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EDITORIAL A Revista F. Cultura de Moda edição #16, em uma palavra, é FUN. O mood da temperatura que sobe chega com alta dose de deboche e carregada de bling-blings. É verão e estamos em Miami, na década de 90. Mentira. É agora mesmo, mas com um visual excessivo e colorido, mesclado à estética minimalista do princípio da era da internet. Vamos falar do VAPORWAVE, um movimento artístico que derivou uma estética que está dominando a cena mais descolada do design e da moda. Resumindo muito, é um nonsense de colagens que mesclam de estátuas renascentistas a fitas VHS, aos wireframes dos computadores. As referências 90’s estão todas aí: tops cropped, correntes douradas, coleiras, argolas, camisetas de basquete, bonés, viseiras, flatforms, creepers, maiôs com calças esportivas, sneakers, scarpins, open boots. É para tombar a pista. Referência-queridinha das fashionistas no momento? Jeremy Scott para Moschino. Quer mais fun? E nosso ícone da vez é brasuca: a rapper Karol Conká. Conversamos com a musa numa entrevista exclusiva, morram! Apesar dos pesares de 2015 – que foram muitos –, estamos vendo surgir uma primavera feminista (que bom), fazendo tocar um vento fresco dos novos tempos que vêm por aí. A “palavra” do ano não é palavra, mas emoji ( ) - para chorar de rir? Esperamos que 2016 seja mais positivo na economia, na política mundial and so on... Prevemos emoção. Pois é com essa atmosfera happy, pra cima, que vamos inaugurar 2016. Com uma revista que fala sobre assuntos importantes, como o feminismo na cena do rap, mas com alguma boa dose de diversão, como a série RuPaul’s Drag Race. É para fazer sorrir quem estiver lendo. André Carvalhal, convidado da F.Works Produtora para o último Meeting de 2015, sacudiu a cabeça de muita gente na cidade com seu marketing humanizado e, assim, vamos buscar novos nomes que façam a diferença para quem nos segue, em 2016. Continuem acompanhando a vertente disseminadora de bons pensamentos da F.Works, turma: vem coisa boa por aí. Nosso Street Style visita a cena noturna-deboche de Juiz de Fora e, como sempre, promovemos muitas interseções entre moda e música, revivals no cinema e na TV. Dessa vez, com séries da década de 90, como Arquivo X e Friends. E se eu tenho um pressentimento para 2016, em todos os sentidos, ele é um só: vai ser bom.
Tim-tim! Raquel Gaudard
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DIREÇÃO GERAL DE MODA ALINE FIRJAM - alinefirjam@fworksprodutora.com.br CONCEPÇÃO E EDITORIA DE CONTEÚDO RAQUEL GAUDARD (MTB 17010) - jornalismo@fworksprodutora.com.br DIREÇÃO DE ARTE VINICIUS ROMÃO - arte@fworksprodutora.com.br PRODUÇÃO EXECUTIVA VINICIUS RODRIGUES - geral@fworksprodutora.com.br PRODUÇÃO E CENOGRAFIA ANESLEY PEREIRA - producao@fworksprodutora.com.br COMERCIAL DELAINE LOPES - delainelopes@fworksprodutora.com.br ALINE LISBOA - comercial@fworksprodutora.com.br OPERAÇÃO COMERCIAL CLÁUDIO ALVIM - contato@fworksprodutora.com.br REVISÃO DE TEXTO HELLEN KATHERINE CAPA Foto por Marcio Brigatto Modelo: Virgínia Olympio Beauty: André Pavam (hair) e Priscilla Brinati (make-up) – André Pavam Cabeleireiros Edição de moda, styling e produção por equipe F.Works Produtora de Moda Agradecimentos especiais: www.trendstop.com TIRAGEM: 8 mil IMPRESSÃO: Gráfica América DISTRIBUIÇÃO: Mix Alternativo e Linder Panfletagem Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da revista. Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia do conteúdo editorial. Todos os direitos reservados. A F. Cultura de Moda não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados na revista.
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STREET STYLE MEMORY – Em JF, à noite, todos os gatos são pardos.
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ENTREVISTA - KAROL CONKÁ tomba tudo aqui também.
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ZEITGEIST - O VAPORWAVE domina a cena estética da web e do mundo.
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TRENDHUNTING - A moda não morre nunca.
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PUBLI - INFANTIL
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NA MODA – A década de 90 bem representada em FRIENDS.
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EDITORIAL DE MODA – MIAMI BEATS
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TREND TOPICS – O Inverno 2016 já está aqui.
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PUBLI - LOOKBOOK
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MODA DE AUTOR – Luciana Vasconcelos e Mateus Aguiar são os novos talentos da vez.
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MEETING - ANDRÉ CARVALHAL e as suas ferramentas para construir uma nova era no marketing de moda.
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ARTE – Art Basel de Miami
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CULTURA POP – A irreverência de Ru Paul’s Drag Race.
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PUBLI - GASTRONOMIA
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F.INDICA – Livros, Cinema, Música
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PUBLI - ETIQUETA
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ONDE ENCONTRAR
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“UP ALL NIGHT” F o t o s p o r A z e v e d o /
N a y a n a M a m e d e C r a f t s t y l e
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R o d r i g o
IMPOSSÍVEL NEGAR O FASCÍNIO QUE A NOITE EXERCE. AS BUROCRACIAS
AMANDA DIAS “A inspiração vem do clipe de ‘Wrecking Ball’, da Miley Cyrus. Achei que ficou bem divertido.”
DO HORÁRIO COMERCIAL SAEM DE CENA E DÃO LUGAR AO EFERVESCENTE E SEDUTOR DITAME DAS LUZES ARTIFICIAIS.
BÁRBARA MARTINS “A noite é como um manto que cobre as inibições das pessoas. Uso a moda como um artifício para mostrar como me sinto por dentro, mas a minha relação com ela é ambivalente: às vezes amo, outras odeio.”
DHENNY ANDERSON “O look é uma criação minha que se refere a algumas questões sociais - uma crítica, em forma de arte, contra o modo que parte da sociedade impõe que sejamos. A máscara representa a ausência de identidade. Algumas pessoas não se importam com quem somos por dentro, com a essência que carregamos, e isso é um fato relevante pra nós seres humanos: importarmo-nos uns com os outros. A androgenia também entra em evidência, desafiando a lógica de definir um gênero.” 12
FELIPE CORRÊA “A noite dentro de casa costuma ser a minha hora de enfrentar os medos e angústias enquanto brigo com a insônia e o travesseiro duro. Na rua, com os amigos, é a hora de ser freak à vontade e se sentir livre - até de si mesmo.”
AINDA QUE, PARA ALGUNS, A VIDA NOTURNA SEJA SINÔNIMO DE TRABALHO, UMA GRANDE MAIORIA VÊ NELA A OPORTUNIDADE DE LEGITIMAR SUB E CONTRACULTURAS, PRAZERES PROIBIDOS E EXCENTRICIDADES COM OU SEM PROPÓSITO.
FERNANDA VANDANEZI “Tenho um caso de amor com a noite. Primeiro porque posso carregar no batom, sem medo. E segundo por ser muito mais fácil de compor qualquer look. A noite dá essa liberdade pra gente poder ousar mais, seja no brilho, na maquiagem ou nos acessórios, e então fica show de bola. Vou do pretinho básico até o master perua, passando pela ‘romantiquinha’ sem graça ou pela pirigótica, vale tudo!” ISMO COELHO “Gosto de aproveitar a oportunidade de me vestir com mais criatividade, já que, durante o dia, eu sou mais básico. Pelo Tumblr, que uso há quase 6 anos, tenho acesso a minhas referências de moda, como editoriais e desfiles dos anos 90.”
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MARLON ALEXSSANDER “Minha relação com a moda começou realmente quando entrei para a faculdade de Design de Moda do CES(PUC/JF). Sinceramente, a faculdade realmente me transformou. Apesar de não ser muito de baladas e afins, quando decido sair, sempre penso em me vestir pra mim, meu estilo é o espelho da minha personalidade. Sempre fui muito feminino e agora, com a moda rumando para um estilo sem gênero, posso me dar a liberdade de me vestir como quero.”
NINO DE BARROS “Minha relação com a arte drag e com as ‘montações’ se iniciaram há dois anos, quando me envolvi com o Realce, bloco carnavalesco de Juiz de Fora, comandado por transformistas e destinado ao público queer e à celebração da liberdade de gênero. Acabei conhecendo e me vinculando a artistas da cidade, como o estilista Romaniffy Mendonça que, desde então, me acompanha e colabora de maneira essencial com a minha performance, assinando meus looks e agregando à minha relação nata com a moda - o principal suporte para minhas experimentações.”
