Dash Magazine

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D A S H ESPECIAL

Expovest & Femai As feiras de moda que fazem sucesso no Paraná

TECNOLOGIA

Moda+Nanotecnologia

A combinação que dá certo!

EMPREENDEDORISMO

MODA BEBÊ

Fomos até Terra Roxa para conhecer a empresa que exporta roupas infantil para todo o país

Blogueiras criam top blogs de moda da região sul

SUSTENTABILIDADE

PERFIL

Conheça atragetória do fotógrafo pontagrossense de moda, Rodrigo Covolan

Empresa de Maringá cria tecidos com casulos descartados

A MODA DE UM JEITO DIFERENTE ANO 01 - NÚMERO 01 - 11/2014


[PUBLIC


CIDADE]


ME 6|

Carta ao leitor / Expediênte

7|

Coluna

8|

empreendedorismo

reciclada, reproduzida mas dificilmente criada blogueiras de curitiba criam primeira rede de top blogs de moda da região sul

12| perfil rodrigo covolan

fotografando moda

22| empreendedorismo as crianças estão na moda!

& tecnologia 24|moda moda e nanotecnologia a combinação ue dá certo


NU 28| especial tendĂŞncias paranaenses

cobertura expovest e femai

& Sustentabilidade 38| moDA moda ecologicamente correta


CARTA AO LEITOR EXPEDIENTE A moda pensada de outra forma

O Paraná é o 5º maior produtor de moda do Brasil, segundo a Associação Brasileira de Indústria Textil (ABIT), e é sede de grandes eventos referentes a este setor, que geram empregos nas mais diferentes áreas. Dessa forma, o setor se desenvolve e com ele a economia do Estado. São seis Arranjos Produtivos Locais (APLs) no setor de vestuário do Paraná que englobam 1.835 empresas e geram mais de 35 mil empregos diretos. São milhares de profissionais trabalhando no ramo, entre eles estão grandes, médios e pequenos empreendedores - desde a simples costureira que tem um atelier em casa para ajudar na renda familiar, até o produtor do mais famoso evento de moda do Estado. A movimentação econômica gerada por este setor é grande dentro do Paraná, mas as informações voltadas para esse quesito não são tão grande assim, pois não há publicações com esse enfoque no Estado e nem mesmo no país. A Dash Magazine foi pensada para sanar isso. As revistas de moda atuais têm um conteúdo voltado totalmente para o público final da moda e não para os profissionais que fazem parte da construção deste processo. Por isso a Dash traz um conteúdo de moda com enfoque econômico, buscando levar informações que possam ajudar esses profissionais a fomentar ou ainda lançarem suas marcas. O conteúdo é pensado também para os consumidores, que buscam informações de eventos, feiras e plataformas da moda paranaense. Contribuir e dar visibilidade a cada ponta do setor de moda do Paraná é o maior objetivo da Dash Magazine. Nesta edição você poderá entender a trajetória profissional de empreendedores do Estado nas editorias Empreendedorismo e Perfil, poderá conhecer um pouco sobre moda sustentável na editoria Moda & Sustentabilidade, poderá ficar por dentro de duas grandes feiras de moda paranaenses na editoria Especial e ainda ver como a nanotecnologia tem sido utilizada na fabricação de tecidos inteligentes e seus benefícios para quem os usa, na editoria Moda & Tecnologia. Boa Leitura!

YAGO M. ROCHA

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A revista Dash Magazine é resultado do trabalho de conclusão de curso/ projeto experimental em jornalismo de 2014 do acadêmico Yago M. Rocha sob orientação da professora Camilla Tavares. Univerisdade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). CAPA Yago M. Rocha Foto: Desirée Georgia Modelo: Mariana Okita Colaboração: Leonardo Mordhost Lohaine Almeida REPORTAGEM REDAÇÃO EDIÇÃO FOTOGRAFIA Yago M.Rocha PROJETO GRÁFICO DIAGRAMAÇÃO Yago M. Rocha COLABORADORES Gabriela Bulhões Coluna: Milena Cristo TIRAGEM 5 exemplares-piloto

D AS H MAGAZINE


Coluna

Reciclada, reproduzida, mas dificilmente criada O cenário da moda atual passa por um período fast fashion. Redes de varejo que comercializam suas peças e acessórios de maneira rápida e contínua. Nosso cotidiano exige praticidade e versatilidade no vestir, por isso esta “febre” fast fashion faz a cabeça do consumidor na moda nacional e internacional. Este novo termo é apenas uma das mudanças que vem acontecendo no mercado da moda há alguns anos. O cenário fashion reavalia seus modelos tradicionais de negócios e se molda as tendências do mundo, transformando suas capacidades, não só, pelos aspectos estéticos e éticos, mas, sobretudo econômicos. O designer passa a ser também “administrador”, a dominar todas as etapas do negócio desde as estratégias de comunicação, as tendências e desenvolvimento econômico. A moda torna-se cada dia mais otimista, porém existe uma falsa “glamouri-

zação” envolvendo a moda mundial. Uma marca para se estabelecer no mercado exige muito mais esforço, talento, criatividade, dedicação do que há 10 anos atrás. Concluímos que a moda passa por um período delicado e de grande metamorfose. Tudo isto é colocado “debaixo do tapete”, pois sabemos que o design, a produtora de moda, o fotógrafo, o estilista, o dono da grife, enfim, todos os profissionais desta área sabem que é preciso se adaptar ao mercado ou você cai no esquecimento. Afinal, tudo já foi inventado e hoje é reinventado. Tecidos tecnológicos, um zíper que vira detalhe especial da peça, novas lavagens do tradicional jeans. Releituras, novas linguagens, novas roupagens, reinventar para seduzir o consumidor, confortar e conformar os grandes nomes da indústria da moda nacional e internacional porque a moda atual pode ser reciclada, reproduzida, mas dificilmente criada.

