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Introdução
Introdução
Estudos mostram que quatrocentos e cinquenta milhões de pessoas sofrem algum tipo de doença mental no mundo hoje, e que este número vem sofrendo um aumento significativo, em todas as classes e faixas etárias da população. Ansiedade, depressão, distimia (depressão branda crônica), síndrome de pânico são termos médicos cada vez mais populares. A razão dessa popularização é que os transtornos mentais afetam cada vez mais a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Isso, sem levar em conta os custos sociais e econômicos que os transtornos mentais causam às pessoas, às empresas e ao Estado.
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No nosso caso, aqui no Brasil, o grande problema é a dificuldade de acesso ao tratamento, pois, infelizmente, a infraestrutura necessária para o bom cuidado da saúde mental não pode ser encontrada em todos os níveis de atenção à saúde (postos de saúde e ambulatórios de especialidades). Isso leva à crônica saturação dos serviços terciários (hospitais universitários ou não), deixando muitos pacientes excluídos do sistema. Portanto, além da discriminação e do preconceito, da falta de informação e educação sobre o assunto, o doente sofre porque não tem acesso ao tratamento médico e aos programas de reabilitação psicossocial. Idealmente, todo paciente deveria viver e participar ativamente da sociedade que faz parte.
O fato de sofrer com o transtorno e não ter acesso ao tratamento, leva a pessoa a buscar tratamentos alternativos. Um destes tratamentos é o espiritual, procurado nos templos religiosos e nas diversas religiões existentes. O grande perigo é quando o tratamento médico necessário é substituído pelo religioso, em função da falta de diagnóstico ou de um diagnóstico equivocado. Por exemplo, entender que um quadro depressivo é possessão demoníaca e que a pessoa precisa de exorcismo.
A atriz Leila Lopes, que sofria de depressão, antes de suicidar-se deixou a seguinte carta:
“Eu não me suicidei, eu parti para junto de
Deus. Fiquem cientes que não bebo e não uso drogas, eu decidi que já fiz tudo que podia fazer nessa vida. Tive uma vida linda, conheci o mundo, vivi em cidades maravilhosas, tive uma família digna e conceituada em Esteio, brilhei na minha carreira, ganhei muito dinheiro e ajudei muita gente com ele. Realmente não soube administrá-lo e fui iludibriada [sic] por pessoas de má fé várias vezes, mas sempre renasci como uma fênix que sou e sempre fiquei bem de novo. Aliás, eu nunca me importei com o ter.
Bom, tem muito mais sobre a minha vida, isso é só para verem como não sou covarde não, fui uma guerreira, mas cansei. É preciso coragem para deixar esta vida. Saibam todos que tiverem conhecimento desse documento que não estou desistindo da vida, estou em busca de Deus. Não é por falta de dinheiro, pois com o que tenho posso morar aqui, em Floripa ou no Sul. Mas acontece que eu não quero mais
morar em lugar nenhum. Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz! Estou cansada, cansada de cabeça! Não aguento mais pensar, pagar contas, resolver problemas... Vocês dirão: Todos vivem!!! Mas eu decidi que posso parar com isso, ser feliz, porque sei que Deus me perdoará e me aceitará como uma filha bondosa e generosa que sempre fui.” (Leila Lopes).
Observe que o texto revela que um transtorno mental não tratado pode motivar uma pessoa ao suicídio e que o argumento da fé pode ser usado pelo doente como lenitivo para atenuar a sua dor e justificar o seu ato.
Este livro foi escrito com três objetivos. Primeiro, reduzir o preconceito, a discriminação e o estigma contra aquelas pessoas que sofrem com transtornos mentais. Qualquer pessoa, e até mesmo um cristão fiel e consagrado, pode sofrer de um transtorno mental. A fé não dá imunidade contra as doenças do corpo e da mente. Segundo, oferecer ao público em geral, informações médicas a respeito daqueles transtornos mais comuns em nossa sociedade, apresentando-lhe os critérios utilizados para o diagnóstico e as alternativas de tratamento. Terceiro, esclarecer como a fé cristã pode ser um aliado da medicina no tratamento dos transtornos mentais.
O conteúdo deste livro apresenta, em alguns capítulos, a definição, o diagnóstico e os tratamentos disponíveis para a ansiedade, a depressão e a síndrome do pânico. Trata-se de uma visão científica ou médica,
baseada em estudos recentes da psiquiatria. Também, alguns capítulos, apresentam uma visão bíblica dos transtornos mentais, apresentando soluções da fé, para se vencer a ansiedade e a depressão.
Entendemos que os transtornos mentais devam ser tratados com profissionais de saúde mental, exigindo o diagnóstico e o tratamento por um médico especializado. A fé entra como parceira, um componente terapêutico simultâneo.
Nós, autores deste trabalho, tentamos unir duas áreas de competências, sem que uma anule ou invada a outra, mas que ambas se complementem. Procuramos, como autores, não darmos passos maiores do que as pernas, preocupando-nos em não deixarmos passar a abordagem de um tema tão sério.