INSONES E NOTÍVAGOS PROVANDO QUE A BOEMIA NÃO ESTÁ MORTA, TAMPOUCO O CLUBBING. 14
NOAH MANCINI “Gosto da noite porque sinto um misto de vulnerabilidade e liberdade, onde os prazeres se confundem. De certa forma, à deriva do improvável, mas, ao mesmo tempo, estimulado para deleitar-me nesse desconhecido. Meu look representa os dois arquétipos de Deus. Na frente, representado de maneira primitiva, o asno, símbolo cristão da humildade, paz. Atrás, símbolos pagãos de soberania, a fertilidade do bode adornada pelo colar do mito de Kali. Ela cortava as cabeças dos demônios e lambia o sangue para impedir que nascessem mais.”
PEDRO NIRVANA “Com a noite, tenho a oportunidade de extravasar a minha criatividade e ser autêntico, sem me importar com a opinião dos outros.”
RAFAELA EVANGELISTA “Para a balada, a montação depende do programa do dia assim como o tamanho do salto.”
A IDEIA DE ORDEM É SE RENDER AO CONVITE DA CALADA NOTURNA, AFINAL, DORMIR É PARA OS FRACOS - ASSIM COMO UM DRESS CODE ORTODOXO. SE FICAREM EM CASA, NÃO OS ESPEREM ACORDADOS.
RENATA FALCI “Na noite, tudo que olhamos e sentimos se torna diferente, seja pelas intenções presentes ou pela liberdade por trás do escuro. Queremos brilhar na noitada, em meio a tanta gente e tantas luzes, por isso a montação é diferente. O fashionismo toma certas liberdades e o julgamento é mais leve do que durante o dia.” 15
16 ©divulgação
KAROL CONKÁ p o r
R a q u e l
G a u d a r d
2015 foi um ano importante para o movimento feminista, que entrou de sola em vários temas considerados tabus por grande parte da sociedade, trazendo para a roda discussões capazes de empoderar outras mulheres e engrossar ainda mais o coro de ativistas pela causa igualitária e contra os machistas – aqueles, que não passarão. Nessa safra de mulheres maravilha, que soltam a voz em nosso favor, encontramos a capricorniana Karoline dos Santos de Oliveira, 29, mais conhecida como Karol Conká. Linda, carrega consigo cabelos cor de rosa chiclete, roupas coloridas, um sorriso no rosto e uma mensagem que cabe direitinho nos dias de hoje, nas letras que ela mesma compõe. “Chego e dou o papo sem massagem”, dispara a curitibana, em entrevista exclusiva para a Revista F. “Musa” e “rainha” são adjetivos fáceis de serem encontrados em sua fanpage, sublinhados em recados carinhosos de uma legião de fãs que clama pela presença da “mamacita” em suas respectivas cidades. Numa rolada de dedo no mouse, por exemplo, pude conferir muitos nomes de Juiz de Fora, que esperam ver e ouvir Karol de perto. Ela começou a rimar cedo, entre os 6, 7 anos de idade. “Fazia poeminhas e mostrava para os meus pais. Com 16 anos, vi que isso era rap e divulgava entre os meus amigos da escola”, conta. Aos 17, Karol se apresentaria oficialmente como rapper para o público, em Curitiba. Influenciada por Lauryn Hill e Missy Elliott, Karol hoje é um nome que puxa a fila de uma nova geração que está aí para provar que esse reduto do hip-hop, reconhecidamente machista e homofóbico, está ganhando novas vozes. É o caso de MC Soffia que, com apenas 11 anos, canta letras que querem calar o preconceito. Ou de Rico Dalassam, também rapper, homossexual assumido. Se você ainda não os conhece, vale googlar. Conká despontou no cenário nacional em 2013 e hoje, em 2015, tem uma trajetória que já conta com um prêmio Multishow, um dos mais importantes do país, na categoria Artista Revelação. Ainda na bagagem, gigs internacionais, um álbum muito bem recebido pelo público e pela crítica e também singles que não desgrudaram dos nossos ouvidos desde que foram lançados. Sobre “Tombei” e outras novidades para o final de 2015 e 2016 – presença no Loolapalooza e lançamento de “Área Vip”, novo clipe em parceria com Boss in Drama -, conversei com a moça. Quer dizer, rainha, né, mores?
RAQUEL GAUDARD - Como foi sua infância em Curitiba? KAROL CONKÁ - Foi muito feliz, quando eu estava na minha casa e no condomínio, mas muito triste na escola. R.G - A família sempre apoiou a sua carreira? K.C - Minha família queria que eu tivesse um emprego tradicional, por não acreditar que eu pudesse ser artista, por ser moradora de Curitiba e de família pobre. R.G – E hoje em dia, se vê fazendo outra coisa? K.C– Não, desde que eu nasci nunca me vi fazendo outra coisa a não ser subir no palco e falar o que estava passando na minha cabeça. E eu era chamada de louca por isso, porque eu preferia morrer a ter de fazer outra coisa da vida. R.G - Sobre o que prefere escrever ou cantar? K.C - Não tenho um tema preferido, gosto de falar o que estou sentindo, daquilo que eu tenha necessidade de jogar pra fora. R.G – “Batuk Freak” foi um álbum muito bem recebido. Mas você acredita que “Tombei” foi um divisor de águas na sua carreira? K.C – Não acho que “Tombei” seja um divisor, mas um salto maior. Eu quis expandir, explodir pra outros lados, falar com outros públicos. R.G – E como é ser rainha num meio notoriamente machista e homofóbico, como o do rap? K.C - É desafiador e, ao mesmo tempo, interessante pra mim, que gosto de me aventurar. Eu vejo muito como aventura, chego e dou o papo “sem massagem”. Acabo ganhando respeito, desagradando alguns, mas são coisas que precisam ser ditas, exatamente para mudar esse cenário. O rap é visto dessa maneira, como se fosse difícil falar ali naquele meio, alcançar as pessoas. O rap precisa acordar, ele precisa receber a verdade na cara dele. Então, que ele escute isso de alguém que faz rap, de dentro. Hoje é muito desafiador, interessante e excitante fazer rap, porque sei que tenho voz e que não estou sozinha. R.G - Como foi recebida pelo público no exterior? É como no Brasil? K.C – Sabe, o que me deixou muito surpresa é que as pessoas estavam com o mesmo calor das pessoas do Brasil, pulavam, cantavam… Lá eu era uma artista brasileira que eles nunca tinham visto ao vivo, e me viam como um diamante brasileiro saltitante, dançando na frente deles. Eu fui recebida assim em todos os lugares. Quando eu cheguei na BBC One, não sabia que eu tinha sido a primeira brasileira a cantar lá… E fiz isso 17
com muito pé no chão, muito feliz. Eu senti saudade deles esse ano, porque é muito gostoso ser valorizado por todos. Quando eu voltei pro Brasil senti esse impacto no público daqui, que me recebeu com muito orgulho.
R.G - Nas redes sociais, a resposta que vemos do público é sempre cheia de carinho e adjetivos como “maravilhosa” e “rainha”. É sempre assim ou você também enfrenta comentários racistas ou machistas? Como lida com essa gente? K.C - Eu recebo comentários racistas e machistas sim, mas são muito poucos, porque eu não represento uma ameaça pra eles. Eu simplesmente ignoro. Dependendo do grau da loucura da pessoa, eu procuro meu advogado. R.G - Sobre novidades para o final de 2015 e para 2016: “Área Vip” e Lollapalooza - a turma parece bem ansiosa para o novo clipe e pela sua participação no evento. O que mais vem por aí? K.C - Estamos lançando um single novo ainda esse ano e ano que vem tem clipe, álbum, projetos sociais… Podem esperar muita coisa! R.G - Impossível não perguntar, seus fãs de Juiz de Fora me matariam: quando vai rolar um show por aqui? Gostaria de deixar um recado para a turma? K.C- Espero que em breve! JF, amo vocês e estou louca pra ir praí tombar tudo!
FOTO DE INFÂNCIA, KAROL COM O IRMÃO.