Milena Cristo - Produtora de Moda (Formada no Curso de Estilismo e Produção em Moda pela UEPG-Universidade Estadual de Ponta Grossa)

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EMPREENDEDORISMO

Moda Empreendedora

Blogueiras de moda criam a primeira rede de top b da regi達o Sul, para impulsionar o mercado do ram 8


A

blogs mo

DIvulgação

a

facilidade, baixo custo e a possibilidade de manter um contato direto com os clientes são fatores que tornam a internet um dos meios mais procurados para divulgação das marcas, produtos e produções de grandes, médios e pequenos empreendimentos. Através das redes sociais, empreendedores interagem com seus clientes e conseguem atender com mais rapidez seus consumidores. Não é de hoje que o investimento em plataformas da internet para se ganhar dinheiro vem crescendo em todo o país. O setor da moda representa 20% do faturamento do e-commerce brasileiro, que são as vendas feitas por meio da internet. Em 2012, o setor representava apenas 2% dessas vendas, de acordo com uma pesquisa realizada pela e.Bricks Digital, empresa do Grupo RBS que desenvolve negócios no setor digital, e a M.Sense, especializada sobre o mercado digital. Além do crescimento do poder aquisitivo da população, o aumento das vendas do setor da moda na internet se dá pelas maiores possibilidades de acesso às tendências internacionais por meio de sites e blogs que impulsionaram o consumo de roupas, calçados e acessórios. Segundo Marcelo Lobianco, vice-presidente executivo do Instituto de Arquitetos do Brasil, a cada vez mais, marcas do ramos da moda fazem parcerias


com blogs, visando dar maior visibilidade à seus produtos. Isso também é rentável à quem mantém os blogs, como mais uma forma de crescimento com um bom retorno financeiro. Foi levando isso tudo em consideração e com o espírito empreendedor que as blogeiras curitibanas Adriana Nakamura, Bárbara Alcântra e Débora Alcântra pensaram uma plataforma para ajudar a impulsionar esses sites no mercado. Em dezembro de 2012, lançaram a rede Fashion Sul (FS), idelaizada e desenvolvida com o objetivo de estreitar as relações comerciais entre marcas e bloggers. A ideia do Fashion Sul surgiu de um encontro entre as blogeiras, em que discutiam a falta de reconhecimento e as dificuldades deste novo mercado. “Inicialmente, estávamos dispostas a solucionar a

renciamento de mídias, moda e ainda administrar uma empresa é o trabalho de quem lida com o mercado digital. “Cada uma tem as suas responsabilidades no nosso blog (Tudo Orna), cumprimos prazo, temos compromissos, fazemos reuniões, enfim é um negócio como outro qualquer. A única diferença é que não paramos nunca, o tempo todo estamos trabalhando para o blog, e amamos!”, explica. As irmãs dizem ainda que a parceria comercial não é vista por elas só como um bom retorno financeiro, mas também a oportunidade de realizar sonhos antigos. “Essa parceria mostra a nossa credibilidade e nos dá grandes chances. Qualquer blogueira de moda tem um sonho de desenvolver um produto seu. Com isso conseguimos realizar um dos nossos maiores desejos, o de lançar a coleção de sapatos. É gratifican-

de é criar projetos de ativação e posicionamento das marcas com a utilização do marketing digital, das mídias sociais, de estratégias de follow-up para eventos e desenvolvimento de novas linhas de produtos. A FS conta com a participação de 15 blogs dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. E é também a única do Brasil a oferecer consultoria para fashion bloggers, em um espaço denominado “SOS bloggers”, contribuindo para o desenvolvimento deste nicho e direcionando jovens que buscam se profissionalizar no ramo. Hoje é possível tirar pelo menos R$ 2 mil reais em um bem acessado, sem ter que investir muito para isso, segundo Débora. “Vai precisar de muita criatividade e dedicação, e o retorno vem com o tempo”, diz.

“ Essa parceria mostra a nossa credibilidade e nos dá grandes oportunidades ” questão em Curitiba, mas acabamos percebendo que esse era um problema do Sul. Partindo disso, resolvemos criar uma plataforma que reunisse os blogs com interesse em trabalhar com o marketing digital e posicionamento de marcas”, explica a sócia Débora Alcântra, do blog Tudo Orna. As irmãs Alcântra explicam que trabalhar com a produção de conteúdo online, ge-

te”, comemora Júlia Alcântara. O objetivo do Fashion Sul, para Adriana Nakamura, do blog Eu Não Tenho Roupa, sempre foi reunir em um único local o contato dos principais formadores de opinião das áreas de design, moda e beleza, sem esquecer de valores como a sustentabilidade, inovação e ética. Atualmente a rede é uma das mais influentes e profissionais do país. A finalida-


DIvulgação


Perfil

O G I R A D D O M O RFOO D N A F A TOGR N A L O V O C

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Arquivo pessoal


Arquivo pessoal

E

m uma região arborizada e tranquila, o professor de cabelos longos e ruivos dá as últimas instruções a seus alunos antes de eles saírem fotografar as modelos. A recepção harmoniosa dava espaço ao brilho nos olhos de um profissional satisfeito com seu trabalho. Ao liberar os alunos para a atividade prática do dia, Rodrigo Covolan conta a sua história com a fotografia de moda para a *NOME REVISTA*, agarrado ao seu instrumento de trabalho, a câmera. Antes de fotografar, Covolan estudou Processamento

de Dados e tentou prestar vestibular para Administração, nunca tinha tido contato com moda ou mesmo com fotografia. Rodrigo começou a fotografar por uma ocasião de negócios ao se tornar sócio de uma agência de modelos, no começo dos anos 2000. Na época, com 18 anos, Rodrigo ajudava a fazer books de modelos para poder lança-las em cidades maiores, onde há giro do mercado de moda. “Os books têm uma característica própria, eles têm que ter uma linguagem de moda, então eles precisam ter todo um padrão de produção, de luz, de uma referência do mercado de moda que tínhamos que seguir”, explica. Em Ponta Grossa, na

época, não haviam fotógrafos que tinham essa especialização e que conseguisse dinamizar essa linguagem para que fosse possível vender a imagem da modelo. Então as agências de modelos, assim como a em que Rodrigo trabalhava, contratavam fotógrafos de São Paulo e Rio de Janeiro para fotografarem as modelos da cidade. “Esse trâmite de trazer um fotógrafo de fora era um pouco complicado, também porquê o fotógrafo não vinha fotografar apenas uma garota, pois não seria viável economicamente. Então nós tínhamos que formar grupos de 10 a 15 meninas para que a vinda do fotógrafo fosse viável, e arcá-


vamos com todas as despesas do profissional, que geralmente vinha com uma equipe de 4 ou 5 pessoas, de avião, a passagem era cara, fora a hospedagem e a alimentação. Isso tudo, além de tornar o trabalho bastante oneroso, fazia com que perdêssemos muito tempo com esse processo” lembra. Em uma dessas contratações, o assistente de um dos fotógrafos que irai viajar para Ponta Grossa mais uma remessa de modelos, passou mal antes de entrar no avião e acabou não podendo embarcar. Então o fotografo pediu à Rodrigo para que o auxiliasse como assistente durante aqueles dias em que ele ficaria produzindo na cidade. Mesmo não sabendo nada sobre fotografia, Rodrigo aceitou dizendo que ajudaria no que pudesse. Durante três dias, Covolan auxiliou o fotógrafo. “Eu tinha que ficar puxando cabos, ele não podia ficar no sol por causa da lente, eu ficava segurando sombrinha, tomava sol na cabeça, enfim, no terceiro e último dia de trabalho, reunidos no escritório da agência, o fotógrafo que eu tinha ajudado chegou e me disse: ‘Nossa, eu nunca tive um assistente tão ruim como você. Você é o pior assistente do mundo!’”, lembra, rindo. Mas naquele momento, algo despertou em Rodrigo que o fez sentir vontade de aprender a fotografar e prometeu a si mesmo: “um dia pode ser um fotógrafo melhor que esse cara”. Arquivo pessoal


