Avaliação de acessos de Arachis pintoi para a produção de feno1 Divan Soares da Silva2, Inaldete Soares do Nascimento3, Josimar Torres Gomes4 1
Pesquisa financiada pela FAPESQ Prof. Associado II DZ/UFPB/CCA. Pesquisador II CNPq. divan@cca.ufpb.br 3 Pesquisadora da FAPESQ/UFPB/CNPq 5 Doutorando do PDIZ/UFPB
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Resumo: O experimento foi conduzido na área de pastagem do Departamento de Zootecnia do CCA/UFPB, Areia-PB, no período de março a outubro de 2008. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos ao acaso, com sete tratamentos e três repetições. As variáveis analisadas foram: produção de feno e porcentagem de cobertura do solo pelas plantas aos 30, 60 e 90 dias. Houve efeito significativo (P<0,05) para produção de feno e para porcentagem de cobertura do solo. O acesso BRA 15598 demonstrou maior potencial forrageiro para fenação. Palavras–chave: amendoim forrageiro, cultivar, leguminosa tropical Evaluation of Arachis pintoi accesses (cultivars) for hay production Abstract: This trial was conducted at the forage center of the Animal Science Department of the CCA/UFPB, Areia-PB, from March thru October 2008. As experimental design a complete blocks at random was used, with seven treatments and three replicates. Variables analyzed were: hay production and percentage of soil protection (covering) by the plants at 30, 60 and 90 days. There was significant effect (P<0.05) for hay production and for percentage of soil protection. Access BRA 15598 did show greater foraging potential for hay production. Keywords: cultivar, forrage peanut, tropical legume Introdução O amendoim forrageiro (Arachis pintoi) é uma leguminosa tropical, utilizada no norte, centrooeste e sul do Brasil, de formas diversas nos sistemas de produção animal. Apesar do importante papel desta espécie forrageira na alimentação animal, sendo em muitos sistemas de produção oferecida aos animais como volumoso conservado, praticamente não há trabalhos sobre este tema. Por ser nativa do Brasil, inúmeros acessos da espécie continuam sendo encontrados em várias regiões. Neste contexto, como a produção de forragens conservadas é a garantia, mais econômica, da produtividade dos sistemas produtivos, a presença de genótipos forrageiros adaptados à região e principalmente produtivos torna-se fundamental. Na Paraíba ainda são poucos os trabalhos sobre o amendoim forrageiro, apesar do interesse cada vez maior dos produtores. O conhecimento do potencial produtivo de diferentes acessos da espécie nesta região microgeográfica é de grande importância para o desenvolvimento e sustentabilidade da pecuária. Objetivou-se com este trabalho avaliar acessos/cultivares de amendoim forrageiro visando eleger os materiais com potencial para a produção de feno. Material e Métodos O experimento foi conduzido no período de março a outubro de 2008, na área de pastagem do Departamento de Zootecnia do CCA/UFPB, Areia, PB. A área de estudo está inserida na região Microgeográfica do Brejo Paraibano, localizada a 6°58' de latitude sul e 35°41' de longitude oeste. O clima da região é tropical do tipo AS, quente e úmido, com temperatura média anual entre 23 e 24ºC e precipitação em torno de 1.400 mm anuais, com chuvas de outono-inverno. O solo é do tipo Argissolo Vermelho Amarelo, de textura areno-argilosa. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com sete acessos de Arachis pintoi e três repetições, em parcela com 2,56 m². Os acessos foram provenientes da Embrapa-Cenargen via Ceplac, sendo o plantio realizado com estolões de 30 cm, em covas espaçada de 0,50 X 0,50 m. 1
O corte de uniformização foi realizado 90 dias após o plantio e o corte da forragem para a produção de feno aos 100 dias de rebrota das plantas, segundo Ladeira et al. (2002). A biomassa da área útil de 1 m² foi cortada a cinco centímetros da superfície do solo, espalhada e a cada três horas o material foi revolvido, sendo enleirado à noite. Após atingir o ponto de feno foi colocado em sacos e pesado para estimativa da produção de feno. A porcentagem de cobertura do solo (%CCS) foi realizada aos 30, 60 e 90 dias após o corte de uniformização, considerando a área útil. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e teste de médias por Duncan (5%). Resultados e Discussão Houve efeito significativo (P<0,05) que para a produção feno e a porcentagem de cobertura do solo entre os acessos de amendoim forrageiro (Tabela 1). Tabela 1. Produção de feno (kg/ha) dos acessos cortado aos 100 dias de rebrota e a porcentagem de capacidade de cobertura do solo (%CCS) das plantas aos 30, 60 e 90 dias em cada acesso de amendoim forrageiro. Acessos BRA 15598 BRA 31996 BRA 30368 BRA 37036 BRA 31828 BRA 13251 BRA 31534 CV
Matéria seca CCS aos 30 dias CCS aos 60 dias CCS aos 90 dias 1.290 a 43 a 63 bc 80 bc 887 ab 52 a 63 bc 90 ab 880 ab 53 a 80 a 100 a 807 b 50 a 73 ab 86 ab 740 b 43 a 56 c 70 c 703 b 35 a 63 bc 93 ab 643 b 38 a 56 c 83 b 27,7 12,9 5,4 4,1 Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si, pelo teste de Duncan (P>0,05)
Os acessos BRA 37036, 31828, 13251 e 31534 apresentaram produções de fenos inferiores ao acesso BRA 15598, e este semelhante ao BRA 31996 e 30368 (Tabela 1). É importante destacar que o acesso mais produtivo (BRA 15598) apresentou-se mais promissor para produção de feno aos 100 dias, apesar de que as pesquisas têm demonstrado sua maior aptidão para produção de sementes, e em estudos para produção de forragem quando cortado sucessivamente aos 42 dias proporcionou produção total semelhante à obtida no presente estudo. Não houve diferença (P>0,05) aos 30 dias para CCS entre os acessos, mas houve (P<0,05) para os acessos aos 60 e 90 dias (Tabela 1), em que os acessos BRA 31828 e 31534 apresentaram CCS inferior ao BRA 30368. O acesso BRA 31534, aos 90 dias, apesar de apresentar-se com 83% de CCS, foi a que produziu menos feno. Já o acesso BRA 15598 com 80% de CCS foi a que apresentou maior produção de feno. De forma que, como o acesso mais produtivo (BRA 15598) também não apresentou a maior cobertura do solo, é provável que na fase de estabelecimento a produção de forragem desta leguminosa pode ser inversamente proporcional à cobertura do solo, com estolões e folhas maiores, devido a menor competição por luz, água e nutrientes. Conclusões O acesso BRA 15598 demonstrou ser o melhor para a produção de feno aos 100 dias de idade. O acesso BRA 30368 apresentou aos 90 dias, 100% de cobertura do solo. Agradecimentos Ao Pesquisador Dr. José Marques Pereira (CEPLAC) por nos ceder os acessos de amendoim Literatura citada LADEIRA, M.M.; RODRIGUES, N.M.; BORGENS, I.; GONÇALVES, C.; SALIBA, E.O.S.; BRITO, S.C.; SÁ, L.A.P. Avaliação do feno de Arachis pintoi utilizando o ensaio de digestibilidade in vivo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.6, p.2350-2356, 2002.
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