Requalificaçãodopatrimôniotombado

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Requalificação do Patrimônio tombado:

Centro Comunitário Lagoinha

YASMIN VILELA LIN


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO ESTUDOS PREPARATÓRIOS PARA TRABALHO DE CURSO

Requalificação do Patrimônio tombado:

Centro Comunitário Lagoinha

YASMIN VILELA LIN Prof. Orientador de análise: Diogo Carvalho BELO HORIZONTE 2021


[...] “O passado não volta. Importantes são a continuidade e o perfeito conhecimento de sua história.” [...] Lina Bo Bardi


Sumário

INTRODUÇÃO 1 CONCEITO 1.1. Da idealização a nova capital de Minas Gerais 1.2. A Importância da preservação do patrimônio histórico 1.3. O bairro Lagoinha 2 ANÁLISE DO LOCAL 2.1. Entorno 2.2. Legislação 2.3. O casarão 2.4. Programa de necessidades 3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1. Casarão de inovação Cassina – Manaus 3.2. Museu Rodin – Bahia 3.3. Casa da Cidade – Zwanenburg 4 PROPOSTA PROJETUAL 4.1. Mapeamento de danos 4.2. Projeto de restauro 4.3. Projeto de requalificação 5 PARÂMETROS PARA O FUTURO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA


Introdução

A edificação escolhida está localizada no bairro Lagoinha, uma região que se transformou ao longo de

O presente trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Minas Gerais, foi desenvolvido com a temática de apresentar um novo uso ao casarão da rua Itapecerica número 373 em Belo Horizonte, abordando a relevância da proteção e preservação dessas edificações abandonas na cidade. É importante ressaltar que estes imóveis carregam uma rica bagagem cultural e histórica para benefício da cidade, um patrimônio tombado representa muito mais que uma mera visão arquitetônica estética de uma região, é a representação das raízes de um povo e história de um passado a ser preservado e lembrado. Para tantos fatores há soluções de proteção dependendo da necessidade de cada imóvel, a pesquisa não só ressaltará a o conteúdo da proteção patrimonial como também exemplificará em meios possíveis de requalificação

para

novos

usos,

promovendo

um

diagnóstico humanitário e não apenas técnico; tais propostas podem beneficiar locais dos quais técnicos não provém de experiência em relação a vivência do local e para isso será utilizado voz de moradores e pessoas que transitam na área para dar ênfase apenas ao processo de estudo das necessidades.

décadas um ambiente completamente hostil e degradado por conta de descaso, falta de planejamento e articulação de

políticas

públicas

para

privada

na

política

de

patrimônio, isenção de investimentos para infraestrutura na região central entre outros fatores. A problemática está no fato de edifícios históricos desta área estarem em posição de abandono, tais edifícios de propriedade privada em muitos dos casos quando não há financiamento e recursos para esta responsabilidade quanto a paisagem da fachada e continuo processo de restauro. A polêmica da problemática é recorrente, há tanto descaso para bens privados quanto públicos, como por exemplo o caso do incêndio ocorrido no Museu Nacional do

Rio

de

Janeiro,

perdendo

parte

de

um

acervo

importante e de valor inestimável para a cultura do Brasil nas

posteridades.

Para

edificações

privadas

a

“facilidade” de abandono para o imóvel se tornar uma demolição irreversível, como é o caso do processo de patologias provocadas ao longo dos anos. Portanto a questão da proteção patrimonial vai além de um projeto de requalificação e novos usos, apesar de ser o único fator essencial para preservação, e sim analisar quais são as ameaças que podem motivar essas atitudes contrárias a proteção persistirem com o tempo para assim tomar medidas necessárias para evita-las.


CONCEITO 1.1 Da idealização a nova capital de Minas Gerais “Ao converter-se o Arraial do Curral d’El Rey em Belo Horizonte, a terra seria convertida em mercadoria. Ao figurar, Belo Horizonte figuraria em cifras e veria imediatamente subverter-se a intenção de seu projetista de direcionar a sua ocupação a partir do centro.” PENNA, Alícia Duarte. Belo Horizonte: Um espaço infiel. (Artigo baseado na dissertação “O Espaço Infiel — quando o giro da economia capitalista impõe-se à cidade”) Assim como Haussmann é para Paris, Aarão Reis é para Belo Horizonte. O que podemos observar com tais semelhanças projetadas por ambos relacionado ao sistema de organização do espaço e planejamento urbano? De fato, é correto dizer que os planos para a nova Paris foram de ideais visivelmente claras: racionalistas e militares por parte de sua gestão, mais precisamente por Napoleão III, ao mesmo tempo em pleno século XIX e com o avanço da era industrial, a cidade precisava de uma reformulação espacial por conta da crescente demanda populacional, crise sanitária afetando a saúde não só da classe operária, mas também da burguesia. Haussmann transformou Paris sob alegação estética cultuando o clássico e embelezamento da cidade e com isso atraiu olhares da burguesia e turistas. Apesar do urbanista ser conhecido como o “artista demolidor” cedendo até mesmo a demolição de sua antiga residência onde crescera dando lugar a novas obras, Haussmann recebeu diversas críticas por parte dos participadores do projeto de preservar algumas edificações históricas implementando-as no projeto.