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VAPORWAVE p o r
É bem provável que você reconheça os símbolos da estética vaporwave, mas muito provável também que ainda não tenha feito uma conexão entre teoria e imagens. Talvez porque, neste caso, conceito e visual se comuniquem de maneira quase inseparável. O estilo vaporwave nasce a partir de uma linguagem baseada em um recorte incansável de remixes de arquivos somado a uma boa dose de deboche. Isso mesmo! Estética com deboche trash. Não é Pop Art, mas fala de forma sarcástica do capitalismo e de seus ícones. Só para dizer também que, volta e meia, você vai se deparar com um cifrão em letras garrafais. Mas vale ressaltar que, para chegar ao conceito, é necessário ter repertório e familiaridade com os comerciais dos anos 1980 e 1990. Explico melhor: nascido nos anos de 2010, o estilo vaporwave é “primo” do movimento seapunk, no sentido de ser uma
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D a n i
mistura de várias ideias acumuladas. Enquanto o seapunk nada nas profundezas do oceano, permeado por sereias de cabelos azulados, o vaporwave navega nas ondas da cultura digital, levando na bagagem elementos visuais da TV analógica e de videoclipes repletos de efeitos “pixelados”. Além disso, é bom dizer que um estilo baseado em experimentalismo nem sempre flerta com o chamado “bom gosto”. Seu estilo kitsch é sempre revisitado por meio de séries, filmes e cultura de videogames. Não se esqueça, tampouco, de acrescentar a este mix lisérgico muitos pôneis hipercoloridos e desenhos sarcásticos que resultam em uma imagem híbrida, às vezes permeada por ícones da cultura clássica. Sua origem vem da fonte inesgotável do universo pop y otras cositas más que se encontram ao alcance do seu mouse. Ou seja, entra de tudo um pouco.
S a r t o r i
ESTÉTICA DO REMIX INVADE A REDE E O MUNDO.
Toda a explanação conceitual serve para dizer que as referências contemporâneas são muitas e vão para muitos caminhos, inclusive musicais. Miley Cyrus é uma bela representante desta miscelânea pop: abandonou a imagem de boa menina da Disney para construir uma versão sexy e sarcástica de si mesma. Vaporwave aponta também sobre essa “falta” de limites de estilos da contemporaneidade. Em menor evidência, a canadense Grimes, que começou na cena musical eletrônica underground, transita agora por este universo de múltiplas referências, que tem Maria Antonieta como um ídolo pop. É, sobretudo, cultura que nasce do repertório analógico e transita para o digital, e vice-versa. Não tem regras, mas tem um espaço de movimentação minimamente demarcado por alguns destes elementos que parecem ser elencados de forma randômica, mas não são. São historietas acumuladas pela geração Z
que pulsam no design, na moda e na música feita de loops e interferências eletrônicas. Para quem ainda cultiva dúvidas a respeito da temática, fica a dica de navegação no Tumblr, que se define no melhor estilo vaporwave. Conceitualmente, a rede se diz uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações, áudio e “diálogos”. E o mais interessante de toda essa essência é pensarmos que não se trata de uma única ideia, mas num conjunto de ideias que ganha significado a partir de um recorte daquilo que você possa ter consumido esteticamente até aqui. Para aqueles que não se dizem adeptos dos modismos, eu diria um “até logo”. A gente se vê entre um compartilhamento e outro de gifs nas redes sociais ou comprando uma camiseta com estampa de joguinhos do Atari. Ninguém está a salvo do vaporwave. Ou não.
Assistam: Flesh without Blood/Life in the Vivid Dream. É simplesmente maravilhoso e autoexplicativo. https://www.youtube.com/watch?v=Tv9YoYCKNoE
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A Moda, com M maiúsculo, foi indicada como morta, alguns meses atrás, por uma de suas pensadoras e entusiastas mais influentes e respeitadas - a holandesa Lidewij Edelkoort. O anúncio da morte foi feito por meio de um manifesto antifashion em tom de desabafo, que pode ser comprado por €25 no site de Li, em que acusa o mercado e o marketing como os principais culpados. Ainda que tanta influência e relevância nessa chancela por trás do nome de Edelkoort traga um peso especial para a publicação, nunca se pensou tanto na cultura e na sociedade – já diria Vargas Llosa. O próprio Facebook, de uns tempos para cá, se transformou em uma plataforma de opiniões, que chega a dar saudades dos tempos em que jogos, testes de personalidade e fotos pseudoanalógicas eram os temas centrais das postagens.
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Em meio a tantas opiniões, colunas, Mediums e longreads, para atrair atenção é preciso uma performance que envolva gritos que anunciam o luto por uma instituição e um figurino trashed para entrevistas - como Li fez, talvez numa tentativa de resgatar os “tempos áureos da moda” (leia-se: desfiles altamente teatrais de 45 minutos, com 65 modelos que atuavam os looks que vestiam, e coleções que se aproximavam a grandes shows). O discurso da designer não poderia ser menos chamativo e, desdenhosamente, Li analisou as diversas facetas e subinstituições da Moda, refletindo sua percepção pessimista de uma expressão cultural que, segundo ela, acabou se rendendo ao business pelo business, careta e covarde. “A moda se tornou uma paródia ridícula e patética do que era”, diz.
ENQUANTO HOUVER DESEJO p o r
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R a f a e l
B i t t e n c o u r t
É fácil identificar o ponto central do ataque de Li: a moda mainstream, que se fechou em uma cadeia profit-only e se blindou com um muro de arrogância, carões e desprezo a tudo aquilo que não fosse digerível ou rentável. Essa abordagem se reflete, claro, na educação dos novos designers de moda - que sairiam da graduação mais cheios de si do que de propostas criativas e surpreendentes - e em um meio raso, que muitas vezes não consegue entender muito mais que as próprias selfies com famosos nas semanas de moda.
Mas, ao contrário do que é dito e esperado da Moda com M maiúsculo, esta nunca foi gatilho para revolução cultural e, sim, um retrato – muitas vezes provocador e com o dedo na ferida, até catalisando tal processo – do zeitgeist. Moda é uma representação dos desejos individuais que se refletem na sociedade. Logo, enquanto houver desejo, haverá moda. Ao olhar “para dentro” e analisar essa sociedade narcísica, egóica e individualista, encontra-se um mar de pessoas urgindo por acolhimento, compreensão, pertencimento e por algo em que acreditar – daí tanta opinião formada sobre tudo na sua timeline, em caixa-alta e recheadas de hashtags de socorro e compaixão. Mas o que as marcas devem fazer quando entendem que o consumidor é rei, mas que o rei está desesperado? Dê colo, compreensão e, principalmente, empoderamento. Mas para atender aos desejos e necessidades de uma sociedade que não se posiciona ou se reconhece como parte de uma tribo – ou, quando o faz, nega todo tipo de expressão exagerada, priorizando conforto e sossego -, não há espaço para ousadia e criatividades poliédricas (ainda).
O lado bom de toda a história é que, como a análise-crítica de Li sobre o mainstream da moda, quando se pensa na cultura do compartilhamento - que ainda só é uma realidade significativa nos coworkings de Neukölln, em Berlim -, nas marcas que começam a se guiar muito mais pelo propósito que pelo lucro e no fato de que a moda masculina, há tempos, não era tão expressiva e crescente, o cenário pessimista e inicialmente desesperador que Edelkoort jogou na cara dos fashionistas mais superficiais começa a mudar um pouco de tom. Afinal, como ela mesma diz, para toda tendência, há uma contratendência. E enquanto isso, a Moda e as modas vão se reinventando e tomando novas formas, para atender melhor o público que ainda se guia pelo próprio desejo. 25
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K a t h e r i n e
g o la al ta
H e l l e n
No quesito tendências, Rachel Green fez história. Mas a gente jamais imaginou que ia amar tanto aquele xadrez grunge, né? A estampa mais emblemática da década era uma de suas favoritas, inclusive em seus tempos mais áureos de Ralph Lauren.
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©F riend s fan page
Os fãs mais apaixonados vão concordar: é difícil pensar em década de 90 sem pensar em Friends. O seriado dispensa apresentações e, ainda assim, permanece como assunto preferido daqueles que acompanharam as dez temporadas, incansavelmente memorizadas. E para traduzir a cultura pop da época, a série de David Crane e Marta Kauffman trouxe um clássico figurino 90’s repleto de tudo que a gente está vendo (e desejando) hoje – quem diria? Algumas peças, com certeza, já estão entre os seus outfits favoritos do momento.
Quando não estava organizando/limpando/ cozinhando, Monica Geller estava fazendo a gola rolê ser o máximo de estilo-conforto da década. E, pensando bem, sua alma workaholic já revelava os primeiros passos do boom normcore que vemos hoje, um basicão bem estiloso.
©F riends fanpage
AQUELE DO FLASHBACK
RETORNO À DECADA QUE CONSAGROU SERIADO NOS FAZ REVIVER HITS LANÇADOS POR PERSONAGENS.
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x a d r ez
m acacão j ea n s
C h o ker
O jeans foi mesmo o grande ícone da década, mas o macacão era, indiscutivelmente, o protagonista das produções de Rachel. E tudo que a fashion girl da trama amava, a gente quer hoje também. Ok, quase tudo.
Certeza que Phoebe Buffay compôs “Smelly Cat” usando uma dessas. A gargantilha dos anos 90 era o toque final de seu estilo folk, em meio a estampas boho e aquelas muitas franjas – anos 90 ou 2015? Bom, elas voltaram.
