MEDICINA&SAÚDE
Fertilização in vitro Passados 30 anos da primeira experiência bem sucedida, estima-se que mais de 3 milhões de pessoas foram geradas pelo processo
Fertilização in vitro
1827
O especialista em fertilidade humana John Rock publica um artigo no New England Journal of Medicine em que sugere o potencial da fertilização in vitro. No ano seguinte, Rock decide iniciar experiências em cobaias humanas.
A descoberta dos óvulos
Cientistas descobrem a existência de óvulos no corpo feminino. Sua função no sistema conceptivo humano só seria descoberta 16 anos depois, em 1843.
1800
1949 Condenação da igreja
O papa Pio XII condena a fertilização de óvulos humanos fora do corpo. Para ele, a prática significa ‘tirar o trabalho de Deus de Suas mãos’.
1968
1978
Sexo e procriação
O bebê de proveta
Em uma encíclica chamada ‘Humanae Vitae’, o papa Paulo VI proíbe os católicos de usar métodos contraceptivos e reforça a ligação entre o sexo e a procriação. A mensagem é interpretada não só como um ataque à pílula anticoncepcional, mas também aos métodos de fertilização artificial.
Nasce em Oldham, na Inglaterra, Louise Joy Brown, primeiro bebê de proveta. O parto - uma cesariana - é filmado por uma equipe do governo. Antes do nascimento da criança, os pais haviam vendido a história para um tablóide britânico por meio milhão de dólares.
1992
1982
ICSI
Efeito global
No mesmo ano que o Vaticano torna a condenar a fertilização in vitro, o jornal Washington Post publica levantamento que aponta o nascimento de um total de 54 bebês de proveta na Austrália e outros 33 no Reino Unido.
ICSI, ou injeção intracitoplasmática de espermatozóide, consiste na injeção de um único espermatozóide no interior do óvulo com um sofisticado aparelho chamado de micromanipulador de embriões.
1999
2006
A primeira bebê no Ceará
Embrião congelado
Em 2 de outubro de 1999 nasce Vitória Sheryda Sousa, a primeira criança concebida pela fertilização “in vitro” no Ceará pela equipe dos ginecologistas Evangelista Torquato, Fábio Eugênio Rodrigues e Tulius Augustus.
1884
1944
1961
1977
1980
1984
1997
Inseminação artificial
Óvulo fecundado
O ‘sacrilégio’
A gravidez
Laser — Assisted Hatching
Técnica chega ao Brasil
Clonagem
controle da natalidade. Hoje a Europa passa por sérios problemas, envelheceu rapidamente. Foi implementado um controle muito forte e hoje começam a sofrer as conseqüências, o que o Brasil começa a fazer”, lamenta ele que também lamenta por não existir políticas públicas para casais que querem e não podem ter filhos. “Estendemos tapete vermelho para quem não quer engravidar. Oferecemos camisinhas, pílulas anticoncepcionais, criamos lei para esterilizar, fazemos tudo por esse casal, mas se uma pessoa que mora no Pirambu quiser ter filhos, não existe ajuda para ela, o serviço público não oferece nada”, reclama. No Ceará não existe nenhum centro de reprodução humana público, no Brasil são quatro ou cinco centros que oferecem serviço, mas segundo o especialista, é de baixa qualidade e não consegue atender cinco mil casais, para ele isso não é serviço. “Não podemos dizer que no Brasil existe centro de reprodução humana público. Não existe política pública para o casal que quer e não pode ter filho, o governo não está nem aí para esse casal”, desabafa. De acordo com ele, o Brasil tem 16 milhões de casais precisando de tratamento de fertilização, tudo porque a mulher e o homem não querem ter |
JAneiro de 2011
Um embrião gerado por fertilização in vitro e congelado há 13 anos é ‘adotado’ e desenvolve-se em um bebê na Espanha, marcando um recorde mundial de viabilidade após um longo período de armazenamento.
2000
1900 O médico norte-americano William Pancoast realiza a primeira inseminação artificial ao injetar esperma em uma mulher sob anestesia. A receptora, que deu à luz um menino, não sabia da experiência — seu marido só foi avisado pelo médico anos depois.
34 | Fale!
1937
Após anos de estudos e experimentos, entre eles a coleta de mais de 800 óvulos e a tentativa de fertilizá-los, Rock e sua equipe conseguem fertilizar quatro deles — um feito até então inédito. Os óvulos, no entanto, ainda não são implantados em mulheres.
O cientista italiano Daniele Petrucci anuncia que fertilizou 40 óvulos e cultivou em laboratório um embrião humano por 29 dias antes de destruí-lo. Nesse período, o embrião já teria adquirido batimentos cardíacos. O feito - não comprovado - é colocado em dúvida pela comunidade científica. Já a Igreja Católica classifica a experiência de ‘sacrilégio’.
