Edifício Lausanne

EDIFÍCIO LAUSANNE FRANZ HEEP - 1958

Este livro conta a história de uma das construções de Franz Heep, arquiteto alemão que atuou na cidade

de

São

Paulo

nas

décadas de 1950 e 1960 e também foi o responsável por um dos marcos da metrópole, o Edifício Itália.

O

Edifício

Lausanne

será

analisado e explorado ao longo deste livro, que contém materiais excepcionais de sua construção, além de uma entrevista inédita com o renomado arquiteto Fábio Valentim.

SUMÁRIO 1. UMA GERAÇÃO. 2. HIGIENÓPOLIS, UM EXPERIMENTO. 3. UMA LÂMINA VERTICAL. 4. ENTREVISTA COM FÁBIO VALENTIM. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 6. REFERÊNCIAS

UMA GERAÇÃO Franz Heep, arquiteto europeu de formação racionalista, deixou uma marca significativa na criação de tipologias habitacionais modernas em São Paulo nos anos 1950. Imigrando para o Brasil em 1947, trouxe consigo a experiência adquirida ao colaborar com Adolf Meyer, em Frankfurt, e influências dos arquitetos franceses Mallet-Stevens, Auguste Perret e Le Corbusier durante sua temporada parisiense. Moldado pelo modelo da Bauhaus (1919/1933), concebeu a arquitetura como instrumento de racionalização da produção, com foco em processos industrializados, padronização de componentes e detalhamento do projeto. Partindo da premissa de que a cidade é um organismo auto-regulável, isento de contradições econômicas e sociais, Heep se posicionou como um técnico preparado para atender às demandas urbanas. Trabalhando no mercado imobiliário de São Paulo, desempenhou papel crucial na consolidação de padrões atualizados de excelência, notadamente na região central e em Higienópolis.

Seu período no escritório de Jacques Pilon marcou a introdução bem-sucedida do brise-soleil nas fachadas, proporcionando proteção solar com modulação, movimento, escala e ritmo. A abertura de seu próprio escritório em 1952 coincidiu com um intenso crescimento imobiliário na cidade.

Heep se destacou na competição, colaborando com construtoras como Otto Meinberg Engenharia e Construção SA, e Auxiliar, dos irmãos Aizik e Elias Helcer. Projetando quitinetes sofisticadas, como os edifícios Marajó (1952), Normandie, Arapuan, Icaraí e Maracanã (1953), Araraúnas (1955), Iporanga (1956) e Arlinda (1959), Heep incorporou elementos recorrentes em sua marca registrada: caixilharia com ventilação cruzadas, floreiras e lâminas de concreto curvas, terraços para proteção solar e apartamentos bem resolvidos em espaços reduzidos, com saladormitório, armário embutido, banheiro e pequena cozinha, como observado pelo pesquisador Marcelo Consiglio Barbosa

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FRANZ HEEP

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Aos 26 anos, Franz Heep mudou-se para Paris, onde dedicou quatro anos de trabalho ao lado de Le Corbusier. Embora tenha sido fortemente influenciado pelo mestre, Heep enfrentou desafios financeiros, muitas vezes custeando materiais do escritório do próprio bolso. Como aprendiz, sua contribuição nas produções corbusianas era geralmente creditada ao renomado arquiteto. A colaboração resultou em notáveis obras, como a Villa em Cartago (1928) e a icônica Villa Savoye (1929). No entanto, a história dessa parceria é escassamente documentada, pois Heep foi intencionalmente excluído dos arquivos corbusianos devido às suspeitas pós-guerra relacionadas à sua nacionalidade alemã e seu passado como soldado nazista, enquanto mantinha em segredo a origem judaica de sua esposa. Apesar de relatos sobre seu inicial desinteresse nos projetos de Le Corbusier, há indícios de que gradualmente conquistou um papel mais significativo nessa colaboração.

Em 1932, Franz Heep estabeleceu uma parceria com o polonês Jean Ginsberg. Juntos, colaboraram em 12 projetos construídos e em 5 ideias que não se concretizaram. Suas realizações abrangem uma variedade de programas, desde fábricas até um elegante salão de chá. Destaca-se a residência em Lá Celle Saint-Cloud, erguida em 1939 com paredes de pedra e abobadas catalãs em concreto, revelando afinidades arquitetônicas com a casa que Le Corbusier projetara no mesmo local cinco anos antes. No entanto, foi na concepção de edifícios de apartamentos que alcançaram maior notoriedade.

Três luxuosas propriedades em Paris, construídas entre 1933 e 1935, todas situadas no 16° arrondissement: na Avenue de Versalhes, na Avenue Vion Whitcomb e na Rue des Pâtures. A dupla de arquitetos inovou nos prédios ao introduzir soluções tecnológicas, posteriormente adotadas por outros na habitação coletiva. Notavelmente, destacam-se a valorização do último andar, com um segundo elevador substituindo a escada de serviço, antes destinada aos empregados.