O verdadeiro encontro com a arte de fotografar Sabemos que aprender a fotografar não é da noite para o dia, e Rodrigo, hoje, tem plena consciência disso, “mas na época eu tinha essa visão que muita gente tem, de que basta ter uma boa câmera, encontrar uma menina bonita e sair fotografando”, lembra. Foi então que o fotógrafo, na época com 18 anos, decidiu comprar uma câmera digital, reuniu algumas meninas para fazer algumas fotos. Apesar de não ter alguma técnica apurada de fotografia, Rodrigo já conseguia identificar o padrão visual e elementos importantes que compunham o trabalho fotográfico, só faltava realmente a parte técnica de fotografia. Para sanar isso, o jovem fotógrafo teve de buscar cursos alternativos em outras cidades, mas pela falta de tempo optou por fazer um curso sobre fotografia por correspondência pelo Instituto Universal Brasileiro. “Eram três módulos, eu

paguei o primeiro, que fiz em casa, e já de primeira eu abri os olhos para o que realmente é fotografia”, conta Rodrigo. Ao agregar o conhecimento à experiência anteriormente vivenciada durante o tempo que trabalhou na agência de modelos, logo de cara ele percebeu que tinha futuro, e com o tempo as técnicas foram se aperfeiçoando naturalmente. Depois de abandonar o trabalho com a agência de modelos, o fotógrafo buscou focar a energia na fotografia de moda muito mais focado no trabalho com revista e com catálogo para marcas e grifes, do que necessariamente fazer books, e começou a se arriscar em campos maiores do mercado como Cianorte, Maringá, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. “Claro que quando você entra neste ramo você tem aquele fascínio de glamour, celebridade, gente bonita e afins, que é um ímã para atrair as pessoas. Mas aquilo te joga para um lugar va-

zio, pois não passa da primeira semana. Depois é trabalho realmente, tem que sempre manter o foco, além de não ter tanto glamour quanto as pessoas pensam”, afirma o fotógrafo. A rotina de Rodrigo agora é bem diferente da de antes, hoje além da fotografia de moda ele também é professor de fotografia. “Acredito que nos últimos três anos eu tenha dado aula para mais de 400 alunos”, comenta. Além das aulas de fotografia, Covolan mantém dois projetos regionais, um deles é o projeto “A Moda da Casa”, que já teve três edições. A primeira foi em 2011, quando um curador que tem um espaço na Câmara Municipal de Ponta Grossa o convidou para lançar uma exposição lá. Era a primeira exposição do fotógrafo em toda a sua carreia até ali. O projeto que viera a se chamar “A Moda da Casa” uniu pontos turísticos de Ponta Grossa, os principais atrativos históricos e culturais e a composição de moda figurada em modelos que posam nesses atrativos, vestindo roupas de estilistas locais. E para complementar, na exposição as fotos vinham acompanhadas de poemas de autores da região. “Então conseguimos abraçar moda, turismo, modelos, produção de moda e literatura locais em um único projeto” conta. Na segunda edição do projeto, ele toma uma dimensão maior. Foi patrocinado e realizado no Shopping Palladium. A última edição, realizada em 2013, tomou repercussão


nacional depois que saiu na revista “Fotografe Melhor”, que é uma das mais importantes revistas sobre fotografia da America Latina. “O projeto ocupou cinco páginas da revista, foi uma surpresa muito agradável para mim e isso lançou o meu trabalho ao território nacional de uma outra forma, uma fotografia mais comercial, uma fotografia mais pensada em ser atrativa visualmente e não uma fotografia pensada em ser mais mercantil como a fotografia de moda para revista” comenta o fotógrafo. Um de seus trabalhos mais representativos foi em São Paulo, quando fotografou para editorial e capa da revista

Picadili, em 2012. A revista é a de maior tiragem da América Latina e já teve publicações com fotos de grandes nomes da fotografia do país. “Isso me põe em um roll de fotógrafos importantes, isso tem um peso grande”. Rodrigo fez outros trabalhos em São Paulo, mas por enquanto ainda não pensa em expandir seu trabalho para um grande centro, como São Paulo. “Quando eu tiver perto dos 40 anos de idade, hoje tenho 33, então ainda tem alguns anos para lapidar o minhas práticas, pra chegar lá forte. Pois lá tem muita gente boa, e para conquistar um espaço e reconhecimento lá é difícil”, explica. O fotógrafo que não

tem um ponto comercial, tem mais de 20 mil seguidores no Facebook, entre clientes, fotógrafos e admiradores de seu trabalho que me permite não ter a necessidade de criar uma raiz comercialmente, sempre estou viajando ou em outros pontos da cidade”, conta.

Modelo Daiane Ferreira Foto e direção Rodrigo Covolan Produção de moda Milena Cristo Assistente de fotografia Peterson Peterson Guilherme Strack Local - Catedral Santana Ponta Grossa, PR


Como profissional do ramo, Rodrigo destaca que a maior das dificuldades para se lançar neste mercado é principalmente a interpretação da linguagem de moda que segundo ele, tem uma característica própria. É necessário entender o comportamento de um vestido no corpo de uma modelo, cartela de cores, maquiagem para determinado tom de pele, a diferença de uma luz dita fashion, de uma luz comercial de um look casual entre outras particularidades que devem ser atentadas. “E onde você vai aprender isso? Você pode até fazer curso de fotografia de moda, mas acho que tem que ser por vocação, você tem que gostar daquilo, ser um leitor assíduo de revista de moda, tem que gostar de desfiles, conhecer o mundo da moda”, comenta Rodrigo, que defende a importância de se inteirar com a linguagem do que se está fotografado. “Hoje, tranquilamente, consigo identificar o perfil de uma garota para moda, mesmo que ela esteja de cabelo preso e uniforme de escola. Mas essa é uma habilidade que

só se adquire se existir realmente um convívio e contato com esse meio”, completa. Rodrigo foi o primeiro profissional de imprensa dos Campos Gerais a fazer cobertura no São Paulo Fashion Week (SPFW) em 2008. Essa foi a primeira vez que a imprensa de Ponta Grossa teve um representante credenciado lá, e o fotógrafo descreve como uma experiência incrível. “É uma energia inesquecível, eu fiquei realmente encantado, às vezes até esquecia de fotografar ao ficar admirando o evento”, relembra. Covolan se descreve como um fotógrafo que tem uma pegada fashion mais comercial e faz ensaios fotográficos de pessoas que buscam por algo diferenciado. Com isso, ele, junto com a sua equipe, desenvolveu uma etiqueta de trabalho, um novo estilo de fotografia. E para as pessoas que pretendem se aventurar no ramo, Rodrigo deixa a seguinte mensagem: “Para alcançar o sucesso e a excelência é preciso garra e foco. Se manter atualizado e buscar se aprimorar e inovar sempre que possível, dessa forma a vitória é certa!”.


