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Capítulo 14 Cada coisa em seu lugar

uma quantidade razoável deles e passe o resto adiante. Se você só precisa de um punhado, por que guardar uma montanha? Depois de dar um jeito nos itens repetidos, interrogue os que sobraram. Ao analisar caso a caso, questione como o objeto é usado e com que frequência você precisa dele (se conseguir responder a essas duas perguntas, não perca tempo e coloque-os na pilha de Tesouro). Você fez uso dele este ano? Acha que vai usá-lo num futuro próximo? Ele deixa sua vida mais prática, mais bonita ou mais prazerosa? Como? É fácil de limpar ou de dar manutenção — e, em caso positivo, vale a pena o esforço? Seria difícil (ou caro) encontrar um substituto à altura? Se estivesse de mudança, compensaria levá-lo com você? Sua vida seria diferente se não o possuísse? E, por fim, faça a seguinte pergunta: o que vale mais, o item em si ou o espaço que ele ocupa? Se tiver dificuldade para tomar decisões, recrute um amigo objetivo para lhe dar assistência. Explicar a outra pessoa o motivo pelo qual quer guardar alguma coisa pode ser difícil, esclarecedor… e, às vezes, um pouco vergonhoso! O que parece perfeitamente lógico em sua cabeça pode soar ridículo quando dito em voz alta. (“Posso precisar dessa estola de plumas se um dia fizer um bico como cantora de cabaré.”) Além do mais, quando houver uma terceira pessoa presente, seu orgulho irá dar as caras — e será bem menos provável que você permita que algo velho e sujo permaneça. Mas nem pense em solicitar a ajuda de um amigo acumulador ou saudosista — a menos, é claro, que você consiga fazer com que ele leve embora alguns de seus objetos rejeitados! Conforme determinamos o que pertence às nossas pilhas de Tesouro, devemos seguir o princípio de Pareto (também conhecido como princípio 80-20). Nesse contexto, ele significa que usamos 20% de nossas coisas durante 80% do tempo. Leia de novo, com mais atenção: usamos 20% de nossas coisas durante 80% do tempo. Isso significa que podemos viver com apenas um quinto de nossas posses atuais e quase não notar a diferença. Puxa vida! Vai ser mais fácil do que pensamos! Se quase nunca usamos a maioria de nossas coisas, não haverá problema em reduzi-las ao essencial. Tudo o que precisamos fazer é identificar os nossos “20%” e estaremos perto de nos tornar minimalistas.

Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. Memorize esse mantra, repita-o com frequência, cante-o em voz alta, recite-o enquanto dorme — ele é um dos princípios minimalistas mais importantes. Quando cada coisa que você possui tem um lugar garantido (de preferência uma gaveta, uma cristaleira ou uma caixa organizadora), objetos soltos não vão vagar pela casa nem se acumular na forma de bagunça. Com esse sistema em funcionamento, você vai conseguir facilmente localizar um item que não pertence ao cenário — e retirá- lo muito rápido de casa. Ao designar um lugar para cada objeto, considere onde e com que frequência você o utiliza. Divida a sua casa em áreas. Num nível mais amplo, sua casa é dividida em cômodos, incluindo a área da cozinha, a área do banheiro, a área do quarto e a área de estar. Cada um deles pode ser subdividido em áreas menores: na cozinha, você tem áreas de limpeza, preparação e alimentação; no banheiro, áreas de cuidados pessoais e de limpeza; na sala de estar, áreas de televisão, hobbies e computador. O lugar ideal de um objeto depende da área em que você o utiliza e do quão acessível ele precisa estar. O objeto em questão é usado uma vez por dia, por semana, por mês, por ano ou menos? A resposta determina se ele deve ficar no seu Círculo Próximo, no seu Círculo Distante ou no Estoque Oculto. Vá para o centro de uma das áreas e estique os braços. Essa área ao seu redor representa o seu Círculo Próximo, o espaço destinado a objetos utilizados com frequência — escova de dente, laptop, talheres e roupas íntimas. Você precisa ter acesso fácil a essas coisas, sem se curvar, se esticar ou tirar outros objetos da frente para pegá-las. Essa medida não apenas as torna fáceis de achar e de usar, mas também fáceis de guardar. Lembra do