Outra inovação foi a criação das "paredes molhadas", que agrupam tubulações em dutos verticais para banheiro e cozinha. Essas iniciativas pioneiras posicionaram a dupla como precursora da habitação contemporânea em Paris. Integrando a segunda geração dos modernos, diferenciaram-se do racionalismo repetitivo e tecnicismo observados nos conjuntos habitacionais do pós-guerra.

Enfrentando dificuldades na Europa devido à guerra, Franz Heep migrou para o Brasil. Após um período de desemprego, sua esposa, Marie, escreveu uma carta a Le Corbusier solicitando uma recomendação para clientes brasileiros. Essa iniciativa permitiu que Franz encontrasse seu lugar no dinâmico mercado imobiliário na década de 50.Em janeiro de 1948, no Brasil, Jacques Pilon contratou Franz Heep, residente em uma pensão na alameda Santos, próxima à avenida Paulista. O encontro foi facilitado pela língua francesa e pelo mútuo interesse.

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Heep viu na oportunidade não apenas uma questão de sobrevivência, mas também a chance de aproveitar o crescimento e modernização da metrópoja ao trabalhar no escritório mais dinâmico da cidade. Por sua vez, Pilon buscava um arquiteto talentoso para dar vida aos seus projetos. Com essa parceria, ambos deixaram sua marca no centro de São Paulo, realizando diversas obras, como, por exemplo, um edifício na rua Monteiro em 1950. De 1952 a 1962, ocorre a fase mais criativa de franz heep, no 8° andar do mesmo prédio de seu escritório, funcionava a firma de otto meinberg de engenharua e construções, construtora que vai estabelecer uma parceria duradoura com heep da qual surgira a maioria de suas obras, inclusive o edifício italia. Otto meinberg estabelece de inicio uma sociedade com franz heep, ocupando duas ou três salas do 4° andar da rua barão de Itapetininga, 140, que posteriormente se desfez, virando apenas uma colaboração.

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O Edifício Tinguá foi projetado por Franz Heep e inaugurado em 1949, construído pelo seu exchefe Jaques Pilon, arquiteto e construtor (autor, dentre outros, do Ed. Pauliceia).

O edifício é um dos primeiros a ser executado pela parceria Franz Heep - Otto Meinberg , além de ser o único que se encontra fora do centro da cidade, de todos os projetados e construídos pela dupla.

Linha do Tempo até o Lausanne.

Edifício Tinguá 1949

Edifício Ouro Verde 1952

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No edifício normandia, heep pensou até nos pequenos detalhes, em como proporcionar conforto em um espaço tao pequeno, já que eram apartamentos quitinetes.

O edifício situa-se na avenida 9 de julho, de grande movimento, e por isso seria inconveniente para moradia de famílias. Tendo isso em vista, os apartamentos foram projetados e direcionados para um publico mais jovem, com apenas um living-dormitorio e banheiro.

Edificio Normandie 1952

Foi a primeira edificação do paredão de prédios que conforma o limite da praça Roosevelt, no centro paulistano.

O edifício se destaca na paisagem urbana por seu porte esguio e alto, e foi construiodo pela associação de duas construtoras: otto meinberg e construtora george doppler.

Edifício Icarai 1953

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Se encontra na rua augusta, há duas quadras do conjunto nacional. Foi projetado por heep, e executado por Otto Meinberg.

Com fachada curva e ritmada, a edificação acompanha a praça do largo do Arouche, prontamente revelando-se como ponto focal.

Edifício Ibate 1953

Este edifício destaca-se no quarteirão da avenida são luis, no centro de são Paulo, e fica quase na frente do edifício italia.

O edifício Ouro Preto, cujos projetos datam de 1953 e sua entrega em 1957, foi produzido pela parceria entre Franz Heep e Otto Meinberg.

Edifício Ouro Preto 1953

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O Edifício Itália, oficialmente denominado Circolo Italiano, situado na Avenida Ipiranga, destaca-se como o segundo maior edifício de São Paulo e um dos maiores do Brasil, erguendose a 165 metros de altura a partir do nível da rua (151 metros no deck de observação). Composto por 46 andares e dotado de e dotado de dezenove elevadores, foi inaugurado em 1965, consolidando-se como um ícone da cidade. Reconhecido pelo Patrimônio Histórico, o edifício é salvaguardado como um notável exemplo da arquitetura verticalizada brasileira.

Edifício Itália 1953

possui uso misto, sendo um edifício habitacional e com uso comercial também. possui uma geometria irregular, o que resultou numa volumetria onde a sensação de verticalidade não é tao intensa ao observador localizado no térreo.

Edifício Araraunas 1955

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Este edifício faz parte de um conjunto que ajudou a consolidar o mercado imobiliário de habitação coletiva na época.

Destaca-se pela presença de comércio junto à calçada, dois pavimentos comerciais e acima o programa residencial.