A Deusa de Vila Velha - Foto integrante do projeto À Moda da Casa, edição 2012 Fotografado por Rodrigo Covolan Produção de Milena Cristo, Bruno Frasson, Marcio Lima e Peterson Guilherme Strack Modelo Natasha Taques Local- Vila Velha



Modelo Márcia Ribeiro Foto e direção Rodrigo Covolan Produção de moda Milena Cristo Local - Maria Fumaça - Parque Ambiental de Ponta Grossa - Ponta Grossa PR


EMPREENDEDORISMO

s e s a ç n a i r c s A

! a d o m a n o tã

e a x o R a r r e Te d a i m o n aís eco p a o a o d l d o o t m s de antil o f n i n i n a e d u o q M s pe o a s o l i t s espalha e

D

a terra vermelha brotam muito mais que soja e milho. Dos sítios do Terra município de Terra Roxa, Oeste paranaense, surgem tendências da moda bebê para o país inteiro. A cidade colonizada por imigrantes italianos concentra na área rural parte das confecções especializadas em roupas para crianças, de zero a três anos. Quem imaginava que um lugar tão distante, conhecido pela produção agrícola, seria polo nacional de produção de roupas para crianças? A ideia nem passava pela cabeça da empresária Celma Rossato, 46 anos. Mas foi do esforço dela

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que tudo surgiu. Na década de 1980, a atividade mais comum aos moradores da cidade era o trabalho de boia-fria. Foi da necessidade de fazer roupinhas para o seu primeiro filho, em 1985, que outro caminho apareceu e Celma começou a costurar. Os modelos criativos chamaram atenção e ela passou a bordar para vender. No início, sem dinheiro para comprar matéria-prima, Celma começou a fazer panos de prato, com tecidos usados em sacos de açúcar, e vendia de porta em porta. Um dia, uma cliente pediu para que ela bordasse as primeiras peças de roupa para bebê. Eram cinco caixas de fralda. Acabou criando 20 modelos. Encantada, a cliente presenteou

Celma com uma caixa de fraldas. Ela cortou as peças em quatro partes e fez 20 fraldas de boca, todos vendidos em uma loja de artesanato em Palotina, cidade vizinha. O sucesso incentivou Celma a fazer calças, babadores, casaquinhos e o negócio criou forma. O apoio do marido, Eugênio Rossato, atual gestor do Arranjo Produtivo Local (APL), também pesou. Ele vendeu as férias na cooperativa onde trabalhava para comprar uma máquina e depois pediu demissão para ajudar a esposa. Grávida do terceiro filho, em 1991 Celma foi a São Paulo e levou o mostruário. Uma lojista se encantou com o produto e a estimulou a abrir uma empresa. “A partir daí foi como


Atribuíções locais A confecção infantil é responsável por 30% da economia do município e faz da cidade líder do segmento no mercado do país. A primeira empresa, Paraíso Moda Bebê, surgiu em 1992. Atualmente 30 das 113 empresas existentes na cidade estão inseridas no Arranjo Produtivo Local (APL), criado em 2004 para oferecer subsídios e aperfeiçoamento aos empresários. O APL gera cerca de 2,8 mil postos de trabalho diretos e emprega pelo menos um terço da População Economicamente Ativa (PEA) do município. O empresário Eugênio Rossato, gestor do APL, diz que a tecnologia trazida a partir da implantação do arranjo produtivo possibilitou um amadurecimento dos empresários e profissionalizou as confecções. OAPL reúne as principais empresas da cidade e faz investimentos em inovação por meio de pesquisas e matéria-prima, sempre em sintonia com as ten-

dências de moda mundial. “Um adulto tem sua moda e o bebê também tem a sua”, resume. A produção do APL, cerca de 500 mil peças ao mês, é vendida para todo país. O faturamento mensal é de R$ 10 milhões. Gestor do Projeto Setorial de Vestuário de Terra Roxa pelo Sebrae, Alan Alex Debus diz que as 30 empresas do APL têm marca própria, o que é um diferencial. “O APL de Terra Roxa é um dos mais ativos do setor de vestuário e com mais impacto na economia local”, diz. A cadeia da confecção infantil mudou os rumos da cidade de 17 mil habitantes e a vida de muitos paranaenses. Maria do Carmo, 42 anos, é um exemplo. Até os 38 anos, ela trabalhava nos Campos Gerais, onde plantava eucalipto. Hoje, o cenário é o mesmo, um sítio, mas agora ela não lida diretamente com a terra. Maria atua no setor de corte de

de roupas e também dirige o ônibus que transporta funcionários da empresa Baby Doces Momentos, confecção localizada em um sítio de cinco alqueires que produz cerca de 20 mil peças ao mês. “Agora me sinto melhor. Antes trabalhava no sol com uma bomba de 20 litros nas costas para pulverizar e plantar”, conta. Um dos empresários do segmento e também prefeito do município, Ivan Reis (PP) diz que o APL representa a transformação da figura do volante e boia-fria para um trabalhador de carteira assinada e que tem garantia de renda familiar. “Hoje só não trabalha quem não quer. Há falta de mão de obra qualificada”, afirma. Por isso, muitos empresários têm investido em unidades em cidades próximas, como Guaíra, Palotina, Francisco Alves (todas no Paraná) e Iguatemi, no Mato Grosso do Sul. Yago Rocha

se as asas se abrissem”, conta. Os produtos começaram a ganhar as vitrines paulistanas e Celma foi procurada por inúmeros representantes de venda. Em 1992, ela fundou a empresa na qual está à frente hoje, a Paraíso Moda Bebê. Cinco anos depois, alguns funcionários começaram a sair do emprego e abriram o próprio negócio o que fez surgir o polo de moda bebê na cidade. “A moda bebê começou com um simples gesto: de amor. Amor pela criança que iria nascer sem roupa”, diz Celma.


Moda & Tecnologia

Nanotecnologia e moda a combinação perfeita!

Os benefícios dos tecidos inteligentes vão além de roupas mais confortáveis, as propriedades aderidas nas vestimentas com a tecnologia, ajudam a combater odores e imperfeições na pele.