C r o pped
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Especialmente nas primeiras temporadas, a futura Mrs. Bing era a rainha da cintura alta. Mas era a combinação com as croppeds que davam o tom moderno dos looks de Monica. O combo já fazia ela ganhar toda a nossa atenção na época – até porque, perder não era uma possibilidade, a gente sabe.
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F O T O G R A FI A: M Á R C I O B R I G AT T O . M ODELO: V I R G I N I A O L I M P I O . EDIÇÃO DE MODA: A L I N E F I R J A M . STYLING: V I N I C I U S R O D R I G U E S . C E N O G R A FI A : A N E S L E Y P E R E I R A . CABELO: A N D R É P A V A M . MA QUIAGEM: P R I S C I L A B R I N AT I (A N D R É P A V A M C A B E L E I R E I R O S ) . A S S I S T E N T E D E P R ODUÇÃO: C I N T H I A F U R TA D O . DIREÇÃO DE ARTE: V I N I C I U S R O M Ã O . CONCEPÇÃO: R A Q U E L G A U D A R D . A G R A D E CIMENTOS: V I R G I N I A O L I M P I O , C I N T H I A F U R TA D O E T H I A G O D E A Q U I N O L U I Z . 36
Bod y L a nç a Pe r f ume , ZU R ETTA , pr e ç o s ob c on s u l t a; j ar d i n ei r a e f ai x a, ac er v o p r od u ç ão; cinto L a nç a Pe r f ume , pr e ç o s o b c o ns u l t a; b r i n c os G R I N G A C A R I O C A , p r eç o s ob c on s u l t a.
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Ja que ta , a c e r v o pr o duç ã o ; ma iô Tr iy a, D ’ S T O R E , p r eç o s ob c on s u l t a; p an t ac ou r t e f ai x a, ac er v o p r od u ç ão; ci n to An i ma le , F L OW, pr e ç o s o b c o ns ulta ; br in c os G R I N G A C A R I O C A , p r eç o s ob c on s u l t a; s a p a t o S C H U T Z , p r eç o sob con s u l ta.
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Bl u sa d e b ai xo Au th ori a, D RO P’ S , pr eç o so b c on s ul t a; b l u s a d e c i m a T R A C K & FI E LD , p r eç o s o b con s u l ta; s ai a I or an e, FLO W, p reço s ob con s u lta ; ci n to Po pUp St or e, D’ S T O RE, p reç o sob c on su l t a; b r i n c o Lan ç a Per f u m e, Z U R E T TA, p r eço s ob con s u l ta.
C a mis a A nima le , L ÍV O R I , p r eç o s ob c on su l t a; m ai ô T R A C K & FI E LD , p r eç o sob c on s u l t a; ho t pa nt a c e r v o pr o d u ç ão; b ol s a, A n i m al e, FLO W, p r eç o sob c on s u l t a; Ó c u l os Fen d i , ÓTIC A S K IK A , pr e ç o s ob c on su l t a; c ol ei r a Van ess a Lan a, D R O P ’ S , p r eç o sob c on su l t a.
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Blu s a d e b ai xo Pa t Bo , HAL L S T O RE, p r eç o sob c on su l t a; b l u sa d e c i m a A t een , FLO W, p r eço s ob con s u l ta; cal ça An i m al e, LÍ VORI , p re ço sob c on s u l t a; c i n t o Pop U p S t or e, D ’ S T O R E , p r eço s ob con s u l ta; ci n to cor r en te, acer vo p rod u ç ão ; b ri n c os GRI NGA CA RI O C A , p r eç o sob c on su l t a; b ol s a e s a p a t o SC H U T Z , p r eços s ob con s u l ta.
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Jaq u eta, acer v o p r od u ç ão; c am i s a A n i m al e, FLO W, p reç o sob c on su l t a; sh ort BO BST O RE , p re ço s ob con s u l ta; b i qu i n i T RACK & FI E LD , p r eço s ob c on s u l t a; v i s ei r a Lan ç a Per f u m e, Z URE T TA, p re ço s ob con su l ta; b ri nc os GRI N GA CARI O CA, p reço s ob con s u l ta.
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B l u sa Lan ç a Per f u m e, Z U R ET TA, p r eço s ob con s u l ta; v es ti d o u s ad o com o col ete Pa t B o, H ALL ST O RE , p r eç o sob c on s u l t a; c al ç a Lan ça Per fu m e, Z U R E T TA, p r eço s ob con s u l ta; an el Van es s a Lan a, D RO P ’ S, p r eç o s ob c on s u l t a; b r i n c o s G R I N G A C AR I O C A, p r eço s ob con s u l ta; ócu l os , acer v o p r od u ção.
Bod y OSKLE N, p r eço s o b c o ns ulta ; c a lç a S k a zi Jean s, FLO W, p r e ç o s o b c o ns ult a ; c into DROP’S, p r eço sob c o ns ult a ; ó c ulo s , a c e r v o produção; br incos GRING A C A R IOC A , pr e ç o s o b consulta; sa p a to SCHU TZ, pr e ç o s o b c o ns ulta .
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B lus a a c e r v o pr o duç ã o ; t op T R A C K & FI E LD , p r eç o s ob c on s u l t a; c al ç a Lan ç a Per f u m e, ZU R ETTA , pr e ç o s o b c o n su l t a; b on é D R O P ’ S , p r eç o s ob c on su l t a; c i n t o u sad o c om o c ola r L a nç a Pe r fume , ZU R E T TA , p r eç o s ob c on s u l t a; s a p a t o S C H U T Z , p r eç o sob c on su l t a. 47
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Eu me lembro bem de quando falamos sobre androginia lá na edição #3, ainda em 2010, já apontando a fluidez entre os gêneros como trend. Bom, é uma realidade. Assim como o hábito de olharmos para o passado aproveitando as novas possibilidades – tecnológicas e criativas – do presente e do futuro. Há uma irreverência no ar, mas há elegância também. Tudo isso acontecendo na frente do espelho e nas ruas. Ao som de hip hop, talvez.
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TREND TOPICS – INVERNO 2016 H e l l e n
GIVENCHY
GILES
ALEXANDER MCQUEEN
BALMAIN
LOUIS VUITTON
MIU MIU
PRADA
LOUIS VUITTON
H&M
O retrofuturismo foi aposta das its Balmain, Prada e Miu Miu, resgatando estilos e itens de perfume vintage – com rastros, principalmente, das décadas de 60 e 70 -, mas com materiais tecnológicos e modernetes. Guie-se por tecidos como lamê e neoprene pra não ter erro.
VALENTINO
É para a Europa do século XIX que a moda deste inverno nos transporta. As referências da Era Vitoriana pincelaram diversos desfiles e deram vida nova a algumas tendências. Golas altas, babados, rendas e bordados ganham ares contemporâneos, com mood levemente gótico. O veludo é ótimo representante dessa trend, que surpreende pelos detalhes.
A moda está livre, múltipla, e a gente sabe bem que está cada vez mais difícil falar sobre tendências. O caldeirão é imenso. Mas há uma atmosfera desafiadora onipresente em todas as passarelas. Falamos de atitude, de look-conforto, de brechós, de democracia fashion, de se reconhecer com o que se veste, um novo lifestyle, talvez. K a t h e r i n e
BOTTEGA VENETA
CHLOE
BALMAIN
HERMÈS
MARC BY MARC JACOBS
MOSCHINO SAINT LAURENT
KENZO
LOEWE
CHRISTIAN DIOR
GIORGIO ARMANI
E s pí r i to 9 0 s
DOLCE&GABBANA
A cartela candy já vinha aparecendo, com tons clarinhos de amarelo, azul e rosa. Mas o inverno adocicado vem acompanhado de momentos levemente ácidos proporcionados por um fundo neon bonito que ilumina os looks sutilmente. A tendência equilibra a paleta e tem tudo pra agradar.
DIOR DIESEL BLACK GOLD
DIOR
Nas roupas e no lifestyle da temporada. A proposta é de atitude: mais cool, com influências esportivas, grunge e por aí vai. Plataformas, acessórios com mood punk, peças customizadas com patches, bonés e cores (muitas!) nos desafiam a revisitar a década de um jeito feminino, mas com perfume urbano e pop.
ALEXANDER WANG
GUCCI
Reflexo de uma época que questiona as definições de gênero, o agender ganha espaço oficial na lista. Nada mais natural, já que a estética andrógena traduz bem esse novo momento: paletós para elas, túnicas para eles – porque não? O gender-bender vem mudar alguns hábitos de consumo.
El e ( a) ,
M a r s h m allo w
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MODA DE AUTOR p o r
R a q u e l
G a u d a r d
Não posso dizer que curar nomes para essa coluna seja tarefa fácil. Mas, certamente, é uma tarefa deliciosa. Olhando pelo retrovisor, vejo uma estrada de 15 edições com novos nomes de muito talento, criadores da moda local, regional e nacional nas suas mais diversas formas, belezas, excentricidades e experimentos. A internet proporcionou aos hunters de tantos segmentos a alegria de poder encontrar, diariamente, novidades que precisam ser compartilhadas. É o caso de Luciana Vasconcelos e Mateus Aguiar, cujos trabalhos já estou “namorando” há algum tempo. E agora os apresento.
