PAS S EI OPÚBLI COURBANO
YARABOS COLOBRAGATTO TRABALHODEGRADUAÇÃOI NTEGRADOI I201 2
Caderno de Processos de TGI
PASSEIO PÚBLICO URBANO
Yara Boscolo Bragatto Trabalho de Graduação Integrado, 2012.
Universidade de São Paulo _ Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecer à minha família de sangue, sem eles não haveria vontade de cumprir com minhas obrigações. Também devo agradecer às famílias que escolhi, tanto a de Bauru (aos meus amigos+irmãos) e a família de São Carlos (meninas e Chen) além de todos os agregados que não citei nome, mas por quem guardo imenso carinho e um incomensurável “obrigada”! Não me esquecerei também de Igor, meu melhor amigo e dono do melhor abraço.
Esse trabalho é especialmente dedicado ao homem que me ensinou, dentre tantas coisas, a ser responsável e honesta, Arlindo Boscolo (in
memorian),
que
junto
com
Irineu
Bragatto, são os homens de minha vida.
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APRESENTAÇÃO Este trabalho tem como intuito a valorização de espaços públicos urbanos, em especial, as áreas de parque e praça. Muitas vezes esses elementos aparecem como remanescentes de operações e marginalizados por demais forças urbanas. Trabalhar para melhorar essas áreas significa melhorar a qualidade de vida do usuário da cidade, ou seja, todos nós.
SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES..........................................7 AÇÕES PROJETUAIS....................................15 TERRITÓRIO..................................................25 PROJETO........................................................37 APÊNDICES..................................................101 REFERÊNCIAS BLBLIOGRÁFICAS.......109 5
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CONSIDERAÇÕES
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DA RELAÇÃO COM O USUSÁRIO E DA CONFORMAÇÃO DE ESPAÇOS
Para conformar um espaço não são necessários muitos elementos construtivos. Porém um dos questionamentos que moveu esse trabalho foi em torno de como criar espaços de qualidade, ambientes planejados e capazes de se tornarem parte positiva do tecido urbano. Logo surgiu o principal agente dessa trama: o usuário. Sem pessoas as cidades não funcionam, os ônibus não circulam, e portanto, de nada adiantam os ambientes planejados. Ao projetar um elemento de suposto uso público fica evidente o número de opiniões e experimentações que o espaço em questão estará sujeito. Surge então o que parece ser uma solução: se o espaço sofrerá infinitas interpretações, talvez seja o caso de torná-lo apto a elas, e não cercá-lo de imagens prontas e fechadas. Deixar que o usuário chegue às suas conclusões e crie em si suas próprias imagens do lugar parece ser a maneira mais singela e efetiva de fazer parte do imaginário urbano. Caberia ao espaço apenas “ser”, e ao seu usuário, passante, frequentador ou admirador, interpretar, memorizar e inseri-lo no seu próprio tecido urbano, como um retalho que é adicionado a uma colcha. Cada um tem em si uma imagem da cidade, uma imagem própria, dotada de sentidos e significados. Os espaços projetados apresentam potencial e intenção de fazer parte dessas múltiplas imagens.
espaço projetado
para quem?
