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APONTAMENTOS
janeiro 2015
destaque
“CISTER NO DOURO” chega a Lamego Depois da estação de metro do Porto da Casa da Música, “Cister no Douro” chega agora ao Museu de Lamego. A partir de 31 de janeiro e até 26 de abril, um território histórico, detentor de um património único, revela-se através de experiência de som e imagem, numa instalação que recria um claustro, que sintetiza uma filosofia de vida.
“Cister no Douro” não é, por isso, uma exposição tradicional, mas a tradução de um espaço maior, de uma Ordem que transformou um vale e que desempenhou um papel primordial na excelência hoje reconhecida à região como Património da Humanidade. Com comissariado científico de Nuno Resende e organizada pela Direção Regional de Cultura do Norte, Museu de Lamego e projeto Vale do Varosa, “Cister no Douro” assume-se como uma instalação multimédia, destinada a divulgar a herança histórica, cultural, arquitetónica e artística legada pela presença desta Ordem monástica na região. Ao todo são seis os testemunhos materiais das comunidades cistercienses instaladas durante a Idade Média e o período moderno a sul do Douro, duas casas femininas e quatro masculinas: Tabosa, Arouca, S. João de Tarouca, Santa Maria de Salzedas, São Pedro das Águias e Santa Maria de Aguiar. Todas, à exceção de Tabosa, fundadas no rescaldo da reconquista e sob a matriz “Ora et Labora”, colocaram a espiritualidade ao serviço de Deus, mas também do conhecimento, possibilitando o avanço de novas técnicas, instrumentos e saberes.
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A chegada de Cister no século XII viria a marcar em definitivo a História de um território hoje reconhecido internacionalmente. Património da Humanidade, deve a sua classificação ao trabalho das sucessivas comunidades de cistercienses que transformaram o Vale do Douro num espaço de cultura e saber, modificando a paisagem e o território. É este legado que “Cister no Douro” traz a partir do próximo dia 31 de janeiro ao Museu de Lamego, numa instalação sustentada por imagem impressa e projetada e por uma sonoplastia capaz de envolver o visitante.
A entrada é livre.
Vídeo promocional | http://bit.ly/CisterDouroML
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edições “INventa MUSEU” divulga trabalho de inventário No arranque de 2015, o Museu de Lamego lança mais uma edição online, cumprindo desta forma o seu grande objetivo de desenvolvimento de um programa de publicações em linha, alargado e gratuito. Agora é a vez da Secção de Inventário do Museu ter um espaço de divulgação e partilha, enquanto pilar fundamental da atividade museológica.
A abertura no site do Museu de Lamego deste espaço visa divulgar um trabalho que muitas vezes se fica pelos bastidores, mas que é fundamental na conservação das coleções e na produção de informação relevante, imprescindível na realização de exposições e com consequências na divulgação dos acervos e no reforço do relacionamento do Museu com os seus públicos. Instrumento primordial na abordagem dos objetos e das coleções, a partir do qual se definem e
coleções de interesse histórico, cultural e artístico de
desenvolvem as tarefas de conservação, estudo e
foro privado.
divulgação, o trabalho de inventário é também o
É nesta esfera que se move toda a atividade da Secção
garante da posse jurídica e da preservação da
de Inventário, que a partir de agora passa a ter um
informação, onde o objeto se assume simultaneamente
instrumento de comunicação privilegiado. O primeiro
como uma entidade individual e única e uma realidade
número da revista centra-se no estudo de uma Cruz
complexa e plural.
Relicário indo-portuguesa, datada do séc. XVII/XVIII,
A ação da secção de Inventário do Museu de Lamego
revestida de placas e incrustações em madrepérola,
desenvolve-se assim no âmbito da política museológica
proveniente do Cabido da Sé de Lamego.