A nova malha viária de Paris e seu planejamento, serviu como modelo de primeira cidade planejada para diversas outras, como por exemplo Nova York, Buenos aires e até mesmo como base para o projeto da nova sede da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. De 1850 a 1880 as cidades do mundo estavam sob constante desenvolvimento para o início do novo século, e como cita em uma entrevista feita pelo canal Diálogo Brasil com o tema: Patrimônio e Desenvolvimento, Kátia Bogea ex presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) justifica a grande modificação do espaço ao longo dos anos[...] “Os lugares são construídos e pensados em determinado momento atual e suas necessidades, foi pensado em outros tempos”. [...] Culturalmente o velho sempre cede lugar ao novo e para a mentalidade dos regentes de Minas Gerais não foi diferente. Augusto de Lima foi nomeado presidente do estado por ser a favor da transferência e atuando no compromisso da realização da mudança da capital. Na última década do século XIX após 30 anos desde a reforma da nova Paris, o ministro da justiça Barão de Lucena decidiu colocar o plano em ação e a escolha do Arraial do Curral Del Rei para nova área da capital.


Gravura de Ouro Preto publicada em jornal do século XIX. Fonte: FBN

"Ao visitar Ouro Preto em 1867, o inglês Richard Burton, descrevia: Ouro Preto apresenta tanta curvatura mal feita e tanta estreiteza quanto se poderia desejar. Haverá todas as pitorescas dificuldades para a construção da rede de esgotos e de gás – um preço um tanto alto para pagar tanta curvatura. [...] Fisicamente, Ouro Preto não digna da vasta província que comanda. [...] As terras em torno da cidade são improdutivas, as montanhas auríferas só podem ser exploradas por companhias e a cidade não é rica. [...] Ela vive pelo suor de outras fontes, por sua profissão de capital e pelo dinheiro que o Governo gasta com seus funcionários, o que faz a província queixar-se da “empregocracia”. [...] Quanto mais cedo for encontrado novo lugar para a capital, tanto melhor, mas não é fácil, como já disse, encontrar um ponto central adequado a tal fim (BURTON, 1976, p. 188).” DA COSTA, Ana Carolina da Silva, ARGUELHES, Delmo de Oliveira Artigo: A higienização social através do planejamento urbano de Belo Horizonte nos primeiros anos do século XX Fonte: https://www.museus.gov.br/exposicao-de-imagens-do-seculo-xixrevela-importancia-de-ouro-preto-para-a-fotografia/


Com problemas políticos e econômicos, Ouro Preto não estava suportando o crescimento populacional fora a questão de saúde que apresentava na época. A decadência da cidade estava dando sinais de urgência fora o esgotamento da mineração foi ponto de partida para o estado implantar a capital a partir de um novo local. O início da trajetória começou em 1894 com o reassentamento da população do antigo Arraial para outras regiões, apesar do comportamento passivo dos atuais moradores, era improvável que os mesmos permaneceriam na nova capital pois de acordo com a transação do reassentamento, o estado comprou terrenos pelos menores preços possíveis para assim vende-los a preços superior ao valor do lote, necessitando de mais bens para adquiri-lo. O projeto do então engenheiro eliminaria qualquer rastro de um passado que ocorreu antes da era da nova cidade a ser construída, e com isso ela foi planejada exclusivamente para benefício do estado como meio de produção e crescimento.

Como estratégia, a região foi escolhida pelo seu clima e pelos cursos d’agua que nascem na serra, o Curral seria o local perfeito para uma cidade arborizada, salubre e moderna dando ênfase para a vista da Serra do Curral. Belo Horizonte enfim substitui o contraste de Ouro Preto, uma cidade barroca e do passado para os novos padrões de vida da capital.

Planta de Belo Horizonte em 1895

Antiga igreja matriz da Boa Viagem do Curral Del Rei.

Fonte: Disponível em: http://curraldelrei.blogspot.com/2010/04/construcao-da-novacapital-e-o.html

Fonte: Disponível em: https://sumidoiro.files.wordpress.com/2015/05/post-igr-boa-


Os primeiros sinais de caráter segregativo na cidade foram iniciados pelo próprio modelo de planejamento do controle do estado, separado pela avenida do contorno, a malha viária e loteamento apresentam significativas diferenças e estéticas de clara separação de classes, a classe suburbana estaria fora do perímetro central e a classe dominante em lotes próximos a edificações de serviços do governo. A posição de privilégio do estado, fez com que valorizasse os lotes nas proximidades enfatizando o preenchimento e especulação por parte da classe privilegiada. A nova infraestrutura era uma evidência de símbolo de status para o estado, o estilo arquitetônico europeu implantado em um país da América Latina representava o início do ciclo da modernidade em um cenário do novo século. A Praça da Liberdade por exemplo, teve sua construção em 1903 inspirada pelo estilo de paisagismo inglês com referencias nos jardins de Versailles na França. Figura 3 Praça da liberdade no início do século XX

Inaugurada em 1897, com a nova mudança tanto do nome e local da capital, Belo Horizonte representava o símbolo da modernidade e foi nomeada como a primeira cidade planejada do Brasil. A sua configuração de malha viária é apresentada em retangular como um tabuleiro de xadrez por conta da facilidade para loteamento, avenidas largas e arborizadas representavam o estilo eclético europeu que expressou o domínio da estética da burguesia. Aarão Reis enfatizou também as tecnologias de instalação de infraestrutura na cidade para saneamento, infraestrutura elétrica e telefonia ao longo dos anos. Aparentemente as soluções de problemáticas da antiga cidade barroca foram se dissipando com a incrível estrutura inspirada sob doutrina do positivismo de Augusto Comte, mas o engenheiro acabou descartando por assim dizer ou até mesmo não levado em conta como seriam a apropriação dos territórios para a classe minoritária da cidade. [...]Na verdade, a zona suburbana não fora planejada como zona residencial para a classe trabalhadora, mas seria destinada a chácaras, quintas e sítios. Tal destinação justificaria, certamente, a largura das suas ruas e, provavelmente, a irregularidade dos seus quarteirões e dos seus lotes. Não se pode, portanto, afirmar que na organização física concebida por Aarão Reis estaria implícita a intenção de localizar a classe trabalhadora na zona suburbana, ou seja, a intenção de que a dissociação entre as classes tomasse forma na cidade: o engenheiro simplesmente não considerou tal classe em seu plano [...]