filhos no momento certo. “A mulher não quer mais engravidar no período correto, com o passar do tempo ela adoece. O homem é fértil a vida toda, mas a partir dos 30 anos o número de espermatozóides cai. Se nós nos reportarmos ao século passado, nós produzíamos em média duas vezes mais espermatozóides”, relata. De acordo com Evangelista, as políticas públicas para efetivar o controle da natalidade já estão funcionando, pois são somente 15 mil ciclos por ano num país com 190 milhões de habitantes, para ele, deveria ser no mínimo de 100 a 120 mil ciclos. Na Europa, são 320 mil casos, uma média aproximada de um caso por mil habitantes por ano. Nos Estados Unidos, a média fica em torno de 150 mil ciclos, considerando a população que é um pouco maior e a medicina é privatizada. Segundo estimativas, nas periferias do Brasil, encontram-se casais com mais de cinco anos sem ter filhos e tendo como única solução adotar, mas para o especialista o problema não está na adoção e sim em poder ter opção de escolha. “É certo adotar, mas desde que seja facultado o direito de escolher entre ter filho e adotar, o país não dá essa opção para quem não tem condições financeiras”, diz www.revistafale.com.br
Em novembro, os cientistas Robert Edwards e Patrick Steptoe retiram um óvulo da paciente Lesley Brown, que no ano anterior aceitaria participar da pesquisa, e o fertilizam com sucesso. Dias depois, o embrião é implantando no útero de Brown. Um mês depois, descobre-se que a mulher ficou grávida. É a primeira gravidez de proveta.
ele completando que o Brasil está em boas condições. “O país, em termos de tecnologia e know-how está em ótima fase, apenas em alguns pontos ainda fica a desejar, como é o caso dos medicamentos, pois são importados, mas o país tem excelentes centros de tratamento clinico”.
Fatores ligados a perda de espermatozóides
Não só a mulher está submetida à fatalidade da perda de óvulos colocando em xeque sua capacidade de maternidade. O homem também tem o número de espermatozóides gradativamente reduzidos. São muitos fatores que causam essa perda, um deles é a radiação. O inimigo silencioso com o qual convivemos diariamente é o bisfenol, uma substância utilizada na produção do policarbonato e de outros plásticos. A susbtância é proibida em países como Canadá, Dinamarca, Costa Rica, e em alguns estados norte-americanos, mas no Brasil ela é utilizada na produção de garrafas plásticas, mamadeiras e copos para bebês e produtos de plástico variados. Com a praticidade dos dias atuais e a facilidade das comidas congela-
Consiste numa microassistência para a implantação do embrião. A taxa de implantação desses embriões é baixa, porque os embriões não conseguem sair de dentro da zona pelúcida, uma camada glicoprotéica que fica em torno dos embriões. Para o embrião conseguir se implantar ele precisa romper esta zona. O hatching é a saída do embrião desta zona.
Nasce o primeiro bebê de proveta brasileiro: Ana Paula Caldeira, em São José dos Pinhais, cidade da região metropolitana de Curitiba.
das, depois da rotina do trabalho, as pessoas chegam em casa e esquentam a comida em plásticos no microondas, o contêiner de plástico utilizado nesse processo libera o bisfenol, só a prática de armazenar alimentos nesses conteiners de plástico já absorve a substância, como os refrigerantes nas garrafas pets. De acordo com Evangelista, são mais de cinco mil trabalhos registrados na literatura médica associando a infertilidade masculina, a infertilidade feminina, o câncer de mama, o câncer de próstata a alterações do espermatozóide, ao uso do bisfenol. “Tudo de plástico contém bisfenol, essa indústria é poderosíssima, mas tudo tem alterado o desenvolvimento do organismo do ser humano, como os ovos das galinhas que têm hormônio, o leite da vaca que está diferente. Aumentou o estresse, o radical livre, péssimo para o sêmen e para o coração, então tudo isso fez com que os homens perdessem metade dos espermatozóides em 100 anos”, explica o médico.
Centro de Reprodução Humana Bios
O Centro de Reprodução Hu-
Vinte anos depois do nascimento do primeiro bebê de proveta, outro experimento de fertilidade vira notícia: nasce a ovelha Dolly, primeiro animal clonado.
2007
2000
Crio-preservação de óvulos e de espermatozóides através da vitrificação
Nova geração
A evolução das técnicas de criopreservação através da vitrificação melhorou os resultados clínicos. Nesse método, o óvulo é congelado rapidamente e envolto por uma substância gelatinosa (um crioprotetor), diminuindo a possibilidade de formação de cristais. Nos homens, o congelamento, na maioria das vezes, é realizado a partir do sêmen ejaculado, mas também podem ser congelados espermatozóides provenientes diretamente do epidídimo ou do testículo.
A britânica Louise Brown, primeiro bebê de proveta do mundo, dá à luz uma criança, concebida naturalmente. Em 1999, a irmã de Brown, Natalie, de 23 anos, havia se tornado a primeira pessoa concebida num tubo de laboratório a ser mãe.
mana Bios já fez mais de quatro mil casos de fertilização com todas as técnicas utilizadas, mas nascidos foram somente 1.500. Num processo de desenvolvimento, Evangelista conta que a Bios tem dois momentos muito importantes, o momento dos primeiros anos com poucos casos, com a forte influência italiana baseada nos conhecimentos do professor Cesare Aragona, considerado por Evangelista como o mestre da equipe. Anos depois, a clínica passou por renovações, aprimoramentos em estrutura e serviço. “Eu comecei a observar centros de excelência superiores ao nosso em nível mundial, fui a Europa e aos Estados Unidos em especial, mas foi aqui no Brasil que encontrei um centro onde todo o ar do laboratório é filtrado e pressurizado, na clínica do médico Sandro Esteves, em Campinas”. Para o especialista, foi uma visita inesquecível. “Eu nunca vou esquecer, lembro que quando fui embora pensei que teria dois caminhos a seguir, ou levar todas as minhas pawww.revistafale.com.br
janeiro de 2011 | Fale
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