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Divulgação CuteCircuit Foto domínio público


Divulgação

Quantas vezes você já desejou roupas que não amassassem? Ou ainda uma roupa que hidratasse a pele e ainda ajudasse a combater a celulite? Com a nanotecnologia isso deixou de ser um sonho. Por muito tempo, a tecnologia que era aplicada nos tecidos atendia a determinadas especificidades de uso. Assim, os tecidos inteligentes eram confeccionados para coletes à prova de balas, aventais com barreira antimicrobiana, utilizadas por profissionais da saúde para prevenir infecções hospitalares, além de outros materiais e vestimentas que eram usados em determinadas áreas de trabalho e serviam como instrumentos de segurança para alguns profissionais. Com o avanço nas pesquisas desse campo, grandes marcas de roupa aderiram a tecnologia em suas criações com um desígnio diferenciado. Agora os tecidos inteligentes são confeccionados para hidratar a pele, perfumar, ativar a circulação e até mesmo prevenir e tratar lesões e imperfeições dermatológicas como celulites. No mercado brasileiro, esses tecidos são mais utilizados por grifes esportivas e de roupa íntima, no entanto, o número de roupas que trazem vantagens extras, tem crescido a cada estação. “Por ter um contato maior com o corpo humano, a moda íntima necessita de um grande investimento em inovação. Há um cuidado maior com essas peças”, afirma Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). “Essas mudanças acabam migrando para outros segmentos da moda e se tornando mais difundidas”, conclui.

Já encontramos leggings e bermudas feitas de fios com cristais bioativos, que são eficientes contra um dos maiores pesadelos das mulheres: a celulite. Segundo Camilla Borelli, coordenadora do departamento de Engenharia Têxtil da Fundação Educacional Inaciana, os cristais provocam uma espécie de drenagem linfática que contribui para o tratamento e prevenção das lesões. “Eles absorvem o calor do corpo humano para devolvê-lo em forma de raios infravermelhos longos. Esses raios estimulam a circulação diminuindo o inchaço das células de gordura e atenuando os nódulos”, explica Camilla. A nanotecnologia aplicada ao tecido permite uma maior maciez e conforto térmico, além de outras funcionalidades que podem tornar mais prática a vida de quem usa, com tecidos que não amassam, não encolhem e são mais fáceis de lavar ou passar. “As nano partículas modificam as propriedades físicas e químicas das fibras dos tecidos para agregar novos benefícios a eles”, explica o engenheiro têxtil Eduardo José Pitelli, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Um tratamento químico nas fibras do tecido comina propriedades hidratantes a partir de partículas de um composto introduzidas nas fibras têxteis que se dissolvem com o calor do corpo, dessa forma a pele vai se tornando mais macia durante o dia. Esse mesmo tratamento feito nas fibras do tecido, também atribui propriedades que agem contra os danos dos raios solares, com adição de partículas de dióxido de titânio sobre as fibras, resultando numa proteção equivalente a fator de proteção solar (FPS)


Aprimorado com nanoporos protege contra o calor ou frio. Aprimorado com nanopartículas Propriedades auto-limpantes semelhantes a da planta lotus. Aprimorado com nanopartículas de prata - efeciente contra odores 50. “Em poliamida e nylon, esta proteção é permanente. No caso das fibras de algodão, a eficiência na roupa pode durar até 50 lavagens”, garante Pitelli. Esse processo químico ainda perfuma roupas, adicionando microcápsulas de fragrância nas fibras têxteis que quando rompidas, liberam as substâncias aromáticas gradativamente, sem alterar o aspecto ou a qualidade do tecido. O maior apelo dos tecidos inteligentes são à roupas utilizadas para realizações de atividades físicas, já que oferecem as maiores vantagens. Há tecidos especialmente desenvolvidos para impedir que o suor eliminado prejudique a aparência e o bem-estar dos esportistas. “Para manter a roupa seca, o suor deve ser rapidamente absorvido e evaporado. Para isso, as fibras do tecido recebem microcápsulas que provocam a mudança de fase do líquido para o vapor em instantes”, esclarece a professora Camilla. O uso destas mesmas partículas também regula em até três graus a temperatura da pele, de acordo com o enge-

nheiro têxtil Eduardo José Pitelli. Com isso, o tecido ajuda o corpo a se resfriar quando está muito quente e a se aquecer quando está muito frio. Até o mau cheiro do suor tem jeito. Nesse caso, outro tipo de tratamento feito na fibra têxtil é que evita a proliferação de bactérias. “O suor cria um ambiente favorável aos micróbios, que se proliferam, morrem e dão origem os odores. A partir da aplicação de partículas antimicrobianas nas fibras do tecido, é possível inibir o crescimento dessas bactérias e eliminá-las”, finaliza Pitelli. A fábrica curitibana de roupas esportivas Benção Brasil, , distribui peças para o país todo, principalmente as de propriedades técnológicas. O preço das roupas vaira entre R$ 120 a R$ 800 no varejo, cerca de 40% mais caro que no atacado.“Os produtsos são 20% mais caros do que os comuns, mas a busca por roupas com o tecido inteligente é bem maior e rende em torno de 70% do lucro da empresa.” conta o proprietário Edno Garibalddi. Roupas de ginástica feitas com tecidos de propriedades nanotecnologicas. Fotos de domínio público.


ESPECIAL

Tendênci

Divulgação PBC

Eventos atac e divul

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ias paranaenses

cadistas se desenvolvem no Paraná lgam o nome do estado para todo o país

O Paraná é cede de grandes eventos de moda e atrai pessoas de todos os lugares para cá. Isso lança o nome do estado para o mundo deste setor e fortalece ainda mais a economia. Entre esses eventos estão as feiras de atacado, que buscam unir empresários do ramo para exporem suas marcas e terem grandes oportunidades de negócio. Essas feiras têm um grande valor econômico para inúmeros setores além dos profissionais da indústria têxtil, empresários secundários, expositores e compradores, pois além de impulsionar o turismo, muitas delas têm uma contribuição notável para a economia da cidade onde acontecem. A Expovest e a Femai, são duas feiras paranaenses de grande atuação no cenário de atacadista. Embora sejam regionais e de renome, ambas possuem diferenças de tratamento, público, investimento e incentivo. A revista Dash foi até os dois eventos para entender a dimensão de cada um.