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princípio de Pareto? Pois bem, seu Círculo Próximo deve conter os 20% de coisas que você usa 80% do tempo. Seu Círculo Distante é um pouco mais difícil de alcançar e deve ser reservado a coisas utilizadas com menos frequência. Ele inclui prateleiras mais altas e mais baixas, guarda-roupas fora de mão, armários altos e o espaço que há embaixo da cama. Use esses lugares para armazenar os estoques de produtos de higiene pessoal e limpeza da casa, as roupas pouco usadas, os papéis de presente, as panelas e os artigos de cozinha para pratos específicos e o sem-número de outras coisas que não fazem parte da rotina diária. Uma boa regra básica é: se essas coisas são usadas menos de uma vez por semana, mas mais de uma vez por ano, devem ficar no Círculo Distante. O Estoque Oculto costuma ficar fora do espaço em que você vive e inclui despensas, porões e garagens. É lá que você armazena sua caixa de ferramentas, a decoração de Natal, a papelada antiga e os recibos de imposto, além de outras coisas que usa uma vez por ano ou menos. Entretanto, não faça do Estoque Oculto uma resposta para tudo o que não cabe em sua casa. Tente mantê-lo enxuto. Se você nunca usa ou olha para o objeto em questão, e ele não é um documento financeiro ou jurídico que precisa ser guardado indefinidamente, está na hora de lhe dar adeus. Às vezes, o melhor lugar para uma coisa é a casa de outra pessoa. Tenha em mente que “um lugar para cada coisa” também se aplica a objetos decorativos. Se uma peça é muito especial para você, defina um lugar de destaque apropriado para exibi-la. Ela não merece ser posta de lado, empurrada e tirada do caminho, nem ter de brigar por uma posição de destaque num amontoado de bagunça. E, definitivamente, não deve ficar enfiada numa caixa no porão! Objetos de decoração servem para serem vistos; por isso, se está armazenando alguma dessas coisas (que não sejam decorações sazonais) longe dos seus olhos, está na hora de se questionar por que ainda a está guardando. Depois que tiver designado um lugar para cada coisa, não se esqueça da segunda parte: sempre devolva cada coisa a seu lugar. De que adianta ter locais designados quando tudo fica espalhado pela casa? Para esse fim, convém etiquetar prateleiras, gavetas e caixas com seu conteúdo adequado. Assim, todos vão saber exatamente onde pôr cada coisa depois que tiverem terminado de usá- la — e você vai correr menos risco de encontrar

o saca-rolhas enfurnado na gaveta de meias ou o grampeador aconchegado entre as assadeiras. Faça com que você e sua família cultivem o hábito de guardar as coisas. Uma casa arrumada oferece menos lugares em que o acúmulo de bagunça possa se esconder. Pendure as roupas (ou coloque-as no cesto) depois de se trocar em vez de empilhálas no chão ou numa cadeira. Devolva temperos, condimentos e talheres ao lugar deles em vez deixá-los sobre a pia. Guarde sapatos num local específico em vez de deixá-los espalhados pela casa. Devolva os livros às prateleiras e as revistas ao revisteiro. Ensine seus filhos a recolher e guardar os brinquedos. Além disso, sempre que sair de um cômodo, junte todos os objetos espalhados e devolva-os ao lugar exato. Esse hábito simples leva pouco minutos por dia, mas faz uma diferença enorme no visual da casa. A bagunça é um ser social, não consegue ficar sozinha por muito tempo. Bastar deixar algumas peças soltas por um tempo e em breve elas terão posse do espaço por usucapião! Por outro lado, se as coisas sempre forem devolvidas a seus lugares, os objetos largados não terão onde se acomodar. Tá, eu sei, alguns de vocês que têm um espaço de armazenamento menor do que o ideal devem estar sofrendo. Como poderão pôr cada coisa em seu lugar se não têm lugar suficiente para cada coisa? Não se desesperem — vocês são os que têm mais sorte! Quanto mais espaço temos para guardar nossas coisas, mais coisas tendemos a conservar — objetos de que nem sempre precisamos. Os que têm closets e gabinetes de sobra precisam criar motivação de sobra para organizá-los; vocês, por outro lado, têm uma vantagem ao mesmo tempo doce e amarga. Ter menos espaço é um ponto positivo, não negativo, e os coloca mais rápido no caminho do minimalismo.

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