Proteção

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Proteção Protection

Autores: Alessandra Caldeira, Bruna Arantes, Giulia Novaes, Natalia Borja, Ticia Barros, Yemina Mendez. Orientador: Profª. MS. Mariana Roncolleta.

Resumo O projeto foi desenvolvido a partir de estudos sobre Sustentabilidade e Design de Moda, com ênfase no subtema escolhido, Esgotamento de Recursos. A partir disso, o grupo optou por se aprofundar no esgotamento do mineral Estanho, chegando ao conceito de criação Proteção, devido ao papel que o mineral desempenha. Para a produção da coleção, foi realizada uma pesquisa de campo em pontos estratégicos da cidade de São Paulo, a fim de traçar o perfil do público alvo escolhido, e assim, criar uma coleção coerente às suas necessidades e desejos.

Palavra Chave: Design de moda; Sustentabilidade; Esgotamento de Recursos; Estanho; Proteção.

Abstract The Project was developed through the studies on Sustainability and Fashion Design, with emphasis on the subtheme chosen, which is Depletion of Resources. From there on the group decided to deepen into depletion of the mineral Tin, getting to the creating concept of Protection, due to the role that this mineral performs. For the collection production, a research was performed on strategy locations in Sao Paulo in order to profile the target chosen and thereby create a coherent collection to your needs and desires.

Key Word: Fashion Design; Sustainability; Resource Depletion; Tin; Protection.

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Alunos do 5º semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi Morumbi. Endereços eletrônicos: alessandra_mdc@hotmail.com; lakshmi_lotus@hotmail.com; natikborja@hotmail.com; giulia_novaes@hotmail.com; ticiatab@gmail.com; yemina@hotmail.com.


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Introdução Partindo do propósito exigido para o projeto interdisciplinar do quinto semestre do curso de design de moda, de desenvolver uma coleção constituída por doze looks e executar quatro deles, juntamente com seu ensaio fotográfico, baseando-se em uma pesquisa teórica referencial do subtema escolhido, Esgotamento de Recursos, assim como o artigo científico, um pôster de Iniciação Científica e o Painel Semântico, com referências utilizadas pelo grupo, este projeto explora principalmente a reflexão e a observação, a partir de conceitos e teorias sobre Sustentabilidade e suas relações com o Design de Moda, conectando-os ao Esgotamento de Recursos. Através da pesquisa do subtema, o recurso que o grupo optou para utilizar como objeto de estudo foi o estanho, e a partir dele chegar ao conceito de criação que representa a proteção que esse minério proporciona a outros metais mais frágeis e propícios a oxidação e corrosão.

2. Pesquisa Referencial Teórica 2.1. Design de Moda e Desenvolvimento Sustentável

Conforme Diana Crane (2006), o espaço que a moda ocupa atualmente na sociedade e sua acessibilidade são resultado de uma série de mudanças que ocorreram ao longo dos anos e que somente foi possível com a ascensão econômica burguesa e o Estado moderno. Gilles Lipovetsky (1989) pontua a moda como uma exaltação do individualismo, exercitando o papel de comunicar e transmitir a personalidade e as crenças de uma pessoa através de cores, caimentos, marcas e materiais utilizados pela mesma em suas roupas. Ainda segundo Lipovetsky (1989), a cada ato individualista exercido pelos consumidores de moda, esta ganha a responsabilidade de transmitir as necessidades e características de uma sociedade através da história, sendo esse processo exemplificado pelas inúmeras informações e imagens que se tem conhecimento de gerações passadas.

Segundo a autora Maria do Carmo Rainho (2002) o século XIX é marcado por uma série de melhorias no sistema de produção que tornou possível o progresso da indústria têxtil, desencadeando: uma maior qualidade no mercado de roupas prontas e no nível de vida da população, além do surgimento de grandes magazines, propiciando


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aos membros da pequena e média burguesia francesa e inglesa acesso á moda. A partir da segunda metade deste século a moda se torna um objeto a ser mostrado, analisado e registrado. Sendo reconhecida como uma expressão social de uma época, um reflexo de heranças culturais e das ideias correntes.

O Design deixou de se concentrar em problemas pontuais, relacionados com a forma ou função, para se definir numa solução global que deve passar pelo planejamento racional de todas as fases do ciclo de vida de um produto, desde a distribuição (embalagem, acondicionamento, fornecimento, exposição e venda do produto), ao uso (transporte, instalação, manutenção e utilização dos objetos) até ao seu descarte, teoria defendida pelo autor, que corresponde a ligação entre o ambiente e processos de produção. (MORAIS; CARVALHO; BROEGA, Pág. 3, 2010).