Com elementos vazados em concreto, funcionando como brise e emoldurando uma janela central esta solução assemelha-se a encontrada no Parque Guinle (1948), de Lucio Costa (19021998), e no edifício Plavinil-Elclor (1961), de Rino Levi (19011965).

Edifício Guaporé 1956

Localizado na avenida higienopolis, a 200 metros do edifício lausanne, estes dois prédios de apartamento são gêmeos e possuem 13 pavimentos cada.

Foram implantados de maneira espelhada, e o vazio entre eles configura uma praça interna na continuação do vao criado pelo eixo da rua itacolomi, que começa do outro lado da avenida.

Edifício Lugano e Locarno 1958

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este edifício ocupa a extremidade nordeste diante do largo do Arouche, no centro de são Paulo.

Seu caráter arquitetônico é reforçado por floreiras na fachada, cujo desenho potencializa a verticalidade da torre. O térreo é ocupado por três lojas, e a sobre-loja destina-se a cinco salas comerciais, enquanto a torre, com 24 pisos, abriga 83 unidades residenciais, que variam de 50 a 63 metros.

Edifício Arlinda 1959

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CARACTERÍSTICAS RECORRENTES 1

Valorização e Entendimento das Esquinas: Exemplificado nos edifícios Ibaté e Ouro Verde, Heep destaca-se na utilização de empenas cegas brancas, extrapolando a altura do edifício, marcando e identificando-os à distância.

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Térreos Elevados: Nos edifícios Lausanne e Normandie, independentemente das classes sociais, o diálogo com a cidade é enriquecido, pois seus térreos situam-se meio nível acima da cota da rua, conferindo imponência e visuais interessantes.

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Implantação Urbana: Exemplificado pelos edifícios Lugano e Locarno, Heep cria uma rua interna entre dois blocos, alinhando-se com a rua Itacolomi, gerando uma intrigante continuidade entre espaço público e privado.

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Insolação e Conforto Térmico: Ao abordar a orientação solar, Heep destaca- se pela escolha cuidadosa de caixilhos, brises e terraços frontais, sempre voltados para a face de maior insolação, priorizando o conforto térmico

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Grelhas e Elementos Térmicos: Heep adota grelhas de concreto como elementos essenciais em fachadas, relacionadas à insolação e conforto térmico, além do uso estratégico de caixilhos piso-teto.

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Fachadas Livres e Caixilhos Piso-Teto: adoção da fachada livre confere leveza aos edifícios de Heep, que notavelmente evita o uso de alvenaria nas fachadas principais, optando por caixilhos pré-fabricados piso-teto para uma construção limpa e homogênea.

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Cobogós de Múltiplas Funções: O uso recorrente de cobogós nas obras de Heep destaca-se pela sua versatilidade, desempenhando papéis diversos na composição de fachadas, dissimulação de aberturas, proteção solar, iluminação e ventilação.

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Uniformidade das Fachadas: Em todas as edificações, Heep expressa a clara ideia de que cada célula na fachada corresponde a um apartamento, refletindo as compartimentações das plantas.

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Fachadas Laterais e de Fundos: A atenção de Heep às fachadas laterais e de fundo evidencia-se na consideração pela paisagem urbana, cuidando da estética, alinhamentos e ritmos, como visto na fachada dos fundos do Lausanne.

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Geometria e Racionalização de Plantas: Heep, alinhado com sua geração, prioriza a racionalização nas plantas, criando espaços sintéticos com quadriláteros regulares e integrados a partir da laje, enfatizando a funcionalidade sem excessos.

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HIGIENÓPOLIS, UM EXPERIMENTO O bairro Higienópolis surgiu no final do século XIX, quando dois empresários alemães: Martinho Bouchard e Victor Nothmann criaram um loteamento de alto padrão para a nova elite paulistana.

Todavia, a área já tinha reconhecimento desde o século XVI, quando essas terras foram doadas aos jesuítas, que, no século XVIII foram expulsos do local, tendo seus bens confiscados e vendidos. Desse modo, iniciou-se uma nova fase, em que a aristocracia passou a construir suas chácaras.

Nesse contexto, no final do século XIX, ocorria dois importantes eventos da história brasileira: o êxodo rural e o ciclo do café, os quais foram grandes contribuintes para o crescimento da cidade. Neste cenário, em 1893, uma das chácaras foi comprada pelos empresários alemães e transformada no primeiro bairro de Higienópolis, o qual foi nomeado de: “Boulevard Bouchard”. O loteamento foi dividido em duas fases, Higienópolis 1 e Higienópolis 2, e seus lotes correspondiam a respectivamente 700 m² a 1.000 m². As vias da Etapa de Santa Cecilia foram nomeadas com os nomes de mulheres da alta aristocracia, todas filhas de ricos barões, como: Maria Angélica de Sousa, filha do barão de Sousa Queirós, Maria Antônia da Silva Ramos, filha do barão de Antonina, e Veridiana da Silva Prado, filha do barão de Iguape. As vias em questão são por essa ordem: a Avenida Angélica, Rua Maria Antônia e Rua Dona Veridiana.

