catarinense, mais conhecidas do que outras, consideradas

De ampla distribuição em Santa Catarina, é um dos gaviões mais

típicas da região. Desse universo animal, seguem alguns bons

comuns do estado. Aparece desde a América Central, em todo o

exemplos de aves registradas na Serra Catarinense, muitas

Brasil, até o norte do Uruguai. Ocorre em toda a região, em áre-

das quais se valem comumente dos mourões e das cercas de

as abertas. Comumente visto em bordas de plantações de Pinus.

arame farpado como pouso, além de muitas delas estarem

Curucaca (69 centímetros) – Theristicus caudatus.

associadas à mata de araucária ou aos campos nativos.

Habita paisagens campestres e campos agropecuários, sendo

Carrapateiro (40 centímetros) – Milvago chimachima.

comum na Serra Catarinense. Vale-se das araucárias para a

O nome desse gavião se refere ao hábito de pousar sobre o gado

construção de ninhos e como dormitório, e para lá se dirige

ou outros animais, como a capivara, para catar carrapatos e

no crepúsculo, em bandos, parecendo gritar seu nome.

bernes, de que se alimenta. Em termos de alimentação, o carra-

Caminha freqüentemente pelos campos catando insetos e

53 13


93

94

outros pequenos animais. Ocorre em toda a Serra Catarinense,

sítio Repouso do Guerreiro), na estrada de

sendo vista inclusive nas cidades, em ambiente urbano.

Morrinhos e na antiga BR-02.

Gralha azul (39 centímetros) – Cyanocorax caeruleus.

Seriema

(90

96

centímetros)

Na Serra Catarinense, é fortemente associada às araucárias

– Cariama cristata . Aparece nos países

e ao pinhão, tida como “plantadora de pinhões”, informação

vizinhos (Uruguai, Argentina, Paraguai

controversa, até hoje não comprovada. Por isso mesmo foi

e Bolívia) e em extensa área no Brasil não amazônico. Em

escolhida como ave-símbolo da maior festa popular serrana, a

Santa Catarina, está restrita aos campos do Planalto Sul,

Festa Nacional do Pinhão, em Lages.

especialmente na região da Coxilha Rica. É vista com freqüência

Marreca-pardinha (40 centímetros) – Anas flavirostris.

caminhando pelos campos, geralmente em grupos de dois

Considerada rara em Santa Catarina, só há registros na Serra

a quatro indivíduos, capturando insetos e outros pequenos

Catarinense e no litoral sul do estado. Costuma ser vista aos

animais. O canto das seriemas, melancólico e rascante, é

pares ou em pequenos bandos em laguinhos no meio do campo

característico das manhãs dos campos nativos de cima da serra

ou açudes de propriedades rurais. Em Lages, há pelo menos três pequenos grupos, na localidade de Macacos (açude do

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95

Perdiz/perdigão

(37

centímetros)–

Rhynchotus

rufescens. Vive nos campos da Serra Catarinense, do Planalto


93. 94. 95. 96. 97. 98. 99.

Marreca-pardinha Seriema Quero-quero Perdiz Curucaca Carrapateiro Gralha-azul

(Fotos por James Faraco Amorim)

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LENDA DA GRALHA-AZUL

Norte e do meio-oeste, e prefere capim alto, com inços e arbustos. Sofre grande pressão pela caça. Os ninhos construídos nos campos, na primavera, muitas vezes são destruídos pela queimada. Além disso, o uso abusivo de agrotóxicos influencia negativamente na preservação da espécie. Ocorre nos campos de toda a região.

Há muito tempo, nos campos de Lages, levava-se uma vida tranqüila e pacata. Só as festas, quermesses, casamentos ou pixuruns quebravam sua monotonia. Admiradores respeitosos de suas coisas, os serranos se surpreendiam vendo surgir onde menos se esperava grupos de pinheiros, e, por mais que o fizessem, não conseguiam explicação para o fato. Conta-se que, em certo tempo, essa gente serrana foi surpreendida por uma forte trovoada. Em meio à correria e aos gritos, recolheram as criações e se abrigaram em suas casas junto ao fogo de chão. Um dos moradores atreveu-se a olhar a tempestade, desrespeitando as crendices populares, que diziam ser perigoso vê-la. Ele observou uma cena jamais vista. Ele contou que, no meio da tempestade, uma avezinha – a gralha-azul – estava tentando se abrigar, e um dos pinheiros gigantescos estirou seus galhos como braços e acolheu a pobre avezinha. O morador foi correr para chamar o povo para ver, mas um clarão o surpreendeu e disse a ele que era para contar a todos o que tinha visto e tomar como exemplo. Maravilhado, o morador passou a explicar às pessoas que era a gralha a responsável pelo aparecimento de tantos pinheiros. Ela enterrava o pinhão para se alimentar no inverno, e, esquecendo o lugar onde escondera, ela buscava outros, deixando na terra a semente de novos pinheiros. Fora, portanto, um gesto de gratidão quando o pinheiro se envergou para proteger a pobre avezinha. A partir daquele dia, todos souberam o porquê dos pinheiros surgirem sem que alguém os plantasse.