Conforme Vezzoli (2008) é necessária uma maior preocupação na fase de desenvolvimento do projeto para muito além do próprio produto, que resulte em uma maior reflexão sobre o modelo de consumo, considerando as possíveis implicações ambientais ligadas às fases do ciclo de vida do produto, buscando assim, minimizar todos os efeitos negativos possíveis. Ainda sobre reflexão do mesmo texto, para que haja uma reeducação de produção e consumo, são necessárias mudanças radicais para um desenvolvimento mais sustentável, principalmente na questão social e cultural, ligadas ao modo de entender o vestir, e no critério e a forma de limpeza e manutenção dos itens do vestuário, tanto no nível da oferta quanto no da procura. O designer/produtor deve adotar uma relação sistêmica, dando atenção à todas as fases do ciclo de vida do produto: a extração da matéria-prima e processos necessários para a produção dos materiais, montagens, acabamentos, transportes, embalagens e armazenamentos; a utilização de recursos necessários, até o descarte e as eventuais reutilizações do produto. Segundo Manzini e Vezzoli (2008) a relação entre Design e Sustentabilidade é expressa através dos termos Life Cycle Design (LCD), Eco-design ou Design for Environment. LCD e design para a sustentabilidade são duas atividades absolutamente complementares para o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis que têm como objetivo a criação de um desenvolvimento de uma cultura projetual capaz de enfrentar a transição para a sustentabilidade e de promover o aparecimento de uma nova geração de produtos e serviços mais sustentáveis.


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De acordo com Ciclo de Moda deve integrar um processo mais sustentável do que o adotado atualmente, por se tratar de produtos rotativos e de rápida substituição (consumo - descarte – consumo), tendo a mídia como aliada exercendo no consumidor uma forte influência, gerando um consumo exacerbado e desnecessário. A metodologia de Eco-Designé uma das soluções encontradas para ajudar a solucionar o problema do exagero no consumo e do curto ciclo de vida dos produtos. Através de um ciclo de análise (figura 1) que engloba todos os estágios de produção, consumo e descarte de um vestuário, é necessário integrar possibilidades viáveis a partir do seu descarte. Para um ciclo sustentável, é necessária a intervenção de organismos públicos e privados que ajudem no planejamento sustentável de mão de obra, produção, distribuição e descarte do vestuário indesejado, que será reciclado a partir de processos de “reciclagens ou totais”.

De acordo com o professor Gustavo Luis Siegel (2008), o alerta por catástrofes e prognósticos desfavoráveis ao futuro do planeta, tem despertado interesse do público em geral para praticas de responsabilidade social e ambiental, em que a sustentabilidade, processos e produtos estão em seu foco principal. Ainda segundo ele, em tempos que se busca minimizar os impactos ambientais provenientes da atual forma de produção e consumo, é importante desenvolver soluções que aperfeiçoem recursos e busquem caminhos sustentáveis de produção, consumo e descarte.


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De acordo com Vezzoli (2008) entre os efeitos ambientais mais preocupantes, pode-se relembrar: as mudanças climáticas, a redução da camada de ozônio, a eutrofização, várias formas de poluição, a acidificação, as toxinas no ar, da água e do solo, e a superprodução de dejetos e a crescente escassez de recursos. 2.2 Subtema De acordo com a Síntese da Legislação da União Européia (2003) a extração e utilização dos recursos naturais têm um grande impacto sobre o ambiente, o que torna necessária a elaboração de uma estratégia global visando uma gestão sustentável desses recursos. Tendo conhecimento que os recursos naturais são diversos, eles podem ser classificados de acordo com as seguintes categorias: matérias primas (os minerais e a biomassa), meios ambientais (a água, o ar e o solo), recursos circulantes (energias eólica, geotérmica ou solar), bem como o espaço físico utilizado para produzir e sustentar os outros recursos. Estes diferentes recursos também se podem dividir em recursos renováveis e não renováveis. Segundo Manzini e Vezzoli (2008) a reserva mundial de combustíveis fósseis, de urânio e de alguns outros materiais traz grandes preocupações. Em outros termos, o esgotamento dos recursos (os inputs do nosso sistema de produção e consumo) é considerado como um problema para a sustentação econômica do nosso modelo de produção e consumo. Os autores ainda ressaltam a importância de desenvolver e utilizar recursos renováveis, diante do paradigma da sustentabilidade, desenvolvendo um modelo social e produtivo que não afete as gerações futuras. Vale também, ressalvar que os recursos renováveis não se esgotam, mas os mecanismos que os geram sim, portanto a renovação deve ser compreendida em relação à quantidade de recursos que se consome, à sua velocidade de reconstrução e às novas exigências humanas. O uso de fontes renováveis, como, por exemplo, a energia eólica, a hidráulica e a solar, apresenta ainda muitos obstáculos econômicos e tecnológicos. “A discussão em torno da finitude ou esgotabilidade dos recursos naturais não-renováveis polariza-se entre os economistas/tecnólogos e os demógrafos/geólogos, de forma que o primeiro grupo, otimista, crê que a tecnologia evitará o esgotamento dos recursos, e o segundo grupo, pessimista, que o crescimento populacional impulsionará o esgotamento. Ainda