Fonte: Disponível em: http://curraldelrei.blogspot.com/2010/05/praca-da-liberdade-noinicio-do-seculo.html

PENNA, Alicia Duarte. Belo Horizonte: Um espaço infiel. (Artigo baseado na dissertação “O Espaço Infiel — quando o giro da economia capitalista impõe-se à cidade”)


1.2 A importância da preservação do patrimônio histórico Diante do contexto histórico exemplificando a reformulação de um planejamento para transformar a cidade em uma área moderna, é de mesma relevância apresentar o processo da preservação do patrimônio histórico desde as suas primícias até os dias atuais. Podemos dizer que um patrimônio histórico é o rastro de evidência que confirma os acontecimentos marcados na história, e há, portanto, a questão identitária em jogo, uma vez que no coletivo entra em consenso para dar devida importância da preservação destas edificações, o patrimônio se torna um bem de valor mais sentimental e cultural, um valor inestimável. Há também pensamentos teóricos que reformulam a ideia patrimonial como a teoria brandiana, onde a representação do patrimônio é a insenção de seu restauro, ou seja, a obra sem intervenção, nela estará estampado a ação do tempo da forma original até que a mesma se degrade desaparecendo, Cesari Brandi conceituou essa forma de proteção ao patrimônio pois a obra se torna parte de uma continuidade do tempo inacabável. "[...] A partir desse pensamento, surgem seus axiomas que norteiam o trabalho de conservação e restauro: 1º. axioma: “restaura-se somente a matéria da obra de arte” (BRANDI, 2008, p. 31- 32), sem cometer falso artístico, sem intervir ou modificar o original da obra [...]

"[...] 2º. axioma: "A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo”(BRANDI, 2008, p. 33). Brandi defende que o objeto restaurado não volte no momento da criação, e sim que continue carregando as marcas do tempo, respeitando a temporalidade e a sua conformação original. [...] Artigo - Teoria da restauração: Cesari Brandi Norteando intervenções sem falso histórico e falso artístico (Universidade Oeste paulista


O objetivo dos meios de preservação de um patrimônio histórico e cultural é a de dar continuidade a história da humanidade. E por que é importante a conscientização dessa tal temática? Primeiramente que a forma como uma sociedade se comporta é baseada em seus costumes, registros, estudos e experiencias que seus antepassados viveram, assim como uma mãe passa para um filho a receita de um bolo caseiro perpetuando de gerações a gerações, a história segue a mesma linha de raciocínio, é um registro para os sucessores. A memória de um passado nos dá de presente nossa questão identitária, de onde viemos, como somos, e fornece vestígios de como será no futuro. Entende se que um patrimônio tem essa finalidade quando ela representa um símbolo de memória para a humanidade, e uma civilização sem história não cresce, evolui e se desenvolve.

[...] Nos países capitalistas desenvolvidos, o pós-guerra foi caracterizado pelo crescente desenvolvimento de movimentos sociais, em prol dos direitos civis, da emancipação feminina, do reconhecimento da diversidade em vários níveis e aspectos. Esses movimentos demonstravam, a um só tempo, a existência de diversos grupos de interesses sociais e como essa variedade podia gerar conflitos sociais no interior dos países. [...] FUNARI, Pedro Paulo, PELEGRINI, Sandra C.A Livro – Patrimônio histórico e cultural 2006

Os sítios declarados como patrimônio da compõe-se de: Monumentos: Obras arquitetônicas, esculturas, pinturas, vestígios arqueológicos, inscrições, cavernas; Conjuntos; grupos de construções Sítios: obras humanas e naturais de valor histórico, estético, etnológico oi científico; Monumentos naturais: formações físicas e biológicas; Formações geológicas ou fisiográficas: habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção; Sítios naturais: áreas de valor científico de beleza natural. FUNARI, Pedro Paulo, PELEGRINI, Sandra C.A Livro – Patrimônio histórico e cultural 2006


O patrimônio resgata a história através de recursos e representa os bens de uma sociedade, a exemplo da cidade de Belo Horizonte, Ouro preto é uma ligação histórica com a formação da cidade considerada “jovem”. Sem os recursos necessários para processo de tombamento e legislação patrimonial, talvez em tempos distantes, Minas Gerais estaria desconhecida em suas páginas de livros por ter diversas cidades históricas demolidas após os tempos coloniais. O turismo é uma forma presente de investir nesses patrimônios, e gerir capital para essas regiões e, continuando a exemplo da cidade de Ouro Preto, palco de um dos principais movimentos pela independência do Brasil, seu “líder” Tiradentes do nome a praça central da cidade. Observando no campo arquitetônico da cidade de Belo Horizonte, atualmente há diversos imóveis com necessidades tanto para reabilitação dessas edificações, quanto para requalificação e meios de conscientização patrimonial, cada caso de tombamento procede de uma análise distinta de proteção. Algumas edificações apresentam estado de conservação deplorável pois só o tombamento não garante a proteção do imóvel, é necessário investimentos e contínuas reparações. Um proprietário comum tem a liberdade de reformar e não reformar a fachada de sua edificação a qualquer época e dependendo do grau de investimento fornecido, já o proprietário há uma certa obrigação de garantir fundos para essas constantes reparações um problema comum e atual que se perpetua nas cidades mineiras.

