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índice

editorial conceito 01 relógio 02 carteira 03 goma-arábica 04 estrela 05 óculos 06 avião 07 peluches 08 pingente 09 colares 10 distintivo 11 porta chaves citações


A minha alma reside no meu quarto de inf창ncia onde situam os objetos perdidos.


editorial O objetivo do meu projeto é apresentar um universo e uma visão conceptual através de uma determinada lista de itens. Os Itens desta lista representam as marcas do tempo através dos objetos esquecidos, mas recuperados. O fio condutor que associa os itens com o tema de esquecimento e de memórias passadas. Os Itens desta lista foram encontrados no meu quarto de infância considerando serem objetos esquecidos e ao recolhê-los, relembro as memórias passadas desse tempo e ao juntá-los, foi como construir a minha cronologia dos tempos da minha infância. O catálogo (print) vai contar uma pequena história por cada objeto complementado com a sua definição, a sua história e a representação de cada objeto, em que vai constar uma fotografia a cores, uma ilustração da silhueta e por fim, uma fotografia a preto e branco ou cinza e cada história do objeto vai ser guardada em cada capítulo, acabando por criar “as gavetas” das marcas do tempo.

O modo como vou representar cada objeto escrita e visualmente foi inspirada na exposição One Three Chair por Joseph Kosuth, que consiste a arte conceptual. Ele representou uma cadeira de três maneiras, as quais foram uma fotografia, a definição da palavra de dicionário e uma cadeira enquanto objeto real, que compõem uma instalação composta de um objeto, uma imagem e palavras. Como complemento de comunicação, vai ser constituído um contentor com os seus itens abordando o conceito e uma pequena história. À parte, no espaço físico, vai ser exposto o objeto editorial, que vai assumir o formato A2 com uma estrutura, organização e linguagem próprias, pretendendo, assim, obter uma representação criativa visual dos itens juntamente com a sua identificação.

ESQUECIDOS MAS RELEMBRADOS, EM BREVE ESQUECIDOS OUTRA VEZ


conceito Os objetos posuem em si histórias, marcas de um tempo que passam e que eu identifico com as marcas do tempo em que reencontro a alma duma criança, que há muito esqueci que existia.

Ao criar uma lista de itens, tive de pensar num universo e num conceito que os agrupe, enquanto conjunto ordenado, dando-lhe um sentido definido. Esta lista fez-me refletir e tentar criar um fio condutor. Surgiram-me duas palavras: Achados e Perdidos e foquei me em “perdidos”, porque há na realidade, milhões de objetos perdidos no mundo inteiro. Tentei concentrar-me nos objetos que estavam esquecidos no meu quarto da infância. Estes objetos que acompanharam a minha infância e que fizeram parte da minha vida. O meu afeto por eles, que se foi diluindo com o tempo, contam uma história numa sucessão temporal de alegrias. Ao optar por fazer uma lista destes objetos, lembrei-me da importância de todos eles em particular e de cada um em especial, visto que me ajudaram nas aprendizagens e no meu crescimento como pessoa, tendo vivido experiências inesquecíveis, que me fizeram ser quem sou. Cada um dos objetos teve a sua função na altura própria numa trajetória linear, que foram perdendo a sua funcionalidade e, que, por isso, foram descartados e a ser vistos como artefactos e não como vestígios daquilo que somos e fazemos. Os objetos, com o uso vão para o que convencionalmente é nomeado “lixo” traçando a direção de um novo rumo.

Recuperar o objeto perdido seria valioso, porque metaforicamente seria recuperar o tempo perdido e o tempo é algo que não volta atrás. Os objetos possuem em si histórias, marcas de um tempo que passam e que eu identifico com o reencontro com a alma duma criança, que há muito esqueci que existia. Mais do que a perda de um objeto, sentimos a perda de algo mais importante, algo indefinível. Como se, além de perder os objetos, perdêssemos um pouco de nós próprios. E, sobretudo quando perdemos algo e não sabemos onde, nem como, ficamos com uma sensação estranha como se com ela, perdêssemos uma pequena parte de nós e, consequentemente, uma parte da nossa história. Ficamos a pensar no que lhe possa ter acontecido, deixando a sensação de mistério, de um problema não resolvido ficando no nosso pensamento por algum tempo até acabarmos por esquecer. Ao realizar esta lista foi como rever as memórias do passado, mas há que seguir em frente, construir as novas e relembrar uma alma cheia de inocência da minha infância, antes de me tornar adulta, que traz sempre consigo mais preocupações, responsabilidades e uma vida mais difícil.