alcance público/diversificado
espaço projetado 9
Um espaço público deve ter potencial, portanto para fazer parte do imaginário das pessoas, mesmo que de forma parcial. Lembrar-se de uma árvore, reconhecer uma determinada área e associá-la a uma lembrança pessoal é sinônimo de que o lugar é capaz de gerar imagens e ser apreendido pelas pessoas. Uma praça só tem sentido se houver pessoas nela. Os usos não precisam ser direcionados, e isso faz parte da intenção de permitir que o usuário realmente use o espaço, e o tome como seu, se apropriando da maneira que achar conveniente. Faz parte das considerações do presente trabalho agir de maneira consciente com as necessidades da população. Mesmo sendo inviável ouvir e atender aos anseios de cada morador de um centro urbano cabe ao planejador e projetista agir quase que de maneira genérica, articulando elementos e espaços que agradem ao público alvo do projeto, e no caso de espaços públicos, o usuário é o público, o que torna o alvo muito grande e abrangente. Portanto os espaços devem ser conformados de maneira abrangente, acessível, resistente, e possuir elementos atrativos, que por mais que não sejam de uso direcionado, ainda assim possam despertar interesse, ou pelo menos, que sejam necessários. Espaços públicos são muitas vezes marginalizados e deixados em segundo plano pelo planejamento urbano . Pensar em espaços que possam receber pessoas, independente de sua origem, classe social ou objetivos de vida, é pensar na melhoria da qualidade da população como um todo. Quantos exemplos são possíveis de obter, mesmo que empiricamente, de terrenos que se tornam campinhos de futebol, ou hortas comunitárias, exemplos de bairros e comunidades que se unem em prol da manutenção de uma pequena praça, visando o lazer da comunidade, e mais do que isso, o bem comum. As políticas urbanas nem sempre dão valor ao “recrear-se”, ao passear, se divertir, e com exemplos como esses fica fácil ver que não é preciso muito para tal 10
atividade. Um banco embaixo da sombra de uma bela árvore, um espaço para prática de meditação, exercícios em grupo, um lugar onde haverá uma feira aos domingos, ou simplesmente, um lugar para ir, fugir da rotina, e ficar. Conformar espaços de caráter público e voltados para o lazer deveria ser de ordem prioritária dos setores de planejamento urbano, e não resquícios da especulação imobiliária, ou responsabilidade de centros comerciais. A atividade de passeio e lazer foi um dos focos do presente trabalho.
DA RELAÇÃO COM A NATUREZA
É cientificamente comprovado que o contato com a natureza pode trazer benefícios aos seres humanos. Mas em grandes centros urbanos essa relação parecer ser cada vez mais frágil e trocada pelo lazer direcionado em shoppings e grandes salas de exibição. Ao que parece, quanto maior a cidade, mais difícil é esse contato. Estar próximo da natureza é poder encontrar consigo mesmo, se sentir pequeno diante de tanta perfeição, se sentir importante por fazer parte de tudo isso... Enfim, inúmeros prazeres constantemente tirados do cotidiano do habitante das cidades. Para ter contato com a natureza muitas vezes é necessário viajar, ir para o interior, fazendas, campos, e buscar cachoeiras, rios, árvores floridas, entre outros. Embora seja complicado trazer para o núcleo urbano toda a sensação de prazer que uma cachoeira pode dar, o presente trabalho tenta estreitar os laços entre habitantes urbanos e natureza. Árvores atraem pássaros, que por sua vez, cantam, e que com seu canto, tornam maior a probabilidade de esboçar um
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sorriso no rosto de quem os escuta, e como em um ciclo, os benefícios da convivência urbana só tendem a melhorar. Além de todos os benefícios mentais que um espaço como esse pode proporcionar, há os fatores ambientais. Praças arborizadas funcionam como zonas de microclimas dentro do complexo urbano. Atualmente o discurso do “ambientalmente correto” se faz mais presente em nosso cotidiano, e praças ou parques, com vegetação de pequeno ou grande porte e áreas de solo permeável já são capazes de garantir uma melhoria no clima do entorno imediato, e dependendo das proporções, do clima de um bairro ou cidade. A relação com a natureza só pode trazer benéficos, e por esses e outros motivos (que de certa forma são mais sensoriais) que o presente trabalho usa desse tema como um de seus enfoques.