e da missão assumida pelo Museu de Lamego e
Sem periodicidade e formato fixos, dado que o contínuo
respectiva tutela, numa prática orientada por três
trabalho de inventário alterna o seu ritmo consoante a
vectores essenciais: registo/inventário de aquisições,
natureza e complexidade de cada bem inventariado, a
doações, legados, revisão do acervo do Museu já
INventa MUSEU pode ser consultada a partir do site do
inventariado e o registo/inventário/conservação de
Museu de Lamego, em www.museudelamego.pt. 6 | APONTAMENTOS
CRUZ RELICÁRIO Autor Desconhecido Produção Indo-portuguesa Matéria Madeira, madrepérola, tinta-da-china, vidro, têxtil, pedra Dimensões Alt. 88 cm; a. cruz c/ espigão 67,2 cm; peanha 24 cm Larg. 34,8 cm; peanha 28,5 cm; Esp.: cruz 2 cm; peanha 16,2 cm ; P: 3297 g Datação Séc. XVII / XVIII Proveniência Sé de Lamego Inv.765
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edições DIREÇÃO EDITORIAL Luís Sebastian TEXTOS Georgina Pinto Pessoa Luís Sebastian CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS Alexandra Pessoa José Pessoa TRADUÇÃO Padre Paulino Castro DESIGN E COMPOSIÇÃO Luís Sebastian Paula Pinto COMUNICAÇÃO Patrícia Brás EDIÇÃO Museu de Lamego | Direção Regional de Cultura do Norte DATA DE EDIÇÃO janeiro de 2015 ISSN 2183-4482
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Feira do Livro
FEIRA DO LIVRO agora até 31 de janeiro Devido à grande afluência registada durante o mês de dezembro, a Feira do Livro no Museu de Lamego foi prolongada até ao final de janeiro. Esta é assim uma segunda oportunidade de adquirir obras de referência com descontos que podem chegar aos 85%. A Campanha, promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e que abrange as lojas dos museus e monumentos sob sua tutela, disponibiliza ao público obras sobre História da Arte, Arquitetura, Escultura, Pintura, Fotografia, Arqueologia, Ourivesaria ou Museologia a preços mais reduzidos. Na região, a Feira do Livro chega à Loja do Museu de Lamego e ainda à Loja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, monumento integrado no projeto Vale do Varosa. A campanha de descontos, em edições DRCN, decorre até 31 de janeiro.
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PEÇA DO MÊS 2014 | dossier Ao longo do ano de 2014, o Museu de Lamego trouxe a público um conjunto de peças, uma por mês, que pretenderam espelhar a qualidade e a diversidade do acervo, através, porventura, de objetos menos conhecidos do grande público. Entre escultura, pintura, ourivesaria, azulejaria, gravura, mobiliário ou espólio documental, foram vários os objetos que mereceram destaque ao longo do ano. Em janeiro de 2015 reunimos em dossier todos objetos que integraram a rubrica «Peça do Mês».
janeiro
Natureza morta Roma Séx. XVII - XVIII Óleo sobre tela Proveniência: antigo Paço Episcopal Museu de Lamego, inv. 41
COMENTÁRIO Tradicionalmente classificada como uma pintura holandesa, de autor não identificado, este exemplar deverá ter sido produzido em Roma e tratar-se-á de uma reprodução da obra "Natura Morta" do pintor alemão que fez carreira em Itália, Christian Berentz (1658-1722), e que se conserva na Galleria Nazionale d'Arte Antiga in Palazzo Corsini, em Roma. Do mesmo pintor e no mesmo "Palazzo", conserva-se a pintura "Lo Spuntino elegante", da qual o Museu de Lamego também possui uma reprodução. As duas pinturas que se conservam em Roma são provenientes da coleção Corsini e referenciadas como "due quadretti di cose naturali, carne, insalate e frutti. Regalati dall Alfiere Probstat." ["Berentz
-
Lo
spuntino
elegante"
http://galleriacorsini.beniculturali.it/index.php?it /111/berentz-lo-spuntino-elegante] Do recheio do antigo paço episcopal, as réplicas do Museu de Lamego deverão estar relacionadas com a atividade colecionista dos prelados lamecenses, sobretudo ao longo dos séculos XVIII e XIX, e com as frequentes deslocações a Roma, junto da Cúria papal. 12 | APONTAMENTOS
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fevereiro
Salvas de pé alto (par) Portugal Séc. XV e XVIII Prata dourada, relevada, incisa e recortada Proveniência: antigo Paço Episcopal Museu de Lamego, invs. 144, 145
COMENTÁRIO Testemunhos de uma atmosfera de conforto e aparato, emergente nos finais da Idade Média, embora estruturalmente alteradas por uma adaptação posterior, os dois exemplares inscrevem-se numa tipologia de salvas decorativas de pé alto com a marca estética e ornamental do manuelino. A nota mais expressiva e original destas peças reside na solução decorativa da superfície circular do prato, com um recurso a um esquema de faixas concêntricas de alvéolos hemisféricos e fiadas de pontas de diamante. Estas formas resultam de uma reciprocidade de relações entre a ourivesaria e arquitetura. Entre os mais conhecidos exemplos de apropriação do motivo das «pontas de diamante» pela arquitetura portuguesa, refira-se a celebrada Casa dos Bicos, em Lisboa. Habitualmente exibidas em aparadores, nas salas destinadas a momentos de convívio, as salvas funcionavam como uma verdadeira metáfora da posição e hierarquia do seu proprietário.