Yago Rocha

E

ntre os dias 31 de março e 3 de abril, Cianorte foi sede da Expovest, maior feira de confecção do sul do país. O evento tem atraído muitos compradores a cada edição, e atende públicos de varejo e atacado. Isso porque além da qualidade oferecida pelas indústrias de confecção de Cianorte, os compradores tem acesso fácil a quantidade, através dos shop-

pings atacadistas. “Esta edição superou e muito as expectativas. Nossa previsão é que houvesse um aumento de 15%, mas tivemos a grata surpresa de 30% no crescimento das vendas”, comemorou o presidente da Asconveste (Associação das Indústrias de Confecções e do Vestuário de Cianorte), Marcio Ferreira. A abertura da feira é marcada pelo jantar inaugural onde reúne empreendedores e compradores para prestigiar o

desfile em que são apresentadas as principais marcas de Cianorte e região, exibindo as novidades de cada estação. O espaço também oferece a oportunidade de relações empresariais, e é cenário do início de grandes parcerias. “A Expovest é sempre uma vitrine que a gente pode sempre escolher os produtos, as lojas, a variedade de preços, trocar uma ideia com outros trocadores, pois o Brasil


todo vem aqui” afirma a compradora Marina Peixoto, de Minas Gerais. Ela acompanha a feira desde que montou sua loja com Rachel Soares, há 5 anos. “A gente se conheceu na excursão que estava saindo de Minas para o evento em 2009, e eu, assim como a Marina, tinha planos de pesquisar preços e qualidades de tecidos para então começar um negócio”, conta Rachel. Foi então que as duas se tornaram sócias. “E

todos os anos voltamos para não perder nenhuma novidade!”, conclui a empresária. Os empresários do setor trabalham bastante para organizar a feira. Para tanto, as indústrias aceleraram o processo de produção dos novos catálogos para permitir que os lojistas durante o evento, pudessem conhecer e adquirir as principais novidades e tendências para o Outono/Inverno, lançado pelas mais de 600 grifes do município. Foram mais de 12 mil visitantes do Brasil e demais países. Em todos os shoppings, o que se via nos corredores eram carrinhos cheios de compras, ‘zerando’ os estoques das lojas. Toda a estrutura da feira é baseada na comodidade dos clientes, que podem passear pelos shoppings que compõem o evento com micro-ônibus que circulam entre os centros de compra. “Oferecemos serviços de hospedagem, café da manhã colonial e almoço aos visitantes, que contam também com a comodidade de se locomover entre os Centros de Compra através de um sistema rápido e integrado de translado”, explica o secretário municipal de Indústria e Comércio, Wanderley Fernandes. São mais de mil fábricas na cidade, e cinco grandes centros atacadistas que sediam o evento, entre eles o Shopping Master, Nabhan, Mercosul, Mega Polo e Dallas. Durante o funcionamento são realizados desfiles pelos corredores desses shoppings. Os lojistas, em geral, se mantiveram otimistas com o evento, ainda Yago Rocha

mais com a novidade de começar na segunda-feira e não aos domingos, como aconteceu nos anos anteriores - isso beneficiaria os compradores que vêm de outras cidades com relação à disponibilidade de viagens. O presidente da Asconveste, Márcio Alves Ferreira, se surpreendeu com o aumento de 25% das vendas. “No ano passado tivemos um longo período de inverno com temperaturas abaixo do que estamos acostumados e para este ano nossa previsão é de aumento entre 10% e 15% comparado com as vendas de 2013. Para a nossa surpresa o aumento das vendas foi maior do que o esperado.


Acho que começando na segunda-feira o cliente viaja mais tranquilo, pois tem muitas pessoas que precisavam deixar o local onde mora na sexta-feira para poder pegar a abertura da feira no domingo, e essa mudança foi a pedido dos próprios compradores”, frisou Ferreira. Para ele, o diferencial de Cianorte está na fabricação dos produtos. “Podemos dizer que 80% das marcas estão aqui, então é pronta entrega de verdade, a logística é mais simples”, disse, lembrando que cada shopping tem uma programação especial para o evento. Uma das compradoras, Dinar Roque Leles, veio de Mato Grosso e diz não perder uma edição. Dinar comentou que a moda cianortense agrada muito. “A qualidade da mercadoria daqui de faz com que a gente sempre volte para comprar, as peças são bem diferentes, além do preço super em conta. Os meus clientes adoram as mercadorias daqui, tanto que quando falo que vou viajar para Cianorte para fazer compras, eles ficam todos ansiosos para eu chegar com as novidades, porque sabem que o produto é bom. Então vale muito a pena”, diz. Para dar conta do movimento, a gerente de loja Angela Martins precisou contratar mais vendedoras e modelos para a Expovest. “Nesta época chegamos a dobrar as vendas. Para este ano nós vamos contratar mais vendedora e também modelos, pois o nosso diferencial em Cianorte está no atendimento, recebemos muitos elogios e isso nos incentiva a fazer um trabalho cada vez melhor”, afirma a gerente. A maior parte da maté-

ria prima que compõe as marcas que fazem parte da feira são Claudemir Bongiorno. prefeito importadas, segundo Rita de Cássia Ferreira, diretora e proprietária de uma das maiores marcas da cidade. Para ela o tecido plano importado da Itália é de uma consistência e qualidade maior do que os fabricados no país. O tecido é muito valorizado por aqui, por isso é um investimento que a empresária considera importante para a sua produção. “As empresas nacionais hoje partem mais para o algodão e para a malharia, o tecido plano a gente acaba tendo que trazer de fora, mas isso economicamente sai bem mais barato e o tecido tem um grande diferencial”, explica. A 33ª Expovest Outono/Inverno 2014 foi realizada pela Asconveste com o apoio da Prefeitura Municipal de Cianorte e com o patrocínio da Associação Comercial e Industrial de Cianorte (ACIC), Caixa Econômica Federal e Governo Federal, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Industrias do Paraná (FIEP), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Sindicato do Vestuário (SINVESTE). São investidos pela Prefeitura da cidade cerca de R$ 500 mil anualmente para a fomentação da confecção. O evento move mais de 60% da economia da cidade, segundo dados da Prefeitura. “A Expovest vem crescendo devido à qualidade de nossos produtos, o preço competitivo e a ampla infraestrutura disponibilizada aos lojistas. Isto prova o espírito empreendedor do empresariado e o talento para a moda da Capital do Vestuário”, afirmou o Yago Rocha