LUCIANA VASCONCELOS Luciana tem 22 anos, é estudante de Artes e Design e idealizadora da marca Jaluv - Joias Artesanais. “Carioca de certidão”, como a moça mesmo afirma, passou bons anos de sua vida em Juiz de Fora, e por ali vai seguindo. “A Jaluv foi resultado de um conjunto de vontades, sonhos e muito aprendizado”, resume a marca em nosso bate-papo, deixando clara sua veia, essencialmente mística e astral. COMO E QUANDO SURGIU A JALUV? Há pouco mais de seis meses, surgiu a vontade de criar algo que fosse só meu, algo único, no qual eu pudesse expressar meus interesses e ideias livremente. E daí veio a decisão de buscar ferramentas que possibilitassem a concretização desse projeto. O objetivo era criar algo que fosse novidade em Juiz de Fora, unir elementos significantes para mim e, logo, transmitir isso ao público. NO QUE CONSISTE UMA JOALHERIA ARTESANAL? No curso de Ourivesaria, eu tive contato direto com o metal em sua forma bruta e todo o processo de transformá-lo numa peça ornamental. Esse processo consiste em etapas minuciosas e
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ferramentas manuais que requerem precisão e muita paciência. Por ser um método manual, a peça está sujeita a pequenos defeitos, que considero fundamentais para sua unicidade. Uma nunca será igual à outra. Também faço questão de não repetir modelos, cada um é único e para uma pessoa só. Num mercado tão industrializado e seriado, acho superimportante valorizar produtos feitos à mão, nos quais toda a energia, tempo e dedicação do autor estão concentrados, na essência do produto. COMO É FEITA UMA JOIA PERSONALIZADA? A pessoa me passa informações básicas do tipo de peça que deseja. A partir daí, vamos traçando um perfil mais profundo para fazer uma joia que seja bem a cara do cliente. E acaba que é um momento muito especial, pois eu geralmente busco motivos, lembranças, significados e símbolos que possam ser inseridos na peça. E daí surgem muitas histórias boas, pois a pessoa confia a mim suas lembranças. É muito gratificante. QUEM E O QUE INSPIRA A LUCIANA? O mundo. A inspiração vem de todos os cantos, nós somos resultado de experiências vividas, lugares e pessoas com que entramos em contato,
é uma constante transformação. Isso também se reflete nas peças que, por vezes, são mais delicadas e femininas, outras, mais rústicas e brutas. Na hora da criação, tudo acontece, mas eu tento valorizar as pedras que uso. Então, muitas vezes, são elas que me dizem o modelo que vai sair. E eu também estou sempre estudando, procurando novos designers e novas marcas regionais, nacionais e internacionais. Essa bagagem é muito importante, pois enobrece ainda mais meu trabalho, são mais referências a serem trabalhadas e digeridas. QUAL É O PRÓXIMO PASSO? Eu diria os próximos! Tem muita coisa a ser feita, a Jaluv é uma criança e tem muito a crescer, assim como eu, Luciana, enquanto profissional. Mas se for pensar a curto prazo, tenho em mente a criação de um e-commerce, que vai facilitar as vendas e ter um melhor alcance da marca. Vou trabalhar cada vez mais a identidade da Jaluv para que isso seja um diferencial. Tenho coleções que estão por vir e que vão mesclar elementos e materiais diferentes. ................................................................. CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA COM LUCIANA VASCONCELOS NO BLOG ACERVO PRODUÇÃO: WWW.FWORKSPRODUTORA.COM.BR/BLOG
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MATEUS AGUIAR Ele tem 19 anos e talento de sobra - o bastante para compará-lo a nomes que já contam anos e anos de experiência. Mateus Aguiar é fotógrafo da terrinha, Juiz de Fora, e realiza trabalhos entre a cidade natal, Rio de Janeiro e São Paulo. Sua fotografia é notável, cada shooting seu carrega uma identidade de cores que lhe é particular. A aura das suas imagens é diferente, com destaque para os seus editoriais masculinos. As fotos de Mateus têm um tipo de ar fresco que não é possível identificar, exatamente, o que seja... Será o seu youth mode? QUANDO E COMO SURGIU O MATEUS AGUIAR FOTÓGRAFO? Sempre gostei de fotografar e ver fotografias. Acompanhava alguns fotógrafos nas redes sociais, mas até então não pensava em levar isso como uma profissão. Com 15 anos, decidi fazer um curso de design gráfico, onde trabalhei com edição de imagens, e gostei muito. Foi daí que surgiu a ideia de fazer um curso de fotografia e me envolver mais nesse mundo. COMO A SUA LENTE ENXERGA A MODA? Como uma maneira criativa de se expressar. COMO É O SEU PROCESSO CRIATIVO? Acompanho sites, tumblrs e algumas páginas bastante inspiradoras. Quando penso em algum tema, já começo a procurar referências, de fotos ou vídeos, para mostrar à equipe do editorial e ter uma base de onde começar. QUANTOS ENSAIOS JÁ FEZ ATÉ HOJE? Sinceramente, nunca contei, porque foram vários. Mas editoriais de moda foram poucos, porque comecei recentemente.
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CHAMAM A ATENÇÃO OS SEUS SHOOTINGS MASCULINOS - EXISTE UMA PREFERÊNCIA PELA MODA MASCULINA OU É SÓ UM FOCO MOMENTÂNEO? Gosto muito de fotografar homens. Vejo que o mercado masculino no mundo da moda é muito escasso. Sinto falta de fotógrafos que façam editoriais voltados para o público mais jovem, principalmente o masculino. Então, vou tentar dar uma explorada nessa área. O QUE VOCÊ ESPERA DO SEU MODELO? Antes do editorial, mando para o modelo as referências, para ele já saber do que se trata e ir se preparando. Com isso, eles entendem a minha ideia e mandam bem. O QUE, QUEM, QUAL SITUAÇÃO GOSTARIA DE FOTOGRAFAR E AINDA NÃO TEVE OPORTUNIDADE? Tenho vontade de fazer algumas viagens internacionais para melhorar meu portfólio de moda e existem, sim, alguns modelos de que gosto muito, mas ainda não tive oportunidade de fotografar. Quem sabe um dia? Minha fotografia é mais voltada para ensaios e editoriais externos, mas tenho vontade de aprofundar meus estudos pra fotografar também em estúdio. ATÉ ONDE PODE IR O PHOTOSHOP? O Photoshop é uma ferramenta importantíssima e que me ajuda muito. E sempre surgem novas versões com novidades. Para ser bem sincero, não sei até onde ele pode chegar. Nunca subestime a ferramenta. ............................................................. CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA COM MATHEUS AGUIAR NO BLOG ACERVO PRODUÇÃO: WWW.FWORKSPRODUTORA.COM.BR/BLOG
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“Vivemos um período difícil na cadeia produtiva. É aí que precisamos evoluir.” André Carvalhal
© Nayana Mamede
NO A LV O p o r
Jeito de menino, sorriso franco e gestos descontraídos, André Carvalhal mostra a que veio, não apenas como jornalista e publicitário. Puro alto astral e uma bagagem especial de boas ideias, ele faz parecer fácil conquistar o público de seus workshops, exatamente como aconteceu em Juiz de Fora, em novembro, quando abordou “As Novas Ferramentas do Marketing de Moda”, a convite da F. Works Produtora. O resultado, um rastro de conceitos e informações para aproximar
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marcas e pessoas, é uma dica do seu sucesso como gestor de Marketing e Conteúdo da Farm. Apesar da pouca idade, Carvalhal oferece uma leitura sólida a respeito da indústria da moda e da importância de estreitar as relações entre mercado e público, aproximando a marca da vida das pessoas. Essa estratégia, estabelecida na própria Farm, resulta em ações positivas e de largo efeito, como o curso “Upcy-
cling”, que, em parceria com o IED Rio, questiona o impacto social e ambiental da moda. A proposta é simples: a partir da transformação de tecidos e roupas já existentes em peças completamente novas, a reciclagem é elevada ao patamar de arte, pondo fim ao desperdício. Sob o seu olhar, a Farm também aderiu a um movimento de reinvenção da moda, agregando conceitos como o de solidariedade e trabalho voluntário, ambos presentes no Farm’s Market, que se integra ao Troca Amor e à lojinha solidária, com ampla adesão de público. São ações que os jovens aficionados pela marca interpretam como do bem, traduzindo um novo caminho, que se abre para além das oscilações econômicas no país. “Apesar de toda a dificuldade, a moda é a segunda indústria que mais emprega no Brasil, e, no mundo, foi aqui que ela mais cresceu nos últimos anos”, observa. Referindo-se a esse crescimento, Carvalhal deixa claro sua visão sobre o momento econômico, conservando não apenas o otimismo que lhe é peculiar, mas o bom senso. “Quando olho para o mercado, vejo que esse ‘sucesso’ está concentrado em poucas grandes marcas, nas que mais investem em marketing e criação de significado. É fato que vivemos uma dicotomia grande, temos um número imenso de escolas e cursos de moda
FREDERICO BELLINI MENINAS GERAIS
“O Meeting com o André foi um grande divisor de águas em meus projetos. Muitas vezes, temos boas ideias que, na correria do dia a dia e até por um pouco de comodismo, são arquivados. André Carvalhal, o “ megamente ” forma carinhosa como apelidei nosso palestrante - foi um start para tudo aquilo que ficava apenas nos projetos. Aprendi muito com ele, como profissional e pessoa, e vou transformar tudo num novo modelo de negócios para as minhas empresas.”