100

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102

MAMÍFEROS

56

Naturalmente, é muito mais difícil avistar e manter

Ovelha-serrana. Também chamada ovelha-crioula, é

qualquer contato com mamíferos na natureza. De modo geral,

considerada uma raça local, com origem nos rebanhos intro-

a percepção da presença desses animais acontece através de

duzidos pelos jesuítas no Rio Grande do Sul durante o século

indícios de sua presença, como rastros, restos da vítima, a toca

XVI e do cruzamento com outras raças importadas a partir

onde eventualmente se esconda, até fezes ou o cheiro caracte-

da colonização portuguesa. A ovelha-crioula está classificada

rístico. Esses que são apresentados a seguir são apenas alguns.

como rara e conserva traços dos ovinos primitivos que lhe

Gado lageano (nome científico?) Essa raça vem sofrendo

deram origem, representando uma enorme importância so-

seleção natural há quase quatro séculos na Serra Catarinense, e

cial nas comunidades em que outros animais da espécie não

atualmente sua população se encontra bastante reduzida e estaria

sobrevivem e contribuem para a manutenção do homem no

provavelmente extinta não fosse o trabalho perseverante dos cria-

campo. No processo de produção de lã para artesanato e ta-

dores Antônio Camargo e Nelson de Araújo Camargo e seus anteces-

peçaria industrial, por exemplo, a ovelha-crioula apresenta

sores, que, com a percepção do valor desses animais, preservaram

uma variedade natural de cores e um bom comprimento de

o acervo genético que hoje serviu de base para a fundação da Asso-

mecha. Sua fibra é resistente e áspera ao tato, enquanto sua

ciação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana.

pele é comercializada in natura ou curtida.


100. Gado raça-crioula (Ricardo Almeida) 101. Ovelha Serrana (Ricardo Almeida) 102. Tatu (James Faraco Amorim) 103. Leão Baio (Cláudio R. Silveira) 104. Bugio (James Faraco Amorim)

103

104

Tatu – Dasypus sp. Essa é uma dentre mais de 20 espécies

cipalmente ovinos, razão por que tem sido caçado por fazen-

de tatu conhecidas no Brasil. Todas cavam galerias, onde passam

deiros da região. O leão-baio consta da lista do Ibama das espé-

o dia refugiados e também à procura de algum alimento, sob

cies da fauna ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável.

a forma de vermes e larvas. À noite, vagam pelos campos,

Bugio

Alouatta

guariba

(bugio,

bugio-ruivo,

remexendo formigueiros e cupins, seus principais alimentos.

guariba, barbado). A mais destacada característica dos bugios

Leão-baio – Puma concolor. Provavelmente seja o ma-

é a vocalização – o “ronco do bugio” –, produzida pelo grande

mífero que mais povoa o imaginário do serrano. Conta-se nos

desenvolvimento do osso hióide (localizado entre a laringe e a

dedos, porém, o número de pessoas que já o viram na natureza.

base da língua), que se transforma numa caixa de ressonância por

Nos últimos tempos, sua presença na Serra Catarinense tem sido

onde emite um som muito alto que pode ser ouvido a quilômetros.

percebida de forma conflituosa. Premido pela intervenção

O macaco bugio é dotado de uma curiosa habilidade: é capaz de

humana em seu habitat natural, com a conseqüente diminuição

debulhar cuidadosamente as pinhas que guardam os pinhões.

de suas presas (veados, capivaras, porcos-do-mato, macacos etc.), o leão-baio vem, há algum tempo, atacando criações no meio rural, especialmente nos campos da Coxilha Rica e prin-

57 13


105. Veado 106. Graxaim (James F. Amorim) 107. Truta (Anselmo)

105

106

107

Veado – Mazama sp. As espécies de veados que aparecem na Serra Catarinense sofreram e ainda sofrem grande pressão

principais ameaças à espécie são a perda de habitat para áreas agrícolas e abate por predação de cordeiros e galinhas.

pela ação do homem, seja pela caça, seja pela destruição de seus habitats. Além do interesse pela caça em si, há outra situação

Dentre os peixes, destaca-se, na região, a truta ou tru-

conflituosa entre os veados serranos e o homem: o gosto desses

ta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss), animal introduzido e criado

animais pelos tenros brotos da macieira!