Com o passar dos anos o bairro sofreu mudanças, desfazendo de antigos traços e se enquadrando nos padrões da cidade moderna. A partir de 1950, Higienópolis passou a se verticalizar substancialmente, de modo que, grande parte dos antigos casarões, os quais caracterizavam a área, foram demolidos. Alguns desses palacetes foram ocupados por diferentes instituições. Tal fenômeno fez com que o bairro se tornasse um ponto de destaque na cidade, servindo como uma espécie de “mostruário” de exemplares de diferentes estilos arquitetônicos, ocupado majoritariamente por edifícios residenciais de múltiplos andares.

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Atualmente, bairro possui diversos projetos por arquitetos renomados e é uma área rica culturalmente.

Higienópolis conta diversos serviços como: opções gastronômicas de alta qualidade, comércio, hotéis, escolas, universidades, hospitais, variados pontos de lazer, além da região ser bem arborizada, somando ainda mais para a sua beleza natural. Higienópolis, tornou-se um dos bairros mais conceituados de são Paulo, sendo desde sua inauguração, destino de famílias tradicionais da aristocracia paulista.

Atualmente, bairro possui diversos projetos por arquitetos renomados e é uma área rica culturalmente.

Higienópolis conta diversos serviços como: opções gastronômicas de alta qualidade, comércio, hotéis, escolas, universidades, hospitais, variados pontos de lazer, além da região ser bem arborizada, somando ainda mais para a sua beleza natural. Higienópolis, tornou-se um dos bairros mais conceituados de são Paulo, sendo desde sua inauguração, destino de famílias tradicionais da aristocracia paulista.

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Santa Casa

Minhocão Pq. Buenos Aires

Praça Roosevelt Mackenzie

Cemitério da Consolação

UMA LÂMINA VERTICAL Composto por um bloco laminar, o edifício encontra-se situado na Av. Higienópolis, no quadrante sudoeste da cidade, é edificado na vertical com 62 apartamentos distribuídos em 15 andares, com áreas de 133 m² até 233 m².

Do 1 ao 13 andar é possível identificar os apartamentos de 3 dormitórios, e no 14 andar os apartamentos com 02 dormitórios. Entre o 14º e 15º andar, é possível notar um recuo escalonado dos quais resulta numa configuração diferente nos apartamentos desses pavimentos. Nas fachadas Noroeste e Sudeste encontram-se empenas do edifício dos quais abrigam as áreas dos dormitórios e sanitários da suíte. O edifício comporta uma distribuição eficiente dos compartimentos, , concentrando as instalações sanitárias, dependências de serviços e cozinha para liberar uma grande área voltada para a Avenida Higienópolis como espaço de estar e repouso.

Na fachada dos fundos, isto é, Sudoeste, o projeto abriga os dois blocos da circulação vertical do edifício, bem como o poço do elevador e escadas, além das áreas de serviço, como lavanderia e cozinha. Nessa face há uma notório recuo da edificação em relação ao limite do lote, dialogando com o lote vizinho que contém uma edificação com baixo gabarito e uma grande importância histórica, sendo ela a FAU Maranhão. Apesar de não parecer ter tanta importância, essa face abriga esquadrias que são destruídas em janelas basculantes com cantos abaulados, contribuindo para uma estética mais arredondada ao edifício quando observado por essa vista. O edifício possui três reservatórios, sendo o primeiro e o segundo no subsolo, que recebe diretamente a água da concessionária, dos quais posteriormente é bombeado para o terceiro reservatório, que fica na cobertura do prédio, e que, a partir de então, a água é distribuída pelos apartamentos.

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Neste pavimento (o subsolo) além de comportar os referidos reservatórios, abriga as vagas para automóveis, comportando ainda as instalações de aquecimento central do prédio.

O térreo é elevado e o acesso se dá com rampas nos dois lados do lote, e ao adentrar no conjunto, o roll possui revestimentos que organizados compõem painéis artísticos criado pelo muralista, pintor, desenhista, cenógrafo e ilustrador brasileiro Clóvis Graciano, sócio fundador MAM/SP, ex diretor da Pinacoteca de SP dos quais desempenhou um importante papel na cultura brasileira entre os anos 40, 50, 60 e 70, retratando a figura humana e contextos sociais do Brasil.

Mural do Clóvis Graciano.

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Formação Universidade de São Paulo Atuação A seguir, realizamos uma entrevista com o renomado arquiteto e professor da Escola da Cidade, Fábio Valentim. Além disso, Valentim também é morador do Edifício Lausanne por aproximadamente 15 anos e nos contou sobre essa experiência.

Sócio Fundador do Una Arquitetos Professor associado da Escola da Cidade (desde 2003) e atual coordenador da Editora Escola da Cidade.