6 de acordo com os otimistas, o esgotamento seria um mito, a exaustão nunca ocorreria, pois os minérios permanecem na Terra. Para eles, o problema a resolver é evitar que o custo de exploração desses materiais seja superior ao economicamente permitido, afinal, um mineral não desaparece da Terra da mesma forma que uma espécie biológica se extingue na natureza.” (WEINBERG, 1976).

Manzini e Vezzoli (2008) destacam que a equação recurso renovável nem sempre é igual a recurso limpo. Portanto, deve ser levado em consideração o impacto causado no meio ambiente, recorrente à disponibilidade e recolhimento dos mesmos. Existem diversos recursos que estão se esgotando, e um deles são os minerais, no qual alguns pesquisadores, como Berthand (2009), afirmam que já existi o ano exato para o seu termino. Os minerais são mais antigos que a terra, são poeira da mesma, são elementos que dão cor ao planeta, como o vermelho do ferro, o preto do carbono, o amarelo do enxofre e o azul do cobre. “Diariamente os seres humanos utilizam recursos minerais. Os exemplos mais clássicos são o combustível e o plástico, entre outros. Mas, para você ter uma idéia de como somos dependentes dos recursos minerais, saiba que até quando usamos papel estamos em contato com recursos minerais. Papel é celulose, mas seu branqueamento é feito com recursos minerais. Somos, hoje, uma sociedade dependente de equipamentos eletrônicos, e todos eles, sem exceção, são completamente dependentes de recursos minerais, desde a bateria até componentes como chip e carcaça. Absolutamente tudo! E na alimentação? A maioria dos alimentos vegetais dependem, na sua base, de algum recurso mineral, seja no fertilizante aplicado, seja nos compostos minerais dados a alguns animais. Como se não bastasse, há o prato, o talher e a mesa em que comemos.” (SALAMUNI, 2008)¹.

2.3. Objeto de Estudo Alguns pesquisadores, como Penna (1999), afirmam que já existe o ano exato para o término de alguns minerais específicos. “São aproximadamente 51 anos para o níquel, 18 para o chumbo, 43 para o mercúrio, 33 para o cobre, 20 para o zinco e 45 para o estanho.” (PENNA, pág. 58, 1999).

___________________________ Eduardo Salamuni, presidente da comissão organizadora do 44º Congresso Brasileiro de Geologia.


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De acordo com Antônio Fernando da Silva Rodrigues (2003), Geólogo do 8o Distrito do DNPM-AM o stannum, derivado do latim, é um elemento químico de símbolo Sn, classificado na categoria dos metálicos não-ferrosos, considerado um minério em escassez, e que acontece muito raramente na forma isolada, pura. Apresenta brilho metálico, alta maleabilidade, maciez e ponto de fusão relativamente baixo. Conforme Jacqueline Rolim (2002) o estanho quando utilizado em temperaturas