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março
Painel de Azulejos Fernan Martínez Quijarro e Pedro Herrera Sevilha,1503 Barro vidrado, aresta policromada Proveniência: Sé Velha de Coimbra Museu de Lamego, inv. 607
COMENTÁRIO Este painel de azulejos, à semelhança de outros que integram a coleção do Museu de Lamego, é oriundo da nave lateral esquerda da Sé Velha de Coimbra e resulta de uma oferta do professor de História da Arte, Vergílio Correia. Coimbra foi, depois de Lisboa, o mais importante centro de propagação de azulejos quinhentistas em Portugal. Isto ficou a dever-se ao patrocínio do grande Bispo-Conde "renascentista" D. Jorge de Almeida, que governou a diocese de 1483 a 1543. O embelezamento da Sé Velha com azulejos "de labores" fazia parte, das obras renascentistas empreendidas no templo pelo Bispo. Avultavam, pela quantidade e variedade de padrões, os azulejos que revestiam quase totalmente o interior da Sé Velha, pelo menos até finais do século XIX, tendo sido, pouco a pouco, arrancadas até ficarem reduzidos a um pequeno revestimento junto à pia baptismal e alguns dispersos. Os museus nacionais do Azulejo (Lisboa) e Machado de Castro (Coimbra) conservam, atualmente, a mais importante coleção destes azulejos retirados da Sé Velha de Coimbra.
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abril
Virgem da Cadeira Raphael Morghen Florença, 1770 - 1833 Proveniência: Legado poeta Fausto Guedes Teixeira Museu de Lamego, inv. 905 COMENTÁRIO Em abril, a “Peça do Mês” destacou uma gravura que reproduz uma das mais célebres obras de Rafael, um dos mestres do Ranascimento italiano. “A Virgem da Cadeira” ("Madonna della Seggiola") é uma composição a óleo sobre madeira, do início do século XVI, onde figuram a Virgem, o Menino e São João Batista. Mais de duzentos anos depois, outro Rafael, agora gravador, reproduziu-a em gravura. Raphael Morghen (Florença, 1758-1833), foi um dos maiores gravadores de finais do século XVIII e inícios do XIX que iniciou a sua aprendizagem com o pai, Filippo Morghen, destacado gravador de assuntos mitológicos e de retratos. Com apenas 12 anos publica a sua primeira gravura e aos 20 estabelece-se, por conta própria, recebendo numerosas encomendas de retratos, assuntos mitológicos e religiosos. Viveu e trabalhou em Nápoles, Roma e Florença, tendo executado, no total, 252 gravuras originais, a partir de obras de mestres como o já referido Rafael, mas também Titan, Bronzino, Correggio, Matteini. Foi ainda membro das mais prestigiadas academias italianas e do Instituto Francês. Possuidor de uma técnica notável, a sua obra destaca-se por valores tonais e texturais inegualáveis. Legendada, a gravura da “Virgem da Cadeira” foi executada por Raphael Morghen para o General Monfrendini, tendo sido impressa, em Roma, na oficina de Nicola de Antony. O original a óleo sobre madeira de Rafael conserva-se em Florença, na Galeria Palatina do Palácio Pitti. 18 | APONTAMENTOS
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maio
Cabeça feminina Séc. I (Romana) Mármore Proveniência: Lamego Museu de Lamego, inv. 573
COMENTÁRIO Em maio, o Museu de Lamego destacou uma cabeça feminina, em mármore, datada do século I. Cortada pelo pescoço, de cabelos apartados, olhos amendoados e salientes, sublinhados por pálpebras bem marcadas, sem marca de pupila e íris, esta escultura terá feito parte de uma estátua hoje desaparecida. De origem mal documentada, a coleção de vestígios romanos do Museu de Lamego é constituída por moedas, fragmentos cerâmicos, estelas funerárias e um reduzido, mas importante núcleo de estatuária, tudo recolhido em Lamego e concelhos limítrofes. Entre a estatuária, um torso feminino, eventualmente associado à deusa da Fortuna, e a presente cabeça, ambos recolhidos nos muros da cidade de Lamego, comprovam a importância da antiga cidade de "Lamaecus". Esta convicção baseia-se não só no facto de os dois fragmentos, apesar de muito erodidos, revelarem um tratamento cuidado e de muito boa qualidade, mas também na escolha de uma pedra que não é da região o mármore - para a sua execução, atestando a capacidade económica e grau de exigência por parte dos encomendantes.