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utra feira que atrai compradores de vários lugares é a FEMAI Fest, que acontece em Imbituva, uma cidade que tem cerca de 30 mil habitantes, situada a aproximadamente 170 km de Curitiba. Conhecida como pólo industrial têxtil no segmento de malhas, é referência no estado na produção de peças em tricô. Há 30 anos, a cidade realiza a FEMAI através da Imbitumalhas – Associação das Malharias. Na 30ª edição da Femai, que aconteceu no primeiro semestre deste ano, foram comercializadas mais de 300 mil peças somente nos dias de feira. De acordo com dados da Imbitumalhas, o público que visita o evento vem de cidades vizinhas como Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu, mas recebe também excursionistas de Santa Catarina e São Paulo. O evento atende tanto o público varejista quanto o atacadista. São 23 malharias que expõem suas peças, além de marcas de outras cidades com stands de venda de bolsas, sapatos e acessórios em geral. As malharias empregam milhares de pessoas

atrás de teares e máquinas, que

produzem coleções vistas nos diversos estados do País. Todo o empenho resulta em cores e modelos diversificados que promovem a competitividade e fazem com que a cidade e a região ganhem destaques e passem a ser cada vez mais sinônimos de referências em moda tricô. Mais de 50 mil pessoas compareceram durante os 21 dias de exposição, quatro dias a mais em relação ao ano passado. A expansão aconteceu após a realização de pesquisas de mercado. “Foi uma solicitação dos nossos próprios consumidores”, explica Verli Moleta, presidente da Imbitumalhas, entidade responsável pelo evento. De acordo com Moleta, a ideia é sempre inovar buscando qualidade na diversidade de modelos, estilos, fios e texturas. Para isso, as malharias têm investido em profissionais qualificados e também na alta tecnologia. “Hoje as malharias investem constantemente em tecnologia, na mão de obra e em estilistas que acompanham as tendências do mercado da moda. Isso dá credibilidade para cada trabalho desenvolvido”, revela. Moleta ainda completa ressaltando que a proposta da Femai é apresentar tendências da moda em tricô de olho

no que o cliente procura para suas lojas e para vestir a família. A feira tem impacto também no turismo e em outros tipos de comércio na cidade. “Envolve tudo porque se as malharias vendem bem, elas pagam bem seus funcionários, se os funcionários ganham mais, gastam mais no comércio da cidade também. Então o próprio comércio da cidade fica animado na véspera da feira porque os funcionários ganham mais, porque fazem umas horas extras, ganham adicionais, bonificação, então envolve o gasto no comércio”, explica a expositora Cecília Nunes, que trabalha na organização da feira há mais de dez anos. Toda a linha de produção é centrada também nas condições climáticas. A estimativa meteorológica para a temporada é de baixas temperaturas, por isso os estilistas ficam sempre em alerta com as tendências da moda e estação. “Estamos num momento de transição do verão para o outono. Por esta razão optamos por oferecer uma linha de meia-estação e também peças clássicas para o frio rigoroso”, revela Douglas Penteado, empresário do setor. Os lojistas comemoram o aumento das vendas, que geram em média 30% a


mais no faturamento anual de seu negócio em uma única edição do evento. “A feira é muito importante pois aqui é o nosso pólo de confecções, se não fosse a FEMAI provavelmente muitas das malharias da cidade não seriam conhecidas e provavelmente nem estariam mais abertas”, afirma Leandro de Andrade, diretor e proprietário da malharia que participa da feira há mais de 20 anos. Empresários de outras cidades também procuram o evento para expôr seus produtos como é o caso de Silvana Guimarães, que trouxe produtos de sua loja de Irati para a FEMAI. As mercadorias do stand de Silvana são diferentes da feira em geral, pois trabalha com a venda de roupas, calçados e bijuterias, ela viu nisso uma oportunidade única. “Eu tenho alguns clientes em Imbituva e como a FEMAI é

uma feira renomada no Paraná, a gente vem para cá trabalhar para alavancar a publicidade da loja. Esse é primeiro ano na feira e eu já consigo reparar uma grande aceitação do público. No primeiro conseguimos faturar 70% acima do que a gente fatura normalmente”, conta. Assim como Silvana, Angela Pereira procurou a feira para conseguir uma boa renda com seus trabalhos manuais feitos de crochê. Angela veio de Curitiba e para isso precisou economizar com as despesas. A solução encontrada por ela foi a de se oferecer para cuidar das vendas do stand de Leonora Vasconcellos, que também faz trabalhos manuais como Angela. Dessa forma, Angela venderia seus produtos juntos com os de Leonora, que durante a feira trabalharia em outra cidade. “Desse modo eu consegui um

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ESPECIAL

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lugar bom para expor meus produtos e pago o aluguel do stand vendendo os produtos de Leonara junto com os meus, para mim foi ótimo”, conta Angela. O espaço para expositores que não são de malharias é reservado na parte de fora do pavilhão, onde fica a área de alimentação. Isso limita um pouco a visibilidade dos feirantes vindos de outros lugares. Em versões anteriores, junto com a FEMAI, tinham shows na parte da noite. Isso chamava a atenção de vários púbicos de várias outras cidades que acabavam passando na praça de alimentação para lanchar. “Por conta disso o movimento nesta parte era bem maior. Mas agora como não tem mais, o número de pessoas que circulam por aqui é bem menor, e consequentemente diminuíram as vendas dos expositores desta parte de fora”, reclama Jessé Bordinnon, que há 6 anos expõe seus matérias, também manuais, na feira. “Mas mesmo assim vale a pena, pois o lucro é sempre certo e economicamente falando, supera as expectativas”, completa Bordinnon. Contudo, a feira encara algumas dificuldades que acabam prejudicando os expositores a até mesmo os consumidores no de apoio e divulgação. Segundo relato dos expositores para a revista Dash, a divulgação feita pela Prefeitura é muito pouca, e não há investimento para propagandas interestaduais, o que faz com que muitos clientes de outros estados tenham que buscar informações pela internet. Além disso, não tem um programa municipal de apoio aos lojistas. “Se o poder público divulgasse mais a cidade estaria muito mais adiantada divulgada e não tinha caído teria aumentado o polo de malharias. Quando eu abri a malharia tinha 110 malharias a 28 anos atrás e hoje tem 23”, con-

ta a empresária Marli Sugruddh. De acordo com o assessor do Prefeito da cidade, Leopoldo Gasparello, a Prefeitura dá subsídios para a divulgação e para que a feira aconteça, além de não cobrar pela locação do local onde o evento acontece, mas não quis falar em números.Mas adianta que os órgãos públicos de Imbituva têm planos para a instalação na cidade de uma escola técnica com a oferta de cursos na área da manufatura têxtil além da implantação de um centro comercial para reunir os produtos das malharias da cidade. “Também trabalha-se para viabilizar a exportação das peças produzidas nas indústrias de malha locais”, explica. Os dados concretos e valores que giram em torno da feira também não foram divulgados. Mas a clientela se dá por satisfeita e promete voltar mais vezes. “Os produtos aqui são mais artesanais, então é bem diferente do comércio em geral de cidade. A qualidade das roupas tem um diferencial característico que só tem aqui, e é o que nós sempre estamos buscando. Neste ano eu percebi designes melhores desenvolvidos nas roupas, é visível a preocupação que as malharias tiveram de dar uma inovada nas roupas neste ano. Estamos com duas sacolas cheias, e vamos levar presente para toda a família e no próximo ano estaremos de volta”, diz o aposentado Josué Voigt, de Ponta Grossa. Dois eventos de cidades pequenas tornam-se grandes se comparados as relações econômicas e a proporção de compradores que movimentam os feiras. Mais de 1 milhões de pessoas divulgam e contribuem para que os eventos se inovem a cada edição, e a porcentagem de lucro cresça. Isso também se dá graças a competência e esforço dos criadores, junto de uma qualidade única e estilo diferenciado.