“Lembranças vêm e vão, memórias vêm e ficam, e experiências marcam as nossas lembranças, e enfeitam nossas memórias.” Rafael Valladão Rocha

“O passado é história, o futuro é mistério, o agora é uma dádiva e por isso se chama presente” Autor desconhecido


“Entre todos os “perdidos”, encontram-se os que não se querem perder mas, já estão perdidos, e os que se acham completamente ­perdidos porque nunca se encontraram; A insanidade encontra-os e abraça-os.­ Joni Baltar

Alguns livros são injustamente esquecidos; nenhum livro é injustamente lembrado. Wystan Auden


01

definição relógio | s. m. re•ló•gi•o (latim horologìum, -ii,) substantivo masculino 1. Instrumento que marca as horas. 2. Constelação meridional. 3. [Informal] Achaque permanente que ficou de uma doença. 4. [Figurado] Pessoa que só diz o que ouviu dizer. relógio de pulso • Aquele que é dotado de correia ou pulseira para se prender ao pulso.


relógio Ironicamente, para mim, o relógio avariado representa o tempo parado, que indica que ficou preservado até á mesma hora que parou. Os relógios com seu tic tac introduzem movimento nas nossas vidas do dia-a-dia e para que estejamos em sintonia com o mundo que nos rodeia. O relógio parado dá-nos as horas certas do dia em que deixou de trabalhar e penso que isso signifique alguma coisa. Tinha 12 anos quando o relógio parou, e foi no dia de Natal. É pura coincidência, porque os meus parentes me ofereceram outro relógio nesse dia, não sabendo que o meu relógio antigo tinha avariado nesse mesmo dia. Queriam que eu tivesse opção para variar no dia-a-dia, para não usar o mesmo relógio diariamente. Quando avariou, nem dei por isso, porque era bastante desorganizada, distraída e raramente costumava olhar para as horas, prejudicando-me imenso nos tempos de escola, creio que o usava, apenas, por decoração. O relógio foi me oferecida pela minha Mãe no dia da Criança e claro que tinha um objetivo moral por atrás disto, ou seja, era uma mensagem indireta para eu ser mais pontual. O relógio era cor de rosa, cuja cor não gosto, hoje em dia, surpreende- me, que naquela altura, adorava a cor rosa, não sei porquê. Este relógio, que me acompanhou durante quase dois anos de brincadeiras no recreio, fingia para mim, que era uma bússola para descobrir os meus amigos que estavam escondidos nos arbustos. Recordo ainda que o relógio tinha figuras de gatos, que eu tanto ansiava ter. Adorava estas figuras, porque adoro gatos e era mais um motivo para gostar ta‑nto deste relógio.




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definição carteira | s. f. car•tei•ra (carta + -eira) substantivo feminino 1. Espécie de bolsa com compartimentos para guardar cartões, dinheiro, etc.Ver imagem 2. Bolsa de mão, geralmente usada por senhoras para transportar documentos e pequenos objectos de uso quotidiano.Ver imagem = MALA