DA ANÁLISE E INSERÇÃO NA CIDADE E NO TECIDO URBANO
Outra motivação deste trabalho diz respeito à análise da cidade através do tempo e com enfoque em suas diferentes morfologias. As cidades com crescimento espontâneo sofrem com a agregação de partes, e incorporação de novos territórios com o passar do tempo e de acordo com sua expansão. Pode-se então traçar um paralelo com uma colcha de retalhos. Sempre há um retalho inicial, uma parte onde o tecido começa, e em torno desse, outros vão sendo agregados. Existem partes mais adensadas, tecidos mais densos e grossos, onde interferências são mais difíceis e complexas. Existem também as partes mais frágeis, ainda em processo de 12
elaboração, que, como tecidos, podem desfiar, se desmanchar, e correm risco de sumir, caso sua trama não seja de caráter agregador ao seu entorno. Algumas cidades tem o privilégio de ter em sua trama um tecido mais permeável, e comparativamente, seriam os parques e praças, que surgem no emaranhado de linhas e estampas como um resquício do que antes fora a base de todo o tecido. E as cidades parecem sempre ter espaço para mais um retalho, e para amarrá-los, muitas e diferentes linhas são utilizadas. Os sistemas de abastecimento e transporte servem como o costurar e juntar dos retalhos, levando serviços aos pontos mais distantes, e mantendo o centro pulsando e apto a redistribuição: conforme a necessidade há resposta para a demanda. Os “retalhos verdes” nas cidades, nada mais são do que espaços remanescentes de solo não impermeabilizado. Levando em conta que toda cidade um dia foi espaço não edificado, as praças e parques são como lacunas deixadas pelo crescimento urbano, de forma planejada ou não. As margens dos rios são um grande exemplo disso, já que esses são necessários para o funcionamento do tecido urbano, mas que muitas vezes são tampados, ignorados e mal cuidados. Quando um novo retalho é agregado ao tecido urbano, deve-se tomar cuidado para que ele realmente fique “amarrado” ao restante. Cabe ao planejador urbano cuidar dessa costura pois tão importante quanto um projeto é a sua ligação e relação com os demais. Dessa maneira, o presente trabalho atua em áreas inseridas na malha urbana, espaços “verdes” e de fácil acesso aos demais sistemas de abastecimento.
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AÇÕES PROJETUAIS
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CONSTITUIÇÃO DE ESPAÇOS QUE PERMITAM A LIVRE INTERPRETAÇÃO DO USUÁRIO.
O usuário do espaço público é o grande agente elaborador de imagens. Se levarmos em conta os estudos realizados por Kevin Lynch em “A imagem da cidade” podemos estabelecer algumas considerações. Entre elas, a de que o objeto é o mesmo para todos, o que diferencia é a imagem feita dele. Uma árvore, por exemplo, seria um objeto fixo, mas dependo da experiência, afetividade, atenção prestada, entre outros fatores, a mesma árvore pode ser vista de infinitas maneiras. Para que os usuários possam estabelecer essas conexões, os espaços projetados não adquirem um caráter cerrado, ou seja, as possibilidades de apreensões são infinitas, como seus geradores. Os espaços propostos também não apresentam um uso direcionado, ou seja, em sua maioria não têm um uso pré-definido. Essa é uma das intenções do projeto, já que por se tratar de um espaço de uso público, ele se torna mais abrangente, e não exige nenhum tipo de conhecimento prévio.
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RELAÇÃO COM A NATUREZA DENTRO DO TECIDO URBANO.
Para melhor compreender a relação das pessoas com as árvores, foram realizados alguns estudos, e algumas intenções tomadas a partir daí. As diversas maneiras de se posicionar em meio a árvores podem ser muito vastas, e algumas situações foram tomadas como objeto de estudo. Essas situações permitiram que fossem elaboradas algumas “tipologias” a serem utilizadas nas áreas de projeto. São elas: -Situação de análise 1
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-Situação de análise 2
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-Situação de análise 3
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-Situação de análise 4
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INSERÇÃO DE UM NOVO RETALHO DENTRO DE UM TECIDO JÁ CONSOLIDADO.
Para que haja uma inserção de um novo retalho em um tecido já consolidado são necessárias algumas precauções. É necessário analisar o tecido como um todo, além do próprio retalho. Entender as carências da região, ou da própria cidade e de alguma maneira agir pra suprimi-las talvez seja a principal reação à situação de inserção. Mas a análise deve ir mais além. É necessário também compreender o fluxo de pessoas, de onde vêm e para onde vão, porque utilizariam um espaço como esse, e quais as impressões que o espaço tem por objetivo causar. O presente trabalho é como um retalho inserido em um tecido fortemente consolidado, e, portanto, as relações citadas foram levadas em consideração.