inferiores a 18o C, o metal apresenta manchas cinzentas, que desaparecem se o metal é novamente aquecido. Ao contrário, se aquecido acima de 160ºC, esse material se torna quebradiço e se decompõe na forma de pequenos cristais. O estanho foi um dos primeiros metais a ser trabalhado pelo homem, inicialmente aplicado na forma de liga com o cobre (bronze) para manufatura de armas e ferramentas, caracterizando um marco da evolução tecnológica das civilizações. Segundo Ramos (2003) no final da década de 90 do século XX, o Brasil projetava-se como o quarto maior produtor de estanho em concentrado, após a China, a Indonésia e o Peru, além de concentrar quase 1/3 das reservas mundiais. Criado em 1996, o grupo Paranapanema era líder da produção de estanho do Brasil, dividindo-se em três grandes empresas, passou a atuar como principal empresa no ramo, por meio da Mamoré Mineração e Metalurgia Ltda. Entre 1980 e 1989, a produção nacional de cassiterita, em estanho contido, exibiu uma taxa média anual de crescimento de 25,9%, mas, entre 1989 e 1999, a produção registra uma taxa anual negativa de -13,2%, em decorrência dos seguintes fatores: a) esgotamento dos teores mais ricos das minas de Pitinga e Bom Futuro, b) queda dos preços do metal e c) cerceamento da garimpagem. (RAMOS, pág. 9, 2003).

Segundo Liria Alves1 (2010) o estanho é utilizado para produzir diversas ligas metálicas que revestem outros metais, com o intuito de protegê-los da corrosão. Como metal puro, o estanho é usado na construção de tubos e válvulas, na fabricação de recipientes para água destilada, cerveja, bebidas e conservação de alimentos. Pode ser encontrado também em tanques de armazenamento de soluções químicas farmacêuticas, em eletrodos de condensadores, fusíveis e munições. O estanho liga-se com facilidade ao ferro, portanto é utilizado na indústria automotiva para revestimento e acabamentos da lataria. Esses revestimentos podem ser usados em painéis luminosos e em pára-brisas para livrá-los de água ou gelo, o pó de estanho é usado na produção de papéis metalizados para embalar alimentos e na fabricação de tintas. ___________________________ Liria Alves, Graduada em Química. Professora do site Brasil escola e Mundo educação.


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De acordo com Carlos Tavares (2009) em geral o estanho é utilizado como uma protetora “inerte” para o aço. Essa camada protetora serve como um “ânodo de sacrifício”, que se corrói no lugar do aço. À temperatura ambiente normal, o estanho não se oxida, a água não o ataca e ácidos diluídos o atacam apenas lentamente.

2.4. Painel Semântico

Figura 2 - Painel Semântico, 2012.

3. Conceito de Criação Baseado em todos os estudos realizados anteriormente e se atentando à questão de como o estanho é utilizado como meio de proteção, o projeto em questão baseia-se tanto em processos teóricos como práticos, com o intuito de remeter este conceito. A proteção é basicamente uma necessidade de suporte, ajuda ou amparo de algo frágil e vulnerável por elementos mais resistentes, fortes, servindo como uma camada que impede a ocorrência de danos e de destruição sobre a superfície fragilizada.


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A maneira de se obter proteção a partir do estanho ocorre por meio de diversas formas. Através do depósito de finas camadas de revestimento sobre uma superfície que se queira proteger, a partir de soluções aquosas seguidas de enxágues com água para limpeza, envolvendo uma sequência de banhos que consiste em uma etapa de prétratamento, revestimento e conversão de superfície. Um dos resultados dos processos de revestimento através do estanho é a folha de flandres que consiste em uma liga metálica de folha de ferro-estanhado obtida mergulhando-se uma lâmina de ferro em estanho fundido, deixando-a revestida pela camada protetora de estanho, aumentando a resistência à corrosão. A partir da definição do conceito, a proteção será transmitida através da coleção de doze looks, sendo confeccionados quatro deles.

4. Público Alvo Todo segmento que envolve consumo, está diretamente ligado ao seu público alvo. Assim, um projeto que se relaciona à sustentabilidade, demanda um consumidor consciente, bem informado sobre questões atuais de âmbito ambiental e preocupado com as consequenciais futuras de seus hábitos de consumo. Para Kotler (2001) o indivíduo busca através de suas referências, imagens para se projetar. Com isso as marcas e estilos são importantes aliadas para representação do que se deseja comunicar: “(...) as pessoas escolhem produtos que comunicam seu papel de status (...).” (IBIDEM, pág. 188). O público alvo escolhido para o desenvolvimento da coleção do projeto interdisciplinar 2012 retrata mulheres que se identificam com um estilo de vida saudável, se interessam por questões de caráter social e ambiental, métodos sustentáveis, e se posicionam contra problemáticas sociais e cotidianas. Relacionando as principais características do público alvo escolhido com os grupos geracionais identificados por Francesco Morace no livro Consumo Autoral: as gerações como empresas criativas (2009), pode-se concluir que este se inclui no núcleo “Normal Breakers”. “O tema dos recursos cruciais do planeta (ambientais, mas também econômicos) se afirma, pela primeira vez, como objeto prioritário de debate em nível global. Repensar um mundo onde os recursos não


10 podem mais ser considerados ilimitados e onde uma distribuição mais igualitária torna-se a única maneira para evitar conflitos é prioritário, acima de tudo para essa geração fortemente consciente (...).” (MORACE, 2009, pág. 104).