carteira Foi a primeira carteira que tive. Foi-me oferecida quando frequentava o sexto ano, em 2007, na escola básica da Quinta de Marrocos. Tinha 11 anos de idade. A carteira era azul, que era uma coisa rara nas carteiras em geral e tinha uma ilustração de um golfinho. Admirava os golfinhos. Tinha muitas coisas associadas ao golfinho, era um colar ali, uma pulseira, ou mala, ou livro, ou chave, entre outros. Mas só encontrei a carteira e é uma das marcas importantes que me ficou, porque foi a primeira vez que me assumi quase como uma pessoa adulta com responsabilidades financeiras. Guardava o dinheiro e o cartão com precaução. Só recebia os trocos para pagar o almoço, que eram 2,40, era uma moeda de dois euros ou duas de 1 euro e duas moedas de 20 cêntimos. Fixava esta frase todos os dias. Foi partir daí, que comecei aprender a lidar com o dinheiro e a fazer contas e trocos. Sentia- me muita rica naquela altura. Foi um momento inesquecível para mim, mas tive um grande desgosto, quando no final do sexto ano, a minha carteira se rompeu. Um dia tinha muitos trocos, que tinham que me dar para uma semana e quando abri a carteira, caíram todos no chão. Os meus colegas apanhavam as moedas e ficavam com elas, o que me chocou. Fiquei triste e muito zangada, mas depois passou.




03

definição

goma-arábica | s. f. go•ma•-a•rá•bi•ca substantivo feminino Goma extraída da resina de várias espécies de acácias.


goma-arábica Foi a primeira carteira que tive. Foi-me oferecida quando frequentava o sexto ano, em 2007, na escola básica da Quinta de Marrocos. Tinha 11 anos de idade. A carteira era azul, que era uma coisa rara nas carteiras em geral e tinha uma ilustração de um golfinho. Admirava os golfinhos. Tinha muitas coisas associadas ao golfinho, era um colar ali, uma pulseira, ou mala, ou livro, ou chave, entre outros. Mas só encontrei a carteira e é uma das marcas importantes que me ficou, porque foi a primeira vez que me assumi quase como uma pessoa adulta com responsabilidades financeiras. Guardava o dinheiro e o cartão com precaução. Só recebia os trocos para pagar o almoço, que eram 2,40, era uma moeda de dois euros ou duas de 1 euro e duas moedas de 20 cêntimos. Fixava esta frase todos os dias. Foi partir daí, que comecei aprender a lidar com o dinheiro e a fazer contas e trocos. Sentia- me muita rica naquela altura. Foi um momento inesquecível para mim, mas tive um grande desgosto, quando no final do sexto ano, a minha carteira se rompeu. Um dia tinha muitos trocos, que tinham que me dar para uma semana e quando abri a carteira, caíram todos no chão. Os meus colegas apanhavam as moedas e ficavam com elas, o que me chocou. Fiquei triste e muito zangada, mas depois passou.




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definição es•tre•la |ê| substantivo feminino 1. Astro fixo que tem luz própria. 2. [Figurado] Influência dos astros no destino do homem; sorte; destino. 3. Objecto que tem a forma ou o brilho da estrela. 4. Coisa, ideia ou pessoa que orienta. = FANAL, FAROL, GUIA, NORTE


estrela Eu e a minha família fomos passear no Freeport no Natal de 2004 e vi esta estrela pequenina numa enorme árvore de Natal, que estava na entrada do centro do Freeport. Parecia que estava a chamar por mim, a pedir me para eu a agarrar, então, quando a minha família não estava ver, fui lá rapidamente e peguei-a, depois guardei-a. Quando cheguei a casa, escondi-a debaixo da minha almofada, pensando que poderia passar a ser o meu amuleto, e imaginava que ela me concebia poderes mágicos. Esperava que um dia pudesse fazer magia e claro que esse dia nunca chegou e á medida que fui crescendo, acabei por não acreditar na magia e acabei por esquecer. Na primeira vez, quando percebi que a magia não existia foi quando me apercebi que o Pai Natal que faz parte dos mitos mágicos não existia, porque descobri que eram os meus pais que me compravam as prendas. Nesse Natal, depois começaram as aulas e a minha professora perguntou-me o que o Pai Natal me tinha oferecido e eu respondi “nada”. Ela ficou surpreendida, e foi questionar os meus pais e eles disseram-lhe que eu tinha recebido prendas, sim, e uma delas que eu adorei foram uns patins. Esta professora voltou a perguntar-me, porque eu tinha dito que não tinha recebido nada então, expliquei-lhe que não foi o PAI NATAL, porque este não existe e já agora, as prendas, principalmente os patins, foram os meus PAIS que me tinham oferecido e não o Pai Natal. E ela ficou calada e acabou por não dizer nada.




