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Figura 37 – Perspectiva Banheiro

No projeto do banheiro, foi proposto um ambiente simples e funcional trazendo características das diretrizes para bainheiros de residências com crianças com TEA. Esse ambiente é composto por revestimentos e pinturas claras, contando ainda com algumas pequenas texturas diferentes, como a parede da pia, que é texturizada com cimento queimado, e a parede de dentro do box, que é com revestimento marmorizado e pinturas claras nas demais partes.

Para o lavatório, como dito nas diretrizes de projeto, colocou-se uma escadinha em marcenaria para que Lucas consiga ter autonomia na hora de escovar os dentes, se olhar no espelho e lavar as mãos. No box, foi colocado um piso estrado antiderrapante na busca de criar um espaço mais aconchegante para a hora do banho e possibilitar também que o piso nesse local não seja tão frio. Além disso, foi proposto um nicho na vertical para que a criança também tenha acesso a seus produtos de higiene pessoal.

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A porta do box traz a proposta de vidro, porém, para que seja o mais seguro possível, ela será envelopada com uma película de modo a proteger de pequenos impactos, e, caso o vidro venha a se quebrar, não se espalhe pelo chão. Esse envelopamento protege a família de acidentes. Figura 37 – Perspectiva Banheiro

Fonte: Elaborado pela autora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendendo que a arquitetura de interiores está presente no cotidiano de todos e ser, por meio dela, possível promover a melhoria na qualidade de vida do ser humano, principalmente das crianças com TEA, buscou-se analisar um projeto padrão de residência multifamiliar a partir dos elementos necessários ao desenvolvimento físico e psicológico dessas crianças. Por meio de critérios de análise e com base no perfil desse público, a prioridade foi dada à promoção de espaços que estimulem seus aspectos físicos, sensoriais e perceptivos, para o melhor desenvolvimento social e psicológico dessa criança. À luz dos estudos já desenvolvidos por outros pesquisadores a respeito de crianças com TEA e com base nas análises do apartamento, foi percebida a necessidade de adequação nas moradias da Grande Vitória. No processo de escolha do apartamento para análise, ficou visível a preocupação da maioria das construtoras em maior aproveitamento de metro quadrado em detrimento da preocupação com as normas de acessibilidade. Foi possível perceber que utiliza-se tamanhos mínimos em várias situações, como portas com mínimo de 70cm nos quartos e 60cm nos banheiros, bem como circulações mínimas entre móveis e corredores que não permite a circulação de cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida. Com isso, é visível a necessidade de serem aplicados critérios para construções futuras, cujos novos empreendimentos e moradias sejam projetados considerando critérios específicos a fim de abranger elementos imprescindíveis à qualidade de vida do público com TEA. Ou seja, é indispensável que sejam nulas ou poucas as necessidades de adequações e reformas.

A fim de suprir as necessidades analisadas no apartamento, o projeto tem o intuito de propor adequações para a melhoria de vida dessa criança. Após entrevista com a mãe de uma criança com TEA, foi possível melhor compreender o perfil do filho e da família e, assim, colocar as necessidades e características dele no projeto, visando ao melhor aproveitamento do espaço para seu desenvolvimento, presando sempre pela sua segurança e conforto.

Por fim, visto que o TEA possui vários níveis e que cada indivíduo é único e possui suas características e necessidades particulares, é importante e indispensável conversar com os familiares de modo a identificar os aspectos essenciais para a reforma da residência. Outro aspecto relevante é o trabalho em conjunto com o profissional que acompanha o desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança para saber até que ponto o projeto pode avançar. É importante que o projeto respeite cada etapa e nível alcançado pela criança evitando que a arquitetura da sua moradia atropele seu progresso.

REFERÊNCIAS

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