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Moda & Sustentabilidade

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a d o M e t n e m a c i colog a t e r r co Reciclando casulos defeituosos de bicho-da-seda, empresa paranaense lidera a produção de moda sustentável no sul do país.


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onda ecofashion, como vem sendo chamada lá fora, está começando a ocupar papel de destaque no cenário da moda, principalmente porque deixou de ser produzida por marcas desconhecidas e ganhou etiqueta de grifes renomadas. Não é de hoje que a indústria tenta encontrar um jeito de produzir peças que não explorem os recursos naturais de forma predatória, mas só recentemente tornou-se possível fazer roupas que caíssem no gosto do consumidor e aliassem palavras tão dissonantes como design, tecnologia e ecologia. Agora, as três foram parar na mesma máquina de costura. Orgânico é outra palavra de destaque nesse segmento. Primeiro foram os ali-

mentos e agora serve também para tratar as fibras que se transformam em tecidos. Para serem classificados como orgânico, algodão, juta e bambu devem ser produzidos sem o uso de inseticidas ou pesticidas. No Paraná, com espírito empreendedor e a preocupação com o meio ambiente, o zootecnista Gustavo Augusto Serpa Rocha fundou há 27 anos a empresa de moda sustentável O Casulo Feliz. A empresa companhia com uma proposta de sustentabilidade na época em que o tema não estava na moda. Suas práticas, nesta área, vão desde o uso do PET, dos casulos de bicho de seda rejeitados, até o tingimento vegetal dos tecidos que não polui o meio ambiente e utiliza menos água.A indústria, chamada “O Casulo Feliz”, produz fios e tecidos em

seda e usa apenas os casulos do bicho da seda que, por uma ou outra imperfeição, não podem ser usados pelas tecelagens que trabalham em escala industrial. Na indústria de Maringá a produção é toda artesanal. Segundo Glicínia Setenareski, designer de O Casulo Feliz, a empresa faz exportações de produtos para a Inglaterra, mas as vendas externas não passam de 10% da produção. Ela acredita que o novo lançamento

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tem bom potencial para o mercado internacional. O “urdume”, conjunto de fios dispostos longitudinalmente através dos quais a trama é tecida, é composto por 25% de fios de garrafa pet, 25% de algodão e 50% de seda. Já a trama é 100% de seda. “Quem pega, não larga o tecido”, diz Setenareski, sobre a textura nobre e macia do produto. O tecido, conta a designer, tem aparência prateada, acinzentada. Setenareski não sabe ainda que uso o produto terá pelos clientes, mas conta que ele foi apresentado como cortina na Casa Cor Paraná 2012. Além de fios e tecidos, o Casulo Feliz fabrica produtos acabados para decoração e casa, como tapetes, cortinas, jogos americanos, mantas e revestimentos de paredes, entre outros. O lançamento do tecido aconteceu durante a Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre sustentabilidade que ocorreu no Rio de Janeiro, em junho. A empresa criou o jeans sustentável, com material feito com fios fabricados a partir de garrafas PET, além de algodão e seda de casulos rejeitados. O jeans foi desenvolvido em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Antes do lançamento, O Casulo Feliz produzia tecidos a partir de garrafas PET, para mistura com lã, ou mesmo com seda, mas para uso em mantas para sofá. Este é o primeiro jeans com PET feito pela empresa. De acordo com Setenareski, a indústria compra o fio processado e faz todo o processo, desde a torção até o tecido. Antes disso, as garrafas PET são

trituradas e viram uma pluma, a partir da qual são transformadas em fios. A pluma, aliás, a empresa também usa para enchimentos de almofadas e pufes. A empresa usa também teares dos séculos 18 e 19, que demandam mão de obra e que se não estivessem ali, seriam descartados. Outro princípio sustentável foi a instalação das suas dependências em uma região carente do município. Os casulos também são buscados perto, na cidade de Londrina, a cerca de 100 quilômetros, e assim não geram muitas emissões por causa do transporte. As maiores mas poucas emissões ocorrem quando o produtos é transportado para a distribuição aos clientes. São clientes de todo o país e de fora como a grife famosas Calvin Clain . A marca do tecido já apareceu em publicações da Elle e Marie Claire. O mercado de moda sustentável ainda é novo no Brasil, mas tem um futuro promissor. Com o uso de produtos de origem orgânica ou recicláveis, a produção de “looks ecofashion” – para usar o jargão do setor – envolve desde pequenas comunidades, responsáveis pela coleta de lixo reaproveitável, até grandes empresas, como a grife Osklen. No Paraná, empresas Econtexto Ideias Ecológicas e Joyful também apostam na moda sustentável confeccionando roupas com algodão orgânico, lona de banners para o tricô das peças e fios feitos com garrafas pet, e também pneus que vira solado de sapato.

Arquivo Pessoal. Desfile de roupas Cazulo Feliz na Paraná Business Collection, 2013


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Materiais alternativos

aliados a tecnologia Algodão Orgânico

É cultivado sem o uso de pesticidas, fertilizantes químicos e reguladores do crescimento. Para ser 100% orgânico, no processo de tingimento devem ser usados pigmentos naturais.

fibra de cana Planta de crescimento rápido, o que significa que é altamente renovável. Se reproduz em abundância sem o uso de pesticidas e fertilizantes. Sua fibra é naturalmente antibactericida, biodegradável e extremamente macia. Tem característica termodinâmica, deixa a peça fresca no verão e mais quente no inverno.

Garrafa pet Com aparência semelhante a do linho, é plantada na região amazônica, sem nenhum impacto ambiental. É preciso apenas água para o seu cultivo, sem a necessidade do uso de agrotóxicos. Além disso é biodegradável.Você sabe como é feita a roupa que você esta usando hoje? Já pensou em usar uma camiseta de garrafa pet? Além dos tecidos ecológicos também podemos customizar roupas antigas e fazer trocas de peças entre amigas.

juta O plástico reciclado é transformado em fibras que produzem um tecido forte, mas macio. Em geral, elas são combinadas com algodão, que dá um toque ainda mais confortável.


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