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definição óculo | s. m. | s. m. pl. ó·cu·lo (latim oculus, -i, olho, vista) substantivo masculino 1. Instrumento composto de lente para auxílio da vista. 2. Janela ovalada. 3. Abertura circular ou ovalada (em parede). óculos substantivo masculino plural 6. Dispositivo óptico composto por um par de lentes, correctivas ou de protecção, sustentadas por hastes que se adaptam à parte posterior das orelhas


óculos

Em toda a minha vida tive 6 pares de óculos e estes, que encontrei foi o quinto par. Usei estes óculos no início do sétimo ano e duraram até no nono ano. Lembro-me que não gostava especialmente deles, e queria muito comprar uns novos só que o meu Pai não queria, porque já tinha estes e ele achava que não valia a pena comprar outros. Quando terminei o 9ºano, queria recomeçar de novo na escola secundária, então parti estes óculos para poder ter uns novos, porque eu queria um novo visual. Estes óculos irritavam-me, porque as lentes saltavam a toda a hora e era muito frustrante andar sempre a procura-las sempre no chão e voltar a pô-las. Como se vê na foto, há uma lente fora do sítio e a outra despareceu. A verdade é que os estraguei e procurei esquecê-los, escondendo-os numa gaveta do meu quarto, mas a verdade vem sempre ao de cima.




06

definição

avião | s. m. a·vi·ão (francês avion) substantivo masculino 1. Aparelho de navegação aérea mais pesado que o ar, munido de asas e de um motor a hélices ou a reacção.


avião

O meu mano adorava montar coisas como legos e outros brinquedos que vinham em peças soltas. Ele estudou engenharia mecânica e tem uma grande paixão pela montagem e na construção de grandes objetos. Quando eu tinha 9 anos, andava sempre dizer que queria andar de avião, porque naquela altura ainda não tinha andado de avião. Então, o meu mano construiu um avião com materiais metálicos e foi engraçado, porque nunca tinha imaginado um avião assim, depois ofereceu-mo. Gostava de brincar com ele muitas vezes e imaginava que ia viajar. Depois de ter começado a andar de avião, deixei de brincar com o avião metálico, o motivo, não me recordo. Acho que foi por ter começado a viajar de avião. Na altura achei muito entusiasmante, impressionante e inesquecível, porque acabou por superar as minhas expetativas.




07

definição masc. pl. de peluche pe·lu·che (francês peluche, tipo de tecido felpudo) substantivo masculino 1. Tecido de lã, seda, algodão, com felpa de um lado (ex.: urso de peluche). = PELÚCIA 2. Boneco revestido com esse tecido (ex.: ofereceulhe um peluche).


peluches Estes peluches são um cão e um gato, aos quais chamei Teco e Tico, sequencialmente. Foram me oferecidos em Coimbra, quando fui implantada. Eu estava no hospital e uma das minhas primas ofereceu-mos, quando me foi visitar. Sempre desejei ter um cão e um gato que fossem os melhores amigos como as personagens de animação, Teco e Tico. Foi no ano 2000 e recordo-me que uma vez, eu e a minha turma da Primária fomos visitar o Hospital dos Bonecos. Fingi que estavam doentes e quis cuidar deles. Então, leveios a uma consulta gratuita. Eu acreditava mesmo, que era um hospital a sério, mas mais tarde, apercebi-me que foi só a fingir e a brincar. Às vezes, ainda me rio, quando recordo esta consulta, porque era tão inocente naquela altura, que acreditava em quase tudo. Estes peluches estiveram sempre presentes e expostos no meu quarto, desde a infância até agora. Quando os observo, fico com a sensação de harmonia e que posso sempre gozar a companhia de algo, que me foi tão precioso nas horas difíceis, que passei naquele hospital.