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Fávio Valentim Zaqueu (Entrevistador)

Tá, Fábio, qual a sua relação com o Heep? Você chegou a estudar sobre ele, fazer algum trabalho sobre o Heep? Alguma coisa assim? Como você enxerga o Heep?

Não especificamente Zaqueu, eu conhecia o Heep da faculdade, a gente estudava a obra dele. Mas não é um arquiteto que eu tenho nada mais específico sobre ele, assim, né. Mas, enfim, logicamente, com os edifícios principais do Heep, eu conhecia bem, né? Que tinha aquela tese do Marcelo Barbosa?

Depois acabou virando uma publicação, né? Sobre o Heep, conheci a tese… na época da faculdade e a gente visitava muito assim as obras que nos interessavam, né? Então a gente conhecia os prédios principais do Hepp, a gente já tinha ido aí. Depois… quando apareceu uma oportunidade de comprar um apartamento aqui no Lausanne, foi uma coincidência. Não é que eu estava procurando especificamente um apartamento do Heep. Ou no Lausanne especificamente pra morar, né? Mas quando apareceu a oportunidade, eu achei super legal e deu certo, e isso faz… Deve fazer uns… quase quinze anos, talvez. Mais ou menos esse o tempo que a gente está aqui.

E sua obra predileta do Heep? Você tem uma ?

Eu acho que é o Lausanne mesmo. O Itália. Acho que o Itália é muito interessante. Duas obras mais interessantes, mas eu acho que o Heep, ele tem, uma coisa aí… é … de uma constância, né? Os projetos dele sempre são bons, né? Acho que não tem nada que… sei lá… que a gente ache mais ou menos. É tudo muito legal. Assim… bem feito, reconhecível, né? Sempre tem uma qualidade, mas sei lá… Eu acho que o Lausanne, pelo fato de morar aqui, né?

Você conhece de perto a qualidade, né?

gente morava… Vou antecipar a sua a outra pergunta, né? A gente morava num prédio aqui em Higienópolis, que é um prédio que era até um projeto do Artacho Jurado originalmente, mas a construtora dele quebrou e foi finalizado o projeto e refeito pelo Botti Ruban, a partir da estrutura do Artacho, né? Que é esse prédio aqui, o “tradição brasileira”. E o “tradição brasileira”... é… A gente viveu uma situação um pouco chata, porque os os moradores no geral, não tinham nenhuma relação com o prédio. Queriam sempre fazer reformas que desfigurasse o prédio, sem nenhum compromisso com o projeto, inclusive não gostava, né? Volta e meia reclamavam das características do prédio.

Quando a gente mudou pro Lausanne, foi um foi um alívio, porque tinha uma síndica, que foi síndica até pouco tempo atrás, que é a Regina Ponte, que embora não seja arquiteta, ela é ligada ao patrimônio, foi diretora lá do museu da cidade, e ela conseguiu sempre passar pros moradores a importância de manter as características do prédio original. Eu acho que é um mérito dela, né? Ela sempre conta que nas primeiras reuniões, as pessoas falavam, assim, com muito desdém, né?

Olhavam pra aquele mural lá, do Clóvis Graciano e falavam “Que pintura horrível”. Ela até conta um episódio lá de um morador… que a pintura, acho que tinha uma uma rachadura, né? Porque a massa começa a soltar com o tempo, que nem acontece aqui, né? A massa deu uma soltada assim. Só que no mural, né? Do Clovis Graciano. E aí o morador falava e arrancava os pedaços “Ah, tá vendo, isso daí tá caindo”. O começo foi difícil, eu nem morava aqui, né? Mas ela falou que o começo foi difícil, mas ela conseguiu aos poucos e foi criando essa relação.

E também aconteceu que vários arquitetos vieram morar nesse prédio, né? Têm vários arquitetos que moram aqui no Lausanne, né? Nesses prédios mais notáveis, assim, né? Acaba também sendo um interesse do morador arquiteto, né?Esses prédios, acabam juntando, arquitetos? Aqui também aconteceu, isso, né? Tinham vários arquitetos, né? E logo que eu mudei pra cá, mudou também o Silvio Watts. E o Silvio… E ele é professor do Mackenzie, também, né? Mas a especialidade dele é justamente o restauro de arquitetura moderna. Então também o Silvio foi importante nesse momento.

Morava também o Marcelo Muriti, a Juliana, da Lux de iluminação… Enfim, vários arquitetos… Então acho que também ajuda, né? Um pouco nas reuniões de condomínio, quando aparecem essas figuras, assim, querendo destruir tudo.Bom, enfim…Então isso é uma característica do Lausanne, que é ter o interesse na preservação do prédio. E isso é importante também porque o prédio foi tombado, né? Ou estava em processo de tombamento, então também não poderia ser desfigurado. E aí nesse tempo, a gente fez, quando eu comprei o apartamento, foi quando a Regina, que era síndica, que é uma pessoa legal pra vocês conversarem também…Ela estava justamente começando a reforma dos brises, né? E tinha também um arquiteto de restauro que morava no prédio, que já até faleceu, que também era professor da Anhembi Morumbi, que é o Fernando Martinelli. E o Fernando e a Regina conseguiram fazer um projeto para restaurar, porque os brises para que o prédio pudesse se manter, né?