comercialmente, muito bem adaptado a nosso clima e adotado

Graxaim-do-campo (graxaim, cachorro-do-mato) – Pseu-

por Urupema com a Festa Nacional da Truta; e o lambari (As-

dalopex gymnocercus. Animal de porte mediano, com peso médio

tyanax sp), que todo ano, na comunidade de Salto Caveiras, é

de 5 quilos (de 3 a 8 quilos), com pelagem bem densa. Apresenta

“homenageado” com a Festa Mundial do Lambari.

hábitos usualmente noturnos, podendo, contudo, ser diurno. Aparece na porção centro-leste da América do Sul, a partir do sul do Brasil e leste da Bolívia, nos habitats abertos dos pampas, savanas e chaco. Sua alimentação consiste de frutos, pequenos vertebrados (principalmente mamíferos), insetos e carniça. As

58


REFERÊNCIA CROMÁTICA AMBIENTE NALTURAL

59



ICONOGRAFIA AMBIENTE CULTURAL


a

a

b

b

c

c

Cacimba

1 62

Marca de gado 1

2

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5

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8

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1

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a

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c

c

Marca de gado 2

1

2

Marca de gado 3

3

4

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1

2

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9 63 13


a

a

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c

c

Locom贸vel 1

1 64

2

Locom贸vel 2

3

4

5

6

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8

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1

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a

a

b

b

c

c

Araucรกria

Araucรกria

Corte do tronco

Corte do tronco

1

2

3

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1

2

3

4

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9 65 13


a

a

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b

c

c

Chifre de carneiro

1 66

2

3

Pinha

4

5

6

7

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1

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3

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a

a

b

b

c

c

Tranรงado de couro

1

2

3

Laรงo de couro

4

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6

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8

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9

1

2

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5

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9 67 13


a

a

b

b

c

Casas de madeira Detalhe lambrequim

1 68

2

c

Casas de madeira Detalhe lambrequim

3

4

5

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7

8

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9

1

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3

4

5

6

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9


Casas de madeira

a

a

b

b

c

c

Fazenda Cajuru Detalhe

Detalhe lambrequim

1

2

3

4

5

6

7

8

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9

1

2

3

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5

6

7

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9 69 13


a

a

b

b

c

c

Corpus Christi

1 70

2

Igreja N. S. Lourdes

3

4

5

6

7

8

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9

1

2

3

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5

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a

a

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c

c

Igreja N. S. Lourdes

Cruz 1

Detalhe vitral

1

2

3

4

5

6

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1

2

3

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9 71 13


a

a

b

b

c

c

Cruz 2

1 72

Cruz 3

2

3

4

5

6

7

8

d

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1

2

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a

a

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b

c

c

Cruz 4

1

Cruz 5

2

3

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d

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9 73 13


a

a

b

b

c

Praรงa Nereu Ramos Planta original

1 74

c

Prefeitura de Lages Detalhe da fachada

2

3

4

5

6

7

8

d

d

e

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9


Prefeitura Lages

a

a

b

b

c

c

Prefeitura de Lages

Detalhe da fachada 2

1

2

Detalhe da fachada 3

3

4

5

6

7

8

d

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9 75 13


a

a

b

b

c

ColĂŠgio V. Ramos Detalhe do gradil 1

1 76

2

c

ColĂŠgio V. Ramos Detalhe do gradil 2

3

4

5

6

7

8

d

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9


Igj. do Convento

a

a

b

b

c

c

Igreja Presbiteriana

Detalhe do vitral

1

2

Detalhe da dobradiรงa

3

4

5

6

7

8

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9

1

2

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5

6

7

8

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a

a

b

b

c

Catedral de Lages Detalhe do piso

1 78

2

c

Catedral de Lages Detalhe do vitral

3

4

5

6

7

8

d

d

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9

1

2

3

4

5

6

7

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9


Mercado Municipal

a

a

b

b

c

c

Mercado Municipal

Detalhe da Janela

1

2

Detalhe da Fachada

3

4

5

6

7

8

d

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9

1

2

3

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5

6

7

8

9 79 13


a

a

b

b

c

PrĂŠdio dos Correios Detalhe do gradil 1

1 80

2

c

PrĂŠd. dos Correios Detalhe do gradil 2

3

4

5

6

7

8

d

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k

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9

1

2

3

4

5

6

7

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9


Ed. Accรกcio

a

a

b

b

c

c