Para o arquiteto Luiz Fernando de Almeida, diretor do Instituto Pedra e ex. presidente do IPHAN e Valéria Rossi Domingos vicepresidente do condephaat justificam tal problemas: “[...] as políticas de patrimônio histórico não são reestruturadas pois não interessam o meio político, não é algo prioritário dentro do campo de políticas públicas[...]” Luiz Fernando de Almeida Entrevista para Jornalismo TV Cultura [...] é preciso ter um programa que considere a manutenção contínua desse bem, linhas de crédito, juro zero principalmente se for de propriedade particular porque aquele que tem o bem protegido pela legislação, ele tem o compromisso com a paisagem, e acaba que se torna deteriorados, e quando o bem vai se deteriorando, o bem se torna um risco de perdê-lo aumenta muito [...] Valéria Rossi Domingos Entrevista para Jornalismo TV Cultura De fato, a preservação de um patrimônio consta muitas vertentes para ser efetivada por completo, é uma constante análise contínua da edificação que demanda dedicação, capital, e muita conscientização para proteção patrimonial. O desafio do Instituto de proteção patrimonial é conciliar a modernidade da cidade, novos pensamentos, novas pessoas e ao mesmo tempo ter a responsabilidade de proteger e incentivar as riquezas históricas e artísticas do Brasil.


Traçado urbano do bairro lagoinha em 1942 Fonte: Carolina Spínula Dino

1.3 O bairro Lagoinha Em meados de 1930 a 1950 a cidade de Belo Horizonte estava em constante crescimento populacional devido ao atrativo e oportunidades de crescimento econômico da região, imigrantes, operários e trabalhadores se estabeleceram nas margens de Belo Horizonte com o propósito de moradia e principalmente de necessidade. Este local de estabelecimento é o famoso bairro Lagoinha, nome dado por conta de a região ser pantanosa e com várias lagoas antes da construção da cidade. Na época, o local já estava consolidado pela sua localização privilegiada ao centro e fácil acesso a cidade, o “abrigo” que antes era chamado, foi instalado na mesma época da inauguração da cidade, no final do século XIX. [...]Destaca-se, nesse contexto histórico do bairro, a sua ocupação por imigrantes árabes, sírios, libaneses, italianos, judeus e portugueses que contribuíram não só para a diversidade social e comercial da região (SILVEIRA, 2005) [...]

Av. 17 de Dezembro – Lagoinha

BERNARDES, Brenda Melo – Cadernos PROARQ, Impactos sobre o patrimônio cultural do bairro Lagoinha/Belo Horizonte – Mg Anos após os primeiros assentamentos no bairro, a região suburbana cresceu em termos de infraestrutura após a realização da iniciativa pública onde beneficiou a primeira lei para trabalhadores de áreas desfavorecidas, a lei de n° 498 para habitações operárias, com ela era possível ser isento de impostos para habitações consideradas operárias fora do perímetro urbano. Disponível em: http://gauzzi.blogspot.com/2012/07/bairro-da-lagoinha-antigo-


“Entre os anos de 1960 e 1990, o crescimento urbano resultou em diversos projetos patrocinados pelas autoridades públicas que impactaram de forma negativa sobre o patrimônio e a cultura local. Apesar de diversas intervenções urbanas, em meio a um crescimento desordenado durante décadas, a comunidade local permanece e mantem seus costumes, referências culturais e formas tradicionais de associação no contexto da cidade, como parte da dinâmica cultural e da resistência de a uma posição social marginalizada.” Olhares sobre o bairro Lagoinha: cotidiano, memórias, educação e patrimônio. ARCANJO, Loque Os projetos urbanísticos propostos que iriam interferir na malha do bairro Lagoinha, causou o descontentamento para moradores e usuários da região uma vez que poderiam descaracterizar o bairro social para a construção da Avenida Antônio Carlos, que tinha como objetivo ampliar e facilitar o meio viário de deslocamentos para o centro da cidade. A praça Vaz de Melo foi demolida em 1981 dando lugar ao empreendimento e transformou de vez o aspecto do bairro uma área desvalorizada.

Atualmente a localização do bairro lagoinha está inserida em parte, na região do hipercentro localizada na área noroeste da cidade de Belo Horizonte e que, apesar de ser uma área com localização espacial fora do contorno planejado, o bairro apresenta grande importância histórica desde o início da fundação da cidade. Dessa forma, o seu limite é configurado pelos bairros que antes eram configurados como a região da Lagoinha, mas se desintegraram formando outros bairros distintos, aglomerados como a Pedreira Prado Lopes se insere no entorno do local e a inclusão de sua malha viária, assunto para debate em relação a questões segregatícias. A situação viária no bairro Lagoinha foi o que desencadeou por anos problemas de infraestrutura do da região; composta pelas ruas principais Além Paraíba, Itapecerica, Diamantina e da Avenida Presidente Antônio Carlos, esta última resultado da realidade que o local se encontra: uma área abandonada, preenchida por usuários de crack, moradores de rua e terrenos abandonados. Praça Vaz de Melo

Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2014/05/11/interna_gerais,527483/bairro-lagoinha-na-regiao-noroeste-de-bh-tenta-recuperar-a-paz.shtml



REFERÊNCIAS projetuais


Casarão

da Inovação Cassina Ficha técnica Ano de construção: 1896 /Imóvel tombado pelo IPHAN (aprox.1980) Localização: Rua Bernardo Ramos, Manaus - Amazonas Restauro: Landa Bernardo Escritório responsável pela requalificação: Lauren Troost Architectures Ano de restauro: 2017 / Inaugurado em novembro.2020 Área: 366m² Antigo uso: Grande Hotel Cassina e posteriormente Cabaré Chinelo Novo uso: Polo de tecnologia para startups Histórico O casarão Cassina é um imóvel de grande representação no centro histórico de Manaus pela sua bela arquitetura representativa no período áureo da borracha e por ser na época o primeiro estabelecimento de primeira classe. O nome do hotel foi em homenagem ao italiano proprietário Andréa Cassina e na época o local era frequentado apenas para a alta sociedade: barões, ricos investidores e estrangeiros. Com o tempo o imóvel foi se rebaixando a qualificação de pensão até enfim se transformar em um imóvel abandonado e sem representatividade para os padrões da nova época.

Projeto de restauro O projeto de restauro teve como propósito estimular a economia da capital, proteger a edificação e dar uso a uma área do centro histórico. O coworking foi a melhor adaptação em termos de apropriação, pois pôde fazer a ligação entre a arquitetura "preservada e atual" utilizando o casarão histórico para abrigar um novo uso para o centro. De fato há um grande investimento envolvido para uma área considerada "desperdiçada" e abandonada por muito tempo, mas a restauração pode dar incentivo para empresas a ocupar esses espaços na cidade e reabilitar o centro histórico para benefício do entorno e do turismo.

Figura 1 Grande Hotel Cassina em 1910

Fonte: https://idd.org.br/iconografia/o-grande-hotel-cassina/


PROJETO Para o casarão, foi pensado em uma grande jardim e vegetação extensa por toda a edificação, em partes ela representa a diversidade da flora que existe em Manaus na floresta Amazônica, contudo ela também serve para preencher o vão entre a fachada restaurada e a nova estrutura o jardim representativo que demonstra aconchego para o espaço, um casarão com grande impotência arquitetônica. O escritório responsável utilizou-se de materiais como vidro e aço pré fabricado para a requalificação interna, o uso se justifica por ser materiais de enfase ao contraste do tijolo e pedra encontrados nas ruínas.


As esquadrias são amplas e o projeto conservou a fachada criando uma estrutura que incrementa a ventilação cruzada e luz natural tornando o imóvel sustentável. Ao entrar na edificação, observamos as passarelas em aço sendo atravessadas no meio do jardim, e com as vedações em vidro é possivel vizualizar o paisagismo em diversos ângulos.

Figura 2 Jardins escalonados e verticais

Figura 3 Passarelas e escadas de aço pré fabricados

Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historicocoworking/ Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historicocoworking/


USO Logo após entrada, encontramos salas amplas e flexíveis para diferentes tipos de usos, como o objetivo é o uso dos espaços compartilhados, o layout é considerado multifuncional e versátil, as salas contam com tecnologias laboratoriais, salas de reunião, salões, salas para especialização de formação além de restaurante no ultimo piso com vista para a cidade. Em planta é possivel notar a presença dos jardins desde o subsolo ao terraço Figura 4 Salas multifuncionais compartilhadas

Em planta é possivel notar a presença dos jardins desde o subsolo ao terraço

Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historicocoworking/


As fachadas foram limpadas antes de receber a reabilitação do restauro, os técnicos responsáveis preservaram os elementos naturais originais utilizados na entrada, como por exemplo o gesso feito da pigmentação do pó de arenito vermelho.

"O Casarão da inovação Cassina remonta o explendor de uma Manaus que experimentou o boom economico da bocharra e nós também experimentamos aqui tudo que há de melhor com a modernidade, com a era digital, com as novas formas de produção da atualidade," Leonardo Novellino Esp. em Patrimônio Histórico


Figura 5 O casarão em épocas diferentes...se não houvesse a criação do instituto de proteção patrimonial será que a edificação estaria em pé até os dias de hoje?

Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Início do processo de restauro

Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


DO ABANDONO A SALAS LOTADAS O imóvel de 4 pavimentos abrigando

uma

área

de

aproximadamente 1.600 m² foi reformulada

com

arquitetura

conteporânea para justamente enfatizar o que foi restaurado e nao se sobrepor. As Transições são feitas a partir de passarelas, elas

apresentam

conforto

relacionado

ao

paisagimo

projetado,

mesclando

a

arquitetura eclética do antigo casarão com o novo espaço demarcado. Laurent Troost autor do projeto

e

diretor

Planejamento Municipal

do

de

de

Instituto

Planejamento

Urbano (Implurb) uniu o reflexo propositalmente do passado com as

novas

tecnologias

da

atualidade para se ter uma dimensão

arquitetônica

impactante.

Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historico-coworking/


Fonte:https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casarao-historicocoworking/


Museu Rodim - Bahia

Ficha técnica Ano de construção: 1912 /Imóvel tombado pelo IPAC BA (1982) Localização: Rua da Graça, 284 - Graça Salvador- Bahia Escritório responsável pela requalificação: Brasil Arquitetura Área: 3055m² Antigo uso: Antiga residência do Comendador Bernardo Martins Catharino Novo uso: Museu Rodin

Histórico O palacete na época destinada a residência do comendador Bernardo Martins Catharino é de importância histórica arquitetônica para a cidade de Salvador, pois representou como era o esplendor da classe alta bahiana no início do século 20. Naquele tempo o Brasil estava na passagem para novas reformas urbanas após a república velha e neste período as cidades brasileiras estavam com ideais de reformas e instalação de modernidade para ser ofertada para população, com o palacete não foi diferente ele representou esta fase como a transição do século XIX para o século passado.

O abandono iniciou por conta do crescimento da população de salvador se instalarem nos centros urbanos gerando congestionamento, o que desencadeou a mudança da burguesia para o entorno suburbano, deixando a classe opérária nos centros históricos. A edificação foi adquirida pelo governo da Bahia em 1983 e houve o processo de tombamento, isso se deu por conta da preocupação da cidade de manter a edificação apesar do incentivo a demolição. A partir dos anos 2000, a edificação foi cedida para ser o Palacete das Artes, os espaços e requalificação foram reformulados para abrigar o museu Rodin, houve também a necessidade de extençao por conta da acessibilidade da criação do museu então foi feito a partir dai o anexo.

Figura 1 Palacete do Comendador Bernardo Martins Catharino

Fonte: http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_fs_vnaj.htm


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura

PROJETO Figura 2

Figura 2 - Planta de implantação

Figura 4

Na implantação podemos observar a edificação original apontado no ponto 2 e o anexo no ponto 5 interligados por uma passarela de concreto protendido com ausência de pilares de apoio. Figura 3 - Paisagismo Nos jardin são instalados do pontos 6 ao 11 esculturas do Rodin de acordo com sua nomeclatura

Figura 3

Figura 4 -Térreo da edificação No térreo do palacete apresenta pé direito baixo, então é encontrado a parte administrativa, recepçao, loja, sanitários.

Figura 5 - 1° Pavimento Como chamada "parte nobre do palacete, abriga salas expositivas e a biblioteca

Figura 5


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura

Figura 6 Figura 6 - 2° Pavimento Com as propostas de intervenções, foram eliminadas divisórias no pavimento superior proporcionando 2 longos e extensivos salões para as esculturas de gesso.

Figura 8

Figura 7 - Sótão Para o acesso ao sótão a rampa de acesso está localizado na área externa do terreno.

Figura 7

Figura 8 - Elevações Norte e Sul Configuração do palacete restaurado de 4 pavimentos, afastado da rua, com arquitetura eclética com ricos detalhes.

Figura 9 - Elevações oeste e Leste Ligação do palacete com o anexo, não interferindo na paisagem artístita da edificação restaurada.

Figura 9


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura

A adaptação do palacete atraiu turismo para a região, ganhou notoriedade pelo fato da união da edificação histórica com o anexo, apesar de ser edificações independentes, elas formam um conjunto em que uma não sobrepoe a principal restaurada histórica, mas também impõe o anexo de forma expressiva para determinar a arquitetura e cultura atual que vivemos. O projeto recebeu diversas premiações dentre eles como categoria principal para recuperação de imóveis, prêmio Iberoamericano da melhor intervenção em obras que estão relacionadas ao patrimônio edificado em 2006 entre outros.


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura

ANEXO Figura 10

Figura 10 - 2° Subsolo Para o anexo iniciamos com o subsolo, espaço reservado para apoio, local de funcionários, oficinas, depósitos do museu,cafe, loja, controle operacional, garagem

Figura 12

Figura 11- Térreo Espaço do café, cozinha, sanitários, áreas de exposição e pátio de esculturas

Figura 11

Figura 12 - 1° Pavimento Para o primeiro pavimento, a continuação das salas expositivas do museu conectadas pelo acesso da travessia.

Figura 13- Corte AA No corte é posivel perceber o detalhe da corbertura, cirulação pela passarela.

Figura 13


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura

ANEXO interno


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura

Figura 10

Figura 10- Corte CC E DD Espaços adaptados e modular para as exposições, áreas amplas e de boa circulação para a quantidade de público esperada.

Figura 11

Figura 11- Croqui isométrico Anexo trabalhado em forma de um caixote retangular de concreto, criando uma arquitetura contemporanea contrapondo com a edificação tombada.



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Edificação Restaurada


Anexo

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-arquitetura


Casa da cidade Zwanenburg

O projeto O projeto do escritório responsável pela edificação, uniu a estética da arquitetura local representada pela sua cobertura e materiais como madeira e pedra para utilizar como obra vernacular e também sustentável. A edificação conta com 2 áreas principais que são os elementos em conjunto com o centro: o parque e a praça. Para essas duas áreas, pensou-se em áreas extensas para

Ficha técnica Cliente: Município de Haarlemmermeer Localização: Zwanenburg, Países Baixos Escritório responsável: Haren 5 Architects Ano de inauguração: 2020 Área: 3000 m² Uso: Centro Comunitário

oferta de eventos, quantidade de pessoas o que tornou ponto turístico para a região.

Figura 1 Cidade de Zwanenburg circulada em preto

No município de Zwanenburg, localizado nos países baixos, não mais do que 150.000 habitantes, foi construída para abrigar e ofertar áreas de serviço para os moradores locais, um Centro comunitário em que oferta espaços destinados a lazer, cultura, turismo e serviços públicos como reuniões, sistemas de exposições, estudos, coworking, etc. Fonte: Google Maps. Acesso em 07/06/2021


Forte vertente a arquitetura Holandesa, O centro Comunitário apresenta arquitetura com traços marcantes a começar pelo telhado, linhas pontudas e fachada inteiramente de cortina de vidro, convida o morador a se reunir tornando o salão principal como área de estar.