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TERRITÓRIO
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A CIDADE
Bauru é um município localizado no noroeste de São Paulo, a cerca de 300 km da capital do estado e com população de aproximadamente trezentos mil habitantes. A cidade teve seu desenvolvimento motivado pela ferrovia, já que sua localização é privilegiada no trajeto entre os estados do centro-oeste do país e o litoral. Foi um importante entroncamento ferroviário, mas que hoje não está mais no auge. Mas sua localização atualmente favorece outro tipo de entroncamento, o rodoviário. Várias rodovias cortam a cidade, algumas passam no perímetro urbano, possibilitando o acesso por vários pontos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bauru
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Fonte: mapa cadastral oficial da cidade Sem escala definida Localização norte-sul no sentido vertical Elaboração da autora
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Como características morfológicas pode-se destacar o solo arenoso, de baixa densidade de drenagem. Dois principais rios abastecem a cidade, o Rio Bauru e o Rio Batalha. O relevo é consideravelmente acidentado e os dois rios encontram-se nas regiões de vale. O clima predominante na região é tropical de altitude, com diminuição de chuvas no inverno. A imagem a seguir mostra as principais áreas verdes na cidade, como as praças centrais, o Jardim Botânico, e o Horto Florestal.
Fonte: mapa cadastral oficial da cidade Sem escala definida Localização norte-sul no sentido vertical Elaboração da autora
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A cidade assume grande importância regional, já que é grande polo comercial e industrial, além de abrigar várias instituições de ensino superior, entre elas, um campus da Universidade de São Paulo e um campus da Unesp. A USP em Bauru atua na área da saúde e é referencia no tratamento de doenças labiopalatais. O campus está localizado em uma região central, ao contrário da Unesp, que se encontra próxima a rodovia. A localização e os serviços oferecidos à população pela USP garantem uma dinâmica muito específica nas suas proximidades.
ESCOLHA DAS ÁREAS DE PROJETO. Traçados os objetivos de se trabalhar com áreas verdes públicas, houve uma pesquisa sobre quais seriam essas áreas. Primeiramente julgou-se pertinente investigar as áreas já existentes. Notou-se que em sua maioria havia carência de elementos, gerando pouca utilização por parte dos habitantes. Então, a proposta teria foco não em criar novas áreas, mas sim, trabalhar com as já existentes. Apoiando-se na ideia de que o espaço deveria estar relacionado ao contexto urbano e que fosse de fácil acesso a população, durante uma primeira etapa foram levantadas cinco praças relevantes no cenário urbano, sendo elas Praça Rui Barbosa, Praça das Cerejeiras, Praça Portugal, Bosque da Saúde e Parque Vitória Régia. Para que fossem trabalhadas de maneira mais densa, apenas duas se tornaram áreas de projeto, a Praça Portugal e o Parque Vitória Régia. O que motivou a escolha delas foi principalmente sua localização e a maior possibilidade de produtos gerados. Duas opções, a Praça Rui Barbosa, sede da catedral de Bauru, e a Praça das Cerejeiras, sede do Palácio Municipal foram descartadas devido ao fato de suas áreas serem 30
reduzidas e de estarem relacionadas a edifícios que já funcionam como atrativos urbanos. A intenção era trabalhar com áreas menos edificadas e mais livres. O Bosque da Saúde também foi descartado devido a análises empíricas que mostraram que o lugar já possui relevância e uso intensos. Trata-se de uma área de mata fechada, de dimensão aproximada a de um quarteirão. As duas áreas selecionadas foram então estudadas e trabalhadas, sempre levando em consideração as intenções iniciais do projeto.
Praça Portugal
Parque Vitória Régia
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RELAÇÃO DAS ÁREAS COM A CIDADE.
Durante o estudo das áreas selecionadas, houve uma necessidade de extrapolar os limites das praças. Com base em imagens aéreas percebeu-se a existência de peculiaridades na cidade, e que trazidas para as proximidades, geraram questões. A cidade pode ser vista como um tecido, com tramados diferentes, que se unem e formam o traçado urbano. Foi notada a existência de duas quadrículas na região de análise, conforme imagem abaixo.