08

definição pingente | s. m. | s. 2 g. pin•gen•te substantivo masculino 1. Coisa que pende, geralmente em forma de pingo. substantivo de dois géneros 2. [Brasil, Informal] Pessoa que viaja pendurada no exterior de um veículo de transporte colectivo, em especial de um eléctrico, para não pagar evitar pagar bilhete. (Equivalente no português de Portugal: pendura.)


pingente Foi feito por mim durante o décimo ano, na Escola Secundária António Arroio. No décimo ano, a escola permite experimentar todos os cursos, para podermos optar por um e depois seguíamos com o curso pretendido no 11º até 12ºano. Foi a experimentar, e foi improvisado, não é bonito, mas deu muito trabalho a fazê-lo sem referir que era muito perigoso, os instrumentos de cortar e soldar e a forma de os usar era desconhecido para mim. Corteime no polegar, a primeira vez, que usei a serra para fazer a base do pingente, lembro-me como se fosse hoje. Foi no curso de Ourivesaria, mas foi divertido, porque aprendi muito durante este processo de aprendizagem. O pingente foi a resposta a um desafio proposto para responder à pergunta “Hoje acordaste diferente. O que é que em ti está diferente?” e eu realizei um texto de modo a responder a este desafio. “Acordei com mais emoções a surgir; preocupação, tristeza, felicidade, paz, tranquilidade, muitos..a surgir. Ao aperceber-me que o tempo passa rápido, que hoje é um dia novo para recomeçar e compor o dia feito e acabar logo. Acordei de maneira diferente, como se o “eu” tornasse o novo “eu” com mais objetivos, para decidir o futuro, daí a preocupação. Com mais desejos, mais sonhos para conquistar ou desistir. Vejo os meus olhos a abrir e a verem tudo o que passa à volta. O meu olho direito está aberto e observa a realidade e o outro olho esquerdo está fechado e sonha com o que quer, qualquer coisa, no seu mundo, esse olhar é a imaginação. “ -Patrícia Quitéria Optei pelo conceito do olho, que é um órgão da visão, que permite detetar a luz e transformar essa perceção em impulsos elétricos. Através deste desafio “ Hoje acordaste diferente. O que é que em ti está diferente?” retirei do meu conceito baseado no meu texto o modo como encaro a vida e tudo o que me rodeia. Como diz o ditado “ o olho tudo vê e tudo sabe”. Assim, criei o meu projeto que é literalmente um olho, cuja finalidade foi ser um Pendente para poder usar como um colar.




09

definição

co·lar 2 (latim collare, -is, coleira) substantivo masculino 1. Ornato para trazer ao pescoço. 2. Insígnia de certas ordens. 3. Gola, colarinho. 4. Plumagem de diferente cor no pescoço das aves.


colares Foram os primeiros colares que eu adorei; eram simbólicos e simples. Vieram como oferta do champô Herbal de camomila e acondicionador. Usava-os diariamente sem exceção, às vezes levava um e depois o outro para variar. Julgava que faziam parte do mim, e acreditava que poderiam ser amuletos da sorte. Assistia uma série de animação que tinha o nome “Witch”, que era um grupo de jovens bruxas e sonhava ser uma delas, porque todas tinham um colar que simbolizava o seu poder. A série conta a história de cinco adolescentes, que foram escolhidas para ser as novas Guardiãs do Oráculo de Kandrakar. Neste caso, tinham que proteger o centro do universo de pessoas e criaturas, que o queriam destruir. Para isso, foi dado a cada uma delas um poder dos cinco elementos. As novas guardiões eram Will, Irma, Taranee, Cornelia e Hay Lin, cujas iniciais formam a sigla “W.I.T.C.H.”E foi este o significado simbólico, que dei a estes colares. Usei no terceiro ano de 2004, quando tinha oito anos. Foi muito emocionante, porque julgava que podia voar ou fazer qualquer coisa diferente e isso fazia-me sentir fantástica durante todo o tempo. Acho que foi graças a este simbolismo imaginário, que me permitiu “sobreviver” na primária.