Foi pensado no formato de uma"Aldeia" para sua estruturação, a cidade é pequena então não seria condizente uma arquittura que extrapolasse o estilo das demais, e sim com a característica de inclusão para que diversas pessoas se sintam confortáveis no local.


Á área maior é ponto para a quadra de esportes, e ginástica. Tantos para jovens, o espaço também é destinado para a população da terceira idade como aulas de relaxamento, e eventos sociais

Para a área da salão de entrada é possível perceber a visibilidade de toda a construção tanto do lado externo quanto o interno, tornando o espaço convidativo.





A casa da cidade apesar de ser uma referência de área de permanência recém construída, tem o poder de promover a integração e socialização de vizinhos, moradores locais para o espaço. Para a população de meia idade é importante e saudável a conexão com o seu vizinho pois atualmente vivemos em uma sociedade isolada de inclusão de áreas tanto para jovens e idosos se socializarem e tornando os mesmos solitários em suas residências. O espaço coletivo busca de forma harmoniza e sem grandes impactos essa relação afetiva com o entorno, oferencendo a cidade uma nova pespectiva de permanencia em um ambiente com cafeteria, recreação, biblioteca, etc.


7. Análise do local Localização do bairro na cidade de Belo Horizonte

Pertencente a região noroeste, o bairro Lagoinha se insere nas proximidades do centro de Belo Horizonte, tal região é caracterizada pelo primeiro polo habitacional da região. A regional possui uma população de:

268.038 habitantes

30,08 de extensão territorial (IBGE2010)

Os bairros que fazem divisa a área de estudo são:

Área de estudo situada em relação aos bairros do entorno Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-degoverno/politica-urbana/2018/planejamento-urbano/diagnostico_lagoinha_2011.pdf

·Bonfim ·Senhor dos Passos ·Santo André ·São Cristóvão ·Colégio Batista ·E os aglomerados Pedreira Prado Lopes, e Vila Senhor dos Passos Inicialmente a região não apresentava os bairros listados, era composta por uma única região onde a mesma de dividiu em áreas com características próprias, tornando-se subáreas e se fragmentando. A área também se encontra nas bacias da Pampulha e bacia do Arrudas.


Inicialmente a região não apresentava os bairros listados, era composta por uma única região onde a mesma de dividiu em áreas com características próprias, tornando-se subáreas e se fragmentando. A área também se encontra nas bacias da Pampulha e bacia do Arrudas. O local de estudo para a intervenção está localizado na Rua Itapecerica número 373 Bairro Lagoinha. As fotos a seguir mostram a caminhada do metrô da Lagoinha até o local de estudo da intervenção:

Linha de Metrô Lagoinha

Registro Fotográfico


Percebe-se que há uma clara divisão de regiões a partir do momento que é encontrado a localização do bairro, há diversos moradores de ruas e dependentes químicos na praça e embaixo do viaduto em frente à entrada da passarela do metrô da Lagoinha, ruas mal sinalizadas e a presença de lixo é constante trazendo mal odor para as ruas estreitas. A área conta com muitos comércios de pequeno porte, lanchonetes, padarias, equipamentos urbanos como o hospital municipal Odilon Behrens, o espaço social missão batista Cristalândia, centros educacionais como a escola Silviano Brandão, faculdade Senai, faculdade Facisa BH entre outros.

Passarela de acesso ao bairro

Registro Fotográfico


“A rua Itapecerica foi marcada inicialmente em 1913 pela construção do Ramal Férreo, fato que impulsionou o crescimento local e influenciou nas próximas tipologias arquitetônicas, que seriam voltados para o comércio. Entre a década de 1920 e 1940, as famílias italianas de classe média construíram casarões residências e comercias de uso misto, para atender as necessidades locais e da cidade” DINO, Carolina Spínula - Reabilitação do prédio abandonado Volume Monográfico. Ano de 2015

Análise em processo da Rua Itapecerica


A Área de Estudo em relação à legislação da região de análise

7.2 Legislação

Parâmetros Urbanísticos Zoneamento: Zona de Adensamento Restrito do tipo 2 (ZAR-2) Coeficiente Aproveitamento: 1 Básico e 1,3 CA máximo Área de Diretrizes Especiais (ADE): ADE da Lagoinha Altura máxima da divisa: 5m Taxa de Permeabilidade: 10% (para terrenos com área menor ou igual a 360m²) ou 20% (para terrenos com área maior que 360m²


7.3 O Casarão Tombado em 1996, o proprietário do casarão abriu um processo na justiça e foi até o Supremo Tribunal Federal, finalizado em no final de 2019, forçando assim o dono a restaurar o imóvel. Atualmente a edificação está em estado de calamidade, e com muitas patologias em sua fachada, em épocas passadas o casarão serviu de bordel, depois se transformou em comércio para enfim estar em desuso. Para a requalificação do casarão, é necessário estudo do estilo arquitetônico, métodos de restauro dependendo de cada edificação e processo de instalação de novas estruturas, ou anexos dependendo do novo uso a ser destinado a edificação.