+ Essa análise deu origem a elaboração de uma maquete da área, composta de um tecido quadriculado que foi posicionado de maneiras distintas, seguindo as quadrículas. Nesse estudo ficou clara a relação do traçado urbano, como ele acontece, onde surgem áreas de formatos incomuns, como triangulos, ou poliedros não quadriculados. Na maquete também houve um 32
destaque para o campus da USP, localizado nas proximidades do Parque Vitória Régia, e que aparece como sobreposição ao traçado circundante. A existência de uma figura dessas no meio da malha urbana, além de trazer mudanças na dinâmica de funcionamento da região, também pode ser vista como um elemento de sobreposição, que dado o seu uso pode ou não se integrar com a cidade. Com base nesse estudo apreendeu-se que, embora as praças estejam em bairros distintos, ambas estão em zonas de encontro de morfologias, podenso ser esse o causador de suas formas não habituais no traçado urbano.
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Com base em um levantamento de predominância de usos do solo, também pode ser apreendido que os usos são semelhantes, dando mais unidade ao projeto. Ou seja, mesmo não pertencendo ao mesmo bairro, mesmo estando separadas por um desnível de aproximadamente 45 metros, é possível estabelecer uma unidade projetual. As áreas podem funcionar de maneira isolada, ou fazer parte de um ciclo maior.
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ÁREAS DE PROJETO.
PARQUE VITÓRIA RÉGIA. O parque Vitória Régia foi inaugurado na década de 1950, juntamente com outros marcos urbanos. A área é muito utilizada para comemorações, pequenos shows, manifestações e comemorações, como o aniversário da cidade. Considerado como um cartão postal é utilizado pelas pessoas mesmo que não sejam datas de eventos. Apesar de estar localizado ao lado da USP, a integração entre esses dois elementos é quase inexistente, talvez pelo fato da portaria e acesso principal da faculdade se dar por outro extremo do campus. O local é atravessado por duas vias, sendo, portanto, fragmentado em três partes. O parque ainda conta com um palco sobre a água e uma concha acústica, utilizada em dias de eventos. Embora sua localização seja privilegiada, poderia ser mais utilizado pela população, e aparentemente não o é, por conta da situação de aparente abandono.
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PRAÇA PORTUGAL. A Praça Portugal também foi inaugurada na década de 1950 e está localizada em um dos pontos mais altos da cidade. Sua área foi doada por uma figura importante na época para a cidade, Comendador Joaquim da Silva Martha, descendente de portugueses, e daí o nome da praça, que celebraria a influencia dessa cultura na cidade. Próximo dali há também a Associação Luso Brasileira de Bauru, clube que já teve o seu tempo áureo, mas que hoje sofre com crises financeiras. Essa região, portanto é muito marcada pelo influencia da colonização portuguesa. A área está abandonada, durante a noite é muito escura e pouco utilizadas. Os habitantes a utilizam apenas como passagem, mas não como lugar de lazer. Sua localização privilegiada é próxima a uma das avenidas mais movimentadas e que concentra intensa vida noturna, a Avenida Getúlio Vargas. Essa mesma avenida é área de prática de esportes, caminhada e a Praça Portugal surge como um “coroamento” dessa avenida.
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PROJETO
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PARQUE VITÓRIA RÉGIA
Área total: aproximadamente 58.130 m2 Área permeável: aproximadamente 38.500 m2 Localização: Avenida Nações Unidas/ Rua José Ferreira Marques/ Rua Henrique Savi Pontos de referência: USP Cota altimétrica: 440-455 m (em relação ao nível do mar)
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ARBORIZAÇÃO Escala 1:2500 41
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DESENHO DE PISO Escala 1:2500 43
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RELEVO Escala 1:2500 45
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IMPLANTAÇÃO COMPLETA Escala 1:2500 47
Desenho de piso: O seguinte diagrama mostra a origem do desenho de piso do parque. Foram utilizadas duas linguagens, as linhas retas e as tangentes estabelecidas entre elas. As linhas retas tiveram base no prolongamento do sistema viário do entorno, sendo, portanto, em duas direções diferentes e que deram origem a um desenho mais ortogonalizado. Entre essas linhas foram traçadas tangentes, que deram origem a um desenho mais sinuoso. A composição dos dois traçados gerou o desenho mostrado.