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junho
Arca Portugal, sécs. XVI - XVII Cerejeira(?), couro gravado, linho e ferro estanhado Proveniência: antigo Paço Episcopal(?), Mitra de Lamego(?) Museu de Lamego, inv. 516
COMENTÁRIO Essencialmente destinadas ao transporte em viagens, as arcas foram também utilizadas como móvel fixo de guarda. É precisamente uma arca, datada dos séculos XVII-XVIII, que o Museu de Lamego elegeu em junho como “Peça do Mês”. As arcas encoiradas, tipo a que este exemplar pertence, eram quase sempre de couro liso e preto. Podiam ser "de uma em carga" ou "de duas em carga", terminologia que se prendia com essa função. A sua execução pertencia aos correeiros de obra grossa, a quem cabia igualmente a sua venda. Documentação do séc. XVI menciona fechaduras, engonços e pregos estanhados, distinguindo-se, entre as fechaduras, as que se destinavam a arcas encoiradas. Esta arca, de tampo retangular, é revestida, no exterior, com couro parcialmente gravado e, no interior, a estopa de linho, decorado com fitilho.
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julho
Bula Roma, 2 de julho de 1403 Pergaminho Proveniência: antigo Paço Episcopal Museu de Lamego, inv. 969
COMENTÁRIO Datada de julho de 1403, a Bula ”Eximie devotionis”, do papa Bonifácio IX, é “Peça do Mês” do Museu de Lamego. O documento, com mais de 600 anos, é de entre a coleção de pergaminhos do Museu o de maior interesse para a história da Diocese, para além de ser também o mais antigo. Datada de 2 de julho, a Bula integra na mesa episcopal de Lamego os bens que o bispo cismático de Cidade Rodrigo possuía em Portugal, a pedido dos reis portugueses D. João I e D. Filipa de Lencastre. A emissão deste diploma coincide com o governo episcopal de D. Gonçalo Gonçalves, Bispo de Lamego entre 1393 e 1419, sendo o único exemplar conhecido em Portugal, existindo apenas uma cópia guardada no Arquivo do Vaticano. Com um importante significado religioso, mas também político, em dezembro do mesmo ano o Bispo de Lamego deu conhecimento da Bula em Castelo Rodrigo a todo o clero de Riba Coa, acontecimento que, pela importância, ficou registado no verso do próprio documento. A Bula “Eximie devotionis” é assim entendida como o anúncio do fim do domínio secular da Diocese de Ciudad Rodrigo sobre terras portuguesas, num tempo de oposição entre dois papas, dois reinos e duas dioceses. A “Peça do Mês” é uma iniciativa que traz mensalmente a público um conjunto de objetos que pretendem espelhar a qualidade e a diversidade do acervo, através, porventura, de objetos menos conhecidos do grande público. Depois da pintura, ourivesaria, azulejaria, gravura, escultura e mobiliário, chegou agora a vez do espólio documental integrar esta rubrica. 24 | APONTAMENTOS
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agosto
Píxide Séc. XVIII Prata dourada, relevada e incisa Proveniência: Sé de Lamego Museu de Lamego, inv. 143
COMENTÁRIO Notável exemplo da introdução de ornamentação
A aproximação a esta cidade, notável pela qualidade do
rococó no já enraizado barroco português, a píxide de
trabalho dos seus ourives, verifica-se, aliás, noutros
Lamego não deixa de, em termos formais, apresentar o
objectos do acervo episcopal. E como sabemos, a
significado e a função que desde a actividade
relevância cultural e artística dos bispos dependia
reformista do século XVI lhe foi atribuída pelo uso em
inquestionavelmente dos seus círculos familiares e até
contexto litúrgico. De facto é na copa, em forma de
da sua origem, como se deduz do facto de uma das
urna, que o artífice nos elucida sobre a importância da
grandes encomendas de alfaias litúrgicas no século XVIII
peça: três cartelas ou medalhões trilobados registam
ser atribuída à figura de D. Nuno Álvares Pereira de
em relevo as cenas da Última Ceia, da Ressurreição e do
Melo, que em Lisboa, onde nascera e vivera à sombra da
Pentecostes que definem a relevância do objecto
sociedade de corte, fora buscar a obra
enquanto guardião do alimento consagrado. Continente
do ourives Tomás Correia com que presenteara a
do Pão da Vida, sepulcro do Corpo de Cristo,
cátedra por si ocupada desde 1709 (ver BRAGA em
receptáculo para a substanciação do Espírito a píxide é,
RESENDE, 2006, I: 208-210).