Registro fotográfico


Fonte: Acervo Fotográfico Caroli Spínulo


7.4 Programa de necessidades Para a requalificação do Casarão, a ideia de um novo uso para imóveis tombados é única maneira para proteção da edificação e citando isso, e análise urbana com enfoque na comunidade local, pelo bairro apresentar características de comunidade de baixa renda onde existe conflitos locais para poder mudar o bairro é a criação do Centro Comunitário Lagoinha. “O centro comunitário elege como alvo prioritário da sua ação a família e a comunidade, sem perder de vista a situação particular e específica de cada pessoa. Tem como princípio essencial a organização de respostas integradas, face às necessidades globais das populações, numa função de carácter preventivo e de minimização dos efeitos de exclusão social, assumindo-se também como agente dinamizador da participação das pessoas, famílias e grupos sociais, factor de desenvolvimento local, social e de promoção da cidadania. O centro comunitário constitui uma resposta social cuja metodologia de intervenção assenta, essencialmente, em princípios-chave que devem orientar o seu funcionamento de forma a tornar-se um verdadeiro pólo de desenvolvimento social e dinamizador das solidariedades locais.”

Detalhes do coroamento da fachada do casarão, atualmente estão ausentes por conta de furto

Projeto Centro Comunitário Lisboa- Catarina de Jesus Bonfim Setembro de 2000 PROGRAMA DE USOS EM PROCESSO


Referências

CURRALDELREI. A construção da nova capital e o desaparecimento do Curral del Rey. Belo Horizonte: 2010. Disponível em: <http://curraldelrei.blogspot.com/2010/04/construcao-da-nova-capital-e-o.html> Acesso em: 05 jun. 2021. ARQUIVO PÚBLICO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE. Plano Urbanístico de Belo Horizonte. Plano Urbanístico. Disponível em: <http://www.urbanismobr.org/bd/documentos.php?id=2780>. Acesso em: 05 jun. 2021 BAIRRO DA LAGOINHA. Belo Horizonte. Disponível: <http://gauzzi.blogspot.com/2012/07/bairro-da-lagoinha-antigo-cantinho-da.html> Acesso em 05 jun. 2021 PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br/noroeste> Acesso em 11 jun. 2021 PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/politica-urbana/2018/planejamentourbano/diagnostico_lagoinha_2011.pdf> Acesso em 11 jun.2021 BERNARDES, Brenda Melo Impactos sobre o patrimônio cultural do bairro Lagoinha/Belo Horizonte Cadernos PROARQ 29 BRANDI, CESARI Teoria da restauração, 1ª Edição 2004 PENNA, Alícia Duarte. Belo Horizonte: Um espaço infiel. (Artigo baseado na dissertação “O Espaço Infiel — quando o giro da economia capitalista impõe-se à cidade”) PANERAI, Philipe. Análise Urbana Editora UNB FUNARI, Pedro Paulo, PELEGRINI, Sandra C.A Livro – Patrimônio histórico e cultural 2006 BONDUKI, Nabil Intervenções Urbanas na Recuperação de Centros Históricos – Brasília DF: Iphan/Programa Monumenta,2010 DINO, Carolina Spínula; Informe Histórico Referente à legislação do bairro Lagoinha e Rua Itapecerica, 373. Lote 4. Quarteirão 27. Reabilitação de Prédio Histórico Abandonado. Volume monográfico produzido em novembro de 2014 Artigo - Teoria da restauração: Cesari Brandi - Norteando intervenções sem falso histórico e falso artístico (Universidade Oeste paulista


Referências

CASACOR ABRIL Disponível em: <https://casacor.abril.com.br/arquitetura/laurent-troost-casaraohistorico-coworking/ https://www.archdaily.com.br/br/958210/casarao-da-inovacao-cassina-laurent-troostarchitectures>Acesso em: 05 jun. 2021. IDDORG O GRANDE HOTEL CASSINA. Disponível em: <https://idd.org.br/iconografia/o-grande-hotelcassina/>Acesso em: 05 jun. 2021. BLOG MARTINS ROCHA Disponível em<http://jmartinsrocha.blogspot.com/2010/05/hotel-cassina-cabarechinelo.html> Acesso em 05 jun.2021 https://d24am.com/amazonas/predio-do-hotel-cassina-sera-transformado-em-polo-para-startups/> Acesso em 05 jun.2021 DEZENOVEVINTE. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_fs_vnaj.htm> Acesso em 05 jun.2021 READALYC.ORG Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/1251/125117499007.pdf> Acesso em 05 jun.2021 ARCHDAILY - MUSEU RODIN BAHIA. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/910445/museurodin-bahia-brasil-arquitetura> Acesso em 05 jun.2021 SALVADOR TURISMO. MUSEU RODIN Disponível em: <http://www.salvador-turismo.com/graca/rodin.htm> Acesso em 05 jun.2021 IPRATRIMÔNIO Disponível em: <http://www.ipatrimonio.org/salvador-palacete-do-comendadorbernardo-martins-catharino/#!/map=38329&loc=-12.997727,-38.525219,17> Acesso em 05 jun.2021 GALERIA DA ARQUITETURA. MUSEU RODIN Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/brasil-arquitetura_/museu-rodin-bahia/2799> Acesso em 05 jun.2021 PREZI MUSEU RODIN. Disponível em: <https://prezi.com/u2di5aulpazg/museu-rodin-bahia-em-salvador/? frame=e147b7d23abe09e7545a909575af31a16ec7af12> Acesso em 05 jun.2021 ARCHDAILY - ZWANENBURG HEREN 5 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/951025/casa-dacidade-de-zwanenburg-heren-5-architects/5f9893c363c0174d8a000501-townhousezwanenburg-heren-5-architects-photo?next_project=no> Acesso em 05 jun.2021


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