O brise, ele é entendido pelo condomínio como fachada, então a própria manutenção dos brises fica a cargo do condomínio, e não dos moradores. Os moradores podem mexer do brise “para dentro”, mas não podem mexer no brise. Diferentemente do prédio que eu morava, o “tradição brasileira”, que os moradores arrancavam. (o brise) é madeira, né? Aço e madeira ?

É aço, madeira e alumínio. O requadro dele é de madeira, depois tem a estrutura do brise móvel que de aço e as palhetas que são de alumínio. Uma mistura de materiais. Eu acho que uma coisa… um pouco da tecnologia da época, né? Porque eu imagino que o Heep preferiria fazer tudo em alumínio…

Por que você acha que ele preferiria (fazer em alumínio) ?

Pelo custo, pela dificuldade técnica, mais leve. Não vejo muito, porque ele gostaria de usar três materiais. Uma coisa um pouco estranha no Lausanne mas que não sei se é uma questão do arquiteto…me parece que não, mas que, assim, tem esses brises, né? Que tem madeira, aço e alumínio. Aí tem os caixilhos internos que são de madeira e tem alguns caixilhos, que são de aço. Então tem até uma mistura, assim, que não dá muito pra entender. Eu imagino que tenha a ver com questão de custo, porque o mercado imobiliário não está super interessado na arquitetura honesta. Tem uma conta lá com isso, que às vezes o arquiteto fica um pouco… Fica um pouco refém do orçamento, do custo final, do apartamento e tal. Não vejo muito porque o Heep… ele gostaria de fazer os caixilhos tão diferentes, nos apartamentos.

Que as duas fachadas são totalmente discrepantes, né?

É. E uma coisa interessante é que o projeto original tem uma… no jogo de desenhos originais do prédio, tem uma perspectiva da fachada do prédio e a sala não tinha brise.

Então ele era um prédio com um aspecto bem mais convencional, né? Que você identificava os quartos, né? As salas, quer dizer, depois na construção se optou por fazer o brise na sala também e o prédio ficou com essa característica mais indistinta, né? Dos ambientes, né? Você olhando o prédio por fora não sabe exatamente o que que é sala, o que é quarto e tal, ele ficou um volume mais abstrato, que eu acho que é um pouco como é o Copan, também é um pouco isso.

E acho que daí, ele ganhou muito, né, na qualidade. Porque se você olhar essa perspectiva do prédio sem os brises na sala, é um prédio como tem muitos outros aqui em Higienópolis, né?

Acho que isso foi uma mudança bem interessante que o Heep conseguiu.

Como você enxerga a importância dos arquitetos imigrantes europeus para a construção da escola paulista como um todo?

Eu acho que essa leva de arquitetos imigrantes… é… tem uma primeira leva, né? Que é essa do Warchavchik, né? O pessoal que veio primeiro, né? Que acho que é interessante, acho que é o cara que praticamente introduz o racionalismo aqui em São Paulo, uma figura importante nesse sentido. E eu acho que tem um desenvolvimento da arquitetura dentro do Brasil mesmo, né? Essa geração Warchavchik, acho que a gente poderia incluir outros, né... O Filon… e daí tem uma segunda leva, né?

Que é a leva da Segunda Guerra, né? Que aí sim acho que é a do Heep, do André Jade, Lina Bobardi. É essa leva. Eu acho que tem uma coisa que traz questões de aperfeiçoamento técnico, que são muito interessantes, né? E aí, assim, mercadologicamente, eles tiveram muito espaço, né? Nesses Higienópolis Jardins, né? E acho que é até mais que os arquitetos brasileiros, né? Porque acho que, por exemplo, o Artigas, o Bratke, na verdade tem poucos prédios aqui de mercado imobiliário, né, na prática acho que talvez nem tenha, né! Prédio do Bratke aqui em Higienópolis. Artigas tem só o “Louveira”, a Lina nenhum. Mas assim, esses arquitetos europeus foram muito assimilados, né? Pelo mercado imobiliário nesse momento, né? Eu acho que aí tem alguns fatores, né? De… eu acho que São Paulo nesse momento era uma cidade que crescia muito, se construía muito, estava iniciando um processo de verticalização. E nesse processo de verticalização pras construtoras era importante, a questão de um domínio técnico, de uma segurança e era bem recebido pelo mercado, né?