Morace (2009) os descreve como a geração da “inquietude criativa”. Segundo o autor, possuem uma visão crítica e criativa da realidade em que vivem, são adeptos a transgressão e tecnologia e propõem novas atitudes e perspectivas de vida, defendendo a conscientização e a responsabilidade. Como consumidores possuem preferências por produtos que exploram a dimensão social, com atenção e sensibilidade ou ainda dinamizam uma experiência compensatória. De acordo com Katia Pires, gerente do instituto de design do SENAI/CETIQ, existem diversos perfis de consumidores de moda, destacando-se o perfil do consumidor construtivo, que se relaciona ao público-alvo escolhido, caracterizando-se por ser um individuo engajado, que se preocupa com o futuro, construindo o presente de forma consciente. Dentro do perfil do consumidor construtivo, existe uma subdivisão entre o construtivo ambiental e o tecnológico. No primeiro caso, trata-se de ecologistas, que se preocupam com o planeta, desfrutam do lazer ao ar livre e se interessam por causas sobre a preservação da natureza. Os construtivos tecnológicos retratam consumidores urbanos, que utilizam recursos tecnológicos e se preocupam em adquirir produtos que utilizem tecnologias limpas. Preocupam-se com a saúde, frequentando academias, porém em sua maioria dando preferências para locais ao ar livre, como parques ou ruas e bairros arborizados. Para sua alimentação, procuram mercados que lhes ofereçam produtos orgânicos – livres de agrotóxicos, adubos químicos e outras substancias sintéticas. Através da analise de fotos obtidas por meio de uma pesquisa de campo, nota-se que grande parte dessas mulheres habitualmente realizam passeios matinais e vespertinos com seus cães de estimação e preferem utilizar sacolas reutilizáveis para transportar suas compras e pertences pessoais, ao invés de utilizar sacolas plásticas. Para se vestir, optam por roupas de cores neutras e modelagens básicas, confortáveis e tradicionais.


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Figura 3 - Pesquisa de Público Alvo, realizada no bairro Higiénopolis em São Paulo.

5. Elementos Formais Projetuais 5.1. Painel Semântico

Figura 4 - Painel Semântico finalizado, 2012.


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5.2. Estudo de Formas

Analisando as imagens referentes ao objeto de estudo e ao conceito de criação contidas no painel semântico, o grupo baseou-se nas diferentes texturas, formas e brilhos das rochas brutas que contém estanho, sendo elas a cassiterita e stannite. Além das características físicas do estanho o grupo observou uma repetição de movimentos em formas circulares presentes no maquinário que realiza a transformação do estanho líquido e na produção das folhas de flandres. Com o intuito de transmitir a proteção, foram criados nós a partir de retalhos de tecidos Tavex®, que representam uma amarração, aperto e segurança, remetendo ao conceito de criação. Outra técnica utilizada foi a caracterização do estanho derretido, através de barbantes aplicados de formas irregulares e circulares. O terceiro procedimento utilizado foram as formas circulares que representam as camadas de proteção assim como o estanho é utilizado para revestir os metais, com o intuito de protegê-los contra a corrosão.

Figura 5 - Pedra Bruta, Estanho derretido e maquinário (ALVES, 2010).


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5.3. Moulage

Baseando-se no conceito de criação, o grupo realizou experimentos durante o processo de criação, utilizando materiais, tecidos e retalhos retirados da empresa AGK Confecções LTDA, que trabalham com tecidos Tavex®. Através do método da moulage, foram criados trabalhos de formas, texturas, sobreposições, design de superfície e acabamentos. Este processo foi escolhido por não resultar em formas certeiras e rígidas, aliando-se à proteção, que na visão do grupo, reage de maneiras diferentes de acordo com as circunstâncias na qual está exposta e na superfície que está aplicada. O processo possibilitou ao grupo um esclarecimento de ideias para a produção da coleção, que consequentemente norteou nos caimentos que as peças teriam quando vestidas.

Figura 6 - Moulage realizada pelo grupo, 2012.