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Plantio de espécies: Para a realização do plantio das espécies foram levados em consideração diversos elementos, como formato de copa, altura, cor da floração, época de florescimento, além de serem árvores brasileiras e resistentes ao clima local. A composição levou em consideração essas características para criar espaços e imagens utilizando-se da variedade de árvores brasileiras para tal. (As características e informações detalhadas sobre as espécies encontram-se na tabela X).
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Para criar diferentes ambiências, e consequentemente, diferentes sensações, o plantio das espécies também levou em conta o formato das copas, a distância entre as espécies a relação das alturas, coloração e época de florescimento. Os estudos sobre a relação do usuário com a natureza foram muito levados em consideração. 10
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Escala 1:2500 50
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Acesso: O parque era cortado por duas vias, que foram suprimidas. Para garantir o acesso de veículos, foram feitas modificações nas vias ao redor. Também são propostas áreas onde se concentram as travessias de pedestres, com sinalizações e travessias em nível, garantindo assim o acesso de pedestres também. Na face da Avenida Nações Unidas são propostos semáforos de pedestres (sistema já existente em outros pontos da cidade e da mesma avenida).
Escala 1:2500 52
Diretrizes de ocupação do entorno: Ao redor do parque já existem alguns bares com funcionamento noturno. Isso garante uma movimentação maior nesse período, pelo menos no seu entorno imediato. Como diretriz, esse trabalho propõe que as áreas assinaladas em laranja sejam ocupadas por comércios e serviços, principalmente bares e restaurantes, funcionando como atrativo tanto no período diurno para os estudantes e pacientes da USP, como no período diurno para moradores de toda a cidade. O entorno imediato pode colaborar no aumento do fluxo de pessoas no local.
Escala 1:2500 53
O parque conta com um volume de apoio localizado embaixo de uma marquise. O volume conta com banheiro acessível, administração e espaço para manutenção e armazenagem de equipamentos. A área ainda pode ser utilizada como bicicletário e apoio para o palco. 54
Na parte central há um elemento que pode funcionar de várias maneiras. Ele é resultado do encontro dos desenhos de piso e está a um metro elevado. Ao seu redor existem degraus, que são na verdade como o descolamento do piso. Sua localização garante que seja utilizado como um pequeno palco, ou lugar para a prática de exercícios, além de funcionar como um simples estar. 55
O parque conta com um lago artificial, dividido em três níveis. As passagens sobre a água permitem o contato maior com esse elemento. O palco e a “concha acústica” já existiam no local, mas foram remodelados durante o projeto. Houve um interesse de mantê-lo aproximadamente no mesmo local, assim como a arquibancada, pois esses elementos são um cartão postal da cidade, sendo muito presentes no imaginário urbano. O acesso ao palco se dá por uma passarela móvel, e a fiação elétrica passa por dentro da estrutura central do mesmo. 56
Para criar diferentes possibilidades de sensações houve um desenho diferenciado em uma das margens do lago. Ele foi projetado para funcionar com o esquema de “borda infinita”, onde o nível da água e da calçada ao redor é o mesmo. Dessa maneira, ao lado da borda há dois platôs, fazendo o acompanhamento do nível da água, e em seguida, duas rampas, criando visões diferentes, já que a água ficaria quase na altura dos olhos do observador ( ver corte G-G’). 57
CORTE A-A’
Escala 1:250
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CORTE B-B’
Escala 1:400
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CORTE C-C’
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Escala 1:500 61
Detalhe do corte D-D’ Escala 1:150
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CORTE D-D'
Escala 1:500 63
Detalhe do corte F-F’ Escala 1:100
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CORTE F-F’
Escala 1:400 65
CORTE E-E’
Detalhe do corte E-E’ Escala 1:100
Escala 1:400 66
CORTE G-G’
Detalhe do corte G-G’ Escala 1:100
Escala 1:400 67
PERSPECTIVAS
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PRAÇA PORTUGAL
Área total: aproximadamente 22.420 m2 Área permeável: aproximadamente 15.300 m2 Localização: Rua Gustavo Maciel/ Avenida Comendador José da Silva Martha/ Rua Rubens Pagani Pontos de referência: Avenida Getúlio Vargas Cota altimétrica: 440-455 m (em relação ao nível do mar)
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ARBORIZAÇÃO Escala 1:1500
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DESENHO DE PISO Escala 1:1500
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RELEVO Escala 1:1500
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IMPLANTAÇÃO COMPLETA Escala 1:1500
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Desenho de piso: O seguinte diagrama mostra a origem do desenho de piso da praça. Foram utilizadas duas linguagens, as linhas retas e as tangentes estabelecidas entre elas. As linhas retas tiveram base no prolongamento do sistema viário do entorno, sendo, portanto, em duas direções diferentes e que deram origem a um desenho mais ortogonalizado. Entre essas linhas foram traçadas tangentes, que deram origem a um desenho mais sinuoso. A composição dos dois traçados gerou o desenho mostrado.