Depois de um tempo deixou de ser, né. Mas, nesse momento, eu acho que foi super importante, sem dúvida. cho que também… sobre esse assunto… Tem aquele livro do Raul Juste Lores, que é bem interessante, “São Paulo nas Alturas”, porque ele mostra um pouco isso, né? Vamos dizer… essa chegada desses arquitetos europeus, né?

Alguns viraram empreendedores, construtores e fizeram muito dinheiro, né? Quer dizer, eles viraram um pouco empreendedores, né? E outros que ficaram como arquitetos e que tiveram até um, um desfecho, meio melancólico assim, lá no livro do Raul você vê que muitos deles… é… morreram. É uma situação já meio, de pobreza, assim né, meio esquecidos.

E o Heep, por exemplo…

O Heep é um deles, né? Acho que tem um fim meio… melancólico. Hoje fica a história dele. A história do Heep é uma história bem interessante, né? Não sei se vocês leram, né? Mas ele é um cara que trabalhou com Ernst Meyer naqueles projetos de Frankfurt no Pós Guerra, na reconstrução, né? Depois quando a Alemanha vai fechando, né? Pro Nazismo o Heep, que inclusive se chamava Adolf Heep, né?

Ele muda o nome, né, pra não ter associado ao Hitler, né? Ele muda pra França e vai pra França e trabalha com o Corbusier um tempo. Mas trabalha muito com um outro arquiteto moderno, lá era em Paris e depois ele… ele tem um episódio que quando a Alemanha invade a França, o Heep, ele é mandado para um pelotão de engenharia no fronte russo… e a mulher dele… vai pra um campo de concentração. Quer dizer, tinha tudo pros dois não sobreviverem, né? Mas, curiosamente, os dois sobrevivem e vêm pro Brasil. Ela era, assim, muito jovem, né? Daí eles vêm e ela, não… a mulher do Heep não se adapta, né? Não gosta do Brasil, não se adapta e volta pra Paris… e o Heep fica, né?

Então, ele fica assim como um cara meio solitário e aí no final, ele fica doente, né? E ela volta, né? Essa mulher, que eles nunca mais tinham tido muita proximidade, mas ela volta, leva ele pra Paris, cuida dele e depois teve nesse final que ele teve alguma, não sei se ele teve demência ou alguma coisa assim. Eu lembro do Paulo Mendes, por exemplo, falando super bem, quero dizer, assim… como um grande arquiteto… Imagino que os outros, Rino Levi, pro Artigas, Bratke, tal, eles eram todos bons arquitetos, né? Tanto que a Higienópolis, tem uma qualidade assim… de muito prédio bom junto, né. Assim, uma concentração que é incomum no mundo em geral, né? Não tem muitos projetos modernos bons juntos.

Oficina moderna, né? A experiência.

Então… tem uma… Quando a gente… eu organizei, né? Um guia de arquitetura de São Paulo lá na Escola da Cidade… no Guia, justamente o texto lá, de introdução, é um pouco pra dizer assim ‘Olha, não tem muitas cidades do mundo que você consiga ver arquitetos da qualidade assim do Rino Levi, da Lina Bo Bardi, do Paulo Mendes da Rocha, do Artigas, do Oswaldo Bratke, tudo junto, assim na mesma cidade, é muito difícil. É muito incomum isso, né? Mesmo em cidades importantes, assim, né? Então tem uma coisa moderna assim em São Paulo, desse período dos anos 50/60 que é muito forte. Muito importante mesmo, né? É isso. O que mais?

Então… sobre esse ponto… a gente estava discutindo antes de vídeo, que a gente estava se perguntando o porquê que hoje não se faz, né? A gente estava chegando a uma conclusão quase, né?

Meio informal, você acha que é por conta desse início, né? Da formação da Escola Paulista e o desenvolvimento de toda essa experiência em Higienópolis moderna, porque a elite paulista migra do centro e vai para essas regiões mais a oeste da cidade, você acha que é por conta que essa burguesia paulista estava procurando uma identidade, talvez? E adotou o movimento moderno e o paulista como uma característica?

Eu acho que é uma pergunta que eu não saberia te responder, porque eu acho que ela é muito complexa e ela envolve muitas questões, né. O fato, assim, é que teve esse momento de verticalização.

E de oferecer apartamentos bons para as pessoas que moravam em casas, né? E teve assim uma uma construção de uma cultura, de morar em prédios e teve que ser feita naquele momento, né? Agora, a partir do momento que essa cultura se consolida, né? E a demanda por apartamento passa a ser altíssima, o público das pessoas que compram apartamentos não têm juízos muito formados sobre arquitetura, né? E vamos dizer, você tem tanta demanda que pros construtores, fazer qualquer coisa, vende, né? E acho que daí, entra numa outra fase assim, que é uma fase que você tem, menos edifícios emblemáticos, projetos emblemáticos, né? Por um momento em que você tem uma oferta gigantesca de apartamentos, programas de financiamento,aí a gente passa a falar de dezenas de apartamentos de centenas de milhares de apartamentos.