(um dos maiores do mundo), mas vivemos um período difícil na cadeia produtiva. Acho que é aí que precisamos evoluir”. CAMINHO DAS PEDRAS Até chegar à direção de Marketing e Conteúdo de uma companhia com visibilidade em todo o país, Carvalhal percorreu um longo caminho, que ele resume em poucas palavras. “Após trabalhar sete anos no mercado publicitário, senti que era hora de mudar. Comecei a fazer uma pós-graduação em marketing digital e me aproximei da Farm por conta da vocação digital que a marca tinha, desde o início”. Embora seu trabalho tenha se consolidado em cima das mídias, principalmente das redes sociais e da Internet, ele entende que cada marca deve encontrar o canal que mais tem a ver com a sua vocação, ilustrando sua opinião com a estratégia de uma das empresas mais fortes do mercado. “Por exemplo, a Osklen não tem blog, pois sua produção de conteúdo é muito imagética. Eles fazem vídeos, fotos... De fato, é importante a presença digital, mas ‘como’ e ‘onde’ vai depender de cada empresa”. Autor de sucesso, Carvalhal diz que a inspiração para seus livros vem do backstage de seu trabalho para a Farm, que considera uma espécie de ‘terapia’, levando-se em conta que seus insights, muitas vezes, vêm daí. Ele já
GE ANNE LAV O R AT O UNCL E K
“Impossível existir uma pessoa que trabalhe com moda e não se apaixone ao ouvir Andre Carvalhal. Com uma visão super atual do varejo de moda e as novas ferramentas do marketing voltadas para o setor, promoveu um despertar da consciência, do autoconhecimento e espiritualidade. Nos deixou com a mente reflexiva e inquieta, com vontade de falar sobre moda, fazer moda e vender moda com inovação e atitude. Nos convidou a deixar para trás, de vez, nossos velhos padrões e ter um olhar, pensar e fazer diferente. Um aprendizado incrível! Obrigada F.Works Produtora pela oportunidae!”
declarou que branding e marketing têm a ver com autoconhecimento e que sua obra está impregnada dessa reflexão. Daí sua comparação do sucesso de um empreendimento com a própria vida, dada a inevitável escalada de trabalho, crescimento, aprendizado e equívocos até o aperfeiçoamento. Carvalhal já tem duas incursões editoriais: a primeira na coletânea “Investimentos em Infraestrutura”, publicada pela Mauad, em 2011, e a segunda no livro solo “A moda imita a vida: como construir uma marca de moda”, coedição da Senac/Rio de Janeiro com a Estação de Letras e Cores. Mas não para por aí. Em seus planos está o lançamento de uma nova publicação, prevista para o início de 2016. “Vai ter a ver com a busca do propósito da moda e das marcas”, adianta, sem entregar todo o ouro. Até que o novo livro chegue, é conferir o blog que tem suas digitais e onde há toques sobre como priorizar a calma e a alma diante dos dias que passam velozes a engolir o tempo. Ali, o conselho para quem quer viver a moda e aproveitar seu melhor é... Desacelerar! Seu último livro, aliás, é um dos toques do e-Farm, que traz promoções, dicas, looks, estampas, “novidadinhas” e a linha Quero, que chega com sabor de poesia e simplicidade, bem ao estilo Carvalhal. Como ele próprio diria: bora conferir!
MARUSCKA GRASSANO PEREGRINA
“Confesso que rolou um estado de êxtase pós-Meeting com o André. E não foi só comigo, pude perceber isso conversando com outro colegas após o evento. Ele é um cara que inspira e expande nossos horizontes. Desconstruiu toda a lógica do capitalismo selvagem, do consumismo desenfreado sem comprometer, em momento algum, o espírito empreendedor. Pelo contrário, mostrou um lado do empreendedorismo muito mais fascinante, que é o caminho no qual eu acredito: fazer tudo com um propósito, algo maior, que não seja apenas vender por vender.”
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ARTEMERCADORIA J o ã o
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O l i v e i r a
©Art Basel
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MIAMI BEACH É A MECA DA ESTÉTICA MUNDIAL, EM DEZEMBRO. Espedito Seleiro é considerado o maior artesão coureiro do Brasil. Seu DNA remonta a uma tradição secular que contém uma famosa personagem material do imaginário de resistência do povo brasileiro. Seu avô foi responsável pela indumentária peculiar de Lampião e seu bando. Foi ele quem fez as sandálias de Maria Bonita e vários dos acessórios que protegiam os corpos dos cangaceiros do sertão em suas excursões contra o coronelismo e a militarização republicana do nordeste. Fernando e Humberto Campana, através da Firma Casa, puderam construir um catálogo de objetos que contou com o toque final desse personagem rico de nossa cultura, um artista do couro, morador do sul do Ceará, em Nova Olinda. O conjunto formado por cadeira, poltrona, sofá e espelho teve sua produção realizada em sua parte estrutural pelos
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irmãos paulistas e depois finalizada em couro pelo mestre artesão. O trabalho batizado como “Cangaço” chega à Art Basel Miami de 2015 com um preço inicial de R$28 mil, para o item mais barato. A feira, que aconteceu entre os dias 3 e 6 de dezembro, marca a transição entre os calendários do mercado da arte e encerra o ano da franquia que também acontece em Hong Kong (março) e na Suíça (junho), país de origem dos negócios dessa que é a mais conceituada e rica referência para galerias, colecionadores, acadêmicos e para o público.
Quase um patinho feio, ela esteve ameaçada com a crise de 2008, mas, com o tempo, o objeto de arte tornou-se um dos bens mais seguros e valorosos em meio ao desastre de crédito iniciado no próprio Estados Unidos. Com todas as incertezas e turbulências, a obra se mostrou, ao mesmo tempo, uma peça para o consumo, e não só apreciação, e também um bem que, com o passar do tempo, tende a se valorizar. Em Miami, ao redor do Centro de Convenções, por vários espaços da cidade, outras tendências para todos os gostos se tornam visíveis, durante o período de realização da feira. Designers, editores de revistas, fashionistas, artistas e subcelebridades participam e até organizam festas particulares disputadas a peso de ouro por leigos. Na Era das redes sociais, blogueiras de todo os Estados Unidos viajam ao balneário da Flórida para uma imersão em um mundo onde a estética realmente é o que interessa, mesmo que haja um conceito mais abrangente que o simples olhar. Diferente das feiras europeias ou mesmo de outras partes dos Estados Unidos, a Art Basel Miami Beach reserva uma importante parcela para artistas daqui, em pavilhões separados dos demais continentes. O comum é estarmos alocados em zonas mistas com a arte oriental e, às vezes, africana, ao lado dos artistas do continente latino-americano. Isso proporcionou a inserção de diversos artistas mexicanos, argentinos, brasileiros e de outros países que antes não tinham visibilidade global ou não tiveram nos períodos ditatoriais. Ao mesmo tempo, pelo lado financeiro, o enriquecimento dos já ricos e a entrada de novos ricos no mercado da arte permitiram que galerias, colecionadores e investidores brasileiros adquirissem obras valiosíssimas e significativas que, agora, estão em nosso território exibidas em galerias, museus, paredes de escritório e prédios públicos - ou guardadas em cofres.
BLUE ANGEL
PETER CAMPUS - CRISTIN TIERNEY GALLERY © Ar t Ba sel
Artistas emergentes e coletivos com ou sem ousadia retrabalham a relação das pessoas com a arte e seus variados objetos, valores e subjetividades. Ao se adquirir uma obra como a dos irmãos Campana, o sujeito carrega consigo não só a estética superficial, mas aquela que há por trás dos processos, que invade a história de um povo e que, por ironia, de forma alguma pode ser medida ou precificada, mesmo que seja apenas um sofá.