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5.4. Cartela de Tecidos e Materiais A maior parte dos tecidos utilizados foram patrocinados pela empresa Tavex®, apresentando a Coleção 2012 de forma mais sustentável através da diminuição do uso de água, entre outras técnicas. Os tecidos fornecidos foram: 

Fields - 1912 - PT - 5 metros.

Stretch Color 802 - 2876 - PT - 5 metros.

Blues (numero) – Retalhos fornecidos pela empresa AGK Confecções LTDA. Outros materiais utilizados foram: a seda acetinada usada na confecção da base

do vestido e os barbantes de algodão de diferentes espessuras, tingidos naturalmente através de experimentos realizados a partir do processo de oxidação de palhas de aço misturadas com água, vinagre e sal, a fim de “manchar” o barbante de maneira desigual remetendo às cores utilizadas na coleção (no caso, o cobre), e ao processo de oxidação estudado ao longo do projeto. Para transmitir o brilho da rocha bruta, foram utilizadas pedras e miçangas de tons e tamanhos diferentes, remetendo às imagens contidas no painel semântico.

5.5. Cartela de Cores As cores que melhor significaram as características apresentadas sobre o conceito, o objeto de estudo e o público alvo foram os tons de azul, cinza, cobre e as cores metalizadas, utilizando tons escuros que representam o acumulo de superfície e a proteção de algo frágil e vulnerável. Portanto a cartela simboliza a proteção de forma bruta.

Figura 7 - Cartela de Cores, 2012.


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Figura 8 - Cartela de Cores, 2012.

5.6. Croquis da Coleção

Figura 9 - Looks Confeccionados, 2012.

Figura 10 - Looks da Coleção, 2012.


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Figura 11 - Looks da Coleção, 2012.

Considerações Finais

Diante da proposta de trabalhar o design de forma sustentável, e desenvolvê-lo a partir de pesquisas sobre o esgotamento de recursos, o grupo teve a oportunidade de entrar em contato com questões sustentáveis referentes ao ciclo que inclui desde a produção até o descarte. A escolha do grupo por estudar o estanho - mineral em esgotamento - também refletiu dificuldades por tratar-se de um conteúdo distante da realidade do grupo, abordando elementos e processos químicos e físicos, difíceis de serem compreendidos, que, consequentemente requereram uma maior atenção referente à pesquisa. De maneira geral o grupo obteve novos conhecimentos técnicos e experimentais através dos processos de moulage - principal responsável por nortear o grupo para a criação da coleção através da produção de texturas e caimentos - enferrujamento e construção das peças confeccionadas, aliando-os a utilização de processos e materiais sustentáveis. O grupo se preocupou com a coerência estética e conceitual entre os doze looks da coleção e a adequá-las ao conceito de criação e às características e preferências do público alvo.

Referências ALVES, Liria. Estanho, 2010. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/estanho.htm> Acesso em: 8/4/2012.


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BERTHAND, Yann Arthur. Home – O mundo é a nossa casa, 2009. França. KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10. Ed. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2001. LIPOVETSKY, Gilles. Império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. Tradução por Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. MORACE, Francesco. Consumo Autoral: as gerações como empresas criativas. São Paulo, SP: Estação das Flores e Cores, 2009. MORAIS, Carla; CARVALHO, Cristina; BROEGA, Cristina. Metodologia de EcoDesign no Ciclo de Moda: Reutilização e reciclagem do desperdício de vestuário, 2008. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/14956/1/15042202_PT.pdf> Acesso em: 6/4/2012 PIRES, Dorotéia Baduy. Design de Moda Olhares Diversos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. PIRES, Katia. Perfil do consumidor, 2007. Disponível em: <http://www.empreendedor.com.br/content/perfil-do-consumidor-%C3%A9-novarefer%C3%AAncia-para-cria%C3%A7%C3%A3o-de-moda>Acesso em: 26/3/2012. RAINHO, Maria do Carmo. A cidade e a moda. Brasília, Ed. UnB, 2002. RODRIGUES, Antonio Fernando da Silva. Estanho, 2011. Disponível em:<http://ecologia.icb.ufmg.br/~rpcoelho/Congressos/CETEC_agosto2011/perfil_esta nho.pdf>Acesso em: 10/4/2012. SIEGEL, Gustavo Luis. Posicionamento Mercadológico Sustentáveis, 2008. Disponível <http://siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo%20Luis%20Siegel.pdf> 27/3/2012.

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