Então acho que é isso que acontece. A gente está falando aqui de trinta, quarenta, cinquenta bons prédios, né? É meio isso também, né? A partir do momento que na cidade você tem um mercado que trabalha com centenas de milhares de prédios e apartamentos, é óbvio que a qualidade despenca, né?

E aí? Por pior que seja, os prédios, aquilo vendia muito facilmente, né? O próprio construtor não tem grande interesse em contratar um arquiteto, de desenvolver um projeto, porque, assim, é caro, né? O arquiteto é, provavelmente, um padrão… um padrão de construção mais caro.Eu imagino, que é só olhar, né? Assim, vamos dizer, uma fachada inteira do prédio feita com brises móveis? Dá pra imaginar que é mais caro do que o prédio do lado! Que né? Tem uma varandinha, né, assim padronizado. Então, assim, se aquele prédio vende tão bem quanto esse, né? Por que o construtor vai ter grande interesse?

Pelo contrário, né? O mercado ele vai se massificando, e o que que vai se massificando, vai perdendo qualidade. Daí vai também entrando certas características assim de modismos, né? Assim… nos anos 80/90 tinha uma coisa assim, de neoclássico, que neoclássico era o que vendia. Então, muitas construtoras começam a fazer um monte e só tem pela cidade inteira, né? Acho que hoje, até eu acho que o mercado imobiliário tem até algumas opções melhores de de arquitetos, né? Quando eu me formei lá no final dos anos… meados dos anos 90. Ali não tinha, né? Não era comum arquiteto fazer prédio, era muito, muito raro, né? Tinha assim um prédio do Paulo Mendes…Era muito, muito exceção da exceção, né? Era bem, bem incomum. Mas eu acho que voltou a ter uma certa valorização assim, um pouco, né? E eu acho que hoje tem outras construtoras também, né? São… sei lá… prédios feitos por vários arquitetos interessantes, assim, né. Indica que, talvez esse de “tudo um pouco”, vai ter sempre a ver com o mercado, eu acho, né? Então indica também que o mercado passou a valorizar. As pessoas começaram a entender de alguma maneira, a entender um pouco, que a arquitetura importa, né? Na vida delas, na qualidade do prédio. Então eu acho que aí tem uma uma mudança, uma coisa positiva, né? Lógico, é um pouco… um pouco assim, só que se você pegar, tudo isso, né, e puser no mercado imobiliário, numa cidade como São Paulo, é nada né? É ínfimo, é uma participação. Mas já é alguma coisa, né? E aí no Poder Público, né? Que as coisas costumam funcionar um pouco por ciclos também.

Então tiveram momentos, assim, que a habitação social também foi relevante, né? Que a pessoa pode morar num apartamento que foi feito pelo Artigas, né, pelo Paulo Mendes da Rocha, é uma coisa interessante, né? O melhor da arquitetura desenhado. E como uma habitação social e também a mesma coisa, né? Tem um tempo que isso também desaparece, né? Quer dizer, a arquitetura não é assim… é … Só tem arquiteto bom quando a arquitetura é pra faixa mais elevada do mercado imobiliário? Não, né? Tem excelentes arquitetos fazendo habitação social construída pela prefeitura e tal. Então eu acho que… assim... que é uma batalha aí pra e sempre vai ter, né… essa batalha, para os arquitetos participarem mais, né? E as pessoas entenderem, né? As pessoas, eu digo, enquanto sociedade, entenderem que a participação dos arquitetos faz diferença, né? Faria mais diferença ainda se isso se estendesse pro planejamento urbano, pro desenho urbano. Mas isso aí, é mais difícil ainda.

REFERÊNCIAS ADOLF FRANZ HEEP: UM ARQUITETO MODERNO. São Paulo: Editora Monolito, 2018.

CLÓVIS Graciano. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa5507/clovis-graciano. Acesso em: 07 de setembro de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7.

ITAÚ CULTURAL. Heep, Franz (1902 1978): Biografia. <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=5361>. Acesso em: 29 ago. 2023.

Disponível

em:

BARBOSA, Marcelo Consiglio. Adolf Franz Heep: um arquiteto moderno. 2012. 391 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

LUCCHINI JUNIOR, Edson. Adolf Franz Heep: edifícios residenciais. 2010. Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2578/1/Edson Lucchini Jr1.pdf>. Acesso em: 01 set. 2023.

SILVA, Joana Mello de Carvalho e. Habitar a metrópole: os apartamentos quitinetes de Adolf Franz Heep. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 21, n. 1, p.141-157, jun. 2013. Semestral. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v21n1/a09v21n1.pdf>. Acesso em: 09 set. 2023.

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Organização Zaqueu Batista

Textos Caterina Penteado Isabella Mauricio Jennifer Sanchez Laura Graziano

Orientação Prof. Dr. Abilio da Silva Guerra Neto Profª. Dra. Maria Isabel Imbronito Realização Universidade Presbiteriana Mackenzie

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