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Plantio de espécies: Para a realização do plantio de espécies arbóreas foram tomadas como ”linhas guia” o próprio traçado do desenho de piso, porém, apenas o traçado ortogonalizado foi levado em consideração. Os traçados deram origem a uma grade que foi utilizada de maneira distinta, variando seu distanciamento para obter padrões distintos.
Escala 1:1500
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Plantio de espécies: Para a realização do plantio das espécies foram levados em consideração diversos elementos, como formato de copa, altura, cor da floração, época de florescimento, além de serem árvores brasileiras e resistentes ao clima local. A composição levou em consideração essas características para criar espaços e imagens utilizando-se da variedade de árvores brasileiras para tal. (As características e informações detalhadas sobre as espécies encontram-se nos APÊNDICES).
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Escala 1:1500
Para criar diferentes ambiências, e consequentemente, diferentes sensações, o plantio das espécies também levou em conta o formato das copas, a distância entre as espécies a relação das alturas, coloração e época de florescimento. Os estudos sobre a relação do usuário com a natureza foram muito levados em consideração.
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Acesso: O parque era cortado por duas vias, que foram suprimidas. Para garantir o acesso de veículos, foram feitas modificações nas vias ao redor. Também são propostas áreas onde se concentram as travessias de pedestres, com sinalizações e travessias em nível, garantindo assim o acesso de pedestres também.
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Escala 1:1500
Diretrizes de ocupação do entorno: No entorno imediato da praça há um conjunto de bancos e lojas. Como diretriz de projeto se propõe que as áreas marcadas de laranja sejam ocupadas por bares e restaurantes, garantindo uma atração de público maior em horários não comerciais.
Escala 1:1500
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Nas proximidades da praça existem várias escolas, e atualmente existe uma pequena quadra muito utilizada por estudantes e por moradores em geral. O projeto abriga dois espaços que podem ser utilizados como quadras, mas também podem servir de espaços para feiras e demais práticas sociais. O acesso às áreas se dá por rampas ou por um caminho de pedras no chão, que dá acesso à arquibancada. O desenho dessa praça deu origem a uma forma semelhante a do Parque Vitória Régia, mas nesse caso, há a ocorrência da água, em forma de aspersores. 88
O projeto abriga também dois elementos construídos, sendo eles um café e duas coberturas (ver páginas 103 a 105). O café tem o intuito de trazer mais vitalidade ao local, além de servir como um apoio ao usuário da praça e do entorno. As coberturas que não apresentam uso direcionado servem como espaços para a realização de esportes, feiras, ou simplesmente, sombra. Esses ambientes ajudam a trazer movimentação ao local. Escala 1:400
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CORTE A-A’
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Detalhe do corte A-A’ Escala 1:150
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Escala 1:500
CORTE B-B’
Escala 1:500 93
CORTE C-C’
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Escala 1:500
PERSPECTIVAS
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Vista A
Vista D
Vista C
A praça conta com um volume de apoio ao usuário, com banheiro, administração e espaço para manutenção e armazenagem. O espaço pode funcionar como apoio também para os usuários da região, sendo que a sua localização é próxima a uma avenida de circuito de caminhada e exercícios.