DOROTHY IANNONE - PERES PROJECTS
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RU PAUL’S DRAG RACE: p o r
R o d r i g o
CULTURA DRAG E POP SEM FREIOS NA TV “As Olimpíadas do universo drag.” A frase, repetida em tradução livre e incansavelmente durante o reality show Ru Paul’s Drag Race, pode soar pretensiosa quando atribuída apenas ao criador, produtor executivo e apresentador do programa, Ru Paul Charles. Entretanto, mostra-se uma definição acurada do respeito e das proporções do alcance da atração quando é repetida pelos participantes e jurados convidados em tom assertivo, convicto e firme. Idealizada e produzida pela produtora norte-americana World of Wonder e exibida nos EUA pelo canal Logo (no Brasil, pelo Multishow), Ru Paul’s Drag Race virou uma gincana televisiva de referências dentro da comunidade LGBT, saudando a cultura pop e reafirmando a força artística do movimento drag. O formato – as competidoras enfrentam desafios e provas que testam habilidades diversas, como canto, dança e costura, com eliminação progressiva ao longo das semanas do jogo – bebe da fonte de outras competições da TV, mas traz o frescor de elementos particulares e únicos, como a dublagem de uma música ter o poder de decidir a próxima eliminação. Ru Paul, ícone drag, superstar e dona/dono da festa, realmente sabe como comandar o espetáculo e tirar o melhor de suas pupilas – buscando uma combinação de carisma, originalidade, coragem e talento e inspirando o perfil multifacetado que se espera da vencedora. A drag brasileira Angel, que reforça as estatísti72
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cas de performers apresentadas à arte pela atração, resume: “Ru é a supermodel definitiva. Saiu dos club kids de Nova Iorque e hoje está onde está.” O branding e a capacidade empresarial de Ru são inegáveis e impressionam. De rosto de campanhas de cosméticos a CDs e livros, ela já fez de tudo e sabe manter-se relevante e atual. O contexto social contemporâneo, ainda que abrace com maior facilidade o tom subversivo da atração - permitindo que os bordões e os memes da “Corrida das Loucas” (título usado na primeira exibição por aqui, ainda pela VH1) ganhem força internacionalmente -, também aponta para uma onda retrógrada de ódio e conservadorismo, em nível internacional e nacional.
“Vemos personalidades declaradamente homofóbicas ganhando espaço e, o que é pior, poder político. Nesse cenário, ver um programa estrelado por homens que ousam vestirem-se como mulheres - precisamos lembrar que o machismo e a misoginia também são fortes - é crucial para que possamos nos munir de forças, nas lutas diárias todas”, analisa a roteirista Analu Pitta, fã incorrigível de Ru Paul’s Drag Race. “Com o boom, surgiram grupos no Facebook - estou em um que conta com mais de 5000 membros - que viraram pontos de apoio e, por que não dizer, de resistência.” Levando em conta não só a agenda política, o reality levantou questões sociais importantes, como a de identidade de gênero e do casamento homoafetivo. O interesse econômico pelos artistas e pelas
casas noturnas nas quais eles se apresentam foi, certamente, alavancado. Angel explica a importância de valorizar as queens locais. “Não é fácil fazer dinheiro na noite. São horas e horas de ensaio, de treino, de maquiagem, de dança e dublagem. E, infelizmente, ainda tem muito homofóbico solto pelas ruas do país.” A celebração da diversidade e da liberdade, no entanto, é o que mais se encontra durante as apresentações que ganharam o país de norte a sul, com performances estreladas pelas participantes da Drag Race e pela nova safra brasileira. “A impressão que fica dos shows é a de poder visitar, que seja por uma noite, uma existência mais leve, repleta de música, glitter, afeto e tolerância”, compartilha Analu. Não parece – entrando no clima – uma receita fabulosa?
©Acervo Angel
ANALU PITTA EM MEET & GREET COM A
SHARON NEEDLES
VENCEDORA DA QUINTA TEMPORADA, JINKX MONSOON.
© Ro drigo Aze vedo
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Alimentar-se pode ser um ato revolucionário, pode ser modismo, pode ser história, pode ser “remédio”, pode ser ritual, pode ser uma pitada de tudo um pouco, menos uma ação isenta. É gostoso pensar que a simples escolha de um alimento pode funcionar como um delicioso ato de resistência. Parta para a conquista de uma vida mais saborosa, seja gentil com você mesmo e com as coisas que te cercam. Se você vive em Minas, mas nunca viu, nem comeu, só escuta falar do ora-pro-nóbis, está na hora de acrescentar uma pitada de curiosidade à mesa! Ovo não é tudo a mesma coisa e queijo canastra é algo verdadeiramente delicioso. Pense nisso, ou melhor, experimente tudo isso. Frequente feiras, converse, inspire-se, permita-se novos paladares. Tenha uma percepção sobre as coisas que são produzidas perto de você. Uma simples substituição de ingrediente pode se transformar numa verdadeira viagem de sabores e de informações sobre onde você vive. A filosofia e o conhecimento são inerentes à boa gastronomia. O tempo todo fazemos escolhas conscientes ou não sobre os alimentos que consumimos. Agricultura familiar produzida na zona rural de sua própria cidade, frutas importadas que viajam quilômetros para chegar até sua geladeira, produtos naturais, industrializados, slow food, trash food... Já pararam pra pensar nisso?
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“Tenho um grito entalado na garganta. Um grito denso, volumoso, Um grito ardido, de veias saltadas. E hoje ele vai sair: - O corpo é meu!” (VERSOS DE O GRITO, JENIFFER NASCIMENTO) O coletivo Mjiba, que fortalece publicações e ações artísticas e empodera mulheres afro-brasileiras e de periferia, já financiou três livros: “Águas da cabaça”, de Elizandra Souza; “Pretextos de Mulheres Negras”, uma antologia com 22 escritoras; e, em 2014, o livro de poesia da escritora pernambucana Jenyffer Nascimento, “Terra Fértil”. Este é o seu primeiro trabalho autoral e reflete suas vivências como ativista contra o racismo e machismo, mas também fala sobre amor, afeto, corpo e diferenças sociais. Influenciada pelas rimas poéticas do hip hop que escutou na adolescência e de onde tirou o nome do livro - uma música dos Racionais MCs e também uma referência (e reverência) ao orixá Oxum -, o título da obra é explicado por Jenyffer de
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maneira contundente em entrevista no site do coletivo. “‘Terra Fértil’ porque a poesia é terreno propício para o plantio e colheita. ‘Terra Fértil’ porque somos continuidade de outras mulheres negras que já havia preparado a terra para nós. ‘Terra Fértil’ para que outros possam semear e espalhar novas sementes. ‘Terra Fértil’ porque os astros puxam para o elemento Terra. ‘Terra Fértil’ porque acredito que o coração é terra fértil sempre.” Em tempos difíceis para mulheres, sobretudo para as afro-brasileiras, maiores vítimas de feminicídio no Brasil, importante dar voz – e principalmente, ouvir – mulheres como Jenyffer.
T E R R A F É R T I L J e n y f f e r N a s c i m e n t o 2 0 1 4 – E d i t o r a M j i b a 1 6 8 p á g i n a s . w w w . m j i b a . c o m . b r
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TAME IMPALA – CURRENTS (2015) Fiction Records Kevin Parker se afirma no cenário mundial como um dos músicos, letristas e produtores em evidência. No 3º álbum como líder da banda australiana Tame Impala, Parker e seus parceiros produzem o mais fino do rock psicodélico dessa geração. Após dois álbuns de estreia na lista dos melhores de seus anos, “Innerspeaker” (2010) e “Lonerism” (2012), “Currents” trilha o mesmo caminho da competência de seus antecessores.
EMPRESS OF – ME (2015) Terrible US Records Lorely Rodriguez é a voz por trás do projeto “Empress Of”. Após tímidas participações em alguns projetos e bandas, a cantora e compositora atinge um grau de maturidade.
Quando assisti a banda tocar no Rio ano passado, fiquei impressionado com a qualidade da execução ao vivo. Os improvisos levavam a plateia ao delírio e, em outros momentos, a instrumentação era tão perfeita que a sensação era de estar escutando o disco.
A simplicidade parece ser o ponto chave do trabalho, apresentada tanto nas composições, quanto na arte da capa, em contraponto ao denso clima sentimental que ecoa pelo disco em moods hora misteriosos, hora delicados e de muita beleza. A voz de Lorely segue como outro ponto alto, envolta em ecos e sintetizadores que prendem a atenção.