Ed. Accรกcio

Corrimรฃo

1

Detalhe da fachada

2

3

4

5

6

7

8

d

d

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g

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9 81 13


a

b

c

Teatro Marajoara Detalhe interno

d

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f

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l 1 82

2

3

4

5

6

7

8

9


ICONOGRAFIA AMBIENTE NATURAL


a

a

b

b

c

c

Pedra Furada

1 84

2

Geada

3

4

5

6

7

8

d

d

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e

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9


a

a

b

b

c

c

Araucรกria

Cachoeira

1

2

3

4

5

6

7

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d

d

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9 85 13


a

a

b

b

c

c

Pinha

1 86

Casca da Pinha

2

3

4

5

6

7

8

d

d

e

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9


a

a

b

b

c

c

Maçã

Xaxim

1

2

3

4

5

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7

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d

d

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g

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9 87 13


a

a

b

b

c

c

Uva

Folha da uva

1 88

2

3

4

5

6

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1

2

3

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5

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7

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9


a

a

b

b

c

c

Brinco-de-princesa

Carqueja

1

2

3

4

5

6

7

8

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1

2

3

4

5

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7

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9 89 13


a

a

b

b

c

c

Azedinha

Maria-mole

1 90

2

3

4

5

6

7

8

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g

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9

1

2

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5

6

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a

a

b

b

c

c

Borboleta

1

Curucaca

2

3

4

5

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8

d

d

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9

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5

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7

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9 91 13


a

a

b

b

c

c

Gralha-Azul

1 92

Seriema

2

3

4

5

6

7

8

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d

e

e

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9

1

2

3

4

5

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7

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a

a

b

b

c

c

Marreca-pardinha

1

2

3

Tatu

4

5

6

7

8

d

d

e

e

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g

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k

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9

1

2

3

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5

6

7

8

9 93 13


a

a

b

b

c

c

Gado lageano

1 94

2

Le達o baio

3

4

5

6

7

8

d

d

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f

g

g

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j

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9

1

2

3

4

5

6

7

8

9


a

a

b

b

c

c

Ovelha serrana

1

2

Truta

3

4

5

6

7

8

d

d

e

e

f

f

g

g

h

h

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k

k

l

l

9

1

2

3

4

5

6

7

8

9 95 13



Referências Bibliográficas ARAUCÁRIA. Disponível em: <sites.uol.com.br/mpcatell/arauc.html>. Acesso em 15 de junho de 2006 ÁRVORES DE IRATI. Disponível em: <http://www.arvoredeirati.com.br>. Acesso em 15 de junho de 2003 ABRA & ACHE: Memórias de uma cidade.Os campos da Coxilha Rica. Lages: CDL. n. 5, 02 BELTON, William. Aves do Rio Grande do Sul: Distribuição e. Lages: Usininos, 1994 CIMARDI, Ana Verônica. Mamíferos de Santa Catarina. Florianópolis; FATMA, 1996 COSTA, Licurgo Ramos da. ACIL e seu compromisso com o desenvolvimento econômico da serra catarinense. Lages. Lages: Editora e Gráfica Pérola, 2001 FAUNA. Ambiente Brasil. Portal Ambiental. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/>. Acesso em: 30 de abril de 2006 FRUTIGER, Adrian. Tradução JANNINI, Karina. Sinais e Símbolos: Desenho, Projeto e Significado. São Paulo: Martins Fontes, 2001 GUIA ILUSTRADO de Animais do Cerrado de Minas Gerais. 2.° edição. CEMIG. Editare Editora, 2003 GUIA MÚLTIPLO: Edição Regional. Santa Catarina: LS Agência de Serviços e Negócios. 2006 GRAXAIM DO CAMPO. Disponível em <www.procarnivoros.org.br/animais.php> Acesso em: 10 de julho de 2006 IHERING, Rodolpho von. Dicionário dos animais do Brasil. Rio de Janeiro : DIFEL, 2002 INFORMATIVO ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AGRÔNOMOS DO PLANALTO CATARINENSE: Capela do Convento Franciscano de Lages. Lages: AEA. v. 32, n. 2000, mar. 2006 NAYAR, Hoff Débora; SIMIONI, Flávio José. O setor de base florestal na serra catarinense. Lages: Uniplac, 2004 VARELA, Iáscara Almeida; SARTORI, Sergio; LOCKS, Geraldo Augusto. Relatório do Projeto de Pesquisa e levantamento Histórico: Rota dos Tropeiros. Lages: Sebrae, 2005 REVISTA DE LAGES: Santa Catarina. Lages: LS Agência de Serviços e Negócios. jun. 2003 ROSÁRIO, Lenir Alda do. 1996. As aves em Santa Catarina: Distribuição geográfica e meio ambiente. Florianópolis, FATMA, 329p SANTOS, Márcio. Estradas Reais: Introdução ao Estudo dos Caminhos de Ouro e Diamante no Brasil. Belo Horizonte: Estada Real, 2001 SICK, Helmut.Ornitologia Brasileira. Volume Único. Editora Nova Fronteira 1997 SOUZA, Deodato. Todas as aves do Brasil. Editora DALL. 1998



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