ao contrário do cálice mencionado nos evangelhos um objecto criado na sequência do rito eucarístico. A base sustenta o sentido teológico da copa: um feixe de espigas de trigo, um cacho de uvas e o cordeiro místico definem o alimento sagrado e a sua importância sacrificial transubstanciada na hóstia. Embora se não conheça o seu percurso desde a execução até à incorporação no património da Mitra lamecense (que poderá ter ocorrido durante um dos longos episcopados da segunda metade do século XVIII) a píxide de Lamego apresenta notáveis semelhanças com algumas peças setecentistas tardias de produção portuense.
Toda a centúria de setecentos foi para a sé de Lamego uma manifesta época de ouro no sentido material e espiritual do termo, de que a dotação da catedral de grandes e vistosos conjuntos de alfaias litúrgicas (na sequência das grandes campanhas de obras que o próprio edifício recebeu) testemunham. A píxide ou cibório, pela importância da sua função de salvaguarda do Alimento Sagrado associa-se a um conjunto de alfaias e elementos arquitectónicos que constituem o património sacro das igrejas, como a patena (que cobre o cálice) e o sacrário ou tabernáculo reservatório maior da Eucaristia. NUNO RESENDE in «A Sé de Lamego no Museu» (disponível em http://bit.ly/MLcatalogoEXP)
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setembro
São Miguel Séc. XVIII Madeira de castanho, estofada, dourada e policromada Proveniência: Convento das Chagas de Lamego Museu de Lamego, inv. 730
COMENTÁRIO Integrada na composição retabular lateral da Capela de São João Evangelista, esta peça foi recentemente intervencionada, no âmbito de uma ação integral de conservação e restauro do retábulo. A escolha de S. Miguel para integrar esta rubrica não é alheio o facto de, exatamente em setembro de 1919, o primeiro diretor do Museu de Lamego, João Amaral, ter emitido um ofício a solicitar ao Presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Lamego a oferta das esculturas de madeira que ainda restavam nas capelas do claustro do extinto Convento das Chagas de Lamego. O pedido seria atendido a 26 de setembro do mesmo ano, tendo dado entrada no Museu de Lamego trinta e seis esculturas de santos que se encontravam expostas nas capelas do claustro do Convento, entre as quais a estatuária do arcanjo, cujo dia comemorativo acontece, também em setembro (dia 29). Nesta escultura em particular, S. Miguel é representado envergando traje militar de fantasia (couraça e elmo), empunhando espada longa, de lâmina ondulada.
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outubro
Jarro Séc. XX (1938-1958) Autor: José Martins Meireles (ourives) Prata fundida, cinzelada e dourada Centro de Fabrico: Porto Oficina-Fabricante: REIS-PORTO Proveniência: Doação de João de Almeida Museu de Lamego, inv. 2636
COMENTÁRIO Decorado com parras e cachos de uvas e produzido na primeira metade do séc. XX, este é um objeto ligado ao universo da mesa, muito comum ao recheio das quintas da região. Pertencente à coleção do médico cirurgião de Lamego, Dr. João de Almeida, doada ao Museu de Lamego em 1981, o jarro foi produzido na importante casa de ourivesaria nacional Casa Reis & Filhos, situada no Porto. Na sua conceção formal e decorativa há uma clara alusão à produção do vinho, numa altura em que a ourivesaria portuguesa, de acordo com a ideologia vigente, se inspira na tradição, dentro do espírito de recuperação dos valores nacionais. A ourivesaria da primeira metade do século XX vai assim dar origem a diversas peças em prata que espelhavam um país ainda rústico, cujos valores passavam para a mesa através de objetos nobres como canecas, bilhas, jarros, entre outros. inspirados nas formas populares.