“Currents” vai além na busca pela perfeição. O álbum eleva a sonoridade da banda à categoria de artistas que fazem música realmente nova, sem perder seus traços característicos. Com cada detalhe de produção acompanhado obsessivamente por Parker, o álbum com forte apelo emocional fala de amor e transformação a partir de separações, tudo com um tom bem romântico, pouco dramático. Enquanto “Let It Happen”, “The Moment”, “The Less I Know The Better”, “Disciples” e “Reality In Motion” formam o bloco dançante do disco, “Yes, I’m Changing”, “Eventually”, “Cause I’m a Man” e “Love/Paranoia” encarregam-se do clima romântico. “New Person, Same Old Mistakes” fecha lindamente, com destaques para a afinação impecável da voz de Parker. “Currents” é o tipo de disco que demanda algumas audições para ser entendido em sua grandiosidade, mas feito isso, torna os fãs ainda mais fãs e instiga novos ouvintes a conhecerem mais da banda.
Com faixas que cantam o cotidiano amoroso, dos flertes aos grandes amores, do sexo casual às paixões, as letras simples se tornam trunfo para os ouvintes se identificarem com suas canções.
Nota-se muita influência de artistas do segundo período das décadas de 1980 e 1990. Kate Bush, Björk e Cocteau Twins poderiam ter cantado faixas como “Everything Is You”, “Standard” e “How Do You Do”. Tantas referências transitam bem em um ponto de equilíbrio entre o pop e o alternativo, sem abrir mão do experimentalismo que faz deste trabalho um diferencial. “Me” é boa estreia de uma artista nova com personalidade e comprometimento com a qualidade.
GRIMES - ART ANGELS (2015) 4AD Records Grimes transitou brilhantemente entre o mainstream e o alternativo em seus três primeiros álbuns - razão pela qual o anúncio de um novo lançamento causou bastante expectativa. O 4º álbum da canadense escolheu um viés mais pop. Em “Art Angels”, a voz excessivamente aguda ganha melodias açucaradas e letras construídas na totalidade das faixas no esquema tradicional verso/refrão. Diferentemente do anterior, “Visions” (2012), onde o tom experimentalista se refletia na sonoridade das faixas, em recursos vocais editados, repetidos e, em alguns momentos, distorcidos. A artista conceituou o trabalho em entrevista ao “Dazed and Confused”, a partir da perspectiva de uma borboleta e outros temas ligados à natureza. O que se segue é um tom angelical que permeia o disco em melodias mais acessíveis. A superprodução do vídeo de “Flesh without Blood/Life in the Vivid Dream”, primeira faixa de trabalho, também sinalizou que alguma coisa havia mudado no mundo de Grimes. Poucas faixas remetem ao aclamado “Visions”. “Reality” é uma delas, seguida por algumas faixas do final do álbum, como “Venus Fly”, com participação de Janelle Monáe. Mesmo faixas com pegadas tradicionalmente Grimes, como “Pin”, receberam uma guitarra rifada que deixou tudo mais fácil. Com tudo isso, o álbum tem sido bem recebido pela crítica em geral, sendo definido por muitos como o verdadeiro som Grimes. Apesar de continuar sendo uma das artistas mais interessantes de sua geração, Grimes sacrifica muito de sua imagem neste trabalho lançado pela 4AD Records. “Art Angels” não dá sequência, nem reinventa a sonoridade da artista, apenas mantém sua roda girando. 83
p o r
D a n i e l l e
M a g n o
A VERDADE SEMPRE ESTEVE LÁ FORA Se existiu uma série referência para toda uma geração, foi Arquivo X. Se hoje você usa termos como “mitologia” (padrão de história que segue uma linha de acontecimentos, ligados a um arco maior) ou mesmo “shipper” (unir casais, shippar relações), pode agradecer a ela. Se existiu Lost, antes existiu The X Files. Foram nove temporadas, seis destas absolutamente incríveis e jamais superadas. As duas últimas questionáveis - sem a presença, vejam só, de Muder, na 8ª. E dois filmes medianos, que não se decidiram por qual audiência agradar. Cifrada, para quem não estava familiarizado com o universo dos “Xcers” (sim, sou nerd), e com nada de novo para quem já era iniciado, a ideia da franquia Arquivo X nos cinemas não foi para frente. Mas os anos 90 estão de volta com os reboots: David Lynch prepara a continuação de Twin Peaks e Chris Carter - criador, roteirista e produtor de Arquivo X - veio com a novidade de recriar a minissérie. Os fãs (eu, eu, eu, eu) ficaram em polvorosa. Velhos fóruns de discussão foram reativados. Análises de episódios essenciais esmiuçados - uma lista divulgada pelo próprio Carter atiçou todos ainda mais. Aliás, especula-se que o canal Fox vá exibir estes episódios essenciais em janeiro, numa maratona de aquecimento para o grande evento. Mas parte dos fãs ficou desconfiada, justamente pela decepção com os filmes. Porém, bastou David Duchovny (Agente Muder) e Gillian Anderson (Agente Scully) divulgarem imagens do set de filmagens nas redes sociais, além da confirmação de que os episódios foram filmados no Canadá - todo aquele “climão” das temporadas iniciais será mantido, viva o Canadá! -, para o temor ser
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substituído por uma empolgação total. Ah, e a Scully continua ruiva! Sobre a minissérie, não será mitológica essencialmente, mas os aliens estarão lá, porque, né? A ideia do “monster of the week”, que dividia a atenção com a mitologia, será usada. Ou seja, serão episódios sobre o “bizarro-surreal-paranormal”. A abertura clássica com elementos renovados e a música tema serão mantidas e, antes dos créditos, há uma pequena narração em off de David Duchovny, explicando o que são os Arquivos X. U-hu! E sim, amigos, além de Mulder e Scully, teremos o supervisor Skinner, ele, o temido Canceroso (Cigarette Smoking Man). Sobre a trama, não vamos estragar, não é? O termo spoiler foi popularizado graças à paranoia dos fãs da série em não querer saber de nada antes. Mesmo que não sejam episódios sobre a mitologia, complexa demais para explicar aqui, recomendo ver a série na sua totalidade - tenha fé, você vai gostar. A presença do personagem canceroso suscita algumas questões, então, melhor não falar muito sobre a trama. O que veremos é o retorno de uma das melhores séries já feitas, com pompa, circunstância, nostalgia e reverência. É para ver ajoelhado e agradecendo por ter existido uma cultura pop tão forte nos anos 90. Nos Estados Unidos, a minissérie de seis episódios será exibida no dia 25 de janeiro de 2016. No Brasil, será que a Fox, que ultimamente tem exibido os episódios de suas séries no mesmo dia, legendado e com diferença de apenas algumas horas, seguirá este padrão? Eu acho que sim, hein!
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facebook.com/Clube.esquina.chopperia CREPELOCKS, Avenida Presidente Itamar Franco, 3600, Loja 238, Cascatinha, Independência Shopping, segundo piso, Telefone: (32)3232-2051, Facebook: crepeloksjf ESPAÇO GOURMET.BR, Rua São Mateus, 144, São Mateus. Telefone: (32)3026-0811 (horário de funcionamento: segunda a sábado, 09h às 20h; quinta e sexta, horário prolongado até 00h - encomendas pelo telefone), www.facebook.com/gourmet.br | Instagram: @_gourmet.br_ PADARIAS E BUFFET ANNA CECÍLIA, Rua: Antônio Tristão, Loja 52/56, Bandeirantes.Telefone: (32)3224-4495 (horário de funcionamento: segunda a sábado, 06h às 22h; domingo, 07h às 15h) Rua: Paracatu,n° 572, Quintas da Avenida, Telefone: (32)32241891 (horário de funcionamento: segunda a sábado, 06h15 às 22h; domingo, 12h às 20h) Avenida Barão do Rio Branco, 3588, Passos, Telefone: (32)30254145 (horário de funcionamento: segunda a sexta, 06h30 às 21h30; sábado, 08h às 16h; domingo, 08h às 16h), www.facebook.com/annaceciliapadarias
BAR DO PORTUGUÊS, Rua Nossa Senhora do Líbano, 475, Grajaú, Telefone: (32)3084-3715 | (32)99944-5502 (horário de funcionamento: quarta a sexta, 18h à 00h; sábado, 11h à 00h; domingo, 11h às 17h), www.facebook.com/bar.restaurante. do.portugues
RESTAURANTE QUATRO ESTAÇÕES, Rua Santo Antônio, 765, Centro - Constantino Hotel & Eventos, Telefone: (32) 3229-9800 ramal 435 (horário de funcionamento: 12h a 00h, todos os dias)
CLUBE DA ESQUINA, Avenida Ibitiguaia, 102, Santa Luzia, Telefone: (32)3235-9917 (horário de funcionamento: terça a quinta, 18h à 01h; sexta e sábado, 18h às 03h; domingo, 11h30 à 00h), www.
ROASTED POTATO, Avenida Presidente Itamar Franco, 3600, Loja 246, Cascatinha, Independência Shopping, segundo piso, Telefone: (32)3313-8352
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