10

definição

distintivo | adj. | s. m. dis·tin·ti·vo adjectivo 1. Que serve para estabelecer distinção ou diferença. substantivo masculino 2. Sinal, emblema, insígnia.


distintivo Foi no Carnaval de 2002 e tinha 6 anos. Eu e a minha família fomos para Sesimbra. Lá costuma haver sempre bons desfiles de carnaval e íamos sempre assistir. Mascarei-me de Cowboy, foi muito divertido, fingir que podia disparar e mostrar o distintivo, fazia-me sentir poderosa. É irónico, que um objeto tão pequeno e falso como um emblema de plástico tenha tido tanto valor para mim. Depois do Carnaval, obviamente não podia continuar mascarada, mas levava sempre o distintivo e mostrava-o sempre, quando havia uma situação que me incomodava. Até o levava para a escola de vez em quando, e para reuniões familiares e ocasiões especiais. Sentia que o distintivo me protegia e me dava força. O distintivo simbolizava o meu nome e distinguia-me entre as outras pessoas, porque me senti sempre diferente, pelo fato de ter uma surdez profunda, que me levou a encarar o mundo á minha maneira e era esse o simbolismo deste objeto. Quando entrei no Quinto ano, deixei-o no meu quarto e nunca mais lhe dei importância, porque quando entrei na escola básica, sentia que tinha começar a ser adulta e a deixar de imaginar coisas, que ninguém entendia, para trás para, poder ser uma pessoa comum com a possibilidade de me integrar na sociedade e no ambiente escolar.




11

definição

porta-chaves | s. m. 2 núm. por·ta·-cha·ves (forma do verbo portar + chave) substantivo masculino de dois números 1.Aro ou estojo em que se trazem as chaves. = CHAVEIRO


porta-chaves Foi-me oferecido pela minha Mãe no Verão de 2006. Tinha dez anos. Divertia me muito no Verão, porque é a minha estação favorita e é pena que seja mais curto do que o Inverno. Ainda não me permitiam andar sozinha no metro ou na rua, mas eu desejava tanto ter as chaves de casa, para me poder sentir como uma adulta. Queria ter as minhas próprias chaves para eu poder usar um portachaves, que depois fui decorando à minha maneira acrescentando coisas que representassem ago importante para mim. Pensando melhor agora, mal acredito que ainda tenho o porta-chaves, pois lembro-me disto como se fosse ontem, coisa que eu desejava tanto e parecia que nunca se iria concretizar. A verdade é que o desejo não se realizou deste Verão mas a minha Mãe ofereceu me as chaves falsas e com uma porta de chaves que era um chinelo verde bem pequeno, verde sempre foi a minha cor favorita e tinham os símbolos de coração e flor que sentia que simbolizavam o meu ser juntamente com Verão. Adorei esta prenda. Andei com elas todo o tempo até o Verão terminar. Tinha as perdido depois do início das aulas no setembro, e não me recordo como as perdi. É o esquecimento mas é importante de lembrar alguma coisa que mesmo seja uma parte do que nada.




“Minha alma é um quarto onde os objetos mais estranhos estão colocados, um ao lado do outro, sem ordem, sem nenhuma intenção de fazer sentido.”

“Essa é a missão da poesia:s -Recuperar os pedaços perdidos de nós.”

Rubem Alves

“Entre todos os "perdidos", encontram-se os que não se querem perder mas, já estão perdidos, e os que se acham completamente perdidos porque nunca se encontraram; A insanidade encontra-os e abraça-os.” Joni Baltar


Jeremy Irons

“Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas nos levam pra trás, são chamadas de memórias. Outras nos levam para frente, são chamadas sonhos.”


Ficha Técnica: Projeto: “Marcas de Tempo” Nome: Patrícia Raquel Carreira Quitéria Disciplina: Design de Comunicação II Coordenação: Docentes: Isabel Castro / Luísa Ribas Design/Fotografia/ Ilustração Patrícia Quitéria Fontes: Futura Md BT/Times New Roman Data de publicação: 26/01/2016



DC II - FBAUL

PATRÍCIA QUITÉRIA 8068 TB


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