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novembro
Cadeirinha 1790-1795 (Estilo Império) Autor: Holmes, George Griffin, William Morely Madeira, couro, marroquim, bronze, ferro, tecido, vidro, crina Centro de Fabrico: Londres, Conventry Street Oficina-Fabricante: Holmes and Griffin Proveniência: Doação de D. Margarida Braga Guedes Teixeira Museu de Lamego, inv. 336
COMENTÁRIO Muito populares na Europa, sobretudo entre os
De acordo com o mesmo autor, este tipo de cadeirinhas,
séculos XVII e XIX, as cadeirinhas eram utilizadas
nove identificadas em Portugal, foi produzido entre
em pequenas viagens, nas ruas estreitas do
1765 até 1825, não sendo, no entanto, muito claro se
interior das cidades. O Museu de Lamego possui
terão sido compradas novas em Londres ou, mais
um exemplar deste meio de transporte,
provavelmente, trazidas por comerciantes
integrado num conjunto de 87 que se conhecem deste tipo.
portugueses, ligados, eventualmente, ao comércio do vinho do Porto. Outros exemplares poderão ter chegado a Portugal através dos fornecedores da Armada
As cadeirinhas são um meio de transporte sem rodas,
Britânica durante a Guerra Peninsular.´
transportadas por dois ou quatro lacaios (conforme o Símbolos do estatuto social dos seus possuidores, a peso do ocupante) que a erguiam, sustentando os dois origem do presente exemplar não se encontra longos varais encaixados nas laterais da cabine, com o documentada, estando apenas identificado o seu auxílio de tiras de couro ou de têxtil colocadas à volta último proprietário, o poeta lamecense Fausto do pescoço. Guedes Teixeira (1871-1940), conforme inventário de Em novembro de 2012, o Museu de Lamego recebeu a visita do especialista britânico em cadeirinhas europeias, Stephen Loft-Simson, que integrou o exemplar do Museu de Lamego num conjunto de 87, dito "de Westminster", com o tejadilho ligeiramente abaulado e com ornatos de inspiração neoclássica,
1942, dos bens doados por D. Margarida Braga Guedes Teixeira (viúva do poeta), ao Museu de Lamego. Fausto Guedes Teixeira foi sobrinho neto do 1.º Visconde de Valmor, José Isidoro Guedes, podendo a cadeirinha em apreço estar relacionada com este rico proprietário, que adquiriu a Quinta do Ramalhão (Sintra), em 1851.
muito comuns nos desenhos de Robert Adams, publicados em 1775.
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dezembro
Virgem da Conceição Séc. XVII Marfim, prata dourada, madeira Centro de Fabrico: Ceilão (?) Proveniência: Doação de Maria Manuela Fonseca Ferreira (Data de incorporação: 26/05/2014) Museu de Lamego, inv. 8547
COMENTÁRIO O reconhecimento dos museus como locais privilegiados de perpetuação da memória, muitas vezes ligada ao universo pessoal e familiar de colecionadores privados, tem sido um dos principais motivos que justificam o engrandecimento da coleção do Museu de Lamego ao longo das últimas sete décadas. O museu reúne mais de meia centena de nomes associados a doações ou legados de obras de arte que lhe foram confiadas. A Virgem da Conceição em marfim, de produção indoportuguesa, datável de finais do século XVII, foi escolhida para peça do mês de dezembro entre as mais de 600 obras que foram incorporadas nessas circunstâncias no acervo do museu entre 2013 e 2014. Pesaram na escolha, a proximidade do dia 8 de dezembro, que no calendário litúrgico corresponde à celebração de Nossa Senhora da Conceição, que Portugal converteu em padroeira e rainha, e, naturalmente, a sua qualidade artística e estética. Também determinante o valor desta imagem devocional como documento histórico: foi trazida da Índia, por um lamecense, no contexto de uma missão militar na 1.ª Guerra Mundial, cujo centenário agora se comemora.
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SUGESTÕES De terça a domingo, das 9h30 às 18h00.
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Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego
Tel: (+351) 254600230 E-mail: mlamego@culturanorte.pt Site: www.museudelamego.pt Facebook: www.facebok.com/museu.de.lamego
Horário De terça-feira a domingo, das 9h30 às 18h00. Encerra às segundas-feiras. Gratuito no primeiro domingo do mês.
Serviço Educativo Visitas orientadas/comentadas à exposição permanente e exposições temporárias, mediante marcação prévia.
Biblioteca De terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, mediante contacto prévia.
Auditório 100 lugares
Loja
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