Vista B
Vista A
Vista C
Vista B
Vista D Escala 1:400
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O volume do café é constituído de dois pavimentos, sendo que o térreo possui grande integração com a área da praça. Vista A
Vista D
Vista C
Térreo Vista B
Vista B
Vista D
Vista A
Vista C
Vista A
Vista D
Vista C
Segundo Pavimento Vista B
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Escala 1:400
As coberturas apresentam um desenho que se assemelha a cobertura que abriga o apoio no Parque Vitória Régia, sendo elaborado a partir de linhas retas e tangentes. A cobertura é metálica, de material reflexivo, refletindo o plano de piso, a grama e os próprios usuários.
Vista B
Vista A
Vista A
Vista B Escala 1:400
99
100
APÊNDICES
101
102
Número
1
2
3
Espécie
Florescimento
Guapuruvu
Agosto/Novembro
Shizolobium parahyba
Amarela
Caninfístula
Peltophorum dubium
Paineira
Ceiba speciosa
Altura Média
Diâmetro Médio
12m
16m
12 m
15 m
30 m
15 m
Verão Amarela
Primavera/verão/inverno Rosa
103
4
5
6
7
Tipuana
Tipuana tipo
Cassia rosa
Cassia grandis
Guapuruvu
Schnus terebinthifolius
Ipê roxo
Tabebuia impetiginosa
Primavera Amarela 9-12 m
10 m
9-12 m
8m
9-12 m
9m
6-9m
12 m
Agosto Rosa/vermelha
Outono/primavera Branca
Inverno Roxa
104
8
9
10
11
Ipê branco
Tabebuia roseoalba
Jacarandá
Jacaranda mimosaefolia
Quaresmeira
Tibouchina Granulosa
Inverno Branca 9-12 m
6m
15 m
10 m
9-12 m
7m
15 m
8m
Primavera Roxa
Outono/primavera Rosa/roxa
Oiti
Licania tomentosa
*não significante
105
12
Manacá-da-serra
Tibouchina Mutabilis
Verão Roxa/branca 3-5 m
13
Jasmim-manga
Plumeira rubra
Inverno Branca/rosa/amarela 5-6 m
14
Cereja-do-rio-grande
Eugenia involucrata
5m
3,5 m
Primavera Branca 5-10 m
6m
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Mobiliário: O mobiliário apresentado foi pensado utilizando as mesmas linguagens de traçado do plano de piso, ou seja, linhas retas e tangentes. Ele foi disposto de maneira paralela às linhas dos percursos ortogonalizados em ambas as praças.
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Calçamentos: Foram utilizados dois tipos de calçamentos. Nos caminhos mais ortogonalizados e na calçada externa foi utilizada pavimentação de concreto feita in locco, sendo que o calçamento do interior das praças passa por um processo de tingimento ficando mais claro que a calçada externa. Esse material foi escolhido devido a sua durabilidade e fácil aplicação. Trata-se de uma pavimentação regular, tornando mais fácil o ato de caminhar. Nos caminhos de desenho curvilíneo propõe-se a utilização de mosaico português com pedras brancas e castanhas, sem desenho definido. A escolha por uma pavimentação de caráter mais irregular deve-se ao fato do desenho do próprio caminho ser menos objetivo, ou seja, a pavimentação de concreto, mais regular, e utilizada nos trajetos mais “objetivos” e o calçamento que apresenta maior nível de irregularidades, nos trajetos menos objetivos e que demoram mais para serem percorridos.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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“Quando piso em folhas secas Caídas de uma mangueira Penso na minha escola E nos poetas da minha Estação primeira Não sei quantas vezes Subi o morro cantando Sempre o Sol me queimando E assim vou me acabando” (“Folhas secas”, Nelson do Cavaquinho) 113